As Crônicas da Ruiz - Livro 1 - Capítulo 3

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Escrito por Edmilson Martins Neto

Capítulo Três Onde O Supermercado É Um Enigma Após prender suas bicicletas na frente do supermercado. Nayara, Natália e Neto entraram na Yamada a passos largos, estavam ansiosos para encontrar o bolo de chocolate branco. Os caixas se dividiam logo na entrada do supermercado, para a direita tinha um saguão enorme onde ficavam os mais variados eletrodomésticos e ainda nesse local, havia uma escada para o segundo andar, onde tinha roupas, brinquedos e utensílios para o lar. Já no primeiro andar, para esquerda, havia uma dezena de corredores, cheios de prateleiras com os mais variados produtos. O trio de amigos irrompeu por esses corredores, pois mais ao fundo ficava a confeitaria, no finalzinho mesmo. Todavia, durante o trajeto os olhos de Nayara estavam atentos, ela olhava ao seu derredor, sempre a procura de algum sinal dos seus pais. Talvez os mesmo ainda estivessem fazendo compras, umas compras bem demoradas. Apesar de ela imaginar isso, seu coração parecia lhe falar outra coisa, tinha um pressentimento ruim, sua intuição feminina lhe falava isso e ela sabia mais do que ninguém que intuição feminina nunca falhava. Por isso estava nervosa. Os funcionários da Yamada sempre trajavam calças pretas e camisas brancas com o logotipo do supermercado: um sol rodeado de feixes de luz, tudo vermelho. Mas estranhamente, certos homens não seguiam este padrão. Durante a caminhada dos três amigos, eles puderam notar homens trajando finos ternos pretos, todos devidamente abotoados e com a gravata negra em sentido retilíneo. Eles netokristain.blogspot.com


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usavam óculos escuros e nos seus ouvidos direitos, haviam um tipo de fone, alguém lhes dava ordens através daquilo. Neto deduziu que podiam ser seguranças, Natália foi contra, pois os achou muito mal encarados. Nayara retrucou dizendo que todo segurança era mal encarado, mas mesmo assim, sabia que tudo aquilo era esquisito, pois nunca tinha visto aqueles homens ali antes. Eram verdadeiros brutamontes, pareciam armários ambulantes. E os amigos puderam ver três deles, durante o trajeto até a confeitaria da Yamada. Chegando a ala leste do supermercado, bem ao fundo, estava a confeitaria. Os três amigos presenciaram uma mesa retangular enorme, disposta com dezenas de tipos de bolos, pães doces e até mesmo biscoitos e outras guloseimas. Neto lambeu os beiços, comer era com ele mesmo. Natália também alisava timidamente a barriga, um biscoito de chocolate agora iria muito bem. Já Nayara se controlava, no entanto ela não podia se enganar, estava com fome, estava com água na boca, seus pais tinham prometido voltar com comida há horas atrás. - Concentração, gente. – pediu Nayara. – Temos que achar o bolo de chocolate branco. Todos assentiram, procurando o bolo. Havia bolo de maracujá, bolo de cupuaçu e bolo de chocolate negro. Mas de chocolate branco, não havia nenhum. Neto já estava desanimando e sua barriga roncava quando ele virou para a panificadora ao lado, esbanjando tigelas de salgados recémaquecidos. Mas foi nesse momento que o garoto notou uma mesa redonda mais distante, na frente da panificadora, lá

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estava um apetitoso bolo de chocolate branco, custando sessenta reais. - Está ali! – Neto chamou as meninas que o seguiram, até o bolo. - Ótimo. Temos o bolo e agora? – perguntou Naná. - Bem... – Nayara riu sem graça. – Tecnicamente não temos o bolo, temos que comprá-lo. - Estamos ferrados. – fungou Neto. - Algum de vocês tem dinheiro? – indagou Natália. - Nada. – Nayara deu de ombros. - Eu tenho o cartão de crédito Yamada Young. – Neto tirou a carteira e puxou um cartão lilás. - Qual seu limite? – as meninas perguntaram juntas e animadas. - Cem reais... - Meus pais não estão aqui, Neto. E bem... Você sabe. – Nayara sorria como um anjo e o garoto suspirou, cedendo. - Está bem, mas se meus pais perguntarem algo, vou dizer que era seu aniversário e que comprei um bolo pra você. - Feito! Natália pegou o bolo e levou até a confeitaria, Neto deu o cartão para o caixa e depois recebeu a nota. Nayara pediu pratos e talheres para eles comerem ali. Natália ficou

