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Ferox de Octávio Lourenço à conquista dos cinco oceanos Festa das Chouriças de Querença

João Manuel Rocha fala do Peso Pesado Teen 1

Uma visita ao Museu Municipal de Olhão ALGARVE INFORMATIVO #43


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SUMÁRIO 6 Fumo cinzento: Temos Orçamento, mas com riscos Opinião Daniel Pina 8 Ferox à conquista dos cinco oceanos Sociedade

16 Festa das Chouriças de Querença Sociedade

22 Ó «nosso» Algarve! Opinião Paulo Cunha

24 O Futebol vai mudar Opinião Paulo Bernardo

8 A Ferox de Octávio Lourenço 26 Os Tios, os Primos e os Travestis Opinião José Graça

28 João Manuel Rocha Sociedade

34 Museu Municipal de Olhão Cultura

40 Atualidade 58 Sugestões 16 Festa das Chouriças de Querença

34 Museu Municipal de Olhão ALGARVE INFORMATIVO #43

28 João Manuel Rocha 4


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OPINIÃO DANIEL PINA Diretor

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s boas novas chegaram de Bruxelas ao final da manhã desta sexta-feira, com a Comissão Europeia a dar o seu aval ao Orçamento de Estado de Portugal para 2016, ainda que com algumas reservas e recadinhos pelo meio, e António Costa depressa afirmou estar particularmente satisfeito com essa notícia. Eu, que percebo minimamente de economia, não vejo grandes motivos para alegria, porque ficou mais uma vez provado que não é o governo português que manda em Portugal e que nem sequer é António Costa que manda no governo português. Dizem que Portugal deixou de ser um aluno subserviente ou um pau-mandado da Comissão Europeia e da chanceler alemã, mas a verdade é que, mal se começaram a ouvir os primeiros zunzuns de que o OE poderia ser chumbado por Bruxelas, o executivo socialista desatou a criar medidas corretivas que permitissem baixar o défice estimado, cortando aqui, aumentando ali, de maneira a que o resultado final ficasse mais ao gosto dos big bosses de Bruxelas e Berlim. E acredito que não tenha sido uma tarefa fácil, porque era preciso dar um forte sinal para o exterior de que Portugal não ia descambar pelo mau caminho depois dos anos de austeridade do governo de Pedro Passos Coelho, mas também não se podia pisar muito os calos aos sócios da coligação, isto é, ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista. A manta de retalhos lá se foi compondo então ao longo desta semana de maneira a agradar a gregos e troianos, e todos nós sabemos como isso é complicado. Não se podia aumentar os impostos à descarada sobre os cidadãos, porque foi uma bandeira empunhada com vigor

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durante a campanha para as Legislativas, então aumenta-se sobre a banca. Só que a banca não é parva, nem gosta de perder dinheiro, portanto, esse dinheiro vai acabar por sair à mesma do bolso do Zé Povinho, através da subida de taxas e comissões e de mais outras gerigonças que os administradores pagos a peso de ouro vão inventar como num passe de magia. Não se podia aumentar muito o IVA, aliás, até prometeram baixá-lo na Restauração, então sobe a taxa em produtos e setores específicos, quando alguns deles até são bens de primeira necessidade ou bens e serviços que conseguíamos exportar enquanto os preços eram competitivos. E, claro, aumenta-se o imposto sobre os combustíveis, mas isso não chateia as gasolineiras, que se limitam a fazer subir o preço da gasolina e do gasóleo, mesmo quando o custo do petróleo está em mínimos históricos. Na sobretaxa do IRS, já não sei a quantas ficamos, não sei se é para acabar, diminuir ou manter, mas isso nem eles sabem. Escalões de IRS devem ficar todos na mesma. Abonos de família, taxas moderadoras, vacinas comparticipadas, infantários mais baratos e acessíveis, também deve ficar tudo igual. É verdade que o salário mínimo nacional aumentou, mas o poder de compra deve seguir em sentido inverno, para não variar. Ou seja, bem vistas as coisas, houve tanto alarido sobre o anunciado fim da austeridade mas acabamos por ficar todos com a carteira na mesma, porque nem António Costa manda no governo português, nem o governo português manda em Portugal . 6


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SOCIEDADE

PRANCHAS DE SURF DA FEROX À CONQUISTA DOS CINCO OCEANOS A Ferox de Octávio Lourenço é mais um excelente case study do empreendedorismo algarvio e mais uma demonstração de que não é necessário estar numa grande metrópole ou centro urbano para se ter sucesso, tanto a nível interno, como além-fronteiras. E o facto é que as pranchas de surf concebidas e produzidas na antiga fábrica de cortiça dos pais, na vila de São Brás de Alportel, coração da Serra do Caldeirão, são escolhidas por atletas profissionais de nível mundial para «atacar» as ondas mais famosas e desafiantes dos cinco oceanos. Texto e Fotografia Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #43

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preparar-se para começar a criar mais uma das suas pranchas de surf, aquelas que, de repente, estão na boca do mundo mas que, na hora da verdade, já andam a cortar ondas há muitos anos, e não apenas ondas tugas, mas dos quatro cantos do globo. Aliás, é da Ferox a primeira prancha portuguesa a ver-se na onda JAWS, no Havai. Mas já lá vamos, não convém meter a carroça à frente dos bois, é melhor começar pelo princípio, como qualquer boa história que se preze. “O primeiro passo do processo é fazer uma entrevista ao cliente, saber para que fins deseja a prancha, qual o seu nível de surf, o peso, a altura. Uns estão a começar, outros são profissionais, temos desde netos a pais e avós, portugueses e estrangeiros”, relata, frisando que a empresa está vocacionada para a

stava um sol e uma temperatura de fazer inveja a qualquer um na tarde em que me desloquei até São Brás de Alportel e, por entre uma indicação de nascente para aqui e poente para ali que me deixaram completamente desnorteado, lá cheguei ao meu destino, uma antiga fábrica de cortiça transformada em ateliê e oficina de pranchas de surf. Nada de letreiro, placa ou néon luminoso na fachada, encontramos um armazém de porta aberta, um barco de recreio, muitas pranchas espalhadas pelas paredes, lá ao fundo, finalmente, uma pequena placa de madeira com a indicação «Ferox». Afinal, não tinha entrado por casa alheia adentro. Mais umas passadas e lá descobri Octávio Lourenço com o seu traje de trabalho, de volta do computador a ALGARVE INFORMATIVO #43

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produção de pranchas de surf e não de bodyboard ou longboard.

Cai por terra aquela imagem do surfista de calção de praia e prancha de surf debaixo do braço que se lança para o mar de forma descontraída, esteja ele como estiver, como assistimos em vários filmes ou séries de televisão. Octávio Lourenço sublinha, porém, que tudo depende da abordagem de cada praticante e que nem todos precisam andar numa carrinha carregada de pranchas.

Sobre a matéria-prima propriamente dita, Octávio indica que gira muito à base de poliuretanos, mas a Ferox gosta bastante de inovar nesse aspeto e procura fazer pranchas 100 por cento biológicas, incorporando materiais típicos da serra algarvia e de outros pontos da região. Uma escolha que não é aleatória ou feita por modas, garante o entrevistado. “O material tem que ser funcional e não é obrigatório que seja leve. Para ondas grandes são preferíveis pranchas pesadas para se absorver melhor o impacto e manter-se um maior controlo e, por exemplo, a cortiça é boa para isso”, esclarece, o que deixa antever que cada surfista, nomeadamente os profissionais, leva diversas pranchas para as competições para se adaptar às condições que vai encontrar no terreno. “É o chamado quiver. O nosso embaixador por excelência, o Alex Botelho, que foi o primeiro português a surfar a JAWS, só da Ferox tem 30 tábuas, cada uma com a sua especificidade e a sua função: umas para ondas de Verão, outras de Inverno, umas para as ondas da Ericeira, outras para as ondas da Irlanda”. 11

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clientes que trazem ideias bem delineadas, outros nem tanto. Como eu sou licenciado em Artes Plásticas, gosto de fazer uma antevisão artística ao cliente antes de se avançar para a prancha em si. Depois, cada prancha é diferente e personalizada consoante as medidas da pessoa que a vai usar”, refere, falando em quatro perfis tipos: crianças, pessoas pequenas, médias e grandes. “O João Serafim e o João Cabrita são baixinhos e servem de referência para calibrar esse segmento, eu e o Alex Silva estamos no padrão médio e o Alex Botelho insere-se no patamar das pessoas mais altas”. Feito o modelo no computador, é arregaçar as mangas e meter a mão na massa e é nessa fase que se percebe a categoria do shaper, o seu talento inato, o seu jeito para o ofício, até porque, pelos vistos, não é muito difícil fazerem-se pranchas padrão para surf. “Agora, conceber uma prancha otimizada para o que se vai realizar na prática, já não é para qualquer um. É fácil fazer violinos, mas nem todos sabem fazer violinos que depois toquem bem”, compara Octávio Lourenço, adiantando que os prazos normais de entrega rondam as duas ou três semanas, sendo que a pintura é o que normalmente atrasa mais o processo. “Se for uma prancha simples, branca, está feita numa semana, semana e meia”.

