Revista Fraternos

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Paróquia Santíssima Trindade | Nº 06 | Florianópolis/SC | 2012

Venda Proibida Distribuição Gratuita

Franciscanos Capuchinhos

um carisma que transforma realidades De Francisco e Clara à Paróquia da Trindade


Horários de Missas Matriz - Trindade: De terça a sexta, 19h30; Sábado, 18h; Domingo, 08h, 10h, 18h e 20h. São Bento - Itacorubi: Sábado, 19h30; Domingo, 08h e na primeira sexta do mês, missa da saúde, 15h. Puríssimo Coração de Maria - Jd. Anchieta: Sábado, 18h. São José - Serrinha: Sábado, 19h30. Nossa Sra de Guadalupe - M. do Quilombo: Domingo, 09h30. Santo Agostinho - Pantanal: Domingo, 18h. no horário de verão, 19h30. Nossa Sra. Aparecida - M. da Penitenciária: Domingo, 08h30.

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Primeira Folha

A certeza da radicalidade evangélica No século XIII a Igreja Católica presenciou uma das suas maiores revoluções internas. O jovem filho da família Bernardone, que depois ficaria conhecido como São Francisco de Assis, iniciou, ainda que sem querer, um grande processo revolucionário. A revolução do jovem de Assis não incluía armas, guerras, discursos metódicos ou utópicas ideologias. Na verdade, ele tinha um ideal – amar a Deus com a radicalidade evangélica. O que parecia ser então a grande loucura, tornou-se depois fonte de atração para muitos outros. Hoje, 800 anos após a fundação da primeira ordem franciscana, ainda é crescente as inspirações a partir da vida do Santo. Os freis capuchinhos, desde 1525, quando nasce essa ramificação dos Frades Menores, seguem o desejo de viver uma

vida mais estrita de oração e de pobreza, para estarem mais perto das intenções originais de São Francisco, como explica o site oficial da Ordem. É, portanto, imensurável o bem que esse grupo realiza através da simples vivência do Evangelho. Além de ser para o mundo um sinal vivo de como é possível acreditar nos conselhos evangélicos – obediência, pobreza e castidade – as somas de obras sociais mantidas pelos capuchinhos ratifica a importância que eles dão no cuidado aos pobres e necessitados. Concluímos com uma frase do frei capuchinho Claudio Sergio de Abreu, que generosamente concedeu entrevista para esta edição da Fraternos, onde ele afirma: “A nossa meta é viver a permanente missão da Igreja de anunciar o Evangelho”. Boa leitura!

Paróquia Santíssima Trindade | Nº 06 | Florianópolis/SC | 2012

EXPRESSÃO

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NA REDE

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CRONOLOGIA

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CURIOSIDADES

São Francisco de Assis - Poção: Terceira quarta do mês, 20h.

um carisma que transforma realidades De Francisco e Clara à Paróquia da Trindade

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Templo Ecumênico - UFSC: Sexta, 12h15 (durante o período letivo) Hospital Universitário - HU: Quarta, 15h.

ÁRTIGO DO PÁROCO 50 anos na Paróquia: nossos frutos

ENTREVISTA

ESPECIAL

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Os 50 anos da presença dos freis capuchinhos na Paróquia da Trindade

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Provincial do Paraná e Santa Catarina fala sobre trabalho missionário.

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Horários de Confissão Terça – Quinta - feira: 9h as 11h e das 14h as 17h Sexta - feira: 9h às 12h e das 14h às 20h FUNDADORES

"Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos os que fazemos uma festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós." Papa Bento XVI

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HISTÓRIA

Obras sociais: Os projetos a partir do carisma franciscano

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Conheça mais sobre a chegada dos freis capuchinhos no sul do Brasil

16 E 17

VOCAÇÃO O caminho vocacional

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Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


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Facebook

“A alma pura é uma bela rosa, e as Três Pessoas divinas descem do céu para poder respirar o seu perfume.” São João Maria Vianney

Expressão

Espaço do Frei

Cheguei agora do encontro do Catecismo Jovem na Paróquia da Trindade. Muito abençoado e produtivo cada momento!! Agora é descansar um pouco, e depois arrumar as malas, porque amanhã é o grande dia de por o Pé na Estrada rumo a Foz do Iguaçu, para o Encontro Mundial de Jovens da RCC!!!

50 anos de esforço e dedicação na Trindade

Jonatan Felipe Schetz (Florianópolis/SC) Postado no Mural, 08 de julho, às 18:52

Frei Cácio Roberto, OFMcap

Felipe Tardelli (Florianópolis/SC) Postado no Mural, 07 de agosto, às 10:43

Nossa! morei uns 15 anos na Carvoeira e fui catequista na Paróquia!! Trabalhei nas “Ás vezes, nossa esperança parece festas...Sinto uma saudade imensa...ainda um pedacinho de papel. A gente costumo “fugir” da minha comunidade para esquece no bolso da calça e põe pra participar da missa aos domingos: ontem, lavar; ao final, abre aquele bolinho por sinal a homilia do frei Cácio foi simplesamarrotado, destruído e tenta colar mente maravilhosa, profunda e objetiva. os pedacinhos para ver se ainda Agradecer é pouco...peço a Deus que ELE derestá escrito ou se é apenas um rame muitas bençãos a todos da Paroquia, papel e tinta: ininteligíveis...” especialmente aos Freis que lideram com Karine De Oliveira Souza (Florianópolis/SC) tanto talento, harmonia e alegria. Postado no Mural, 29 de agosto, às 22:13

