Canudo DCE - 3ª ed. 2011. As lutas do Movimento Estudantil

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CANUDO Diretório Central dos Estudantes - UFSC - Florianópolis, Outubro de 2011 - Nº 3 - www.dce.ufsc.br

As lutas do Movimento Estudantil As conquistas do movimento estudantil da UFSC traz melhorias nas condições de permanência dos estudantes da universidade e prepara-se agora para ir a Brasília enfrentar o Governo Federal FERNANDO VARGAS

As manifestações dos estudantes nestes últimos semestres têm alcançado importantes soluções para problemas da universidade, muito embora continua com deficiências como a falta de professores e as péssimas condições de permanência da UFSC. Durante uma sequência de atos nos últimos meses, conquista-se o aumento da Bolsa Permanência e reanima o movimento estudantil a continuar na luta por uma universidade mais acessível.

Estudantes da UFSC conquistam pautas importantes nas últimas mobilizações e fortalecem movimento

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As eleições para a nova gestão da Reitoria leva o movimento estudantil, junto dos estudantes, a focarem-se na construção de um novo Programa Estudantil. Ele será utilizado para expor as principais necessidades a cerca da qualidade e das condições de permanência da universidade e exigir um posicionamento concreto dos candidatos.

edição do UFSTOCK teve como objetivo incentivar grupos artísticos do cenário independente de Florianópolis e de todo o país junto. Além disso trouxe como proposta promover a discussão política e cultural no ambiente universitário e seus espaços públicos, expressando-se por meio da música, da dança e do teatro. Organizado pelo Diretório Central dos Estudantes e pelo Coletivo Cardume Cultural, o UFSCTOCK, é hoje, o maior festival de música independente de Santa Catarina.

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Saiba quais foram Descaso da UFSC com os Campi do os resultados da ocupação da reitoria interior do estado Página 4

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A terceira edição do UFSTOCK reúne milhares de estudantes

MP520 ressurge em forma de Projeto de Lei e ameaça HU

Estudantes, FURB e UFSC no processo de federalização

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RAFAEL VILELA

Terceira edição do UFSTOCK resgata o debate sobre incentivo Programa Estudantil a cultura e o uso dos espaços públicos na nossa universidade diante do processo Durante a última semana, entre 26 eleitoral para Reitoria de Setembro e 2 de Outubro, a terceira


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Editorial

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ste último semestre começou diferente na UFSC: há tempos não se sentia uma insatisfação tão grande nas salas de aulas. Mas onde tudo isso começou? Quais foram as principais reivindicações e conquistas do movimento estudantil? A expansão proporcionada pelo Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (REUNI) abriu vagas na UFSC, mas não cumpriu com a contratação de professores e técnicos, e apenas 30% das obras prometidas foram concluídas. Os novos campi de Araranguá, Joinville e Curitibanos ainda funcionam no improviso: sem restaurante, biblioteca central, e em alguns casos, sem salas de aula. Este processo acabou por também sobrecarregar os servidores técnico-administrativos, que, em Junho deste ano, entraram em greve por melhores condições de trabalho. A reitoria permaneceu inerte, apesar de toda a crise da expansão inconsequente realizada nos últimos anos. Foram re-

flexos disso o iminente corte de vagas em alguns cursos (especialmente o de Economia), e o adiamento das aulas no Centro de Filosofia e Ciências Humanas O cenário estava montado para que os estudantes protagonizassem vigorosas e contínuas mobilizações organizadas pelo Diretório Central dos Estudantes e Centros Acadêmicos. A greve acabou, mas os problemas continuam aí: obras atrasadas, falta de professores, a falta de condições de permanência na faculdade. Ainda há muito a ser conquistado. É para situá-lo no contexto de mudanças e problemas da universidade que nós, do Diretório Central dos Estudantes, escrevemos esse jornal. Queremos divulgar as melhorias conquistadas pelo movimento estudantil ao longo deste semestre, bem como ajudar na formação de consciência do estudante, para que ele possa, assim, entender sua realidade de maneira crítica. Esperamos que seja de bom proveito. Boa leitura!