“Quem surfa em mares muito específicos pode usar apenas uma tábua, já um profissional tem que ser versátil e, para tal, tem que possuir material à altura. Nem todos conseguem surfar ondas na Nazaré e, no dia seguinte, estar na MeiaPraia”, aponta, confirmando que uma prancha mal escolhida significa maiores dificuldades para o surfista dentro de água. Muitas considerações e variáveis que são tidas em conta na tal entrevista inicial com cada cliente, mas depois há também a componente estética, escolher as cores e padrões, os logotipos, os textos, os tipos de letra, as imagens, prossegue o sãobrasense. “Na Ferox estamos muito focados na função e na estética e há ALGARVE INFORMATIVO #43

Pranchas que, depois de concluídas, não podem ser refeitas, o mais que se pode fazer é pintar toda de branco e mudar o desenho, padrão e cores, isto porque, na ótica de Octávio Lourenço, este ofício é um género de matemática onde existem diversas variáveis. Ou, 12


foi um género de «matar dois coelhos com uma só cajadada», porque Octávio Lourenço é praticante de surf há largos anos e sempre gostou das artes plásticas desde miúdo, fossem retratos ou esculturas. Não foi de estranhar, então, que, no final do curso superior tenha desenvolvido um projeto com a prancha de surf enquanto objeto de arte. “Um amigo que tinha uma loja pediu-me para lhe fazer duas ou três tábuas e elas, mais pelo efeito estético, foram vendidas no espaço duma semana. Comecei a conceber mais pranchas, ao mesmo tempo que praticava surf na zona de Peniche e Caldas da Rainha, e deu-se a possibilidade de ganhar a vida a fazer isto”, recorda.

comparando com a culinária, que também está na berra, utilizar os melhores ingredientes não implica que o prato final seja saboroso. “Quando alguma coisa falha ou não está ao gosto dos clientes, eles estão perfeitamente à vontade para trocar a prancha. Para além disso, uma prancha que é boa ou má para uma pessoa não é necessariamente boa ou má para outra, pelo que conseguimos facilmente vender, em segunda mão, um material que não bateu certo com o cliente na primeira tentativa. A nossa principal preocupação é, de facto, que o cliente fique satisfeito”, garante.

Shaper por gosto e não por dinheiro Depois de uma pausa para terminar uma operação no computador, retomamos a conversa e descobrimos que este negócio

Os passos seguintes foram tomados com bastante ponderação, fazer pranchas para os amigos, estudar cada 13

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vez mais sobre o assunto, buscar informação onde quer que ela existisse, numa época onde a internet era uma miragem. “O percurso foi feito degrau a degrau, aceitando cada fase e sem saltar etapas à maluca. Hoje, estou supersatisfeito porque fomos a primeira marca portuguesa a chegar à JAWS, uma onda mundialmente conhecida, ainda por cima através de um atleta algarvio”, destaca, confirmando que a melhor forma de evoluir no ofício é aprendendo com os shapers mais antigos, desde que eles estejam dispostos, claro, a partilhar os seus conhecimentos. “Na hora da verdade, é um trabalho de tentativa/erro. Comecei a fazer pranchas de ondas grandes há cinco anos com o Alex Botelho, quando ele foi para Mavericks, na Califórnia – onde o McNamara se aleijou agora – e temos vindo a melhorar imenso com o passar do tempo. Obviamente que essas tentativas são para ser feitas com os atletas. Eles são, muitas vezes, as nossas cobaias, para que os clientes comprem produtos já certos, garantidos”, explica.

zona da oficina, porque o trabalho não podia parar e havia prazos de entrega para cumprir, inclusive para clientes estrangeiros. Curiosamente, a exportação nunca foi um objetivo de Octávio Lourenço, mesmo quando uma loja italiana quis assegurar a exclusividade da produção. “Verifiquei, contudo, que o transporte para Itália era mais caro que o produto e tínhamos que arranjar umas caixas especiais. Desistimos logo dessa ideia”, conta. Hoje, graças às novas tecnologias de comunicação e ao fenómeno da internet, a internacionalização da Ferox desenrola-se de uma forma bem mais simples e direta, revela o mentor da empresa. “Somos frequentemente contatados por turistas estrangeiros que vêm passar férias ao Algarve e nos pedem para termos uma prancha pronta na altura em que chegam a Faro. É uma exportação muito curiosa e sem despesas, porque eles vêm, vão logo fazer surf nas praias algarvias com as nossas tábuas e depois regressam aos seus países de origem com uma Ferox na bagagem”, esclarece, com um sorriso.

E porque estávamos a falar do início desta caminhada de sucesso, perguntamos se «Ferox» era a sua alcunha de surfista e não nos enganamos por muito. “Quando comecei a dedicarme ao surf, usava desenhado nas pranchas um logotipo dum tubarão, que já vinha dos tempos em que acompanhava o meu irmão na apneia, no mergulho e na caça-submarina. Entretanto, descobri que havia um tubarão na costa algarvia, um cação, com uma designação semelhante e tenho ali no jardim um aloe ferox também, com muito mais bicos do que o normal, daí os dentinhos no tubarão”, relata, já noutra ALGARVE INFORMATIVO #43

Já inerentes a esta indústria são os apoios e patrocínios das marcas de pranchas a certos surfistas e também nesse aspeto Octávio Lourenço não é igual aos outros fabricantes. “Vivemos numa época em que o surf é uma moda tão grande que toda a gente quer ser profissional mal se mete em cima duma tábua e executa umas manobras. Os torneios e opens são bons mas, para ser um atleta profissional, não basta ganhar o 14


campeonato do melhor da minha rua”, distingue o entrevistado, sem papas na língua, embora reconheça que é importante para qualquer marca ser escolhida pelos nomes mais sonantes da modalidade. “Somos uma marca do Algarve, o nosso intuito é apoiar os atletas da nossa região, mas não só, e o Alex Botelho foi dos primeiros a entrar para a nossa equipa. É um atleta por excelência, bastante reconhecido e apreciado no estrangeiro e deu-nos uma visibilidade enorme”, enaltece.

Dinis Duarte e Octávio Lourenço

específicas para a Nazaré e até o McNamara nos elogiou e mostrou interesse em adquirir algumas”. Um sucesso crescente que não alterou a prioridade de Octávio Lourenço, assegurar a satisfação dos clientes, daí não pensar muito em taxas de crescimento e expansão. “Não estamos preocupados com os números, mas com a qualidade e a excelência do produto em si. Este não é propriamente o melhor negócio para se enriquecer, porque é um trabalho bastante demorado e árduo, de dedicação”, garante, antes de concluir: “A Ferox não é uma produção em massa, nunca quisemos um produto industrial. Gostamos deste ambiente familiar em que o cliente vem falar connosco ou nos encontramos na praia, aliás, nem usamos números de série na base de dados. E ver as pessoas na praia extremamente felizes com as suas pranchas Ferox, algumas com bastantes anos e com o logotipo antigo, é das melhores satisfações que se pode ter”.

Medo da concorrência também não faz parte da filosofia de vida de Octávio Lourenço, aliás, entende que, para se ser bom, é preciso que haja muitos intervenientes no mercado e sente-se bastante realizado por se encontrar entre os cinco melhores shapers de Portugal. “Existem muitas pessoas a fazer pranchas e o surf passa imenso pelos sentidos e afetos, portanto, é difícil dizer se as alcatifas e tapetes mágicos de cada praticante funcionam ou não. O shape é uma série de opções que tomamos e que tornam a prancha mais ou menos mágica, é tudo relativo”, comenta, acrescentando que a escolha de matériasprimas fora do habitual é uma dessas tais opções que pode ser determinante para se ter mais ou menos êxito. “Como artista plástico sempre tive curiosidade para sair fora do que é tradicional. Já usamos a cortiça em pranchas 15

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SOCIEDADE A FESTA, QUE É UMA FESTA (DE NACIONALIDADES, DE GASTRONOMIA E DE TRADIÇÕES) A Festa das Chouriças, em honra de S. Luís, é, todos os anos, o ponto alto da vida da aldeia de Querença. Desde as bancas de produtos tradicionais, até ao divertido leilão de produtos, o Largo da Igreja ganha uma vida que nos outros dias não tem. Este ano não foi exceção e foram centenas as pessoas que se deslocaram até esta típica aldeia algarvia. Novos, velhos, e, claro está, (muitos) turistas. Texto e Fotografia Pedro Lemos

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ebaixo de um calor abrasador, Maria Guerreiro não se deixa intimidar pelas vicissitudes climatéricas. Venha o que vier o dia é de festa, mas também de trabalho. “Há mais de 10 anos que vendo aqui, na Festa das Chouriças”, conta. Na banca de Maria é possível encontrar as inevitáveis chouriças, mas também pão caseiro e até banha de porco para venda. Natural de Querença, foi ali, na aldeia que se ergue por entre as serras algarvias, que cresceu. Desde nova que se lembra da existência da Festa, ainda que em moldes diferentes. “Antigamente isto era algo apenas para as pessoas aqui da terra. Era uma festa pequena. Como cada família tinha o seu porco como forma de sustento, havia o hábito de se pedir a São Luís, o patrono dos animais, que o conservasse bem. Depois da matança, e como forma de agradecimento, as famílias ofereciam, ao santo, as melhores chouriças”, explica. Foi assim, de uma tradição antiga, do barrocal algarvio, que nasceu a Festa das ALGARVE INFORMATIVO #43

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Chouriças. Hoje, longe dos tempos recordados por Maria, esta ganhou outros contornos: já não há o hábito de cada família ter o seu suíno e as regras para matanças do porco tornaram-se rígidas. Quem o faz fá-lo, essencialmente, para vender. Esses continuam a oferecer uma chouriça a São Luís, como forma de perpetuar a tradição. Enquanto atende os vários clientes que vão passando pela sua banca, Maria lembra o paradoxo que é a Festa: se, por um lado, está ligada à tradição e, por conseguinte, ao passado, por outro, é nos últimos anos que tem crescido mais. “Quando o Hélder Martins foi Presidente da Junta de Freguesia de Querença quis que a Festa das Chouriças crescesse e ganhasse notoriedade. E a verdade é que conseguiu”, diz, de sorriso estampado no rosto.

O Largo da Igreja… e da Festa. Ou será party? Largo da Igreja. No ar sente-se o cheiro característico da chouriça assada e ouvese uma mistura de línguas, também ela característica, mas do Algarve – há quem, naturalmente, fale português, a língua nativa do país, mas também se ouve (e muito) a língua de Shakespeare – o inglês.