Dolores De Luca Lima 11 de Junho às 17:46

Carta do leitor

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Franciscanos Capuchinhos

Venda Proibida Distribuição Gratui ta

Q

uando encontrei a Revista Fraternos na internet, logo me chamou a atenção pelo apelo “universitário”. Admirei muito a iniciativa da Paróquia Santíssima Trindade em olhar para essa juventude. Produzir uma revista com temas realmente pertinentes a um acadêmico, com uma linguagem para esse público e com Deus na essência de tudo. Ao ler sobre os GOU’s senti a confirmação de Deus sobre meu chamado, pois ha algum tempo vinha no meu coração o desejo de montar um na universidade em que estudo em Chapecó (SC). Poder aliar a fé e a razão, assim como a matéria de capa mostrou que é possível, através das palavras iluminadas do Santo Padre João Paulo II. Enquanto não tenho uma revista assim na minha cidade, fico no aguardo da próxima edição da Fraternos Universitária online. Que o Espírito Santo continue sendo inspiração nessas ações de evangelização. Paz e benção! Lydiana Rossetti, acadêmica de jornalismo, Chapecó – Santa Catarina.

Fraternos Paróquia Santíssima

Trindade | Nº 05 |

Florianópolis/SC

| 2012

rua prof. rosinha campos, 52, sala 02, abraão - FLORIANÓPOLIS/SC

FONE: 48 3365 1613 ATENDIMENTO@DOMINUSCOMUNICACAO.COM

p rodução

FÉ RAZÃO E

A vida universitár ia não exclui um caminho de fé. Saiba como é possível prep arar-se para o futuro profi ssional sem esqu ecer da espiritualidade . Pág 8 à 12

JORNALISTA RESPONSÁVEL KETLIN DA ROSA - SC02821 - JP pauta@DOMINUSCOMUNICACAO.COM

texto / reportagens rOBERSON pINHEIRO PAUTA@DOMINUSCOMUNICACAO.COM

di agr a mação

Mande Sua carta pauta@dominuscomunicacao.com Lembre-se! Coloque sempre no título do e-mail ou recado o nome desta seção: Carta do Leitor.

ANDRÉ KINAL criacao@DOMINUSCOMUNICACAO.COM

imp ressão: gráfica COAN t ir age m: 3 mil

direção: FREI CÁCIO ROBERTO PETEKOV, OFMCap

D

edicado a observar a trajetória dos irmãos desde os primeiros anos na Trindade, percebi e admirei a força de trabalho dos freis, que usaram muito zelo e determinação para atrair o povo às celebrações religiosas, pois os paroquianos de então, encontravam-se dispersos, ausentes e desanimados. Ainda bem que existiam também famílias que estavam bem interessadas e animadas com a chegada dos freis capuchinhos. Naquela época a paróquia abrangia três quintos da Ilha. Tudo era difícil e, inclusive, estes primeiros freis recebiam alimentos cedidos pela Penitenciária. A esforçada atuação dos capuchinhos foi coroada de êxito, pois apesar dos grandes problemas econômicos, uniram-se e adquiriram, com recursos próprios, um belo terreno para a construção da nova Matriz. Foi no ano de 1966 quando da primeira visita pastoral à Trindade, Dom Afonso Niehues, Arcebispo de Florianópolis, iniciou a Carta de Provisão. Daí, os resultados do sistema pastoral promovido pelos capuchinhos foram acontecendo ano após ano. Os paroquianos, fundamentados pelo trabalho dos freis, colaboravam na reconstrução espiritual da Matriz. Equipes foram criadas, além de serem intensificados os trabalhos apostólicos com as atenções especiais

voltadas aos leigos. A criação de cursos de catequese, de liturgia, círculos bíblicos em Família e as mais diversas pastorais motivaram as famílias divididas e isoladas, não praticantes, a sentirem necessidade da união e da aproximação com a Igreja. Várias Capelas foram sendo construídas e outras ampliadas e reformadas. Assim, ano a ano, seguiram os freis capuchinhos trabalhando para o desenvolvimento religioso da Paróquia da Trindade. Hoje, com muita alegria e admiração, observando a Igreja repleta de paroquianos interessados e atuantes e revendo a história desses bravos irmãos, tenho a consciência do grande esforço e reconheço a sua imensa dedicação ao promover a ascensão humana e social, evangelizando o povo da Trindade.

05 N@ Rede

Os capuchinhos no mundo Em todo o mundo já são mais de 10 mil religiosos que fazem parte da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap). Segundo dados de janeiro deste ano, os religiosos estão distribuídos em 106 países, localizados em sua maioria na Europa com a presença de mais de 4 mil frades. Além dos sacerdotes, que formam a grande parte dos capuchinhos, sendo quase sete mil, compõem também a ordem, os diáconos, os frades não clérigos – ou seja, que não receberam o sacramento da Ordem –, 88 bispos e um cardeal. Com uma estrutura de ensino aos postulantes à vida religiosa, a OFMCap conta com mais de 8 mil professos solenes, que são os frades que já fizeram os votos perpétuos. Ainda, para favorecer os estudos, a maioria das províncias reservam espaços para os estudos de filosofia e teologia aos postulantes e noviços que somam quase mil em todo o mundo. Para conferir mais informações acesse o Portal dos Frades Capuchinhos através do link www.ofmcap.org. Detalhes*: 613 - Postulantes 375 - Noviços 1.513 - Professos temporários 8.851 - Professos solenes Os Freis Capuchinhos trabalham em 106 países, assim distribuídos: - África: 1.321 frades; - America Latina: 1.720 frades; - America settentrionale: 662 frades; - Ásia e Oceania: 2.283 frades; - Europa: 4.378 frades. * Informações de 1/1/2012. Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


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Nossa Ordem

Determinação e missionariedade Provincial conta um pouco sobre a passagem dos 50 anos da atuação dos capuchinhos na Trindade

F

rei Claudio Sergio de Abreu é provincial dos frades capuchinhos do Paraná e Santa Catarina, na Província São Lourenço de Brindes. Durante três anos foi pároco da Igreja da Santíssima Trindade, em Florianópolis, e professor no Instituto Tecnológico de Santa Catarina (ITESC), atual Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC).

