Reflexus 2016: a Revista dos Estudantes de Farmácia

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A REVISTA DOS ESTUDANTES DE FARMÁCIA

REFLEXUS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ESTUDANTES DE FARMÁCIA

EDIÇÃO 2016

SAÍDAS PROFISSIONAIS PERSPECTIVAS DE RECÉM-MESTRES SOBRE O MUNDO LABORAL

CURRICULUM VITAE DICAS PARA UM CV DE SUCESSO VOLUNTARIADO FARMACÊUTICO DESCOBRE COMO PODES CONTRIBUIR

GRANDE ENTREVISTA

CARLOS MAURÍCIO BARBOSA

BALANÇO DE 6 ANOS DE MANDATO DO EX-BASTONÁRIO, O ESTADO DO SNS, A POLÍTICA DO MEDICAMENTO E O FUTURO DO SETOR


ESTÁS À PROCURA DE UM

DESAFIO?

A Revista dos Estudantes de Farmácia (REFlexus), editada pelo Núcleo redatorial da REFlexus da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), tem como objetivo informar toda a comunidade estudantil do âmbito das Ciências Farmacêuticas daquilo que melhor se faz no setor, assim como divulgar eventos de interesse para os estudantes. Com a reedição da revista começada em 2015, esta REFlexus que vos é apresentada tem um objetivo de continuidade: cimentada na edição anterior, e direcionando-se já para a edição futura, mas sempre com a identidade da APEF muito marcada. A equipa que redige a REFlexus é constituída pela Direção de Conteúdos, Direção Gráfica, Direção Comercial, Direção do Núcleo Redatorial e Membros do Núcleo Redatorial, sob direção do Responsável Editorial e Departamento de Publicação e Imagem.

Queres construir a próxima REFlexus? Fica atento aos meios de comunicação da APEF para saberes quando serão as próximas candidaturas.

Agarra este desafio!

FICHA TÉCNICA EDIÇÃO 2016 PROPRIEDADE Associação Portuguesa dos Estudantes de Farmácia (APEF) Rua António Candido n.º 154 4200-074 Porto DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM Mariana Laranjeiro, FFUC DIRETOR DE CONTEÚDOS Marcos Gomes. FFUP DIRETORA DO NÚCLEO REDATORIAL Marta Diogo, UBI DIRETORES GRÁFICOS Margarida Viola, FFUC Luís Silvestre, FFUL

DIRETOR COMERCIAL DA REFlexus José Pedro Teixeira. FFUP RESPONSÁVEL EDITORIAL Marcos Gomes, FFUP NÚCLEO REDATORIAL Alexandra Filipe, ISCSEM Ana Camila Marques, FFUP Beatriz Teles, UBI Carolina Rodrigues, Francisco Baptista, FFUC Joana Jorge, FFUL João Ferreira, FFUC João Pedro Teixeira, FFUP Marta Simões, FFUL CONTACTOS reflexus@apef.pt TIRAGEM 700 exemplares


M

EDITORIAL

MARCOS GOMES, DIRETOR DE CONTEÚDO DA REFLEXUS

É com prazer que, em nome de todo o Núcleo Redatorial, e cumprindo a função de editor, que vos apresento a nova edição da Revista dos Estudantes de Farmácia, a REFlexus. Esta revista é um grande desafio, tudo tem de ser ponderado milimetricamente para que esta publicação representa a APEF, e acima dela, os estudantes. Esta precisão milimétrica traduz-se em avanços e recuos de textos e páginas, trocas de emails e chamadas telefónicas, algumas dores de cabeça, reuniões, e mais alguns avanços e recuos de textos e páginas. Às vezes ficamos com a sensação de que saímos de um verdadeiro campo de batalha, em que a exaustão se apodera de nós, mas é então que a obra surge. Consciente de que não há perfeição plena, a REFlexus que vos é apresentada foi o fruto de muitas horas de trabalho e dedicação de um grupo de pessoas que se debateram até ao ultimo instante, antes do fecho da edição, para que a revista se aproximasse o mais possível dessa “perfeição”. Neste grupo estão algumas das pessoas mais profissionais e competentes com quem tive o prazer de trabalhar, e às quais eu tenho de agradecer todo o empenho e perseverança, e também todo o apoio que me deram para orientar esta epopeia redatorial. Sem mais delongas, caros estudantes, apresento-vos a vossa revista: percorre os temas que achamos que seriam os mais pertinentes para a conjuntura atual. Esperamos ir de encontro às vossas expectativas. No editorial da REFlexus de 2015 foi pedido que não se deixasse apagar a luz, e aqui está ela, mais brilhante que nunca. Agora é hora de primar para que ela mantenha o seu rumo e identidade por muitos e longos anos.

Caro leitor, As Direções da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia têm vindo a assumir uma postura ativa, responsável e irreverente na representação e na defesa dos seus estudantes. A estrutura da APEF irá completar, este ano, 18 anos. Este é mais um marco na sua história, pois tomamos em conta não só a sua subsistência ao longo destes anos, mas também o desenvolvimento contínuo que tem evidenciado, revelandose uma estrutura mais forte a cada ano que passa. Na minha humilde opinião, o futuro não será, certamente, exceção. Este futuro também passará por cada um de vós, leitores da REFlexus. Quer sejam parte de uma entidade que é fulcral à atividade da APEF, quer sejam personalidades que levam a atividade da APEF ainda mais longe, quer sejam atuais e futuros alumni da APEF que compreendem as necessidades da estrutura e que muito podem fazer por esta oferecendo a sua visão experiente, quer sejam alunos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas não só ao integrar a equipa da APEF mas também ao participar nas suas iniciativas e, acima de tudo, ao serem ativos. Se vós, enquanto estudantes que a APEF representa, forem ativos (na vossa faculdade, na vossa comunidade, em associações, em projetos, tudo é válido), esta só terá a crescer também com isso, pois a sua força é composta pela força dos estudantes e, sem ela, a APEF nada seria. Convido-vos a ler o restante conteúdo desta revista, convite este que é muito mais do que aparenta, é um convite para entrarem também neste sonho, um sonho que a APEF constrói há 18 anos: Assumir-se na vanguarda e na defesa do Farmacêutico de amanhã.

MENSAGEM PAULO MENDES, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APEF 2015/2016


DESTAQUES

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APEF

MEMBROS

associação · APEF em estágio VI APEF training project III congresso político · I gala solidária como é estar na APEF? | entrevista

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SAÍDAS PROFISSIONAIS testemunhos · CV/entrevista soft skills

21 25 27 GRANDE ENTREVISTA

Prof. Doutor Carlos Maurício Barbosa

ASSOCIATIVISMO EMPREENDORISMO startups - Labfit

Ana Cristina Rama | entrevista Sara Torgal | entrevista

29 31 32 INVESTIGAÇÃO

VOLUNTARIADO

INTERNACIONAL

bolsa de voluntariado da Ordem dos Farmacêuticos · associação cura+ projeto querer e fazer

SEP · erasmus · twinnet congresso anual EPSA Catarina Nobre | entrevista

37 38 VIVÊNCIAS ACADÉMICAS tunas

NOTÍCIAS


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APEF EM ESTÁGIO por Daniela Correia

O Programa APEF em Estágio permite aos estudantes do MICF de todo o país realizarem estágios extracurriculares em várias áreas do setor farmacêutico, proporcionando-lhes a oportunidade de experienciarem a realidade do mercado de trabalho que os espera. A REFlexus traz-te alguns testemunhos de estudantes que se dedicaram a enriquecer a sua formação para além do plano de estudos do MICF.

Este verão decidi quebrar a rotina das férias e partir à descoberta da profissão. Guiei-me pela bússola da APEF e candidatei-me ao Programa de Estágios. Não podia ter tomado melhor decisão. Ter uma perspetiva prática na Durante duas semanas, tive contacto com o área de Farmácia Hospitalar perdia-a-dia num laboratório de Análises Clínimitiu-me, de uma forma objectiva, cas, o que me enriqueceu não só como colmatar lacunas e fazer a ponte entre futura profissional, mas também como a dita “teoria do MICF” e a realidade desta atual estudante do MICF. área nos nossos dias. Ter contacto com áreas Inês Grazina, 3º ano da como a Oncologia, a Unidade de Cuidados IntenFaculdade de Farmácia da sivos, as Enfermarias e os Ensaios Clínicos, permiUniversidade de Lisboa tiu-me descobrir que o Farmacêutico Hospitalar não é um mero agente de verificação da prescrição e distribuição de comprimidos em doses unitárias, é sim um profissional plenamente integrado em todas as decisões hospitalares O estágio de verão em Farmáque envolvem o medicamento. Esta experiência a que cia Comunitária permitiu ter uma tive acesso graças ao Programa APEF em Estágio visão ampla sobre as diversas funções 2016 trouxe, sem dúvida, uma mudança na minha que um farmacêutico desempenha nesta forma de encarar a profissão e de encarar a imárea. Apesar de apenas estar no segundo portância que o Farmacêutico tem no meio ano do MICF e de o período de estágio ter sido hospitalar. somente 10 dias úteis, consegui alargar os meus Sophie Rey, 4º ano da conhecimentos farmacológicos e terapêuticos graças Faculdade de Farmácia da ao acompanhamento que tive da minha Tutora. Foi uma Universidade de Lisboa experiência bastante enriquecedora a nível curricular e apelo a todos os estudantes do MICF, mesmo estando no início do seu percurso académico, que realizem estágios proporA Farmacovigilância é cionados pelo Programa APEF em Estágio. É uma uma área acerca da qual excelente oportunidade para experienciar as funções muitos estudantes do MICF do farmacêutico nas diversas áreas profissionais não estão ainda muito informados, e para ter um contacto mais próximo com o talvez por ser pouco abordada numa futuro mercado de trabalho. base regular. No entanto, é uma área Maria Tomás, 2º ano da muito importante e interessante e Faculdade de Farmácia da este estágio serviu para ter um contacto Universidade de Lisboa mais próximo desta área. Beatriz Gomes de Sá, 4º ano da Faculdade de Farmácia da 5 | REFLEXUS Universidade do Porto


VI APEF TRAINING PROJECT

AMPLIFYING TODAY’S PERFORMANCE por Tiago Gonçalves

O VI APEF Training Project (ATP) – Amplifying Today’s Performance teve lugar em Lisboa, no período compreendido entre 7 e 11 de setembro, tendo contado com a presença de 40 participantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), provenientes das instituições académicas de Coimbra, Lisboa, Porto, Croácia e Roménia. OBJETIVO A presente edição do evento formativo em epígrafe, cujo programa educacional se intitulou “The Ultimate Generation of Pilots”, apresentou como força motriz à sua realização o desejo de promover a formação de uma classe farmacêutica de excelência, perfeitamente consciente do seu papel numa sociedade pautada por uma competitividade crescente, capaz de atuar perante os mais diversos cenários e munida de todas as ferramentas conducentes ao sucesso. Assim, um conhecimento detalhado no âmbito das amiúde aclamadas soft skills assume-se como a pedra angular de uma atuação exímia, permitindo a todo e qualquer profissional enfrentar os desafios característicos do seu percurso, assumindo o estatuto de “piloto da sua própria vida”.

ORGANIZAÇÃO A atividade desenvolvida contou com o trabalho exímio de uma Comissão Organizadora, liderada pela aluna de 5º ano da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFULisboa) Leonor Soares, a qual assegurou toda a programação e execução logística do evento. O grupo de alunos em questão, num total de 13 elementos, preparou afincadamente todos os pormenores de alojamento (Pousada da Juventude de Picoas), transporte, alimentação (cantinas da Universidade de Lisboa e Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, bem como um conjunto de restaurantes onde decorreram segmentos pontuais de cariz lúdico) e componente social, esforço esse espelhado de forma nítida e permanente no rosto de satisfação dos participantes.

A presente edição contou, pela primeira vez, com a participação de estudantes internacionais, os quais garantiram vir a recomendar a atividade em edições futuras.

ATIVIDADES Foi meticulosamente preparado um conjunto de trainings respeitante aos temas de soft skills menos abordados em Portugal, designadamente Storytelling, Personal Branding, Negotiation, Conflict Manangement e Creativity, entre muitos outros, num total de 8 sessões. Após esta jornada, os participantes foram presenteados com uma sessão surpresa subordinada à temática global do Bem-Estar, liderada pelo Doutor Tiago Fonseca, onde puderam fazer uma revisão de todos os conceitos e exercícios abordados, bem como tomar contacto com ferramentas de promoção e perpetuação de uma vida harmoniosa e equilibrada. No que diz respeito às 16 horas de trainings intensivos, estas foram asseguradas por uma distinta equipa de Trainers da EPSA, composta por Sara Torgal, Diogo Piedade, Rúben Viegas, Diogo Capítulo, Bernardo Marinheiro e Tiago Gonçalves, Trainers a quem a APEF apresenta o seu mais sincero agradecimento. No que concerne ao programa social, este mostrou-se constituído por um rol de noites temáticas com vista à integração de todos os alunos, designadamente uma Pizza Night, Noite Internacional, entre outras.

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III CONGRESSO NACIONAL POLÍTICO DOS ESTUDANTES DE FARMÁCIA por Sara Marques e Gabriela Ribeiro

Nos dias 21 e 22 de outubro, teve lugar na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFULisboa), o III Congresso Nacional Político dos Estudantes de Farmácia (CNaPEF) subordinado ao tema: “Jovens Políticos: que participação no futuro da saúde?”. Este evento caracterizou-se por ser um espaço apartidário de discussão e reflexão sobre o atual ambiente político em saúde, no ensino farmacêutico e no associativismo jovem. Enquanto cidadãos portugueses, uma participação ativa na sociedade não é apenas um direito mas também um dever de todos. Ademais, num ramo fortemente legislado como o do medicamento, a pressão crescente das políticas económicas e de saúde aumentam a necessidade do farmacêutico tomar uma atitude pro-ativa e participativa neste âmbito. DIA 1 Na sexta-feira de manhã começou por se discutir o tema «Intervenção dos farmacêuticos no SNS: desafios?», tema este apresentado pelo Dr. João Norte, Vice-Presidente da Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos. Seguiu-se o tema «Discutir saúde é discutir futuro», pelo Dr. Ricardo Baptista Leite, médico e deputado à Assembleia da República e, por último, o tema «Farmácia centrada no doente: as novas alterações», pelo Dr. Paulo Duarte, Presidente da Associação Nacional das Farmácias. Na tarde de sexta, iniciou-se a mesa redonda com o tema: «Visão do Ensino Farmacêutico: olhar o futuro» contando com a presença da Presidente do Conselho Pedagógico da FFULisboa, Prof. Doutora Maria Henriques, com a Vice-Diretora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), Professora Doutora Natércia Teixeira e com a Professora Doutora Margarida Caramona da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A sessão foi moderada pelo Professor Doutor Carlos Maurício Barbosa, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) entre 2009 e 2016 e também Professor na FFUP, o que conduziu a um debate proficiente.

DIA 2 No sábado de manhã, juntaram-se a Juventude Partidária Socialista, representada pelo Dr. Ricardo Calé, a Juventude Social Democrata, representada pelo Dr. Carlos Martins, a Juventude Popular, representada pela Dra. Diana Vale e a Juventude Comunista Portuguesa, representada pela Dra. Sofia Lisboa, para a discussão do tema « Juventudes Partidárias: Futuras Políticas de Saúde». A mesa redonda foi brilhantemente moderada pela jornalista da SIC, Dra. Dulce Salzedas, que rapidamente passou o debate também para o público atento e com vontade de intervir. No sábado à tarde, numa mesa moderada pelo Dr. Nuno Cardoso, secretário técnico na Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da OF, debateu-se o tema «Jovens Políticos: que participação no futuro da Saúde?». Como convidados para o debate estiveram presentes os jovens políticos Dr. Luís Azevedo, ex-Presidente da APEF no mandato 2013-2014, o Dr. Bruno Macedo, ex-secretário geral da Ordem dos Farmacêuticos, o Dr. António Teixeira Rodrigues, ex-deputado à Assembleia da República, o Dr. João Ribeiro, Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos e a Dra. Clara Carneiro, Diretora da Área Institucional e Políticas de Saúde da OF.

