«
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR
Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL. OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA Estudo comparativo: Fatores de produção na cultura do milho em Portugal, Espanha e França e oportunidades de mercado Estudo realizado para a ANPROMIS por: Consulai Coordenação: Nuno Rodrigues - Área de Mercados e Internacionalização (nrodrigues@consulai.com) Revisão técnica: ANPROMIS Agradecimentos: Engº João Coimbra, Engº Porte Laborde e Engª Felisbela Campos Data: Junho 2015 Cofinanciado no âmbito da Rede Rural Nacional - Área de Intervenção 4 - Facilitação do Acesso à Informação
3
Junho 2015
ÍNDICE
ÍNDICE
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL ............................................. 26 EVOLUÇÃO DA ÁREA DE CEREAIS ................................................ 26
FICHA TÉCNICA ....................................................................... 3 ÍNDICE .................................................................................. 5
ÁREA DE MILHO .................................................................... 26 GRÃO VERSUS SILAGEM ........................................................... 26 ÁREA DE MILHO .................................................................... 27
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................. 9
POR DRAP .......................................................................... 27
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................. 9
ÁREA DE MILHO .................................................................... 27
APRESENTAÇÃO .....................................................................13
POR DISTRITO ...................................................................... 27 PERFIL DA PRODUÇÃO DE MILHO ................................................ 28
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL .............................................17
ÁREA DE MILHO VERSUS Nº DE PRODUTORES .................................. 31
INTRODUÇÃO.........................................................................18
ÁREA DE MILHO POR CONCELHO ................................................ 32
MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO ................................................19
PERFIL PRODUTIVO DE MILHO EM PORTUGAL ................................. 33 PESO DO MILHO NA AGRICULTURA, NAS CULTURAS E NOS CEREAIS ....... 34
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE CEREAIS ............................................. 19
PRODUÇÃO NACIONAL DE MILHO ............................................... 35
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO ............................................... 19
ÁREA VERSUS PRODUÇÃO DE MILHO GRÃO .................................... 35
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO ............................................... 20
PRODUTIVIDADE VERSUS ÁREA DE MILHO GRÃO .............................. 36
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO ............................................... 21
ENSAIOS DE MILHO ................................................................ 36
EVOLUÇÃO DO PREÇO DE ALGUNS CEREAIS NO ANO DE 2012 ............... 22
CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM VERSUS SECAGEM .......................... 37
EVOLUÇÃO DA COTAÇÃO DOS CEREAIS ......................................... 23
ÁREA DE MILHO GRÃO VERSUS CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM ........... 38
O MILHO NA EUROPA ...............................................................24
EVOLUÇÃO DO PREÇO DO MILHO ............................................... 38
PRODUÇÃO VERSUS PRODUTIVIDADE ........................................... 24
EVOLUÇÃO DO MILHO OGM EM PORTUGAL .................................... 39
ÁREA DE PRODUÇÃO MÉDIA VERSUS PRODUÇÃO MÉDIA DE MILHO NA UE . 24
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO ........................................... 40
PRODUTIVIDADE NA EUROPA..................................................... 25
ORIGENS DAS PRINCIPAIS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO ............ 40
5
Junho 2015
ÍNDICE
VARIAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO COM ORIGEM DENTRO E FORA DA UE ...................................................................... 43 OS NÚMEROS DA ANPROMIS.......................................................44 O CONTRIBUTO DA PRODUÇÃO DE MILHO GRÃO DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS A NÍVEL NACIONAL ................................................... 44
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA .. 65 PORTUGAL ......................................................................... 65 ESPANHA ........................................................................... 66 FRANÇA ............................................................................. 67 UE 27 ................................................................................ 68
A REPRESENTATIVIDADE GEOGRÁFICA DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS ... 45
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO ......................................... 71
A INDÚSTRIA .........................................................................46
FERTILIZANTES .................................................................... 71
OS PRODUTOS DERIVADOS DO MILHO ........................................... 46 OS ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS EM PORTUGAL .................. 47
ENERGIA ............................................................................ 72 SEMENTES .......................................................................... 74 HERBICIDAS ........................................................................ 75
OBSTÁCULOS AO SETOR ...........................................................49 CONCLUSÕES .........................................................................50 O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL .............................................. 50 DESAFIOS DO SETOR................................................................52 FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO ...........................53
OBSERVAÇÕES ..................................................................... 76 OUTRAS OPORTUNIDADES ........................................................ 77 USOS DO MILHO E OUTRAS OPORTUNIDADES ................................. 77 USOS DO MILHO ................................................................. 78 OUTRAS OPORTUNIDADES ..................................................... 80 COMPARAÇÃO ENTRE OS MERCADOS DO MILHO GRÃO E DO MILHO
INTRODUÇÃO.........................................................................54
DOCE ............................................................................. 81
OS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA EUROPA .....................................56
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ....................................................... 83
BALANÇA COMERCIAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO EM PORTUGAL .....58
CONTA DE CULTURA – MILHO GRÃO ............................................ 83
MILHO PARA SEMENTE ............................................................ 58
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MILHO GRÃO .............................. 84
FERTILIZANTES ..................................................................... 61
ANÁLISE SWOT AO SETOR ........................................................ 86
6
Junho 2015
ÍNDICE
FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO ............................. 87 FONTES E REFERÊNCIAS ...........................................................91 DISCLAIMER ..........................................................................93
7
Junho 2015
Junho 2015
ÍNDICES DE TABELAS E FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
TABELA 1 - EVOLUÇÃO DA ÁREA DE CEREAIS EM PORTUGAL (2004-2013) ............... 26
FIGURA 1 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE CEREAIS (MILHÕES DE TONELADAS) .................. 19
TABELA 2 - ÁREA DE MILHO EM PORTUGAL (2004 A 2013) - GRÃO VERSUS SILAGEM .... 26
FIGURA 2 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO (MILHÕES DE TONELADAS) ................... 19
TABELA 3 - ÁREA DE MILHO EM PORTUGAL (2004 A 2013) POR DRAP .................. 27
FIGURA 3 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO (MILHÕES DE TONELADAS) ................... 20
TABELA 4 - TIPOS DE DESTINO PARA O MILHO/ PRODUTOS E RESPETIVAS FORMAS DE
FIGURA 4 - PRINCIPAIS FOCOS PRODUTIVOS DE MILHO NO MUNDO ........................ 21
CONSUMO ........................................................................... 79
TABELA 5 - TIPO DE MILHO EM FUNÇÃO DO TEOR EM AMIDO E RESPETIVAS ESPÉCIES/VARIEDADES DE MILHO E USO/FUNÇÕES ................................... 79
TABELA 6 - COMPARAÇÃO ENTRE OS MERCADOS DO MILHO GRÃO E DO MILHO DOCE EM
FIGURA 5 - FLUTUAÇÕES DO PREÇO DO MILHO, CEVADA E TRIGO MOLE EM 2012 ........ 22 FIGURA 6 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO ANUAL DO MILHO, CEVADA E TRIGO ............ 22 FIGURA 7 - EVOLUÇÃO DA COTAÇÃO DOS CEREAIS - FOB BORDÉUS (2006 A 2012) ..... 23 FIGURA 8 - PRODUÇÃO VERSUS PRODUTIVIDADE DO MILHO, POR PAÍS DA UE, EM 2012 .. 24
2012. FONTE: FAOSTAT........................................................... 81
FIGURA 9 - ÁREA MÉDIA DE PRODUÇÃO VERSUS PRODUÇÃO MÉDIA DE MILHO NA EUROPA . 24
TABELA 7 - CONTA DE CULTURA DO MILHO GRÃO ........................................ 83
FIGURA 10 - PRODUTIVIDADE MÉDIA DO MILHO NA EUROPA (TONS/HA) .................. 25
TABELA 8 - MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/HA) EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DO PREÇO
FIGURA 11 - ÁREA DE MILHO EM PORTUGAL EM 2013, POR DISTRITO ................... 27
DE VENDA DO MILHO E DA PRODUTIVIDADE........................................... 84
TABELA 9 - MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/HA) EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DOS CUSTOS COM FERTILIZANTES E DA PRODUTIVIDADE................................... 85
TABELA 10 - MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/HA) EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DOS CUSTOS COM TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS E DA PRODUTIVIDADE ................. 85
TABELA 11 – COMPARAÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS DE ALGUNS FATORES DE PRODUÇÃO ENTRE PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA .................................................... 89
FIGURA 12 - CONTRIBUTO DE CADA DISTRITO PARA A ÁREA NACIONAL DE MILHO EM 2013 28 FIGURA 13 - PERFIL DA PRODUÇÃO DE MILHO EM PORTUGAL, EM 2013 ................. 28 FIGURA 14 - ÁREAS DE PRODUÇÃO (HA) POR PERFIL PRODUTIVO, EM 2013, POR DRAP . 29 FIGURA 15 - PERFIL DA PRODUÇÃO DE MILHO EM PORTUGAL, EM 2013, POR DISTRITO .. 30 FIGURA 16 - ÁREA DE MILHO VERSUS Nº DE PRODUTORES, POR DRAP, EM 2013 ........ 31 FIGURA 17 - ÁREA DE MILHO VERSUS Nº DE PRODUTORES, POR DISTRITO, EM 2013...... 31 FIGURA 18 - ÁREA TOTAL DE MILHO NOS PRINCIPAIS CONCELHOS PRODUTORES EM 2013 32
9
ÍNDICES DE TABELAS E FIGURAS
Junho 2015
FIGURA 19 - PERFIL PRODUTIVO DE MILHO EM PORTUGAL, POR CONCELHO, EM 2014 (ÁREA SEMEADA). CADA COLUNA AMARELA REPRESENTA UMA DETERMINADA QUANTIDADE DE ÁREA SEMEADA. FONTE: ANPROMIS/IFAP ........................................ 33
FIGURA 20 - PRODUÇÃO DE MILHO EM PORTUGAL (2013* DADOS PREVISIONAIS) ......... 35
FIGURA 35 - EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE DE MILHO PRODUZIDA PELOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS VERSUS PRODUZIDA POR OUTROS ...................................... 44 FIGURA 36 - EVOLUÇÃO DO PESO DA PRODUÇÃO DE MILHO DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS NO TOTAL NACIONAL
............................................................... 44
FIGURA 21 - ÁREA VERSUS PRODUÇÃO DE MILHO GRÃO, EM PORTUGAL .................. 35
FIGURA 37 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS SEDES DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS ... 45
FIGURA 22 - PRODUTIVIDADE DO MILHO EM PORTUGAL (KG/HA) VERSUS ÁREA DEDICADA AO
FIGURA 38 - EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE PRODUTOS DERIVADOS DO MILHO,
MILHO (X1000 HA) ................................................................. 36
FIGURA 23 - ÁREA DE MILHO VERSUS Nº DE ENSAIOS REALIZADOS EM 2013, POR DISTRITO 36 FIGURA 24 - Nº DE ENSAIOS DE MILHO EM PORTUGAL EM 2013 .......................... 37 FIGURA 25 - CAPACIDADE DE SECAGEM VERSUS CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM POR DISTRITO, EM
2013................................................................. 37
FIGURA 26 - ÁREA DE MILHO GRÃO (HA) VERSUS CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM (TONS), POR DRAP, EM
2013 .............................................................. 38
EM QUANTIDADE E VALOR ...........................................................
46
FIGURA 39 - PESO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS (EM VALOR) DE PRODUTOS DERIVADOS DO MILHO EM
2013 .................................................................... 46
FIGURA 40 - IMPORTAÇÕES NACIONAIS (EM EUROS) DE PRODUTOS DERIVADOS DE MILHO, POR PAÍS, EM
2013 ................................................................ 47
FIGURA 41 - UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS POR PARTE DOS ASSOCIADOS DA
IACA, EM 2012 ..................... 47
FIGURA 27 - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS MENSAIS DO MILHO NOS ÚLTIMOS 4 ANOS ........... 38
FIGURA 42 - PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS PELA IACA EM 2012 ............ 48
FIGURA 28 - EVOLUÇÃO DO Nº DE ENSAIOS COM MILHO OGM, POR DRAP ............... 39
FIGURA 43 - PRINCIPAIS DESTINOS DOS PRODUTOS DA IACA, EM 2012 .................. 48
FIGURA 29 - BALANÇO DE AUTOAPROVISIONAMENTO DE MILHO EM PORTUGAL............ 40
FIGURA 44 - PRODUÇÃO DE MILHO NO MUNDO EM 2013 ................................. 55
FIGURA 30 - QUANTIDADE DE MILHO IMPORTADO (TONS), EM 2012 ..................... 40
FIGURA 45 – FATORES DE PRODUÇÃO INTERMÉDIOS CONSUMIDOS PELO SETOR AGRÍCOLA, A
FIGURA 31 - PRINCIPAIS ORIGENS DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO EM 2012 ..... 41
PREÇOS BASE, NA
FIGURA 32 - VARIAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DE MILHO (EM QUANTIDADE X 1000 TONS) POR
INTERMEDIÁRIOS TOTAIS). ..........................................................