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Perfil

Fraternos – Como surgiu o convite para os frades capuchinhos assumirem a Paróquia da Trindade? Frei Claudio – O então arcebispo de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, fez um pedido ao nosso provincial para que os freis capuchinhos assumissem a Paróquia, já que na época haviam poucos padres na região, e era necessário incentivar um trabalho nessa área da cidade. Fraternos – Qual era a realidade encontrada na região, quando chegaram os padres capuchinhos? Frei Claudio – Era uma região muito pobre, sem dúvidas uma realidade física muito diferente da que existe atualmente. Havia apenas uma pequena Igreja e quase sem estrutura paroquial. Os freis tiveram muita dificuldade até mesmo para organizar e projetar o trabalho a ser realizado, já que estavam localizados em uma área urbana um pouco diferente de outras realidades administradas por nossa província. Fraternos – E como se observa o trabalho dos freis na Paróquia da Trindade nestes 50 anos? Frei Claudio – Primeiro observamos a determinação e a missionariedade, principalmente, dos freis que iniciaram o trabalho na paróquia. Aceitar o desafio de fazer desenvolver uma Paróquia é algo que motiva os freis de nossa ordem. Mas sem dúvidas, o diálogo com o povo é sempre o caminho. Acredito que os freis que passaram por ali sempre buscaram estabelecer a conversa com os paroquianos identifican-

Claudio Sergio de Abreu é o segundo filho do casal Jacira e Olívio de Abreu. Nasceu em 28 de janeiro de 1960, em Apucarana (PR), e entrou para o seminário aos 17 anos. Seu encontro com o carisma capuchinho se deu primeiramente em seu colégio ao confessar-se com um padre da ordem franciscana. A partir disso, a vida religiosa começa a lhe encantar, mas somente depois de alguns anos no seminário é que ele opta por ingressar na Ordem dos Franciscanos Menores. Em 15 de março de 1986 acontece sua ordenação sacerdotal. Desde então, passa a dedicar-se incessantemente a uma vida de missionariedade.

do as necessidades locais e apresentando a proposta evangélica deixada por Cristo. Fraternos – E qual seria a meta dos capuchinhos na Paróquia para os próximos 50 anos? Frei Claudio – Nossa meta é cumprir a missão da Igreja que é anunciar o Evangelho. Assim, em constante diálogo com o povo e de acordo com a realidade de cada tempo, vamos ir ao encontro das pessoas e com o nosso carisma tentar contribuir com o crescimento espiritual e humano delas. Fraternos – Já que falamos em carisma, quais as principais características dessa ordem franciscana? Frei Claudio – A principal característica é

buscar viver o Evangelho na pobreza, obediência e castidade. Além disso, é muito marcante na ordem franciscana a fraternidade, ou seja, sermos irmãos uns dos outros; a contemplação, que é estar em constante oração, onde reconhecemos que é difícil caminharmos se não temos uma via de intimidade com Deus; a pobreza, tendo uma vida simples, no uso apenas do necessário e no despojar-se inteiramente colocando nossos dons e talentos a serviço do próximo, da humanidade e da Igreja. Também, o se fazer presente na comunidade, estar em meio aos pobres é uma marca muito evidenciada em nossa vocação. Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


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Um carisma que transpassou

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oito séculos

A história de Francisco e Clara que atrai as gerações atuais e que trouxeram para a ilha de Florianópolis seus ensinamentos e ações

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m 26 de setembro de 1182 nasce um dos personagens mais marcantes da história da humanidade. Francisco, filho de Pietro Bernadone e Madonna Pica, é ainda um jovem, em 1206, quando resolve renunciar aos bens paternos para viver na pobreza com o anseio de seguir a Deus. Seu desejo de experimentar radicalmente o Evangelho se entrelaça com o da jovem Clara que, em 1212, decide juntar-se ao grupo de Francisco para consagrar sua vida. “Clara e Francisco desejam constantemente encontrar Deus que é o Sumo Bem”, indica Frei José Carlos Pedroso em seu artigo na página 16. Assim, mesmo após 800 anos da história desses santos, a aspiração expressada por eles ecoa por toda a humanidade. A santidade almejada por estes santos se manifestava por meio do amor aos irmãos, da obediência, da castidade e da pobreza. “Para Francisco e Clara, o que começava a fazer um franciscano ou franciscana era sentir dentro de si a inspiração para buscar a fraternidade”, ressalta Frei José Carlos. Tais elementos, considerados conselhos evangélicos, eram vividos de maneira tão profunda que até hoje são fonte de despertar vocacional. Século XV: nascem os capuchinhos “Ao olhar para Francisco nos sentimos atraídos pelo seu desejo de viver o Evangelho”, conta Frei Cácio Roberto quando se refere a sua vocação. A ordem dos frades menores dos capuchinhos, a qual pertence o frei da Paróquia da Trindade, nasce em 1525 em um cenário onde as pessoas olhavam para os ensinamentos do pobre de Assis e sentiam-se motivada s a entregarem-se intensamente aos moldes da obediência, pobreza e castidade. Além do cuidado dos pobres e da constante vivencia da fraternidade, os capuchinhos tinham a missionariedade como outra coluna fundamental no carisma. Ir ao encontro dos que mais necessitam e levar as pessoas a conhecerem Jesus Cristo é meta segura desde a fundação dessa ordem. Tal desejo de missão também estava intrínseco nas outras ordens da família Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