I GALA SOLIDÁRIA APEF No primeiro dia do III CNaPEF realizou-se também a I Gala Solidária APEF, no auditório da Associação Nacional das Farmácias. Este evento contou com a atribuição de distinções a figuras e entidades do setor farmacêutico decorrentes da sua contribuição para a sociedade ou para com a própria APEF. O Professor Doutor Carlos Maurício Barbosa, a Dra. Ema Paulino e a Dra. Sónia Queirós foram galardoados com Menções Honrosas; a Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto conquistou o Prémio "Projeto + Inovador" com o seu mais recente projeto "Fundo de Apoio Social (FAS)", e a Associação Cura + levou para o

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Porto a distinção "Responsabilidade Social". Para além dos prémios, os espetadores assistiram ainda a atuações de índole cultural: aplaudiram Maria Almeida e Carina Bastos pela sua performance musical e Pedro Luzindro pelo seu número de stand-up comedy. Os participantes tiveram ainda oportunidade de socializar com farmacêuticos e futuros farmacêuticos oriundos de diferentes cidades do país numa pausa de cocktail aquando o intervalo. Esta divertida noite culminou com doação total dos lucros angariados ao Banco Farmacêutico, na pessoa do Dr. Luís Mendonça, Presidente da referida Associação.

A APEF agradece a todos os participantes, patrocinadores, oradores convidados que tornaram estas duas atividades um sucesso!


COMO DESCREVERIAS A APEF A UM ESTUDANTE ESTRANGEIRO? Sempre que me perguntam o que é a APEF, respondo, orgulhosamente, que é um grupo de estudantes que lutam, muitas vezes sem meios, por aquilo em que acreditam de forma a possibilitar uma melhoria da classe estudantil no setor farmacêutico. Além da representação, a organização de atividades permite a formação e diversão dos seus colegas. Habitualmente, descrevo a APEF como uma escola de profissionalismo para futuros farmacêuticos de sucesso.

ENTREVISTA

DIOGO TEIXEIRA

Começando na Toastmaster Internacional, passando pelo cargo de Embaixador da Education First em Portugal, desde cedo que os skills de comunicação são reconhecidos em Diogo Teixeira. Aqui, Diogo conta-nos a sua experiência como Diretor do Departamento Comercial e de Marketing na APEF.

por Carolina Rodrigues e João Ferreira

COMO É ESTAR NA APEF?

COMO SURGIU A OPORTUNIDADE DE TE JUNTARES À APEF, E O QUE TE LEVOU A CANDIDATARES-TE? Após terminar as minhas funções numa multinacional para a qual exercia funções comerciais, resolvi candidatar-me à APEF por acreditar no potencial desta maravilhosa associação. Encarei a primeira candidatura como uma aventura pessoal e o segundo mandato como um desafio profissional. Apesar de nunca ter tido uma experiência no mundo associativo, já tinha participado em atividades da APEF e até trabalhado com anteriores direções enquanto representante de um patrocinador. O facto de conhecer a APEF do lado empresarial motivou-me a pertencer à sua direção e ser o responsável comercial e de marketing. COMO DIRETOR DO DEPARTAMENTO COMERCIAL E MARKETING, UMA ÁREA TÃO DISTINTA DA NOSSA ÁREA DE ESTUDO, COMO TE ADAPTASTE A ESSE DESAFIO? A área comercial, e consequentemente o conceito de marketing, está bastante presente no quotidiano de qualquer profissional, não excluindo a comunidade farmacêutica. Apesar da inexistência de formação em vendas no plano curricular do MICF, creio que a experiência extracurricular e no mercado de trabalho molda e adapta o farmacêutico a agir de forma comercial. Na verdade, a farmácia comunitária é o último ponto da cadeia de valor do medicamento e trata-se, no fundo, de um negócio onde a componente comercial está, obviamente, presente. Antes de abraçar o desafio na APEF, já teria a oportunidade de exercer funções nesta área, pelo que o meu background foi essencial para conseguir alcançar os objetivos que foram traçados para o Departamento e para a APEF. Fazendo uma retrospetiva, considero que o

maior desafio tenha sido conciliar as skills comerciais com a área de atuação da APEF. Na verdade, não possuía experiência em negociação com indústrias farmacêuticas, grupos de farmácias ou empresas distribuidoras e, pos-sivelmente, foram estas as tarefas que possibilitaram a maior aprendizagem durante o tempo em que trabalhei para a APEF. QUAL O BALANÇO DESTA EXPERIÊNCIA? SUPEROU AS TUAS EXPECTATIVAS? Para além da experiência profissional adquirida, a componente associativa enriqueceu maioritariamente o lado pessoal. As dimensões e divergências geográficas da equipa, associadas à grande exigência de trabalho fizeram, sobretudo, enaltecer o caráter mais humano. Aos olhos de alguns, pertencer à APEF poderá parecer um estatuto glamoroso, mas a verdade é que essa visibilidade é apenas a ponta do iceberg. Muito trabalho está por detrás das atividades e dos resultados alcançados. Estar na APEF implica conciliar os estudos no MICF com o esforço de lutar por querer fazer mais e melhor pela nossa associação. Na verdade, trata-se de um trabalho pós-laboral não remunerado e a única satisfação é a obtenção de experiência e, no fundo, realização pessoal. De uma forma geral, a experiência de ter pertencido à APEF foi extremamente positiva e superou as minhas expectativas. Os resultados para o DCM foram mais elevados do que se esperava e as relações interpessoais que perduram fazem com que tenha sido uma aventura única e inesquecível. QUE PERSPECTIVAS VISIONAS PARA A APEF? Para a APEF visiono muito profissionalismo e sucesso. Na minha opinião, a APEF tem crescido exponencialmente em várias frentes. Hoje está mais forte e com valores mais concretos e delineados. Para o Departamento Comercial e de Marketing, para além de desejar que a APEF se torne uma marca ainda mais forte, prevejo um futuro muito recheado de conquistas. No meu ponto de vista, o trabalho realizado até ao momento, evidentemente ao longo dos últimos anos, colocou a APEF num excelente patamar que deverá ser continuado por futuras direções.

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JÁ CONHECES OS

MEMBROS DA APEF ? Associação de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade Lusófona

A Associação de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade Lusófona (AECFUL), foi fundada em novembro de 2001, representando atualmente cerca de 230 estudantes. Desde a sua criação, a AECFUL tem como principal objetivo representar todos os estudantes que frequentam o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) na Universidade Lusófona, trabalhando sempre em prol dos seus direitos, interesses e ambições. Em 2007/2008 a AECFUL tornou-se Membro efetivo da APEF, abrindo desta forma mais portas aos seus estudantes tanto a nível Nacional como Internacional. Com apenas 15 anos de existência, a AECFUL desenvolve o seu trabalho com a ambição de crescer e marcar presença no Mundo Académico e Farmacêutico.

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Ao longo dos anos, a AECFUL tem desenvolvido atividades de forte cariz formativo e educativo, promovendo a formação e aprendizagem dos seus estudantes, com o objetivo central de os preparar para o mercado de trabalho, enquanto futuros profissionais farmacêuticos. No ano de 2012, a Semana das Ciências Farmacêuticas recebeu o prémio de Melhor Atividade de Núcleos e Associações de Estudantes de Farmácia, no âmbito dos Prémios Farmacêuticos que decorreram em Coimbra, dando reconhecimento à Atividade e à própria AECFUL.

ATIVIDADES

AECFUL


Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

A Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, AEFFUP, foi criada no dia 23 de fevereiro de 1929, cumprindo a vontade e a necessidade da existência de uma estrutura representativa dos estudantes, interventiva na defesa dos seus direitos e interesses, com uma aposta marcada na sua formação complementar. Pode dizer-se, portanto, que a representação dos cerca de 1400 estudantes que hoje se distribuem pelos vários cursos e ciclos de estudos da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, é parte da definição da AEFFUP, nestes 87 anos de existência. Da estrutura da Associação fazem parte, para além dos Órgãos Sociais (Direção, Reunião Geral de Alunos e Conselho Fiscal), três núcleos, o Núcleo de Comunicação, o Núcleo de Mobilidade (NuMA) e o Núcleo de Ação Social (NASA), fundados com o objetivo de promover uma maior aproximação da Associação aos estudantes, contribuindo, também, para o complemento da sua formação académica. A caminhada da AEFFUP continua hoje, fazendo das experiências do passado parte da construção do seu futuro.

E é esta atitude ativa na complementaridade de competências que justifica a existência, no Plano de Atividades da AEFFUP, de eventos como o Congresso Científico, o Fórum Farmacêutico, a Gala Solidária, o Baile de Gala aos Finalistas da FFUP, o Rastreio Cardiovascular, o Sarau Cultural, o Aconselhamento Farmacêutico, o Programa de Estágios Extracurriculares, o apoio ao Desporto de equipa e individual, entre outros.

ATIVIDADES

AEFFUP

No decorrer do presente mandato a equipa prezou pela formação nas diversas áreas de interesse dos estudantes, tanto a nível científico, com a realização do Simpósio Ciência e Sociedade: ELA, organizado em parceria com o iMed.ULisboa e da FFULisboa, a nível político com duas sessões do II Ciclo de Debates, e a nível da promoção para a saúde, com a I Campanha de Saúde Pública, com a realização de cerca de 1250 rastreios. Porém, a índole académica não é deixada de parte, possibilitando momentos de convivência entre os estudantes da FFULisboa nas tão conhecidas Farmos desta casa. Com um mandato a terminar em dezembro do presente ano, a AEFFUL irá realizar a III Feira de Emprego bem como o XXI Curso de Formação de Mediadores para a Educação na Saúde em SIDA, IST’s e Toxicodependência.

ATIVIDADES

Fundada a 23 de janeiro de 1914, a Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (AEFFUL) dedica a sua razão de existir à defesa dos interesses de todos os estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, bem como na representação madura e responsável dos estudantes junto do setor farmacêutico, na procura contínua de responder às exigências e mudanças da profissão. Numa estrutura com o envolvimento de 23 membros da Direção, Conselho Fiscal, Mesa da Assembleia Geral e Núcleos da AEFFUL, esta Associação aposta na constante resposta às lacunas da comunidade estudantil. E porque os estudantes de hoje são os farmacêuticos de amanhã, a AEFFUL aposta diariamente em ti.

AEFFUL

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NECiFarm

Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Algarve

O NECiFarm possui objetivos que passam pelo enriquecimento curricular dos alunos de MICFUAlg, a promoção do convívio e lazer entre a comunidade académica do MICF, a possibilidade de realização de estágios extracurriculares nos demais exercícios da profissão farmacêutica, a participação e envolvimento com a sociedade no âmbito da promoção para a saúde e da realização de rastreios, entre outros. Como parte integrante dos objetivos, o NECiFarm conta com a realização de três Simpósios Farmacêuticos, três Jornadas, oito Galas de Ciências Farmacêuticas, a criação de um clube de Farmacoterapia e quatro edições do Colóquio NECiFarm, a última das quais terá lugar nos dias 6 e 7 de dezembro, cuja temática abordará a Farmacoeconomia.

ATIVIDADES

O Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas (NECiFarm) é uma secção autónoma da Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) e um Membro Efetivo da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF). Desde a sua génese, datada a 19 de dezembro de 2007, que o NECiFarm se assume como uma associação sem fins lucrativos, direcionada para a representação e dignificação dos estudantes do curso do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Algarve.

NECF-AEISCSEM

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Para o mandato de 2016/2017 o NECFAEISCSEM delineou diversas atividades, tais como o XIII Simpósio, no qual serão debatidos temas de interesse e atuais no ramo farmacêutico. A encargo do Departamento de Educação e Promoção para a Saúde serão também realizados rastreios, estando para já programados os rastreios de glicémia no Dia Mundial da Diabetes. Numa vertente mais cultural, o presente mandato estreou-se com a realização do I Chur-rasco Farmacêutico, em colaboração com a AEFFUL e a AECFUL, e serão também organizados outros convívios, tais como jantares para os estudantes do MICF. Sem esquecer a formação a nível de competências pessoais, o NECF pretende organizar workshops/trainings relacionados com temas pedagógicos.

ATIVIDADES

O Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (NECF-AEISCSEM) consiste numa entidade que visa salvaguardar os interesses dos estudantes de Ciências Farmacêuticas da Egas Moniz, sendo que é parte integrante da Associação de Estudantes do Instituto. No ISCSEM o número de alunos de Ciências Farmacêuticas assume uma elevada representatividade, o que levou à necessidade da criação de um núcleo, por dois principais motivos: por um lado, devido à urgência da realização de atividades que proporcionassem aos estudantes um enriquecimento científico e cultural; por outro lado, devido à necessidade da representação externa dos estudantes, visto que um núcleo funciona como uma voz coletiva. O NECF-AEISCSEM, pautado sempre pelo interesse maior que é dar aos futuros farmacêuticos bases para a construção de um percurso diferenciado, alia-se a uma Instituição de vanguarda, certo de que os seus estudantes se irão destacar seja em que ramo do setor for!

Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz


NEF/AAC

Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra

Desde atividades culturais e recreativas, passando por torneios desportivos, estágios extracur-riculares, um congresso científico anual e várias palestras e formações, todas as atividades são realizadas com vista a complementar a formação científica e pessoal dos alunos que o NEF/AAC representa.

ATIVIDADES

O Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) surgiu em 1986 enquanto estrutura representativa de todos os estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). Representa atualmente cerca de 1500 estudantes desde o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), Licenciaturas em Ciências Bioanalíticas (LCB) e em Farmácia Biomédica (LFB) até aos mestrados e doutoramentos lecionados na FFUC. A estrutura do NEF/AAC divide-se em Direção (DNEF/AAC), Mesa do Plenário e Plenário de Núcleo. A DNEF/AAC é composta pelo executivo e por onze pelouros. Cada um destes pelouros conta com áreas de ação distintas, tendo o núcleo uma enorme diversidade de iniciativas.

O UBIPharma, Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade da Beira Interior, foi fundado a 27 de Fevereiro de 2008, demostrando o espírito empreendedor, proativo e de associativismo dos seus estudantes. Desde então são diversas as atividades que desenvolve envolvendo os diversos departamentos: Cultural e Recreativo, Científico, Ação Social e Saúde Pública, Internacional, Pedagógico e Relações Públicas e Imagem.

Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade da Beira Interior Neste mandato, a 5 de maio, realizou-se o IV Sarau Cultural de Ciências Farmacêuticas, onde parte do lucro foi revertido para a Instituição “O Mundo da Carolina”. Conscientes da necessidade de alargar o leque de conhecimento fornecido, este ano o II Congres-so Científico Anual UBIPharma, que decorreu no dia 6 de outubro, foi subordinado ao tema: “Farmacogenómica/Farmacogenética: Todos Iguais, Todos Diferentes”. E porque a criação de hábitos saudáveis toca a todos e é “De pequenino que se torce o pepino”, desenvolvemos o Projeto “Farmacêutico Dentolas” que consistiu em campanhas de sensibilização em Infantários da Covilhã com o objetivo de realçar a importância de uma boa higiene oral.

ATIVIDADES

UBIPharma

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13 | REFLEXUS

por Alexandra Filipe e Joana Jorge

SAÍDAS PROFISSIONAIS

Numa área de estudos tão vasta como as Ciências Farmacêuticas, as direções que um farmacêutico pode tomar no seu futuro vão muito para além da Farmácia Comunitária e Hospitalar. Nesta edição da REFlexus, convidamos-te a descobrir alguns desses caminhos menos trilhados através de uma série de entrevistas a farmacêuticos de diversas áreas.

DOUTORA ANDREIA BRUNO FIPEd Project Coordinator & Researcher; Secretária Técnica para o Desenvolvimento Profissional na Ordem dos Farmacêuticos Foi no ISCSEM que Andreia Bruno se formou em Ciências Farmacêuticas. Com um percurso pautado por desafios constantes, desde cedo se interessou pelas organizações, tendo sido presidente do NECF-AEISCSEM e CP da APEF. “Conheci estudantes, professores e outros profissionais de saúde, que me inspiraram para seguir uma área um pouco diferente - a das competências e do desenvolvimento profissional, num período em que estas temáticas não eram tão exploradas. No fundo, queria ajudar os farmacêuticos a definirem opções de carreira e até a melhorarem o seu desempenho”. O seu espírito empreendedor levá-la-ia a ser coordenadora e investigadora do Projeto da Educação da FIP (FIPEd), cargo que em as suas responsabilidades “abrangem todas as questões relevantes para a coordenação de projetos nas áreas da equipa de educação para o desenvolvimento (EDT), como por exemplo: Capacitação Académica e Institucional e Desenvolvimento Profissional Contínuo/Formação Contínua e Liderança, entre outros”, e presta apoio editorial ao Pharmacy Education Journal. Paralelamente, é Secretária Técnica para o Desenvolvimento Profissional da Ordem dos Farmacêuticos. Com uma carreira preenchida, é também Honorary Lecturer na University College of London, School of Pharmacy, onde leciona Metodologias de Investigação no âmbito das Ciências Sociais. Por último, supervisiona estudantes da St Louis College of Pharmacy, como preceptora clínica para a prática avançada de Farmácia. Nesta conversa confessou ser uma professional project juggle, uma vez que “há uma complexidade que não me permite conseguir, em apenas uma frase, descrever esta área, por ser um caleidoscópio de competências”. Para os que ambicionam seguir este rumo, a “gestão de projetos, o planeamento, métodos de investigação em Ciências Sociais, as people skills e a liderança” são alguns traços apontados pela nossa entrevistada. Por fim, em jeito de conclusão, Andreia despediu-se com um mote inspirador para todos os estudantes: “Procura oportunidades, procura mentores e abraça os desafios... Sê curioso e humilde, mas confiante nos conhecimentos científicos que adquiriste. O farmacêutico é uma das poucas profissões de saúde que pode fazer o que quiser, e é sem dúvida uma mais valia em qualquer equipa... Todos nós temos percursos diferentes... Procura identificar o que te difere ou caracteriza”.


