DJ GUIDE 02

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edição 02 ano 1 maio 2014


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á projetos que nascem para ir além. Poucos enxergam isso logo no começo. No caso dos belgas que estampam nossa capa dessa estimada segunda edição da DJ GUIDE, trata-se

de uma exportação de talentos. São visionários, e podem ser percebidos por quem também é. Agora junte a eles todo o sucesso (hoje sonho de milhares de jovens ao redor do mundo) do Tomorrowland, que acontece apenas a alguns quilômetros da capital Bruxelas. Entendeu por que cada vez mais vai se falar da e-music feita na Europa, em especial na Bélgica? Este sempre foi um local riquíssimo para ser explorado numa edição temática, mas chegou a hora de fazê-la com qualidade. Foi o que fizemos. Apresentamos aqui, a alguns meses do maior festival da cena eletrônica, o melhor da Tomorrowland, em uma reportagem especial, além de uma entrevista exclusiva com os DJs sensação Dimitri Vegas & Like Mike, que têm presença garantida no comando das picapes do evento. Mas a invasão não para por aí, pois falamos com DJs do underground belga para entender o que sustenta uma cena tão rica, e alguns veteranos que nos falam sobre os tempos áureos, quando o house dominava os clubes por lá. Isso sem contar os conteúdos extras, como um ranking com 20 músicas mais tocadas nos clubes do mundo, uma entrevista com o brazuca talentoso Paulo Boghosian e mais um monte de informações que vão te deixar no ritmo da cena hoje. Essa é a DJ GUIDE, mais uma ideia que nasceu para ir além. Além da cena nacional. Do Brasil para o mundo!

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Diretor- Geral Jean Lacer Publisher Ivan Zumalde Editora executiva Susanne Sassaki Editor de conteúdo Marcel Scognamiglio Fotógrafo Diogo Telles Designer Murilo Mendes Repórteres Bianca Castanho e Guilherme Lázaro Executiva de contas Daiane Lisboa Imagens editora mymag e divulgação Consultor de moda Vinicius Guidini Produtora de moda Alice Alves Revisão Renata Siqueira Colaboradores Alexandre Pisa, JOE K, Ricardo Menga Concepção editorial e projeto gráfico Editora Mymag Ctp e impressão Leograf Tiragem 5 mil exemplares Agradecimentos Sirena, Dj.com, Tune, Royale, Suicide Lemon, Anzu, Sea Club, Bside, Entourage, Green Valley

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expediente: A revista dJ GUIDE é uma publicação customizada da Editora mymag para o GRUPO DJ GUIDE. Publisher: Ivan Zumalde (MTB 29263); editora executiva: susanne sassaki; EDITOR DE CONTEÚDO: MARCEL SCOGNAMIGLIO; executiva de contas: daiane lisboa; designer: murilo mendes. Os artigos contidos nesta Edição representam as opiniões de seus autores e não são de responsabilidade dos editores. Os anúncios veiculados nesta edição são de responsabilidade das respectivas marcas. editora mymag: Rua Cláudio Soares, 72 - 5° andar | 520 - Pinheiros - São Paulo - SP / editoramymag.com.br / mymag.com.br Para fazer sua revista: facasuarevista@mymag.com.br / 2925.4025 / 9 8316.6642 / 9 8432.3013 /

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Warm up 12

Antes de apertar o play nas melhores tracks, sempre é bom esquentar a pista com essas novidades da cena.

top tracks 16

Selecionamos com bom gosto as faixas mais tocadas no mundo nos últimos meses para você ficar antenado.

agenda 28

Descubra os melhores festivais nacionais e internacionais do e-music que vêm por aí e programe-se!

Paulo boghosian 42 Trocamos uma ideia com o DJ, produtor e questionador da cena. Invasão Belga 52 Entrevistas com Dimitri Vegas & Like Mike, Yves V, Mark Ursa, DJ Kolombo e DJ Dave Lambert. Michel Palazzo 64 Contamos a história de quando ele fundou a Suicide Lemon Agency.

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especial 70

Captamos a experiência de ir ao maior festival de música eletrônica do planeta, o Tomorrowland.

Style 80 Avicii na real. roteiros 86 Pedimos a 3 DJs residentes em cidadessede do Mundial de 2014 sugestões de onde se hospedar, comer e se divertir.

social 90

Confira o que rolou de melhor durante o Carnaval nos principais clubes do Brasil

hardware 96

A novidade da Pioneer é uma ótima pedida para DJs ágeis e criativos

software 98

Ableton Live 9 pode ser o que faltava para você escrever sua próxima música

Quer mais notícias, matérias e conteúdos sobre a cena? Continue lendo na internet fotografando o code ao lado:

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A música eletrônica perde um mito O maestro das turntables, Frankie Knuckles, faleceu no dia 31 de março aos 59 anos, vítima de complicações com diabetes em Chicago. Seu nome está registrado nas origens da house music durante os anos 1980, gênero que ele desenvolveu e popularizou, misturando o ritmo do soul aos beats. Mais tarde, quando o som conquistou os ouvidos do mundo, atualmente sendo um dos mais badalados da e-music, Frankie começou a ser finalmente reconhecido como o “Padrinho da House Music”, tendo lugar garantido no Dance Hall of Fame. Hino do amanhã

10 melhores documentários de música eletrônica 1 - Gabber 2 - Don’t Forget to Go Home 3 - Music is my drug 4 - Small Town Ecstasy 5 - E is for Ecstasy 6 - Jungle Nation 7 - Summer of Rave 8 - Sub Berlin 9 - Pioneers of Eletronic Music 10 - 23 Minute Warning: Spiral Tribe O levantamento é da revista Thump e todos os vídeos podem ser vistos pelo YouTube.

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Para comemorar uma década de Tomorrowland, os organizadores resolveram produzir uma música tema à altura do festival. Para isso, convocaram Hans Zimmer, um alemão que não entende muito de picapes, mas é maestro em orquestras e trilhas sonoras, responsável pelo departamento de música de filmes como “Piratas do Caribe”, “O Código Da Vinci” e “O Cavaleiro das Trevas”. Quer ver como soa? http://bit.ly/1f0qkVu ou tomorrowland.com

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por Guilherme lázaro

Com a temporada europeia batendo na porta – junho está logo aí, com o início do agito em Ibiza – os maiores DJs do planeta começam a dar as caras de seus novos lançamentos. Fora isso, as paradas musicais eletrônicas continuam bombando toda semana ao redor do mundo. Confira a seleção especial que nós da DJ Guide preparamos pra você, com o melhor do eletrônico lá na gringa.