franciscana. De fato, tal motivação levou os frades franciscanos a ancorarem no Brasil no século XV junto com a caravana real portuguesa. “De 1500 até 1549 os franciscanos foram os únicos missionários, até que chegaram os jesuítas, e mais tarde, também, os beneditinos e os carmelitas. Contudo, somente no ano de 1585 a Ordem Franciscana se estabeleceu definitivamente no Brasil”, descreve o site do Seminário Frei Galvão. A ordem dos capuchinhos se estabelece no país em 1642, quando três freis franceses são acolhidos em Olinda (PE). Segundo pesquisa do frei Rovílio Costa, publicada na Província do Sagrado Coração de Jesus, estes primeiros missionários estavam destinados à missão da Guiné. Porém, “foram aprisionados por corsários holandeses na ilha de São Tomé”, e então trazidos para o Brasil, onde conseguiram permissão para evangelizar. Em seguida, por volta de

1650, chegam mais alguns frades franceses no Rio de Janeiro. Século XX: o sul também é terra de missão Continuando a expansão missionária, em 1920, o Estado do Paraná recebe um grupo de frades da Ordem Menor Capuchinha – veja matéria completa nas páginas 14 e 16. Os desafios propostos pelo, então, bispo de Curitiba (PR), Dom João Francisco Braga, foram logo assumidos pelos freis que pretendiam fundar mais uma província no país. Não tardou, e logo em 1968 foi constituída a Província São Lourenço de Brindes que abrangia os estados de Paraná e Santa Catarina. Nesta época, já eram muitos os projetos missionários nos dois estados brasileiros. Tal trabalho de missão, havia inclusive alcançado a ilha de Florianópolis, quando em 1962 por decreto da Cúria Metropolitana de Florianópolis, a Paróquia da Santíssima Trindade foi entregue aos padres capuchinhos. O convite tinha sido feito um tempo antes pelo então bispo de arquidiocese, Dom Joaquim Domingues de Oliveira. 2012: bodas de ouro No decorrer de 50 anos, os freis trabalharam para fazer com que a Paróquia da Trindade crescesse na participação popular, no cuidado com os necessitados e, principalmente, na dimensão espiritual. Com isso, a revitalização da ação social, o desenvolvimento das capelas, a criação de novas pastorais foram tomadas como prioridade por toda a população paroquial. “A esforçada atuação dos capuchinhos foi coroada de êxito, pois apesar dos grandes problemas econômicos, uniram-se e

adquiririam, com recursos próprios, um belo terreno para a construção na nova matriz”, enfatiza o atual pároco, Frei Cácio Roberto. Mesmo assim, todo o avanço na melhora das estruturas paroquiais não seria adequado se não houvesse um cuidado em preservar características fundamentais do carisma franciscano. Esse cuidado é tido também como caráter essencial para o desenvolvimento humano da região. A paroquiana Clelia lembra que “o que mais encanta na identidade dos freis capuchinhos são seu modo de vida e a radicalidade evangélica. Viver sem ter nada de próprio para ser livre para amar e servir e seguir os passos de Jesus Cristo como fez Francisco de Assis, faz com que possamos experimentar, no cotidiano da vida em comunidade, o amor fraterno e o ardor missionário”. Desde o século XIII até o ano de 2012, o desejo de Francisco e Clara em seguirem radicalmente a Deus tem perpetuado. Além da Paróquia da Trindade, muitas outras regiões do mundo podem vivenciar a força deste carisma que se mantém sobre os pilares da pobreza, obediência e castidade.

Freis da Paróquia da Trindade em 2012 Frei Cácio Roberto Petekov, OFMCap Pároco

Lema da ordenação: “Quanto a mim não aconteça gloriar-me a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Gal 6, 14a) Nascimento: 17.04.1970, em Lacerdópolis/SC Prof. perpétua: 14.09.2002, em Ponta Grossa/PR Ordenação presbiteral: 21.02.2004, em Ponta Grossa/PR

Lema da ordenação: “Ai de mim se não evangelizar.” (1 Cor 9, 16) Nascimento: 29.10.1950, em Ouro/SC Vestição: 03.03.1974, em Ponta Grossa/PR Prof. perpétua: 11.02.1978, em Ponta Grossa/PR Ordenação presbiteral: 09.07.1978, em Ponta Grossa/PR

Frei Luiz Antonio Frigo, OFMCap Vigário

Frei Luiz Roberto Portella, OFMCap Vigário

Lema da ordenação: “O Senhor é meu Pastor” (Sl 22, 1) Nascimento: 25.01.1961, em Ponta Grossa/PR Prof. perpétua: 31/05/1992, em Londrina/PR Ordenação presbiteral: 30.07.1994, em Ponta Grossa/PR

Lema da ordenação: “Ninguém tem mais amor do aquele que dá a vida por seus amigos.”(Jo, 15,13) Nascimento: 24.06.1931, em Jaborá/SC Prof. perpétua: 25.03.1960, em Curitiba/PR Ordenação presbiteral: 21.12.1963, em Curitiba/PR

Frei Carlos Alberto David, OFMCap

Frei Guilherme João Potratz, OFMCap Vigário

Lema da ordenação: “A minha alma engrandece o Senhor...” (Lc 1, 46) Nascimento: 03.07.1952 Prof. temporária: 20.01.1985 Prof. perpétua: 15.08.1992

Aux. pastoral

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


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Fundadores

Mais sobre os capuchinhos Por que capuchinhos? O nome Capuchinho surgiu como um apelido dado aos frades devido ao capuz longo e pontiagudo dos seus trajes. Depois esse passou a ser o nome oficial da Ordem.