Desde sempre que a Festa das Chouriças tem como palco o Largo da Igreja. A razão é de fácil explicação: a imagem de São Luís, a quem eram oferecidas as chouriças, encontra-se na Igreja. Hoje, apesar da centralidade que as celebrações religiosas continuam a assumir – principalmente a procissão em honra de São Luís – a festa faz-se, essencialmente, no exterior. É lá que se encontram as várias bancas de venda da rainha e senhora da Festa – a chouriça, seja pronta a comer, seja ainda por assar. Mas não só: há, também, bancas de vinho, de doçaria, de pão e de artesanato. O espaço é pequeno mas faz-se grande. Não grande o suficiente, todavia, para acolher as centenas de pessoas que passeiam pelo

É o caso de Charles e Helly, um casal escocês de visita ao Algarve. “Estamos no Algarve há três semanas e só temos pena de não podermos ficar ainda mais três”, lamenta Charles. Apesar de as visitas à região já serem um hábito do casal há mais de 15 anos, esta é a primeira vez que se deslocam a Querença para a Festa das Chouriças. 19

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Inglaterra, é a primeira visita que fazem ao Algarve. São facilmente identificados como o típico turista: de calções, t-shirt e boné vão tirando fotos ao artesanato local. A cor da pele também não engana – o branco tradicional de países onde o sol é escasso deu lugar a um vermelho a tender para o comum «escaldão». A chouriça, rainha e senhora da festa, foi o grande atrativo que os fez deslocarem à Festa. “Viemos devido às chouriças. Já comemos uma e era terrível. Detestámos. Era muito gordurenta e diferente daquela que costumamos comer em Inglaterra”, diz Jerry. Ainda assim, confessam, estão a gostar da visita a Querença. “As pessoas são muito prestáveis e temos visto produtos interessantes”, confessam ambos.

“Lemos num jornal que ia haver uma festa sobre chouriças e como somos os dois grandes amantes da gastronomia portuguesa não hesitámos em vir”, conta Helly. E o balanço, nas palavras de Charles, não podia ser mais positivo: “Estamos a adorar. Sem dúvida que é um evento a ter em conta em próximas visitas ao Algarve. A chouriça é divinal e este sol é absolutamente maravilhoso. Enche-nos de vida”. Com efeito, são muitos os turistas que acorreram a Querença nesta edição da Festa das Chouriças. Prova disso é o facto de os terrenos perto da Casa do Povo de Querença, próxima do Largo da Igreja, serem palco de uma espécie de parque de estacionamento para autocaravanas improvisado. São mais de 20 as autocaravanas lá estacionadas, todas com matrícula estrangeira e que espelham a afluência dos turistas a Querença.

A tradição de se gritar pela chouriça (e não só)

Não na Casa do Povo, mas no Largo da Igreja, Jerry e Melisa exploram cada banca dedicada ao artesanato. Naturais de ALGARVE INFORMATIVO #43

Durante todo o dia, Querença assiste a inúmeras atividades inseridas no 20


contexto da Festa da Chouriças. Desde a missa, passando pela procissão, com um andor reservado ao patrono dos animais – São Luís, até ao tradicional leilão de produtos tradicionais, que são doados, por quem assim o desejar, em honra a São Luís. De microfone na mão é um dos mordomos da festa, que levam, em ombro, o andor da procissão, quem leiloa as inevitáveis chouriças, mas também o vinho tinto, o pão caseiro e o medronho. Todos os produtos têm, em comum, a chancela de serem caseiros e regionais. Longe da confusão que rapidamente se instala em frente ao edifício da Junta de Freguesia de Querença, onde decorre o leilão, Dália João não abandona a sua banca. Como nem só de chouriças vive esta Festa, na banca vende doçaria; bolos, essencialmente. A blusa que veste tem, nas costas, estampado, o nome da sua terra – Querença. Mais propriamente: Associação Bem-Estar Amigos de Querença. Por entre sorrisos explica o que é esta associação da qual é voluntária: “Somos uma Instituição Privada de Solidariedade Social, que dá auxílio a idosos. Cuidamos do lar e do centro de dia de Querença, mas também prestamos apoio domiciliário”. O total de receitas feitas com a doçaria destina-se, precisamente, para ajudar a Associação.

coisas”, diz. Mas, atraídos pela cidade, pelo consumo fácil e imediato, e pela modernidade dos centros comerciais, este tipo de festas, de pendor mais tradicional, não tenderão a acabar? Dália é peremptória na resposta: “Festas como a Festa das Chouriças nunca vão acabar, a meu ver. Em primeiro lugar porque a base é algo gastronómico de que miúdos e graúdos gostam. Em segundo, porque os Facebook’s ajudam muito na divulgação destes eventos. E se há gente que usa esse tipo de redes sociais é a gente nova. É por aí, pela divulgação e publicidade, que se passa o futuro – e o crescimento – da tradição que é a Festa das Chouriças”, conclui .

Apesar de ser uma festa com raízes no passado e que tende a atrair faixas da população de maior idade, são também algumas as caras novas que se vêm passar pelo Largo da Igreja. É com orgulho que Dália vê essa realidade. “Há gente jovem a interessar-se por este tipo de tradições e que se esforça, todos os anos, para que a Feira das Chouriças seja um sucesso. Têm de ser eles a dar continuidade a estas

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OPINIÃO Ó «NOSSO» ALGARVE PAULO CUNHA comum ouvir gente que saiu do Algarve dizer que tal foi necessário para, finalmente, conhecer a real dimensão, peso e importância desta província portuguesa. Gente que, invariavelmente, saiu com vontade de ficar e que, não o tendo feito, volta sempre que pode, adiando o inevitável e definitivo regresso. Afinal de contas: quem nasce ou “renasce” numa terra abençoada pela natureza, sente-se abençoado por nela passar o resto da sua vida!

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É um facto, a importância das coisas é aquela que lhes damos! Basta imaginar o que sentirão os peixes que vivem dentro de um pequeno aquário… para eles, aquele é o seu mundo e basta-lhes, não imaginando sequer o quão diminuto e restrito o é face ao oceano. Daí a importância de sair para perceber que a grandiosidade dos recursos naturais e a forma como os autóctones os gerem não tem sido merecedor, por parte de quem nos governa, do devido e merecido crédito e mérito. Por ser a habitual “casa de férias” de muitos portugueses durante cerca de três meses por ano, vulgarmente apelidados de “silly season”, para demasiados o Algarve funciona como uma espécie de estância turística que, a exemplo de muitas unidades hoteleiras, também fecha nos restantes meses. Basta ouvir a forma como falam desta região para além dos meses de verão, e a importância que lhe é dada comparativamente a outras que estão cada vez mais a ser noticiadas pela forma como gerem os seus recursos naturais em proveito dos seus habitantes e visitantes. Em termos de contexto contributivo, em relação a todas outras é uma das províncias que

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mais riqueza gera. Por assim ser e por ser já um dado adquirido, tem vindo a desmerecer a atenção de quem tem responsabilidade de acautelar a manutenção, crescimento e valorização de todos os outros setores de produção desta província. Refém da ideia errada que o Algarve existe exclusivamente de, e para o turismo, e onde nada acontece para além do período de lazer e ócio, temos vindo (algarvios) a sentir na pele o descrédito e abandono por parte de quem olha para o Algarve apenas como um grande e vasto areal que se espraia pela costa. Por isso não é de estranhar ouvir tantos a queixar-se que nada do que por cá fazem chega para lá do Alentejo, quanto mais alémfronteiras!? Mas como poderemos nós mudar este estado de coisas, dando ao Algarve o devido e merecido destaque, tornando-o notícia para além das súbitas e imprevisíveis alterações meteorológicas e suas consequências? Sou daqueles que advoga e defende que pensar e agir “em grande” ensina-se e aprende-se nos bancos da escola. De pequeno, como em tudo! Olhando para esta região inserida num todo global e uno; com orgulho e perseverança; sem a mesquinhez e a falsa modéstia dos subservientes; afirmando ideais; negociando e debatendo contrapartidas; promovendo e criando pontes inter-regionais. Para que o Algarve, o tal destino de férias para onde todos rumam quando querem ficar “silly”, não seja visto aos olhos de quem nos visita como uma região onde apenas se descansa e pouco mais acontece, é altura de nos deixarmos de “provincianices” regionalistas e começarmos a pensar e a agir como portugueses de primeira. Que o somos! . 22


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OPINIÃO OPINIÃO O FUTEBOL VAI MUDAR PAULO BERNARDO Empresário

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sta semana aconteceram vários factos que me fazem pensar que o futebol como o conhecemos vai mudar muito em breve. O mercado Chinês entrou pela primeira vez a sério na compra de jogadores de futebol. A transferência de Jackson Martinez foi um dos mais surpreendentes movimentos de mercado dos últimos anos, apanhando quase toda a gente de surpresa. Se os 42 milhões de euros que o Guanzghou Evergrande pagou ao Atlético de Madrid são uma surpresa, então prepare-se para saber quanto irá ganhar o internacional colombiano. A equipa de Luiz Felipe Scolari irá oferecer a Jackson Martinez cerca de 12,5 milhões de euros por ano. Feitas as contas, o avançado irá receber 240 mil euros por semana, 34 mil euros por dia e 1416 euros por hora. Podemos dizer que é um louco que apenas quis gastar dinheiro. Contudo, outro clube chinês, o Tianjin Teda, também levou Fredy Montero por cinco milhões de euros. Possivelmente, a China tem dinheiro e loucos a mais mas não me parece. Também se fala da abordagem a José Mourinho para estratega do futebol chinês. Bem como a abordagem à nossa segunda liga, com patrocínio e com a «imposição» de colocar jogadores chineses a jogar. Parece-me que tudo é possível nesta fase pois a China necessita de motivações para uma nova geração. O pão e circo, tão importante na política desde sempre, hoje poderá ser pão e futebol para o ecossistema do grande dragão oriental. Vamos ver, mas julgo que, bem aproveitado, pode ser mais um negócio que a Europa venda a um preço interessante. A questão do futebol não teria interesse nenhum se não pudesse ser feita outra leitura, mais macro.