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absorta. Porque teriam que comer ali, um bolo grande daquele jeito? - Vamos. – Nay empurrou Naná até uma das mesas enfileiradas na frente da confeitaria e a garota logo colocou o bolo na mesa. Nayara distribuiu os pratos e talheres e todos os três amigos logo sentaram. - Eu vou ter que comer mesmo? – Naná quebrou o silêncio. - Sim. – Nay assentiu. - Tem certeza? - Sim. - Absoluta? - Sim. Natália puxou todo bolo para ela. - Ei, eu paguei por isso. Passa isso pra cá, Natália. – disse Neto. - Foi a Nayara que disse que EU tinha que comer mesmo. – Naná sorriu. - Gulosa. Egoísta. Natália estreitou os olhos e deu um pedaço de bolo para Neto e para Nay, dizendo: - Só para vocês não me chamarem mais de egoísta. No entanto, Natália ainda continuava com mais do que três quartos do bolo e Neto afirmou: netokristain.blogspot.com


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- Mas continua sendo gulosa. Sucedeu que, todos os três comeram, comeram tanto que já estavam se enjoando. O bolo realmente era gostoso e enquanto comiam, Nayara explicava que podia conter outra pista dentro do bolo, ou algo assim, afinal a coisa mais lógica a se fazer com um bolo era comer. E conforme o bolo ia desaparecendo, nada de novas pistas, só quando Natália e Neto lutavam para pegar o último pedaço de bolo, que Nay viu um pedaço de papel debaixo dele. A garota puxou o último pedaço de bolo para ela, Neto e Naná suspiraram decepcionados e Nayara apanhou o pedaço de papel que estava grudado embaixo do bolo. - Aqui! – ela abriu o papelzinho e franziu a testa ao ver o que estava escrito no papel. - O que diz aí? – perguntou Naná, curiosa. Nay amostrou o papel aos demais:

27000 - Vinte sete de novo! – gritou Neto. – Eu estou dizendo, esse número está perseguindo a gente! E... - Silêncio. – pediu Nayara tampado a boca do garoto e o fazendo corar muito. Nay olhou pelo canto do olho e viu os três brutamontes de terno rondando o perímetro. Eles fingiam estar olhando para outro lugar, mas Nayara podia sentir os olhares daqueles homens pousando sobre eles três ali na mesa.

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Quando Nayara soltou seu amigo, ele pediu desculpa, mas Naná logo questionou: - Para quê esse número? 27000? - Não sei. – admitiu Nay. – Um número qualquer, talvez. - Pode ser o número de um celular. – disse Neto. - Impossível. – afirmou Natália. – Muito pequeno. - O Neto tem razão. – Nayara sorriu. - Me deixa tentar usar no celular que veio caixa. A jovem puxou o estranho celular que veio naquela caixa cheia de plástico e discou os números 27000. A tela do aparelho piscou três vezes e ficou normal novamente. A voz metálica se pronunciou de novo, mas dessa vez com um novo enigma:

A noite logo vai cair E todos daqui vão sumir Basta a você pensar Se vale a pena aqui ficar Quem sabe seus pais possa achar Ou senão, um velho amigo reencontrar Nayara apertou o celular com tanto força que ele quase voou das suas mãos. - Meus pais! Eles estão com meus pais! – a menina gritava.

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- Calma, Nay. – Neto segurou a mão da sua amiga, enquanto Natália foi para trás dela, alisando suas costas, calmamente. - Há algo de muito errado. – afirmou Nay, fitando os três brutamontes. Neto e Naná assentiram olhando para onde a amiga olhava, mas o garoto a avisou: - O enigma foi mais claro dessa vez. Devemos ficar aqui na Yamada. Até o supermercado fechar. Mas... - Vamos ter problemas, não é? – perguntou Natália. - Tudo bem se quiserem ir, mas eu... - Não, Nayara! – Neto interrompeu a amiga. – Nós vamos ficar com você. Não é, Naná? Natália assentiu e os três amigos voltaram a se sentar, tentando relaxar, ação que era difícil de fazer no momento. O clima estava tenso, aqueles estranhos seguranças de tempos em tempos vinham ficar vigiando o trio de amigos, enquanto Neto e Naná tentavam acalmar Nayara. A garota já estava pensando que algo de ruim pudesse ter acontecido com seus pais. Mas agora tudo era uma questão de tempo, eles tinham que esperar. Mas Nayara não podia mentir para si mesma, o último verso do enigma a intrigava “Ou senão, um velho amigo reencontrar”. Quem seria esse velho amigo? OOOOOOO

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