"Temos de começar a Jantar à Mesa" - Ficha de leitura

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 Ficha

de Leitura

Título: Temos de Começar a Jantar à Mesa Autora: Alice Vieira Editora: Caminho Resumo: A primeira vez que Carolina olhou para Felicidade, achou-a muito parecida com Abigaíl Gusmán (nome de uma personagem de uma telenovela mexicana). A família deste conto tinha uma vida muito atribulada, portanto, o pai, a mãe, a Carolina, a avó Eduarda e o Zé Pedro chegavam a casa em horas diferentes. Graças a este facto, a mãe decidiu que cada um aqueceria a comida quando chegasse a casa, usando um tabuleiro. Assim, jantavam na sala ao mesmo tempo que viam telenovelas mexicanas. O pai já tinha sugerido que começassem a jantar à mesa mas isso não aconteceu. Certo, a família foi jantar à mesa devido a um acontecimento especial. O pai recebeu uma carta da Junta de Freguesia, para se dirigir ao local com urgência. Qual foi o seu espanto quando o informaram de que tinha uma filha (para além da Carolina) com vinte e cinco anos, da qual ele não tinha conhecimento e que andava à procura dele. A filha mais velha tinha sido informada, pela sua mãe, de que o pai estava morto mas, mesmo assim, ela decidiu ir em busca dele. Ela só o tinha encontrado devido à morte da sua mãe e à ajuda de uma equipa de televisão. Entretanto, o pai encontrouse com a sua filha mais velha, a Felicidade. A mãe estava confusa, mas sossegou um pouco quando ficou a saber que, o seu marido, ainda não a conhecia quando namorava com a mãe da sua filha mais velha. Como era de esperar, a filha do seu casamento, ficou cheia de ciúmes. Ela não queria uma irmã mais velha, assim; de repente. No dia em que gravaram o programa em que a Felicidade encontrava o seu pai, a Carolina recusou ir com eles. Quando a família chegou a casa, o seu irmão começou a chatear a Carolina dizendo que a Felicidade era simpática, pois sabia que ela não ia muito com a cara da nova irmã. Na verdade, ela não gostava dela por causa dos seus ciúmes e também porque pensava que ela ia tirar-lhe as coisas que mais gostava. Ela tinha medo de deixar de ser a “menina do papá”. No dia da transmissão do programa, a Carolina foi para a casa da sua avó materna, a avó Eduarda, pois não suportava ver aquela alegria em casa. Porém, ela surpreendeu-se quando percebeu que até a sua avó estava feliz. Durante o programa, a avó enchia-se de sorrisos. A Carolina preocupava-se com o facto de algum colega estar a ver o programa e conhecer a sua família; ia ser uma vergonha! Chegado a um certo ponto, a Carolina não aguentou mais e foi-se deitar. No dia do tal jantar especial (prometido pelo pai à Felicidade, depois da transmissão do programa), a Carolina estava enraivecida. Só lhe apetecia fazer coisas loucas. Contudo, a Felicidade era a única que mostrava estar com os pés bem assentes no chão. Ela era a única que percebia que já tinham passado 25 anos desde


o seu nascimento, ou seja, sem o pai. A Carolina ficou espantada com o facto de a Felicidade perceber isso e pensou que até podia começar a simpatizar com ela. Um homem foi entregar um ramo de flores à casa da Carolina. Quando a D. Helena, a sua mãe, estava a ler o cartão, a Carolina percebeu logo que a Felicidade não iria ao jantar. Ela sentia-se culpada. No cartão, a Felicidade agradecia por tudo o que a sua família tinha feito e explicava-lhes que, como tinham passado muitos anos, não era necessário terem pressa para se conhecerem melhor. A mesa estava posta, pronta para a refeição, porém, a D. Helena decidiu que iam comer como já era habitual: na sala com o auxílio de tabuleiros. Ela estava mesmo desolada. Entretanto, a Carolina tentava animar o pai.