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O negócio do futebol apenas demostra que mais atividades se irão fixar nas latitudes orientais e que a Europa a cada dia que passa perde as suas fontes de receita. É importante manter-nos atentos e usar as nossas raízes genéticas de navegadores para ganhar alguma parcela do mercado que cresce no outro lado do mundo. Podemos ser dos primeiros a chegar lá, pois ainda perdura uma tradição de boas relações entre a China e Portugal. Fica a dica, não adormeçam, pois a Europa nem tão cedo vai voltar a ser o que era. Nota da semana: O orçamento negociado com a Europa, que chegou à conclusão possível. Mas o mesmo orçamento deu para entender como a nossa imprensa, os nossos políticos de direita e uma quantidade industrial de comentadores ficaram híper frustrados com a forma que o atual governo negociou o melhor orçamento possível para Portugal. Pareciam hienas à espera que o animal caísse moribundo, mas não tiveram a alegria de perpetuar a política de empobrecimento da nossa frágil economia. Figura da semana: José Veiga, o homem do futebol que foi usado pelos banqueiros portugueses e outros para fazerem os seus negócios menos claros. É interessante ver como as técnicas menos lícitas do futebol se aplicaram como uma luva ao mercado financeiro. Como se diz, o dinheiro não tem cor e quem sabe nunca esquece. Apenas espero que não seja sempre o mexilhão a pagar as favas e que os rapazes de colarinho branco se mantenham a aproveitar os rendimentos . 24


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OPINIÃO OS TIOS, OS PRIMOS E OS TRAVESTIS… JOSÉ GRAÇA Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve

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Regressando aos cenários nacionais, António Costa disse desde a primeira hora ao que vinha e conseguiu dentro da família das esquerdas (os tais primos) um conjunto de acordos de princípio para viabilizar no Parlamento um orçamento virado para as necessidades das pessoas, que parasse a tendência de empobrecimento da sociedade e proporcionasse o regresso aos objetivos do crescimento da economia e da criação de emprego. Com as Grandes Opções do Plano 2016-2019 já aprovadas por unanimidade no Conselho Económico e Social, o Governo aprovou a proposta de Orçamento com o beneplácito dos tios (os organismos da União Europeia)! Se as questões da família ficassem por aqui, parecia que tudo estava bem, mas o processo não foi assim tão simples. Apresentado em Bruxelas com um atraso inusitado pelas razões antes explicadas, o draft do documento foi alvo de ataques virais dos eleitos do PSD e do CDS na Assembleia da República, no Parlamento Europeu e nas redes sociais, levando muita gente a questionar-se sobre o seu patriotismo de pacotilha. Será que o draft revelava alguma inconstitucionalidade gritante?! Não, apenas demonstrava que era possível fazer diferente e melhor, assumindo-se como ponto de partida para uma negociação onde os interesses nacionais estavam em primeiro lugar… Como se não bastasse este histerismo caquético e delirante dos seus pares, assistimos esta semana ao enterro da credibilidade do anterior Primeiro-Ministro. Apresentando-se a sufrágio pela quinta vez no PPD/PSD, Pedro Passos Coelho vem agora armado em paladino da social-democracia como se os verdadeiros sociaisdemocratas não soubessem bem aquilo que andou a fazer nos verões passados, liderando o Governo mais liberal e insensível da nossa história. Haja sabedoria para lidar com estas figurinhas, porque a paciência para aturar travestis já é pouca… ou nenhuma! .

lguns termos da nomenclatura familiar dominaram nestas semanas o vocabulário político, numa primeira fase, e as manchetes dos jornais e das televisões num momento seguinte, tentando explicar os relacionamentos existentes no processo de negociação inerente à elaboração do orçamento de Estado para este ano. Por culpa exclusiva do ainda Presidente da República e do primeiro governo Passos/Portas, estamos a discutir em fevereiro de 2016 aquilo que deveria ter sido discutido em julho ou agosto do ano passado e apresentado no Parlamento até 15 de outubro. Na melhor das hipóteses, o OE’2016 entrará em vigor no segundo trimestre do ano e algumas das medidas mais esperadas apenas no segundo semestre, a partir de 1 de julho… Foi um erro gravíssimo do Presidente da República manter em funções um Governo que já nada tinha a dar ao País e que apenas sobrevivia devido aos balões de oxigénio proporcionados pela conjuntura internacional (queda do preço do petróleo e taxas de juro negativas, entre outras benesses) e pelo Banco Central Europeu, que decidiu em boa hora fazer aquilo que os bancos nacionais deveriam fazer: apoiar o desenvolvimento da economia e sustentar o empreendedorismo e a inovação. Embora pertença á mesma família política dos anteriores Governos, até Jean-Claude Juncker percebeu que era esse o papel da Comissão. Recordemos que o Parlamento Europeu aprovou, no final de junho passado, o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, conhecido como "Plano Juncker", que pretende mobilizar 315 mil milhões de euros de investimento público e privado nos próximos três anos. Era para arrancar no final do verão, visando o financiamento de projetos viáveis que não se consigam aprovar nos fundos atuais, nem financiar pelo mercado, destinando-se 240 mil milhões de euros para investimentos e 75 mil milhões de euros para as empresas, nomeadamente as pequenas e médias empresas, que geram dois terços do emprego no setor privado e representam 99% das empresas na Europa.

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NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 26


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SOCIEDADE

JOÃO MANUEL ROCHA VENCEU O «PESO PESADO TEEN» E É UM EXEMPLO PARA OS MAIS NOVOS É de São Brás de Alportel o vencedor da primeira edição do concurso da SIC «Peso Pesado Teen», um formato direcionado para os mais novos com problemas de obesidade. João Manuel Rocha entrou para o programa com 134,9 quilos e, passados três meses, tinha perdido 54 quilos, um sonho tornado realidade para um jovem que sofria dos habituais sintomas de falta de confiança e pouca autoestima. Agora, tornou-se um exemplo para as novas gerações, demonstrando que, quando há vontade e empenho, tudo se consegue alcançar. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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oi junto ao edifício da Câmara Municipal de São Brás de Alportel e da Igreja Matriz desta vila da serra algarvia que marcamos encontro com João Manuel Rocha, logo pela manhã, antes do jovem de 20 anos ir para o primeiro treino diário. Uma rotina que se tornou natural desde que participou no «Peso Pesado Teen», o formato do concurso da SIC direcionado para os mais jovens e que o sãobrasense acabou por vencer sem causar grande espanto a quem seguia atentamente os compactos semanais. Contudo, não foi com o dinheiro ou a fama em mente que João se inscreveu, os motivos eram bem mais simples, excesso de peso, mais concretamente 134,9 quilos no dia em que entrou para o programa. “Era um jovem claramente obeso e queria mudar a minha vida. Não tinha problemas de saúde derivados do peso, era uma pessoa sã, era a questão da aparência que me incomodava mais”, afirma, de olhos colocados na vista que se estendia pelo horizonte.

jovens sofrerem de obesidade. No caso de João Manuel Rocha, o problema nem era a parte física, era um rapaz habituado ao desporto, conta. “Sou arqueiro e pratico airsoft, que é um género de simulação militar em que nos fardamos, usamos réplicas de armas verdadeiras e treinamos como se fossemos soldados. Temos uma equipa, os «Mata», criada há três ou quatro anos precisamente para tentar afastar os jovens dos computadores e trazê-los para o ar livre. Há várias equipas espalhadas pelo país e organizamos jogos entre nós”, explica, adiantando que também corria, jogava futebol e frequentava assiduamente o ginásio. Apesar disso, a balança não ajudava, o peso não diminuía mas, felizmente, nunca foi alvo de bullying, nunca foi gozado pelos colegas por ser gordo ou usar óculos. “Já tinha tentado várias vezes perder peso, conseguia baixar 10 ou 15 quilos, depois estagnava, ficava desanimado e triste e voltava a ganhar peso. No programa, é certo que havia semanas em que perdíamos pouco peso, mas tínhamos sempre alguém ao nosso lado a dar-nos força e a motivarnos para continuarmos a lutar. Cá fora temos a família e os amigos, mas é diferente”, compara João Manuel Rocha, ainda a recuperar de uma gripe que o tinha apoquentado na semana anterior.

Excesso de peso que começou a notarse ainda em miúdo, sempre foi um bocadinho forte, admite, mas quando entrou para a escola a situação piorou com o stress dos testes. Junte-se a isso o sedentarismo característico do século XXI, o passar-se muitas horas sentado em frente à televisão ou ao computador, a pouca atividade física que se desenvolve no dia-a-dia, e melhor se percebe o porquê de tantos

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Tratando-se de uma versão de um concurso já bastante mediático, o são-

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preparava e nas doses corretas”, lembra.

brasense não foi apanhado de surpresa com as rotinas do «Peso Pesado Teen», mas uma coisa é assistir através da televisão, outra bem diferente é estar lá dentro, 24 horas por dia, dia após dia, durante três meses. “Acordávamos cedo, tomávamos o pequeno-almoço e íamos treinar por volta das 10h30. Depois do almoço, treinávamos outra vez, havia dias em que tínhamos três sessões. É óbvio que fazer isto três meses seguidos tem que dar resultados positivos. Em casa já sabia mais ou menos o que tinha que comer para não engordar mais, muito à base de frango e carne branca por causa das proteínas, saladas nem por isso, sopas sim, tentava seguir uma alimentação saudável. Nesse aspeto não senti grande diferença quando entrei, comíamos o que o nosso chefe

Vários concorrentes, divididos por equipas, todos com o mesmo intuito, perder peso, contudo, estávamos num concurso em que tinha que haver vencedores e derrotados, em que todas as semanas alguém era eliminado, ia para casa antes do tempo, com a caminhada ainda a meio. João Manuel Rocha garante, todavia, que a competição era saudável, encarada num tom de brincadeira. “Os desafios que a produção nos dava eram para trabalhar o nosso espírito de entreajuda e companheirismo, mas também para nos divertirmos, para fugirmos um pouco à rotina do treinar, comer e dormir”, entende. E sobre as típicas palavras dos concorrentes

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desafios colocados pela produção, mas nada disso impedia que se ajudassem uns aos outros e isso ficou patente nas transmissões televisivas. “Eu estava na equipa amarela e, quando ganhávamos, íamos sempre ajudar os outros, queríamos que eles também chegassem ao fim. Os desafios não eram o mais importante, o fulcral era perder peso e isso advinha do esforço de cada um”, frisa João Manuel Rocha, embora admita que, a partir de certa altura, a hipótese de vencer o concurso se tornou mais forte na sua mente. "Mais ou menos a meio do programa pensei que, se, em jeito de brincadeira, tinha chegado tão longe, se me aplicasse mais um pouco conseguia ir até ao fim. Acordava mais cedo para ir correr e treinar e depois fazia as sessões normais com os meus colegas. Nos tempos livres tínhamos

destes programas de que tudo é vivido mais intensamente e que se tornam autênticas famílias, o jovem garante que são mesmo verdadeiras. “Estamos 24 horas sobre 24 horas com novos amigos, é uma sensação difícil de explicar. Ao fim de tanto tempo juntos, conhecemo-nos mesmo bem, damo-nos cinco estrelas e saímos de lá como se fossemos irmãos. Ainda este fim-de-semana fui ao aniversário do André Francisco e, quando os meus ex-colegas me abraçaram, quase que chorámos. Não nos víamos desde o Natal e foi uma coisa maluca”.

