O novo em folha - Márcio Barreto

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O NOVO EM FOLHA

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A presente edição é inspirada nos trabalhos desenvolvidos na América Latina através de Sereia Ca(n)tadora (São Vicente, Santos – Brasil), Dulcinéia Catadora (São Paulo – Brasil), Eloisa Cartonera (Argentina), Sarita Cartonera (Peru), YiYi-Jambo (Paraguai), Yerba Mala (Bolívia), Animita (Chile) e La Cartonera (México). Edições Caiçaras é uma realização do Instituto Ocanoa e Projeto Canoa. Capa feita a mão com material reciclado.

Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212

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Márcio Barreto

O NOVO EM FOLHA

Edições Caiçaras São Vicente /SP – Brasil 2010

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© Márcio Barreto

Capa, projeto gráfico, diagramação e editoração: Márcio Barreto

Barreto, Márcio O Novo em Folha / Márcio Barreto – São Vicente: Edições Caiçaras, 2010. 64p. 1. Poesia brasileira I. Título Impresso no Brasil

2010 Edições Caiçaras Rua Benedito Calixto, 139 / 71 – Centro São Vicente - SP - 11320-070 www.edicoescaicaras.blogspot.com mb-4@ig.com.br 13-34674387 / 13-91746212

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A Vanderlei Barreto e Ant么nia de Oliveira Barreto, in memoriam

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... o mundo gira, nossos pés descalços tentam alcançá-lo enquanto o pensamento procura entendê-lo. O mundo de nossos olhos abertos, o universo por debaixo da pele de nossas dúvidas. A chuva que cai, o vento e o mar bravio. Onde estaremos, enfim? “Totem” – Márcio Barreto PREFÁCIO: SURPRESAS EM FOLHAS DE PAPEL Oscar D’Ambrosio

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Pode-se ler O novo em folha, de Márcio Barreto, como parte de um todo maior relacionado à Arte Contemporânea Caiçara, proposta que relaciona imagens, palavras e sonoridades numa ótica que mescla fontes da literatura, música e filosofia, sustentando o diálogo entre o ancestral e o contemporâneo. Também é possível ler cada volume como uma manifestação artística dentro das experiências no Brasil e no exterior de realizar obras únicas com capas feitas a mão e com material reciclado. Ressalta-se assim o valor do artífice na construção de cada livro que chega às nossas mãos. No entanto, talvez o mais fascinante esteja em deixar um pouco de lado esses dois fatores e mergulhar numa poesia que tem como principal característica justamente uma provocação permanente. As palavras se articulam para gerar indagações constantes no sentido de não aceitar saberes instituídos, estabelecendo dúvidas. O poema “Quando o mar” (“Vivamos/Que a vida passa/Célere como a onda// Que faz do recuo seu avanço”) encerra, por exemplo, uma poesia que traz o novo em folhas de papel, mas amparado por uma concepção da realidade que se propõe a sempre oferecer surpresas. Oscar D’Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).

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O MUNDO DE NOSSOS OLHOS ABERTOS

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A PÁGINA

subsequente página imaginária subterrânea palavra subcutânea cadência mensagem

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PECULIARIDADE

Peculiar Você olha para o lado e não Vê O céu Os cacos de vidro estão espalhados e são como seus olhos vendo tudo em fragmentos, de estrelas e acasos, compassos, florestas e cromossomos Você olha para o lado e o mundo está à sua volta Trezentos e sessenta graus de realidade De Histórias, reviravoltas, revoluções, Seus olhos pasmos assistem a tudo: à sua volta o mundo gira enquanto suas mãos famintas tentam alcançá-lo

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A HIENA DA NOITE CÁLIDA

um risível sofrimento um risível e ácido sofrimento rim pâncreas e cérebro um risível e ácido um sofrimento que ri! e observa costelas de adão e porco dedos músculos gargantas mentes sapatos palácios gentlmen e escarros imensidão pequena demais: os risos riem Risadas. Cartadas de sorte rasgadas risadas ciclones e risonhos furacões QUE NÃO!!!

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que não de Holanda de Serafim e mim que ria a prole com seus bufões burgueses e sentimentos violentos Que riam! pois quem melhor ri primeiro consegue largadas risadas. Noctívagos sorrisos

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SEVERINA

pense pense não pense Severina Além de Tudo O meu amor por ti caindo cândido por teus cem pés

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CINQUENTA

CinqĂźenta folhas ao vento Cinco vezes maior que o momento Cento e cinco mĂşsicas ao longe Escuto calado E paro, sinto Intensifico-me E sopro O novo mundo de tua queda-beijo

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NU

E assim escondido no escuro de meus olhos abertos absurdamente absorto em desenhos de desejos geométricos em caleidoscópicos olhares de grãos de areia ...leio seus pensamentos... e eles são como primeiras pessoas: Se estivéssemos na chuva e ela automaticamente molhasse nosso corpo Nu no mundo despencariam gotas, cachoeiras, cataratas, arranha-céus, elevadores, aviões, estrelas cadentes e verticalidades oblíquas por entre nossas indizíveis vontades mas não! estamos vestidos e os índios de outrora se consomem em coca calçam tênis importados e dirigem carros apertados enquanto garotas maquiladas com suas mini-saias e saltos altos tiram fotos pelos lobbys dos hotéis esquecidas de suas mentiras e vidas passadas