PAÍS
................................................................................ 42
FIGURA 33 - EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO (X1000 TONS), POR
UE-28 DE 2012 (% DE PARTICIPAÇÃO DE FATORES DE PRODUÇÃO 56
FIGURA 46 – PESO (%) DOS DIFERENTES CONSUMOS INTERMÉDIO NA PRODUÇÃO, A PREÇOS BASE, EM 2005 E ENTRE
2010 E 2012............................................. 57
ORIGEM ............................................................................. 42
FIGURA 47 - IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO PARA SEMENTE, EM VALOR ............. 58
FIGURA 34 - VARIAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES (QUANTIDADE) EXTRA E INTRA EU ............ 43
FIGURA 48 - IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO PARA SEMENTE, EM QUANTIDADE ....... 59
10
Junho 2015
ÍNDICES DE TABELAS E FIGURAS
FIGURA 49 - EVOLUÇÃO DO VALOR UNITÁRIO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO SEMENTE. FONTE: EUROSTAT ....................................................... 59
FIGURA 50 - PRINCIPAIS TIPOS DE SEMENTES DE MILHO IMPORTADAS POR PORTUGAL, EM 2013, EM QUANTIDADE. FONTE: EUROSTAT ........................................ 59 FIGURA 51 - IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO HÍBRIDO SIMPLES POR ORIGEM, EM VALOR. FONTE: EUROSTAT ................................................................. 60 FIGURA 52 - EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE FERTILIZANTES, EM VALOR .... 61 FIGURA 53 - EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE FERTILIZANTES, EM QUANTIDADE ..................................................................................... 61 FIGURA 54 - EVOLUÇÃO DO VALOR UNITÁRIO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE ALGUNS FERTILIZANTES. FONTE: EUROSTAT ................................................. 62
FIGURA 55 - PRINCIPAIS TIPOS DE FERTILIZANTES IMPORTADOS POR PORTUGAL, EM 2013, EM QUANTIDADE. FONTE: EUROSTAT
............................................... 62
FIGURA 56 - IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE ALGUNS FERTILIZANTES, POR ORIGEM ......... 63 FIGURA 57 - EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO DE NUTRIENTES EM PORTUGAL. FONTE: FAO .... 64 FIGURA 58 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA EM PORTUGAL
- PREÇOS BASE (2005 = 100). FONTE: EUROSTAT ... 65
FIGURA 59 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA EM ESPANHA
- PREÇOS BÁSICOS (2005 = 100). FONTE: EUROSTAT .. 66
FIGURA 60 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA EM FRANÇA
- PREÇOS BASE (2005 = 100). DADOS DE ELETRICIDADE E
OUTROS COMBUSTÍVEIS INDISPONÍVEIS ............................................... 67
FIGURA 61 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA EM
UE27 - PREÇOS BÁSICOS (2005 = 100). FONTE: EUROSTAT ..... 68
FIGURA 62 - ÍNDICE DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA PARA 2013 - PREÇOS BASE. AUMENTO PERCENTUAL ENTRE 2005 E 2013, NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO, EM PORTUGAL, ESPANHA, FRANÇA E UE27
(2005 = 100). FONTE:
EUROSTAT ......................................................................... 69 FIGURA 63 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS DO TOTAL DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA NA
UE27 - PREÇOS BASE (2005 = 100). FONTE: EUROSTAT ........ 70
FIGURA 64 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DO SULFATO DE AMÓNIO EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH
CONSULAI ................. 71
FIGURA 65 -EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DO CLORETO DE POTÁSSIO EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH CONSULAI ....... 72 FIGURA 66 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DA ENERGIA ELÉTRICA EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH CONSULAI ................... 72 FIGURA 67 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DA GASOLINA SUPER 95 EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH
CONSULAI ................. 73
FIGURA 68 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DO GASÓLEO EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA .................................................................................... 73 FIGURA 69 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DO MILHO SEMENTE EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH CONSULAI ................... 74 FIGURA 70 - EVOLUÇÃO DO PREÇO DO GLIFOSATO EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA. FONTE: ANPROMIS E RESEARCH CONSULAI ......................................... 75 FIGURA 71 - PREÇOS MÉDIOS DE ALGUNS FATORES DE PRODUÇÃO EM PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA NOS ÚLTIMOS 4 ANOS. FONTE: EUROSTAT, ANPROMIS E RESEARCH
CONSULAI .......................................................................... 76 FIGURA 72 - ESQUEMA EXPLICATIVO DA VALORIZAÇÃO DO MILHO DOCE .................. 80
11
Junho 2015
ÍNDICES DE TABELAS E FIGURAS
FIGURA 73 - PESO DOS DIFERENTES TIPOS DE CUSTOS NOS CUSTOS TOTAIS DA CONTA DE CULTURA DO MILHO ................................................................. 84
FIGURA 74 - EVOLUÇÃO DA ÁREA NACIONAL DE MILHO E DO PREÇO MÉDIO PAGO AO PRODUTOR POR CADA TONELADA DE MILHO. FONTE: ANPROMIS ..................... 87
12
Junho 2015
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
anos, possui competências concretas para levar por diante a utilização de outros meios
de
comunicação
que
venham
a
ser
considerados
adequados
ao
funcionamento da Rede Rural (apoio no qual se insere o presente relatório) e ao A ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, fundada no dia
acesso a dados sobre o setor que dificilmente outras instituições terão. Entre as
31 de Maio de 1988, é um centro de apoio e informação aos produtores e suas
competências detidas pela ANPROMIS e comprovadas pela experiência, podemos
Organizações, participando, propondo, discutindo e debatendo todas as questões
referir a capacidade para garantir uma produção agrícola sustentável do ponto de
que afetam a produção de milho e sorgo em Portugal. Conta com vários anos de
vista económico, social e ambiental.
atividade no sector, com cerca de 71.310 associados espalhados pelas mais diversas zonas do país, é membro da CAP (Confederação dos Agricultores de
A ANPROMIS tem uma vasta experiencia no apoio aos produtores de milho em
Portugal) e membro da CEPM (Confederação Europeia dos Produtores de Milho) e
Portugal e assume a responsabilidade de recolha e tratamento da informação
tem como principal competência disponibilizar aos seus associados informação
económica e de mercados.
técnica, económica e ambiental que contribua para o acréscimo dos níveis de competitividade da produção de milho. A associação tem apostado na utilização dos sistemas de informação e comunicação, em particular na sua página web para prosseguir a sua missão. Esta aposta tem passado pela utilização deste meio não apenas para divulgar informação mas também para suportar sistemas de apoio à decisão ou servindo como plataforma de construção e partilha do conhecimento, o que permite hoje afirmar que possui competências inquestionáveis para cumprir de forma eficaz as atribuições que assume e a realizar as tarefas propostas no âmbito da facilitação do acesso á informação tendo em vista a disponibilização de dados relevantes para os agentes envolvidos na produção de milho e sorgo. Efetivamente, com base nos seus sistemas de informação atualmente em
A associação orienta a sua atividade seguindo alguns eixos de atuação como: 1- Realizar eventos de cariz técnico, nomeadamente congressos, colóquios, seminários e reuniões, destinados a debater as questões que mais afetam a cultura do milho e sorgo, em Portugal; 2- Promover e editar publicações destinadas a informar os produtores e os técnicos agrícolas ligados á cultura do milho e do sorgo; 3- Participar e promover o debate de todas as questões e problemas que afetam o presente e futuro da produção de milho e do sorgo em Portugal, recorrendo aos diversos interlocutores nacionais e europeus, ligados ao sector agrícola; 4-Promover a defesa dos interesses dos produtores de milho e sorgo europeus, através da concertação de estratégias no seio da CEPM e 5- Acompanhar e discutir os diversos instrumentos de Politica Agrícola que existem, de modo a tornar as medidas que surgem aliciantes para os produtores nacionais de milho.
exploração, nos seus recursos humanos e no extenso repositório de informação que possui, decorrente dos diversos projetos que tem vindo a realizar nos últimos
13
Junho 2015
APRESENTAÇÃO
Tendo em conta o eixo de atuação nº 5 da ANPROMIS, esta associação decidiu
Grande parte deste investimento foi potenciada por medidas de incentivo ao
apresentar uma candidatura enquadrada com o anúncio de abertura Nº 1/AI4/2013
investimento, que permitiram a realização de investimentos consideráveis, com
para a Área de Intervenção 4 – Facilitação do acesso à informação.
implicação direta no sector e no tecido económico e social de diferentes regiões
Este relatório, que compila informação sobre o setor do milho e ainda informação sobre alguns fatores críticos de competitividade para os produtores deste cereal, apresenta como pertinentes os seguintes temas:
do país. Por outro lado, é a cultura do milho que apresenta uma das maiores taxas de organização da produção (as OP’s concentram 75% da produção nacional de milho). O perímetro de rega do Alqueva foi também um fator potenciador do investimento
Estudo setorial para a cultura do milho e perspetivas futuras de evolução, com caracterização das fileiras, organização do setor, produção de milho
nesta cultura de regadio, sendo que se espera que a área afeta a esta cultura se multiplique nos próximos anos.
grão, milho silagem e análise regional;
Estudo comparativo (relativamente a Portugal, Espanha e França) dos
Baseado nos dados expostos, considerou-se que o sector carece de divulgação e de
custos dos fatores de produção utilizados na cultura do milho e análise da
uma análise detalhada e compilada num só documento que possa servir os
competitividade do setor.
propósitos e compromissos de uma associação como a ANPROMIS.
De facto um estudo desta natureza justifica-se por várias razões, destacando-se o
A divulgação dos resultados deste relatório deverá ser realizada de três diferentes
facto de o milho ser a cultura arvenses com maior expressão em Portugal
formas:
(146.719ha). É uma cultura que está presente de Norte a Sul do país e na Região Autónoma dos Açores, sendo fundamental para o ordenamento do território. O milho é ainda a única cultura capaz de, em extensão, ocupar uma parte significativa da área de Alqueva cujo desenvolvimento é reconhecido por todos, constituindo um desígnio nacional e o próximo desafio da agricultura portuguesa e da economia nacional. Atualmente existem cerca de 74.500 produtores de milho em Portugal (Continente e Açores), sendo que a área aumentou nos últimos 3 anos (+14.232ha) o que implicou um Investimento muito significativo, numa altura de acentuadas restrições financeiras.
Num dos colóquios anuais a realizar pela ANPROMIS, onde parte deste será dedicado à divulgação dos resultados do relatório;
Inclusão do relatório na página web oficial
Inclusão de informação relevante em três encartes a incluir na publicação periódica da ANPROMIS (boletim "Informação ANPROMIS”).
Este relatório tem uma complementaridade direta com uma candidatura à ação 4.2.2 do PRODER “Redes Temáticas de Informação e Divulgação” denominada RICPROM (Rede de Informação para a Competitividade dos Produtores Nacionais de Milho) que teve por objetivo, entre outros, contribuir para a competitividade dos
14
APRESENTAÇÃO
Junho 2015
produtores nacionais de milho, dotando-os de informação técnica, económica e ambiental relevante. Com a aprovação desta candidatura, apresentada em parceria com o Instituto Superior de Agronomia (ISA) e com o COTR (Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio), foi possível municiar os produtores nacionais de milho de informação relevante de forma organizada, sistemática e periódica. De entre a informação recolhida, trabalhada e enviada aos produtores nacionais de milho destacamos os boletins com as necessidades de rega do milho, enviados semanalmente durante a campanha agrícola e que permitiram aos cerca de 300 agricultores que receberam esta informação adequar as dotações de rega às reais necessidades da cultura. Por outro lado, a ANPROMIS elaborou ainda, no âmbito desta candidatura, o boletim “Informação ANPROMIS” com informação técnica e de mercado relevante para os produtores nacionais de milho, que foi enviado trimestralmente para cerca de 1.200 produtores e técnicos agrícolas existentes na base de dados de emails da associação. É neste âmbito que se desenvolve o presente estudo, complementando o trabalho anteriormente realizado. Através do trabalho de tratamento de conteúdos disponíveis e recolhidos pela associação, a divulgação e disseminação desta informação
será
a
continuidade
da
contribuição
da
ANPROMIS
para
a
competitividade dos produtores nacionais de milho, dotando-os de informação setorial, técnica e de mercado.
15
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
17
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
INTRODUÇÃO
significativos em Portugal por cultura, do valor da produção a preços constantes – vem colocar o milho grão no quarto do lugar das culturas com maior crescimento entre 2011 e 2014, crescimento que em muito dependeu dos
Esta parte do relatório pretende concretizar uma análise aprofundada ao setor do
associados da ANPROMIS.
milho em Portugal. Contudo, para contextualizar a situação nacional, é feita uma breve avaliação do setor dos cereais a uma escala global e europeia, sempre com
CRESCIMENTOS MAIS SIGNIFICATIVOS DO VALOR DA PRODUÇÃO
um forte enfoque na cultura do milho (principalmente dedicado à alimentação animal – milho gão e milho silagem). Após este enquadramento entra-se efetivamente na caracterização do setor em Portugal. Dos vários parâmetros analisados e dos diferentes pontos a considerar destacam-se os seguintes:
Var 2011/2014
Var.Media Anual
Batata
41,00%
12,14%
Oleaginosas
21,70%
6,75%
Hortícolas Frescos
19,50%
6,12%
12,60%
4,03%
Azeitonas
9,70%
3,14%
Prod.Vegetal
9,00%
2,92%
Ovos
8,90%
2,87%
Frutos Frescos
7,00%
2,18%
Milho grão
Áreas de produção
Produtividades
Produções
Preços
Distribuição geográfica da produção
Perfil produtivo do país
Análise do milho silagem VS milho para grão
Análise do milho regado VS milho de sequeiro
Capacidade de armazenagem
Capacidade de secagem
Caracterização da Anpromis e do seu peso no setor do milho em Portugal
estudo que se segue uma fonte fiável e exaustiva de dados de maior importância
Obstáculos ao setor
não só para os sócios como para todos os interessados numa das culturas mais
Com esta análise, é delineado com detalhe o perfil produtivo deste setor tão
Medida sobre valores a preços constantes de 2011 Assim, sabendo da importância deste setor em Portugal, a criação de um estudo desta natureza parece ser lógico e provavelmente estruturante para desenvolver uma estratégia futura. Finalmente, uma vez que a ANPROMIS tem como um dos seus principais objetivos a divulgação e facilitação de informação relevante aos seus associados, vê-se no
importantes a nível mundial.
importante em Portugal. A tabela que se segue - que indica os crescimentos mais
18
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO A PRODUÇÃO MUNDIAL DE CEREAIS
Figura 1 - Produção mundial de cereais (milhões de toneladas) Fonte: Conselho Internacional de Cereais (CIC)
A previsão de produção de cereais para 2013/2014 alcançará o número record de 1.964 milhões de toneladas.