As ordens franciscanas Existem três grupos da ordem franciscana, que pertencem às mendicantes, são elas: a primeira ordem, de frades; a segunda ordem, de irmãs, chamada clarissas e a terceira ordem, de leigos. Da primeira ordem derivam três ramos: Ordem dos Frades Menores (da União Leonina), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e Ordem dos Frades Menores Conventuais.

Ordem Menor O uso do nome Ordem Menor foi criado pelo próprio São Francisco de Assis que chamava sua congregação de Ordo Minorum (OMin.), isto é, Ordem dos Menores ou Frades Menores. Os primeiros seguidos de Francisco também se chamavam de "penitentes de Assis”. Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Fazer a vontade do Pai

A Obediência

Alguns santos e beatos do calendário litúrgico capuchinho 12/01 – São Bernardo de Corleone 04/02 – São José de Leonessa 21/04 – São Conrado de Parzham 24/04 – São Fidélis de Sigmaringa 11/05 – Santo Inácio de Láconi 12/05 – São Leopoldo Mandic de Castelnuovo 18/05 – São Félix de Cantalício 19/05 – São Crispim de Viterbo 02/06 – São Félix de Nicosia 08/06 – Beato Nicolau de Gésturi 26/06 - Beato André Jacinto Longhin, bispo 10/07 – Santa Verônica Giuliani 21/07 – São Lourenço de Brindes, padroeiro da Província do Paraná e Santa Catarina 28/07 – Beata Maria Teresa Kowalska, mártir da perseguição nazista na Polônia 19/09 – São Francisco Maria de Camporosso 22/09 – Santo Inácio de Santhià 23/09 - São Pio de Pietrelcina 12/10 – São Serafim de Montegranaro 13/10 - Beato Honorato de Biala 02/12 - Beata Maria Ângela Astorch Com informações dos sites franciscanos.org.br e db.ofmcap.org.

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Ainda que se comova até as lágrimas diante do amor com que Jesus enfrentou por nós as dores e humilhações da Paixão, o que mais toca Francisco, diante de Jesus Crucificado, é a sua demonstração de obediência.

Frei José Carlos Corrêa Pedroso

P

ara São Francisco, a obediência é mais importante que a pobreza porque ele a enxerga como a atitude fundamental de Jesus. Para ele, a obediência é a consequência natural de ver a Deus como “Todo o Bem”. Foi Jesus quem nos trouxe a revelação completa de que Deus é todo o Bem. Jesus é modelo de como nós devemos ser obedientes, porque acolheu o Bem sem reservas, e assim nos ensina a viver em plenitude. Essa é a boa nova.

Com Jesus, obedecer ao Bem Jesus mostrou como se obedece ao Bem. Ele é modelo de como o homem devia ser antes do pecado. Ele é modelo do penitente depois da redenção. Desde o primeiro encontro com o Crucificado em São Damião, Francisco quer ser obediente como Jesus, que morreu na cruz. Ele se impressionou com o Jesus que disse: “Eis que eu venho para fazer tua vontade” (Hb 10,5-9). E observou: “o Senhor nosso Jesus Cristo deu sua vida para não perder a obediência do Pai santíssimo” (CtFi 6, 56).

Obedecer ao Bem nos Irmãos Para Francisco e Clara, o que começava a fazer um franciscano ou franciscana era sentir dentro de si a inspiração para buscar a fraternidade. Essa inspiração era um Bem de Deus que dava um irmão novo à fraternidade “Eis que e uma fraternidade aos irmãos e irmãs eu venho que chegavam. para Responder ao Bem fazer tua de Deus que está nos irmãos e nas irmãs é vontade” (Hb 10,5-9) servi-los, vendo neles a expressão da vontade de Deus. Por isso mesmo, Francisco chamava a obediência franciscana de obediência caritativa. Foi por confiarem que os irmãos e as irmãs estavam disponíveis “para a unção do Espírito Santo, que os instrui e instruirá em todas as coisas” (LP 61), que deixaram de dar prescrições meticulosas, como faziam as regras anteriores. Diferentemente do que ensinavam outros movimentos religiosos, para eles a obediência não estava ligada à humildade, que fazia as pessoas se submeterem aos superiores, mas à caridade, que as levava a descobrir Deus Amor e Bem uns nos outros.