Encarar a vida de frente Uma família, um grupo de amigos, todos com uma vontade enorme de ganhar, de cumprir os objetivos dos ALGARVE INFORMATIVO #43

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os nossos momentos para conviver, para jogar às cartas ou simplesmente conversar, mas eu aproveitava para treinar mais”, relata o são-brasense.

observa, negando ainda que se tenha tornado uma popstar como sucede com os vencedores de outros concursos televisivos. “Sou reconhecido nalguns sítios, mas não de maneira exagerada. Tenho que ir várias vezes a Lisboa e há pessoas que falam comigo e pedem para tirarmos uma foto juntos, mas isso não acontece a cada passo que dou”, assegura.

A vitória não surpreendeu, então, João Manuel Rocha, se bem que Sandro fosse outro concorrente com boas possibilidades de ganhar o «Peso Pesado Teen». “Mas esforcei-me imenso, principalmente no mês em que estivemos sozinhos cá fora, treinava quatro a cinco vezes por dia. Não foi fácil mas todo o sofrimento acabou por ser compensado com o triunfo”, sublinha, sorridente, com 82 quilos, ou seja, menos 52,8 quilos. Claro que, agora, começa outra batalha, o não voltar a ganhar peso, como tantas vezes aconteceu ao longo da sua adolescência, mas sente-se preparado para isso. “O tempo todo que estivemos lá dentro não serviu apenas para perdermos peso, mas também para aprendermos o que temos que fazer para o manter. Sai há mês e meio e estou com o mesmo peso, o que significa que está tudo a correr bem, e quanto menos peso a balança disser, melhor”.

Não é famoso, mas tem mais responsabilidade, reconhece, porque se tornou um exemplo para os jovens que têm peso a mais e que não conseguem ganhar a batalha contra a balança. “A parte psicológica é fundamental e tento ajudar o máximo de pessoas possível, até em algumas ações dinamizadas pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Também recebo muitos pedidos de ajuda e conselhos através das redes sociais e respondo sempre e com todo o gosto. Quando eu precisei também recebi palavras de apoio e sei que isso é importante”, afirma, acrescentando que não se pode desistir ao primeiro contratempo, mas que também não é necessário levar uma vida de monge. “Podemos ceder a algumas tentações, temos é que depois saber compensálas. Estive agora no aniversário do André, comi um bocado de bolo, no entanto, no dia seguinte acordei cedo e fui correr oito quilómetros até à praia e fiz umas cento e tal flexões e agachamentos. De certeza que aquele bolo que comi não me fez mal nenhum”, finaliza, com um sorriso, antes de seguir para mais uma sessão de ginásio .

Com uma aparência completamente diferente, o primeiro passo foi, de facto, mudar o guarda-roupa, mas João Manuel Rocha é uma pessoa diferente em tudo, garante. “Andava sempre em baixo, a olhar para o chão, não encarava a vida da mesma forma. Agora, sei que tenho que aproveitar cada momento ao máximo, desfrutar de tudo o que a vida me dá porque, um dia, ela pode acabar e depois arrependo-me daquilo que não fiz”,

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UMA VISITA AO … Museu Municipal de Olhão Por ocasião da exposição sobre «O Transporte dos Séculos XVI a XVIII», do Mestre José Cardoso Brito, patente no Museu Municipal de Olhão até final de fevereiro, rumamos à Cidade da Restauração, mais concretamente ao Edifício do Compromisso Marítimo, para melhor conhecer este importante equipamento cultural da cidade cubista. À nossa espera estavam várias salas de exposição e um núcleo bibliográfico de elevada qualidade, num espaço que aposta em atrair públicos de todas as idades e nacionalidades. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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CULTURA

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ogo à entrada do Edifício do Compromisso Marítimo, em frente à Igreja Matriz de Olhão, encontramos uma interessante exposição sobre «O Transporte dos Séculos XVI a XVIII», um conjunto de réplicas de coches da responsabilidade do Mestre José Cardoso Brito que, só por si, justificam uma visita ao Museu Municipal de Olhão. Contudo, muito mais há para visitar e conhecer neste equipamento inaugurado em 2000 e coordenado por Hugo Oliveira há cerca de dois anos, embora já ali fosse técnico desde 2009. “O Museu era um pouco fechado sobre si mesmo e não comunicava muito com as escolas, o que nos levou a elaborar um Serviço Educativo de raiz. Criou-se entretanto uma equipa estável e, neste momento, somos três técnicos superiores e mais três auxiliares, um deles a trabalhar exclusivamente na reorganização do nosso núcleo bibliográfico. Agora, temos uma oferta específica constante, os fundos estão tratados e sabemos ao certo que tipo de informação podemos facultar às pessoas, nomeadamente aos investigadores que nos procuram”, indica o arqueólogo lisboeta.

de qualidade e a oferta educativa é disso exemplo. “Um museu tem que comunicar com o exterior e criar novos públicos, não pode limitar-se a abrir as portas e ficar à espera que os turistas entrem. Sabemos, todavia, que Olhão é cada vez mais um destino turístico de referência e, nesse sentido, estamos a estudar a origem de pequenos aspetos da sua cultura a nível arquitetónico, como é o caso das chaminés”, prossegue Hugo Oliveira, não poupando elogios à equipa que coordena. Uma equipa onde se encontra Sandra Roma, a responsável pelo Serviço Educativo, que tem um trabalho muito específico da evolução urbana e arquitetónica de Olhão enquanto terra cubista, assim como Vera Lisa Brandão, a curadora principal do Museu e que possui um Mestrado ligado ao Compromisso Marítimo. “Desenvolvíamos muito trabalho que não passava lá para fora, por falha nossa, obviamente, o que mudou a partir do momento em que existem outros meios de comunicação. A oferta do museu está na Agenda Municipal de Olhão e no Jornal Jota, da responsabilidade da Casa da Juventude de Olhão, a par das diversas plataformas digitais”.

Consciente da importância destes equipamentos culturais na sociedade moderna, o executivo da Câmara Municipal de Olhão tem investido bastante, nos últimos anos, na reestruturação e requalificação do Museu, a fasquia aumentou em termos

Esta postura diferente de interagir com a comunidade já surtiu efeitos práticos junto das escolas, garante 35

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Sucesso ou o Parque Natural da Ria Formosa e a Casa João Lúcio”, exemplifica o entrevistado. Claro que nem sempre é fácil cativar o público para as várias atividades dinamizadas, nomeadamente os mais adultos, divididos entre os seus afazeres Hugo Oliveira é o Coordenador do Museu Municipal de Olhão profissionais e vidas Hugo Oliveira, que começaram a repetir familiares. “Quem tem interesse as visitas que fazem ao Museu Municipal vem, mas é óbvio que não estamos a de Olhão para participar nas diversas falar de multidões. Esta é uma iniciativas vocacionadas para os mais realidade comum a todo o país, novos. “Desconstruímos contudo, se conseguirmos tocar em completamente a ideia de que o Museu quatro ou cinco pessoas, essas vão é um sítio onde não se pode tocar em tocar em mais quatro ou cinco. Os nada, onde temos que andar todos em horários são importantes e os nossos fila com medo de estragar alguma coisa workshops normalmente decorrem que aparenta ser bastante antiga. É um aos sábados. Também ficamos local onde os miúdos do 1.º ciclo nunca contentes ao assistir ao aumento das tinham imaginado entrar, mas agora visitas de público sénior, somos um querem voltar com os pais”, destaca o equipamento de fácil acesso”. coordenador.

Um espaço aberto ao mundo

A oferta educativa do Museu Municipal de Olhão não se restringe, porém, aos mais novos, e vão arrancar em breve workshops dedicados ao público adulto, um deles sobre a chaminé cubista, para tentar incutir nas pessoas a vontade de voltar a construila. “O Museu não é só o que está dentro destas paredes: é todo o centro histórico de Olhão, de Moncarapacho, de Quelfes e de Pechão, mas também o Caminho das Lendas, o Caique do Bom ALGARVE INFORMATIVO #43

Agradar a públicos de diferentes faixas etárias, cada um com os seus gostos particulares, não é fácil, mas há que atrair igualmente os turistas, sejam portugueses ou estrangeiros, e o objetivo, no curto prazo, é que o Museu Municipal de Olhão se torne no ponto de partida para uma visita a todo o concelho. Um objetivo 36


ambicioso proposto à autarquia olhanense por Hugo Oliveira e prontamente acarinhado pelo executivo liderado pelo presidente António Miguel Pina, estando para breve a abertura de uma Loja do Museu. “Gostava que as pessoas, ao visitarem o Museu, ficassem com uma pequena ideia de tudo o que podem encontrar no concelho, não só ao nível das tradições e do património material, mas de tudo o resto. A nossa sala de arqueologia aborda a presença dos romanos em Olhão, há vias romanas relativamente bem preservadas, e é importante que as pessoas percebam que a história de Olhão não se limita ao que aconteceu depois do século XVIII”, defende Hugo Oliveira.

e vamos continuar a investir em obras de referência, umas sobre o concelho, outras sobre o Algarve em geral”, afirma o entrevistado, bastante empolgado com o trabalho dinamizado neste espaço. “E temos a sorte de ter técnicos que percebem efetivamente do assunto”, sublinha, referindo-se mais uma vez a Sandra Roma e a Vera Lisa Brandão.