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EGO

se

súbito

sou

tudo

ou ponto, ou ritmo, ou som, ou silêncio, ou dia, ou a noite, ou sono, ou vigília, dúvida, enigma, procura, o instante e a eternidade, as lembranças do que ainda viverei, o samba do passista, o riso, o espanto, as ruas molhadas pela chuva, o olhar e as janelas , as manhãs de sol abertas de par em par, a velocidade e a mansidão, um grão de areia e o nascimento de uma estrela... sou eu ou são apenas os seus olhos inundando o mundo dos significados... passeando pela linha tênue que separa meu mundo do seu, mundos simultâneos porque só posso

paralelos, virtuais,

e se sê-lo

sou na

o medida

em

que que

sou você

me vê

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O HOJE DOS OLHOS Ao som da primitiva voz do instrumento Alento de inúmeros tons e semitons Percuto letras perdidas nas consoantes embaralhadas de minhas retinas translúcidas e no primeiro silêncio danço acordo o caos Propago frases desentranhadas do universo lascivo e alterado de minha garganta Momento de nunca acabar canto! Estanco em sambas, maxixes e maracatus no choro das cuícas, na alegria do agogô, do repenique, dos surdos, triângulos, afoxés, ganzás e berimbaus Reco-reco, paus de chuva Tamborins de todas mudanças à minha volta o universo gira, rodopia nas voltas da porta-bandeira no bumba meu boi do frevo solto nos terreiros de umbanda na pele dos atabaques na roda da capoeira no transe de todos os santos pernas mãos olhos

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DORSO

O dorso da montanha ĂŠ mordido, os dentes se cravam e arrancam a coluna. Ela se ergue e toma nas mĂŁos as nuvens. O dorso da montanha ĂŠ um imenso mar se contorcendo.

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PASSOS

Passos De Pessoa De Drummond Bandeira Lispectorianos passes de dança Passos de Andrades, Oswalds, Marios Macunaímas sensações de parto Pés diáfanos de estrelas frias

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REFERÊNCIAS LITERÁRIAS

Sento na cadeira da barbearia que não existe, Não me levanto e nem grito Nem tampouco vejo o eclipse lunar Porque a lua continua inacessível Também não sinto saudades dos meus oito anos Não escrevo cartas de amor ridículas, não vejo aves descansando em árvores, nada tenho que é meu Mas queria ve-la entrar Dançando um tango de Gardel E rindo com tamanha doçura Que a alegria a faria levitar Levanto e não fecho o ferrolho Pois também não vou-me embora para Pasárgada Porque só sei a mulher que quero e não a cama que escolherei

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tenho todos os motivos do mundo para passar meus olhos pelo Ă­mĂŁ das coisas seus amores, suspiros, audĂĄcias

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O UNIVERSO POR DEBAIXO DA PELE

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PERCUTINDO MUNDOS

“...experimentando melodias percussivas, procurando o minimalismo exato da expressão, o tribalismo pulsante de velhos tambores, calimbas e paus de chuva, mudamos o mundo num movimento de sonho, rápido como o pensamento, pois enquanto o universo se expande e o mundo se comprime em escalas dissonantes, brindamos ao simples e ao inefável...”

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GALテ々IAS

No escuro do quarto Meu pensamento voa Longe Como o universo nascendo No escuro do quarto Meu mundo encontra-se com o seu Em vagas, voltas, galテ。xias de idテゥias No escuro do quarto O claro, o momento, o motivo Mテウbil pensamento do meu sentimento No escuro do quarto Abro as janelas

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A CALIGRAFIA, SUA ARTE E SUAS IMPLICAÇÕES NA PERSONALIDADE Poderemos esperar do óbvio o mistério? Mundos paralelos Mundos infinitos O toque O hálito O ar Onde você estará agora estando ao meu lado? Onde quer que seja Qualquer lugar que eu acordado não vejo e nem sinto o cheiro, o toque, o hálito, o ar Você está ao meu lado Só que a léguas e léguas e léguas daqui E ao ver os seus olhos fechados Seus semi despertos olhos fechados Abertos Aos delírios de mundos pessoais Mundos, que nem eu sei dizer como são Mundos, que somente você conhece E deles, deixa apenas transparecer Como o suor que sai de sua pele Mundos desconhecidos Significações, interpretações Signos e mais signos impregnando o ar com suas cores, formas, sabores

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Você não acorda Certamente dormirá até amanhã E pela manhã Eu acordarei em uma praia tão distante Que você nunca saberá quem sou eu

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VIDA FÓSSIL

O mar é aqui ondas sal e vida fóssil O céu é em cima Brancas nuvens Sol e chuva terra à vista sombra e rocha rumores ancestrais segredos minerais O inferno está no meio dos três e todos são infinitos ... mas não são eternos se meus passos não são tão largos minha alma voa longe caminhamos lado a lado e não sabemos onde vamos parar