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO
Figura 2 - Produção mundial de trigo (milhões de toneladas) Fonte: Conselho Internacional de Cereais (CIC) Se excluirmos o arroz, verifica-se que o trigo, a seguir ao milho, é um dos cereais
Os cereais constituem um dos setores agrícolas mais importantes a nível mundial. Segundo a FAO, o milho representa a 2ª cultura mais produzida e a 6ª que mais valor gera em todo o mundo.
mais representativos. Estima-se que só em 2013/2014 venham a ser alcançadas produções de 707 milhões de toneladas.
19
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO
Figura 3 - Produção mundial de milho (milhões de toneladas) Fonte: Conselho Internacional de Cereais (CIC) Verifica-se que o peso que o milho tem na economia da agricultura global é extremamente relevante. A produção provavelmente chegará os 959 milhões de toneladas, atingindo-se o recorde dos últimos anos. De referir que só os EUA contribuem com cerca de 50% da produção total mundial.
20
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
A PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO
Figura 4 - Principais focos produtivos de milho no mundo
21
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
EVOLUÇÃO DO PREÇO DE ALGUNS CEREAIS NO ANO DE 2012
Figura 6 - Evolução do preço médio anual do milho, cevada e trigo Fonte: Eurostat Podemos analisar o valor anual médio dos últimos 4 anos e constatar que 2012 foi Figura 5 - Flutuações do preço do milho, cevada e trigo mole em 2012 Fonte: Eurostat
o ano em que o preço por tonelada de cereal foi mais valorizado, tendo o milho atingido um valor médio de 223 €/ton.
Torna-se curioso reparar como a flutuação do preço dos três principais cereais no mundo varia em conjunto ao longo do ano. A valorização é dada a partir do verão, quando se inicia a colheita dos cereais. De reparar que o milho possui um preço médio por tonelada localizado entre os preços médios da cevada e do trigo mole.
22
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO E OS CEREAIS NO MUNDO
EVOLUÇÃO DA COTAÇÃO DOS CEREAIS
Figura 7 - Evolução da cotação dos cereais - FOB Bordéus (2006 a 2012) Fonte: Conselho Internacional de Cereais (CIC)
23
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO NA EUROPA
O MILHO NA EUROPA PRODUÇÃO VERSUS PRODUTIVIDADE
Portugal destaca-se entre os países com a maior produtividade, mas fica muito atrás na quantidade total de milho produzida (15º lugar).
ÁREA DE PRODUÇÃO MÉDIA VERSUS PRODUÇÃO MÉDIA DE MILHO NA UE
Figura 9 - Área média de produção versus produção média de milho na Europa Fonte: Eurostat Figura 8 - Produção versus produtividade do milho, por país da UE, em 2012 Fonte: Eurostat O gráfico permite averiguar aqueles países da UE em que a produção mais elevada se faz acompanhar das maiores produtividades.
Neste gráfico observa-se a evolução da produção de milho na Europa e a área utilizada para esse fim. Entre 2004 e 2007 houve um decréscimo de área de produção acentuado. A partir daí a produção voltou a aumentar, mas sem que houvesse um aumento
Destaca-se a França que se apresenta como o maior produtor de milho da União
significativo na área utilizada, o que permite concluir que as produtividades por
Europeia, com a 6ª melhor produtividade.
hectare têm aumentado.
24
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O MILHO NA EUROPA
Em todo o caso, para o período referido, observa-se um decréscimo global da produção europeia de milho na ordem dos 31%.
PRODUTIVIDADE NA EUROPA
Figura 10 - Produtividade média do milho na Europa (tons/ha) Fonte: Eurostat Como se tinha já constatado do gráfico anterior, verifica-se que a produtividade média da Europa tem sofrido algumas flutuações, com um acentuado decréscimo em 2012. A entrada para EU de alguns países com agriculturas menos desenvolvidas, como os países de Leste, podem contribuir para esta ausências de evolução positiva das produtividades de milho.
25
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
ÁREA DE MILHO GRÃO VERSUS SILAGEM
EVOLUÇÃO DA ÁREA DE CEREAIS
Tabela 2 - Área de milho em Portugal (2004 a 2013) - Grão versus Silagem
Tabela 1 - Evolução da área de cereais em Portugal (2004-2013)
Fonte: ANPROMIS/IFAP Relativamente à cultura do milho, verifica-se que o milho grão ganhou uma maior expressão de 2012 para 2013 mas, nos últimos 10 anos, a quebra foi bastante acentuada (-34%). Por outro lado, e no mesmo período, o milho para silagem teve uma quebra de 14%, o que parece indicar uma certa estabilidade na opção dos agricultores por produzirem esta cultura, o que poderá estar intimamente ligado à Fonte: ANPROMIS/IFAP
produção de leite. No entanto, de 2012 para 2013 verificou-se um aumento de 7%
Neste quadro é possível perceber qual tem sido a evolução da área afeta à
na área para milho grão fruto de vários fatores, mas principalmente dos bons
produção de cereais no período de 2004 a 2013.
preços médios alcançados pela cultura em 2012.
Entre 2004 e 2013 houve um decréscimo acentuado na área dedicada (-39%). De notar que apenas o arroz, a cevada dística, o trigo mole e o triticale é que viram um aumento na área utilizada, sendo os dois últimos de uma forma bastante expressiva.
26
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
ÁREA DE MILHO
ÁREA DE MILHO
POR DRAP
POR DISTRITO
Tabela 3 - Área de milho em Portugal (2004 a 2013) por DRAP
Fonte: ANPROMIS/IFAP Olhando agora para a área dedicada ao milho por DRAP, verifica-se que é a região de Lisboa e Vale do Tejo juntamente com o Alentejo, aquelas que sofreram as menores reduções. Por outro lado, a região Norte e Centro são as que se têm ressentido mais nos últimos 10 anos, com o decréscimo de área na ordem dos 35% e 52% respetivamente. Os Açores foram a única região que viu a sua área aumentada neste período (+32%).
Figura 11 - Área de milho em Portugal em 2013, por distrito Fonte: ANPROMIS/IFAP
27
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
PERFIL DA PRODUÇÃO DE MILHO
Figura 13 - Perfil da produção de milho em Portugal, em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP Este gráfico permite concluir que a grande percentagem de milho produzido em Figura 12 - Contributo de cada distrito para a área nacional de milho em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP
Portugal é feito em regadio sendo o milho grão o objetivo final (aprox. 90 mil ha). O milho silagem em regadio é a segunda forma de produzir milho mais recorrente
Santarém conta com 17% da área dedicada ao milho, enquanto Beja, Évora e
a nível nacional, surgindo depois, em partes aproximadamente iguais, o milho
Portalegre contabilizam, ao todo, 14%.
sequeiro para grão e silagem.
28
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
O milho para grão em regadio é o mais
A região Norte concentra a maior área dedicada ao milho de regadio para silagem
produzido em Portugal, com cerca de 90 mil
expressão, tirando à exceção do observado nos Açores, com cerca de 10 mil ha
hectares
(próximo de 23 mil ha). As áreas de milho de sequeiro possuem cada vez menos dedicados a milho de sequeiro para silagem
As DRAP LVT, Norte e Alentejo, são aquelas que mais produzem milho grão e silagem, em regadio
Figura 14 - Áreas de produção (ha) por perfil produtivo, em 2013, por DRAP Fonte: ANPROMIS/IFAP Olhando para as áreas dedicadas ao milho, por perfil produtivo e por DRAP, constata-se que é na região de Lisboa e Vale do Tejo que se encontra o grande foco produtivo de milho de regadio para grão, juntamente com a região Norte e Alentejo.
29
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
Figura 15 - Perfil da produção de milho em Portugal, em 2013, por distrito Fonte: ANPROMIS/IFAP
30
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
ÁREA DE MILHO VERSUS Nº DE PRODUTORES
algo muito característico do mosaico agrícola observado nessa região, de pequena escala. Por outro lado, LVT e Alentejo assumem-se como as grandes regiões para potenciar o setor do milho. Áreas extensas, disponibilidade de água e concentração da oferta em organizações de produtores.
Figura 16 - Área de milho versus nº de produtores, por DRAP, em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP Neste gráfico é possível verificar uma relação entre a área total de milho, a área média por exploração e o nº de produtores por DRAP.
Figura 17 - Área de milho versus nº de produtores, por distrito, em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP
É interessante constatar que a região Norte, apesar de possuir a maior área e o maior número de produtores, é aquele que possui a menor área por exploração,
31
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
ÁREA DE MILHO POR CONCELHO
Figura 18 - Área total de milho nos principais concelhos produtores em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP
Verifica-se que são os concelhos do Norte e LVT os que concentram a maior área para milho. Barcelos e Vila do Conde possuem a maior expressão a Norte. Golegã e Coruche são os principais concelhos produtores no Ribatejo
32
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
PERFIL PRODUTIVO DE MILHO EM PORTUGAL
Figura 19 - Perfil produtivo de milho em Portugal, por concelho, em 2014 (รกrea semeada). Cada coluna amarela representa uma determinada quantidade de รกrea semeada. Fonte: ANPROMIS/IFAP
33
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
PESO DO MILHO NA AGRICULTURA, NAS CULTURAS E NOS CEREAIS Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total/Média
VAB Milho (milhões US$) 111,31 99,64 142,22 135,25 90,90 104,37 184,67 158,07 122,32 169,00 232,17 255,06 1.804,98
VAB Agricultura (PIN) (milhões US$) 3.540,00 3.842,00 4.579,00 5.711,00 5.340,00 5.312,00 5.915,00 6.927,00 6.175,00 6.353,00 6.206,00 6.449,00 66.349,00
VAB Cereais (milhões US$) 179,00 202,00 225,00 235,00 147,00 222,00 326,00 393,00 251,00 274,00 351,00 377,00 3.182,00
VAB culturas (PIN) (milhões US$) 2.155,00 2.301,00 2.797,00 3.749,00 3.375,00 3.393,00 3.633,00 4.290,00 3.883,00 4.220,00 3.882,00 4.136,00 41.814,00
Peso do milho no VAB Peso do milho Peso do milho no VAB cereais no VAB culturas Agrícola 62% 5% 3% 49% 4% 3% 63% 5% 3% 58% 4% 2% 62% 3% 2% 47% 3% 2% 57% 5% 3% 40% 4% 2% 49% 3% 2% 62% 4% 3% 66% 6% 4% 68% 6% 4% 57% 4% 3%
O milho desde há muitos anos que tem tido sempre um enorme peso na agricultura nacional. Em 2012 representou perto de 70% do valor acrescentado bruto (VAB) dos cerais em Portugal e teve um peso de 4% no VAB total da agricultura nacional. Fonte: FAO
34
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
PRODUÇÃO NACIONAL DE MILHO
Figura 20 - Produção de milho em Portugal (2013* dados previsionais) Fonte: ANPROMIS/IFAP
ÁREA VERSUS PRODUÇÃO DE MILHO GRÃO
Figura 21 - Área versus produção de milho grão, em Portugal Fonte: ANPROMIS/IFAP De referir como os ensaios com milho geneticamente modificado têm aumentado
Anteriormente já tinha sido constatado que, entre 2004 e 2013 a variação nas
nos últimos anos, destacando-se ainda que os maiores acréscimos são observados
áreas de milho tinha tido um decréscimo significativo em Portugal. No entanto,
nas DRAP do Alentejo e de Lisboa e Vale do Tejo.
olhando para a evolução da produção entre 2008 e 2013, é possível aferir que a cultura está a ganhar um novo fôlego e a assumir-se como uma aposta dos agricultores nacionais. A estabilidade das políticas agrícolas, a aposta na secagem e no regadio, bem como condições climáticas favoráveis e de mercado podem ter
Estas regiões caracterizam-se, como já referido anteriormente, por possuírem as explorações de milho com maior dimensão, o que facilitará a execução desses mesmos ensaios.
tido influência nestes resultados.
35
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
PRODUTIVIDADE VERSUS ÁREA DE MILHO ENSAIOS DE MILHO
GRÃO
Figura 22 - Produtividade do milho em Portugal (kg/ha) versus área dedicada ao milho (x1000 ha) Fonte: Eurostat Apesar da redução da área observada nos últimos anos, sobressaem os acréscimos de produtividade que vêm sendo obtidos.
Figura 23 - Área de milho versus nº de ensaios realizados em 2013, por distrito Fonte: ANPROMIS/IFAP Este gráfico permite verificar que o nº de ensaios de milho concentra-se nos distritos onde a produção e a produtividade são mais elevadas. Santarém é o
Os produtores nacionais começam a produzir cada vez mais, de forma mais
distrito com o maior número de ensaios (140), seguido dos distritos do Porto,
eficiente e aproveitando melhor os recursos disponíveis.
Aveiro e Braga.
A produtividade média nacional aumentou nos
Faro e a região da Madeira, regiões como pouca expressão de cultura do milho, não apresentam qualquer nº de ensaios.
últimos 10 anos mais de 40%. 36
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM VERSUS SECAGEM
Figura 25 - Capacidade de secagem versus capacidade de armazenagem por distrito, em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP No que se refere à capacidade de secagem versus a capacidade de armazenagem, verificamos que é em Santarém e Beja que se encontra o maior equilíbrio, em muito devido aos investimentos das organizações de produtores do setor. Lisboa e Porto possuem uma enorme capacidade de armazenagem devido aos silos existentes junto aos portos que servem muitas vezes para abastecer a indústria ou Figura 24 - Nº de ensaios de milho em Portugal em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP
promover as importações/exportações.
37
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
ÁREA DE MILHO GRÃO VERSUS CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM
organizada e pelas pequenas dimensões que perfilam as explorações do Norte do país.
