Construir Sítios

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como os "gigantes” 35. A pedra mais utilizada na construção alentejana foi o xisto. Hoje, ainda são construídas casas e principalmente muros com estas pedras. O Mestre abobadeiro José Mendes Massano, residente em Reguengos de Monsaraz, e que trabalha como pedreiro, indicou que ainda realiza trabalhos com esta pedra referindo trabalhos de habitação e trabalhos de restauro e construção de algumas paredes com alvenaria de xisto na zona histórica de Monsaraz. 36 3.2.7.2. PISOS E COBERTURAS

A já referenciada ausência de madeiras adequadas à construção limitou a utilização dos sistemas de execução de pisos, pavimentos e coberturas. As peças de madeira que consistiam em vigas para vencer os vãos dos pisos e das coberturas, eram trabalhados artesanalmente e secos. A peça finalizada tinha secção circular e eram designados de “toros” ou “barrotes”. O uso do tijolo ficou principalmente limitado à execução de arcos e nas soluções de pisos e coberturas, com sistemas de grande interesse. Destacam-se os tectos e pisos resolvidos em arco, construídos em abóbadas e abobadilhas. 3.2.7.2.1. ABOBADAS E ABOBADILHAS O Alentejo será sem dúvida uma das zonas mais significativas da arte de construir abóbadas em tijolo como as de canhão de berço nervuradas de aresta, cúpulas e as características abobadilhas alentejanas, algumas quase planas de tão abatidas. MESTRE, Victor e ALEIXO, Sofia. A arquitectura Popular Alentejana: “A civilização do Barro”. In: Arquitectura e construção, nº14, 2001. Disponível virtualmente em: http://www.vmsa-arquitectos.com

A construção de abóbadas e abobadilhas era frequente no Alentejo. Estas eram executadas sem recurso a cofragens ou qualquer apoio auxiliar. A diferença entre elas tem a ver com a posição como se assenta o tijolo. Se o tijolo é colocado ao cutelo e na vertical denomina-se abóbada, mas no caso de ser colocado deitado denominamos como abobadilha. Antes de se começar a construir, o mestre abobadeiro traça o arco com cordel e ponteiro, nas paredes que apoiarão a futura abóbada ou abobadilha com dimensão adequada ao vão que se quer vencer. 35

Contrafortes encontrados nas paredes de taipa e que se designam de “moirões” na fronteira para o Algarve. A colocação destes indica a ausência de fundações nas construções de taipa. 36 Conversa com o Mestre Abobadeiro José Mendes Massano. Na sua habitação. Reguengos de Monsaraz. Junho de 2010

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