Um conhecimento da história antiga que direciona a conversa para o núcleo bibliográfico, cuja reorganização está praticamente concluída. “Já cá tivemos diversos investigadores a comporem teses sobre a presença romana, mas também sobre a arquitetura de Olhão, 37

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apoquente em demasia Hugo Oliveira, explicando que, nesta infraestrutura, todos os técnicos são multitarefas. “Somos poucos, mas fazemos tudo, o que nos dá bastante gozo, porque todos os dias são diferentes. Programar exposições não se limita a colocar quadros ou peças nas paredes, é preciso realizar um grande trabalho de investigação, mas a «máquina» está tão bem oleada que funcionamos quase de olhos fechados”, frisa. Exposições que também não abordam apenas a realidade olhanense e exemplo disso é a que está atualmente na Sala das Arcadas, logo à entrada do edifício. “Os Museus têm que mostrar outros mundos e outras formas de fazer arte, não só o que acontece ou é originário do concelho. A próxima, por acaso, até é da responsabilidade de uma associação local, a ACASO, já tivemos cá também uma dos escuteiros de

Ora, se o núcleo bibliográfico é procurado por um público bastante específico, já as restantes salas do Museu Municipal de Olhão estão abertas a qualquer tipo de pessoa, o que obriga à elaboração de um programa anual de exposições e eventos, algo que estamos mais habituados a imaginar num teatro ou auditório. Nada que ALGARVE INFORMATIVO #43

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sobre as chaminés de Olhão, promovida pela ACASO, a oferta educativa e os workshops vão continuar a ter um peso preponderante e vai arrancar um novo ciclo de passeios em maio. “Não são visitas turísticas, são passeios comentados, com percursos prédefinidos”, distingue. A investigação será outra faceta importante, em junho deverá ser inaugurada a Loja do Museu e as exposições permanentes terão conteúdos renovados e bilingues. “Vamos ter muitas surpresas, lançar coisas novas e aumentar a fasquia ao longo do ano, portanto, há que estar atento ao que vai acontecer no Museu Municipal de Olhão”, termina Hugo Oliveira .

Olhão, mas estamos abertos a tudo o que tenha qualidade”, adianta, referindo-se ao caso particular dos coches da autoria do Mestre José Cardoso Brito. “É uma forma de arte única, é uma pessoa com um passado que lhe dá um enorme estatuto e foi a única exposição exterior que o antigo Museu dos Coches autorizou. As réplicas são tão fiéis que são merecedoras desta promoção e é uma grande honra tê-lo cá”, confirma Hugo Oliveira. Quanto aos critérios que estão na base da seleção das exposições, o coordenador salienta que a Sala das Arcadas é um espaço virado para a comunidade e são raras as mostras individuais, dando-se mais prioridade às associações e coletividades. Fazendo a antevisão de 2016, março é mês de inauguração de nova exposição, 39

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ATUALIDADE

COMANDO TERRITORIAL DA GNR DE FARO FESTEJOU ANIVERSÁRIO EM ALBUFEIRA

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o passado dia 29 de janeiro, a Praça dos Pescadores, em Albufeira, vestiuse a rigor para acolher uma Parada militar, iniciativa que assinalou as comemorações do 7.º aniversário do Comando Territorial da Guarda Nacional Republicana de Faro. A iniciativa marcou também a abertura do Posto da GNR na Avenida 25 de Abril, encerrado desde o dia 1 de novembro.

Nacional Republicana (GNR). A cerimónia, que foi presidida pelo 2.º Comandante – Geral da GNR, major – general Luís Tavares, foi antecedida por uma receção no gabinete do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que contou com as presenças do coronel Silva Gomes (comandante do Grupo Territorial da GNR de Portimão) e do major Marco Henriques (comandante do Grupo Territorial da GNR de Albufeira).

Pelas 15h, várias dezenas de militares reunidos em Parada receberam condecorações pelo serviço prestado às populações, num cenário que serviu, igualmente, para realizar uma demonstração de meios da Guarda

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A ocasião foi aproveitada para discutir questões ligadas à segurança no Concelho, tendo culminado com a oferta pelo Município do Projeto de Reabilitação do Posto da GNR 40


aconteceu aqui hoje, nomeadamente a oferta do projeto destinado à reabilitação do Posto de Olhos de Água, a homenagem simbólica da GNR à população de Albufeira e a reabertura do Posto da Avenida 25 de Abril, são um excelente exemplo do bom relacionamento e cooperação existente entre estas duas entidades. Depois da desgraça que assolou o concelho, no passado mês de novembro, Albufeira já está recuperada e este evento contribui de forma muito significativa para mostrar a residentes e a turistas que continuamos a ser um destino seguro e com tudo a pronto para enfrentar a época balnear que se avizinha” .

dos Olhos de Água, atualmente desativado por falta de condições, estando os serviços a funcionar provisoriamente nas instalações do edifício da antiga Junta de Freguesia da localidade. O major Tavares Nunes referiu que esta foi uma forma de a GNR homenagear a cidade e a sua população, escolhendo para local das Cerimónias uma zona que há três meses ficou completamente devastada. O ponto alto das Comemorações foi precisamente a reabertura do Posto da Avenida 25 de abril, encerrado desde o passado dia 1 de novembro, na sequência da intempérie. Carlos Silva e Sousa manifestou-se visivelmente satisfeito com esta manifestação de solidariedade por parte da GNR. “O que

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ATUALIDADE MUNICÍPIO DE ALCOUTIM INCENTIVA JOVENS A FREQUENTAR O ENSINO SUPERIOR

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rosseguindo uma política educativa de fomento à continuação dos estudos de nível superior e redução do índice de abandono escolar, a Câmara Municipal de Alcoutim aprovou, em reunião realizada no passado dia 28 de janeiro, renovar os protocolos de colaboração anteriormente celebrados com a Universidade do Porto e com a Universidade do Algarve. Os referidos protocolos visam a participação de jovens estudantes do ensino básico e secundário em cursos de verão das duas instituições de ensino superior. Os objetivos principais deste programa são o fomento do gosto pelo conhecimento em diversas áreas, a familiarização com o ambiente universitário e a contribuição para a escolha de um percurso vocacional.

estes cursos de verão, com a duração de uma semana (de 3 a 10 de julho, na Universidade do Porto, de 10 a 15 de julho, na Universidade do Algarve), deverão formalizar a sua inscrição, até ao mês de junho, junto do gabinete de Ação Social, Saúde e Educação da Câmara Municipal. “A iniciativa veio colmatar uma deficiência na orientação pedagógica já que não existe ainda uma articulação necessária entre o ensino secundário e o universitário. A excelente adesão dos estudantes a este programa provou tratar-se de uma aposta ganha. O mesmo constitui uma mais-valia ao nível do incentivo à prossecução dos estudos e ao desenvolvimento pessoal, social e educativo dos jovens”, sublinha o presidente da autarquia, Osvaldo dos Santos Gonçalves .

Ao abrigo destas parcerias estabelecidas com as duas instituições de ensino, a autarquia assegura as despesas com alojamento e deslocações da totalidade dos estudantes do concelho a frequentar do 9.º ao 12.º ano de escolaridade. Os interessados em frequentar

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ATUALIDADE DOIS ANOS DE UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE EM CASTRO MARIM atenção e cuidado, “com populações extremamente envelhecidas, com isolamento habitacional, em locais de difícil acesso e com enorme carência de Cuidados de Saúde pela alta prevalência de doenças crónicas causadoras de elevada mortalidade e morbilidade se não forem alvo de rigoroso controlo e assistência”, declarou a coordenadora do projeto, Helena Gonçalves, à qual se juntam as médicas Susana Valsassina e Isa Frazoa, a enfermeira Angelina Rocha e o motorista Carlos Horta. Dois anos depois e o balanço é muito positivo, tendo inclusive sido registado um aumento do número de consultas em relação ao primeiro ano, de 1242 para 2395, e de utentes registados, de 519 para 629. Destes 629 utentes, 534 têm uma idade superior a 65 anos. Segundo a equipa da UMS de Castro Marim, durante este ano a principal patologia crónica sinalizada foi a hipertensão arterial, 399 casos, seguindo-se-lhe dislipidémia, 276 utentes, e a osteoartrose, com 224 diagnósticos. A registar ainda a identificação de 194 utentes com deterioração cognitiva ligeira. “Com a atuação persistente e de proximidade dos profissionais de saúde, em que se geram elos afetivos que promovem a confiança e adesão dos doentes aos planos de atuação negociados para o controlo da sua doença crónica, conseguimos retardar a progressão do problema e evitar a cascata de internamentos hospitalares com altíssimos custos para o país e elevados prejuízos para o doente e família”, garantiu a médica Helena Gonçalves .

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Unidade Móvel de Saúde (UMS) de Castro Marim percorre há dois anos o concelho de Castro Marim com oferta de consultas médicas de proximidade. Primeira UMS no país permanentemente com médico, consolidou a iniciativa nascida há 20 anos no município de Alcoutim e seguida noutros concelhos, por se revelar a melhor forma de prestar cuidados à população que vive mais isolada e vulnerável. Com uma área geográfica de 300,84km2 e divido em quatro freguesias – Azinhal, Odeleite, Castro Marim e Altura -, o concelho de Castro Marim regista um índice de envelhecimento de 220,4 %, sendo o do Algarve de 127,8%. De salientar, no entanto, os índices das freguesias mais interiores, a do Azinhal de 686,7% e a de Odeleite com 980,8% (Anuário Estatístico da Região do Algarve 2012 – Instituto Nacional de Estatística). É por isso sobre estas freguesias que recai a maior

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ATUALIDADE CÂMARA DE LAGOA VAI APOIAR FÁBRICA DA IGREJA PAROQUIAL DE ESTÔMBAR Monumento Nacional desde 25 de junho de 1984 e integra o Inventário do Património Arquitetónico do Concelho e da União das Freguesias de Estômbar e Parchal. A Igreja, que fica alcandorada no cimo de uma elevação no relevo, pode ser avistada desde longe e, erguendo-se centralmente no largo que a rodeia e a que empresta a toponímia, assume uma inserção urbanística nuclear dentro da vila que se desenvolve à sua volta e pelas encostas abaixo. Possuindo, para além da beleza da animação e da arquitetura do seu interior, um acervo hagiográfico importante e outras mais peças que se revestem de todo o interesse, carece por isso da incidência de uma atenção museológica que permita a sua abertura e exposição ao público. Ressalva-se que a Igreja Paroquial de Santiago Maior em Estômbar é também o único Monumento Nacional do Concelho de Lagoa, sendo por tal compreendida entre as mais assinaláveis do Algarve que importa proteger.

