A Pedra N.9

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A PEDRA 9 | DEZEMBRO 2011 | 5.50€

Arquitetura

Da Pedra Residual à Pedra Filosofal Gestão

As dificuldades de Gestão na Indústria da Pedra Entrevista

Presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra Feiras e Eventos

Global Stone Congress O Grande Evento da Pedra Natural em Portugal


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Ficha Técnica Editor: Miguel Goulão Director Administrativo: Daniel Rebelo A PEDRA 9 | DEZEMBRO 2011 | 5.50€

Estudos

Da Pedra Residual à Pedra Filosofal

Director de Comunicação | Publicidade: Carla Gomes

Formação

As dificuldades de Gestão na Indústria da Pedra Entrevista

presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra

Paginação: Álvaro Carrilho Impressão e Acabamento: Etigráfe - Artes Gráficas, Lda. Produção: Comedil - Comunicação e Edição, Lda. Propriedade: Assimagra - Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins NIPC - Nº 500 834 938 Registo da Marca “A Pedra”: Instituto Português de Comunicação Depósito Legal: 309090/10 Editores: Comedil - Comunicação e Edição, Lda. Empresa jornalística registada no Instituto de Comunicação Social nº 223679 Colaboradores: Visa Consultores FrontWave Intrum Justitia Moore Stephens CEVALOR A. José Pereirinha de Morais e Ana Viegas Jorge Cruz Pinto Periodicidade: Bimestral Tiragem 3 000 exemplares Sede Assimagra - Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins Av. Luís Camões | Fracção G1 | 2480-308 Porto Mós | Tel: +351 244 49 18 03 | Fax: +351 244 49 18 12 E-mail: assimagra@assimagra.pt | Web: www.assimagra.pt Com o apoio de :


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Editorial

2012 ANO DE GRANDES DESAFIOS

O novo ano vai ser o ano de todos os desafios. A sociedade portuguesa encontra-se bloqueada e impõe-se um sentido de urgência na emancipação cívica do país. Por isso, o Novo Ano terá que ser capaz de responder de forma positiva aos desafios de uma Sociedade Civil ansiosa pela mudança. Trata-se dum desafio activo, em que a aposta na participação e a valorização das competências, numa lógica colaborativa, têm que ser as chaves da diferença. O desafio de 2012 é um claro compromisso de resposta colectiva a um tempo que exige novas ideias e novas soluções. É esse caminho que queremos percorrer em conjunto com todos. Faço, por isso, um apelo de inter-ajuda entre todos. O nosso Setor só será capaz de ultrapassar as dificuldades se estiver forte e unido em prol dos seus objectivos. É necessário encetar, desde já, um trabalho de todos e para todos, alicerçado num Contrato de Confiança claro e mobilizador, em que a Setor esteja disponível para uma nova ambição centrada na excelência. Um desafio que nos deve obrigar desde já a uma aposta colectiva centrada na nossa contribuição individual. Temos que todos estar disponíveis a este apelo de participação.

Precisamos de convicção nas respostas que se impõem para as muitas questões que hoje afectam o nosso setor. Todos reconhecemos que a grande questão que se coloca ao nosso setor, é a de Como exportar mais? Nesse sentido, em 2012, faremos o maior investimento na história da Associação em acções de internacionalização, levaremos empresas à India, Brasil, Turquia, China, Moçambique e um pouco por toda a Europa, com o objectivo de ajudar Todos a Exportar mais. Pugnaremos também pela melhor compatibilização do setor com os Instrumentos de Ordenamento do Território atualmente ao nosso dispor pois, sem essa compatibilização, não é possível haver setor. Trata-se de uma questão de sobrevivência pela qual lutaremos em nome de todos. Por fim, 2012, será o afirmar da nossa relação com os prescritores, como bem o demonstra o projecto que é tema principal da nossa Revista, em que a relação do Design/Arquitectura/Inovação/Pedra prova que é possível levar-nos onde a imaginação nos permitir, e é nesta dimensão que apostaremos, o Arquitecto sonha, o Setor concretiza.

As dificuldades do tempo presente impõem uma ambição para o futuro. A excelência tem, mais do que nunca, que ser a nossa bandeira colectiva. Estamos, por isso, a construir o nosso projecto Stone PT, que acredito fará toda a diferença nesse afirmar da excelência do setor neste ano de 2012. Miguel Goulão Vice-Presidente Executivo


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Sumário

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Editorial 2012 ANO DE GRANDES DESAFIOS

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Arquitectura Da Pedra Residual à Pedra Filosofal

Atividades

12 ECO-QUIOSQUE LANTERNA

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SESSÃO DE APRESENTAÇÂO DOS PROJECTOS INTEGRADOS NAS ÁREAS SUJEITAS A EXPLORAÇÃO EXTRACTIVA DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS

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Entrevista presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra Gestão

18 As dificuldades de

Gestão na Indústria da Pedra

Feiras e Eventos Global Stone Congress O Grande Evento da Pedra Natural em Portugal