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OS SAPOS Uma mulher dança Desapercebida do tempo Da tolice dos deuses E da insensatez dos homens Sono Tênis Frases e deslizes Pães Demência Sofreguidão A noite caindo da escada Chá Reza Mendicância Androginia Meninas Igrejas Quedas, Asas, Brios. Falas e falas de falas de fadas Guerras nunca dantes imaginadas Tráfico de influências Quantos pontos de interrogação cabem na palma de nossas mãos? Chá Reza Mendicância Afogamento Sinais de trânsito Invocações Militarismo

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Insatisfação Lunetas Uma fuga Sem cavalo Um amor Uma antena de rádio Dunas Fosse as costas de Deus Criar a nuca Para a vaga Criar espuma Meias por lavar Urinório Assiduidade Idiotia Joelho de porco Chocolate sírio Suíço destino Suavidade O velho e o novo O ridículo O Az Os sapos Musicá-los para não engoli-los

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SAMBA DA COCA-COLA Tomei coca-cola nos elevadores dos prédios mais altos Nossa!!! Essa verticalidade toda parecia cair a cada gole Oh! infame tráfego gasto pelos carros que buzinam a música popular brasileira Um viva! faixas brancas tremulantes no asfalto negro Fiquei roto era tanta cor e luz que meus ouvidos rachavam o ruído da palavras Por quê? Por quê? Se tantos demônios caberiam em nosso silêncio profano Para quê? Meus pés descalços queimados pedras urbanas fumaça nos olhos multidões inteiras tumultos em fogo Canta metrópole tresloucada! canta que te quero ouvir no peito estropiado dos mendigos na boca espumante dos apaixonados nos altares de tuas decadentes catedrais Canta que quero ouvir teu grito de prazer!

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RUMINAÇÕES DE UM CORAÇÃO NOTÍVAGO

Ruminei por noites e dias a fio o teu coração no final! Rasguei cada pedaço e depois joguei num rio distante. (teu coração me revoltava)

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4° MOMENTO

Um momento vale muito mais do que um milhão de pensamentos de movimentos, de sentimentos transito por um mundo imaginário de idéias desconhecidas e enquanto movo objetos, lugares e pessoas penso mais que um momento, vivo mais que meu pensamento, sinto mais que meu sentimento mergulho em dunas e oceanos de letras e de abstrações cifras, códigos , fórmulas vejo além do que meus olhos vêem vou mais longe que meus passos podem um momento vale muito mais do que um milhão de pensamentos de movimentos e sentimentos

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MUNDO SAMBA

Samba Será do morro o samba? Rock Jazz Soul Bossa Pop Punk Capoeira Maracatu Terreiro Sambo eu, samba você Samba a minha cabeça de dragão chinês Samba o rock Samba o jazz Samba o soul Samba o bebop Samba o samba Samba, sambar, sambou Sambo eu, samba você Samba a minha cabeça de dragão chinês Samba o povo Samba o nobre Samba o pobre Samba o presidente

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Samba a solidão Sambam os amantes Sambo eu, samba você Samba a minha cabeça de dragão chinês O samba não é do morro O samba é chinês

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QUANDO O MAR

Vivamos Que a vida passa Célere como a onda Que faz do recuo seu avanço

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SOB O CÉU AZUL DE ANIL Para todo homem branco que passa Para todo sangue vermelho que escorre Para todo homem negro que passa Para todo céu azul que se olha Para todo homem amarelo, branco, negro, índio, mulato, Para todo homem que passa Sob um céu azul de anil Índios, brancos, negros Que pelas praias desse litoral sem fim se uniram e fizeram nascer o Brasil O mar revolto Mamelucos, caboclos, cafuzos, mulatos, pardos, portugueses, italianos, Franceses, africanos, holandeses, espanhóis Sob um céu azul de anil Dessa bela gente varonil Índios, brancos, negros O mar revolto Mamelucos, tailandeses, chineses, japoneses, O céu azul de anil Sob o céu azul de anil Fizeram todos juntos o Brasil Índios, brancos, negros, caboclos, cafuzos, japoneses, Tailandeses, australianos, alemães, ucranianos E o mundo assim fez o Brasil

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Passo a passo, beijo a beijo, Sob o céu azul de anil Nas praias se fez o Brasil Tupiniquins, tupinambás, guaranis, tupis... tamoyos Calungas, caiçaras, bandeirantes Índios, brancos, negros, caboclos, cafuzos... japoneses, Tailandeses, australianos, alemães, Mamelucos, caboclos, cafuzos, mulatos, pardos, portugueses, italianos, Franceses, africanos

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POSFÁCIO: A ARTE CONTEMPORÂNEA CAIÇARA