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Câmara Municipal de Lagoa celebrou um protocolo de concessão financeira e cooperação com a Fábrica da Igreja Paroquial de Estômbar, assinado no dia 4 de fevereiro pelo Presidente Francisco José Malveiro Martins em representação da edilidade e pelo Pároco Miguel Ângelo Falcão Pereira, na sua qualidade de Presidente da Fábrica da Igreja Paroquial de Estômbar.

Foi para esse efeito que a Câmara e a Paróquia assinaram o Protocolo de concessão financeira e cooperação para o ano de 2016, tendo como objeto principal a inventariação, catalogação e manutenção do núcleo museológico e abertura da igreja e núcleo museológico ao público. Tendo em vista a prossecução das atividades previstas, a Câmara de Lagoa atribuirá, no presente ano civil, o montante de 10 mil euros .

A Igreja Paroquial de Santiago Maior (vulgarmente conhecida por Igreja Matriz de Estômbar) foi construída na primeira metade do século XVI, sobre as ruínas da ermida de Sant´Ana. Tendo recebido algumas anexações ulteriores, tem planta basilical de três naves e quatro apoios, que são definidos por uma arcaria plena. É um imóvel classificado como

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ATUALIDADE AUTARQUIA DE LOULÉ CEDE ESPAÇOS PARA SEDES DE ASSOCIAÇÕES todos”, destacou o edil Vítor Aleixo. O Lions constitui a maior organização de clubes de serviços do mundo, com 1,36 milhão de sócios espalhados por mais de 46 mil clubes. São homens e mulheres que atuam em projetos comunitários em mais de 208 países e regiões geográficas. O Lions Clube de Vilamoura foi constituído em 1988 e, desde então, prossegue os princípios orientadores do movimento lions: ajudar a comunidade em que vivem.

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o âmbito do apoio e cooperação com as associações locais vocacionadas para a área da solidariedade social, a Câmara Municipal de Loulé cedeu três lojas situadas na Urbanização do Forte Novo, em Quarteira, para funcionamento das sedes do Lions Clube de Vilamoura, do Grupo Coral de Quarteira e da Agência de Quarteira do Banco do Tempo. Tratam-se de instituições que têm um trabalho relevante no desenvolvimento sociocultural, nomeadamente nas áreas da cultura, ação social, intervenção com pessoas carenciadas, ocupação dos tempos livres na comunidade sénior do Concelho, voluntariado, entre outras, com particular incidência na freguesia de Quarteira. “O trabalho de um presidente de Câmara não é só fazer as obras e, neste caso, sem grandes custos para a Autarquia, esta iniciativa permitiu fazer um grande bem, graças a esta colaboração entre

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Já o Banco do Tempo é um movimento internacional que procura construir uma cultura de solidariedade e promover o sentido de comunidade, o encontro de pessoas que convivem nos mesmos espaços, a colaboração entre gerações e a construção de relações sociais mais humanas, bem como promover os princípios do Voluntariado. É uma rede de infraestruturas de apoio social baseada na gestão do tempo para troca de serviços, criada com o objetivo de valorizar o tempo e o cuidado dos outros, estimular talentos e promover o reconhecimento das capacidades de cada um. Integrado na Agência de Quarteira, foi criado o Grupo Coral de Quarteira . 48


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ATUALIDADE ARRANCA AVENIDA NORTE DE QUARTEIRA duas plataformas, respetivamente a nascente e a poente, separadas por uma faixa ajardinada que incluirá as árvores que se pretendem manter. A plataforma a nascente, a parte mais visível da obra, suportará uma faixa automóvel com sentido Quarteira-Loulé, uma via ciclável e passeio. A plataforma poente será ocupada por passeio. Numa via onde predominam árvores de porte significativo, nomeadamente pinheiros e cedros, que dão ambiência e sombra, um dos principais objetivos deste projeto passa pela manutenção dessas espécies arbóreas. No entanto, apesar de se pretender respeitar a maioria das árvores, vinte delas encontram-se mortas ou doentes pelo que serão abatidas e substituídas, prevendo-se a plantação de mais de uma centena de novas árvores.

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niciaram-se esta segunda-feira, 1 de fevereiro, os trabalhos de construção da Avenida Norte de Quarteira, que irá integrar o troço entre a rotunda existente na principal entrada da cidade e a EN 396, em direção a Loulé. Por se enquadrar dentro da área urbana, já que o limite norte da intervenção coincide com a placa de início de localidade, o troço urbano desta estrada passará a ter as características de uma avenida infraestruturada, arborizada, ajardinada, iluminada, dotada de passeios, de zonas de atravessamento de peões e de mobiliário urbano, impondo, assim, uma melhoraria do fluxo no trânsito e a redução de velocidade nos pontos mais problemáticos da via.

Refira-se que esta intervenção na EN 396 passará apenas por este troço pois, apesar das intenções da Autarquia em requalificar toda a extensão da via, a restante parte da estrada está afeta à IP Infraestruturas de Portugal e não ao Município de Loulé. Depois da inauguração da Avenida Papa Francisco e do prolongamento da Avenida Sá Carneiro à Fonte Santa, esta será mais uma obra de grande importância na melhoria das acessibilidades na cidade de Quarteira .

A estrada atual passará a ter duas faixas automóveis no sentido Loulé-Quarteira e incluirá uma faixa ciclável e a construção de

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ATUALIDADE CORRIDA VERTICAL TORRE 20 QUARTEIRA ACONTECE NUM DOS EDIFÍCIOS MAIS ALTOS DO ALGARVE

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epois do sucesso da primeira edição da «Corrida Vertical Aquashow», Quarteira vai voltar a estar em destaque no desporto nacional com a realização da «Corrida Vertical Torre 20 Quarteira», no próximo dia 5 de março, a partir das 20h. Este é um desafio inédito no plano desportivo nacional, a primeira corrida dentro de um edifício de habitação: a Torre 20 em Quarteira tem 20 andares, 70 metros de altura e 350 degraus. A corrida será dividida em provas individuais de contrarrelógio, nas categorias de masculinos e femininos. Cada atleta sobe uma vez as escadas, sendo que os dez primeiros classificados vão disputar a última e derradeira etapa que vai coroar o rei e a rainha da «Corrida Vertical Torre 20 Quarteira». A Corrida Vertical assume-se como uma nova modalidade desportiva que consiste em subir um determinado número de degraus no menor tempo possível. Enquanto prova de espetáculo, tem suscitado o interesse do público e dos media internacionais, sobretudo após a realização de provas em alguns dos arranha-céus mais famosos do mundo, como o Empire State Building em Nova Iorque ou o edifício Taipei na China.

andares a correr ou caminhar. Durante a noite da prova, a Torre 20 vai receber em grande festa todos os participantes e espetadores que têm a possibilidade de assistir à transmissão em direto da corrida dentro do edifício, através de écrans gigantes colocados no exterior e desfrutar da animação audiovisual com DJ durante de todo o evento .

Na primeira edição da «Corrida Vertical Aquashow 2015», em solo português, a participação foi limitada a cinquenta inscrições. Desta vez, a prova é aberta a todos as pessoas interessadas em participar em novas experiências, neste caso, subir 20

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ATUALIDADE OLHÃO INAUGUROU SKATE PARK para a prática da modalidade. É um dos melhores skate parks do País”, destacou o edil. “Agora os jovens skaters do concelho, e não só, têm aqui um local onde praticar e já não será necessário andarem de skate noutras zonas da cidade. Este espaço é vosso, usem-no da melhor forma”, apelou o presidente da Autarquia aos praticantes, garantindo que o objetivo é trazer provas nacionais para este parque.

lhão tem, desde o dia 30 de janeiro, um Skate Park novinho em folha, depois da infraestrutura ter sido inaugurada pelo presidente da Câmara Municipal, António Miguel Pina, num dia em que houve muita animação, incluindo um campeonato nacional da modalidade e concertos musicais. «Majestoso», assim se chama o novo Skate Park de Olhão, numa homenagem ao carril da linha do comboio, situado ao lado da atual estrutura e ali também representado, já que serviu durante muitos anos para os melhores skaters olhanenses praticaram e através do qual conseguiram grandes feitos na modalidade.

O primeiro dia do Skate Park de Olhão, localizado perto do porto de pesca e da zona industrial da cidade, começou em grande com um campeonato nacional, dividido em duas categorias: Sub 16 e Open, o que permitiu trazer à cidade cubista várias dezenas de praticantes da modalidade. O prémio principal ficou em casa, a provar que Olhão é uma terra de skaters. Nuno Relógio foi o grande vencedor do Open, mostrando o talento conquistado através de muitos anos de prática. Na mesma categoria, Pedro Roseiro, de Cascais, foi o segundo classificado, e Rúben Gamito, de Santo André, conquistou o terceiro lugar. Este foi também o vencedor do prémio de melhor manobra (Best Trick). Na categoria de Sub16, o vencedor foi William (Loulé), seguindo-se em segundo lugar Tomás Murta (Olhão) e em terceiro Diogo Bonança (Olhão).

Com conceção da empresa olhanense Park & Ride, a obra custou pouco mais de 60 mil euros, “muito menos do que os 400 mil que estavam previstos no projeto inicial”, fez questão de referir o autarca olhanense, António Miguel Pina, durante a inauguração. “Com pouco dinheiro fizemos uma estrutura de qualidade, que muito nos honra. Apesar de não ter uma grande dimensão, tem tudo o que é essencial

Com centenas de pessoas a aplaudirem os skaters que competiram e outros que foram apenas experimentar o novo espaço dedicado à modalidade – que teve na sua génese as influências piscatórias da cidade através de formas, obstáculos e rampas desenhados, com diferentes graus de dificuldade – também não faltou a música com os Contra Corrente e os Íris, exposições e outras atividades associadas .