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Turn Down for what?_DJ Snake & Lil’ Jon Na Billboard, quem manda no eletrônico são estes dois. “Turn Down for What?” já está na parada há quatro meses e não larga o osso da liderança das mais tocadas e vendidas. Fora que tem um dos clipes mais maneiros de 2014.

Hey Brother_ Avicii “Wake me up” bombou ao redor do planeta. Agora é hora de sangue novo para Avicii.

#Selfie_The Chainsmokers Nenhuma canção de eletrônico pega tanto na alma da galera da pista. “But first, let me take a selfie”.

Ragga Bomb with Ragga Twins_Skrillex Dessa vez o DJ promove a mistura de seu dubstep com ritmo Ragga, direto do Caribe.

Odio_Romeo Santos ft. Drake Um americano de sangue latino. Nessa faixa, Romeo arrebatou público dos EUA e México.

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Happy_Pharrel Williams A música é do ano passado e Pharrell ainda tem sua imagem bem ligada ao último disco do Daft Punk. Mas quem se importa? Na França a música é a número 1 nas paradas, e as pistas vão ficar agitadas nessa temporada com versões dessa música que, sim, é feliz e dá vontade de dançar.

Red Lights_Tiësto Se dizem que o rei jamais perde a majestade, o quarentão holandês Tiësto ainda mostra o porquê foi eleito, entre 2002 e 2004, o melhor DJ do planeta pela DJ Magazine. Seu mais novo trabalho é um mix de electro e música, o que torna o seu trabalho ainda mais gostoso de ouvir.

magic_COLDPLAY Em 2014 a banda inglesa volta ao cenário com um novo disco, Ghost Stories. Além do apelo quase universal do quarteto liderado por Chris Martin, estão as novas músicas, que têm muito mais cara de balada do que um show em si. Destaque para “Midnight”, uma composição bastante soturna, já disponível no YouTube. The 2nd Law: Unsustainable_MUSE A música é de 2012, mas depois da passagem do trio inglês no festival Lollapalooza no começo do mês, essa faixa voltou a bombar em algumas casas da capital paulista. O dubstep bastante ousado da banda parece que vai cativar apenas os próprios fãs da banda, mas a ferocidade de “Unsustainable” é contagiante.

dare you_ Hardwell feat. Matthew Koma O holandês Hardwell está no foco de todos os holofotes – não por acaso ele é considerado o melhor DJ da atualidade pela DJ Magazine. Honrando o título, ele abriu 2014 com “Dare You”, com os vocais do nova-iorquino Matthew Koma.

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get lucky_Daft Punk feat. Pharrell Williams Você pode não gostar de Daft Punk, pode não gostar de Pharrell Williams e pode também não gostar de músicas tematizadas no groove dos anos 80. O que você não pode é negar que uma música há 51 semanas entre as mais pedidas no planeta todo e vencedora de um Grammy não é digna de respeito.

take me home_Cash Cash feat. Bebe Rexha Bebe Rexha é convidada nesta canção, mas o seu sotaque do leste europeu dá um charme único e especial à trilha do grupo americano Cash Cash. Difícil vai ser não querer levar todos eles pra sua casa depois de ouvir essa versão.

La Noche es tuya_3BallMTY Se você quer montar um set diversificado e fugindo do house e drum’n’bass tradicional, pode optar por uma daquelas que balançaram a noite de Cancún esta temporada. A pegada eletrônica se entrelaça em um ritmo latino que não deixa ninguém parado.

Time after time (2014 version)_Cyndi Lauper Para comemorar os 30 anos de lançamento do álbum “She’s So Unusual”, Cyndi Lauper – aquela do “Girls just wanna have fun” remixou e deu um ar muito mais moderno à baladinha romântica Time After time. O resultado é sensacional.

find you_ Zedd feat. Matthew Koma and Myriam Bryant O alemão Zedd varia sua produção do progressive ao electro house e dubstep. Seja qual for seu estilo, a pedida se encaixa na pista como uma luva, ao exemplo de “Find You”, uma de suas mais recentes produções (e #1 nas paradas da Billboard).

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into the blue_Kylie Minogue “Na na na, nananana...” A menina australiana que no final da década de 90 competiu com Britney Spears ao posto de princesa do pop ainda se mantém com uma voz e atuação impecáveis em seu novo disco, “Kiss me once”. E ela já tem 45 anos.

say something_A great Big World & Christina Aguilera (remix by Italo Galo) Xtina, junto com Kylie Minogue, ainda tem uma legião de fãs e uma capacidade ímpar de gerar ótimas canções. Mais que as músicas em si, a quantidade de bons remixes que seus discos geram é impressionante.

How You Love Me_ 3LAU feat. Bright Light A intenção é dar aquela esquentada na pista no final da noite? Então considere colocar no seu set a mais recente faixa do DJ de progressive americano. Escute e entenderá!

false_Overlook Narratives O que faz uma música aparecer dos porões do YouTube para uma posição de destaque no site da DJ Mag? Essa é uma dessas canções que, tendo como base um house poderosíssimo e uma salada de textura, que depois de causar estranhamento, quase sempre agrada.

Work B**ch_ Britney Spears O tempo passa, o tempo voa. E a gente continua falando de Britney Spears. Há sete meses na parada, a faixa-título do último disco dela ainda dá o que falar – e tocar, e dançar.

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RESERVE SEU ESPAÇO NA EDIÇÃO 3 PARA ANUNCIAR ENVIE UM EMAIL PARA: CONTATO@DJGUIDE.COM.BR

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por Redação

Confira as datas das melhores baladas, raves e festivais pelo mundo nos próximos meses.

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17/05

Tribe Itu, Brasil A 50ª edição da Tribe, festival com mais de uma década de existência, promete celebrar mais uma vez a música eletrônica independente no Brasil. Reconhecido como o maior festival do tipo no país, reúne em média 30 mil pessoas em suas edições. Em 2014, um dia de evento terá que ser o bastante para um lineup que traz Martin Garrix, Yves V, Astrix, Growling Machines, Boris Brejcha e muitos outros. tribe.art.br

10/05 Apenkooi São Paulo, Brasil apenkooi.com.br

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Misteryland Nova Iorque, Estados Unidos mysteryland.us

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7 e 8/06

12/06 Sonar Barcelona Barcelona, Espanha

12 a 15 /06

Amsterdam Open Air Amsterdã, Holanda Após três edições muito comentadas entre os formadores de opinião da cena mundial, o festival holandês volta ao Gassperpark na capital no final de semana de 7 e 8 de junho. Nos palcos, atrações em misturas inusitadas, como Four Tet, DJ Skeak e Butch, além de uma infinidade de novos talentos. Visuais inesquecíveis e estrutura de Primeiro Mundo esperam pelo visitante de Amsterdã em junho. amsterdamopenair.nl