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CANUDO

CANUDO DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES - UFSC LUÍS TRAVASSOS

Outubro de 2011 - Nº 3 www.dce.ufsc.br canudo.dceufsc@gmail.com

REDAÇÃO Allan Kenji Seki, Beatriz Aguiar, Fernando Vargas, Isabela Ribeiro, Jonathan Faria, Rafael Albuquerque Poddixi, Sara da Silva Böger EDIÇÃO Beatriz Aguiar, Fernando Vargas DIAGRAMAÇÃO Fernando Vargas FOTOGRAFIA Andrey Lolo Brigida, Fernando Vargas IMPRESSÃO Imprensa Universitária

Foto registrada durante a Assembleia Geral dos Estudantes da UFSC em 25 de Agosto de 2011

TIRAGEM 10.000 exemplares


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A mistura da arte e cultura no UFSCTOCK Em sua terceira edição, o UFSTOCK resgata a cultura independente e reanima o debate sobre o polêmico uso dos espaços públicos da UFSC pelos próprios estudantes da universidade a última semana do mês de Setembro de 26 de Setembro a 2 de Outubro, os estudantes da UFSC tiveram a oportunidade de aproveitar a terceira edição do festival UFSCTOCK, um evento gratuito que teve como objetivo mostrar a importância da discussão política e cultural no ambiente universitário. Com 36 atrações, entre elas bandas, grupos de teatros e dança, o UFSCTOCK proporcionou a divulgação de artistas locais e nacionais, rompendo com os vícios da indústria fonográfica. As duas últimas edições aconteceram em 2009 e 2010 organizadas pelo DCE da UFSC, também com o objetivo de incentivar grupos artísticos do cenário independente de Florianópolis e da região. Reunindo público de 2000 e 5000 mil pessoas respectivamente,

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os festivais dos últimos dois anos promoveram a discussão da arte no campus através do som, da conversa e da dança. A edição desse ano do UFSCTOCK foi resultado da parceria entre o Coletivo Cardume Cultural e o DCE UFSC, gestão Rosa dos Ventos. Através de manifestações artísticas, os grupos incentivaram a reflexão e o pensamento crítico sobre a realidade. Há três gestões, o DCE apoia e promove iniciativas culturais no campus. A Rosa dos Ventos protagonizou a organização das duas edições anteriores do UFSCTOCK, além de atuar decisivamente nas pautas de mobilidade urbana e da permanência estudantil.

Durante a tarde rolou teatro, seminários e intervenções artísticas

ESPAÇOS PÚBLICOS

Desde 2009, o UFSCTOCK tem como uma de suas PEDRO CAETANO

Bandas independentes de todo o país se apresentaram no festival

características realizar eventos culturais, artísticos e de integração para estudantes e a comunidade. Mas para a organização dos eventos, é preciso lidar com as burocracias do espaço público na UFSC. O dicionário define público como “do ou relativo ao povo”; “de uso comum”. Em outras palavras, os espaços públicos são os locais de uso coletivo mantidos com verba pública. As praças, os parques e os centros de cultura e lazer são outros exemplos. Mas existe uma enorme burocracia para que possamos utilizar os espaços públicos da nossa universidade. O Centro de Cultura e Eventos, inaugurado em 2004, tem uma boa infraestrutura e comporta 1370 pessoas em seu auditório. Para reservar esse espaço é preciso um ano de antecedência, mesmo com a disponibilidade do lo-

cal. Isso significa que uma gestão de DCE ou de um Centro Acadêmico, que dura um ano, não tem como utilizar esse espaço. Para realizar o terceiro UFSCTOCK, os organizadores passaram por um longo processo de discussão com a reitoria sobre o uso dos espaços públicos – de uso público por seu significado, mas privado por sua regulamentação. Segundo o diretório central dos estudantes, entende-se que as festas e festivais, além de serem um meio de proporcionar a integração dos estudantes como alternativas às baladas super faturadas de Florianópolis, são também um importante espaço para a promoção de arte e cultura na universidade e devem ser espaços de interação social e de domínio público, caso contrário, perdem o sentido de existir.