DR. BRUNO MACEDO

DR. EDUARDO CORVACHO

Unidade de Gestão da Conta do Medicamento e Dispositivos Médicos: Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. – Ministério da Saúde

Marketing Farmacêutico

Bruno Macedo é mestre em Ciências Farmacêuticas pela FFUP. Foi Secretário Geral da OF, considerando “um privilégio ter dado um contributo para a Profissão” ao mesmo tempo que adquiriu “uma visão holística da profissão farmacêutica”. Atualmente integra a Administração Central do Sistema de Saúde, no Ministério da Saúde. A escolha deste percurso foi motivada pela oportunidade de “integrar uma unidade estratégica que tem por missão contribuir para qualificar a gerir a despesa com as tecnologias de saúde, como o Medicamento e Dispositivos Médicos, contribuindo assim para a sustentabilidade financeira do SNS”. Desta forma, sumariza que o seu trabalho é altamente desafiante, uma vez que procura contribuir para “gerir da melhor forma os recursos que temos, contribuindo para assegurar o aces-so aos melhores cuidados, ao menor custo possível.” Ressalva a importância da base em Ciências Farmacêuticas, uma vez que é “o conhecimento do contributo que cada tecnologia de saúde traz para o sistema” que “do ponto de vista clínico, terapêutico e financeiro, permite a gestão do Medicamento e dos Dispositivos Médicos”. À formação de forte componente clínica e terapêutica que o MICF proporciona, acresce ainda a necessidade de “competências complementares adquiridas ao longo do desenvolvimento profissional”. Aos jovens interessados nesta área de exercício, Bruno Macedo destaca algumas características fundamentais: “conhecimentos técnico-científicos, perseverança, adaptabilidade e objetividade”, sem deixar de parte “a capacidade de dialogar e de ouvir, e a serenidade.” Quando questionamos se as suas expectativas cor-respondem à realidade que agora experiencia, Bruno Macedo esclarece-nos: “as minhas expectativas foram sempre direcionadas para a minha dedicação e esforço. Os resultados surgem com naturalidade”. No final da entrevista, salienta que “é importante perceber que tipo de ações nos deixam realizados e motivados”, pois não existe uma fórmula exata para um percurso profissional. Bruno Macedo despede-se com um claro incentivo, dirigido a todos os estudantes, ao referir que “se formos muito bons naquilo que fazemos, o mérito das nossas ações dá lugar ao reconhecimento - mais tarde ou mais cedo”.

Eduardo Corvacho cursou Ciências Farmacêuticas na FFUL, exercendo atualmente funções na área do Marketing Farmacêutico, na GSK. Para o recém-mestre, o investimento na sua formação começou com cursos mais gerais, culminando no curso de Marketing Farmacêutico proporcionado pela Ordem dos Farmacêuticos. Revela que a sua escolha “foi sem dúvida baseada na componente estratégica que o marketing proporciona ao negócio”. O trabalho nesta área inicia-se com o “desenvolvimento de um plano estratégico de marketing, de caráter anual”, procedendo-se depois à “implementação, monitorização e avaliação crítica de resultados, ações que preenchem o dia-a-dia de um marketer”. Todas as outras tarefas que acompanham os planos de atuação albergam o “desenvolvimento de materiais promocionais, formação à força de vendas, análise de mercado, análise de vendas, comunicação/negociação com KOLs da área de interesse, entre outros.” Para os jovens estudantes, Eduardo frisa ser necessário haver uma gestão de expetativas acerca da área de Marketing, pois “o farmacêutico recém-formado não está apto a desempenhar papéis na área do Marketing Farmacêutico e, como tal, tem de pacientemente ir desenvolvendo competências através do envolvimento nas diversas ações desenvolvidas. Desta forma, o processo de aprendizagem é muito rico e muito completo.” Uma “boa capacidade de comunicação e de trabalho em equipa, elevado espírito crítico para analisar as situações e excelente organização” são as mais-valias que o recém-mestre vê como características essenciais para um desempenho diferenciado das funções. A entrevista a Eduardo terminou com alguns conselhos para quem pretenda integrar esta área no futuro, ressalvando que “é importante ter a humildade para aprender, mas também coragem para procurar o conhecimento. É uma área desconhecida para o recém-mestre do MICF, e que vai obrigar a adquirir novas valências e a desenvolver uma capacidade de adaptação rápida.”

APEF | 14


DR. JOÃO RIBEIRO

DR. JOÃO SOUTO

Market Intelligence e Business Development

Distribuição Farmacêutica

João Ribeiro, mestre em Ciências Farmacêuticas pela FFUP, desenvolve a sua atividade profissional no âmbito de Market Intelligence e Business Development. Aliciado pela “possibilidade de ter uma visão global sobre o medicamento, desde o seu desenvolvimento e fabrico, até à comercialização”, João considera que “é uma área em que todos os dias são diferentes e os desafios são constantes”, uma vez que a maioria das parcerias negociadas são internacionais. Isto promove a interação com diversas culturas, algo que sempre o motivou. “Estar constantemente atento ao mercado, de maneira a identificar oportunidades e negociar parcerias entre empresas que permitam aumentar o volume de negócios”, é deste modo que define a sua área de trabalho. Neste tipo de funções, “o farmacêutico ocupa um lugar central” pois é capaz de “identificar as oportunidades de negócio, quer sejam puramente comerciais ou necessidades terapêuticas não satisfeitas (unmet medical needs)”. Conforme nos conta João Ribeiro, é ainda responsável pela “identificação de potenciais parceiros e a negociação de todos os termos de cooperação. No fundo, de uma maneira geral, e em qualquer empresa, um farmacêutico na área de desenvolvimento do negócio é responsável pela criação de parcerias que gerem ganho mútuo (win-win) entre empresas”. Mesmo após o fecho do negócio, faz parte das suas competências “acompanhar e/ou gerir a conclusão, integração e implementação do negócio em coordenação com as restantes áreas (comercial, regulamentar, marketing, logística, etc.)”. A responsabilidade inerente ao cargo que desempenha acaba por tornar o trabalho mais estimulante, e, para João, é necessário que se seja orientado para a estratégia da empresa, uma vez que “todos os negócios desenvolvidos deverão estar em sintonia absoluta com a estrutura e estratégia da corporação, caso contrário, em vez de criarmos sinergias que potenciem o crescimento da empresa, estamos a criar obstáculos ao bom funcionamento do negócio”. Para os que pretendem seguir esta área, o entrevistado ressalva que “é o poderoso mindset farmacêutico que permite entender as bases do negócio e estruturar parcerias que criem valor.” Em suma, João conclui que “o melhor conselho que posso dar é estarem constantemente atentos ao que nos rodeia, de modo a retirar o maior conhecimento de cada oportunidade”.

João Pedro Souto, account manager da Alliance Healthcare, explica que a área da distribuição resultou da junção do seu interesse por negócios e de uma oportunidade única de trabalhar numa empresa de renome no mercado português. “Nesta área o farmacêutico é o profissional mais qualificado para abraçar a maior parte dos subsetores” diz-nos, porque seja no armazém onde se garante a aplicação das boas práticas de distribuição, seja junto das farmácias a prestar apoio no que diz respeito à totalidade do serviço e na parte da relação com a indústria, é o farmacêutico que atua. As expetativas de João enquanto estudante sobre esta área não eram muito elevadas: era uma área desconhecida, que tinha como pouco representativa do exercício da profissão e na qual achava que só seria possível trabalhar na área do armazém/operacional. João refere que “na verdade, esta área revelou-se como tendo oportunidade e o trabalho que realizo, na área de relação com as farmácias, é bastante enriquecedor já que me permite aprender muito sobre o setor”. Em relação à adaptação ao cargo, o account manager conta-nos que o curso não o preparou suficientemente para desempenhar a função e que teve de passar por um período de formação intenso que visava a transmissão de informação sobre a empresa, procedimentos internos do setor, o mercado e construção do preço do medicamento sujeito a receita médica assim como o grande papel que o armazenista tem como financiador de um setor em crise. Refere ainda que a passagem pela farmácia comunitária é importante, já que o suporte que dá às farmácias exige uma grande compreensão das suas dificuldades e do seu dia-a-dia, misturando áreas como marketing, contabilidade, logística, economia, política, entre outros assuntos. A entrevista terminou com um olhar sobre o futuro na área da distribuição: “o que é necessário em áreas como esta é que tenhamos a capacidade de nos reinventar e melhorar o que temos para oferecer aos nossos clientes, e por isso ter ideias que acrescentem valor, ser focado, ser muito dedicado à função porque hoje em dia a exigência aumenta de dia para dia.”

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DRA. REGINA DIAS

DRA. SOFIA ALMEIDA

Assuntos Regulamentares do Medicamento e Qualidade

Medical Affairs

Em entrevista à REFlexus, Regina Dias dá-nos a conhecer melhor a sua área de trabalho: inicialmente em Assuntos Regulamentares do Medicamento e, neste momento, em Qualidade na MSD, interesse que lhe surgiu quando frequentou na FFUC a unidade curricular com o mesmo nome e que a motivou a procurar um estágio na área. No dia-a-dia, o leque de funções que desempenha “é bastante alargado e no caso específico da indústria farmacêutica, a maioria do trabalho é direcionado para a manutenção da Autorização de Introdução no Mercado, de modo a que o medicamento possa ser legalmente comercializado, e para a garantia de qualidade do mesmo.” Numa frase, trabalhar em Assuntos Regulamentares e Qualidade é “inovar e contribuir para o acesso à terapêutica e para a qualidade dos medicamentos disponibilizados aos doentes”. Durante a entrevista destacou que “tanto a área de Assuntos Regulamentares como a de Qualidade são dois ramos que exigem um enorme rigor e capacidade crítica, capacidade de trabalho em equipa e sob pressão e como são áreas em demarcado desenvolvimento, e também a proatividade e abertura para aceitar desafios, mudança e novos projetos são competências essenciais.” Aos jovens farmacêuticos que pretendem fazer dos Assuntos Regulamentares do Medicamento e/ou da Qualidade o seu futuro, Regina deixa a seguinte mensagem: “é necessário que se tenha noção não só da política do medicamento nacional e europeia, como também do funcionamento de diversos organismos reguladores de saúde e uma experiência prática é fundamental para ter uma noção mais realista do trabalho, por isso aconselho a procura proativa de estágios que possam proporcionar um conhecimento mais prático”.

A recém-farmacêutica Sofia Almeida, a estagiar na área dos Medical Affairs na Biogen, explica-nos em entrevista em que consiste o seu cargo: “é apoiar, formar e informar de modo a que outros possam ter uma perspetiva científica informada no âmbito de determinada área da saúde.” As funções em Medical Affairs podem abranger desde o contacto com o desenvolvimento clínico, assuntos médicos propriamente ditos, ensaios, estudos, suporte técnico de vendas e marketing, além de outros assuntos internos. Sofia considera que se trata de uma área bastante abrangente que contacta frequentemente com várias outras e na sua opinião “ser farmacêutico dá-nos um bom background para o desempenho destas funções”. Uma das grandes influências para a escolha desta área foi sem dúvida o facto de poder continuar ligada à parte da ciência e saúde sem ter a venda associada, conta-nos. Como estava bem informada sobre a área antes de a integrar, as expectativas que tinha acabaram por corresponder à realidade. Quanto às competências essenciais para desempenhar estas funções destaca a capacidade de comunicação, curiosidade, organização e capacidade para resolução de problemas. O conhecimento de outras línguas, principalmente o inglês, é fundamental pois grande parte do material científico encontra-se nesse idioma. “Para quem tem o desejo de continuar ligado à parte científica, médica e não diretamente à área de vendas, poderá ser uma boa experiência.” A entrevista terminou com alguns conselhos para quem sente vontade de descobrir esta profissão: “esta é uma área dinâmica, em que estamos sempre a aprender, por isso, o estudo terá de ser continuado de maneira a que consigamos acompanhar os novos desenvolvimentos.”

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CV E ENTREVISTAS INSTRUMENTOS CHAVE DE INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

por Joana Jorge em colaboração com Dr. João Pedro Matos - Partner and Management Consultant, iD CONSULTING®

Com a conclusão do curso de Ciências Farmacêuticas, questões sobre “como elaborar um currículo” ou “como comportar-me em contexto de entrevista” tornam-se importantes, uma vez que estes aspetos podem significar o êxito dos candidatos nos desafios profissionais a que se propõem. A REFlexus apresenta as dicas que poderão ajudar os recém-farmacêuticos nesta nova etapa. O curriculum vitae é um instrumento de apoio ao perfil pessoal, académico e profissional que compila toda a informação do percurso do candidato. Este documento é o “cartão de boas-vindas” ao mundo de cada um e por isso deve ser memorável de modo a garantir a entrevista. A primeira análise que os empregadores fazem do currículo dura 6 segundos. Assim, há que fazer com que esse se destaque.

Tal como referido, a preparação é a palavra de ordem para o êxito de qualquer candidatura, em todos os seus elementos e etapas. A entrevista não é exceção. Esta etapa obrigatória no caminho para um novo emprego, é um momento chave para o candidato: em pouco tempo, espera-se que o candidato transmita os motivos que fazem dele a pessoa indicada para aquela função.

15 REGRAS PARA UM CV VENCEDOR 1. Moldar o CV ao emprego em questão, destacando os aspetos mais importantes para o mesmo. 2. Não ultrapassar as 2 páginas. 3. Colocar na 2ª página uma nota de rodapé com o nome e número de telefone. 4. Utilizar apenas um tipo de letra. 5. Criar um CV visualmente apelativo e fácil de ler e analisar – a convenção cronológica é uma boa opção. 6. Dividir o CV em secções claras. 7. Colocar os principais atributos do perfil na 1ª página. 8. Utilizar o bold ou underlined para realçar determinados itens importantes, mas sem exagerar. 9. Dar exemplos concretos de características que se queiram realçar. 10. Não enumerar referências, se for necessário, ser-lhe-ão pedidas. 11. A fotografia colocada no CV, se assim solicitado, deve transmitir profissionalismo. A fotografia deve ser atual, estar centrada em fundo neutro, os ombros devem ser visíveis e não estar descobertos, atentar na roupa e evitar bijuteria ou maquilhagem excessiva. 12. Evitar iniciar frases por “eu”, em detrimento do uso da 3ª pessoa. 13. Evitar o uso de pronomes pessoais e possessivos. 14. Valorizar as atividades extracurriculares. Não deixar de referir: trabalhos não remunerados, estágios, ações de voluntariado, part-time jobs (...). 15. Atribuir um título ao documento “Curriculum Vitae” com nome e apelido (quando enviado por e-mail).

10 REGRAS PARA UMA ENTREVISTA DE SUCESSO 1. Ser pontual. O candidato deve chegar sempre antes da hora marcada. Em caso de atraso inevitável, avisar o entrevistador com pedido de desculpas. 2. Optar por um look formal e uma apresentação cuidada, transmitindo a ideia de profissionalismo. 3. Estar ciente do seu comportamento não verbal. Envergar uma boa postura e manter contacto visual durante a conversa com o entrevistador. 4. Escutar com atenção e compreender as questões. 5. Responder sempre de forma positiva e confiante. 6. Atentar na formulação das respostas (em conteúdo e na forma como se expressam), dado que uma boa parte das questões poderá ser formulada não no sentido de obter o conteúdo formal da mesma, mas para avaliar a forma como o candidato reage à sua formulação. 7. Intervir adequadamente, colocando algumas questões pertinentes sobre a função, o que faz com que a entrevista se torne numa conversa que flui com naturalidade ao invés de um “interrogatório”. 8. Demonstrar algum conhecimento e interesse sobre a atividade e posicionamento da empresa. 9. No final da entrevista os candidatos devem colocar algumas questões sobre o emprego, se oportuno, e pedir feedback sobre a sua candidatura e sobre os próximos passos. 10. Depois da entrevista enviar carta de agradecimento.