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Bonnaroo Music Festival Manchester, Inglaterra lineup.bonnaroo.com/

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sonar.es/en/2014/


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26 a 29/06 Gottwood Anglesey, País de Gales

19 a 22/06

Electric Forest Michigan, Estados Unidos electricforestfestival.com

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13 a 15/07

Spring Awakening Chicago, Estados Unidos Festival de fôlego, o Spring Awakening marca no compasso da música eletrônica o ínicio da primavera na terra do Tio Sam. Este ano, a estrutura, que será montada na cidade de Chicago, receberá em 3 dias as seguintes feras do mundo da e-music: Kaskade, Knife Party, Pretty Lights, Diplo, Tiësto, Benny Bennasy, Eric Prydz e até Bingo Players. springawakeningfestival.com

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18 a 20 e 25 a 27/07 19 a 22/06

What The Festival - WTF Oregon, eua whatthefestival.com/

Global Dance Festival Colorado, Estados Unidos globaldancefestival.com

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18 a 20/07

Tomorrowland Boom, Bélgica Os organizadores da Tomorrowland só têm motivos para comemorar. Com recorde de público na última edição - que teve 180 mil ingressos esgotados em dias e visitantes de mais de 100 nações, o festival chega aos 10 anos de existência. Para celebrar a década de sucesso, um megaevento com a temática sobre a loucura humana. No lineup, os maiores DJs do mundo dividem a atenção do público com os donos da casa, os talentosos belgas: Yves V, Dimitri Vegas & Like Mike, destaques nessa edição da DJ GUIDE. tomorrowland.com

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por Marcel scognamiglio

DJ, produtor e crítico, Paulo Boghosian há mais de uma década desvia do clichê das rádios para criar seu som uando ainda era criança nos anos 1980, Paulo Boghosian já se relacionava com a música eletrônica. Era apenas ouvinte, mas já era dos exigentes. Tudo que era óbvio na música não o cativava. Na dance music, som popular na época, identificava clichês com facilidade. “Nunca gostei do som que tocava nas rádios, procurava músicas alternativas em revistas inglesas e discos”, explica. O anseio por participar de algo novo levou o garoto, depois de muita pesquisa, a conhecer o house no final dos anos 80, uma novidade nas paradas inglesas. Era sua chance de ser o criador do som extraordinário que o cativaria. As coisas começaram a dar certo. “Minha carreira foi acelerada por um padrinho conhecido no meio musical como DJ Buga”, ele conta. Buga era residente do B.A.S.E, renomado clube da noite paulistana na década de 90 e conhecia bem o estilo de “Paulinho”. Uma noite, durante um projeto inusitado da casa que trazia gringos para terras tupiniquins, pôs o afilhado de frente com feras como Danny Tenaglia e Paul Van Dyk. Foi o bastante para Paulo saber exatamente o que faria pelos próximos anos de sua vida. Em 1999 fez sua estreia na cena, faturando o prêmio Phillips Expression e foi logo convidado a residências no B.A.S.E e The Lounge Macao, passando nos anos seguintes por Club Disco, Anzu e Lótus. Os anos de 2011 e 2012 marcaram e começaram a solidificar o nome do DJ como produtor na cena mundial. “Foi quando apareci no cenário internacional em selos como Cecille e Yoruba, e principalmente lancei meu álbum (Boghosian and Torquato) junto com o André Torquato”, conta. Em uma recente entrevista concedida à DJ GUIDE, Boghosian deixou claro que 2014 será um grande ano para ele, e, se depender do próprio, para a música eletrônica.

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Hoje todo o mundo das celebridades parece “atacar de DJ”. O que você acha desse fenômeno? Acho engraçado. Sinceramente é uma coisa que não perco muito tempo analisando. Geralmente essas pessoas duram meses e param porque geralmente não têm sucesso, ou, quando têm, isso dura seis meses. Consumidor desse tipo de produto é superimediatista e busca produtos descartáveis. O que tem um DJ de sucesso? Muita gente é DJ pelos motivos errados. Uns querem status, uns desejam fazer sucesso com mulheres, ou estar em evidência nas notícias. Eu vejo também muito DJ competente, mas que toca um som que não gosta. Antes de mais nada, é preciso ter paixão pelo que faz, paixão pela música. O DJ se comunica através da música. Como em toda profissão, a de DJ exige muito trabalho, dedicação, sacrifício, pesquisa, além de estar antenado aos movimentos e tendências musicais e socioculturais. É essencial ter um mix de talento e carisma. Eu também destacaria a importância de ter um ótimo marketing, principalmente nas mídias sociais, para gerar interesse pelo seu trabalho e amplificar o conhecimento do público. Finalmente, é preciso ser bom produtor musical. Qual foi a melhor GIG da sua vida? Foram algumas. É difícil e injusto escolher uma só. Quando me apresentei no Skol Beats em 2006, a pista estava abarrotada, em pleno horário de pico, entre D. Ramirez e David Guetta. Essa experiência foi com certeza uma das melhores. Toquei no Carnaval no Warung antes do Deep Dish em 2011. Foi espetacular. Acabei tocando o dobro do tempo esperado e acho que fiz um dos melhores warm ups da minha vida. Aliás o set do Deep Dish que veio depois foi o que mais me emocionou na vida até hoje. Tocar no Circo Loco sob os olhares de alguns dos mais respeitados DJs do underground mundial foi a que deu mais frio na barriga. Enfim, já são quase 15 anos de uma carreira que eu tenho muito orgulho, então foram vários momentos marcantes. Além de ser DJ, você tem alguma outra formação? Sou administrador de empresas formado pelo Insper. Tenho um perfil bastante empreendedor, já fiz carreira em consultoria, e atualmente invisto em negócios na área de moda e entretenimento, além de eventos, claro. Como um empreendedor como você enxerga o período atual do entretenimento no Brasil? O Brasil infelizmente ainda está começando a sua cena eletrônica. O público geral tem pouco conhecimento. Enquanto isso gêneros

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“é preciso ter paixão pelo que faz, paixão pela música. O DJ se comunica através da música”



como sertanejo e funk estão enraizados na cultura e na juventude brasileira, por isso é normal que os clubes que toquem exclusivamente musica eletrônica enfrentem dificuldades. Pra piorar, o cenário econômico do país não é dos melhores, e o entretenimento é um dos primeiros itens a serem “cortados” dos orçamentos das pessoas. Mas vejo a cena melhorando e se organizando. Cada vez mais clubes e festivais investindo no gênero. Vários clubes brasileiros estão no top 50 da DJ Mag (Entre eles, Sirena, Warung, D-Edge, Anzu, GV ocupam as primeiras 25 posições). Isso contribui muito para o desenvolvimento da cena como um todo, acho que se olharmos no macro, estamos crescendo sim, e os números da pesquisa do anuário do Rio Music Conference comprovam isso, mas ainda há muitos desafios pela frente. Quando não está ouvindo música eletrônica, o que você escuta? Geralmente escuto chillout ou indie music. Meus artistas preferidos são Bonobo, Air, Pat Metheny, Radiohead e The XX. Coisas mais tranquilas. O que mudou na cena brasileira desde que começou a tocar? Praticamente tudo! Principalmente se tornou mais profissional, tanto a profissão de DJ quanto os agentes e contratantes. Outra mudança significativa foi no fluxo de informação. Com a aparição da internet, a maneira que a informação é disseminada mudou completamente. Isso também modificou o jeito que o pessoal acessa as músicas. Muitos novos DJs apareceram pela facilidade de comprar músicas e pela vinda de novas tecnologias que facilitam a execução das mixagens.

