Edição de 21 de Dezembro de 2012

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CORREIO DO RIBATEJO, SEXTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2012

TAUROMAQUIA

Ecos do Burladero Ludgero Mendes

Nesta quadra natalícia que atravessamos, queremos expressar os nossos votos de um Santo Natal e de um Feliz Ano Novo a toda a Família da Festa Brava. Agradecemos e retribuímos muito sensibilizados os votos de Boas Festas que diversos agentes da Festa têm tido a amabilidade de nos dirigir. Bem Hajam! Que o signo do Natal nos inspire para uma relação pacífica e harmoniosa entre todos, pois, no meio das tormentas faltará a clarividência e a lucidez para tomarmos as melhores decisões em prol da Festa Brava!

Boas Festas

Juan José Padilla, um caso (a) sério!

A 7 de Outubro de 2011, em Saragoça, um toiro destroçou-lhe o rosto, deixou-o surdo de um ouvido e fê-lo perder um olho. O mundo comoveu-se e todos pensámos que Juan José Padilla se retiraria do toureio. Apenas 104 dias após aquela tarde terrível, Padilla anunciou o seu regresso aos ruedos. A sua recuperação, o seu amor

próprio, o seu amor pela sua profissão converteram-no num modelo a seguir. Por isso, a entrevista concedida à revista “Perú 21”, cujo reduzido excerto aqui apresentamos, constitui uma homenagem a um artista que não se deixou vencer pelo infortúnio tem 37 cicatrizes enormes no corpo - e, por isso, é um exemplo de persistência e paixão.

Perú 21 - Sente que Deus o pôs à prova? Padilla - A minha profissão é arriscada, umas vezes toca-nos triunfar e sair pela porta grande, mas também há dias que se pagam com sangue, porque os toiros também ganham. O toureiro deve estar preparado para superar os percalços e voltar a enfrentar o toiro. É verdade que já me atingiram forte, em sítios delicados - duodeno, pescoço, coluna vertebral - mas a ciência e as mãos dos médicos, conduzidos por Deus, ajudaram-me a sobreviver. Perú 21- É um exemplo de valentia e de paixão por uma profissão... Padilla - A minha família estava dividida, passou muito mal e não me queria ver outra vez na cara do toiro. Além disso, as minhas faculdades já não estavam intactas. O meu pai pediu-me que não toureasse mais, que me dedicasse à minha recuperação, aos meus filhos e aos nossos negócios, mas eu sempre soube que o toureiro salvaria o homem, que a melhor forma de me recuperar era dedicar-me a cem por cento ao toureio. A minha relação contínua com os toiros foi o que me deu ânimo e força. Perú 21 - Como explicaria às pessoas que a persistência na sua profissão lhe salvou a vida? Padilla - À minha profissão tenho muito a agradecer, recompensou-me muito bem. E não o digo pela questão do dinheiro, mas, sim, pelo respeito, carinho e admiração que conquistei em dezanove anos de

carreira. Por isso, teria sido muito egoísta se me retirasse pelo que me aconteceu em Saragoça. Deus deu-me a oportunidade de voltar e de refazer a minha vida com naturalidade e, sobretudo, com muita humanidade. (…) Além disso, não entendo a minha vida sem a força do toiro, sem o compromisso pela minha profissão. Perú 21 - Está consciente de que se converteu num modelo a seguir? Padilla - Não quero que tenham compaixão de mim, quero que me exijam como aos demais, porque se voltei aos toiros é porque estou em pleno e porque posso “dar batalha”. Perú 21 - Sente-me mais valente que o comum das pessoas? Padilla - De maneira nenhuma! Sou, antes, temeroso, sensível, tranquilo, com uma vida normal. Isso sim, quando entro na arena faço com que o público não se vá da praça com uma sensação de desânimo por falta de entrega do toureiro. Há que respeitar o público, dando-lhe a máxima entrega. Perú 21 - Na arena dá prioridade à arte ou à valentia? Padilla - Sinto-me um toureiro artista, um toureiro com profundidade e gosto. E quando o toiro te dá a oportunidade, calamos fundo no público e chegamos ao seu coração. Desenhar lances e “meias-verónicas” com expressão e gosto, emociona, contagia, faz-nos felizes. Hoje toureia-se muito bem e com muitíssimo gosto, mas também há um tipo de toiro com o qual é muito difícil expressar a arte e a beleza do toureio, mas a eles dedicava-me eu (risos). Contudo, hoje tenho a oportunidade de ir por outros terrenos e de enfrentar outros toiros e surpreender o público.

Luís Rouxinol acaba de reforçar a sua cuadra com o cavalo “Damasco”, adquirido à Sociedade Agrícola das Salgadas SA, a prestigiada Coudelaria de Vítor Duarte Batalha. O marialva de Pegões acredita que se trata de um futuro craque, perspectivando a sua utilização já na próxima temporada de 2013. O “Damasco” tem 5 anos, pelagem ruça, é filho do cavalo “Suspiro” e da égua “Xara” e foi medalhado em Cascais, em 2010. A Coudelaria da Sociedade das Salgadas, sedeada na Quinta da Torre, na Ota (Alenquer), outrora propriedade da Família Cunha e Carmo, nasceu do sonho do seu proprietário, Vítor Batalha, em ser criador de cavalos Lusitanos, paixão que se tornou realidade depois de adquirir produtos dos famosos cavalos “Urânio”, “Novilheiro” e “Trinco”.

Toureiros, desportistas de elite e um conceituado psicólogo vão falar sobre a influência da mente no sucesso ou insucesso das suas carreiras - um colóquio diferente, promovido pelo Clube Taurino Vilafranquense, esta noite de sexta-feira, a partir das 22 horas, no Auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. “Faenas da Mente” é o título deste colóquio, que decorrerá sob moderação de Maurício do Vale, e no qual intervirão o matador Vítor Mendes, o cavaleiro Paulo Jorge Santos, o antigo bandarilheiro João José Pedro e o forcado Ricardo Castelo (Cabo dos Amadores de Vila Franca), para além dos antigos futebolistas Fernando Peres e Virgílio e do psicólogo Miguel Sampaio, irmão do antigo presidente da República Dr. Jorge Sampaio. A não perder!

Curtas… Ao estribo! Roberto Domínguez, antigo matador e apoderado de “El Juli”, confirmou ao site da revista “Aplausos” que o seu apoderando não actuará em Madrid na próxima temporada, tal como aconteceu nesta, porque a oferta da empresa “era igual” à deste ano. Quanto a Valência, Sevilha e Olivença (onde se diz que iniciará a sua época no mês de Março), Domínguez garante que há todas as possibilidades de pisar essas praças, ao contrário das primeiras notícias adiantadas por vários sites espanhóis e que davam o mês de Julho como ponto de partida para a campanha de “El Juli” no próximo ano, não toureando antes. “Que não vai a Madrid é certo, o resto são especulações”, assegura o apoderado, adiantando mesmo que existem neste momento conversações com as empresas das referidas praças.


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