EVOLUÇÃO DO PREÇO DO MILHO
Figura 26 - Área de milho grão (ha) versus capacidade de armazenagem (tons), por DRAP, em 2013 Fonte: ANPROMIS/IFAP
Figura 27 - Evolução dos preços mensais do milho nos últimos 4 anos Fonte: France Agricole
O gráfico que aqui se apresenta, evidencia que é nas DRAP de LVT e Alentejo onde
Neste gráfico observa-se que o ano de 2013 foi o pior em termos de valorização do
se concentra a produção e a armazenagem de milho grão, em grande parte devido
milho, dos últimos 4 anos.
à maior organização da produção deste cereal. Por outro lado, 2012 bateu o valor médio recorde no mesmo período, a partir de A região Norte, apesar de possuir muita área dedicada a esta cultura, possui uma
15 de Julho até 02 de Dezembro.
área de armazenagem mais reduzida, devido ao facto da produção não ser muito
38
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
EVOLUÇÃO DO MILHO OGM EM PORTUGAL
Figura 28 - Evolução do nº de ensaios com milho OGM, por DRAP Fonte: ANPROMIS/IFAP De notar apenas como os ensaios com milho geneticamente modificado têm aumentado nos últimos anos, destacando-se, ainda, que os maiores acréscimos são observados nas DRAP do Alentejo e de Lisboa e Vale do Tejo. Estas regiões caracterizam-se, como já referido anteriormente, por possuírem as explorações de milho de maior área média, o que facilitará a execução desses mesmos ensaios.
39
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO ORIGENS DAS PRINCIPAIS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO
As importações rondaram em média 1,7 milhões de toneladas, enquanto que a produção nacional média foi de apenas 635 mil toneladas.
A produção destinada ao processamento industrial é quase inexistente e a alimentação animal absorve perto de 2 milhões de toneladas de milho
Figura 29 - Balanço de autoaprovisionamento de milho em Portugal Fonte: INE, Eurostat e ANPROMIS A dependência externa de milho em Portugal é conhecida e transversal à maioria
Figura 30 - Quantidade de milho importado (tons), em 2012 Fonte: Eurostat e 7º Colóquio Nacional do Milho - 2014
dos setores da agricultura. O gráfico ao lado demonstra isso mesmo. Entre 2005 e
Os principais fornecedores de milho de Portugal foram a Ucrânia, a Bulgária, a
2012,
França e a Espanha, sendo que os últimos 3 países contribuíram de forma quase
a
produção
nacional
apenas
aproximadamente 29% da procura de milho.
conseguiu,
em
média,
satisfazer
equitativa.
40
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO
A Ucrânia tem-se vindo a assumir nas últimas campanhas como um player a ter em conta a nível mundial. As mais de mil toneladas exportadas só para Portugal em 2012 são sinónimas disso mesmo.
Bons solos (chernozemes), elevada área e o aparecimento de agro-holdings de elevada dimensão, fazem da Ucrânia uma das grandes potências mundiais de milho
Figura 31 - Principais origens das importações nacionais de milho em 2012 Fonte: Eurostat De facto a Ucrânia, em 2012, contribuiu para mais de 60% das importações nacionais de milho. A França, outrora um dos grandes fornecedores de Portugal desta matéria-prima, teve apenas um peso de 8% nas nossas importações.
41
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO
Figura 33 - Evolução das importações nacionais de milho (x1000 tons), por origem Fonte: France AGRIMER Figura 32 - Variação das importações de milho (em quantidade x 1000 tons) por país Fonte: Eurostat/France AGRIMER
Podemos analisar as previsões das importações nacionais de milho em 2013, numa
Este gráfico permite constatar o que foi dito anteriormente. Observamos a França
Para a campanha 2012/2013 prevê-se que haja um ligeiro decréscimo das
a perder protagonismo e a Ucrânia a aumentar de forma relevante a sua
importações provenientes da Ucrânia e um aumento significativo do milho
participação.
importado do Brasil.
De destacar as variações das importações de milho provenientes do Brasil e dos
O volume total de importações permanece praticamente inalterado.
junção de dados do Eurostat com as previsões do France Agrimer.
EUA. Estas variações poderão estar dependentes de muitos fatores, como o clima e preços de mercado, mas é certo que a proximidade da Ucrânia a Portugal terá uma grande influência na redução das importações do Continente Americano.
42
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE MILHO
A Ucrânia e o Brasil na linha da frente como os principais fornecedores de milho de Portugal – 826 mil tons e 508 mil tons respetivamente VARIAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES NACIONAIS DE
No gráfico observamos a variação das importações nacionais de milho provenientes de países pertencentes à União Europeia, e de países que não pertencem. De notar que a partir de 2010 houve uma mudança notável (bem como entre 2005 e 2008), onde as importações dominantes tinham como principal origem países extracomunitários, com especial predomínio para o Brasil e a Ucrânia.
Domínio das importações extracomunitárias de milho em Portugal
MILHO COM ORIGEM DENTRO E FORA DA UE
Figura 34 - Variação das importações (quantidade) extra e intra EU Fonte: Eurostat
43
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
OS NÚMEROS DA ANPROMIS
OS NÚMEROS DA ANPROMIS O CONTRIBUTO DA PRODUÇÃO DE MILHO GRÃO DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS A NÍVEL NACIONAL
Figura 36 - Evolução do peso da produção de milho dos associados da ANPROMIS no total nacional Fonte: ANPROMIS/Eurostat A evolução da produção dos associados da ANPROMIS tem sido bastante positiva. Entre 2004 (205 mil toneladas) e 2013 (312 mil toneladas), a variação foi acentuada (+52,5%). Olhando para o contributo da produção dos Associados das ANPROMIS no total da produção nacional de milho (gráfico à esquerda em baixo), verificamos que o Figura 35 - Evolução da quantidade de milho produzida pelos associados da ANPROMIS versus produzida por outros Fonte: ANPROMIS/Eurostat
mesmo tem sido muito significativo. Entre 2007 e 2013, a Associação contribuiu, em média, com 34% da produção total de milho grão em Portugal.
44
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
OS NÚMEROS DA ANPROMIS
A REPRESENTATIVIDADE GEOGRÁFICA DOS ASSOCIADOS DA ANPROMIS
Figura 37 - Localização geográfica das sedes dos associados da ANPROMIS
45
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
A INDÚSTRIA
A INDÚSTRIA
Efetivamente, entre 2007 e 2013, os derivados de milho aumentaram, em
OS PRODUTOS DERIVADOS DO MILHO
quantidade, mais de 250 % e em valor próximo de 400%
Figura 38 - Evolução das importações nacionais de produtos derivados do milho, em quantidade e valor Fonte: Eurostat
uma pequena parte do milho grão importado, não deixa de ser interessante
Figura 39 - Peso das importações nacionais (em valor) de produtos derivados do milho em 2013 Fonte: Eurostat
verificar como tem evoluído esse indicador.
Dentro dos diferentes tipos de derivados de milho mais importados, o amido foi
Apesar de o volume de negócio das importações de derivados de milho representar
aquele que mais se destacou em 2013, contando com um peso de 75% do valor total das importações, seguido dos pellets de milho com 17% do valor.
46
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
A INDÚSTRIA
A sêmola e farinha e os grãos de milho esmagados ou em floco surgem em terceiro e quarto lugares com 5% e 3% respetivamente.
OS ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS EM PORTUGAL
Figura 40 - Importações nacionais (em euros) de produtos derivados de milho, por país, em 2013 Fonte: Eurostat O gráfico acima permite avaliar quais as principais origens das importações nacionais de derivados do milho. A Espanha domina em quase todos os subprodutos,
com
exceção
dos
grãos
maioritariamente provenientes do Brasil.
de
milho
cortados
ou
partidos,
Figura 41 - Utilização de matérias-primas para produção de alimentos compostos para animais por parte dos associados da IACA, em 2012 Fonte: IACA A Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), absorveu cerca de 1,7 milhões de toneladas de cereais em 2012. Os dados obtidos não nos permitem averiguar qual a percentagem de milho incluída nesse número, mas será certamente bastante elevada.
47
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
A INDÚSTRIA Relativamente ao peso dos diferentes componentes dos alimentos, verifica-se que os cereais representam 56% e as oleaginosas (como a soja) 24%. Por outro lado, os destinos dados pela IACA aos seus alimentos compostos para animais, focam-se principalmente, e como seria de esperar, nas aves (42%), nos suínos (28%) e nos bovinos (21%).
Figura 42 - Principais matérias-primas utilizadas pela IACA em 2012 Fonte: IACA
Figura 43 - Principais destinos dos produtos da IACA, em 2012 Fonte: IACA
48
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL A INDÚSTRIA
Junho 2015
OBSTÁCULOS AO SETOR
maior quantidade dos principais alimentos de qualidade que produz. Atualmente, alguns dos produtos alimentares europeus, designadamente as maçãs e diversos queijos, estão proibidos de entrar no mercado dos EUA;
Alguns obstáculos à evolução do setor podem ser identificados. Enumeram-se
outros estão sujeitos a direitos aduaneiros elevados aplicados pelos EUA - 30 %
alguns mais significativos:
para a carne, 22-23 % para as bebidas e até 139 % para os produtos lácteos. A
• • •
Variação da cotação do milho no mercado internacional/nacional; Enquadramento político (apoio ao regadio, investimentos, etc…);
remoção destes e de outros obstáculos contribuirá para impulsionar as exportações da UE para os EUA, mas o contrário também se observará, não se sabendo, neste momento, qual o impacto no setor.
Programa de Desenvolvimento Rural adaptado às reais necessidades da fileira (ao nível das explorações agrícolas e das organizações de produtores);
• • •
Adaptação às alterações climáticas (rega, drenagem, seca…); Substâncias ativas relevantes retiradas do mercado (neonicotinoides,…); Desenvolvimento
e
persistência
de
doenças
limitantes
(Cephalosporium,…);
• •
Embargo russo; As negociações da TTIP (The Transatlantic Trade and Investment Partnership) incluirão o complexo agroalimentar. Abrir os mercados agrícolas e alimentares será uma «via de dois sentidos», com benefícios tanto para a UE como para os EUA.
Os EUA estão interessados em vender vários dos seus produtos agrícolas, tais como o trigo e a soja. As exportações da UE para os EUA são, na sua maioria, produtos alimentares de maior valor, como bebidas espirituosas, vinho, cerveja e alimentos transformados (tais como o queijo, o presunto/fiambre e o chocolate). A Europa tem um interesse claro em poder vender aos EUA uma
49
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
período, 34%, mas num passado mais recente começa-se a notar um aumento ligeiro nas áreas semeadas. As DRAP LVT, Alentejo e Açores parecem ser aquelas onde a área de produção de
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL
milho tem aumentado. Entre 2012 e 2013 as áreas aumentaram 13%, 25% e 1%
A produção de milho tem uma importância e um peso indubitável na agricultura
Santarém reforça a sua posição como o distrito de referência na produção de
europeia e mundial, assumindo-se como um dos cerais com maior relevância em
milho em Portugal, com mais de 25 mil ha. Por esta razão, é também o local mais
termos económicos, principalmente por ser um dos produtos indispensáveis das
procurado para a realização de ensaios técnicos.
rações, nomeadamente para as produções animais de carne e de leite.
respetivamente.
A procura interna de Portugal ronda os 2,26 milhões de toneladas, sendo que cerca
Contudo, a Europa tem vindo a perder preponderância a nível internacional no que
de 1,9 milhões de toneladas são destinadas à alimentação animal e apenas cerca
se refere à produção de milho. Nos últimos 10 anos a produção diminuiu em 31%.
de 125 mil toneladas para alimentação humana. O setor do milho em Portugal não
No ranking dos maiores produtores surgem os EUA, a China, o Brasil e a Argentina.
está, claramente, inclinado para a alimentação humana.
A Ucrânia surge em 7º lugar enquanto a França em 9º. Também a produtividade média europeia se tem mantido inalterada nos últimos anos, ainda que se tenha de contar com a entrada de novos países para a UE, com um tecido agrícola pouco desenvolvido. Todavia, países como a Alemanha, a França, a Bélgica, a Espanha e Portugal, possuem produtividades médias bastante elevadas (entre as 8 e as 11 toneladas por hectare), indicativas de que nesses países esta cultura é bem acompanhada tecnicamente.
Em Portugal domina assim a produção de milho grão de regadio (90 mil ha), na DRAP LVT (cerca de 28 mil ha). Verificou-se que a área dedicada ao milho em Portugal tem vindo a diminuir nos últimos 10 anos, mas a produção aumentou 17,3% (de 700 mil para 932 mil toneladas), fruto da melhoria da produtividade média nacional que, no mesmo período, passou de 5.790kg/ha para 8.321kg/ha (+44%).
Em Portugal os cereais têm uma expressão na agricultura significativa (aproximadamente 360 mil hectares) mas entre 2004 e 2013 houve um decréscimo de 39% da área dedicada a estas culturas. A área para milho grão decresceu, neste
50
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL Junho 2015
CONCLUSÕES
CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM E SECAGEM DE PORTUGAL INSUFICIENTE: Em 2013 Portugal só teria capacidade para armazenar, teoricamente, 32% da produção e a capacidade de secagem rondaria as 9 mil tons/dia (seriam necessários cerca de 100 dias para secar toda a produção nacional). Contudo, é certo que grande parte da produção nacional é imediatamente direcionada para a indústria e outra parte é seca recorrendo aos métodos tradicionais (eiras e espigueiros). Mas a evolução do setor e a sua competitividade passará sempre pela
Desde 2009/2010 que a maioria das importações nacionais são provenientes de países extracomunitários A ANPROMIS EM PORTUGAL Relativamente à importância da Anpromis para o setor do milho em Portugal, verificou-se que os seus associados, nos últimos anos, contribuíram com cerca de 34% do total produzido a nível nacional, fornecendo mais de 300 mil toneladas.
necessidade de melhorar estas competências. OS PREÇOS: Relativamente aos preços do milho a nível nacional, o ano de 2013 atingiu os preços médios (no período de colheita) mais baixos dos últimos 10 anos (166€/ton), contrastando com 2012, o ano em que a cultura foi mais valorizada (245€/ton). Esta deflação no valor poderá ter consequências nas produções nacionais de milho em 2014. A BALANÇA COMERCIAL: Portugal é altamente deficitário em milho, conseguindo apenas satisfazer cerca de 30% da procura nacional. Em 2012 o maior fornecedor de Portugal foi a Ucrânia (próximo de 1 milhão de toneladas), preponderância que tem vindo a aumentar desde 2009 (a Ucrânia é já o 7º maior produtor de milho no mundo) Em 2013 estima-se que a Ucrânia e o Brasil repartam uma grande quota no mercado nacional de milho.