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Nesse sentido, como você vê o momento presente? Musicalmente acredito que os movimentos seguem o cenário mundial, e são muito cíclicos. No momento atual, por exemplo, a cena está saindo de uma dominância da EDM trazida pelos americanos e vendo uma ascensão do deep house e g-house, que parece muito um misto do speed garage inglês do final da década de 90 e do eletrohouse do início dos anos 2000. O que você diria para um DJ que está começando? Tenha paciência, persistência e amor pelo que faz. Pesquise, trabalhe, “dê o sangue”, e jamais perca seu tempo criticando ou denegrindo outro artista. Procure fazer o seu trabalho, pois, à medida que tiver a maturidade e talento, as portas se abrirão naturalmente. O que podemos esperar de Paulo Boghosian em 2014? No ano passado eu tirei um pouco o pé do estúdio para observar tendências, o que os outros produtores vinham fazendo. Além disso me dediquei a outros projetos na minha vida profissional. 2014 vai ser um ano de retomada na produção. Esperem vários lançamentos (soundcloud.com/boghosian), em voo solo, como o último na DFTD (subselo da Defected).

Top 5 DJs por Boghosian 1. Marco Carola 2. Dixon 3. Ricardo Villalobos 4. Tale of Us 5. Apollonia (Dan Ghenacia, Dyed Soundroom, Shonky)

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A e-music cruzou os oceanos. E Se a bélgica, terra do Tomorrowland, é a casa dessa revolução, Dimitri Vegas & Like Mike estão na linha de frente

por guilherme lázaro

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ocê pode ser um bom DJ. Pode fazer sucesso, se destacar na balada local e subir na carreira. Pode ser chamado para grandes casas de shows, baladas mais requintadas e, quem sabe um dia, ver seu nome entre as estrelas de

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grandes festivais, como o Tomorrowland. Mas quando você estiver no topo, e for tão bom quanto os belgas Dimitri e Michael Tivalos, você vai conseguir colocar até seus avós na grade da pista pra curtir seu som.

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Essa é apenas uma das várias proezas de Dimitri Vegas e Like Mike, dupla que, em seu sétimo ano de carreira, conquistou as pistas de dança na Europa. Atualmente em sexto no ranking mundial Top 100 da DJ Magazine, os belgas de origem grega já receberam elogios públicos de Lady Gaga por um remix de “Marry The Night”; já são estrelas de seu próprio HQ (“Tomorrowland: Yesterday is a history, Today is a gift, Tomorrow is a mystery”) e já emplacaram ao menos cinco canções entre o Top 20 do Velho Continente. Com um trabalho que rodou pelas mesas de clubes na Grécia, Ibiza, Ilhas Canárias e a Bélgica natal, Vegas e Mike podem apostar que são apenas uma parte de um movimento gigantesco chamado e-music. “A cena está mais forte que nunca”, eles exaltam. E, para quem nasceu a apenas cinco minutos de um festival como o Tomorrowland, não demoraria muito para que eles tivessem um lugar cativo no palco como residentes. Hoje, de tão triunfantes levaram de fato seus avós para curtir seu som em 2012 em plena Tomorrowland. A DJ Guide orgulhosamente traz pra você agora uma entrevista com o duo belga DV&LM, prontos para invadir o mundo com seu som. Como vocês se juntaram? [Dimitri] Nós somos irmãos, então crescemos juntos. Eu passei toda minha infância mixando, era totalmente obcecado! E um dia, Mike se juntou a mim e pegou o microfone. Nós vimos Erick Morillo tocar junto com os Audio Bullys em Ibiza, e eles deram a inspiração para o que estamos fazendo agora. O que faz um bom DJ ser “grande”? Boa pergunta. Acho que é o equilíbrio entre liderar uma multidão de fãs e responder a eles. Se você consegue alcançar este nível de comprometimento da maneira correta, então é como se DJ e a galera estejam realmente juntos agitando a festa. Descreva a experiência de serem residentes no Tomorrowland? Nossas carreiras e a história do Tomorrowland estão entrelaçadas. O local onde o festival se situa é vizinho da casa de nossos avós e costumávamos jogar futebol frequentemente ali durante a juventude. Isso aconteceu anos antes de lá se tornar o Tomorrowland. Fomos sortudos o bastante de sermos os anfitriões do palco “Smash the House” nos últimos anos e é incrível vê-lo crescer e trazer outros artistas. Como vocês veem essa explosão da EDM nos EUA? Tem sido incrível ver a cena crescer! É sensacional ver o ponto que está agora. Estávamos discutindo isso outro dia. O que a EDM está fazendo na América não tinha acontecido por lá desde a explosão da rap music nos anos 80. Há tanta gente se antenando nesse som novo, e é animal fazer parte disso. 54

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“O que a EDM está fazendo na América não tinha acontecido por lá desde a explosão da Rap music nos anos 80”



Quanto tempo vocês demoram para criar uma faixa? Como vocês se comportam diante dela? Realmente depende, pois raramente trabalhamos juntos na música, a não ser quando estamos durante a turnê. Normalmente trabalhamos separados, pois temos uma fluidez de trabalho diferente e é fácil completar ideias, então nos juntamos e finalizamos a faixa. Agora, o quanto demora realmente varia (risos). Como vocês sabem quando uma canção está pronta? Essa é uma pergunta muito difícil. Acho que todos os produtores concordariam, pois é a parte mais complicada do trabalho. Tentamos testar o material novo nas setlists o tanto quanto é possivel, usando a reação do público como termômetro para saber se está boa ou não. Como vocês conseguem produzir quando estão em turnê? Nós ficamos com um monte de ideias enquanto estamos na estrada, e quase sempre nós completamos as faixas enquanto estamos em turnê. Mas muito do tempo é só ter ideias e então, quando chegamos em casa, nos trancamos no estúdio por horas para podermos completá-las.