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A força do estudantes da UFSC Em processo que resultou em diversas manifestações e uma ocupação de reitoria, o movimento estudantil mostra que está se fortalecendo a cada ano e prepara-se para enfrentar o Governo Federal os últimos meses os estudantes da UFSC tem se apresentado para a luta em diferentes e continuas mobilizações organizadas pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes Luiz Travassos) e outros Centros Acadêmicos. Exigindo condições de ensino e permanência a movimentação estudantil teve como principal conquista neste semestre, o aumento da Bolsa Permanência de R$364,00 para R$420,00 com garantia de R$441,00 em Março de 2012. Também não poderia ser diferente frente as condições mais adversas que marcaram o inicio das aulas na nossa Universidade. Com os servidores em greve os estudantes ficaram sem RU e sem BU e a comunidade universitária ainda contava com a real possibilidade de Corte de Vagas na UFSC e a gestão da Reitoria Prata- Paraná agia como se a Universidade estivesse em estado de normalidade.

ACERVO DE IMAGENS DA IMPRENSA DCE

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Cartazes com reivindicações foram colados por todo o campus

proposta de corte, foi suspensa devido a manifestação de cerca de 300 estudantes. Uma semana depois, novamente, os estudantes voltam para o prédio da reitoria em um segundo ato chamado “Prata, Receba meu Recibo!” Nesse dia o DCE organizou um almoço e cerca de 800 estudantes que participaram do ato colaram seus recibos de alimentação ou de livros nos vidros da reitoria, como forma de mostrar o custo de se manter em Florianópolis para estudar sem RU e sem BU.

PRINCIPAIS MOBILIZAÇÕES

VIGÍLIA DOS ESTUDANTES

No início deste semestre as mobilizações tiveram inicio com muitas passagens em sala e panfletagens do DCE que resultaram no ato Contra o Corte de Vagas na UFSC com mais de 300 estudantes na primeira semana de aula. A reunião da Câmara de Ensino e Graduação que votava a

Logo depois da manifestação os estudantes iniciaram um acampamento no local para ficar em vigília aguardando um posicionamento do Reitor a respeito da situação dos estudantes, da greve dos servidores e a ameaça de corte de vagas. A primeira resposta da administração da UFSC foi

o lançamento de um vídeo institucional com o reitor Alvaro Prata representando a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) exigindo o início das negociações do Governo com os grevistas. Logo depois, a adminis-

tração também declarou que o corte de vagas no curso de economia não aconteceria durante a gestão do atual Reitor e ainda apresentou um novo calendário das obras atrasadas. A OCUPAÇÃO DA REITORIA

Na assembleia estudantil, de 25 de Agosto, Alvaro Prata apresentou pela primeira vez a proposta de aumento da Bolsa Permanência para R$420,00 porém, como consequência, declarou que haveria um corte de 150 vagas dos editais que ampliariam o número de beneficiados. Como resposta os estudantes decidiram ocupar imediatamente a Reitoria da UFSC. No mesmo dia a reitoria declarou que retirava todas

RESULTADOS DA OCUPAÇÃO NA REITORIA - Reajuste imediato da Bolsa Permanência para R$ 420,00 com a manutenção do edital que garante 150 novas bolsas para 2012. - Criação de uma Comissão Paritária Permanente para o reajuste anual da bolsa, com o mínimo de 5% (R$441,00) para o próximo semestre. - Declaração da Reitoria da UFSC se pocionando contra o corte de vagas nos cursos de graduação da universidade. - Lançamento de um vídeo institucional pelo Reitor Alvaro Prata exigindo agilidade nas negociações entre o Governo Federal e os Servidores Técnico-administrativos de todo o país. - Nota da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) exigindo a abertura da negociação entre o Governo Federal e Comando Nacional de Greve de Servidores Técnico-administrativos. - Apresentação de um calendário com as datas previstas para a finalização das obras atrasadas na UFSC.