17 | REFLEXUS

O processo de integração no mercado de trabalho deve ser visto como um todo e não apenas na elaboração do CV e no desempenho na entrevista. É importante adquirir conhecimento sobre a dinâmica de mercado em matéria de oportunidades e novos desafios, assim como ter a capacidade de auto-conhecimento e auto-gestão emocional e de expectativas, manifestando uma visão clara sobre os objetivos pretendidos e a sua preferência a nível de ofertas.


As soft skills exigidas hoje em dia pelas empresas referem-se a um conjunto de características pessoais, hábitos e atitudes sociais que tornam alguém um bom funcionário compatível para trabalhar.

@ A IMPORTÂNCIA DAS

SOFT SKILLS (COMPETÊNCIAS PESSOAIS)

Cada empresa procura hoje em dia num colaborador, um mix de habilidades e experiências diferentes, dependendo do sector de atividade em que está inserida. No entanto, o conceito de trabalhador já não é suficiente, pois apenas é um especialista funcional. Para complementar essas competências exclusivas da área de trabalho, existem determinadas soft skills que todas as empresas procuram num possível novo colaborador. Estudos recentes evidenciam a necessidade, por

parte das empresas, de mais elevados níveis de competência para as profis-sões do futuro sendo fundamental a adaptação e interligação entre a educação e formação e o mundo de trabalho. Assim, exige-se uma reforma urgente do sistema de ensino superior, para que a universidade possa tornar-se fonte de mudança e inovação. As empresas valorizam estes clusters de habilidades e características positivas porque a pesquisa sugere e a experiência demonstra que podem

por Dra. Clara Carneiro e Prof. Doutora Edite Oliveira Torres

ser indicadores tão importantes do desempenho, a nível da produtividade, como as hard skills. Atualmente, os alunos precisam de desenvolver, estimular e melhorar os clusters das suas habilidades sociais (Communication, Teamwork, Leadership, Negotiation, etc.), metodológicas e pessoais, além das competências técnicas que adquirem durante o seu percurso académico.

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O ex-Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos é uma personalidade com uma ampla influência no setor, já para não falar na sua visão profunda sobre o mesmo. Carlos Maurício Barbosa faz um balanço dos seus mandatos na Ordem, bem como do panorama geral do país e setor.

GRANDE ENTREVISTA

CARLOS MAURÍCIO BARBOSA

Entrevista Marcos Gomes Redação Marcos Gomes e Marta Diogo

AS FUNÇÕES DE BASTONÁRIO DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS. Em 2009, quando aceitei candidatar-me à Ordem dos Farmacêuticos (OF), as pessoas ainda se lembram, estávamos a viver uma crise na Ordem e na profissão. Os tempos eram conturbados, com instabilidade e fraturas no meio farmacêutico. Vários colegas, de diferentes sectores da profissão, manifestaram-me apoio e insistiram que me candidatasse. Sempre fui professor universitário mas nunca me confinei à faculdade. Antes pelo contrário, sempre colaborei de forma estreita com a profissão. O curso de Ciências Farmacêuticas forma farmacêuticos. Por isso, considero que os professores não devem estar de costas voltadas para a profissão. É esta que absorve os estudantes que formamos. No meu entender, é às necessidades da profissão que devemos permanentemente saber dar respostas. Foi portanto com naturalidade que, em 2009, a minha relação com a profissão farmacêutica evoluiu ao ponto de assumir as funções de bastonário da OF, o que muito me honrou. Quanto ao balanço, é claro que nunca somos bons juízes em causa própria. Mas posso dizer-lhe que os factos autorizam um balanço nitidamente positivo dos meus dois mandatos como bastonário da OF. Como já disse, tenho consciência suficientemente clara do que pensava fazer e do que realmente fiz, no sentido de iniciar e consolidar uma nova etapa na vida da OF. Uma nova fase com força e expressão bastantes para a Ordem se fazer sentir no seio da classe farmacêutica e para se fazer ouvir e respeitar a nível das relações institucionais, em particular com os poderes políticos e titulares de órgãos de soberania. Conseguimos estabilizar a Ordem e a profissão e voltamo-nos para as grandes questões e os grandes desafios que se colocavam aos farmacêuticos. Julgo que também foi importante termos feito o saneamento financeiro da Ordem, que em 2009 se encontrava numa situação difícil, o que nos permitiu entregar a instituição à nova direção, em 2016, com saúde económica e financeira e sem quaisquer dívidas. DURANTE OS DOIS MANDATOS MANTEVE A ACTIVIDADE NA FFUP? Nos 6 anos em que me dediquei muto intensamente à OF nunca deixei de prestar a devida atenção à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), onde estudei e me formei e onde sempre trabalhei, já lá vão 32 anos. Durante esse período, fiz questão em manter toda a minha atividade docente. Só no MICF assumo a regência de 5 cadeiras. Isso implicou um esforço pessoal muito grande, não só pela exigência das duas funções, mas também porque semanalmente tinha de me desdobrar entre o Porto e Lisboa. Hoje considero que foi uma opção muito acertada, já que permanentemente trazia para a Faculdade, e por conseguinte para os meus estudantes, experiências muito úteis. Por exemplo, a criação da cadeira Políticas e Sistemas de Saúde, que hoje integra o MICF da FFUP, decorreu da minha atividade como bastonário da OF, que me fez aproximar mais intensamente destas matérias. E alguns anos antes, também havia criado a unidade curricular Farmácia Magistral, em decorrência da minha atividade como diretor do Centro Tecnológico do Medicamento (CETMED) da Associação Nacional das Farmácias, que criei para apoiar as farmácias portuguesas na área dos medicamentos manipulados. Procuro sempre reverter para a Faculdade e para os meus alunos as experiências que trago do exterior.

21 | REFLEXUS

DE TODAS AS INICIATIVAS QUE LEVOU A CABO NOS SEUS MANDATOS, QUAIS SÃO AS QUE MAIS O ORGULHAM? Posso começar por dizer-lhe que sempre vi com desagrado o facto de o farmacêutico comunitário ser coartado no seu exercício profissional. Por ser professor de Farmácia, conheço bem o potencial dos farmacêuticos e sei bem que, devido a limitações de natureza legislativa, a sociedade e o sistema de saúde português não têm podido usufruir em pleno de todas as suas capacidades e competências. No meu entender, o farmacêutico comunitário é um profissional de saúde de grande relevância no sistema, que deve trabalhar com base no seu conhecimento e na sua formação técnico-científica e de forma alguma deve ser confundido com um profissional que exerce funções meramente manuais de forma mecânica. Este foi, sem dúvida, o meu grande desafio: criar condições para que o farmacêutico, em particular o que trabalha em farmácia comunitária, pudesse passar a exercer a profissão em conformidade com a sua formação académica e profissional e o seu potencial de utilidade social. Entre as várias ações que desenvolvi, visando promover o alargamento da intervenção do farmacêutico comunitário no processo farmacoterapêutico, refiro-lhe uma que reputo da maior relevância: a instituição plena da obrigatoriedade da prescrição de medicamentos pela DCI. Na verdade, tornar obrigatório que os médicos passassem efetivamente a prescrever por DCI foi um passo de gigante. Hoje, os farmacêuticos comunitários têm nas suas mãos a possibilidade de intervir de forma efetiva no processo terapêutico e promover ganhos em saúde, não estando limitados, como acontecia antes de 2012, a simplesmente dispensarem o medicamento cujo nome estava escrito na receita.

Tornar obrigatório que os médicos passassem efetivamente a prescrever por DCI foi um passo de gigante.

Como sempre defendi, e felizmente hoje é uma realidade em Portugal, o médico inscreve na receita uma decisão farmacoterapêutica, que o farmacêutico, em interação com o doente, materializa num medicamento. Do ponto de vista profissional, isto constituiu um avanço enorme. Através da prescrição por DCI abriram-se oportunidades ao farmacêutico de intervenção no processo terapêutico que não existiam. Anteriormente, era frequente, senão mesmo regra, os médicos prescreverem um determinado medicamento (de marca ou genérico), com uma determinada substância ativa e uma dada dosagem, e “trancarem” a receita, colocando uma cruz nuns quadradinhos e assim obrigando a que o medicamento dispensado pelo farmacêutico tivesse de ser exatamente o que estava inscrito na receita. Ora isto não tinha qualquer fundamento técnico-científico. Nalguns casos, existiam no mercado 80 a 100 medicamentos que podiam perfeitamente substituir o prescrito, com a mesma qualidade, segurança e eficácia e muitas vezes com preços significativamente mais baixos. A colocação da tal cruzinha era altamente limitadora do exercício profissional do farmacêutico comunitário e, o que era ainda mais grave, acarretava um custo acrescido ao País e às famílias, pois implicava que os doentes e o SNS pagas-sem mais pelos medicamentos. Aliás, não raramente impe-


-dia mesmo o acesso dos doentes ao tratamento de que precisavam. Era uma situação totalmente inaceitável. Eu sentia que tinha de combater com todas as minhas forças o status quo. É claro que isso obrigou-me a confrontos diretos, em particular com a Ordem dos Médicos. Mas foi um combate necessário. Não podíamos continuar como até aí, em discussões estéreis e inconsequentes, que somente protelavam a boa decisão política. Felizmente para o País, para os portugueses e também para o exercício profissional dos farmacêuticos, em prol dos doentes, foi possível alterar a situação e hoje tudo funciona com normalidade. Pessoalmente, foi muito gratificante ver em Janeiro de 2012 a Assembleia da República (AR) aprovar com larguíssima maioria, e sem votos contra, a instituição plena da obrigatoriedade da prescrição por DCI. Assisti no Parlamento a essa sessão que, no contexto da política do medicamento, considero histórica e recordo-me de, nesse momento, sentir que tinha dado o contributo que me competia. GRAÇAS À PRESCRIÇÃO POR DCI, A TAXA DE PENETRAÇÃO DE GENÉRICOS AUMENTOU FORTEMENTE. Hoje temos em Portugal quotas de mercado de medicamentos genéricos próximas de 50% em unidades que, no chamado mercado concorrencial, atingem 65%. Isto era inimaginável ainda há poucos anos. E devo dizer-lhe que o atraso de 20 anos desta medida custou muito dinheiro ao País e aos portugueses, são recursos que poderiam e deveriam ter sido poupados.

-tado do somatório dos custos da intervenção farmacêutica não remunerada e dos cuidados de saúde potencialmente evitados. Adicionalmente, o estudo demonstra a existência de um potencial de crescimento do valor social e económico estimado, caso, no futuro, outras intervenções venham a ser uma realidade, designadamente em resultado de uma maior integração com os cuidados primários de saúde e também com os cuidados secundários. COM BASE NO ESTUDO, QUE CAMINHOS APONTA PARA O FUTURO? O estudo demonstra que os farmacêuticos comunitários promovem ganhos em saúde, quer sociais, quer económicos. Sempre defendi que a prestação de serviços farmacêuticos no âmbito de programas de Saúde Pública, de forma estruturada e reconhecida pelo Estado como um contributo relevante, deve constituir o ponto de viragem de tendência para uma cada vez mais efetiva participação dos farmacêuticos comunitários no sistema de saúde. Mais efetiva participação, dizia, desde logo nos cuidados primários, seja na identificação precoce de indivíduos com fatores de risco, seja no acompanhamento dos doentes crónicos, num quadro de gestão integrada da doença com particular enfoque na gestão da terapêutica, tendo em vista assegurar que estes doentes se mantêm equilibrados, já que, quando descompensados, aumenta muito o risco de ocorrerem eventos agudos, em geral graves e dispendiosos (AVC nos hipertensos, retinopatias e necessidade de amputações nos diabéticos, etc). O estudo vem confirmar estas essenciais ideias que, em nome da OF, sempre defendi: o País deve apostar e investir no reforço das competências legais dos farmacêuticos e no alargamento da sua intervenção no sistema de saúde, em benefício dos cidadãos. Essa aposta acarretará ganhos importantes em saúde (clínicos, humanos e económicos), mais bem-estar e mais eficiência sistémica.

ENQUANTO FOI BASTONÁRIO TAMBÉM DEFENDEU O ALARGAMENTO DAS INTERVENÇÕES DOS FARMACÊUTICOS COMUNITÁRIOS EM SAÚDE PÚBLICA. Precisamente. E para fundamentar essa posição promovemos a realização de um estudo pioneiro em Portugal, que veio evidenciar, de forma cabal, o valor do exercício profis-sional dos farmacêuticos comunitários para a sociedade e a economia, revestindo-se, por conseguinte, da maior im- E OS FARMACÊUTICOS DEVEM SER REMUNERADOS POR portância para o sistema de saúde. ISSO? Claro que sim. Considero que faz todo o sentido que o SNS QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CONCLUSÕES DO ESTUDO? passe a remunerar pelo justo valor, também em Portugal O estudo incidiu sobre as diferentes intervenções dos far- (a exemplo do que já sucede noutros países, como o Reimacêuticos em Saúde Pública nas farmácias, designada- no Unido, a França e a Bélgica, entre outros) as intervenções mente ao nível das doenças/terapêuticas crónicas, da saúde em Saúde Pública dos farmacêuticos nas farmácias. Como materna e da criança e a outros níveis, incluindo o aconse- escrevi num artigo que publiquei no jornal Público em Felhamento e a indicação farmacêutica nos casos de transtor- vereiro passado, os ganhos decorrentes – quer sociais e hunos menores (tosse, constipação, diarreia, obstipação, etc), manos, quer de eficiência – aconselham tal opção pública. cessação tabágica, vacinação, etc. Não foi considerada a As farmácias são verdadeiras unidades prestadoras de dispensa de medicamentos, que, presentemente, represen- cuidados de saúde, dotadas de profissionais altamente ta mais de 90% da atividade das farmácias. qualificados, que, a exemplo de outros países, podem e devem dar mais e melhores contributos ao sistema de saúde. A sua distribuição no território nacional proporciona uma cobertura assistencial da população que é ímpar entre todos os prestadores de cuidados de saúde, públicos e privados. E, enquanto parceiros do SNS, podem dar contributos substantivos para promover ganhos em saúde e para alcançar as metas definidas pelas políticas públicas, incluindo as de natureza económica.

As intervenções dos farmacêuticos em Saúde Pública nas farmácias apresentam um valor económico estimado em 880 milhões de euros anuais em resultado do somatório dos custos da intervenção farmacêutica não remunerada e dos cuidados de saúde potencialmente evitados.

Ainda assim, o estudo demonstra, de forma clara, que as cerca de 120 milhões de intervenções anuais em Saúde Pública dos farmacêuticos comunitários aportam relevante valor. Aportam qualidade de vida à população, incluindo fatores de boa longevidade. Proporcionam uma redução do consumo de cuidados de saúde de outras fontes estimada em 6 milhões de atos por ano (consultas médicas não programadas, urgências e hospitalizações). E apresentam um valor económico estimado em 880 milhões de euros anuais, integralmente a favor do Estado e das famílias, em resul-

TEM HAVIDO DESENVOLVIMENTOS NESSE CAMPO? Sim. Vejo com agrado que o caminho que trilhei na defesa desta ideia tem estado a dar os seus frutos. Em Setembro passado, o Governo publicou o Decreto-Lei nº 62/16, que reconhece expressamente as farmácias como unidades de prestação de cuidados de saúde e prevê que o ministério da saúde contratualize com as farmácias a prestação de serviços de intervenção em saúde pública. Tanto quanto sei, presentemente, um grupo de trabalho está a identificar os serviços suscetíveis de serem enquadrados nesta legislação. E, entretanto, o Governo já anunciou que, a partir de 2017, pela primeira vez, as farmácias vão ser remuneradas pelo serviço que prestam no âmbito do programa de troca de seringas. Sinto, pois, que valeram a pena os esforços que desenvolvi neste sentido. Espero que a crescente confluência de posições dos decisores políticos em direção a estas ideias permita avançar ainda mais.