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Com quais produtores e DJs vocês gostariam de trabalhar? Nós fomos bem sortudos recentemente por termos trabalhado com colaborações de nossos ídolos, supertalentos ou mesmo com artistas que estão aparecendo agora. Estamos prestes a lançar uma colaboração com Martin Garrix (conhecido pelo hit “Animals”) chamada “Tremor”, e estamos aguardando com interesse o impacto que ela terá. Qual seria seu conselho número 1 para outros produtores procurando começar a fazer música e se envolver na cena? Que [a carreira] requer muita dedicação. Passamos por poucas e boas, e muitos tempos difíceis. Por um tempo eu estava dormindo no sofá da namorada do Mike. Nosso estúdio já foi algo escondido debaixo da cama! Mas se você acredita em você e em sua música, nada vai poder te segurar! E o que vocês andam preparando? Estamos por aqui preparando lançamentos nossos e do nosso selo “Smash the House”. Em maio estaremos rodando pelo Reino Unido para nos aquecer para a temporada dos festivais e Ibiza! Uma canção pra fechar a festa! “Mammoth” seria uma boa escolha. É uma ótima música na pista. Qual a imagem marcante que vocês têm do Brasil? Nós fomos sortudos o bastante de tocar no Carnaval do Rio em várias oportunidades e pra mim foi como um momento de afirmação na vida. Todos os anos de luta passaram pela minha mente e estávamos tocando em uma das maiores festas do planeta. Guardo esse momento muito próximo do coração.

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“Nós fomos sortudos o bastante de tocar no carnaval do Rio em várias oportunidades e pra mim foi como um momento de afirmação na vida”



eles estão chegando! O país precursor do new beat está de volta à frente da cena eletrônica. Conheça quem são os caras do movimento belga no e-music!

DJ Dave Lambert Quando você ouve falar sobre a música eletrônica feita na Bélgica, provavelmente se lembra da Tomorrowland ou de Dimitri Vegas & Like Mike, Yves V, Coone ou Mark Ursa. Mas e no underground? As experiências musicais são feitas antes na cena alternativa para depois serem assimiladas pelo grande público. Entre os nomes da cena, o de DJ Dave Lambert logo se destacou. Com quase 25 anos de carreira, o DJ nascido na região da Antuérpia é um mestre das referências. Já tocou no mundo inteiro, de Ibiza a Tóquio, e domina estilos que vão do rock ao house. Não é por acaso que o cara é considerado pelos maiores DJs do globo, em especial os belgas, que o veem como mentor. soundcloud.com/djdavelambert

DJ Kolombo “A Bélgica sempre foi precursora na cena eletrônica”, garante um dos caras da cena underground do país, DJ Kolombo. No final dos anos 80, o mundo inteiro tinha inveja do país que popularizou os estilos house music e techno. Sob diversos pseudônimos, Olivier Grégoire acumulou centenas de experiências com diversas variantes da música eletrônica. Atualmente ele toca sua mistura de house e disco nas melhores pistas do Brasil, México e Rússia. Sobre a próxima geração de produtores belgas? Kolombo é enfático na indicação: “Ouçam Aeroplane, Loulou Players, Compuphonic e The Magician”. soundcloud.com/kolombo

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Mark Ursa Apesar das origens belgas, Mark vive atualmente entre o Brasil e Ibiza. Seu estilo surfa entre o house progressive e o house old school. Sobre seu país natal, ele só retorna para participar dos maiores eventos: “Visito [a Bélgica] apenas para ver minha família e tocar em festivais como Tomorrowland, Summerfestival e Daydream”. Saudosista dos anos 80 e 90 no país, ele destaca clubes como Zillion, Bocaccio, At The Villa, La Bush e muitos outros que tinham uma atmosfera semelhante a Ibiza e Londres. Mas ele garante que os belgas estão muito bem servidos com clubes atuais, como La Rocca (no município de Lier) e Versuz (em Hasselt), casas que estão entre as melhores do mundo. soundcloud.com/markursa69

Yves V Figura carimbada nos grandes festivais como Misteryland, David Guetta In Concert, Tomorrowland, entre outros, Yves é mundialmente conhecido pela legitimidade de seu som. Mesmo nascendo em um dos mais frutíferos berços da e-music, entre contemporâneos como Mark Ursa e DJ Kolombo, o cara conseguiu se destacar. Hoje viaja o globo levando uma surpreendente mistura entre electro, groove & progressive. Uma verdadeira salada belga. Mesmo assim, ele não acha que a invasão vem somente de lá, mas da e-music, que está prestes a dominar o mundo. “A cultura de DJ está crescendo muito rápido nos dias de hoje, então acho que veremos mais e mais artistas talentosos vindos de todos os lugares do mundo”. Procure trabalhos de Yves com feras como Ian Carey, Timbaland, Missy Elliott, Ginuwine e entenda o que estamos falando. soundcloud.com/yves-v

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por redação

A vida lhe deu limões

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Saiba como Michel Palazzo usou a crise do mercado fonográfico como oportunidade para fundar a Suicide Lemon Agency

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ichel era um garoto de 13 anos quando teve contato com Homework, disco do Daft Punk lançado em 1997. O álbum enfeitiçou sua mente. “Se este disco furasse, eu teria que remendá-lo centenas de vezes”. De paixão de um fã em frente ao toca -discos, a música eletrônica logo se tornou estudo minucioso e fascinante, e depois, o trabalho de sua vida. Este é Michel Palazzo, o dono da Suicide Lemon Agency. Após o encontro com o suíngue de Guy-Manuel de HomemChristo e Thomas Bangalter, ele percebeu que precisava participar daquilo de alguma forma. Logo, aos 16 anos, estava tocando em festas particulares ou frequentando programas de rádio ao vivo em São Paulo. Ele tinha mais do que jeito para a coisa, tinha o seu jeito. Observava de forma particular os elementos musicais e a cena como um organismo vivo em expansão. Além disso, quando tinha a oportunidade de ter contato com um profissional consagrado, fortalecia sua certeza de que estava no caminho certo. Foram cinco anos de estudo sobre a cultura, a rotina e a profissão de DJ, até que ele observasse, agora enxergando o cenário atual com maior amplitude, uma oportunidade. Existia uma necessidade de inovação entre os DJs nacionais, era preciso fazer diferente: “Os DJs precisavam também produzir, além de simplesmente mixarem”. Ele passou a incentivar essa ideia.