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É HORA DE BATER NO GOVERNO FEDERAL As mobilizações estudantis diante da crise no inÍcio do semestre não sanou todos os problemas da Universidade assim como o retorno dos servidores da greve não resolveu também a maior parte dos problemas de ensino e permanência dos estudantes da UFSC. Mas o movimento estudantil conseguiu conquistar melhorias para a universidade neste momento e deu direção a UFSC em um momento em que a crise afetou a todos e encontrou sua insustentabilidade. Na segunda assembleia estudantil que aconteceu no dia 1 de Setembro, o Diretório Central dos Estudantes da UFSC propôs a continuidade das mobilizações em forma de uma campanha para os próximos mêses com uma articulação ainda maior, desta vez com o movimento estudantil nacional tendo como principal bandeira o aumento de verbas para a educação e a contratação de mais professores para as universidades do país por entender que, diante da limitação da administração da UFSC, a única possibilidade de um avanço imediato na qualidade de ensino superior teria de ser debatido com o próprio Governo Federal.

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as garantias das pautas já conquistadas e que a possibilidade do corte de vagas voltaria a ser uma ameaça aos estudantes. Depois de uma sequência de reuniões de negociação com a reitoria que até então afirmava que não negociaria até que fosse feita a desocupação, no sábado 27 de agosto surge a proposta da administração de garantir, novamente, todas as conquistas anteriores além de não realizar o corte de editais da Bolsa Permanência e autorizar a criação de uma comissão paritária para acompanhar o processo de ajuste do valor. Apesar da incerteza

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entre os estudantes, o DCE defendeu a desocupação por entender que, diante da possibilidade da Policia Federal retirar os estudantes a força resultando na imediata perda de todas as conquistas das mobilizações anteriores, aquele era o limite de exigências naquele momento. No domingo os estudantes decidiram encerrar a ocupação exigindo do Reitor um documento assinado com a garantia de todas as exigências do movimento estudantil e a realização de um novo aumento para R$441,00 em 2012.

17 de Agosto

ATO “PRATA, RECEBA MEU RECIBO” - Aproximadamente 800 estudantes participaram da manifestação, novamente no prédio da reitoria da UFSC.

LINHA DO TEMPO DAS MOBILIZAÇÕES DO DCE

- O Diretório Central dos Estudantes organiza um almoço gratuito no local como manifestação diante da situação dos estudantes não terem mais acesso ao Restaurante Universitário. - A administração da UFSC não se pronunciou e como resposta os estudantes colaram centenas de recibos com gastos alimentícios nas paredes do hall da reitoria.

10 de Agosto

ATO CONTRA O CORTE DE VAGAS - Cerca de 300 estudantes participaram do ato no prédio da reitoria da UFSC. 8 a 10 de Agosto

PRIMEIRA SEMANA DE AULA - Reuniões com Centros Acadêmicos. - Distribuição de panfletos. - Passagens nas salas dos estudantes.

- Neste dia acontecia a reunião que votaria o corte de vagas e por ser aberta, os estudantes decidiram entrar para manifestar seu desacordo. Diante dos estudantes, Carlos Pinto, representante da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação, encerrou a reunião e se retirou.

11 a 17 Agosto

“DOGÃO DO DCE” E CONSTRUÇÃO DOS PRÓXIMOS ATOS

25 de Agosto

PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL DOS ESTUDANTES E INÍCIO DA OCUPAÇÃO NA REITORIA DA UFSC

- Reuniões com Centros Acadêmicos. - Distribuição de panfletos. - Passagens nas salas dos estudantes.

- Mais de 1000 estudantes participam de uma das maiores assembleias estudantis realizadas nos últimos anos na UFSC.

- “Dogão do DCE” gratuito para conversar diretamente com os estudantes e convocá-los para o próximo ato na reitoria.

