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Adegas artesanais de Ontário defendem fim das taxas extra nos vinhos

Impostos

Adegas locais pagam 28% a mais do que as certificadas VQA, quando vendem a restaurantes

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A VQA, abreviatura de Vintners Quality Alliance, é um programa da Wine Appellation Authority de Ontário, que estabelece padrões para o vinho produzido na província. No entanto, algumas adegas artesanais, não VQA, afirmam que os custos adicionais cobrados pelo Governo provincial significam que a venda a restaurantes locais não é sustentável e que vai contra o princípio, adoptado pelo executivo de Doug Ford, do chamado ‘aberto ao negócio’. Apelam, por isso, ao Governo para colocar os seus vinhos, feito com 100% de uvas de Ontário, em pé de igualdade com os vinhos VQA.

Enquanto que as adegas artesanais podem realizar provas ou vender garrafas nas suas lojas agrícolas, assim que essa garrafa chega às mãos de um restaurante é-lhes cobrado um extra de 28% a mais do que uma adega VQA em Ontário pagaria.

“Se vendeu aquela garrafa de vinho de 20 dólares numa caixa, a adega VQA vai receber 173,64 dólares em receitas e nós vamos receber 113,40 dólares”, explica Craig MacMillan, c o-proprietário da Stonehouse Vineyard em North Glengarry, em Ontário. MacMillan é também o presidente interino da Ontario Artisan Wineries, que representa os agricultores que vendem menos de 2 mil caixas por ano e é composta na sua maioria por vinhas do leste de

Adegas artesanais pagam tarifas extra ao vender em restaurantes

Ontário.

“Se uma adega artesanal escolhesse vender todas as 2 mil caixas a restaurantes locais, pagaria mais 120 mil dólares em impostos do que uma adega VQA”, adianta.

A marca VQA numa garrafa indica que o vinho é feito inteiramente de uvas cultivadas em

Ontário, que também foram aprovadas através de um programa de garantia de qualidade, mas MacMillan diz que não faz sentido ter uma política diferente para as adegas artesanais.

MacMillan argumenta que as adegas artesanais também utilizam 100% de uvas de Ontário, ap enas com diferenças no tipo de uva que muitos dos membros do seu grupo utilizam. A maioria das castas aprovadas pela VQA de Ontário não podem ser cultivadas fora do sul de Ontário ou de Prince Edward County.

Já Jan-Daniel Etter detém o vinho ‘Etter Réserve Anne’, que vinificou na sua Vignoble Clos Du Vully, uma adega artesanal que produz entre 750 e 800 caixas por ano. O produtor vê a venda destes vinhos a restaurantes locais como um próximo pass o natural para a sua adega, a cerca de 35 quilómetros a sudeste do centro de Ottawa.

Se uma adega artesanal escolhesse vender todas as 2 mil caixas a restaurantes locais, pagaria mais 120 mil dólares em impostos do que uma adega VQA” faz sentido, do ponto de vista financeiro, seguirmos esse caminho”, adianta Etter. MacMillan e as Ontario Artisan Wineries têm feito ‘lobbying’ junto dos municípios lo cais para apoiar o seu apelo a uma revisão da taxa sobre o vinho, que consideram ser responsável por uma “margem insustentável”.

No início de março, o município de Ottawa aprovou uma resolução apoiando a eliminação destas taxas adicionais e ap elando ao Governo para que as remova.

“Os restaurantes estão a mostrar o melhor do que está a ser cultivado e produzido na área e o vinho faz parte dessa cultura. Por isso, penso que seria um complemento perfeito”, diz, acrescentando que “a estrutura fiscal é proibitiva”.

“Trabalhamos demasiado para dar os nossos vinhos por quase nada, por isso não

Catherine Kitts, vereadora no distrito Orléans South-Navan, em Ottawa, acredita que chegou a altura de rever a legislação. Segunda a vereadora, as adegas são um grande contribuinte para o setor agro-turístico local. No entanto, admite que nem ela própria consegue obter uma resposta clara do Governo de Ontário sobre a razão pela qual a discrepância fiscal existe. Numa declaração, o porta-voz do Ministério das Finanças de Ontário, Scott Blodgett, afirmou que o setor do vinho é “uma parte importante da economia” da província e que o Governo está “empenhado em vê-lo crescer e prosperar”. Blodgett disse ainda que as adegas têm acesso a uma série de apoios governamentais, embora não os tenha especificado.

“O Governo continuará a trabalhar com os nossos parceiros industriais e a assegurar que haja mais oportunidades para as empresas”, declarou.