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SENDO A FARMÁCIA O PONTO DE CONTACTO MAIS PRÓXIMO DOS DOENTES COM UM PROFISSIONAL DE SAÚDE, DEVEMOS VÊ-LA COMO UM “POTENCIAL EM BRUTO” PRONTO PARA SER UTILIZADO E ALTERAR O PARADIGMA ATUAL? Sim, penso que é fundamental alterar o paradigma. Como disse anteriormente, faz sentido que as farmácias sejam vistas como unidades prestadoras de cuidados de saúde, que, estando perfeitamente encrustadas na comunidade, fazem parte integrante da rede nacional de cuidados primários. Não é pelo facto de as farmácias serem privadas e os centros de saúde serem públicos que tem de haver um tabique entre ambos. Os cidadãos que atendem são os mesmos. O Estado tem de saber trabalhar com os privados e estes têm de saber trabalhar com o Estado.

Estou certo de que o SNS ganharia se os farmacêuticos comunitários pudessem trabalhar mais articuladamente com as unidades de cuidados saúde primários e também com os cuidados hospitalares e os cuidados continuados.

O que é efetivamente importante é que o SNS cumpra em toda a plenitude a missão de atender devidamente os cidadãos e gerar ganhos em saúde, promovendo a saúde e prevenindo a doença e prestando cuidados de saúde de qualidade a todos quantos necessitam. E deve fazê-lo da forma mais eficiente possível. Ora, não há qualquer dúvida de que a forma mais eficiente é através da disponibilização de um serviço verdadeiramente integrado e articulado à escala nacional. E também não há dúvida de que, atendendo à proximidade e à capacidade técnica dos farmacêuticos comunitários e à confiança que os cidadãos neles depositam, os farmacêuticos e, por conseguinte, as farmácias devem fazer parte integrante do novo SNS integrado, a disponibilizar pelo Estado aos cidadãos. Como o nosso estudo evidencia, as farmácias têm imenso potencial. Não pelas paredes em si, obviamente, mas pelas competências técnicas dos mais de 9000 farmacêuticos que lá trabalham. Somos os profissionais de saúde com maior grau de dispersão no território português. Estou certo de que o SNS ganharia se os farmacêuticos comunitários pudessem trabalhar mais articuladamente com as unidades de cuidados saúde primários e também com os cuidados hospitalares e os cuidados continuados. Para além dos domínios que já referi, posso dar-lhe mais um exemplo: hoje em dia, em que há cada vez mais doentes crónicos, é muito importante proceder à reconciliação da terapêutica no momento do internamento hospitalar e no momento da alta. Está demonstrado que nestes dois momentos ocorrem com frequência er-ros de medicação. Neste sentido, torna-se imperioso instituir um sistema que permita reconciliar de forma sistemática a terapêutica dos doentes. Os farmacêuticos comunitários e os farmacêuticos hospitalares podem e devem dar contributos muito relevantes também neste domínio, promovendo ganhos importantes em saúde. CONCORDA COM A VISÃO DE QUE OS PORTUGUESES OLHAM O FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO COMO UM PROFISSIONAL DE SAÚDE DE PROXIMIDADE, MAS DE “MÃOS ATADAS”? Penso que nos últimos anos os farmacêuticos comunitários têm tido as “mãos cada vez mais desatadas”, usando a sua terminologia. É claro que há que prosseguir, mas, por exemplo, é um facto que os farmacêuticos têm vindo a prestar cada vez mais serviços à população. Os estudos realizados por entidades independentes têm demonstrado sistematicamente que os portugueses têm níveis elevados de confiança nos farmacêuticos comunitários, que vêm como o profissional de saúde que lhes é mais próximo. Este é um património muito importante, que deve ser preservado. Um estudo recente da Universidade Católica evidencia, uma vez mais, uma elevadíssima satisfação dos portugueses com sua farmácia e com os farmacêuticos que aí exercem. Importa realçar que, neste estudo, os portugueses manifestaram-se favoravelmente ao desenvolvimento de novos serviços a prestar pelos far-

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-macêuticos comunitários, como, por exemplo, a renovação das receitas de doentes crónicos e a dispensa de medicamentos atualmente só disponíveis no hospital. Interessantemente, enquanto exerci funções na OF defendi estes dois serviços. Embora, em ambos os casos, encontrasse bom acolhimento da parte dos decisores políticos, apenas foi possível avançar com a dispensa nas farmácias de medicamentos para a infeção pelo VIH. Foi um projeto que ainda tive o gosto de iniciar com o atual ministro da saúde e que agora vejo com satisfação começar a concretizar-se. Naturalmente, espero que venha a alargar-se a todos os medicamentos para os quais não exista uma razão técnica para que sejam dispensados exclusivamente em farmácia hospitalar. Fundamentalmente, trata-se de dar conforto aos doentes. Sempre que possível, os doentes devem poder usufruir da proximidade da farmácia comunitária. E NO QUE RESPEITA À RENOVAÇÃO DA RECEITA? Nos casos de patologias crónicas previamente diagnosticadas e com terapêutica instituída, entendo que faz todo o sentido conferir capacidade ao farmacêutico comunitário para intervir na monitorização de indicadores da doença e na renovação da terapêutica, com base em protocolos de atuação. Após a prescrição médica, o farmacêutico é o elemento de continuidade no processo farmacoterapêutico e também de proximidade com as pessoas, apoiando o doente em todas as vertentes relacionadas com o uso dos medicamentos. Em áreas como a diabetes e a hipertensão arterial, entre outras, a renovação da terapêutica, por si só, constitui uma sobrecarga de procura nas unidades do SNS e provoca-lhes perdas de eficiência. Hoje em dia, é comum o doente crónico ir ao centro de saúde simplesmente para lhe ser passada uma receita que lhe permita prosseguir a mediação. Obviamente, isso não deve ser motivo para uma pessoa ir ao médico. Por isso, os doentes acabam por optar pela figura da “consulta não presencial”, em que o interlocutor é um funcionário administrativo. É uma situação totalmente contranatura. O que eu sempre propus é que seja um profissional de saúde – o farmacêutico – a assumir, na farmácia, responsabilidades nesta matéria, renovando a terapêutica ou, caso algo não esteja bem, referenciando o doente ao médico. Infelizmente, não consegui ver isto aprovado enquanto estive como bastonário. Mas faz todo o sentido. E como faz sentido, estou certo de que mais cedo ou mais tarde vai acontecer. NUM SISTEMA IDEAL, ONDE É QUE OS FARMACÊUTICOS PODERIAM INTERVIR AINDA MAIS? E DE QUE FORMA? ACHA QUE PODEMOS TORNAR O SISTEMA MAIS EFICIENTE? Em vários países, sejam da União Europeia, sejam o Canadá, os EUA e a Austrália, os farmacêuticos comunitários intervêm de forma mais alargada no sistema de saúde, contribuindo para aumentar a sua eficiência. E o valor da sua intervenção é reconhecido, incluindo no plano económico. Sendo uma atividade custo-efetiva, que, entre outras vantagens, proporciona uma redução do consumo de cuidados de saúde de outras fontes (consultas médicas não programadas, urgências e hospitalizações), em vários países esta atividade é remunerada pelo Estado. Por exemplo, no Reino Unido está instituído desde 2011 o “new medicines service”. Trata-se de um serviço prestado por farmacêuticos nas farmácias, que consultam e monitorizam doentes que iniciam medicação crónica nos domínios da diabetes, hipertensão arterial, asma e DPOC. Em França também está instituído nas farmácias um serviço remunerado pelo Estado, no âmbito do qual tem lugar uma consulta farmacêutica visando maximizar a adesão à terapêutica de longa duração com varfarina, com o objetivo de evitar a passagem para anticoagulantes mais caros. Também na Bélgica, desde 2013, funciona nas farmácias um serviço em que os farmacêuticos acompanham doentes asmáticos que utilizam corticoides inalados. No âmbito deste serviço, também remunerado pelo Estado, os farmacêuticos informam sobre a doença e ensinam os doentes a manusear corretamente os inaladores. Hoje em dia, estes serviços são fundamentais, pois contribuem decisivamente para se alcançarem os resultados clínicos pretendidos e para tornar o sistema de saúde mais eficiente. Considero importante que, também em Portugal,


OUTRA IMPORTANTE INICIATIVA QUE DESENVOLVEU COMO BASTONÁRIO FOI A 3ª LISTA. Sim, é um assunto a que dediquei muitas energias. Por razões de proteção da saúde pública, sempre defendi a consagração legal da subcategoria “medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia” (MNSRM-EF), habitualmente conhecida por 3ª lista. Mas não foi fácil fazer valer este ponto de vista. Foram necessários vários anos de contínua e persistente fundamentação junto dos ministros da saúde, primeiro a Drª Ana Jorge e depois o Dr. Paulo Macedo. Mas em 2013 o Governo consagrou legalmente a 3ª lista e a ideia acabou por ver a luz do dia. Como sucede em vários países, também em Portugal, durante muitos anos, os medicamentos foram classificados em apenas duas categorias, tendo por base o facto de serem ou não sujeitos a receita médica. O problema é que este critério dualista pode tornar-se verdadeiramente desaconselhável, porque ineficiente e até perigoso, quando é submetido a uma decisão política de permitir a venda, fora das farmácias, de todos os MNSRM. Foi o que sucedeu em Portugal quando, em 2005, o Governo decidiu “liberalizar” e abrir um novo canal de venda, aliás hoje esmagadoramente dominado pelas cadeias de supermercados. Outros países, como o Reino Unido e a Holanda, que antes de Portugal haviam adotado modelo semelhante, souberam, avisadamente, criar condições para minimizar eventuais impactos negativos na saúde dos cidadãos. Para o efeito, criaram uma subcategoria de medicamentos que, sendo classificados como MNSRM, preenchem certas razões de natureza técnico-científica e de defesa da saúde pública, relacionadas com o respetivo perfil de segurança, potência farmacológica ou com a sua utilização, as quais recomendam a dispensa exclusiva em farmácia, sob a responsabilidade de um farmacêutico, como eu sempre defendi. Foi

exatamente o que em 2013, com oito anos de atraso, o Governo português decidiu fazer e que bem saudei nessa altura. QUE BALANÇO FAZ DESSA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA DE 2005? Faço um balanço muito negativo. Não se confirmou nenhum dos pressupostos, de redução do preço e de aumento da acessibilidade, apresentados em 2005 pelo Governo então em funções, aquando da decisão de permitir a venda de MNSRM fora das farmácias. E veio transmitir aos portugueses uma mensagem de banalização dos medicamentos, com todos os perigos que isso acarreta. Onze anos decorridos, é um facto que os preços destes medicamentos aumentaram, ao contrário do que sucedeu com os sujeitos a receita médica, cujos preços baixaram de forma marcada. E o aumento da acessibilidade era uma falsa questão, pois dada a dispersão homogénea das farmácias no território não havia qualquer problema de acessibilidade ao medicamento por parte dos portugueses. Justificar-se-ia, pois, reverter a medida. Mas na altura em que exerci funções na OF não vi coragem política para isso. E atualmente também não vejo. Por isso, considerei que o melhor seria adotar a estratégia de defender a criação da 3ª lista. Hoje está claro que, na prática, a medida tomada em 2005 apenas veio entregar um mercado a um conjunto de grandes operadores da distribuição alimentar que não o tinham e que sempre o desejaram. Importa sublinhar que quatro destes operadores, em conjunto, detêm cerca de 90% deste mercado. E um deles detém à volta de 50%. É claro que os portugueses têm dado uma boa resposta à situação criada pelos políticos: maioritariamente, os MNSRM continuam a ser adquiridos nas farmácias. Apenas cerca de 20% das embalagens são vendidas fora das farmácias. Mas esta fração do mercado já representa aproximadamente 45 milhões de euros, o que é muito significativo. E estes medicamentos acabam por funcionar como âncora, alavancando outros mercados, como o dos cosméticos, higiene pessoal, suplementos alimentares, etc. Admito que, globalmente, o mercado seja superior a 200 milhões de euros.

Afinal que vantagens para os portugueses trouxe a liberalização da venda de MNSRM?

os decisores políticos compreendam o seu alcance. Há ainda um caminho a percorrer neste domínio. A par do farmacêutico comunitário devo referir também o farmacêutico hospitalar, cujo papel no sistema de saúde é igualmente fundamental. A otimização da terapêutica e a promoção do uso seguro e racional de medicamentos e dispositivos médicos nos hospitais impõem a presença e a participação ativa do farmacêutico hospitalar nas equipas multidisciplinares, envolvendo-se em todo o circuito do medicamento nos hospitais, desde a seleção, aquisição, gestão, preparação, distribuição e monitorização ao acompanhamento das visitas médicas nas enfermarias, entre outras ações. Importa prosseguir o caminho da integração efetiva dos farmacêuticos hospitalares nas equipas de saúde, uma vez que proporciona importantes benefícios, quer nos resultados clínicos alcançados, quer na racionalização da gestão de recursos. Existe um grande espaço para os farmacêuticos intervirem no sistema de saúde, seja no ambulatório, seja nos hospitais. E não somente na área do medicamento como referi, mas também nas análises clínicas e na genética.

A criação da 3ª lista foi muito importante, pois permitiu reduzir significativamente a sangria de medicamentos que estavam a ser deslocalizados para os supermercados. Mas continuo a achar que seria importante fazer o balanço de tudo isto. Afinal que vantagens para os portugueses trouxe a liberalização da venda de MNSRM? E também importaria apurar os danos causados pelo uso inadequado destes medicamentos vendidos sem qualquer critério nos supermercados, designadamente as complicações hepáticas devidas ao uso excessivo de paracetamol, o sangramento e as subsequentes complicações provocadas pela toma indiscriminada de anti-inflamatórios não esteróides, os efeitos associados ao uso sistemático da pílula do dia seguinte como se de um regular método anticoncecional se tratasse, etc. QUE OUTRAS INICIATIVAS SUAS, ENQUANTO BASTONÁRIO DA OF, DESTACARIA? Destacaria as diligências que desenvolvi em defesa da criação da carreira farmacêutica no SNS. Os farmacêuticos que exercem nos hospitais e laboratórios do Estado não estão integrados numa car-reira autónoma. Entre outras vantagens, a criação da carreira permitirá promover uma formação estruturada dos farmacêuticos que exercem em farmácia hospitalar, radiofarmácia, análises clínicas e genética. A formação adquirida na universidade constitui obviamente uma base fundamental. Mas, para exercer de forma autónoma no ambiente complexo e multidisciplinar do hospital é imprescindível uma especialização. Com a carreira, passará a haver um internato, visando formar devidamente os farmacêuticos nas suas áreas de especialidade. Atualmente, o farmacêutico exerce funções sem fazer essa formação, o que é de todo indesejável. Imagine-se o que seria a formação médica sem internato médico… Ninguém tem dúvidas de que profissionais de saúde bem formados e bem treinados constituem um fator muito relevante para a segurança dos doentes.

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É um assunto que sempre reputei da maior importância e por isso constituiu para mim uma prioridade ao longo dos 6 anos em que estive na OF. Depois de muito trabalho em conjunto com o ministério da saúde, conseguimos alcançar a decisão política de criação da carreira farmacêutica, o que permitiu que se iniciassem negociações entre a ACSS e os sindicatos. Em Agosto de 2015 a criação da carreira foi publicada pelo Secretário de Estado da Saúde no Boletim do Trabalho e do Emprego e só faltou a sua aprovação formal em Conselho de Ministros, o que lamentavelmente não chegou a acontecer porque, entretanto, as eleições legislativas estavam à porta. Estivemos pois muito próximos de alcançar um desejo antigo dos farmacêuticos e que se reveste da maior relevância para os doentes. Ainda trabalhei com o atual ministro da saúde, Doutor Adalberto Campos Fernandes, que reconheceu a importância da criação da carreira. Tenho fundadas expectativas de que o atual ministro, em definitivo, criará a carreira farmacêutica. Permita-me que me refira ainda a outro assunto que também considero importante. Em 2009, quando cheguei à OF, estavam em funcionamento várias farmácias comunitárias instaladas em hospitais. Contestei junto do ministério da saúde a sua existência, pois sempre considerei que esta foi mais uma medida errada do Governo em funções em 2007, que veio criar graves problemas ao setor farmacêutico e também aos próprios hospitais. As farmácias comunitárias estão obrigadas a cumprir um conjunto de regras quanto a instalação, sendo exigida uma certa distância das unidades de saúde. Não obstante, o próprio Estado decidiu abrir concessões de farmácias nos hospitais do SNS. É uma medida incompreensível e uma verdadeira incongruência. Hoje sabemos que muitas dessas concessões terminaram mal, com detenções e enormes dívidas aos hospitais, que atingiram muitos milhões de euros. E os processos ainda se arrastam nos tribunais. No entanto, apesar de todo este cenário e apesar da nossa insistência, mais uma vez por falta de coragem política, a legislação subjacente não foi revertida. Abordei sistematicamente o assunto com os três ministros da saúde com quem trabalhei. E só muito recentemente, já após ter cessado funções na OF, registei com agrado a decisão do atual Governo de revogar o regime de instalação e funcionamento destas farmácias. Também nesta matéria, considero que valeu a pena desenvolver esforços enquanto desempenhei funções na OF.

vários níveis, procurei cultivar o mais fecundamente possível na OF.