51
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL CONCLUSÕES
Junho 2015
DESAFIOS DO SETOR Destacam-se aqui alguns dos desafios que podem ser colocados aos agentes de um dos setores mais importantes na agricultura portuguesa:
O desafio principal que se coloca é o de aumentar a produção nacional, reduzir a dependência do exterior e equilibrar a balança comercial;
O país parece ser deficitário na capacidade de secagem e de armazenagem.
Segundo
o
GPP,
já
46%
do
valor
de
produção
comercializada de milho em Portugal é disponibilizado através de organizações de produtores, no entanto, este setor só terá a beneficiar com a organização, o que se traduzirá num aumento da capacidade de investimento (nomeadamente em silos e secadores, fundamentais para a valorização do milho);
Aumentar as produtividades. A produtividade média nacional ronda os 8.000kg/ha mas é possível melhorar esta relação. A inovação, a melhoria dos sistemas de gestão de rega e das práticas culturais deverão ser prioritárias;
Valorização da produção nacional – estado sanitário do grão (ausência de micotoxinas, teor de humidade, etc…);
Aparecimento de novas áreas de regadio – Alqueva (120.000 ha que poderão ser explorados);
Aparecimento de novas oportunidades de negócio (pipocas, milho doce, milho para semente, milho para papas de bebés – BTP (baixo teor de pesticidas), bioetanol, etc.).
52
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO
FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO
53
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
mercados e do clima e que tenham um forte impacto na competitividade, tais como os principais fertilizantes, os principais herbicidas, as sementes e os combustíveis.
O setor do milho é um dos mais importantes da agricultura nacional e sem dúvida uma das principais culturas a nível mundial. Segundo a FAO, o milho produzido no mundo, em 2012, atingiu perto de 870 milhões de toneladas refletidos numa área semeada
de
178
milhões
de
hectares.
A
produção
está
concentrada
essencialmente nos EUA, na China e no Brasil (cerca de 75% da produção total), enquanto a Europa representa apenas 11% da produção mundial. Não obstante, apesar da importância consagrada deste cereal para a alimentação – direta ou indiretamente - das populações e do impacto que tem vindo a ter na obtenção de biocombustíveis, a verdade é que o mesmo, principalmente nas economias mais desenvolvidas, goza de uma reputação ambivalente. O milho, pelas flutuações constantemente observadas no seu preço, fruto das mais variadas
O milho é hoje um produto global. Esta cultura, que tem o estatuto de commodity, carece, pois, de uma análise aprofundada quanto à sua competitividade em território nacional em comparação com a produção de milho noutras geografias do globo
contingências (clima, crises geopolíticas, tipo de destino dado ao cereal, especulação, mercado, etc.), passa frequentemente de cultura de eleição por parte dos agricultores, das associações e das organizações, para o produto malamado que dificilmente dá algum tipo de lucro a quem opta por produzi-lo. Portugal, enquanto produtor de excelência de milho, não escapa a esta situação, pelo que é hábito observar-se, num ano, o milho como a cultura mais rentável e importante para o produtor para, no início da campanha seguinte, passar a ser o grande causador da insustentabilidade da sua exploração agrícola. Assim, com o intuito de tentar perceber quais os fatores críticos de sucesso da cultura de milho em Portugal, decidiu-se analisar aqueles que podem, em certa medida, ser mensuráveis, serem os menos dependentes da volatilidade dos
Neste sentido, e de forma a podermos fazer uma análise efetiva, optou-se por realizar um estudo comparativo. Foi escolhida a Espanha e a França para figurarem ao lado de Portugal neste trabalho, justificando-se, o primeiro país, pelo facto do seu clima ser muito idêntico ao nosso e a França, por ser um país com uma forte tradição e especialização na produção de milho, e do qual importámos, na última década, milhares de toneladas. A Figura 44 permite observar como a produção de milho está concentrada maioritariamente em poucos países. Destacam-se as grandes potências produtoras americanas, a China e a Ucrânia. Certo é que qualquer alteração nas produções destas regiões acaba por ter um impacto a nível global.
54
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO Os fatores de produção mais determinantes para a cultura do milho são vários, mas optou-se por identificar os mais usados e provavelmente os que têm merecido uma maior atenção por parte da ANPROMIS. Assim, com vista a avaliar a evolução dos preços e da dependência da produção dos mesmos e dentro dos vários possíveis de analisar, foram escolhidos os seguintes fatores:
Figura 44 - Produção de milho no mundo em 2013 Fonte: FAOstat
O setor do milho é um dos mais importantes e provavelmente um dos mais mediáticos da agricultura
Adubos o
Solução azotada
o
Fosfato Diamónico (DAP)
o
Cloreto de Potássio
Energia o
Eletricidade
o
Gasóleo
o
Gasolina
Herbicidas o
Glifosato
Sementes
Parece ser óbvia a necessidade de avaliar a evolução do impacto de alguns dos
o
Híbridas (vários tipos)
fatores de produção na rentabilidade da cultura. O milho reage, de uma forma
o
Não híbridas
geral, como uma commodity pura, pelo que os agricultores, por melhores produtores que sejam e por melhor que seja a qualidade do produto obtido não conseguem valorizar o seu desempenho agrícola de forma justa e consistente. Deste modo, olharemos então para a evolução da conta de cultura do milho e para algumas formas de valorização do milho enquanto produto diferenciado, de forma a equacionar alternativas que o retirem do grupo de culturas das commodities e o
A informação sobre os fatores referidos é limitada mas tentar-se-á fazer uma abordagem o mais objetiva e completa possível, nomeadamente através da evolução da produção, dos preços, do consumo, das importações e exportações, evolução do peso dos fatores de produção na conta de cultura do milho e abordar a evolução dos índices de preços dos consumos intermédios na agricultura.
coloquem no grupo das culturas com um interessante valor acrescentado.
55
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
OS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA
de energia e lubrificantes (12,2%) – não ignorando que estes últimos são utilizados
EUROPA
corretivos de solos (7,9%) representaram o maior custo intermédio de entre o total
tanto nas produções animais como na produção agrícola. Os fertilizantes e de consumos intermédios exclusivos da produção agrícola (Figura 45).
Os consumos intermédios na agricultura representam todas as aquisições efetuadas pelos produtores, de materiais e matérias em bruto utilizadas como inputs para a produção agrícola e animal (como os fertilizantes, fitofármacos, energia, sementes, etc.). Os consumos intermédios incluem igualmente os custos veterinários (associados à produção animal), serviços, reparações e manutenções. Na Europa, segundo a comissão europeia, os consumos intermédios foram avaliados em 247 mil milhões de euros, a preços básicos, no ano de 2012. Segundo o relatório do Eurostat de 2013 sobre agricultura, floresta e pescas, as contas económicas da agricultura mostram que a produção total do ramo agrícola (que compreende os valores de saída das culturas e de animais, serviços agrícolas e os bens e serviços produzido a partir de atividades secundárias não agrícolas não separáveis) na UE-28, em 2012, foi estimada em 408,4 mil milhões de euros a preços básicos. O equivalente a 60,7% do valor da produção agrícola gerado foi gasto em consumos intermédio (bens de entrada e serviços). O valor bruto residual acrescentado a preços básicos foi o equivalente a 39,3% do valor da produção total em 2012, ou seja, 160,6 mil milhões de euros.
Figura 45 – Fatores de produção intermédios consumidos pelo setor agrícola, a preços base, na UE-28 de 2012 (% de participação de fatores de produção intermediários totais). Fonte:Eurostat.
Os alimentos compostos para animais representaram, de longe, a maior participação (39,5%) nos consumos intermédios totais dentro da atividade agrícola
A participação relativa dos consumos intermédios no valor de produção tem vindo
da UE-28 em 2012, avaliados num valor mais de três vezes superior aos consumos
a aumentar nos últimos anos (Figura 46).
56
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Os três principais fatores de produção mais utilizados no setor agrícola e produções vegetais são:
As sementes e plantas e os fertilizantes e produtos fitossanitários: juntos, estes consumos foram responsáveis por 19,7% do valor da produção agrícola na UE-28 em 2012 (1,6 pontos percentuais a mais do que em 2005).
No que se refere aos consumos intermédios da produção animal, há dois que se destacam:
Os alimentos e as despesas veterinárias - juntos representaram 62,8% do valor da produção da UE-28 para os animais em 2012. Este foi, na sua totalidade, 11,8 pontos percentuais superior ao registado em 2005, refletindo a evolução crescente dos preços dos alimentos (que atingiu o pico em 2011).
Figura 46 – Peso (%) dos diferentes consumos intermédio na produção, a preços base, em 2005 e entre 2010 e 2012. Fonte: Eurostat. 57
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
BALANÇA COMERCIAL DOS FATORES DE
MILHO PARA SEMENTE
PRODUÇÃO EM PORTUGAL Nos pontos que se seguem é feita uma análise da evolução das importações e exportações nacionais de fatores de produção. Os dados apresentados foram todos obtidos a partir do Eurostat. Contudo, dos fatores de produção que se propõe avaliar encontraram-se apenas dados significativos para as sementes e para os fertilizantes. Dentro dos diferentes tipos de milho para semente são avaliados os seguintes:
Milho híbrido simples – semente
Milho – semente (excl. híbrido)
Milho híbrido tripo – semente
Milho híbrido (excl. híbrido simples, duplo, triplo e top cross) – semente
Milho híbrido (excl. híbrido triplo e simples) – semente
Milho híbrido e top cross – semente
Figura 47 - Importações nacionais de milho para semente, em valor Fonte: Eurostat No gráfico acima verifica-se que são as sementes de milho híbrido simples aquelas que mais têm sido utilizadas pelos produtores de milho nacionais em termos de valor. Em segundo lugar surgem as sementes de milho que excluem as sementes híbridas. No entanto, entre 2011 e 2013 praticamente todas as sementes importadas foram de milho híbrido sendo que as não híbridas representaram um
No que se refere aos fertilizantes foram avaliados os seguintes:
valor muito reduzido. De destacar que as importações de milho híbrido simples
Cloreto de potássio - [K2O] 40-60%
atingiram valores próximos de 17 milhões de euros. Importa frisar que em Portugal
Fosfato Diamónico (DAP)
não se semeiam searas de milho com a finalidade de produzir semente, pelo que
Sulfato de amónio
todo o milho para semente importado reflete o consumo interno deste fator de
Cloreto de potássio - [K2O]>60%
produção em Portugal.
Cloreto de potássio - [K2O]<40%
No gráfico que se segue apresenta-se a quantidade importada de milho para
Nitrato de amónio - sol. aquosa
semente.
58
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Figura 49 - Evolução do valor unitário das importações nacionais de milho semente. Fonte: Eurostat Figura 48 - Importações nacionais de milho para semente, em quantidade Fonte: Eurostat
Na figura 50 verifica-se que o milho híbrido simples representou, em 2013, 55% das importações nacionais de semente em quantidade.
Destaca-se uma vez mais o decréscimo abrupto das importações de milho não híbrido entre 2011 e 2013. Segundo o Eurostat, em 2013, a quantidade de sementes híbridas simples importadas foi de aproximadamente 7,6 mil toneladas. Na figura 49 são apresentados os valores unitários das importações nacionais de alguns milhos para semente. O milho híbrido é aquele que apresenta o valor unitário de importação mais elevado (aproximadamente 400 €/100kg de semente). É importante mencionar que estes valores não representam o custo final real para o consumidor (produtor de milho).
Figura 50 - Principais tipos de sementes de milho importadas por Portugal, em 2013, em quantidade. Fonte: Eurostat
59
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Portugal é altamente dependente das importações do fator de produção milho para semente. Em 2013 as importações nacionais de milho semente representaram mais de 17 milhões de euros
Figura 51 - Importações nacionais de milho híbrido simples por origem, em valor. Fonte: Eurostat Na figura 51 é possível observar a natureza altamente importadora de Portugal no que diz respeito ao fator de produção semente. A maior parte das importações tem origem no mercado europeu.
60
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
FERTILIZANTES A seguir à semente e à água os fertilizantes são os fatores de produção mais importantes numa cultura altamente produtiva como o milho, tanto pelo impacto
diamónico (DAP) e do sulfato de amónio. Por outro lado, em termos de volumes importados, verificou-se, em 2013, um equilíbrio muito grande entre o cloreto de potássio com concentração de K2O a 40-60% e o sulfato de amónio, seguidos de fosfato diamónico (DAP).
direto que têm na produtividade como pelo peso que têm na conta de cultura deste cereal (numa conta de exploração para milho grão os fertilizantes têm um peso nos custos totais que ronda os 25%). Assim, nos gráficos que se seguem, são apresentados dados do comércio internacional de fertilizantes pertencentes a Portugal.
Figura 53 - Evolução das importações nacionais de fertilizantes, em quantidade Fonte: Eurostat
Figura 52 - Evolução das importações nacionais de fertilizantes, em valor Fonte: Eurostat A figura anterior demonstra que em valor o cloreto de potássio com concentração de K2O a 40-60% é o fertilizante mais importado em Portugal seguido do fosfato
61
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
K2O maior que 60% (cerca de 25 €/100kg) e finalmente o sulfato de amónio (10 €/100 kg)
Figura 54 - Evolução do valor unitário das importações nacionais de alguns fertilizantes. Fonte: Eurostat Analisa-se, acima, a evolução do valor unitário das importações nacionais de alguns fertilizantes.