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


14 Obedecer ao Bem em todos os seres humanos Clara e Francisco estavam constantemente falando no desejo de encontrar Deus, que é o Sumo Bem. Por isso, tinham “olhos do Espírito” para ver a presença desse Bem em todas as pessoas. A sua obediência não se limita aos irmãos e irmãs: abre-se para todas as criaturas humanas. Como queriam obedecer sempre ao Altíssimo, professavam também estar submissos a toda criatura humana, que é sempre imagem e semelhança de Deus, é sempre uma presença viva de Jesus. Como a obediência é amor, expande-se para fora da fraternidade, como o Amor de Deus se expandiu chegando até nós. Evidentemente, o que pensavam não era em levar o bem a todas as pessoas, como tantas Como Deus vezes nós não faz pensamos: eles iam desacepção de cobrir o bem pessoas, enem todas as pessoas. contravam C o m o sua presença Deus não faz de bondade acepção de especialmente pessoas, encontravam nos mais sua presença de bondapequenos de especialmente nos mais pequenos, que não costumam ser reconhecidos pelos demais porque são pobres, ignorantes ou excluídos. Estes até merecem atenção especial. Clara manda que se escutem e se elejam especialmente as “mais discretas” e Francisco diz que os frades deviam sentir-se felizes no meio dos mais pobrezinhos. Mas obedecer a Deus em todas as pessoas não é só cuidar dos bens dos indivíduos. É saber descobrir os sinais da bondade de Deus nos acontecimentos, tanto nos cotidianos, como nos que vão fazendo história. Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Trindade Social

É essa atenção à vontade bondosa do Senhor que deve nos levar a transformar o mundo. Pontos práticos 1. Para ser obediente, minha primeira atitude tem que ser o cultivo da contemplação, capaz de ver a bondade de Deus em todas as pessoas, em todos os acontecimentos e até nos animais e nas coisas. 2. Também é fundamental a atitude evangélica de Jesus, que sabia observar e dar graças por todos os bens de Deus que ia encontrando, mas também sabia ler neles a vontade do Pai. 3. Se a bondade leva o próprio Deus a se por a serviço de todas as criaturas, que é que eu posso fazer para que minha bondade também encontre sua realização servindo a todos e a tudo? 4. Deus me deu irmãos e irmãs. Será que eu conseguiria escrever a história de como a vida em fraternidade foi me transformando através dos anos? Essa seria a história de minha obediência, uma história que ainda não acabou e talvez tenha que tirar atrasos. 5. Como posso ser mais obediente? Como eu estou conhecendo cada dia melhor a vontade de Deus em minha vida, o valor de meus irmãos (as pessoas que Deus coloca no meu caminho), o sentido do serviço a todas as criaturas? www.franciscanos.net

Obras sociais: a presença de um carisma “Caridade concreta e prontidão em servir todo e qualquer irmão necessitado”, este é um dos pilares dos quais se apoiam a Ordem dos Frades Capuchinhos. Inspirados em São Francisco, que via em cada um que carece a oportunidade para amar, os freis caminham na busca de proporcionar dignidade ao homem. Apoiados nesse ideal, os frades desde que chegaram à Paróquia da Trindade desenvolvem uma série de obras de apelo social. Primeiramente, em 1970, inicia-se o trabalho de revitalização da Ação Social Paroquial, traçando novas metas e objetivos para a pastoral. A partir disso, muitos projetos são criados e a Creche São Francisco de Assis é um deles, inaugurada em 16 de janeiro de 1982. Depois ainda vieram a Casa São José e a Casa da Criança, que juntas atendem quase 500 crianças de até 15 anos de idade e geram oportunidades de conhecimento e de desenvolvimento humano. O trabalho com as crianças continua também no projeto Crescer com Amor, onde mais 40 meninos e meninas têm acesso a aulas de música, artes,

idioma e artesanato. Em entrevista para a Revista Fraternos, Frei Claudio Sergio de Abreu comenta que “se fazer presente na comunidade e estar em meio aos pobres é uma marca muito evidenciada nessa vocação” (veja entrevista completa na página 6).

Um conjunto de mãos

Luzia Rosa de Oliveira é a coordenadora da Pastoral da Solidariedade, que tem a responsabilidade de interligar os diversos trabalhos sociais da Paróquia da Trindade. Para isso, elas contam com mãos amigas. Por exemplo, as integrantes do Apostolado da Oração organizam há mais de 40 anos, a Feira de Artesanato da Trindade (Fatri), que ocorre anualmente. As peças são produzidas no decorrer de todo o ano, por diferentes pastorais e movimentos. Parte do que é confeccionado ainda é distribuído para as mães que participam do grupo de gestantes da Paróquia. Elas também assistem às palestras com profissionais da saúde e de outras áreas que trazem reflexões sobre o cuidado com os bebes e sobre

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Soma-se aos trabalhos com as crianças, o olhar sobre Idoso. Que possui duas frentes de trabalhos, distintas, mas importantes: a Pastoral da Pessoa Idosa, com suas visitas, e o Grupo de Experiência, que reúne senhoras e senhores para atividades recreativas e momentos de interação. a própria saúde física e emocional da família. Mais do que apenas criar atividades solidárias, os capuchinhos se preocupam em mobilizar a comunidade para dar prosseguimento aos projetos. Com isso, mais de 150 voluntários compõem as equipes de trabalhos da Paróquia. Inclusive profissionais como psicólogos e assistentes sociais somam à equipe para favorecer melhores resultados. Adaptados aos tempos de hoje, os frades capuchinhos buscam seguir as orientações evangélicas dadas por Jesus Cristo e refletidas na vida de seu fundador – Francisco de Assis – para assim serem fieis ao preceito da Ordem onde diz :“Caridade concreta e prontidão em servir todo e qualquer irmão necessitado”. Fraternos Paróquia Santíssima Trindade


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Projeto de Vida Pessoal

O avançar em um novo desafio 92 anos da criação da Província Paraná – Santa Catarina são marcados pela dedicação e trabalho dos freis capuchinhos