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Do conceito de apoiar músicos mais completos, combinando produtor e DJ, nasceu o seu selo URBR - Underground Records Brasil. O empreendimento, posto em pé pela parceria com Oliver Ferrer, VJ Spetto e DJ Murphy, revelou mais de 300 produtores nacionais e internacionais, incluindo verdadeiros talentos, como Julio Torres e Fabricio Peçanha, Mau Mau e Laurent Garnier. No entanto, o principal legado que o URBR deixou foi a inspiração para o Brasil e para o mundo. “Até tal momento dava para contar nos dedos a visibilidade de nossa cultura de produção a nível mundial”, explica. A fase foi boa, histórica e intensa. De 2002 a 2007, as ações de Michel e de seus parceiros criaram impactos positivos para a cadeia produtiva, o que trouxe a oportunidade para muitos DJs buscarem apresentações onde seus discos eram vistos como itens de desejo e fãs cada vez mais próximos. A música eletrônica também alcançou mais respeito pela produção nacional em grandes veículos midiáticos, como Folha de São Paulo, Revista Veja e DJ Mag (UK). Parecia estar chegando uma nova era para a e-music, que só poderia ser impedida por algo inesperado. Foi o que aconteceu. “Infelizmente nesse período veio o fim lamentável do consumo dos discos em formato físico”, diz. Quando a internet ganhou força, tudo rapidamente estava partindo para o digital, e essa convergência prejudicou completamente a receita do negócio. “Independente do tesão e paixão pela música, era potencialmente um negócio pra mim e para todo mundo”, conta. Foi quando Sandro Horta, criador da agência DJCom, visitou Michel com um convite: desenvolver as festas no Brasil dos selos Hedkandi e Ministry of Sound. A oportunidade era grande. Michel poderia espalhar sua marca Michel Palazzo para todo o Brasil. Com um agenda de profissionais de primeira qualidade, naturalmente os clientes viam nele uma programação sofisticada para seus eventos e clubes. A nova área de atuação, especialmente o atendimento a produtores de eventos, trouxe a necessidade espontânea de buscar novidades, além das marcas da parceria com Sandro. Assim, há cinco anos, surgiu a Suicide Lemon Agency, em um momento de controverso. No período em que os Lehman Brothers anunciaram a crise econômica mundial, tal nome é uma maneira divertida e positiva de se pensar e fazer negócios em tempos de crise. Parte importante neste equilíbrio de paixão e razão de um novo negócio foi a participação de sua esposa, Andrea Hirata, assumindo a curadoria artística. Hoje a Suicide Lemon celebra seus primeiros anos com muito sucesso na arte de fazer booking. Michel Palazzo anda tocando nos melhores clubes do mundo, mas continua preferindo subir na pista do Sirena a qualquer um. Enquanto muitos sofrem com a crise e põem nela a culpa pelo insucesso, Michel fez dela uma oportunidade. Como diria o pensador Osho, um dos favoritos do dono da Suicide Lemon Agency: “Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar. Apesar de todas as consequências”.

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fotos divulgação

por marcel scognamiglio

Captamos a experiência de ir ao maior festival de música eletrônica do planeta às vésperas do seu aniversário de 10 anos

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m junho, o município de Boom, localizado a 32 quilômetros ao norte de Bruxelas, capital da Bélgica, vai se transformar. Durante boa parte do ano, a cidade vive poucas emoções; sua população não ultrapassa os 17 mil habitantes, e seu reconhecimento na região vem da pequena mineradora a céu aberto que possui ou pela produção de tijolos de concreto. Mas a calmaria está com os dias contados, pois no dia 18/06, Boom receberá em seu quintal o 10º aniversário do maior festival de música eletrônica do mundo, o Tomorrowland.

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As expectativas são altas. Em 2013, o festival recebeu 180 mil visitantes, e esse número deve se repetir em 2014. Imagine o efeito de montar um evento dessa magnitude na vida da população de Boom. “Uma cidade bastante tranquila, semelhante a uma cidade do interior, com casinhas antigas e conservadas” é como o naturólogo brasileiro Fernando Laranjeiras, que visitou o evento em 2012, descreve a cidade. Mas o que o impacto econômicosocial ainda não é capaz de superar é o impacto pessoal que o Tomorrowland causa em quem está do lado de dentro. Quem garante é quem já visitou. “Ali, tudo gira em torno da qualidade da experiência de estar lá. Isto é planejado nos mínimos detalhes e acaba resultando em uma produção totalmente insana”, explica o DJ belga Yves V, residente do festival. A experiência acontece na natureza exuberante do local, misturada com arte e sonorizada com a mais alta qualidade do e-music mundial. “Não é à toa que o conceito do festival faz tanto sucesso e ele se tornou destino dos sonhos para muitos”, conta Yves. “Eu me senti totalmente mergulhado em outro país. Não há como se sentir diferente, tudo que eles fazem é para proporcionar esta sensação”, explica o gerente de vendas Diogo Morais, um dos brasileiros que visitou o evento em 2012. Seja bem-vindo ao Tomorrowland! Terra mágica para adultos Não é exagero dizer que a Tomorrowland está para a música eletrônica atual como Woodstock esteve para o rock’ n’ roll na década de 1970. Um marco de tamanha importância só poderia ser criação de mentes visionárias como as dos irmãos Beers, Manu e Michel, e da realização de alta qualidade da empresa ID&T Entertainment, uma das maiores do ramo de eventos do globo. Além de ser feito ao redor de uma cidade com um nome curioso, o festival guarda outras coincidências interessantes, o que só alimenta as teorias sobre o local. A natureza, por exemplo está muito presente. Isso porque o festival é realizado num imenso jardim botânico chamado “De Schorre”. Na realidade, Boom significa ‘árvore’ em belga. Foi exatamente por isso que foi construída uma árvore gigante na 7ª edição realizada em 2010. Esse respeito pela natureza ficou ainda mais evidente quando a organização do evento reduziu o impacto natural ao trocar a impressão dos 180 mil ingressos por braceletes pessoais que dão acesso ao festival. Muitos festivaleiros podem garantir que a Tomorrowland é um lugar repleto de segredos, preparados cuidadosamente pela organização e esperando para serem descobertos, como é o caso de uma única lixeira que se move e fala com os visitantes.

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Números do País

Veja estes números da edição de 2013 do festival e decida se mudar para lá é um bom negócio

180 mil

Pessoas - 10 vezes a população da cidade-sede Boom visitaram o evento

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Nacionalidades diferentes foram contabilizadas

1 seg.