PELA PRIMEIRA VEZ, A OF PASSOU A DESIGNAR UM MEMBRO DO CONSELHO NACIONAL DE ÉTICA PARA AS CIÊNCIAS DA VIDA (CNECV). COMO CONSEGUIU ESTE FEITO? De facto, até à aprovação pela AR, em 2015, da alteração à Lei de 2009 que estabelece o regime jurídico do CNECV, este não integrava qualquer membro especificamente designado pela OF. Pessoalmente, sempre considerei esta situação incompreensível. Quando, em meados de 2014, terminou o mandato do CNECV, que estava em curso desde que eu havia assumido funções na OF, considerei ser o momento para expor de forma fundamentada aos responsáveis políticos o meu entendimento sobre a matéria e, desse modo, contribuir positivamente para reparar a situação lacunosa. Assumi com convicção esta posição ao longo de todo o processo e registei com satisfação o bom acolhimento dos argumentos da OF pelos diferentes Grupos Parlamentares. O amplo consenso gerado em torno desta causa foi, aliás, traduzido por uma sistemática aprovação por unanimidade em todas as votações realizadas, quer no plenário da AR, quer na Comissão de Saúde, e também por declarações de grande consideração da parte de todos os Grupos Parlamentares para com a profissão e a OF, tendo culminado com a aprovação por unanimidade de uma Lei publicada no início de 2015, que alterou pela primeira vez a mencionada Lei de 2009. Foi efetivamente um acontecimento de elevado valor institucional e profissional. O modo exemplarmente positivo como este processo da recomposição do CNECV decorreu insere-se bem no espírito de cooperação institucional que, a

QUAL FOI O MAIOR ENSINAMENTO QUE A EXPERIÊNCIA COMO BASTONÁRIO LHE PROPORCIONOU? Foi talvez a importância de fundamentarmos sempre, mas sempre, as posições institucionais e de as vincular em bases técnico-científicas quando necessário. Sobretudo, quando se trata, por exemplo, de ideias e propostas de política geral de saúde, política do medicamento, política do exercício profissional. É, se quiser, a exigente e vital questão da racionalidade e da inteligibilidade das posições de uma instituição como a OF e do seu poder de convencimento. Durante os meus mandatos procurei que a OF não saísse nunca desta

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POR VEZES SÃO NOTICIADAS TENSÕES ENTRE GRUPOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE. É POSSÍVEL MINIMIZAR ESTA SITUAÇÃO? Em Portugal cultiva-se muito o individualismo e o corporativismo. E pratica-se pouco o trabalho em equipa. Por isso, a colaboração interprofissional não é comum no nosso País, como também não o é noutros países do sul da Europa. Naturalmente, este ambiente favorece e alimenta as tensões que refere.

Em Portugal cultiva-se muito o individualismo e o corporativismo. E pratica-se pouco o trabalho em equipa.

Isso é negativo e faz-nos perder competitividade em relação a outros que cultivam o trabalho em equipa, a articulação multidisciplinar e a prática colaborativa interprofissional, que tão importantes são na área da saúde. Resulta que acabamos por ter muito mais dificuldade em concretizar projetos e, quando conseguimos, fazemo-lo com atrasos, que, muitas vezes, acarretam graves prejuízos para o País e para as famílias. Veja, por exemplo, o atraso com que começamos a ter taxas aceitáveis de penetração de medicamentos genéricos em Portugal, a que me referi anteriormente. E muitas das dificuldades para uma intervenção mais alargada dos farmacêuticos no sistema de saúde, através da prestação de serviços que os próprios cidadãos desejam – com é o caso da renovação da terapêutica de doentes crónicos –, resultam precisamente do facto de não cultivarmos a prática colaborativa interprofissional. Aliás, muito recomendada, quer pela OMS, quer pela FIP, já que promove a qualidade dos cuidados e induz eficiência no sistema. É uma área em que temos muito que progredir. A fragmentação dos planos curriculares dos cursos universitários da área da saúde não é nada benéfica, antes pelo contrário. Penso que a formação académica conjunta dos diferentes profissionais de saúde, nas matérias comuns, seria um fator de promoção do trabalho em equipa na vida profissional, em que cada um deve aportar o seu saber em prol do doente.


linha de atuação. É mais complexo e mais trabalhoso, claro O MINISTÉRIO DA SAÚDE ASSINOU UM COMPROMISque é, mas robustece as posições que assumimos publica- -SO COM AS ASSOCIAÇÕES REPRESENTATIVAS DOS OPERADORES DO SECTOR FARMACÊUTICO. ACHA QUE ISSO mente. SE VAI REFLETIR NUMA MAIOR EMPREGABILIDADE FARACHA QUE O ASSOCIATIVISMO É IMPORTANTE PARA OS MACÊUTICA? ESTUDANTES E ACRESCENTA VALOR À SUA FORMAÇÃO? Tanto quanto sei, o compromisso que refere visa, em priAcho que sim. Nós não conseguimos nada sozinhos. As- meiro lugar, contribuir para a sustentabilidade do SNS no -sociarmo-nos a outros com quem temos interesses em triénio 2016-2018 e respeita aos medicamentos e disposicomum é uma decisão inteligente. Dá-nos força acresci- tivos médicos, que, em conjunto, representam uma parte da, pois unidos temos uma força superior à soma das forças muito relevante da despesa do SNS. individuais. Por isso mesmo, o associativismo é a melhor Se o compromisso vai aumentar a empregabilidade farforma de concretizarmos os projetos em que acreditamos. macêutica, não sei. Admito que sim. Havendo estabilidade e Além disso, o associativismo promove o debate e a reflexão previsibilidade das políticas no sector, como o acordo prevê, de ideias, criando um ambiente enriquecedor para todos os haverá melhores condições para os operadores – indústria, distribuidores e farmácias – investirem mais em recursos que nele participam. Considero muito importante que os estudantes cultivem humanos. Além disso, num quadro de sustentabilidade do o associativismo, quer nas suas faculdades, quer à escala SNS, haverá também melhores condições para os hospinacional e internacional. A APEF é, aliás, um exemplo de tais públicos fazerem contratações, pois, como é sabido, há sucesso de associativismo. Na FFUP, que é a que conhe- falta de farmacêuticos hospitalares. E também na farmácia ço melhor, a cultura do associativismo também é muito comunitária, confirmando-se uma maior intervenção dos rica. Para além da Associação de Estudantes, que é muito farmacêuticos no sistema de saúde, é natural que sejam dinâmica, existem vários grupos e núcleos e também asso- necessários mais quadros, abrindo-se novas oportunidades, ciações em que os estudantes se integram para desenvolver já que, obviamente, todas essas intervenções têm de ser realizadas por farmacêuticos. De igual modo, as áreas das projetos do seu interesse. O associativismo praticado durante a vida estudantil fica análises clínicas e da genética e também da toxicologia e para sempre e constitui uma experiência muito útil para a análises toxicológicas, num ambiente de sustentabilidade do vida profissional. Foi precisamente por acreditar no asso- SNS e de estabilidade e previsibilidade das políticas, poderão ciativismo que, enquanto bastonário, promovi a criação da aumentar os seus níveis de empregabilidade. figura de “membro-estudante da OF”, visando promover a Além disso, quer ao nível da indústria farmacêutica, quer ao aproximação dos estudantes dos dois últimos anos do MICF nível das próprias autoridades reguladoras, há áreas emergentes para as quais os farmacêuticos têm particular apà sua futura profissão. tidão, designadamente o acesso ao mercado, a função de ACHA QUE OS ACTUAIS ESTUDANTES E FUTUROS FAR- “medical science liaison”, os ensaios clínicos, a farmacoMACÊUTICOS ESTÃO À ALTURA DO QUE O MERCADO DE epidemiologia, a economia da saúde e avaliação de tecnologias da saúde. Em muitos casos, tornam-se necessários TRABALHO LHES EXIGE? Temos nove cursos em Portugal. Não são todos iguais, mas conhecimentos adicionais, nomeadamente no domínio da todos estão em conformidade com a Diretiva Europeia rela- Economia, que os farmacêuticos obtêm facilmente através tiva à formação de farmacêuticos. No entanto, cada um tem de pós-graduações. a sua própria matriz. Naturalmente, conheço melhor o MICF Mas, como tenho afirmado reiteradamente, o farmacêutico da FFUP, que considero que confere uma boa formação tem uma excelente formação para exercer também fora do de base aos estudantes, permitindo que se adaptem às di- sistema de saúde. Desde logo no sector alimentar. Contraferentes realidades que encontram na sua prática profis- riamente ao que hoje sucede, durante muitos anos era fre-sional. É claro que, sendo um inconformado, não posso dizer quente encontrarmos farmacêuticos nesta área, para a qual que temos a formação ideal. Temos ainda muito a melhorar. têm capacidades e competências. Acho que os farmacêuA formação farmacêutica, que, por tradição, sempre foi mui- ticos devem voltar a apresentar-se aos recrutamentos no to centrada no produto, tem, hoje em dia, que estar cada vez sector alimentar. Sei que a sua formação é reconhecida e mais centrada no doente/utente. Isto sem que o farmacêu- valorizada. E o facto de terem uma formação alargada e tico deixe de ser o especialista do medicamento, que, em multivalente confere-lhes vantagens competitivas relatimeu entender, constitui a sua grande distinção. Mas hoje é vamente a outros com formações mais estreitas, como os necessário que os seus conhecimentos sejam muito mais engenheiros alimentares e os microbiologistas industriais. abrangentes e incluam aspetos relativos à utilização dos De igual modo, a área do ambiente, nas suas diferentes verprodutos e à sua monitorização, entre outros. O produto, em tentes, é também muito relevante. Há farmacêuticos a trasi próprio, não é um fim, mas sim uma ferramenta. O que balhar nesta área e os jovens devem explorar, também aqui, efetivamente interessa são os resultados clínicos produzi- oportunidades profissionais, pois têm aptidão e competência dos. O produto pode ser extraordinário, mas isso não che- para tal. ga. Para serem alcançados os resultados desejados, há que A terminar, permita-me que expresse um desejo para o fugarantir o seu uso seguro e correto. E aqui o farmacêutico é turo. Considero que a captação de investimento direto esessencial. A própria OMS recomenda um maior envolvi- trangeiro, em particular no domínio da indústria farmacêumento dos farmacêuticos, com o objetivo de melhorar os tica, é imprescindível, não só para a competitividade do País, resultados clínicos obtidos com a utilização dos medica- como também para a empregabilidade farmacêutica. Pormentos. Assim, a focalização da formação no doente é im- tugal deverá saber criar condições de atratividade para que prescindível e deve ser, cada vez mais, o caminho a seguir. as multinacionais farmacêuticas instalem cá unidades de Naturalmente, isto é válido para os medicamentos e para investigação e de produção e não apenas escritórios. Definitodos os produtos de saúde, sejam dispositivos médicos, tivamente, este é o salto qualitativo que precisamos de dar. Estou certo de que os jovens farmacêuticos portugueses sacosméticos, suplementos alimentares, etc. Adicionalmente, penso que os MICF devem criar nos es- berão responder a este importante desafio. tudantes uma verdadeira cultura farmacêutica. Para isso, é importante que, ainda na faculdade, os estudantes compreendam profundamente a profissão e as grandes questões e desafios que se colocam em cada momento. E compreendam também a relevância profissional das matérias que estudam. É claro que isto exige que os professores conheçam a profissão, o que nem sempre acontece. Também me parece crucial que os estudantes recebam formação sobre o sistema de saúde, as políticas de saúde, o enquadramento do farmacêutico no sistema de saúde e a prática colaborativa interprofissional.

Portugal deverá saber criar condições de atratividade para que as multinacionais farmacêuticas instalem cá unidades de investigação e de produção e não apenas escritórios.

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Um dos nomes mais sonantes do mundo das Ciências Farmacêuticas, com uma forte intervenção associativa, Ana Cristina Rama fala-nos sobre o seu percurso pessoal, e a sua visão sobre o associativismo estudantil, bem como competências que os estudantes devem ter.

ANA CRISTINA RAMA ENTREVISTA

ONDE COMEÇA O SEU CONTACTO COM O ASSOCIATIVISMO? ENQUANTO ESTUDANTE, DE QUE ASSOCIAÇÕES FEZ PARTE? A noção de cidadania e de democracia enraíza-se nos bancos de escola através dos movimentos estudantis, e com estes o associativismo. Na época pós 25 de Abril, essas vivências foram marcantes nesta perspetiva, estávamos todos “fascinados” com os acontecimentos. Ao vir para a Universidade estive ligada aos movimentos estudantis, na época tínhamos todas as semanas à quarta-feira, as “RGA – reuniões gerais de alunos” de todas as faculdades, mas nunca num órgão dirigente. Assim que me licenciei inscrevi-me na Ordem dos Farmacêuticos e fui vogal da Direção da Secção Regional de Coimbra, nos triénios de 1989/1992 e 1992/1995 e Membro do 1º Conselho do Colégio da Especialidade entre 1995/1998. Fui vogal da Direção da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares de 1993/1999, Vice-Presidente da Assembleia Geral de 1999/2002 e representante na As-sembleia Geral da Associação Europeia de Farmacêuticos Hospitalares, de 1998/2004. Faço ainda parte de outras associações profissionais internacionais. EM QUE MEDIDA ACHA QUE ESTAS EXPERIÊNCIAS PODEM ENRIQUECER OS FARMACÊUTICOS E TORNÁ-LOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MAIS VERSÁTEIS E CAPAZES? A integração e o envolvimento dos estudantes nas estruturas associativas contribui, de forma muito relevante, para o seu crescimento pessoal e mesmo profissional. O contacto precoce do estudante com estruturas organizadas, com responsabilidades definidas e com a gestão de bens materiais permite o desenvolvi-

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mento de capacidades de organização e de gestão, fundamentais a qualquer profissional. Por outro lado, a gestão associativa assemelha-se à gestão de uma empresa, criando os alicerces pessoais e profissionais para uma vivência profis-sional autónoma e para a capacidade de assunção de uma maior multiplicidade de tarefas e papéis. COM QUE OLHOS VÊ AS ASSOCIAÇÕES GERIDAS POR ESTUDANTES NO TEMPO PRESENTE? A nossa democracia assenta muito no impulso e nas lutas estudantis. Neste sentido, todos quantos dirigem associações de estudantes, muitas vezes com um peso histórico significativo, deverão ter sempre em mente a herança e a dimensão da responsabilidade que implica liderar o movimento estudantil. Hoje em dia, e de uma perspetiva de espectador externo, vejo estudantes empenhados e envolvidos com a defesa do bem comum, ativos e empenhados na defesa de causas. Infelizmente muitos desempenham as suas responsabilidades associativas com propósitos bem diversos, que passam mais pela expectativa de usarem as suas funções como alavanca para a ascensão social, económica e política após a conclusão dos estudos. DENTRO DO ASSOCIATIVISMO, ESTUDANTIL OU OUTRO, QUAIS CONSIDERA SEREM AS CARACTERÍSTICAS-CHAVE PARA O SUCESSO? Fundamentalmente torna-se importante um elevado grau de comprometimento de todos os associados com os objetivos definidos para a associação e, também, o envolvimento democrático de todos na discussão, na tomada de decisão e na concretização das ideias. Somente com a participação ativa e

por João Ferreira e Carolina Rodrigues

consciente de todos é possível alcançar o sucesso em qualquer movimento associativo. QUAIS AS COMPETÊNCIAS QUE CONSIDERA ESSENCIAIS UM ESTUDANTE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DESENVOLVER AO LONGO DO CURSO, PARA ALÉM DAS COMPETÊNCIAS TEÓRICAS? Hoje em dia, cada vez mais, as competências que se adquirem para além dos ensinamentos curriculares formais, são fatores chave para o sucesso profissional. Os saberes técnicos e científicos, incorporados nos curricula universitários, são já considerados como a base na qual vão sendo construídas as competências diferenciadoras dos indivíduos. Os profissionais começam assim a ser avaliados e distinguidos mais pelo conjunto das competências complementares que detêm, do que propriamente pelo seu desempenho escolar e académico. Naturalmente que uma boa preparação e robustez de conhecimentos técnico-científicos é o ponto de partida fundamental para qualquer bom profissional, e em qualquer área. Para um estudante de Ciências Farmacêuticas, a aquisição de outras competências, concretamente as designadas de soft skills, torná-lo-á num profissional mais completo e capaz. Refiro-me, por exemplo, a competências relacionadas com a capacidade de comunicação com o doente, com a capacidade de trabalho em equipa, com o bom relacionamento interpessoal ou com a capacidade de pensamento crítico e resolução de problemas. Estes “saberes” não formais revelam-se efetivamente fatores chave que poderão determinar, no plano profissional, a valorização e a apreciação de uns indivíduos em detrimento de outros.