Em 2013 foi o fosfato diamónico aquele que apresentou os valores mais elevados (aproximadamente 65 €/100kg). Em segundo lugar surge o nitrato de amónio em solução
Figura 55 - Principais tipos de fertilizantes importados por Portugal, em 2013, em quantidade. Fonte: Eurostat Em 2013, o cloreto de potássio com uma concentração de K2O de 40-60% representou, em termos de importações, em quantidade, 41%, seguido do sulfato de amónio, com um peso de 39% e do fosfato diamónico (DAP), com 11%.
aquosa (cerca de 35 €/100kg), seguido do cloreto de potássio com uma concentração de
62
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Na figura 56, à semelhança daquilo que se observa com o milho para semente,
Na figura que se segue (figura 57), é apresentado um gráfico com a balança
observa-se uma dependência nacional das importações bastante elevada.
comercial de nutrientes (em toneladas) para o período de 2007 a 2012 em Portugal. Estes dados, disponibilizados pela FAO, revelam que Portugal tem uma
Em 2013, o valor total das importações dos
produção pouco expressiva de nutrientes, destacando-se alguma produção residual
fertilizantes aqui analisados ascendeu a um
se referirem a todos os fertilizantes/nutrientes existentes nos mercados.
valor a rondar os 36 milhões de euros.
de fosfato diamónico em 2008, 2009 e 2010. Ressalva-se o facto destes dados não Sobressai, contudo, e como seria de esperar, o consumo mais elevado de nutrientes em fertilizantes azotados, aquele que maior impacto tem nas produções vegetais. Em 2012, o consumo em Portugal de nutrientes de
Chama-se a atenção para o facto de este valor não representar a totalidade de
fertilizantes azotados correspondeu a aproximadamente 100 mil toneladas.
todos os fertilizantes importados ou existentes no mercado, o que aumentaria exponencialmente os valores das importações indicados.
Figura 56 - Importações nacionais de alguns fertilizantes, por origem Fonte: Eurostat
63
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
COMÉRCIO INTERNACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Figura 57 - Evolução do comércio de nutrientes em Portugal. Fonte: FAO
64
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS
PORTUGAL
INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA Neste ponto é agora avaliada a evolução dos índices de preços básicos dos principais consumos intermédios na agricultura. Os dados aqui utilizados foram retirados do Eurostat e procuram dar uma perspetiva comparativa dos preços dos consumos intermédios agrícolas em Portugal, Espanha, França e a média europeia. Os consumos intermédios da agricultura avaliados são os seguintes:
Fertilizantes e melhoradores de solo
Outros combustíveis
Energia e lubrificantes
Eletricidade
Herbicidas, inseticidas e pesticidas
Sementes e plantio
Total de consumos intermédios na agricultura
Figura 58 - Evolução do índice de preços dos consumos intermédios na agricultura em Portugal - preços base (2005 = 100). Fonte: Eurostat Na figura 58 observa-se a evolução dos índices de preços dos principais consumos intermédios agrícolas em Portugal tendo o ano de 2005 como base.
65
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
Em Portugal destaca-se o aumento do preço
ESPANHA
dos fertilizantes em 53,2% entre 2005 e 2012, seguindo-se os outros combustíveis (+ 30,7%) e a energia e lubrificantes (+27,7%). Por outro lado as sementes e o plantio viram um decréscimo do preço na ordem dos 37%. Em Portugal, o aumento do preço médio do total dos consumos intermédios foi de 15% Figura 59 - Evolução do índice de preços dos consumos intermédios na agricultura em Espanha - preços básicos (2005 = 100). Fonte: Eurostat Em Espanha, olhando para os mesmos consumos intermédios considerados anteriormente, verifica-se que todos sofreram um aumento generalizado dos preços, até mesmo as sementes e o plantio, com um acréscimo de 23%. Os herbicidas, inseticidas e pesticidas foram os que menos aumentaram face a 2005 (+ 7%). De notar que o aumento do preço do total dos consumos intermédios da agricultura aumentou mais em Espanha (+ 23%) do que em Portugal (+ 15 %).
66
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
Em Espanha, o destaque vai para o aumento
FRANÇA
da eletricidade (+ 52,1%), quando em Portugal o aumento dos preços deste fator rondou os 19%. Em segundo lugar surgem os fertilizantes, com um aumento de 48,5% e da energia e lubrificantes (+ 41%). Em Espanha, o aumento do preço médio do total dos consumos intermédios foi de 23% Figura 60 - Evolução do índice de preços dos consumos intermédios na agricultura em França - preços base (2005 = 100). Dados de eletricidade e outros combustíveis indisponíveis Fonte: Eurostat
À semelhança daquilo que aconteceu com Portugal, também em França foram os fertilizantes e os melhoradores de solo os consumos que observaram um maior aumento 67
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
(+ 55,9%), ainda assim ligeiramente acima do valor nacional. Em segundo lugar surge a energia e lubrificantes (+ 46,8%). Destaque
Na União Europeia verifica-se que o maior aumento está no preço dos fertilizantes e melhoradores de solo (+ 58%), à imagem do que aconteceu com Portugal e França. Em segundo lugar está também o aumento do preço da energia e lubrificantes (+ 32,8%) e os outros combustíveis (+ 30,4).
para o aumento do total dos consumos intermédios na ordem dos 18%, valor acima do de Portugal mas abaixo do de Espanha UE 27
Sobressai que Portugal e França têm um aumento generalizado do total dos consumos intermédios na agricultura abaixo da média europeia que foi de 19,2% enquanto por outro lado, a Espanha tem um aumento acima deste valor.
Figura 61 - Evolução do índice de preços dos consumos intermédios na agricultura em UE27 - preços básicos (2005 = 100). Fonte: Eurostat 68
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
Figura 62 - Índice de preços dos consumos intermédios na agricultura para 2013 - preços base. Aumento percentual entre 2005 e 2013, nos custos de produção, em Portugal, Espanha, França e UE27 (2005 = 100). Fonte: Eurostat
Na figura acima apresenta-se uma comparação entre Portugal, Espanha, França e União Europeia do valor do índice de preços básicos dos vários consumos intermédios considerados, para o ano de 2013, tendo como base o ano de 2005. Portugal sobressai com um aumentos significativo nos fertilizantes e nos outros combustíveis e com um forte decréscimo no preço das sementes e plantio.
69
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ÍNDICES DE PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DA AGRICULTURA
Figura 63 - Evolução do índice de preços do total dos consumos intermédios na agricultura na UE27 - preços base (2005 = 100). Fonte: Eurostat No gráfico acima é possível confirmar como o aumento dos preços do total dos consumos intermédios de Portugal, em 2012, está abaixo do aumento dos preços em França, União Europeia e Espanha. No ano de 2008 houve um pico nos preços e posteriormente um decréscimo abrupto coincidente com o início da crise económica mundial.
70
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
FERTILIZANTES
Seguidamente são avaliadas as evoluções dos preços reais de alguns dos fatores de produção mais importantes para a cultura do milho (com exclusão da água, visto que o preço da mesma varia muito de região para região mesmo dentro de cada país). Assim, seguindo a mesma lógica dos pontos anteriores, é aqui apresentada uma comparação dos preços dos fatores entre Portugal, Espanha e França. Importa explicar que alguns dos dados foram obtidos por via da investigação e entrevista a alguns produtores e outros agentes do setor enquanto outros foram retirados do Eurostat. Só com a conjugação de todos os dados provenientes de diferentes fontes foi possível realizar esta comparação. Não há dúvida de que os seguintes fatores de produção são absolutamente fundamentais para a competitividade dos produtores de milho e esta comparação irá permitir perceber em que circunstâncias os agricultores nacionais concorrem contra os seus homólogos espanhóis e franceses. Os fatores de produção aqui avaliados são os seguintes:
Sulfato de amónio (€/100kg)
Cloreto de Potássio (€/100kg)
Energia elétrica (€/1.000kwh) sem taxas e impostos
Gasolina super 95 (€/100L)
Gasóleo/Diesel (€/100L)
Sementes (€/dose de 50.000 sementes)
Herbicidas – tipo glifosato (€/10L)
Figura 64 - Evolução do preço médio do sulfato de amónio em Portugal, Espanha e França. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai O gráfico acima representa a evolução dos preços médios de sulfato de amónio em Portugal, Espanha e França. Os preços apresentados são dados em euros por cada 100 kg de produto. O gráfico é bastante elucidativo quanto ao país onde se praticam os valores mais elevados.
Portugal surge como o mercado onde os custos com sulfato de amónio são mais onerosos para os agricultores, rondando os 160 €/100kg. O preço em Portugal é de tal forma mais elevado que a diferença para Espanha e França é de aproximadamente 40€/100kg.
71
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
ENERGIA
Figura 65 -Evolução do preço médio do cloreto de potássio em Portugal, Espanha e França. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai Relativamente ao cloreto de potássio, os preços por país são todos bastante mais próximos, mas ainda assim Portugal é aquele que apresenta o valor mais elevado, a rondar os 80€/100kg de cloreto de potássio. Espanha e França rondaram os 70€/kg. Assim, o diferencial nacional para os outros países é de aproximadamente 10€, o que, não sendo tão expressivo como os 40€ de diferença observados no sulfato de amónio continua a ser uma disparidade com forte impacto na competitividade dos produtores e com forte peso na viabilidade da conta de exploração já de si bastante reativa a qualquer alteração na estrutura de custos e de proveitos.
Figura 66 - Evolução do preço médio da energia elétrica em Portugal, Espanha e França. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai Neste ponto avaliamos o preço da energia (eletricidade, gasolina e gasóleo). Na figura 66 é possível verificar que Espanha é o país mais prejudicado pelos preços da eletricidade desde 2007, sendo que a partir de 2009 a diferença para Portugal e França se acentuou ainda mais.
Em Espanha os preços da eletricidade rondaram, em 2014, os 210€/1.000Kwh. Portugal apresentou preços na ordem dos 136€ e França 123€, por cada 1.000 Kwh. 72
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Junho 2015
Entre Portugal e França a diferença é ainda
Em 2014 o preço médio nacional da gasolina
significativa (13€)
foi de 154€/100L, em França foi de 149€/100L e em Espanha de 140€/100L. Constata-se que também neste fator de produção Portugal está em desvantagem
Figura 67 - Evolução do preço médio da gasolina super 95 em Portugal, Espanha e França. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai Analisando
agora
a
gasolina
verificamos
que
tem
havido
sempre
um
comportamento semelhante nas flutuações dos preços de país para país, havendo ainda uma tendência para a convergência dos preços deste fator de produção. Contudo, entre 2007 e 2014, os preços deste combustível foram sempre mais elevados em Portugal do que nos outros países da análise.
Figura 68 - Evolução do preço médio do gasóleo em Portugal, Espanha e França Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai No que concerne o gasóleo o comportamento é muito idêntico ao observado para a gasolina. Em 2014, o preço médio do gasóleo em Portugal e Espanha foi de 131€/100L enquanto em França o valor médio foi de 130€.
73
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
SEMENTES
Em Portugal, o preço médio da semente, em 2014, foi de 128,7€/50.000 grãos enquanto em Espanha foi de 98€. A França apresentou o valor mais, alto na ordem dos 148€.
Figura 69 - Evolução do preço médio do milho semente em Portugal, Espanha e França. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai Na figura 69 é apresentada a evolução dos preços das sementes entre 2007 e 2015. Os valores aqui indicados foram obtidos graças ao contributo de alguns produtores e agentes do setor em Portugal, Espanha e França. Importa referir que no caso dos preços das sementes, os mesmos dizem respeito a sementes de milho tratadas com produtos inseticidas. Estes preços foram indicados por produtores de grandes dimensões pertencendo às respetivas contas de exploração. A grande dimensão destes produtores leva a que o poder negocial pelo preço da semente seja maior e, por conseguinte, o valor de aquisição é inferior aquele pelo qual os pequenos agricultores adquirem as suas sementes (entre 5 e 15% inferior). Esta lógica do poder de negocial/escalabilidade, verifica-se igualmente para os preços do glifosato apresentados na figura 70.
74
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
HERBICIDAS
Figura 70 - Evolução do preço do glifosato em Portugal, Espanha e França. Fonte: Anpromis e Research Consulai
Analisando agora a evolução dos preços do glifosato, verifica-se que entre 2011 e 2014 houve uma mudança drástica no valor, quando comparado com Espanha e França, sendo que, a partir de 2013, os preços deste fator de produção em Portugal deixaram de ser inferiores aos dos outros países para passarem a ser superiores. Em 2014, o preço do glifosato, para cada 10 litros, em Portugal, foi de 39,5€. Em Espanha o preço foi de 37,8€ e em França o herbicida chegou aos 32,5€. Portugal, também neste fator de produção, apresenta uma menor competitividade face aos países em análise.
75
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO
OBSERVAÇÕES
Figura 71 - Preços médios de alguns fatores de produção em Portugal, Espanha e França nos últimos 4 anos. Fonte: Eurostat, Anpromis e Research Consulai Este gráfico resume bem a comparação anteriormente realizada para os diferentes fatores de produção e países apreciados. Podemos considerar que um produtor de milho poderá ser mais competitivo quanto mais próximo os preços dos fatores de produção estiverem do centro do gráfico. Em sentido inverso, quanto mais alargado e distante do centro for o anel que liga os diferentes preços dos vários fatores de produção, maior o peso dos mesmos na conta de cultura do produtor. Posto isto, é curioso notar como a maioria dos preços médios em Portugal se encontra em zonas mais exteriores quando comparados com os de Espanha e França deixando concluir que os produtores de milho franceses e espanhóis estão numa posição competitiva mais vantajosa do que a dos portugueses (ignorando naturalmente outros custos e condições de mercado). Os valores apresentados dizem respeito à média dos últimos 4 anos, com exceção das sementes e glifosato que correspondem a preços de 2014.