Tempo que demorou para esgotar os ingressos em pré-venda

20 palcos

Com a nata da e-music mundial

€ 237,50

Ou R$ 733 foi o preço do pacote completo “Full Madness Pack”

4 campings

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Dicas de quem foi Para os europeus, chegar à Tomorrowland pode ser uma questão de horas, se você chega de cidades como Amsterdã, Paris e Londres, o trajeto pode ser feito de trem. Já para os brasileiros, a chegada e a volta incluem aeroportos, táxis etc. “Minha sugestão aqui é pousar em Bruxelas e pegar um trem até Mechelen, que fica muito próximo ao festival. Daí é só pegar um ônibus ou van até o local da festa. Se sua opção for o táxi, saiba que não sai tão caro e pode valer a pena após uma viagem cansativa.” Para quem não gosta muito do esquema camping, o festival oferece muitas outras opções, como acomodações internas. Ou ainda, você pode fazer como o Diogo Morais: “Eu fiquei hospedado em Mechelen (a 10 kilômetros de Boom) e ia para o festival do meio de transporte que quisesse.” A maioria dos festivais oferece acampamentos regulares, enquanto aqui a coisa é levada muito a sério. “Eu observei que o festival para uma da madrugada. Deve ser por isso que eles conseguem manter a limpeza e manutenção mais em ordem, banheiros são um exemplo. Há mictórios espalhados em todos os lugares, todas as pistas tinham banheiro, sem filas, tanto para os toiletes quanto nos bares”, nos conta Fernando. Em todas as edições há um espaço chamado DreamVille (algo como a Vila dos Sonhos), onde a própria organização dispõe de tendas, chuveiros e praça de alimentação. Dessa forma, você se mantém na sintonia da fantasia e da boa música.

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Diário de bordo O festival é assim, cheio de detalhes impressionantes. Confira o depoimento de quem já esteve lá:

“Parece que você está em um pequeno mundo, pois há gente de todos os lugares do planeta. Uma hora você está conversando com um holandês, outra, com japonês, e assim por diante. Um festival que combina arte, música e cultura. Esse é o Tomorrowland. Uma organização perfeita e os melhores DJs presentes. A viagem toda mudou a minha vida”. fernando laranjeira - Naturólogo

“Fui por três anos ao Universo Paralello e em termos de estrutura não existe comparação. No Tomorrowland são diversas opções de alimentação, por exemplo. Tem até desodorante disponível para o pessoal dar uma renovada e creme para as mulheres. Eu fiquei impressionado! Na minha opinião, o Universo é um baita festival, mas não tem como comparar com a magnitude da Tomorrowland”. diogo morais, gerente de vendas

“Se a Tomorrowland está atraindo a atenção do mundo para a Bélgica, isso naturalmente também eleva o interesse sobre os talentos belgas. E temos muitos talentos por aqui. Os interessados vêm do mundo todo, deixando tudo mais inacreditável. Você assiste a pessoas de tantos países diferentes, celebrando juntos como se fossem um”. yves v - dj residente tomorrowland

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por Vinícius guidini

Conforto é a chave do sucesso no visual do DJ e produtor sueco!

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fotos divulgação

ão é só Madonna que está de olho no sueco Avicii: o mercado de moda dá sinais de interesse no jovem de 24 anos que detém as melhores posições na música eletrônica e chama a atenção pelo estilo cool. Recentemente a Ralph Lauren escolheu Avicii como garoto -propaganda da sua linha jeans, parceria que não morreu na praia – os dois se uniram também no vídeo de “Wake Me Up”, sucesso do DJ cujo figurino é assinado pela marca. E ele não deixa barato: com um visual urbano descolado, o jovem não dispensa conforto apostando em jeans, jaquetas em couro e camisas xadrez combinadas com bonés ou gorros cheios de estilo e marra.

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camisa ogochi

camisa alexandre herchcovitch

fotos diogo teles produção Alice alves

boné hb

calça dopping

Jeans pra toda hora: Prefira os modelos com poucas lavagens em cores clássicas, como o azul e o cinza.

camisa triton

Couro: As jaquetas básicas são curinga quando a temperatura cair. Fuja dos modelos cheios de detalhes. Menos é mais na hora de combinar com outras peças. Xadrez com cor: Sobreponha camisetas básicas com camisas xadrez coloridas em flanela ou algodão – o visual fica supermoderno.

gorro quik silver

Papo cabeça: Aposte todas as suas fichas em bonés e gorros de bandas e times para acertar em cheio!

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calça calvin clein



camisa kingster

calça levi’s

jaqueta ogochi

tênis converse all star

tênis converse all star

Créditos: Calvin Klein – (11) 3062 3912 / Converse All Star - (54) 3285-2800 - www.converseallstar.com.br / dopping - (48) 2102-3455 - www.dopping.com.br / HB – sac@hb.com.br - (11) 4591-8610 / Herchcovitch; Alexandre - 11-3063-2888 / Kingster - (11) 3045-3538 - www.kingster.com.br / Levi’s - 0800-8912855 / Ogochi - (49) 3325-1700 - www.ogochi.com.br / Quiksilver - (11) 3366-9280 www.quiksilver.com.br / Triton - (11) 3085 9089 www.triton.com.br

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por bianca castanho

Três DJs residentes em cidades-sede do Mundial de 2014 contam o que há de imperdível para quem vai tocar lá

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izem que, se você quiser conhecer melhor um idioma, deve conversar com seus falantes nativos. Partindo desse princípio, pensamos: quem conhece os melhores points de cada cidade senão aqueles que fazem as festas? Conheça o melhor de Brasília, Curitiba e Porto Alegre, todas cidades-sede do Mundial de 2014, através das preferências de três caras da e-music da cena local. Boa música e boa diversão!

BRASÍLIA

DJ HOPPER Eleito um dos 100 melhores DJs do Brasil pela revista especializada HouseMag, Hopper é atualmente o principal artista de deep tech house de Brasília. Residente do projeto 5uinto, é um dos nomes mais respeitados da cena eletrônica do país. Seus sets animados e cheios de conceito musical já o fizeram se apresentar em grandes festivais, como o Skol Beats e Universo Paralello. Shutterstock

Onde se hospedar: Hotéis da rede Meliá “Qualidade no atendimento e boa localização”. Onde comer: Universal Dinner “Aproveite toda a grande diversidade de pratos”. O que conhecer: Os monumentos de Brasília “A arquitetura de Oscar Niemeyer impressiona até os mais céticos”. Onde se divertir: Club 904 “Aí acontece o 5uinto, a festa de música eletrônica underground tradicional da cidade”.

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Porto Alegre

DJ PIÑERO DJ Piñero tem um lado eletrônico que passeia pelo techno e house. Começou sua carreira em 2005, em Porto Alegre, com projetos que marcaram a cena local. Dividiu as picapes com feras como Groove Armada e Fedde Le Grand. Com apresentações recheadas de elementos de mistério, loucura e magia, busca sempre levar emoção ao dancefloor! Onde se hospedar: Porto Alegre Eco Hostel “A casa preza por práticas sustentáveis e sem desperdício”. Onde comer: Almoce no Bar Ocidente “Um ambiente underground e com comida bem temperada”. O que conhecer: Veja o pôr do sol na orla do rio Guaíba. “Um passeio barato, mas bem interessante”.