Não me demorarei explicando a obra, pois mais importante que a obra é o caráter transformador entre ela e quem a vivencia. Entretanto, julgo necessário comentar que a presente obra é fruto de multi-meios e metalinguagens, onde a literatura se une à música, à filosofia e às artes visuais para refletir nossa movência no universo e criar novos significados e possibilidades de expressão. Dessa maneira, seguem algumas reflexões sobre a música contemporânea caiçara - híbrida da literatura, para que enxerguemos o universo por detrás de cada palavra e silêncio. O som. Nietszche reportava-se aos pré-socráticos para resignificar o eterno retorno (1), onde o ato se repetiria infinitamente no tempo. Desse modo, ao avaliar fatos históricos, levaríamos em conta sua permanência absoluta, o evento repetindo-se sempre igual e produzindo os mesmos efeitos pela eternidade. Mas como entender as noções de tempo e espaço a partir dessa premissa? A Física Newtoniana (2) compreendia o espaço como tridimensional e absoluto, sujeito às leis da geometria euclidiana e separado do tempo que fluiria de maneira uniforme e independente. A Teoria da

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Relatividade (3) adverte que todas as noções de tempo e espaço estão atreladas aos observadores e variam de acordo com suas velocidades ao observar um mesmo evento, gerando a concepção do espaçotempo, um continuum quadridimensional, inseparável e relativo. A Física Quântica observa

que os átomos são vastas regiões de

espaço onde se movem minúsculas partículas. Suas unidades subatômicas podem existir como partículas ou como ondas, confinadas a um volume extremamente pequeno ou espalhadas por uma vasta região do espaço (4). Chegamos então a Teoria das Cordas (5), ou Teoria das Super-Cordas, que vê o universo constituído por filamentos unidimensionais vibrantes, semelhantes às cordas, criando diferentes partículas conforme sua vibração. Através de seus postulados matemáticos afirmam que nosso universo possui 11 dimensões: um basta ao universo tridimensional. A teoria prevê ainda a existência de outros objetos constituintes como pontos ou membranas. O som. Imaginemos que um som ao ser produzido se repita infinitamente pelo tempo, imaginemos que ele transite não apenas pelo espaço onde é produzido, mas que trafegue por todas as suas dimensões. As novas teorias físicas permitiram que nossa visão de universo compreendesse um horizonte amplo e em constante movimento, transformando-se a cada nova descoberta. Não por acaso, utilizam exemplos tirados diretamente da música para tornar compreensível o

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que dizem. Como na Teoria das Cordas onde comparam os elementos constitutivos do universo com a corda de um violão produzindo diferentes sons ao ser tocada em pontos diferentes; um universo extremamente mutável, infinito e em contínua expansão. Por outro lado, a realidade desse universo se bifurca na construção de um universo paralelo e virtual, onde super-redes de computadores unem e potencializam o conhecimento humano. O nomadismo que possibilitou a combinação de diferentes signos, suas traduções, fusões e re-significações, encontra nas redes mundiais um campo fértil para suas transformações, onde o local funde-se com o universal e o indivíduo ao coletivo. Novas tecnologias, como a computação em nuvens, possibilitam a construção virtual de uma inteligência coletiva, feita através de identidades pessoais. Em filosofia, a identidade pessoal é o que define o indivíduo como tal em um ou outro momento de sua existência, um conjunto de referências e signos que possibilitam o reconhecimento do ser. Mas como assegurar essa identidade em um mundo virtual onde podemos mudála e reinventá-la a cada instante, onde as referências étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas, regionais e nacionais modificam-se de acordo com as possibilidades da reinvenção? Em suma, podemos afirmar que o conceito dessa individualidade é extremante mutável, modificando-se de acordo com a vontade do indivíduo em expressar determinados traços de sua psique. O mesmo ocorre com a

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identidade cultural de uma região ou país, cada vez mais alterada pelos processos de globalização (6). Acredita-se que exista um centro irradiador de cultura, responsável pela influência e direcionamento da cultura mundial. Mas saber que tais e quais países influenciam outros culturalmente, seja através de seu idioma, de seus costumes, música, filmografia, etc., não significa, necessariamente, que não sejam influenciados também. A tendência à miscigenação cultural é um caminho irreversível, influenciar e ser influenciado. Se por um lado, verifica-se a massificação da cultura, por outro, a possibilidade de pequenas culturas terem atenção é maior. A Tropicália, por exemplo, que na década de 60 influenciou a música brasileira, nos dias de hoje tem influenciado

a

música

americana

(7).

Num

processo

de

reconhecimento e reavaliação musical, os americanos perceberam a incrível tendência que a Tropicália continha: exatamente o poder de romper barreiras e perpetuar a miscigenação cultural. Pois, como comentaria Marshall McLuhan (8), vivemos em uma “aldeia global”, sintetizada por uma rede infinita de mensagens e meios, de novas mídias de comunicação, onde podemos legar nossas experiências e seus impactos sensoriais.