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ATUALIDADE ALGARVE É DESTINO CONVIDADO DA BTL Algarve o destino turístico preferido dos portugueses”, frisou o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva. Nesta edição, o Algarve conta com a presença de 15 municípios algarvios e 26 hotéis e empresas turísticas que irão oferecer ao público pacotes especiais a preço de feira, num novo stand com cerca de 900 metros quadrados. No local, haverá muita animação e serão apresentadas diversas novidades, nomeadamente duas novas aplicações para dispositivos móveis e o livro infantil «Algarve, quem és tu?». “Na BTL pretendemos familiarizar o trade e o público com a oferta diversificada do Algarve, através de ações originais e atrativas”, acrescenta o presidente da RTA.

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Algarve irá estar em grande destaque na edição de 2016 da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), enquanto destino nacional convidado. De 2 a 6 de março, no Pavilhão 1 da FIL, os visitantes da principal feira de turismo em Portugal terão a oportunidade de conhecer os atrativos da região sul. Considerado o segredo mais famoso da Europa, o Algarve tem programadas inúmeras iniciativas durante o certame, entre as quais provas de vinhos, demonstrações culinárias, concertos e sorteios. “Ser destino convidado é revelador da importância que o Algarve detém enquanto maior destino de férias nacional. Em 2015, a região registou perto de 17 milhões de dormidas e cerca de 1,2 milhões de voltas de golfe, sendo que temos vindo a receber cada vez mais distinções internacionais. Para tal contribui a nossa oferta diversificada, com experiências únicas, durante todo o ano, que fazem do

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O Algarve apresenta-se assim como um destino que oferece muito mais do que Sol e Mar. Em destaque estarão, durante os cinco dias da feira, a gastronomia e os vinhos algarvios, propostas de turismo de natureza, turismo residencial, autocaravanismo, golfe, entre outras experiências de viagem e produtos turísticos .

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CHEF AUGUSTO LIMA Consultor/Formador

COCOTE MED Gratinado de pimentos e beringela/bechamel de canela/queijo de ovelha INGREDIENTES (PARA 4 PESSOAS) 1 Beringela média 1 Pimento vermelho grande 2 Alho (dentes) 1,5 Dl Azeite Q.b. Alecrim fresco ou rosmaninho Q.b. Coentro 1 Canela (pau) 300 Gr Queijo de ovelha ou cabra ½ cura 150 Gr Farinha Q.b. Canela em pó Q.b. Flor de sal Rui Simeão

COMO FAZER Faça um chá com o pau de canela. Lave a beringela e o pimento. Sem descascar, leve ao forno pré aquecido a 170.ºC e asse. Deve ficar cozido, mas consistente. Pode embrulhar em folha de alumínio (use a parte brilhante junto ao alimento). Isto fará com que fique mais húmido e a pele menos caramelizada). Tire a pele ao pimento, reserve o líquido e as sementes. Deixe ficar a pele da beringela. Pique ambos, separadamente. Corte em tiras e pique. Por fim bata com a faca, contra a tábua, insistentemente até obter um picado (caviar). Separadamente, tempere-os com azeite e alho muito picados. Junte o alecrim, muito picado, ou rosmaninho à beringela e o coentro, muito picado, ao pimento. Reserve ambos separados. Faça um bechamel ou molho branco. Leve o azeite ao lume e acrescente a farinha misturada com a canela. Junte o chá, mexa energicamente e tempere de sal. Deve ficar com uma consistência homogénea e sedosa. Corte quadrados de pape vegetal com cerca de 15 cm de lado. Coloque-os nas cocotes, forrando-as, e modo a obter um «saco aberto». Comece por colocar dentro, o bechamel, depois o pimento, de novo o bechamel, e a beringela, alternadamente. Se ainda sobrar bechamel coloque um pouco nos topos de cada cocote. Corte o queijo em partes iguais e coloque um pedaço no centro de cada cocote. Feche-as, unindo o papel e torcendo. Leve ao forno até que o queijo gratine. Sirva diretamente na cocote ou retire o embrulho de papel e sirva-o diretamente num prato.

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SUGESTÕES BAZAIT Bacalhau confitado em azeite/malandro de figos e cogumelos selvagens INGREDIENTES (4 PESSOAS) 4 Bacalhau (posta centro) 9 Alho (dentes) 1,5 Dl Azeite 12 Azeitonas pretas 250 Gr Arroz carolino 100 Gr Cogumelos selvagens desidratados a gosto (pleurotes/shitakes/portobelos) 80 Gr Figo seco 1 Cebola 1 Alho francês pequeno Q.b. Tomilho limão Q.b. Sementes de sésamo 1 Folha de louro 1 Malagueta 1 Canela (pau) 1 Batata-doce Q.b. Óleo (para fritar) Q.b. Flor de sal Rui Simeão

COMO FAZER De véspera, coloque os cogumelos em água (cerca de 700 gr) para hidratarem. Reserve a água. Coloque as postas de molho (ou use bacalhau demolhado) Seque-as muito bem e coloque num recipiente estreito e alto. Junte os alhos esmagados com casca, as azeitonas, o pau de canela, o louro, a malagueta e alguns raminhos de tomilho. Deite o azeite, de modo a cobrir o bacalhau. Leva ao forno, previamente aquecido a 90.º C e deixe cozer por cerca de 1hora a 1h15. Entretanto, corte a batata-doce, em tiras finas, com a ajuda de uma «mandolina» ou «fiambreira». Frite-as em óleo e deixe secar/escorrer bem em papel de cozinha. Quando faltarem cerca de 15 minutos para que o bacalhau esteja pronto, inicie a preparação do arroz. Refogue a cebola, um dente de alho e folhas de tomilho num fio de azeite. Junte os cogumelos, como estão ou cortados. Junte o arroz, deixe refogar e acrescente a água de hidratar os cogumelos. Deixe cozinhar. Espera-se um resultado cremoso, com algum caldo de modo a que fique «malandro». Torre algumas sementes no forno ou numa sertã. Emprate, colocando uma porção de arroz no fundo de um prato de sopa e o bacalhau por cima. Decore com as azeitonas, o sésamo e uma tire de batata-doce.

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SUGESTÕES CATAPLANA DE UVAS E VINHO INGREDIENTES (4 PESSOAS) 1 Kg Uvas brancas ou tintas, doces 150 Gr Cebola roxa 1 Limão (zest) 1 Laranja (sumo e zest) 1,5 Dl Vinho adamado/licoroso ou vinho branco 100 Gr Açúcar amarelo (caso use vinho licoroso), caso contrário 180 gr de açúcar 2 Estrela de anis 4 Cravinho 1 Dl Medronho 15 Gr Levedura de cerveja 1 Folha louro Q.b. Tomilho limão fresco, coentro fresco

COMO FAZER Desengaçar/esbagoar/retirar as uvas do cacho. Querendo, pode retirar peles e grainhas. Na Cataplana, coloque o açúcar, o vinho (em qualquer dos casos que tiver optado), o louro, a cebola, metade das ervas e as especiarias. Deixe ferver. Adicione o medronho e «pegue fogo». Junte as uvas, as zestes de limão e laranja e o sumo da laranja e as ervas restantes. Tape e deixe cozinhar por cerca de três minutos. Abra. Acrescente, polvilhando, a levedura, a amêndoa, laminada ou granulada, torrada. Sirva. Sugestão: Serva com gelado de limão e coentro ou outro. «Zest» – retire a casca (parte vidrada), corte em juliana fina.

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ANTÓNIO LOPES Head Sommelier Conrad Algarve

“Em mês de Dia dos Namorados, temos um Covela Rosé 2014, de cor vermelha, a cor do amor, um vinho feito com a nossa casta rainha – touriga nacional – tal como as mulheres também são as nossas rainhas. É um vinho que tem muita fruta vermelha, da região dos vinhos verdes, do Minho, com uma ótima acidez e que pode ser bebido a solo ou com algumas harmonizações gastronómicas, com saladas de frutos vermelhos ou pratos com redução de frutos vermelhos não caramelizados”.

COVELA ROSÉ 2014 Região: Vinhos Verdes – Baixo Douro. Terroir: Solos graníticos que formam um anfiteatro natural virado a sul. Terraços implantados a baixa altitude na margem direita do rio Douro na zona austral da Região dos Vinhos Verdes (Minho). Clima: Inverno frio e Verão quente e seco – na fronteira entre o clima continental do Vale do Douro e a influência marítima do Douro Litoral. Enologia: A Quinta de Covela pratica a agricultura biológica. Na adega não se utilizam enzimas, as fermentações são espontâneas e as colagens, se necessárias, são efectuadas com bentonite. Antes do engarrafamento, os vinhos são estabilizados pelo frio e submetidos a uma ligeira filtração. Vinificação propositada para a obtenção de um vinho rosado elegante e fresco (não é um rosé obtido a partir de sangrias). Vindima manual e transporte em pequenas caixas para evitar o esmagamento. Curta maceração pelicular. Suave prensagem. Fermentação em cubas de inox com controlo de temperatura. Estágio sobre borras finas até meados de Janeiro. Casta: Touriga Nacional, a casta ex-libris do Douro. Álcool: 12,6 %/vol. Acidez Total: 6,3 g/l pH: 3,24 Açúcares Totais: 4,3 g/l Dióxido de Enxofre Total: 76 mg/l Produção: 6.256 garrafas de 750ml e 400 magnums e 36 double magnums. Enólogo: Rui Cunha. Viticólogo: Gonçalo Sousa Lopes.

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SUGESTÕES “E numa altura de festejar o namoro, porque não experimentar o Espumante Vértice, do Douro, da casta Gouveio, com aromas pouco normais em Portugal, da crosta de pão, fermento, brioche. Possui uma acidez extraordinária, frescura, uma bolha muito fina, bem equilibrada, portanto, serve para começar ou terminar uma refeição, que dá prazer em beber por si só ou com comida”.

GOUVEIO VÉRTICE 2007 Região: Douro. Solos: Graníticos. Altitude Média: 550 metros. Enólogos: Celso Pereira e Pedro Guedes. Estágio: Mínimo 60 meses. Álcool: 12 %/vol. pH: 3,04. Açúcares Totais: 5g/dm3. Garrafa: 75cl Euro. Capacidade: 750 ml.

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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Site: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal FOTO DE CAPA: Daniel Pina

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