Comentário: As personagens reais desta história são a Carolina, a Felicidade, a D. Helena, o pai da Carolina, o Zé Pedro e a avó Eduarda. Também existem personagens do mundo da ficção (que pertencem a uma telenovela mexicana), tais como Abigaíl Gusmán, Luís Fernando Montoya e Manfredo Loriente. Durante este conto, assistimos a uma analepse, ou seja, existe uma interrupção de uma sequência cronológica para serem apresentados acontecimentos ocorridos anteriormente. Do capítulo 2 ao capítulo 5, são apresentados factos que aconteceram antes do 1º capítulo. Por vezes, aparecerem entre aspas várias falas; as falas das personagens da telenovela mexicana. Esta família costumava ver muita televisão, especialmente durante as refeições (que são os momentos em que estas falas aparecem). É claro que a televisão é muito positiva hoje em dia, porque nos mantém informados sobre o que se passa no mundo, porém, ver televisão em demasia faz mal à saúde. Tal como podemos concluir com este conto, certas vezes, as pessoas agem com base no que veem na televisão. Este facto tanto pode ser bom como pode ser mau. Por exemplo, uma pessoa que tenta ser como uma personagem que faz o bem, traz boas consequências mas se uma pessoa tenta imitar um vilão, pode trazer más consequências. No 3º capítulo, lemos a seguinte frase: “Mas Carolina não tinha dúvidas: uma irmã, com aquela idade, assim de repente a entrar-lhe porta dentro – nem morta!”. Na minha opinião, esta frase mostra muito bem o que a Carolina sentia em relação à Felicidade, a sua irmã mais velha, porque explica o quanto aquela situação não agradava à Carolina. A Carolina sentia ciúmes da Felicidade, pois o pai delas estava muito animado devido a este assunto e tratava muito bem a Felicidade. Ela tinha medo de deixar de ser a “menina do seu pai”. A Carolina dizia que iria dar cabo da sua irmã, devido ao que tinha visto numa telenovela. Até sonhou com o pai abraçado a Abigaíl Gusmán e com o Luís Montoya a prometer vinganças! No seu sonho, a Abigaíl representava a Felicidade e o Luís Montoya era ela própria, a Carolina. Portanto, esse sonho significava que a Carolina ia fazer de tudo para se vingar da irmã mais velha. A Felicidade encontrou o seu pai com a ajuda de um programa de televisão que servia para ajudar alguns indivíduos a descobrirem pessoas das suas famílias. A Carolina sentia raiva dentro dela e apetecia-lhe fazer as coisas mais loucas que ela podia! Porém, como podemos observar no 6º parágrafo do 6º capítulo, a Carolina


sabia que tinha de manter a calma e a sua dignidade. No dia da transmissão do programa em que a Felicidade encontrava o seu pai, a Carolina não foi capaz de o visionar por completo. Isto porque ela percebeu que a Felicidade era a única que tinha os pés assentes na terra, ou seja, era a única que tinha percebido que tinham passado muitos anos desde o seu nascimento. Por causa disto, ela sentiu que até era capaz de começar a simpatizar com a Felicidade e isso não a agradava nada. O apresentador do programa, que também se tinha apercebido do tempo que o pai e a filha mais velha tinham passado separados, “gozou” com a situação dizendo que eles agora podiam fazer tudo e mais alguma coisa juntos. Quando a família se apercebeu de que a Felicidade não iria ao jantar prometido pelo pai, a Carolina sentiu-se culpada. Ela sentia-se mal porque, na sua ideia, a Felicidade não tinha ido ao jantar devido às coisas más que a Carolina dizia em relação à sua irmã. Com isto, a Carolina foi consolar o pai e este disse-lhe que a felicidade sempre esteve entre eles. O pai delas quis dizer que a felicidade (alegria) e a Felicidade (filha) sempre pertenceram àquela família. O fim deste conto termina com a referência a uma cena de uma telenovela. Na minha opinião, sabendo que o Manfredo Loriente estava do lado de Abigaíl Gusmán e o Luís Fernando Montoya estava contra ela e supondo que a Abigaíl era a Felicidade, o Luís era a Carolina e o Manfredo era o pai delas, essa cena enquadra-se bem neste final. No contexto desta história, essa cena significa que a Carolina passou a estar do lado da Felicidade.

Inês Cordeiro, 8ºB


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