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O universo com suas galáxias de idéias. Entretanto tamanha diversidade e fragmentação, segundo Stuart Hall (9), aviva uma “crise de identidade oriunda do deslocamento das estruturas e processos centrais das sociedades contemporâneas, abalando os antigos quadros de referência que proporcionavam aos indivíduos uma estabilidade no mundo social”. Talvez a crise consista exatamente no ponto em que tentamos precisar a identidade como um caráter permanente, esquecendo-nos de sua mutabilidade intrínseca. Ao tratar da “música contemporânea caiçara”, procuramos refletir sobre como referências locais e históricas possibilitam um processo de

re-significação

e

miscigenação

de

identidades

culturais

estrangeiras, trançando um paralelo entre a tradicional identidade caiçara e a contemporânea em sua “movência” e na longevidade de seus signos. Caa-içara é uma palavra de origem tupi que significa “armadilha ou cercado de galhos”. Segundo Antonio Carlos Diegues, o caiçara é o indivíduo de comunidades tradicionais de pescadores localizadas no litoral sul do Rio de Janeiro, no litoral de São Paulo e no litoral norte do Paraná.

Vive em comunidades isoladas e

sobrevive basicamente da pesca e da agricultura de subsistência. Cultural e geneticamente é fruto da miscigenação entre índios, portugueses e africanos, ocorrida nos primeiros tempos da colonização. Produz artesanato funcional e seu universo musical baseia-se no Fandango - música original dos salões da nobreza européia que mais tarde ganharia o gosto popular (10). Algumas

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regiões, como a Baixada Santista - inserida geográfica e historicamente na definição que acabamos de comentar, diferem dela pela sua atual organização econômica e pelo cosmopolitismo. Porém, não é difícil supor que, na origem dessas regiões, o modo de vida inicial era muito similar. Imagine-se, por exemplo, a época em que vivia o bacharel Cosme Fernandes (11), hoje São Vicente – Litoral Paulista, mais de trinta anos antes da chegada de Martim Afonso. É natural supor que o conhecimento trazido pelo bacharel se uniu à sabedoria indígena, possibilitando o modo de vida caiçara. O caiçara das comunidades tradicionais tem seu modo de vida preservado porque vive em regiões ainda isoladas, entretanto restringir o verdadeiro alcance de sua identidade cultural é persistir em uma visão acadêmica e tacanha que insiste em limitá-la. Sua identidade está na gênese e na formação do povo brasileiro, tendo se alastrado através dos bandeirantes paulistas liderados pelos portugueses e jesuítas que tinham como principal força de trabalho o caiçara vindo do litoral, mais precisamente de São Vicente. O movimento das Bandeiras (12) alcançou as terras do Paraguai depois de desbravar o Sertão Paulista, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso. Ao mesmo tempo em que destruíam, matavam e aprisionavam, os bandeirantes levavam consigo sua herança cultural, seus hábitos, suas crenças, alimentação e conhecimentos. A partir do final do séc. XIX, com a chegada dos imigrantes, a região portuária de Santos possibilita uma nova onda de

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miscigenação cultural e genética. É bom lembrar que, durante a maior parte de nossa história, todo conhecimento, toda cultura, chegava pelo mar e aportava nessa região, para depois ser levada para o resto do Brasil. Assim, afirmamos que o Brasil tem uma gênese caiçara formadora da identidade brasileira. Entrementes, ainda se vislumbra o caiçara apenas em sua concepção histórica e estática, deixando de observar como essa cultura se trans formou ao longo dos séculos, mesclando culturas estrangeiras para formar uma identidade nacional caracterizada pela miscigenação de povos. A partir dessas reflexões o grupo experimental “Percutindo Mundos”, criado em São Vicente, Litoral Paulista, no ano de 2008, começa a criar uma nova concepção musical, fruto não da fusão de diferentes estilos musicais pré-existentes, mas sim da re-significação de identidades culturais e de suas referências no contemporâneo. Em sua obra ressalta-se a harmonia dos timbres mais do que a harmonia das notas, expressando a música em livres associações e experimentações. Sua diversidade instrumental e a criação de novos instrumentos e de técnicas diferenciadas de uso, assim como a percussão corporal e vocal, possibilitam uma tessitura que remete ao imagético das florestas, vilas, centros cosmopolitas, e da relação do homem com o mar e o universo. Uma música que sintetiza a gênese caiçara, ancestral, mistura dos traços da cultura indígena, portuguesa e africana. Seu minimalismo (13) difere do convencional na medida em que não utiliza as longas repetições em série ou a estaticidade,

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mas faz da repetição uma possibilidade de mudança na medida em que transfere os sons para timbres diferentes, desconstruindo as células rítmicas e alterando cadências e andamentos em formas melódicas. Aproxima-se mais do minimalismo literário, onde a economia das palavras possibilita a contextualização e permite a livre significação. É uma música que sugere ambiências, que trabalha a sinestesia das imagens e dos timbres. Encontra-se fortemente ligada à literatura, onde as letras de suas músicas são textos literários expressos através da música falada ou de melodias valorizando a palavra em sua profundidade, densidade e simplicidade. Outra característica é a aleatoriedade (14), compreendida como o elemento vivo da música, está estruturada na mistura da composição com o improviso (aleatoriedade limitada), e na “música livre”, processo onde o público é convidado a improvisar aleatoriamente com os músicos. Uma música que se transforma a cada execução. Sua obra é comunicada através de sites e redes de relacionamento. Desse modo a “música contemporânea caiçara” é fruto de um processo de resignificação oriundo de profundas e constantes transformações nos meios tecnológicos, onde o receptor altera o conteúdo de mensagens e recria novas concepções através de hibridismos e miscigenações. REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) Deleuze, Gilles. Nietzsche e a Filosofia. Portugal: Ed. RES.