- Como resposta à mobilização dos estudantes, o atual Reitor Alvaro Prata pronuncia-se e oferece um aumento da bolsa permanência para R$420,00, porém, com um corte de 150 vagas no edital que ampliaria o número de beneficiados . - Como resposta os estudantes, por meio de votação, decidem pela ocupação imediata da reitoria.

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

17 a 25 de Agosto

A VIGÍLIA DOS ESTUDANTES - Após o ato “Prata, Receba meu Recibo” no dia 17 de Agosto, o Diretório Central dos Estudantes, Centros Acadêmicos, forças estudantis da UFSC e dezenas de estudantes montam um acampamento no hall da reitoria em estado de vigília, por 24 horas, exigindo uma resposta da administração diante da situação dos estudantes. A vigília dura 9 dias até a realização da Assembleia Geral dos Estudantes da UFSC no dia 25 de Agosto. - Reuniões com Centros Acadêmicos que não aderiram a manifestação. - Distribuição de panfletos convocando para a vigília na reitoria e também para a Assembleia Estudantil que seria realizada no dia 25 de Agosto. - Passagens nas salas dos estudantes para esclarecer sobre a manifestação, convidá-los a participar da vigília e da Assembleia Geral dos Estudantes.

1 de Setembro

REALIZAÇÃO DA SEGUNDA ASSEMBLEIA GERAL DOS ESTUDANTES DA UFSC - Centenas de estudantes participam da segunda Assembleia Geral dos Estudantes da UFSC no dia 1 de Setembro no hall da reitoria. - Diretório Central dos Estudantes propõem uma campanha com articulação nacional com o movimento estudantil tendo, como objetivo principal, a exigência por maiores verbas para a educação no Brasil e a contratação de professores para as universidades.

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11 de Setembro

PERÍODO PARA AVALIAÇÃO DAS ÚLTIMAS MOBILIZAÇÕES E INÍCIO DO PROCESSO DE ARTICULAÇÃO - Reuniões no Diretório Central dos Estudantes para avaliar os processos de vigília e ocupação da reitoria e para início da articulação a nível nacional com o movimento estudantil. - Reuniões com Centros Acadêmicos. - Distribuição de panfletos. - Passagens nas salas dos estudantes.

25 a 28 de Agosto

A OCUPAÇÃO NA REITORIA DA UFSC - Na Assembleia Geral dos Estudantes da UFSC, no dia 25 de Agosto, diante da tentativa de golpe por parte do Reitor Alvaro Prata em oferecer um aumento de R$420,00 na Bolsa Permanência ao mesmo tempo que cortava 150 vagas nos editais desta, os estudantes reagem e decidem pela ocupação imediata da reitoria. - Diretório Central dos Estudantes, Centros Acadêmicos, forças estudantis e centenas de estudantes participam diariamente da ocupação formando comissões para a organização, segurança e manutenção do prédio da administração.

12 de Setembro a 2 de Outubro

UFSCTOCK 2011 - O Diretório Central dos Estudantes inicia a participação na organização do UFSTOCK 2011 com o Coletivo Cardume Cultural. - Início dos eventos e atrações do UFSTOCK 2011 no dia 26 de Setembro, finalizando com o festival de bandas independentes nos dias 1 e 2 de Outubro.


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A universidade depois da ponte Falta de verba e descaso da reitoria deixa estudantes dos Campi do interior em condições precárias história de nossa universidade nos seus mais de 50 anos, foi construída dentro da ilha, longe do vasto território continental de nosso estado e dos problemas enfrentados pelos nosso cidadãos. A pouco tempo atrás, no ano de 2008 se materializa um importante passo em nossa universidade: ela enfim consegue ultrapassar fisicamente a ponte e chegar ao interior catarinense levando a essas cidades e suas regiões os benefícios de sediar uma universidade federal. Assim nasceram os Campi da UFSC em Araranguá, Curitibanos e Joinville porém desde a sua criação, estes espaços tem sido cenário de imenso descaso com os estudantes por parte da adminis-