E

são homens de conventos, acostumados com outra realidade de missão, mas demonstram boa vontade e estão confiantes na providência de Deus, tanto que já pensam na construção de um seminário para acolher os vocacionados nativos. Quinze anos se passaram. Hoje, 2 de fevereiro, abre-se o ano de noviciado com os primeiros cinco noviços – fase de formação dos freis onde fazem os votos temporários – do Paraná. A província cresce gradativamente. A região

stamos em 1920, acaba de chegar o primeiro grupo de frades da Ordem Menor Capuchinha no Estado do Paraná. Frei Ricardo de Vescovana lidera os demais franciscanos que vieram em missão a pedido de Dom João Francisco Braga, bispo de Curitiba (PR). Antes de chegarem à região do sul do país, os missionários foram acolhidos por seus irmãos capuchinhos no Rio de Janeiro depois de terem viajado 18 dias de Veneza, na Itália, até o Brasil. Enquanto estiveram no Rio, buscaram exercitar a língua portuguesa e iniciar o processo de aculturação, já que a realidade na América do Sul é bem distinta da europeia. Atualmente o Paraná é habitado por quase 700 mil habitantes, mas ainda há muito que ser desbravado nos quase 200 mil quilômetros quadrados que correspondem a esta região.

*Chama-se Custódia Provincial quando um grupo de freis, que ainda dependem da Província de origem, possui determinado território para o trabalho apostólico e são dirigidos por um superior como delegado do Superior da Província de origem.

Primeiro período É desafiadora a realidade dos capuchinhos vênetos – nome dado aos originados da província de Veneza – porque

de Jacarezinho já conta com novas missões e paróquias administradas pelos capuchinhos, graças ao apoio de Dom

Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

Fernando Taddei, primeiro bispo da nova diocese paranaense. É amplo o espaço de missão nas terras do sul. Mesmo com as dificuldades, pouco a pouco, os frades estão conquistando a simpatia dos paranaenses e, agora também, dos catarinenses. Recém o bispo de Lages (SC), Dom Daniel Hostim, ofereceu a Paróquia de Capinzal, no meio-oeste de Santa Catarina, para que seja administrada pelos capuchinhos. Para lá foram enviados os freis Constantino de Cellore, Beda de Gavello e Galdino de Vigorovéa. Segundo período As ampliações feitas no convento das Mercês, em Curitiba, ajudaram para que os frades pudessem ter as aulas de filosofia e teologia do pós-noviciado. O aumento das vocações é significativo e, no Paraná, os primeiros sacerdotes são ordenados. Por outro lado, é possível sentir o clima de tensão em todo o mundo devido a segunda guerra mundial. Inclusive desde 1940 que não foi mais possível receber grupos de missionários

de Veneza, já que os italianos enfrentam sérias dificuldades para sair de seu país. Contudo, na Custódia Provincial do Paraná e Santa Catarina os freis têm se esforçado para crescer e organizar-se. Todos os aspectos da missão são reestruturados, vive-se um período de sedimentação e consolidação. Ao que parece, o futuro é promissor. Falando em promissor, grandes são as expectativas em torno das produções de

*O Concilio Vaticano II aconteceu de 1961 a 1965 através de 4 sessões que reuniu mais de 2000 autoridades católicas para discutir e regulamentar vários temas importantes da Igreja. As decisões estão descritas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. café no Paraná, já se ouve dizer até mesmo em um chamado ciclo do café. Para acompanhar os desbravadores das matas, os freis têm criado novas frentes de apostolado. O campo apostólico avança em passos largos tanto no Paraná quanto em Santa Catarina. As missões populares nas dioceses dos dois Estados ganham força e notoriedade. Novos seminários estão sendo construídos e intensas atividades fazem parte agora da programação anual. Pode-se considerar que este é um dos períodos

de maior desenvolvimento e expansão em todos os setores da Província. Terceiro período Tamanho foi o crescimento dos últimos anos que neste natal de 1957 já se pode comemorar a transformação da Custódia Provincial em Comissariado Provincial. Aparentemente é apenas uma mudança jurídica, mas na verdade representa um grande avanço para o governo local que passa a ter mais autonomia de decisão nos assuntos atinentes à vida religiosa e eclesial na região. Nestes próximos anos esperam-se também modificações significativas na própria Igreja Católica. Se vê movimentações em torno do Concílio Vaticano II e espera-se a renovação das Constituições dos capuchinhos dentro da nova realidade da Igreja e da sociedade. Quarto período 9 de novembro de 1968. No final do Capítulo extraordinário de revisão das Constituições dos Capuchinhos, o Comissário provincial, frei Agostinho José Sartori, recebe do Definitório Geral o decreto que constituí a nova Província do Paraná e Santa Catarina, sob o patrocínio de São Lourenço de Brindes. A partir de agora inicia um novo desafio. É necessário que já no primeiro Capítulo Provincial seja atualizada as normas de vida de acordo com o Concílio Vaticano II e com as novas Constituições. Porém, acredita-se que através do trabalho e cuidado dos freis, a Pro-

víncia caminhará sob a luz das novas orientações da Igreja, traduzindo o que foi discutido em metas e objetivos da vida religiosa. “Ser testemunhas de vida fraterna minorítica, penitente e contemplativa, vivendo e anunciando profeticamente Jesus Cristo e seu Evangelho, abertos aos sinais dos tempos e aos clamores dos excluídos,