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(2) GLEICK, James. Isaac Newton, uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. (3) Einstein, Albert. Teoria Geral da Relatividade. 1916. (4) Capra, Fritjof. O Tao da Física. São Paulo: Editora Cultrix, 2000. Kaku, Michio. Hiperespaço: uma odisséia científica através de

(5)

universos paralelos, empenamentos do tempo e a décima dimensão. Rio de Janeiro: Rocco (2000). (6)

Naisbitt, John. Paradoxo global. Campus, 1994 (Rio de Janeiro).

(7)

Midani, André. Música, Ídolos e Poder – Do Vinil ao Download.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008 (8)

McLuhan, Marshall. Guerra e Paz na Aldeia Global. Ed. Record,

1971. (9) Hall, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1999. (10) Diegues, Antonio Carlos. As Populações Tradicionais: Conflitos e Ambigüidades

"O Mito Moderno da Natureza

Intocada". NUPAUB-USP, 2004. (11) Young, Ernesto Guilherme, "Subsídios para a História de Iguape e seus fundadores". Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1902. (12) HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. Brasília, Editora da UNB, 1963. (13) Mendes, Gilberto. Uma Odisséia Musical. Edusp (14)

Mendes, Gilberto. Uma Odisséia Musical. Edusp

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PRIMEIRO MANIFESTO DA ARTE CONTEMPORÂNEA CAIÇARA

Não nos enganemos, somos caiçaras, filhos do mar, dos índios, dos negros e dos europeus. Somos a contemporaneidade ancestral. Misturada nossa identidade caiçara ao caudaloso vórtice da virtualidade resta-nos a universalidade e o inconsciente coletivo. Arte não é dos artistas, nem dos museus, muito menos das galerias e coleções particulares. A arte é nossa. É de qualquer um que não tema o ridículo. É de todos que se aventuram pelo conhecimento, que movem seus pés e saem do lugar. Que a arte seja o veículo transformador da vida, que através dela se propaguem idéias e universos. Toda arte é orgânica. Libertemos a arte de seus conceitos. Busquemos o novo. Fora o virtuosismo que consome e transforma em deserto as emoções! Música contemporânea caiçara, busca incessante por novos olhares, lugares, pessoas. Arte sinestésica. Percussão melódica, minimalista e tribal. Música para os olhos, mentes e corações.

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Entrevista Por Marcelo Ariel - Revista Pausa - www.revistapausa.blogspot.com 1-) Oscar D’ Ambrósio no prefácio ao ‘O Novo em folha’ , seu primeiro livro, relaciona seus textos à Arte Contemporânea Caiçara, segundo ele, “uma proposta que relaciona imagens,palavras e sonoridades numa ótica que mescla fontes da literatura,música e filosofia,sustentando o diálogo entre o ancestral e o contemporâneo”. O que o levou à essa mescla, ela é uma característica do nosso tempo ou um modo incontornável de conciliar ansiedades e urgências diante de um vazio e de uma situação de indefinição e limitação onde reina o fragmento e o caos? R: O que me levou por esse caminho foi a procura por minha identidade coletiva, histórica, ancestral. A necessidade de não me ver somente como indivíduo, de preencher de significados a vasta expressão de minhas dúvidas. O vazio é a não-identidade, a desmemória, a fragmentação, a aparente separação entre o que somos, fomos e desejaríamos ser. A arte contemporânea caiçara é a afirmação de um conhecimento coletivo, comum, onírico, virtual e transubstanciado. A tentativa de conciliar a solidão à humanização. (2-) O Novo em folha é um livro artesanal publicado pela Edições Caiçaras, que deve sua gênese aos processos de autogestão editorial das cartoneras, algo muito próximo do “Do it yourself” do movimento punk, como você vê estes processos autogestionários com ou sem um motivo social em seu bojo e por que optou por editar você mesmo seu livro e não seguir os procedimentos de patrocíniocontrole dos editais de fomento e leis de incentivo, tão necessários e na minha opinião, equivalentes dos programas de assistencialismo dos governos recentes e o que você pensa sobre a questão do assistencialismo cultural?