76
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
OUTRAS OPORTUNIDADES
OUTRAS OPORTUNIDADES USOS DO MILHO E OUTRAS OPORTUNIDADES Como é sabido, o milho (Zea mays L.) é um cereal da família das monocotiledóneas, produzido em todo o mundo, apresentando-se como o alimento básico mais importante à escala global. As diferentes variedades de milho são utilizadas diretamente na alimentação animal e humana ou processadas para se constituírem como um dos ingredientes para múltiplos produtos alimentares para o homem e os animais (como o xarope de milho altamente concentrado em frutose, o amido de milho e a lisina) ou para indústria, como o etanol e o ácido poliláctico (PLA - fabricado a partir da dextrose, originando o bioplástico ou biopolímero mais popular). As duas principais formas de processamento do milho são a moagem “seca” e a moagem “húmida”. A moagem a seco é o processo em que o milho é separado em farinha, corn meal, gritz e outros produtos por imersão dos grãos de milho em água, em seguida, removendo o gérmen para a transformação em óleo. As restantes partes do grão são trituradas e peneiradas em várias frações. A moagem húmida é o processo pelo qual o milho é dividido em amido (xarope, etanol, amido de milho), gérmen (óleo), fibra e de glúten (alimentação animal) por imersão das sementes de milho em água e frequentemente dióxido de enxofre, antes de separá-los nos componentes anteriormente referidos por moagem e ação centrífuga.
77
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR OUTRAS OPORTUNIDADES
Junho 2015
um adoçante obtido através da transformação de amido de milho numa solução de
USOS DO MILHO
dextrose, sendo utilizados para o efeito enzimas ou ácidos. O xarope de milho (HFCS - High Fructose Corn Syrup) é processado para aumentar a sua doçura. Uma
ÓLEOS
vez que o xarope de milho é mais estável e barato de produzir do que o açúcar O óleo que é extraído do gérmen possui uma elevada concentração de gorduras
comum, o mesmo tem vindo a substituir o açúcar em alimentos processados e
polinsaturadas
refrigerantes.
e
uma
enorme
estabilidade
oxidativa,
uma
característica
fundamental no setor alimentar. A principal utilização do óleo de milho é na forma engarrafada para venda direta aos consumidores ou para inclusão em margarinas e operações de fritura industrial de snacks.
ETANOL O etanol é um outro grande produto obtido a partir do milho refinado. Refinado a
Pela remoção de ácidos gordos livres e fosfolípidos do óleo de milho, o processo
partir do amido do grão de milho, o etanol é um álcool com diferentes usos
de refinamento do óleo de milho adquire uma das qualidades que os consumidores
industriais, sendo naturalmente conhecida a crescente importância adquirida para
mais valorizam: a qualidade de fritura e a resistência à criação de fumo ou
a produção de combustíveis.
descoloração, resistindo ao desenvolvimento de sabores desagradáveis. Além disso, os refinadores aproveitam para produzir amidos, adoçantes e etanol todos feitos a partir da porção de amido do milho. AMIDO O amido de milho, o qual é extraído a partir do endosperma da semente de milho, é um dos pilares da indústria de refinação deste cereal. O amido apresenta uma ampla gama de aplicações industriais e alimentares. A maior parte do amido utilizado e consumido a nível mundial é extraído do milho. ADOÇANTES Nos EUA, por exemplo, os adoçantes à base de milho fornecem mais de 50 por cento do mercado dos adoçantes na indústria agroalimentar. O xarope de milho é
78
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
OUTRAS OPORTUNIDADES
Tabela 4 - Tipos de destino para o milho/ produtos e respetivas formas de consumo Tipos de destinos para o milho/produtos
Forma de consumo
Alimentação humana
Flocos, inclusão em alimentos preparados, congelado, enlatados ou em fresco
Amido
Aditivo na indústria agroalimentar
Álcool
Adoçantes
Alimentação animal
Etanol
Tabela 5 - Tipo de milho em função do teor em amido e respetivas espécies/variedades de milho e uso/funções Tipo de milho (em função Espécie/Variedade de milho do teor em amido)
Uso/funções
Milho para farinhas/sêmolas Zea mays var. amylacea
Produtos alimentares como agentes adesivos, ligantes e formadores de filmes, gelificantes, espessantes, retentores de humidade, etc.
Pipoca
Zea mays var. everta
Produto alimentar - pipoca
Milho Dent
Zea mays var. indentata
Alimentação animal, produção de etanol e óleos culinários. Massas para tortilhas, snacks e grits e outros consumos humanos
Milho Flint
Zea mays var. indurata
Alimentação animal, humana - indústria cervejeira - e outras indústrias
Milho doce
Zea mays var. saccharata e Zea mays var. rugosa
Produto alimentar - consumo em fresco, ou processado (enlatado ou congelado)
Milho ceroso
Zea mays var. ceratina
Produtos alimentares como agentes adesivos, ligantes e formadores de filmes, gelificantes, espessantes, retentores de humidade, etc.
Milho de elvada concentração de amilose
Zea mays
Produção de bioplásticos à base de amilose
Xarope de milho
Rações para gado e aves
79
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
OUTRAS OPORTUNIDADES OUTRAS OPORTUNIDADES
olhar de uma forma estruturada e real para outras oportunidades e aproveitar todo o conhecimento técnico e potencial edafoclimático de Portugal.
Em Portugal quase toda a produção de milho tem como destino a alimentação animal, sendo que os valores desta cultura respondem aos preços mundiais, sendo influenciados pelas produções ou quebras de produção dos países com maior
O MILHO DOCE
expressão a nível mundial. Para fugir a este problema os produtores e as organizações deverão olhar para outras oportunidades, também elas associadas ao milho, mas que acrescentem valor ao produto final a comercializar. Assim, a análise realizada aponta algumas alternativas que poderiam ou deveriam ser exploradas, nomeadamente:
Milho doce
Milho pipoca
Milho para semente
É certo que estes pontos não serão novidade para a maioria dos produtores e associações mas num tempo em que a flutuação de poucos cêntimos nos preços do
Figura 72 - Esquema explicativo da valorização do milho doce
milho grão pode ditar a sobrevivência ou não de um produtor de milho, importa
80
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
OUTRAS OPORTUNIDADES COMPARAÇÃO ENTRE OS MERCADOS DO MILHO GRÃO E DO MILHO DOCE Tabela 6 - Comparação entre os mercados do milho grão e do milho doce em 2012. Fonte: FAOstat Valor das exportações mundiais (1.000 US$)
Produção mundial (tons)
Produção europeia (tons)
887.854.782
110.655.721
33.727.471
109.646.045
Milho doce para consumo fresco
9.345.387
930.597
122.864
170.361,00
Milho doce enlatado
N/A
N/A
898.951
690.462
Milho doce congelado
N/A
N/A
357.973
314.339,00
Tipos de milho
Milho grão/silagem
Exportações mundiais (tons)
Valo unitário das exportações mundiais ($/ton)
Importações Mundiais (tons)
Importações europeias (tons)
Importações nacionais (tons)
$307,60
108.067.148
21.283.978
1.601.974
$721,20
224.874,00
59.145
809
$1.301,96
727.425
436.864
4.827,00
$1.138,81
321.844,00
148.139
1.567,00
Na tabela acima é feita uma comparação entre o milho grão/silagem e o milho doce (para consumo em fresco, enlatado e congelado). Em volume verifica-se que o mercado do milho grão (888 milhões de toneladas) é cerca de 100 vezes maior do que o mercado do milho doce (9 milhões de toneladas). Contudo, quando olhamos para os volumes e valores das exportações mundiais e quando se calcula o valor unitário das exportações, pode-se constatar a muito maior valorização da produção. Assim, quando, em 2012, o valor unitário das exportações mundiais de milho para grão era de 307$/ton, o valor das exportações de milho doce para consumo em fresco era de 721$/ton (cerca de duas vezes e meia superior ao do grão). Comparado com o milho doce enlatado a diferença é ainda maior, uma vez que o mesmo atingiu valores unitários de exportação na ordem dos 1.300$/ton (cerca de 4 vezes superior ao do milho grão). Estes valores por si só poderão justificar um olhar mais atento para este tipo de milho e eventualmente levar ao estabelecimento de ensaios que comprovem o potencial do milho doce em Portugal uma pouco à imagem do que tem sido feito com o milho para pipoca.
81
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
OUTRAS OPORTUNIDADES
O MILHO PIPOCA Segundo Hitesh Hajarnavis, Presidente e CEO da Popcorn, do Estado do Indiana, o mercado dos snacks nos Estados Unidos da América ronda os 16 mil milhões de dólares por ano, sendo que o negócio das pipocas prontas a consumir representa
pipoca, o preço FOB médio deste produto na Argentina rondou os 624$/ton em 2014 (em 2013 rondou os 831$/ton!). No entanto, o preço FOB para exportação de milho para pipoca, com destino à União Europeia, atingiu um máximo de 1.113$/ton.
“apenas” 500 milhões de dólares anuais, mas que o mesmo tem crescido mais do
Os ensaios que se têm feito com este milho em Portugal têm tido resultados muito
que todo o mercado dos snacks em geral.
positivos. O milho que está a ser produzido para pipoca em Portugal está
O milho para pipoca (da variedade everta) é o único tipo de milho que estala com o calor, produzindo, assim, a pipoca bem conhecida e vendida nos cinemas, centros de entretenimento e centros comerciais e para consumo em bares ou
destinado ao consumo em salas de cinema de uma das maiores cadeias de cinema a operar em Portugal, mas isto não invalida que não se olhe para os supermercados ou mesmo para a exportação.
mesmo em casa.
O MILHO PARA SEMENTE
Quando um grão de milho rebenta o mesmo aumenta o seu volume original em
Segundo a AGPM (Association Générale des Producteurs de Maïs), em termos
cerca de 30 vezes. Por conseguinte, 23 gramas de milho são suficientes para
económicos, o setor do milho para semente representa em França 640 milhões de
encher um saco ou embalagem com a capacidade de um litro. Ou seja, 1 kg de
euros, apresentando uma quota de mercado de todo o comércio das sementes de
milho é suficiente para encher 43 sacos com a capacidade de um litro, com
aproximadamente um terço do total do volume de negócios (cereais, milho e
pipocas. Isto dá uma ideia da rentabilidade para os envolvidos nesta fase da
sorgo, sementes para alimentação animal, beterraba, batata, oleaginosas e fibras,
cadeia de valor.
vegetais e flores).
Poderá haver aqui uma oportunidade por explorar. Sabendo do reduzido mercado
O setor do milho para semente assume a mesma posição líder em termos de
das pipocas a nível nacional, pode ser interessante olhar para a cultura do milho
volumes de negócio no comércio internacional. Assim, o milho para semente
como um produto de elevado valor acrescentado e de qualidades diferenciadas,
representa 36% das importações (de todas as espécies) e 43% das exportações,
analisar os mercados internacionais e aferir o potencial de exportação da
perfazendo um saldo positivo de 52% na balança comercial. A França apresenta-se
produção nacional de milho para pipoca e snacks. Esta perspetiva de valorização
não só como o líder europeu na produção de milho para semente mas também
do milho terá certamente um impacto positivo na conta de cultura do milho,
como o principal centro internacional de comercialização e intercâmbio de
principalmente tendo em conta que as condições edafoclimáticas necessárias são
sementes de milho. Também aqui os produtores nacionais poderiam ver uma
idênticas às do milho grão. Para termos uma noção da valorização do milho para
oportunidade por explorar.
82
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
A CONTA DE CULTURA DO MILHO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
CONTA DE CULTURA – MILHO GRÃO
Uma vez que um dos objetivos deste relatório é o de fazer uma análise dos fatores
Tabela 7 - Conta de cultura do milho grão
de produção na cultura do milho e por conseguinte tirar algumas ilações quanto à
CONTA DE CULTURA - MILHO GRÃO
competitividade do setor em Portugal, decidiu-se apresentar uma conta de cultura tipo, referente ao ano de 2013. Com base na conta de cultura que abaixo se expõe, foi ainda avaliado o peso percentual de cada um dos custos no total dos custos de exploração. Estes dados poderão ser posteriormente cruzados com os dados indicados no ponto PREÇOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO.
VALORES DE REFERÊNCIA PRODUTIVIDADE (TONS/HA) PREÇO (€/TON)
13,00 185,00 €
RENDIMENTO BRUTO (€/HA)
2.405,00 €
CUSTOS (€/HA)
2.064,10 €
De seguida é apresentada uma análise de sensibilidade da margem líquida do
REGA
550,00 €
milho grão com base na conta de cultura referida. Para a análise decidiu-se avaliar
PREPARAÇÃO DO TERRENO
182,50 €
as seguintes hipóteses:
FERTILIZANTES
513,00 € 266,00 €
Preço de venda do milho VS produtividade
SEMENTEIRA
Custos com fertilizantes VS produtividade
AMANHOS CULTURAIS
Custos com tratamentos fitossanitários VS produtividade
TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS
115,00 €
SERVIÇOS
236,56 €
COLHEITA
171,04 €
30,00 €
MARGEM BRUTA (€/HA)
340,90 €
REMUNERAÇÃO (€)
468,20 €
RPU (€/HA)
300,00 €
MARGEM LÍQUIDA (€/HA)
172,70 €
83
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
A CONTA DE CULTURA DO MILHO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE Tendo em conta os fatores considerados, apresentam-se, nas três tabelas seguintes, as análises de cenários que podem influenciar a margem líquida do milho grão em Portugal.
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MILHO GRÃO Tabela 8 - Margem líquida do milho grão (€/ha) em função da variação do preço de venda do milho e da produtividade MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/ha) Variação de produtividade (ton/ha)
Valor de referência
A figura acima demonstra a estrutura de custos de uma conta de cultura do milho referente ao ano de 2013/2014.