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Apesar da falta de estrutura, UFSC cria novos cursos em Ararangúa

tração central da UFSC. Cursos sem professores, pouca estrutura de permanência, nenhuma atividade cultural, nada de extensão ou pesquisa. O Campus de Joinville praticamente não existe e

já amarga um atraso de 2 anos, e ainda esta na fase de terraplanagem. Araranguá recebeu somente metade da estrutura prevista porém os cursos não deixam de ser criados por toda a universidade. Além disso, seACERVO DE IMAGENS DA IMPRENSA DCE

Falta de laboratórios adequados é uma das principais reclamações

gundo os alunos, o Reitor não aparece há mais de um ano. É importante que a UFSC consiga crescer nessas cidades mas isso não pode se dar em detrimento da qualidade de ensino e da constituição de um verdadeiro ambiente universitário. Se os estudantes dos campi do interior participam da mesma instituição que os alunos da UFSC Florianópolis, porque possuem acesso tão restringido a tudo? É essencial que as verbas federais que viabilizam a expansão física e a contratação de pessoal para esses campi seja garantida pelo Governo Federal e a reitoria de nossa universidade tem papel central nestas exigências e negociações.

LABORATÓRIO NO BANHEIRO PÚBLICO Estudantes de Araranguá constroem robô para competição nacional de robótica, o trabalho é elaborado em um laboratório improvisado no banheiro para deficientes, evidenciando a igual potencialidade para pesquisa e inovação dos estudantes destes campi, infelizmente esse potencial vem sendo desperdiçado pela instituição. Se pesquisa e qualidade de ensino não forem política institucional, nós viraremos reféns dos “jeitinhos” e remendos, que apesar de heroicos e dignos de admiração, não substituem a necessidade da atuação institucional.

Nova ameaça de privatização do HU Novo Projeto de Lei 1749 traz possibilidade de precarização e não só ameaça o acesso gratuito ao hospital como também a utilização de suas estruturas pelos estudantes da UFSC

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o ultimo dia de mandato do então presidente Lula, foi criada através de uma medida provisória – MP 520 –, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares SA (EBSERH), que nascia como proprietária de todos os hospitais universitários do país. A medida tinha como objetivo resolver a situação dos trabalhadores de

fundações que trabalham nos hospitais como substitutos aos concursos públicos. A proposta surgiu da exigência da Controladoria Geral da União por soluções, diante do Governo Federal. Mas para a efetivação da medida, os mais de 26 mil trabalhadores de fundações que atuam em HU’s em todo o país vão ter de ser demiti-

dos. A MP também atacou a autonomia das universidades, na medida em que vai tirar os seus hospitais universitários, parte essencial para a formação dos estudantes de saúde e da produção de novas tecnologias ligadas à medicina. A proposta da MP 520 foi motivo de grandes debates no decorrer do semestre passado,

gerando protestos em todo o país – o que também ocorreu na UFSC, com o ato de abraço ao HU, que contou com mais de 300 pessoas. Como MP não é lei, a validade real dessa proposta só se daria quando fosse aprovada no congresso, dentro de um prazo de 6 meses. Mas isso não aconteceu. A MP 520, então, voltou ao congresso


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pela forma de projeto de lei, a PL 1749/2011 que apresenta a mesma proposta e as mesmas insuficiências, recolocando no debate a questão da defesa dos HU’s. Esses hospitais construídos com 100% de dinheiro público podem deixar de atender às pessoas nessa mesma proporção, desviando assim muitos leitos para a iniciativa privada, que receberá de presente a estrutura e a alta tecnologia empregada nos hospitais universitários, sem custos de investimento. Além disso, existe outra fonte de recursos para os HU’s: a venda das vagas de estágios. É fonte de grande cobiça por parte das universidades particulares a garantia de vagas de estagio nos hos-

