Comportamento Organizacional

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E por que alienação estaria a relacionada ao capitalismo? Porque no capitalismo o trabalho, em vez de ter valor de uso, atendendo às necessidades vitais do ser humano, tem prioritariamente valor de troca, ou seja, serve para gerar mais lucro ou mais capital. Mas essa relação alienada do trabalhador com o produto do seu trabalho não seria coisa do passado? Hoje vivemos na chamada sociedade do conhecimento ou, como querem alguns, na era pós-industrial. Sendo assim, na atualidade o mundo do trabalho apresenta muitas mudanças em relação às épocas precedentes no que tange às tecnologias, às formas de produção e organização e aos estilos gerenciais. Mas essas transformações todas não sinalizam por completo o fim da era do trabalho alienado e do trabalhador desqualificado – agora substituído pelo trabalhador criativo, reflexivo, que desenvolve plenamente suas competências graças a condições propícias no ambiente organizacional? Se isso é verdade, por que as estatísticas oficiais e não oficiais têm registrado um número crescente de transtornos mentais e de comportamento que parecem associar-se às condições de trabalho? Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais menores chegam a afetar cerca de 30% da força de trabalho do planeta, enquanto os transtornos mentais graves atingem cerca de 5% a 10%. No Brasil, estatísticas de 2001 do Ministério de Saúde mostram que os distúrbios mentais constituem o terceiro principal fator de afastamento do trabalho por mais de quinze dias e de aposentadoria por invalidez.

A Qualidade de Vida no Trabalho e a Prevenção do Estresse

Seriam esses números indícios de que o ambiente organizacional moderno tem favorecido a eclosão de distúrbios mentais? Ou tais dados simplesmente refletiram o crescimento da doença mental na sociedade, agora manifestado no ambiente de trabalho? Alienação relacionada ao capitalismo.

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No período manufatureiro, embora já houvesse divisão no trabalho, os trabalhadores ainda eram semiartesãos, proprietários de uma habilidade técnica que adquiriam com treinamento intensivo no uso de suas ferramentas e que lhes permitia controlar a organização do processo como um todo. Com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII, ocorreu a fragmentação das tarefas e a desqualificação do trabalhador, que se tornou, assim, mais uma peça da máquina, tornando-se alienado de seu próprio trabalho. A administração científica de Taylor, nas primeiras décadas do século XX, fundamentaria teoricamente a divisão entre os que concebem e controlam o trabalho por intermédio de atividade mental e aqueles que simplesmente o executam com a atividade física. Henry Ford, ao introduzir a linha de montagem de automóveis, concretizou plenamente o modelo taylorista.


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