Os custos com rega (água mais energia) são os
Variação de
Figura 73 - Peso dos diferentes tipos de custos nos custos totais da conta de cultura do milho
preço (€/ton)
173 €
11
12
13
14
15
165,00 €
-417,3
-252,3
-87,3
77,7
242,7
175,00 €
-307,3
-132,3
42,7
217,7
392,7
185,00 €
-197,3
-12,3
172,7
357,7
542,7
195,00 €
-87,3
107,7
302,7
497,7
692,7
205,00 €
22,7
227,7
432,7
637,7
842,7
Na análise de sensibilidade em que se considera o preço e a produtividade, optou-
mais pesados (27%), seguidos dos custos com
se por fazer variar o preço pago aos produtores em intervalos de 10€. Sobressai
os fertilizantes (25%) e dos custos com a
implicar um aumento na margem líquida na ordem dos 175% (aumento de
sementeira (13%). É evidente o impacto que
como um aumento de 185€ para 195€ pagos por cada tonelada de milho pode 172,7€/ha para os 302,7€/ha) considerando uma produtividade de 13 ton/ha.
os fatores de produção têm na competitividade e sustentabilidade dos produtores de milho nacionais 84
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
A CONTA DE CULTURA DO MILHO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Tabela 9 - Margem líquida do milho grão (€/ha) em função da variação dos custos com fertilizantes e da produtividade MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/ha) Variação de produtividade (ton/ha)
Valor de referência
(€/ha)
fertilizantes
Variação custos
173 €
11
12
13
14
15
493,00 €
-177,3
7,7
192,7
377,7
562,7
503,00 €
-187,3
-2,3
182,7
367,7
552,7
513,00 €
-197,3
-12,3
172,7
357,7
542,7
523,00 €
-207,3
-22,3
162,7
347,7
532,7
533,00 €
-217,3
-32,3
152,7
337,7
522,7
Na tabela acima apresenta-se a variação da margem líquida em função da variação dos custos com fertilizantes, considerando intervalos de 10€. Tabela 10 - Margem líquida do milho grão (€/ha) em função da variação dos custos com tratamentos fitossanitários e da produtividade MARGEM LÍQUIDA DO MILHO GRÃO (€/ha) Variação de produtividade (ton/ha)
Valor de referência
(€/ha)
tratamentos
Variação custos
173 €
11
12
13
14
15
105,00 €
-187,3
-2,3
182,7
367,7
552,7
110,00 €
-192,3
-7,3
177,7
362,7
547,7
115,00 €
-197,3
-12,3
172,7
357,7
542,7
120,00 €
-202,3
-17,3
167,7
352,7
537,7
125,00 €
-207,3
-22,3
162,7
347,7
532,7
Na tabela acima apresenta-se a variação da margem líquida em função da variação dos custos com tratamentos fitossanitários, considerando intervalos de 5€.
85
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
ANÁLISE SWOT
ANÁLISE SWOT AO SETOR
86
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
CONCLUSÕES
FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO Fica claro que o setor do milho e os seus produtores em Portugal têm sérias dificuldades em ser competitivos com os produtores de outros países. Mais concretamente com Espanha e França. O benchmarking realizado atesta as dificuldades comparativas enfrentadas pelas explorações nacionais. Muito se tem falado dessas dificuldades e da falta de competitividade do setor, principalmente provocadas pelas flutuações dos preços de mercado mas este estudo confirma a fragilidade do mesmo. Se os agricultores não arranjarem alternativas ou mecanismos que lhes permitam assegurar que a cultura do milho é rentável, garantindo um nível de vida mais adequado ou, em última instância, servir como um verdadeiro complemento aos seus rendimentos, o panorama geral de
Figura 74 - Evolução da área nacional de milho e do preço médio pago ao produtor por cada tonelada de milho. Fonte: Anpromis
insatisfação com este cereal vai-se manter. Também os ciclos crescentes e
A figura acima demonstra como quando os preços sobem, a área aumenta. Sendo
decrescentes de investimento no milho permanecerão uma constante, visto que a
2014 uma exceção, onde os preços baixaram bastante, mas onde se registou um
elevada volatilidade dos preços de mercado leva a que muitos produtores
aumento da área, teremos de esperar pela campanha de 2015 para ver de que
abandonem a produção quando os valores são baixos e que em anos de melhores
forma a descida drástica dos preços terá impacto nas áreas semeadas.
preços haja um acréscimo de produção. Dificilmente se conseguirá contrariar esta “ondulação” da produção em função do preço, visto que o milho comercializado terá sempre maioritariamente o estatuto de commodity. Mas é fundamental, acima de tudo, que os produtores comecem a olhar para a cultura do milho de uma forma mais integrada. O facto de a mesma ser anual tem a vantagem (ou desvantagem) de permitir que de um ano para o outro se abandone a cultura, mas, por outro lado, não se valoriza a curva de aprendizagem e a experiência adquiridas em anos bons e anos maus. É essa
87
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
CONCLUSÕES
experiência - e a sujeição do agricultor a anos menos favoráveis - que lhe
pudessem vir a ser produzidos. Portugal é garantidamente um grande
permitirá averiguar de que forma é que tem de se adaptar para tornar o seu
importador de alimentos e produtos transformados à base de milho e
negócio sustentável de todos os pontos de vista.
garantidamente os mesmos não terão qualquer incorporação de matériaprima nacional;
Na realização deste estudo identificou-se como fundamental a implementação dos seguintes pontos nas estratégias dos agricultores:
Apostar em métodos de produção mais eficientes e sustentáveis no que ao uso dos fatores de produção diz respeito (agricultura de precisão);
Contratualizar a entrega da produção em ciclos de alguns anos (em termos médios, os ganhos serão os mesmos, equilibrado, de ano para ano, isto quando comparando com a opção de produzir em anos muitos bons e de não produzir em anos que se preveem maus preços);
Olhar para os mercados internacionais parece ser uma estratégia interessante. Temos o exemplo dos ensaios que decorrem neste momento para a produção de milho para pipoca em Portugal tendo em vista o fornecimento
das
salas
de
cinema
nacionais.
A
Europa
é
fundamentalmente importadora de milho para pipoca, mesmo havendo alguma produção em Espanha e França. Os mercados internacionais podem ser uma oportunidade única. Esta consideração aplica-se em sentido inverso. Os nossos supermercados estão repletos de produtos à base de milho, desde os cereais, aos aperitivos, aos xaropes e adoçantes,
Olhar para a “stockagem” e armazenamento como uma forma
às pipocas (para levar ao micro-ondas ou já prontas a comer) e aos
estratégica de resistir às flutuações de preços e colocar o produto no
snacks. Perceber de que forma os mercados internacionais estão a
mercado quando os mesmos são mais favoráveis;
aproveitar o nosso mercado para colocar e vender produtos à base de milho.
Olhar para o milho como um produto valorizado e não apenas como uma commodity. O setor agroalimentar utiliza o milho como uma das
O setor do milho em Portugal, nos próximos anos, terá de mostrar uma forte
principais matérias-primas e, no entanto, em Portugal, a produção de
resiliência às inconstâncias do mercado e às indissociáveis crises geopolíticas e
milho com interesse alimentar é praticamente nula. Alguns dos artigos
imprevisibilidades climáticas. Esta resiliência reside na capacidade do setor em
consultados evidenciam que, onde se consegue produzir milho para
olhar de uma forma estratégica e integrada para as diferentes hipóteses
grão/forragem, certamente se conseguirá produzir outros tipos de milho
disponíveis. Caso contrário, corre-se o risco de perder o impacto que hoje em dia
(milho doce, milho pipoca, milho para pão e broa, milho para snacks,
tem uma das atividades agrícolas com maior peso em Portugal – e que tantos
etc.). Acresce a necessidade de investimentos na transformação para
hectares, explorações e agricultores envolve – e cujo valor económico é inegável.
escoar e absorver a nível interno os diferentes tipos de milho que
Se Portugal goza da fama de possuir um dos melhores climas e solos para produção
88
OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
CONCLUSÕES
de milho e se os produtores de milho nacionais possuem um prestígio reconhecido
facto, que os custos médios destes fatores são mais elevados em Portugal
internacionalmente, resta capitalizar estes atributos e tornar um setor tão
(118,41€) do que nos restantes dois países (115,90€ em Espanha e 110,19€ em
importante para a agricultura portuguesa o mais sustentável e competitivo
França).
possível. Abaixo apresentamos um quadro resumo relativo aos custos com os diferentes fatores de produção analisados em Portugal, Espanha e França, sobressaindo, de
Tabela 11 – comparação dos preços médios de alguns fatores de produção entre Portugal, Espanha e França País
Sulfato de amónio
Cloreto de Potássio
(€/100kg) 1
(€/100kg) 2
Energia eléctrica (€/1.000kwh) sem 3
taxas e impostos
Gasolina super 95
Gasóleo/Diesel
(€/100L) 3
(€/100L) 3
Sementes (€/dose de 50.000 sementes)
Glifosato (€/10L) 3
Média
3
PORTUGAL
154,00 €
84,00 €
136,60 €
154,22 €
131,84 €
128,70 €
39,50 €
118,41 €
ESPANHA
120,00 €
74,00 €
209,50 €
140,16 €
131,85 €
98,00 €
37,80 €
115,90 €
FRANÇA
117,00 €
70,00 €
123,60 €
149,97 €
129,98 €
148,30 €
32,50 €
110,19 €
1 - Valores previsionais para 2014 2 - Valores provisionais para 2013 3 - Valores de 2014
89
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL. OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL. OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
FONTES E REFERÊNCIAS
FONTES E REFERÊNCIAS AGPM. (2014). http://www.agpm.com/index.php. ANPROMIS. http://www.anpromis.pt/ Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA). http://www.iaca.pt/ Bolsa de Comercio de Rosario. (s.d.). http://www.bcr.com.ar/default.aspx Chicago Mercantile Exchange & Chicago Board of Trade. (2014). http://www.cmegroup.com/ Chicago_Mercantile_Exchange_&_Chicago_Board_of_Trade. (2014) CNBC. (s.d.). http://www.cnbc.com/id/100957150# Conselho Internacional de Cereais (CIC). http://www.igc.int/fr/ Cotrisa - comercialisadores de trigo. (2014). http://www.cotrisa.cl/ El Economista. (s.d.). http://eleconomista.com.mx/ European Comission. (2014). http://ec.europa.eu/energy/observatory/oil/bulletin_en.htm Eurostat - European Comission. (2013). Eurostat Pocketbooks: Agriculture, forestry, and fishery statistics. Luxemburgo: Publications Office of the European Union. Eurostat - European Comission. http://europa.eu/rapid/press-release_IP-14-272_pt.htm Eurostat - European Comission. http://ec.europa.eu/trade/policy/in-focus/ttip/about-ttip/questions-and-answers/index_en.htm Eurostat. (2014). http://ec.europa.eu/energy/observatory/oil/bulletin_en.htm Eurostat.(2014).http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/File:Consumer_prices_of_petroleum_products,_EU,_2005%E2%80%9313_(1)_(EUR_per_l itre)_YB14.png Eurostat. http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/eurostat/home/ FAO. (2014). http://faostat3.fao.org/home/E FAO. http://faostat3.fao.org/faostat-gateway/go/to/download/C/CC/E France Agrimer. (2014). http://www.franceagrimer.fr/ Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP). http://www.gpp.pt/ http://www.popcorn.org/. (2014) http://www.soyatech.com. (2014)
91
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL. OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
FONTES E REFERÊNCIAS
Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P. (IFAP). http://www.ifap.min-agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico Instituto Nacional de Estatística (INE). http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main International Energy Agency. (2014). http://www.iea.org/ International Grains Council. (2014). http://www.igc.int/en/Default.aspx Maize Starch. http://www.maizestarch.com/ Ohio University. (2014). http://www.library.ohiou.edu/subjects/businessblog/popcorn-snack-foods-industry-resources/ Sweet Corn Production. (2014). http://content.ces.ncsu.edu/publication/sweet-corn-production/ The Fertilizer Institute. (2014). http://www.tfi.org/ United States Department of Agriculture - Economic Research Service. (2014). http://www.ers.usda.gov/data-products/feed-grains-database/ United States Department of Agriculture. (2014). http://specialcollections.nal.usda.gov/popcorn-exhibit#pop Universty of Florida. (s.d.). http://edis.ifas.ufl.edu/wg056 University of Minnesota. http://www.cfans.umn.edu/ WeberI, F. H., Collares-Queiroz, F. P., & Chang, Y. K. (Dezembro de 2009). Caracterização físico-química, reológica, morfológica e térmica dos amidos de milho normal, ceroso e com alto teor de amilose. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.29, no.4.
92
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL. OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO. OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Junho 2015
DISCLAIMER
DISCLAIMER A análise aqui apresentada foi realizada pela área de Mercados e Internacionalização da CONSULAI. O objetivo é dar uma visão específica sobre a estrutura, os fatores de produção, as oportunidades e alguns cenários no setor do milho nacional. Os dados utilizados são de cariz público. As organizações e as fontes a partir das quais os dados foram obtidos foram selecionadas pela sua idoneidade. Não obstante, foram encontradas algumas incongruências entre as diferentes fontes de informação, pelo que a CONSULAI não se poderá responsabilizar por qualquer imprecisão dessa natureza. Como já referido, a CONSULAI tem como intenção única dar uma visão geral sobre os fatores de produção, oportunidades e cenários no setor do milho nacional, sendo da exclusiva responsabilidade de quem o consultar a sua utilização para qualquer tomada de decisão do ponto de vista económico ou produtivo. Importa também advertir para o carácter volátil dos mercados, que podem em pouco tempo alterar a informação contida neste relatório. A CONSULAI e a ANPROMIS não se responsabilizam, por isso, por quaisquer consequências que resultem da utilização deste estudo.
93
http://www.anpromis.pt/
O SETOR DO MILHO EM PORTUGAL OS FATORES DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO OUTRAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR Cofinanciado no âmbito da Rede Rural Nacional - Área de Intervenção 4 - Facilitação do Acesso à Informação