Onde se hospedar: Hotel Mercure Curitiba Golden “Localizado no coração da diversão”. Onde comer: Bar +55 “Gosto dos bares e restaurantes da região do Batel Soho”.

Onde se divertir: A Cabana “Não existe nada parecido. O lugar fica rodeado pela natureza, com vários ambientes. Para os amantes da e-music, é um parque de diversões”.

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DJ gui SD Guilherme Susin Donadel, aka Gui S D, é um dos CEOs por trás de artistas da Grow & Artists e DJ formado pela Academia Internacional de Música Eletrônica de Curitiba (AIMEC). Desde o começo de sua carreira, já passeou por vários estilos da e-music. Além de ampliar seus estudos em produção musical na Austrália, onde se tornou residente da festa Blunt, em Bondi Beach, o DJ já tocou em eventos como o Festival Soulvision, Sunset Sessions e Tribaltech.

Shutterstock

Divulgação

curitiba

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O que conhecer: Museu Oscar Niemeyer “Sempre tem uma atração cultural interessante”. Onde se divertir: Club Vibe “Excelente ambiente, muita classe e som de conceito. Simplesmente um local com uma energia vibrante que não para nunca”.



RogĂŠrio Soldera e Junior C.

Fatboy Slim

Above & Beyond

Miltinho Muraro e Fatboy Slim

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Carol Bittencourt e a revista do Sirena

Pistinha

Dimitri Vegas & Like Mike

Fatboy Slim

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Danรงarinas

Luan Santana

Sharam

Steve Aoki

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A novidade da Pioneer é uma ótima pedida para DJs ágeis e criativos

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japonesa Pioneer ampliou sua família de equipamentos para as picapes. A nova aposta da empresa é o conceito tudo em um, que já está no controller DDJ-SZ, tema da coluna deste mês. A priori, o hardware parece bem semelhante a um setup com 2 CDJs 2000 + DJM 800, mas seu tamanho 35% maior do que o popular DDJ-SX e suas funcionalidades dedicadas ao SERATO deixam o processo muito mais dinâmico. Destaque para os amplos JOGs de 21,50 centímetros iguais aos dos CDJ 2000, com a função JOG Adjusted, que permite ajustes de sensibilidade e resistência, além de grandes displays multi-color e o já citado mixer, semelhante ao da linha DJM. Confira mais características que diferenciam o hardware. Diretamente abaixo de cada JOG Wheel estão quatro botões de efeitos; Hot Cue, Roll, Slicer, e Sampler. Além disso, há oito grandes Pads que podem ser acessados rapidamente para inserir diferentes efeitos na música. No modo Sampler, o volume dos efeitos varia dependendo da intensidade de toque nos Pads, que se iluminam com cores diferentes dependendo do tipo de efeito escolhido para cada Pad. O equipamento tem duas portas USB que permitem a conexão simultânea de dois computadores. A agilidade é excelente e os usuários podem alternar instantaneamente entre dois hardwares sem interrupções. Além das funcionalidades básicas, o mixer do DDJ-SZ segue a linha de mixers profissionais DJM, utilizando um número generoso de controles e efeitos com re-

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cursos. Destaque para a função SOUND COLOR FX e novas funções Oscillator. Ambos permitem arranjos musicais muito criativos. Enquanto o Oscillator (lado direito do mixer) oferece quatro tipos de efeitos Noise, Siren, Cymbal e Horn, o SOUND COLOR FX adiciona inúmeras combinações de efeitos de Áudio à música com um simples toque nos botões. O gear desta edição tem preço sugerido nos USA de US$ 1.999,00 enquanto no Brasil custará em média, R$ 8.500,00.

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Ricardo Menga 24 anos de carreira como DJ, é residente no Sirena e apresentador do CLUBTRONIC. Escreve sobre os lançamentos do mercado de hardwares para DJs.



Dinâmico por natureza, Ableton Live 9 pode ser o que faltava para você escrever sua próxima música

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ada música é uma história. Não tem jeito. Às vezes você começa pela melodia e desenvolve o beat a partir da faísca criativa. Outras vezes, acontece o oposto, e o groove é o primeiro a surgir na sua mente, e só depois chegam o vocal e melodia. Em um mundo sem regras chamado produção, agilidade é quase tudo. Honestamente, eu já passei pelos principais softwares atrás disso. Do Cubase ao Logic, familiarizei com cada um deles. Mas recentemente conheci o Ableton Live, na versão 9. Trata-se de um programa simples, rápido e fácil de usar. O Live foi pensado justamente para experimentações musicais e performances ao vivo. Para quem cria muito, este pode ser um bom lugar para passar a ideia da cabeça para o computador com dinamismo. A Ableton tem outros produtos, mas optei pelo Live justamente pela agilidade que existe em criar nele. Ele torna todo o processo mais rápido e intuitivo. Uma das vantagens que me fez migrar para o Live foi que ele funciona muito bem usando só uma tela, no notebook. No Logic, por exemplo, eu sempre precisava de mais “espaço”, só rendia legal trabalhando com 2 ou 3 monitores. É vantagem pra quem vive tendo que trabalhar em hotéis, aviões etc. O Live é um quebrador de galhos dos generosos. Não sabe por onde começar? Eu sugiro que você comece a montar mash-ups e bootlegs para entender o funcionamento do programa e a estrutura das músicas. A partir daí é questão de tempo e dedicação você estar criando remixes

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e até chegar ao ponto de criar algo realmente novo. Apesar de aparentemente leve, o Live é também um bom software para criação. Como é chato ter uma ideia e algo atrasar colocá-la em prática, não é? Bom, quanto a isso, a navegação dos efeitos, instrumentos, samples no Live são muito práticas. Você literalmente arrasta e isso já está em projeto. Não tem aquela frescura de endereçar canal. Os plugins e efeitos nativos não são excelentes, mas são bons e, principalmente leves. Em alguns casos dá até para usar os efeitos do Live sem recorrer a um plugin externo. Outro destaque é o time stretch. Alta precisão. Dá pra pegar um vocal em qualquer faixa de BPM e alterar para a que deseja usar sem perder qualidade. Ficou interessado? Acessa o site da marca www.ableton.com para saber mais. Boa produção!

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Joe K DJ e produtor de destaque na gravadora Building Records. Especializado em remixes, suas composições vivem visitando o top 100 do Beatport.


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