SARA TORGAL

ENTREVISTA

QUERES FALAR-NOS UM POUCO DO TEU PERCURSO ASSOCIATIVO? A minha história associativa começou na AEFFUL (Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa) no mandato 2011, como Secretária da Mesa da Assembleia Geral (MAG). Nesse mesmo ano, pertenci à COACC (Comissão Organizadora de Atividades Culturais e Científicas) da APEF, que era a CNAC da altura. Nesse ano tive também a minha primeira experiência num Congresso da EPSA – o Annual Congress 2011, em Lisboa! No ano seguinte, em 2011/2012, integrei a Direção da APEF como Diretora do Departamento Cultural e Científico. Este foi, sem dúvida, um mandato muito marcante para mim: cresci muito, ganhei amigos para a vida, e percebi também que uma das coisas que mais me faz vibrar por dentro é trabalhar com e para as pessoas. Assim, como podem imaginar, quando li pela primeira vez a open call para a Youth Trainers Academy (o Training New Trainers event desenvolvido pela Zero Generation) senti que aquilo era mesmo para mim! Candidatei-me e em dezembro de 2012 estava com mais 19 pessoa no Porto, na 2ª Edição do YTA! Em 2013, juntamente com alguns colegas e amigos que me desafiaram, começámos logo em janeiro a trabalhar num projeto que, em dezembro desse mesmo ano, se viria a tornar de forma oficial na LisbonPH – Empresa Júnior da FFULisboa, a qual integrei como membro fundador e Secretária Geral até julho de 2014. Paralelamente, continuei sempre a dar trainings a nível nacional e, entretanto, surgiu a oportunidade de me envolver mais intensamente com o Training Project da EPSA, através do recém-criado Trainers Board, onde fui Internal Capacity Building member no mandato 2014/2015. Em abril de 2015, decidi dar mais um passo no Training Project e tornei-me EPSA Training Coordinator 2015/2016. Fazer parte da EPSA Team é um desafio constante, mas que vale cada segundo, de tal forma que em abril deste ano decidi prolongar este compromisso com a EPSA e tornei-me Parliamentarian da Team 2016/2017.

Uma individualidade responsável, competente, detentora de uma imaginação inesgotável e com um enorme coração. É assim que o núcleo de pessoas mais próximo da nossa convidada, Sara Torgal, a descreve. Sara conta já com um extenso percurso associativo, nacional e internacional, constituindo uma inspiração para muitos jovens que agora começam e até elementos já experientes e versados no âmbito em epígrafe. por Tiago Gonçalves

ENQUANTO TRAINER DA EPSA, QUAL O IMPACTO QUE ACREDITAS TEREM AS TÃO ACLAMADAS SOFT-SKILLS NA FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL DE CADA UM DE NÓS? As soft-skills estão diariamente presentes em todas as componentes da nossa vida e a nossa profissão não é exceção. Como costumo dizer muitas vezes, é a ciência que faz de nós farmacêuticos, mas as soft-skills fazem de nós profissionais de excelência, e, como tal o seu treino é fundamental. Se olharmos concretamente à nossa realidade, o farmacêutico e os profissionais de saúde em geral são profissionais de relação, relação esta que se estende desde o utente às equipas interprofissionais e que pede profissionais sólidos, prontos a pôr as suas capacidades a render e capazes de utilizar as skills que foram desenvolvendo no seu dia a dia. ENQUANTO ELEMENTO EXPERIENTE DO MUNDO ASSOCIATIVO, QUAL A TUA MENSAGEM PARA OS JOVENS QUE PRETENDAM ENVOLVER-SE A ESTE NÍVEL? Envolvam-se! Nos núcleos, nas AEs, nas Comissões, no que se identificarem mais. Tentem aprender o máximo que puderem e deem sempre o vosso melhor, sem descurar os estudos! Contactem com pessoas diferentes, de várias áreas do setor, e comecem a procurar as pequenas atividades que vos fazem sentir realizados. Se houve coisa que o associativismo me ensinou foi que o ditado “quando se fecha uma porta, abre-se uma janela” é mesmo real, até a este nível. Por isso, não desistam!

A NÍVEL EUROPEU, QUAL PERSPETIVAS SER O MAIOR DESAFIO PARA O FARMACÊUTICO, ATUALMENTE? A nível europeu temos vários desafios importantes neste momento, mas sem dúvida a promoção da saúde, a promoção do uso responsável do medicamento e a prevenção da doença continuam e continuarão a ser desafios na ordem do dia onde a presença do farmacêutico é indiscutível. Também a promoção do papel do farmacêutico na sociedade e a sua presença na discussão das políticas europeias e nacionais de saúde continuarão a ser desafios constantes e aos quais se deverá continuar a dar resposta. EM TERMOS POLÍTICOS, QUAL O PLANO EM QUE ACREDITAS QUE O FARMACÊUTICO PODE EXERCER UMA AÇÃO MAIS VALIOSA E PROFÍCUA? Nas ações de proximidade aos cidadãos e na discussão das políticas de saúde e do medicamento, exerce sem dúvida. O farmacêutico é muitas vezes o primeiro profissional de saúde que os cidadãos visitam quando sentem necessidade e também o que está no centro das comunidades de portas abertas para tirar todas as dúvidas que tenham. Não tenho dúvida absolutamente nenhuma que a ação do farmacêutico é fundamental nestes planos e que a sua integração efetiva na discussão das políticas de saúde pode trazer grandes benefícios tanto para o cidadão como para o Sistema Nacional de Saúde.

é a ciência que faz de nós farmacêuticos, mas as soft-skills fazem de nós profissionais de excelência APEF APEF||28 2


por Beatriz Teles e Marta Diogo

- Labfit -

O MUNDO DAS STARTUPS

Seguindo a tradução à letra, as Startups são empresas novas ou em fase de desenvolvimento, criadas a partir de ideias inovadoras com grande potencial de crescimento. Este tipo de empresas é cada vez mais popular no cenário da Economia Mundial, principalmente associadas à tecnologia digital, mas podem também assumir destaque no Mundo da Industria Farmacêutica. Para entendermos como este conceito se pode aplicar ao mercado Farmacêutico, vamos apresentar um exemplo prático – a Labfit.

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A Labfit é uma empresa especializada na prestação de serviços focados na investigação e desenvolvimento (I&D), caracterização e controlo de qualidade de produtos farmacêuticos. Está sediada na UBIMedical, um espaço de “incubação” que promove a transferência de conhecimento da Universidade da Beira Interior para o mundo empresarial. ORIGEM Foi criada em setembro de 2012 por duas farmacêuticas, Ana Palmeira de Oliveira e Rita Palmeira de Oliveira, investigadoras no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) e professoras auxiliares convidadas da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. Atualmente, a equipa é constituída por sete profissionais. As fundadoras contam que a ideia da criação da Labfit “surgiu na sequência de um concurso de ideias da UBI” o WinUBI, em 2011. “Concorremos com uma ideia de negócio que foi uma aproximação daquilo que a Labfit viria a ser. A ideia era concretizar os interesses/propostas em investigação para soluções terapêuticas para afeções ginecológicas e dermatológicas, e a possibilidade de inovação tecnológica em medicamentos manipulados. A alteração da legislação referente aos cosméticos (Regulamento (CE) nº 1223/2009) revelou-se também uma oportunidade de negócio ao nível do controlo de qualidade e caracterização dos cosméticos.” A UNIVERSIDADE E A STARTUP “Poder associar uma marca de uma empresa de investigação e desenvolvimento ao nome de uma universidade é importante para o reconhecimento do cunho de qualidade que as universidades trazem para a inovação. Ao mesmo tempo é também importante para a UBI o desenvolvimento spin off, para consolidar a transferência de conhecimento e o desenvolvimento de projetos de investigação em co-promoção. É uma relação entre as duas entidades com mútuo benefício.” DESAFIOS Quanto a desafios, é disto que “bebe e vive a Labfit. Assentando em pilares de qualidade”, sendo esse caminho

árduo. “A partir do momento, em que este caminho foi traçado, os obstáculos foram constantes. Montar uma empresa, mantê-la a funcionar, coordenar uma equipa e ter todas as condições e infraestruturas associadas próprias, foram os maiores desafios.” VITÓRIAS No que toca às vitórias, a aquisição e detenção de material próprio da empresa permitiu várias certificações que foram sendo obtidas com sucesso. Este é o único laboratório em Portugal que participa na rede EU-NETVAL que se destina à validação de métodos in vitro alternativos à utilização de animais, para fins científicos. Recentemente, a Labfit foi reconhecida, pelo INFARMED, segundo os princípios de Boas Práticas de Laboratório (BPL Directiva nº 2004/9/CE), no que respeita à sua atividade de ensaios de segurança in vitro de produtos farmacêuticos e cosméticos (ensaios físico-químicos, de desenvolvimento de formulação e de ensaios toxicológicos). A INDÚSTRIA E A STARTUP “Chegar aos parceiros da Indústria Farmacêutica não é um caminho fácil. Quando tal se consegue, e se detém um certificado de qualidade, há uma relação muito boa, uma vez que as indústrias não dispõem de muito tempo para fazer desenvolvimento e caracterização de novos produtos. É assim que empresas como a Labfit são essenciais neste processo de desenvolvimento. As relações acabam por ser duradouras. São mercados muito competitivos e por isso procuram novas ideias e formas de as concretizar para depois desenvolverem os produtos.” FUTURO Em relação ao futuro, as fundadoras ambicionam o “desenvolvimento de um produto inovador por ano, com patente da Labfit; o aumento da internacionalização da empresa nos próximos quatro anos; financiamento europeu no âmbito do Horizonte 2020; co-promoções de projetos de investigação com a Universidade e outras Instituições Nacionais; e o crescimento da carteira de clientes. Acima de tudo ser uma referência no Mercado Internacional, sobretudo pelo cunho da qualidade e da inovação.”



A INVESTIGAÇÃO Neste artigo Mafalda Ferreira e Vanessa Castanheira, ambas do 5º ano do MICF, contam-nos as suas experiências em Investigação no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, assim como as suas expectativas para o futuro desta área do setor farmacêutico.

MAFALDA FERREIRA iniciou-se na investigação com o projeto “Evolução das mutações associadas a resistência aos inibidores da integrase em doentes infetados por VIH-1”, dando agora continuidade para tese com o tema “Resistência aos inibidores da integrase no tratamento da infeção pelo VIH”, sob orientação da Prof. Doutora Perpétua Gomes. 1. DE QUE FORMA CONSIDERAS QUE ESTE PROJETO PODE ENRIQUECER A TUA FORMAÇÃO? Independentemente da área, tudo o que implique aprender algo novo enriquece a nossa formação. Para além de ter aprendido muito sobre o tema do meu projeto, ainda consegui ganhar uma bolsa e colocar um póster no 14th European Meeting on HIV & Hepatitis - Treatment Strategies & Antiviral Drug Resistance. 2. EM QUE CONSISTE O DIA-A-DIA DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO? ESPECIALMENTE QUANDO CONJUGADO COM AULAS OU ESTÁGIO CURRICULAR? O meu trabalho de investigação começava de manhã, onde me deslocava ao laboratório de biologia molecular do Hospital Egas Moniz. No laboratório acompanhei o processo de extração do RNA viral até obtenção das sequências de DNA e depois procedi à recolha dos dados. Ao longo da semana, fiz pesquisa científica que me ajudasse na realização do projeto e uma vez que esta parte era trabalho autónomo era fácil de conciliar com as aulas.

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3. PERSPETIVAS QUE O TEU FUTURO, ENQUANTO FARMACÊUTICA, PASSE POR ESTE CAMPO? Também há outras áreas que gostava de experimentar. Ciências Farmacêuticas é um curso com muitas valências e acho importante ter oportunidade de experienciar as várias áreas, por um lado porque nos vão enriquecer profissionalmente, e por outro para tentarmos encontrar a área que mais nos preenche, não só enquanto farmacêuticos, mas como pessoas. 4. PELO CONTACTO QUE TENS TIDO COM O MEIO, COMO VÊS O FUTURO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM PORTUGAL? É uma área que ainda tem muito para crescer no nosso país, e os investigadores portugueses são uma mais-valia para o mundo científico pelos conhecimentos que têm. Mas precisam de mais apoios para atingirem o objetivo final da investigação. 5.ACHAS QUE ENVEREDAR PELO CAMINHO DE INVESTIGAÇÃO AO NÍVEL PROFIS-SIONAL É ALGO COM RECONHECIMENTO NO NOSSO PAÍS? Penso que até podemos considerar que a área da investigação tem reconhecimento no nosso país, mas é um percurso bastante difícil e penso que ainda tem que evoluir para este caminho ser sustentável, isto é, uma vez que a maioria dos investigadores depende da atribuição de bolsas, esta situação é um fator de instabilidade na vida de uma pessoa.


E O MICF

por Alexandra Filipe

VANESSA CASTANHEIRA investiga no âmbito da sua tese “Pesquisa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) em farmácias comunitárias da região de Lisboa: uma possível via de transmissão na comunidade?”, onde analisa as amostras que recolheu nos balcões de atendimento nas farmácias, sob orientação da Prof. Doutora Patrícia Cavaco Silva.

1. DE QUE FORMA CONSIDERAS QUE ESTE PROJETO PODE ENRIQUECER A TUA FORMAÇÃO? Neste estudo que estou a desenvolver, reforço conhecimentos não só em Microbiologia mas também em Farmacologia, ao estudar as características de vários antibióticos para perceber se são capazes de inibir o crescimento desta bactéria e, se sim, porquê. Recorro também à Estatística para análise e interpretação de resultados e sem dúvida que a Saúde Pública assume um papel muito relevante, uma vez que é necessário definir bem a amostra em estudo, estudar a prevalência e correlacionar com os resultados obtidos e por vezes realizar inquéritos. No geral, é preciso interligar várias componentes do mestrado e colocá-las em prática, por isso é sempre muito enriquecedor tanto a nível profissional como pessoal, pois é um trabalho complicado que nem sempre resulta como esperado e há, constantemente, novos desafios para ultrapassar. 2. EM QUE CONSISTE O DIA-A-DIA DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO? ESPECIALMENTE QUANDO CONJUGADO COM AULAS OU ESTÁGIO CURRICULAR? Sinceramente, é complicado! O dia-a-dia depende da evolução do estudo. Inicialmente, é preciso uma boa pesquisa bibliográfica sobre o tema, onde retiramos métodos, resultados e ficamos a compreender melhor o assunto. Depois vem, para mim, a fase mais trabalhosa, a recolha das amostras e consequentemente vamos para laboratório. Aqui, pomos em prática tudo o que lemos noutros estudos. Esta fase de descoberta e experiência, de tentativa/erro, é o que mais me faz gostar desta área e continuar! Por fim, vem a etapa da escrita em que há sempre muita informação a explicar e muitos detalhes para retratar o estudo, mas só desta forma concluímos a relevância do estudo para a sociedade, o que é muito gratificante! Todos os trabalhos de investigação que fiz anteriormente consegui conciliar com as aulas, mas a este dediquei-me a tempo inteiro, num período que não coincidisse com o estágio curricular, sem mais nenhum compromisso em simultâneo.