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R: A tecnologia nos liberta, possibilita que publiquemos nossos livros e gravemos nossas músicas sem depender de editoras e gravadoras. A mídia é feita cada vez mais pela mão de todos, uma inteligência coletiva criada em nuvens de computação. O conhecimento compartilhado. Por que, então, esperar que uma editora resolva comprar sua obra se você mesmo pode publicá-la, divulgá-la e comercializá-la? O “faça você mesmo” do movimento punk está intimamente ligado à essa possibilidade, a escolha entre fazer e esperar que outros façam por você. Ainda assim poderíamos esperar por condições ideais, assistencialismos, editais de fomento, leis de incentivo – todas excelentes alternativas, porém insuficientes para nossa fome de criação, mas entre o fazer e o não-fazer é melhor fazer mesmo que não saibamos onde tudo isso nos levará. É preciso fazer como quem não espera por ajuda, caso contrário estaremos sempre nas mãos de quem nos alimenta, colocando nelas nossa responsabilidade. Não devemos nos acomodar em assistencialismos, mas sim em cooperação, sustentabilidade, parceria e, principalmente, generosidade e realização. Vejo a classe artística unida em debates sobre projetos de fomento a cultura, mas não a vejo unida em pesquisas e ações que possibilitem o aprofundamento de sua produção. 3-) “O samba não é do Morro/ O samba é chinês”, diz um dos versos de um poema seu no livro, neste e em outros versos, sinto a presença mais do músico do que do escritor, vejo você como um músico que escreve e não como um escritor que toca, temos o exemplo de Arnaldo Antunes que também navega nestas águas entre as fronteiras, esta é uma questão delicada e não estou falando de fronteiras que separam as artes, elas não existem, mas de modos de uma arte que migram para outra, fale um pouco sobre isso e sobre seus inícios como músico e como escritor e como estas duas atividades dialogam entre si? R: A verdade é que a música foi a expressão que encontrei para minha literatura. Comecei a escrever aos oito anos, aos onze conheci o teatro. Somente aos trinta e sete me tornei compositor.

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Uma linguagem leva a outra, um signo está ligado a inúmeros outros. Trafegar entre as artes é perceber que as fronteiras são muito mais tênues do que parecem, que na verdade há apenas diferentes formas de expressar os mesmos significados, mas se os signos são os mesmos é necessário olhá-los por outros prismas, ressignificá-los e transubstanciá-los. Assim, provocar uma arte sinestésica é lembrar que nada está separado, que o menor movimento desloca universos, que ante a certeza da dúvida e a incerteza da resposta a arte é a possibilidade de concretizar o pensamento e virtualizar a realidade. A música falada, que remete a suja voz de Arnaldo Antunes e sua literatura neoconcreta, é o minimalismo literário levado à harmonia dos timbres, à percussão melódica e à aleatoriedade dos ruídos e silêncios. A literatura consubstanciada na música, a palavra diretamente levada ao cerebelo, a comunicação primitiva, primordial e instantânea do som, da palavra, do signo, da reflexão e da reconstrução de quem vivencia a obra. A obra em aberto, em movimento. Por isso a filosofia está tão presente em nossa música, pois instiga o pensamento a continuar em seus caminhos, suas procuras, fazendo com que a obra permaneça em constante transformação. “O samba não é do Morro...” comenta justamente a possibilidade de ressignificar identidades culturais, transformar o estabelecido, fazer emergir os laços que nos ligam a um eu coletivo. (4-) No último poema do livro ‘ Os sapos’, para mim uma citação do poema homônimo de Manuel Bandeira, o famoso poema lido na semana de arte moderna, que foi uma tentativa bem sucedida de ruptura ao modo burguês, com padrões impostos e já estabelecidos do que é arte, curiosamente, este mesmo modernismo se diluiu em uma imitação originalíssima das já falecidas vanguardas européias, fale um pouco sobre sua visão do modernismo e do chamado pósmodernismo, percebo que seu livro evoca algumas idéias de ambos, temos até um manifesto nos moldes do manifesto antropofágico no posfácio escrito por você, fale sobre esse manifesto e por que você sentiu necessidade de escrevê-lo?

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R: Sim, o poema é uma citação e, como em Manuel Bandeira, é uma critica à arte pela arte, o domínio da técnica se sobrepondo à mensagem, à significação e ao seu caráter transformador. O que aconteceu com os grandes movimentos de vanguarda? Cansamo-nos do novo, dos grandes manifestos? Qual o último movimento de vanguarda na música? Por onde andará o novo? È possível recriálo? A morte da vanguarda européia se deve a destruição de seu passado, para criar o novo acreditava-se que era necessário contradizer suas heranças históricas. Hoje penso na vanguarda como uma releitura transcontemporânea do passado, uma cadeia ininterrupta de novas combinações sobre conhecimentos sedimentados, novas maneiras de se ver o mesmo ressignificando e alterando suas concepções. Estar adiante é não se prender ao tempo, é ver a mobilidade do passado, a potência do futuro e sua mistura no presente. Escrever o manifesto é um saudosismo retrofutrurista, uma necessidade em criar conceitos e impregná-los de mobilidade. Na “arte contemporânea caiçara” invertemos o antropofagismo, não se trata de regurgitar identidades estrangeiras, mas sim fazer com que essa herança ancestral ecloda em nossas criações, de dentro para fora. O antropofagismo é sintoma de uma visão deformada de valores, onde nos acostumamos, desde o primeiro contato entre o índio e o navegador europeu, a considerar a cultura estrangeira superior à nossa, hábito que se arraigou em preconceito e autodepreciação. Vivemos na transcontemporaneidade. (5-) Fale um pouco sobre ‘Totem’ seu próximo livro e sobre seu trabalho com o grupo Percutindo Mundos, você aplica suas idéias e conceitos neste seu próximo livro? Existe uma coisa que me parece sintomática na nossa geração, a ansiedade de criar e a multiplicidade de ações, nos piores casos tudo é opaciado pelo marketing pessoal e nos melhores acontece uma sinergia entre as diversas formas de expressão, como você lida com a questão do marketing e sua relação com a criação artística, te pergunto isso, porque a sua imagem e a do Percutindo é difundida em vários blogs e sites na rede mundial de