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HU é a única opção para muitos estudantes que utilizam o SUS

pitais universitários, já que se destacam pela excelência e alta complexidade de seus procedimentos. A ideia de que estudantes da UFSC possam não ter acesso garantido a estágios em nossa universidade,

porque suas vagas, conquistadas por outros estudantes nas décadas passadas, podem ser vendidas, é inaceitável. Perde a sociedade como um todo que paga o HU e no fim não leva, já que esse vai

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ser dividido com a iniciativa privada; perde o estudante de saúde que não terá acesso aos leitos privados e ainda vai ter de disputar as vagas que sobram com as particulares; e perde o profissional da saúde que irá trabalhar em uma condição de elevada precarização, trazida como consequência da EBSERH S.A.. O governo aponta essa falsa saída como solução, mas a resposta é bem mais simples que isso: Os funcionários devem ser contratados pelos HU’s, os concursos devem ser abertos, e os Hospitais Universitários, assim como a saúde e as universidades, devem ser tratados com respeito. Não se faz saúde, ciência, educação e cidadania sem recursos.

Eleições de Reitoria e as novas promessas DCE inicia debate pela construção do Programa Estudantil para exigir um posicionamento dos novos candidatos o dia 13 de setembro o Conselho Universitário aprovou as regras e datas das eleições para reitor e vice-reitor da UFSC. O processo será conduzido por uma comissão eleitoral formada por dois membros de cada categoria, sendo elas os estudantes de graduação, pós-graduação, servidores e professores. Tradicionalmente, a UFSC considera os votos de estudantes de graduação e pós-graduação com o mesmo peso da soma dos votos dos servidores técnico-administrativos e professores, o que é chamado de voto paritário. Com isso o voto de um professor vale o mesmo que o voto de cerca de 16 estudantes. Como Diretório Central dos Estudantes, a nossa posição é clara: qualquer formato de eleição diferente do voto universal, em que cada voto tem o mesmo peso independente da categoria, é um retrocesso a padrões autoritários de

representação e decisão. Havendo um debate amplo sobre o assunto, onde todos possam se posicionar, discutir, convencer e ser convencidos pela opinião dos demais membros da comunidade, não há motivo para um voto valer mais que outro. Se os estudantes são a única categoria da universidade sem interesse direto por cargos ou financiamento, e estão preocupados, apenas, com a qualidade e com os rumos da universidade, não há sentido de que seus votos não tenham o mesmo peso nas eleições. É necessário que utilizemos o processo eleitoral para ampliar a discussão sobre os rumos da nossa universidade, a situação que se encontra, os problemas que precisam ser resolvidos com urgência, a própria função que a UFSC deve cumprir para a sociedade, e, assim, avançar na construção de um projeto de universidade onde os estudantes tenham protagonismo.

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PROGRAMA ESTUDANTIL PARA AS ELEIÇÕES Por decidir em não apoiar nenhum candidato diretamente, o DCE vem durante os últimos mêses preparando-se para a construção do Programa Estudantil destas eleições. Serão abordados temas centrais como financiamento, autonomia universitária e fundações, permanência estudantil, democracia interna, ensino, produção cientifica, extensão e expansão universitária. Esses tópicos serão levados para o debate entre os candidatos, para que eles se posicionem diante dessas questões, fazendo com que o que precisa ser discutido – as propostas de programa para a UFSC nos próximos 4 anos – seja o debate central. Estamos organizando plenárias nos centros de ensino da UFSC para que todos os estudantes possam participar da construção de um Programa Estudantil que conecte os problemas e propostas de cada curso e centro à universidade.