*Capitulo Provincial é o encontro da fraternidade da Província, onde se reúnem os frades para discutir aspectos importantes do carisma franciscano, além de temas relevantes às atividades da região. em comunhão eclesial, para edificar o Reino de Deus no Paraná e Santa Catarina”. Esta é a missão assumida pelos freis capuchinhos do Paraná e Santa Catarina, na Assembleia Provincial deste ano de 2011. Nos dias atuais, os 148 freis capuchinhos da Província São Lourenço de Brindes procuram viver a missão, assumida no ano passado, em suas 24 fraternidades e paróquias espalhadas nos Estados do Paraná e Santa Catarina, no Paraguai com a formação de nova Custódia, no Amazonas onde trabalham dois freis, além das dioceses onde mais três frades nomeados bispos são responsáveis. Baseado no artigo de Frei Bernardo Francisco Felipe, Fraternos Paróquia SantíssimaOFMCap. Trindade


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Vocação

A juventude e a vocação religiosa e sacerdotal Nossa vida é feita de escolhas. No entanto, tanto as escolhas simples como as mais complexas precisam ser tomadas. A própria atitude de não escolher já é uma escolha, ruim por sinal. E cada escolha, seja ela simples ou complexa, traz consequências para quem as toma. Sou livre para realizar minhas escolhas, mas sou responsável por elas. Afinal, feita a escolha, as consequências – boas ou más – virão. Neste pequeno texto, queremos abordar as escolhas existenciais, as quais se apresentam de forma muito intensa na juventude. É neste período que o ser humano jovem se questiona, com maior profundidade, sobre o sentido da sua vida. Sente-se inquieto, provocado a descobrir e dar uma direção à sua existência, questiona-se sobre o “porque” de estar neste mundo. Se esse questionamento for realizado com sinceridade e abertura de coração, na escuta atenta, o jovem percebe-se chamado para uma missão, a fim de concretizar algo para o qual foi sonhado por Deus, e que só ele pode realizar no mundo. Este chamado interior que dá sentido e sabor à existência humana a Igreja denomina vocação. Vocação, portanto, é o chamado de Deus na vida de cada ser humano, que faz a vida valer a pena, que exige uma resposta e que confere uma missão. Este chamado se dá através de um encontro, de um diálogo íntimo com Deus, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. Por meio desses chamados, Deus provoca jovens a abraçarem a vocação à vida religiosa e à vida sacerdotal, dois estilos de vida, plenos de sentido e de realização. O jovem consagrado, homem ou mulher – também chamado de religioso, religiosa ou frei, irmã – são pessoas que se sentiram chamadas, provocadas por Deus a viverem mais próximas e intimamente com Ele e a realizarem uma doação total de suas vidas para o bem da humanidade. Tornam-se “um” com o sagrado. Mediante os votos de pobreza, obediência e castidade, são pessoas livres para seguir Jesus Cristo e ser um sinal escatológico do Reino, já agora, em meio Fraternos Paróquia Santíssima Trindade

à sociedade. Como os primeiros discípulos, vivem em comunidade, também chamada pelos franciscanos de fraternidade. Cultivam a vida de oração, meditam a Palavra de Deus, buscam viver e anunciar o Evangelho. Outra vocação para a qual Deus chama os jovens é a vocação à vida sacerdotal ou presbiteral. São pessoas ungidas para servir, para pastorear o rebanho de Cristo, a exemplo do Bom Pastor (João 10). Participam intimamente da missão de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei, buscam animar e organizar a comunidade, anunciam a Palavra de Deus, celebram a Eucaristia, a reconciliação, os casamentos, ungem os enfermos, visitam as famílias, orientam os fiéis. Pode parecer contraditório, mas a escolha primeira não é feita pela pessoa e sim por Deus. É Ele quem escolhe e chama por primeiro. A pessoa sente-se chamada, provocada por Deus, envolvida por seu amor.

E num dado momento, na escuta atenta desse chamado, escolhe seguir a vocação à qual Deus lhe convida. A proximidade do mês vocacional pode ser uma oportunidade para que você, jovem, diante dos questionamentos da vida, medite sobre suas escolhas, abra espaço em seu coração também para a opção à vida religiosa e sacerdotal. Escute com atenção o chamado e as provocações que Deus lhe faz mediante a Palavra e a realidade à sua volta, e não se acovarde em responder ao convite do Senhor. Acredite! Sua escolha fará toda a diferença e dará um sabor incomparável à sua vida. Paz e bem! Frei Evandro A.de Souza, OFMCap

Caminho vocacional capuchinho //ACOMPANHAMENTO VOCACIONAL: Processo de discernimento acompanhado por uma equipe de frades. Tem duração de um ano. Neste período já se estuda a espiritualidade franciscana e se tem a convivência fraterna.

(São Jerônimo)

//POSTULANTADO: 1 ano e 7 meses de formação. Período de convivência fraterna e aprofundamento da espiritualidade franciscana. //NOVICIADO: Período mais intenso de aprofundamento na regra franciscana, no estudo e meditação dos Conselhos Evangélicos. Ao termino desse período o candidato faz os primeiros votos de pobreza, obediência e castidade. //PÓS-NOVICIADO: Após os primeiros votos, o frade, a cada ano, desejando esta forma de vida, renova seus compromissos (de três a seis anos, podendo ser prorrogado). Tempo também que se dedica ao estudo de filosofia e teologia.

Descubra em 20 de setembro de 2012.

//PROFISSÃO PERPERTUA OU SOLENE: O frade pede para fazer definitivamente os votos. Tendo professado, solenemente, o frade adentra na formação permanente. Aqueles que desejam o ministério ordenado devem, depois da profissão perpetua, tendo cumprindo o estudo de filosofia e teologia, exprimir seu desejo de ser ordenado presbítero. Fonte: http://capuchinhosbc.blogspot.com.br

PARÓQUIA SANTÍSSIMA TRINDADE


“Senhor, que queres que eu faça?” São Francisco de Assis

www.paroquiadatrindade.com


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