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computadores e é interessante saber o que você pensa a respeito? R: “Totem” é um livro sem fim, pois pretendo escrevê-lo até meus últimos dias, publicando no decorrer dos anos os seus fragmentos. É uma biografia imaginária caracterizada pela multiplicidade de narradores, pela colagem de fragmentos e estilos literários. Foi iniciado em 1994 muito antes da existência do Percutindo Mundos. É preciso dizer que “Totem” influencia toda minha obra na medida em que se dilui por suas facetas, como uma matriz expressando-se por multi-linguagens e meios. A multiplicidade da ação é necessária porque possibilita a recriação da obra por quem a vivencia. Não teríamos arte se não pudéssemos comunicá-la e a Internet é hoje a personificação dos nomadismos e hibridismos que alimentam nossa arte. Trabalho com mais de trinta perfis na rede e através deles comunico e expando minha obra. Vejo cada publicação com uma futura fonte de pesquisa e de inspiração para novas obras, novos conceitos e reflexões. (6-) Quem é Márcio Barreto e o que é a vida para ele? R: “se súbito sou tudo ou ponto, ou ritmo, ou som, ou silêncio, ou dia, ou a noite, ou sono, ou vigília, dúvida, enigma, procura...” A vida é um beijo no momento que se vai. 7-) Como as pessoas podem adquirir o livro O novo em folha? Através do e-mail: mb-4@ig.com.br ou pelo tel: 0xx13-34674387

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Sumário Prefácio: Surpresas em Folhas de Papel – Oscar D’Ambrósio

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O Mundo de nossos Olhos Abertos A página Peculiaridade A hiena da noite cálida Severina Cinqüenta Nu Ego O hoje dos olhos Dorso Passos Referências literárias 4

11 12 13 15 16 17 18 19 20 21 22 23

O Universo por debaixo da Pele Percutindo mundos Galáxias A caligrafia, sua arte e suas implicações na personalidade Vida fóssil Os sapos Samba da Coca Cola Ruminações de um coração notívago 4° momento Mundo samba Quando o mar Sob o céu azul de anil

27 28 29 31 32 34 35 36 37 39 40

Posfácio: Arte Contemporânea Caiçara

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Primeiro manifesto da arte contemporânea caiçara

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Entrevista por Marcelo Ariel 52 "O Novo em Folha" trata da suscetibilidade poética aos multimeios e multilinguagens, miscigenando significados e construindo novas relações entre imagem, palavra e sonoridade. O nomadismo levado ao seu âmbito primeiro re-significando identidades culturais e provocando novos olhares e reflexões acerca do específico e seus universos em movimento. Um passeio por paisagens sonoras, onde a literatura mistura-se à música e à filosofia, unindo o ancestral ao contemporâneo.

Márcio Barreto nasceu em Santos-SP em 1970, publicou na Internet os livros “Totem” (romance), “O Ser e o Pensamento” (filosofia). Publicou pela “Edições Caiçaras” “O Novo em Folha” (poesia). Pesquisador, músico e compositor é o fundador do grupo de música contemporânea caiçara “Percutindo Mundos”. É responsável pela realização do Sarau Caiçara – Pinacoteca Benedito Calixto – Santos /SP, Sarau Filosófico – SESC Santos /SP, Mostra De Arte Contemporânea Caiçara – Casa da Frontaria Azulejada – Santos /SP, Itinerâncias – Encontros Caiçaras – Paraty /RJ e Virada Caiçara – São Vicente /SP. Contato: mb-4@ig.com.br 13-91746212

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www.percutindomundos.blogspot.com

Agradecimentos

Pela inspiração Ademir Demarchi (Revista Babel e Sereia Ca(n)tadora) Flávio Viegas Amoreira (Pinacoteca Benedito Calixto) Alessandro Atanes (Revista Pausa) Gilberto Mendes

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Meire Berti E em especial à Célia Faustino

Foto do título: Biga Appes Encadernação: Galeno Malfatti, Márcio Barreto

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Capa e Planejamento Grรกfico: Mรกrcio Barreto

www.percutindomundos.blogspot.com www.myspace.com/percutindomundos www.youtube.com/projetocanoa

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