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UFSC e a federalização da FURB Estudantes e a população lutam pela criação da Universidade Federal do Vale do Itajaí a partir da FURB JAIME BATISTA DA SILVA

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ouco tempo atrás a co- uma possível federalização da munidade catarinense foi FURB. A FURB é, pois, uma surpreendida com a notícia universidade pública da esfera de que o Governo Federal pre- municipal; seus funcionários tendia avançar no processo de são funcionários públicos do expansão do ensino superior município e sua estrutura físifederal em nosso estado, con- ca é propriedade da prefeitura templando agora de Blumenau. a região de BluComo os muni“... a população cípios ficam com menau. de Blumenau Depois de déa menor parte cadas em que a dos impostos, as e região luta UFSC foi a única prefeituras não pela criação federal do estado possuem condide uma federal ção de manter e somente Floriaautônoma...” nópolis possuía uma universidaum campus, pade pelo seu alto rece que, enfim, custo – a UFSC, as várias regiões de Santa Ca- por exemplo, possui um orçatarina receberão a rede federal mento virtualmente igual ao de ensino superior. Nos últi- da cidade de Blumenau, o que mos anos, a UFSC criou três equivale a aproximadamente novos campi nas regiões sul, 800 milhões de reais por ano. norte e meio oeste. A região Assim, por não possuir incenoeste ganhou também a Uni- tivo público suficiente, 85% versidade Federal da Fronteira dos recursos da FURB são oriSul – UFFS – e agora o Vale ginados das mensalidades. do Itajaí tem sua histórica deEm mais de uma década manda por uma federal enfim de movimento pela federaliatendida. zação da FURB, muitos estuO debate, atualmente, se dá dos foram realizados, visando no entorno do que será a nova demonstrar a viabilidade do federal de Blumenau, pois o projeto. Hoje, defendem que o governo aponta para a criação Governo Federal acorde com a de um campus da UFSC, en- prefeitura de Blumenau sobre quanto a a população de Blu- a criação da federal no local da menau e região luta pela cria- FURB: a prefeitura doaria a esção de uma federal autônoma trutura da FURB para a União – o que seria resultado de e também os servidores, tan-

Estudantes lotam audiência na Câmara de Vereadores de Blumenau

JAIME BATISTA DA SILVA

Manifestações nas ruas exigem o processo de federalização da FURB

to docentes quanto técnicos, dentro do campus da FURB. seriam cedidos à União, que Se o reitor é contrário à incorpassaria a arcar com seus sa- poração da FURB pela UFSC, lários. Precisa haver a garantia então quem está no comando de manutenção da universida- da UFSC? Por quais razões a de com verbas 100% públicas, Pró-reitora de Ensino de Grapor parte do Governo Federal. duação, a professora Yara MülMas se tudo é viável e até ler, contrariamente ao que diz o projeto já foi elaborado pela o reitor, preside a comissão de sociedade, por que o estado incorporação da FURB e toma não executa? O MEC trabalha decisões sem consultar a cocom a perspecmunidade unitiva da criação versitária? “... por não de um campus É importanpossuir incentivo te deixar claro da UFSC na região, não uma público suficiente, que uma deciuniversidade 85% dos recursos são desse porte autônoma. Ao não pode ser da FURB são apontar nesta tomada pela originados das direção, o MEC reitoria, muito não desconsidemenos por uma mensalidades.” ra só as demanpró-reitoria. A das e o trabalho questão precide muitos anos de toda uma sa ser debatida no Conselho região e um estado, mas tam- Universitário, que é a instânbém as dificuldades hoje vivi- cia máxima deliberativa da das em nossa universidade. universidade. Em meio a tanta O reitor da UFSC, ciente informação e confusão, fica nídessa situação, deixou claro, tida somente a necessidade de em matéria divulgada pelo “O se garantir que esse debate seja Globo” de 06/08/2011, que a feito de forma ampla e séria na construção de um campus em comunidade da UFSC, garanBlumenau não condiz com tindo que o futuro de nossa as situações vividas hoje por universidade não seja construnossa universidade, ou seja: o ído irresponsavelmente, e que campus não é projeto da UFSC os anseios da população do e nem interesse da universida- vale do Itajaí não sejam derrode. O que temos agora é que, tados por uma política federal a partir do próximo ano, a de expansão sem as verbas neUFSC passará a oferecer cur- cessárias. sos presenciais em Blumenau


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