3. PERSPETIVAS QUE O TEU FUTURO, ENQUANTO FARMACÊUTICA, PASSE POR ESTE CAMPO? É uma área que não coloco completamente de parte, mas não está em primeiro plano por ser tão instável a vários níveis. Não queria estar constantemente a concorrer a bolsas que tanto podem ser em Portugal como no outro lado do mundo. Contudo, nada me garante que nesta área não encontre nos próximos anos um emprego mais estável. No entanto, tenho em consideração que estas decisões dependem de objetivos não só profissionais, mas também pessoais. Vamos ver o que o futuro reserva para mim! 4. PELO CONTACTO QUE TENS TIDO COM O MEIO, COMO VÊS O FUTURO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM PORTUGAL? Em Portugal temos grandes grupos de investigação que não são tão reconhecidos como deveriam ser porque somos um país pequeno. Apesar de todas as dificuldades económicas que Portugal apresenta, conseguimos produzir estudos com bastante interesse a nível internacional. Para muitos trabalhos são precisos elevados orçamentos para construir um bom estudo e, por vezes, não temos acesso tão facilitado a esses apoios como outros países. Eu considero que os portugueses são grandes empreendedores e trabalhadores que raramente recusam algum desafio. Por isso, acho que a investigação científica em Portugal vai continuar a crescer com ainda melhor qualidade e ambição. 5.ACHAS QUE ENVEREDAR PELO CAMINHO DE INVESTIGAÇÃO AO NÍVEL PROFISSIONAL É ALGO COM RECONHECIMENTO NO NOSSO PAÍS? Claro que sim! É verdade que são poucos os que seguem este caminho, por todas as dificuldades que esta área profissional apresenta, mas qualquer português reconhece o esforço e o mérito desta profissão.

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por Ana Camila Marques, Marta Diogo e Marcos Gomes

VOLUNTARIADO FARMACÊUTICO

Cada vez são mais as associações de vonluntariado estudantil, e os estudantes de Ciências Farmacêuticas não são excepção. Quer em associações de âmbito exclusivamente farmacêutico, quer em associações de caráter multidisciplinar, as histórias de sucesso em intervenção social multiplicam-se. Aqui ficam alguns exemplos.

BOLSA DE VOLUNTARIADO DO PROJETO MISSÕES FARMACÊUTICAS DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS No âmbito do Projeto “Missões Farmacêuticas”, a Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (OF) desenvolveu uma Bolsa de Voluntariado que permite a integração de farmacêuticos em programas de voluntariado de diversas Instituições de Solidariedade Social, nomeadamente a Liga Portuguesa Contra a Sida, o Centro de Apoio ao Sem Abrigo, a Cáritas Diocesana de Lisboa e a Comunidade Vida e Paz. A inscrição na Bolsa de Voluntariado efetua-se através do preenchimento do formulário disponível no site.

QUEM PODE SER VOLUNTÁRIO? estudantes de Ciências Farmacêuticas inscritos na OF como Membros Estudantes, assim como qualquer Membro da OF com a situação regularizada

PROJECTO QUERER E FAZER - OKAMBA O Projeto Querer e Fazer – Okamba (amigo em Kimbundo) é um programa de mobilidade para Países Africanos que alia ao voluntariado a responsabilidade social, pelo desempenho da profissão farmacêutica num país onde as condições de trabalho são absolutamente díspares das praticadas em Portugal e a própria profissão tem os seus próprios contornos e especificidades, exigindo ao estudante/profissional adaptar os conhecimentos e competências adquiridos na faculdade a uma realidade profissional ímpar. Atualmente, o Projeto Querer e Fazer - OKAMBA está presente em três países: São Tomé e Príncipe, Angola e Guiné-Bissau. O trabalho dos futuros grupos de estudantes de Ciências Farmacêuticas pas-sará por locais como farmácias e laboratórios nestes países. QUEM PODE SER VOLUNTÁRIO? estudantes de Ciências Farmacêuticas e de Medicina

ASSOCIAÇÃO CURA +

Fundada por um grupo de estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), a Associação Cura+ propõe-se a alargar o conceito de voluntariado social ao setor farmacêutico. Com o “Porto com + Saúde”, os voluntários procuram sensibilizar os utentes das farmácias aderentes para a doação do valor de medicamentos sujeitos a receita médica. Os destinatários são os utentes referenciados pelo Centro Social e Paroquial Nossa Senhora da Vitória, no Porto. Desde março de 2016, foram já doados 200 medicamentos e apoiados 30 agregados familiares. Ao fim de um ano de atividade, espera-se que este número duplique. QUEM PODE SER VOLUNTÁRIO? estudantes de Ciências Farmacêuticas

GOSTAVAS DE AJUDAR? LÊ OS CÓDIGOS QR E SABE MAIS!

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SEP EXPERIENCE ‘‘From the moment I entered this beautiful country, I could only feel great, positive energy. At the train station we met our LEO, Rodrigo Ramos, who was full of enthusiasm and will to make this experience perfect. Not only that he has introcuded us with our internship he also introduced us to people from faculty and pharmacy, and showed us beauties of Covilha and its surroundings. For instance, enjoying the view from the Serra da Estrela mountain, or exploring many natural lagoons to take a dive in. While doing my internship I met a lot of experts, who were eager to share their experience, and who introduced me to the healthcare system of Portugal. With this experience i had acquired knowledge and broaden my horizons. What made this SEP experience even better was making new friendships with people from all over the world. And it would not be the same without our favourite LEO, who could not do his job better. Obrigada Portugal!’’

‘‘A aventura começou no dia 13 de julho a caminho da Polónia com o programa de estágio SEP. Fiquei colocada numa pequena cidade, repleta de estudantes nos tempos de aulas, denominada Bialystok. O meu estágio era na farmácia comunitária durante a parte da manhã. Neste período, pude experienciar um pouco do dia-a-dia de um farmacêutico na Polónia. Tive a oportunidade de preparar vários produtos magistrais, verificar faturas, colocar os preços nos produtos farmacêuticos acabados de chegar e arrumá-los nos respetivos locais. Apesar de ter sito uma experiência enriquecedora, o ponto alto do SEP foi sem dúvida os passeios e as visitas a várias cidades deste país com uma grande história para contar. Warszawa, Kraków, Gdańsk, Oświęcim – todas são cidades espetaculares com um passado deveras arrepiante na história mundial. Adorei todos os momentos desta experiência e recomendo vivamente a Polónia como um destino para SEP, seja qual for a cidade. ’’

‘‘O meu SEP na Indonésia não foi apenas um estágio de investigação em Nanotecnologia, Foi muito mais: foi viver dia a dia um estilo de vida completamente fora do habitual e descobrir como contornar dificuldades que em Portugal nem pensamos nelas, tais como a não existência de água potável, o tráfego caótico que torna o atravessar uma estrada uma missão quase suicida, o facto de quase ninguém saber falar inglês, viajar no mais comum transporte público, o angkot, entre outras coisas que me colocaram fora da minha zona de conforto e me fizeram crescer como pessoa e como futuro profissional de saúde. Apesar da pobreza, os indonésios são muito amáveis e estão sempre prontos a oferecer ajuda. Quanto à gastronomia, a comida é na generalidade picante, tive a oportunidade de beber leite de coco e de comer panquecas verdes e roxas e de comer ao estilo indonésio (com os mãos). A cidade tem uma grande relação com a natureza, visitei algumas das florestas gigantes e a lagoa vulcânica Kawah putih. Esta experiência mudou assim a minha maneira de ver o mundo, tendo sido inesquecível.’’

‘‘Quando nos inscrevemos em SEP fizemo-lo com a vontade de nos por à prova. Felizmente fomos selecionadas e aceites na República Checa, Praga foi o nosso destino. Os preparativos para a viagem foram calmos. O momento da despedida foi talvez a consciencialização daquilo que iria acontecer. O encorajar das nossas mães ficará sempre marcado, “o pior será que quando voltarem só querem ir outra vez!” disseram elas. E assim é! Fomos muito bem recebidas, num país que de tão bonito parece ter sido escrito para um conto de fadas. A Farmácia onde estagiámos, da cadeia do Dr. Max, tinha um ambiente extraordinário, com uma dinâmica diferente daquela que conhecemos aqui em Portugal. Trouxemos connosco uma maior pluralidade de ideias do funcionamento farmacêutico, com vontade de fazer a diferença aqui no nosso país. Hoje temos que viver com as memórias, comer queijo lembra-nos França ( a Laura e a Emma), ir a Aveiro comer ovos moles lembra-nos a Eslovénia (a Nika), beber uma sangria lembra-nos a Espanha (o Toño). A nossa vida tornou-se indissociável desta experiência.

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ERASMUS

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Marta conta-nos como foi a sua experiência enquanto elemento da equipa portuguesa no Programa Twinnet: “Tudo começou quando surgiu uma Open Call da AEFFUL (Associação dos Estudantes de Farmácia da Universidade de Lisboa) para quem desejasse integrar a equipa portuguesa para um programa designado de Twinnet.

Bergen é a segunda maior cidade da Noruega

TWINNET

Programa de intercâmbio entre dois membros da EPSA

Equipa EPSA Twinnet Project Lisbon – Bergen

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62º CONGRESSO MUNDIAL DA IPSF por Paulo Mendes

De 31 de julho a 10 de agosto, estudantes de farmácia de todo o mundo representaram os seus países no maior evento da Federação Internacional de Estudantes de Farmácia (IPSF) na 62ª edição do Congresso Mundial de Estudantes de Farmácia em Harare, no Zimbabué, e a APEF não foi exceção. A conotação exótica desta região fez com que este congresso tivesse o menor número de participantes das últimas décadas, cerca de 200 no total. No entanto, e apesar de ser um destino longínquo, o Comité de Receção deste evento esforçou-se para que todos se sentissem em casa. A Organização deste evento é um processo complexo, pois tem que ter em conta um enorme portefólio de culturas oriundas de todas

as partes do nosso planeta, fazendo os esforços necessários a que nenhuma se sinta prejudicada face às outras. Dedicação foi a palavra de ordem praticada por estes locais, pois superaram-se constantemente, sempre com uma atitude afável e compreensiva, aliada a um espírito de equipa bem patente, auxiliando constantemente os participantes, proporcionando uma experiência inesquecível. A APEF representou os seus estudantes, marcando presença em todas as Assembleias Gerais do evento, participando ativamente, deixando os seus comentários sobre o trabalho realizado pela federação e todos os seus intervenientes ao longo do mandato, de forma a promover o crescimento da

instituição, assumindo-se como um dos membros mais interventivos desta Federação mundial. Aliada a esta vertente política e formal, deu-se simultaneamente a componente social, onde o contacto com esta cultura africana foi permitido pelas diversas atuações que tomaram lugar. No próximo ano, o congresso terá lugar em Taipé, Taiwan. Apelamos à participação dos estudantes, pois é com estes que a instituição cresce, e, é nossa opinião, que também estes crescem com ela.

39º CONGRESSO ANUAL DA EPSA por Diana Carvalho

Por terras nórdicas reinou o frio mas o espírito EPSA não podia ter sido mais quente! Durante 6 incríveis dias, de 18 a 24 de abril de 2016, decorreu o 39º Congresso Anual da EPSA (European Pharmaceutical Students’ Association) na capital finlandesa, Helsínquia. Este primou por um interessantíssimo Programa Educacional sob o tema geral de “Drug Therapy for special patient groups” e por vários workshops e trainings direcionados ao tema principal. O Simpósio focou três áreas principais: “Practical Aspects of Kidney and Liver Dysfunction”, “Pharmacogenomics” e “Patient Centered Care and Associated Services”. Se te interessas por eventos científicos, um congresso da EPSA é o lugar certo para ti já que alia o melhor da componente educacional a um

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fortíssimo programa social, mostrando em primeira mão a união que existe entre os estudantes de Ciências Farmacêuticas de toda a Europa. A 90’s party, a International Night e a Noite Finlandesa (entre muitas outras), encantaram os serões, munindo os participantes de memórias inesquecíveis e fortalecendo laços dificilmente quebráveis. Simultaneamente ao Simpósio e restante programa educativo, decorriam as cansativas mas absolutamente necessárias Assembleias Gerais, onde diariamente se construiu, definiu e planeou o futuro da Associação que representa os mais de 160 000 estudantes de Ciências Farmacêuticas europeus. É com muita alegria que podemos sublinhar a eleição de uma portuguesa para o cargo de Presidente da EPSA – a aluna da FFULisboa Catarina Nobre –

o que muito nos honra e prestigia. E os portugueses provam anualmente porque são tão exaltados na EPSA, foi também um prazer a entrega do prémio de melhor Liaison Secretary (LS) do ano para a portuguesa Leonor Soares, LS da APEF 2014/2015. Para quem não sabe, o cargo de LS é a voz de uma Associação na EPSA, sendo um motivo de orgulho ter a representante da APEF eleita para este prémio. Se estás a ler este artigo da REFlexus então provavelmente o fenómeno EPSA já chegou aos teus ouvidos e qualquer participante te poderá garantir que não poderás ficar de fora – espera ansioso por novidades do próximo Congresso Anual em Kranjska Gora na Eslovénia e mergulha connosco na EPSA!


CATARINA NOBRE

ENTREVISTA

por Tiago Gonçalves

Catarina Nobre é um exemplo no que toca ao associativismo internacional. Resiliente e lutadora, sempre com uma opinião bem fundamentada, dá-nos a sua opinião sobre alguns assuntos da atualidade farmacêutica enquanto atual presidente da EPSA (European Pharmaceutical Students’ Association). QUAL O MAIOR DESAFIO QUE A EPSA JÁ TE APRESENTOU ATÉ HOJE? Se eu começar a pensar muito nisso, acho que acaba mesmo por ser a rejeição. Antes de eu entrar para a equipa, perdi eleições 3 vezes. Apesar de representar o maior desafio, acaba por ser também a minha maior motivação e espero conseguir partilhar na maior extensão possível de estudantes que apesar de perdermos (vezes consecutivas!) o alento, há sempre uma próxima oportunidade que devemos agarrar com toda a força. E vai valer a pena. COMO PERSPETIVAS O MERCADO FARMACÊUTICO DENTRO DE 10 ANOS? O mercado farmacêutico está em constante evolução. Cada vez mais o farmacêutico é chamado a desempenhar papéis variados. Desde a administração de vacinas na farmácia comunitária, à inserção em equipas multidisciplinares nos hospitais, passando pela liderança de equipas de R&D e terminando, por exemplo, no marketing farmacêutico. O escopo de ação do farmacêutico vai, sem duvida, alargar-se e a exigência será cada vez maior. Felizmente, a lista de fármacos continua a aumentar, os biossimilares irão permitir um maior acesso a terapias avançadas, as tecnologias da saúde serão cada vez mais recorrentes, e o farmacêutico pelo bem da sua profissão terá que estar no centro da questão.

QUAL PREVÊS SER O MAIOR DESAFIO PARA O FARMACÊUTICO, ENQUANTO PROFISSIONAL DE SAÚDE DIFERENCIADO, NOS PRÓXIMOS TEMPOS? Ui, eu acho que não há maior desafio do que aquele que já enfrentamos: profissionais de qualidade com capacidades subaproveitadas e pouco reconhecidas. Mas eu tenho sempre uma visão especialmente otimista das coisas! Além dis-so, também acredito muito no associativismo e advocacia e, no caso de as coisas continuarem a funcionar bem e as vozes do nosso sector continuarem a ser bem representadas, espero um Farmacêutico com a sua multidisciplinaridade e qualidade reconhecida pelo público, uma melhoria nas relações interprofissionais, onde possamos complementar melhor o nosso trabalho com outros profissionais de saúde e, finalmente, espero sinceramente que haja um futuro para o Farmacêutico que é reconhecido por um diploma que contenha soft skills. SE PUDESSES ESCOLHER EM TERMOS PROFISSIONAIS, GOSTARIAS DE REGRESSAR A PORTUGAL OU PERSPETIVAS UMA CARREIRA INTERNACIONAL? Sem qualquer dúvida que gostaria (e vou!!) regressar a Portugal. Provavelmente, tenho uma visão muito patriota mas foi em Portugal que aprendi tudo até aos meus 23 anos e sinto que de alguma maneira devo retribuir e também dar o meu contributo para o seu crescimento. Já sabia, mas agora tenho a certeza que, apesar de poucos, somos muito fortes naquilo que fazemos! Por estar 10 meses fora do meu país, quero muito aprender o que de melhor se faz cá e espero conseguir trazer de volta e desenvolver ainda mais aquele lugarzinho que trago sempre no coração.

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TUNAS DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Em Portugal é um fenómeno recente no tempo. As Tunas de Ciências Farmacêuticas constituídas maioritariamente por estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) têm como espírito manter a tradição académica associada ao gosto da música. A REFlexus dá-te a conhecer as Tunas farmacêuticas do país.

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NOTÍCIAS

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