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Agenda


Pub


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Arquitetura

Da Pedra Residual à Pedra Filosofal

Princípios Há alguns anos atrás, fui a Vila Viçosa escolher chapas de mármore para uma obra de arquitectura, guiado pelo meu amigo Engº José Luís Martinho, que me levou a visitar umas pedreiras e uma das indústrias de transformação. Nessa ocasião, perguntei-lhe o que faziam com as montanhas de escombreiras. Sem obter uma resposta satisfatória e lançando-me o desafio, comecei a ter ideias para aplicação da pedra de desperdício na arquitectura e no design, que viria a desenvolver sob a forma de diversas investigações aplicadas que denominei: Petrus , Re-Stone «Da Pedra Residual à Pedra Filosofal». Desde que comecei a estudar as construções em pedra, mudei o meu ponto de vista sobre a arquitectura e descobri novos aspectos, de que até então não me havia dado conta. Voltei a visitar o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, o Convento de Cristo em Tomar, o Panteão e o Coliseu em Roma e outros edifícios históricos em Portugal e no estrangeiro, para falar com as pedras e tentar perceber outros sentidos arquitectónicos complementares da forma, ligados à sua natureza, materiais e técnicas construtivas. Só então me dei conta de uma maior complexidade e totalidade que enforma a arquitectura. Para Schopenhauer, «a arquitectura enfrenta o conflito entre a rigidez e a gravidade, que constitui a vida e a manifestação do desejo em pedra». As suas palavras aproximam-nos da definição tectónica em sentido lato, como a expressão das formas de forças de conteúdo estático sob a acção das forças de gravidade, associada à forma plástica

Jorge Cruz Pinto Arquitecto, Professor Catedrático da FAUTL

de natureza simbólica. Em sentido estrito, a concepção tectónica de Gottfried Semper refere-se à relação construtiva pilar / lintel. Também de acordo com este arquitecto, os estilos históricos são o resultado da confor-

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mação, através da relação entre a matéria, a técnica e a forma. A palavra estilo, associada ao estilete, o instrumento metálico usado para gravar a matéria (madeira ou pedra) conferindo-lhe através da técnica construtiva a forma adequada e revelando na obra a verdade dos materiais, o jogo de forças que permitem a estabilidade tectónica e a expressão estética. Segundo Gaston Bachelard «o sonho da pedra procura forças íntimas». Forças essas ligadas, quer às forças da própria materialidade tectónica, quer ao princípio de delimitação e conformação do espaço interior propício às vivências da intimidade protegidas. Numa definição fundacional ligada à matéria e ao acto de construção, a arquitectura começa pela colocação de uma pedra sobre

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1 Fig. 1 a 3 - Banco de jardim (1), Bebedouro (2) e Papeleira. (3)


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outra (depois das palavras de Mies relativamente ao tijolo). No entanto, como «forma simbólica», a arquitectura vai além da construção significando-se a si própria, para além da função que lhe deu origem. Assim, a arquitectura estabelece um mundo sobre o mundo. A pedra natural é o mais antigo, duradouro, e um dos mais nobres materiais de construção utilizado ao longo da história na fabricação de alvenarias: muros, tectos, abóbadas, pavimentos, escadas, guarnecimentos... sob diferentes expressões tectónicas e estilísticas, mediante diversas estereotomias e evoluções das tecnologias construtivas: das construções ciclópicas dolménicas, aos templos e pirâmides egípcias, maias, aos templos indús e budistas, ao classicismo greco-romano, à arquitectura bizantina, à solidez românica, ao aligeiramento estrutural gótico, ao renascimento, às formas de expressão barrocas, ao neo-clacissismo, ao racionalismo estrutural …

A Pedra Residual: actual contexto e problemática Nos últimos dois séculos, o aparecimento de novos materiais estruturais, como o ferro, o aço e o betão armado, com outras potencialidades plásticas e estruturais, renunciaram o uso da pedra como material construtivo e estrutural, restringindo a sua aplicação na construção arquitectónica como revestimento decorativo. Porém, reconhece-se hoje que a durabilidade dos novos materiais, como o betão e o aço, é relativamente reduzida no tempo, além de requererem uma manutenção periódica e de produzirem na sua fabricação um elevado consumo energético e elevadas emissões de CO2. Como consequência desse uso restrito como revestimento, a indústria de extracção da pedra deixa uma elevada percentagem de pedra inutilizada nas pedreiras - os escombros - sem outros aproveitamentos, à espera de servirem de entulho e britagem para aplicações menos nobres na construção. Em Portugal, nas pedreiras da Bacia Marmífera

de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, apenas 5 a 25 % da pedra extraída é comercializada em bloco. Uma elevada percentagem residual das escombreiras acumula-se no meio ambiente em torno das pedreiras, ocupando uma possível área de extracção, afectando visualmente a paisagem natural e o equilíbrio ecológico, e dificultando o alargamento das frentes de trabalho nas pedreiras e os consequentes custos de exploração. Numa altura em que o tecido empresarial das indústrias nacionais do sector da extracção, da transformação e do comércio da pedra natural - se encontra em profunda crise económico - financeira, face à concorrência dos mercados estrangeiros, nomeadamente: dos novos países emergentes como a China, Irão, Índia, Brasil, Turquia e Egipto, além dos designados países tradicionais como a Itália, Espanha e Sérvia, e à actual crise económica nacional e internacional, urge reflectir sobre a valorização dos recursos endógenos, a nível regional, nacional e internacional e introduzir uma maior competitividade através de produtos inovadores. Por um lado, a actual estratégia extrativa, encarada apenas a curto prazo, conduz a uma exploração desenfreada dos recursos geológicos naturais e à movimentação de elevados valores materiais e monetários. No entanto, levantam-se questões de sustentabilidade, motivadas pelo elevado desperdicio de matéria prima e pela pressão exercida sobre o meio ambiente, já que na laboração normal de uma pedreira, em que o objectivo na produção de blocos de grandes dimensões dá sempre lugar a grande acumulação de desperdicios. A abundância de recursos tem levado à instalação de unidades extractivas de grandes dimensões, que procuram maximizar os volumes extraídos, dando a máxima atenção à quantidade e deixando em segundo plano a criação de um maior valor acrescentado conseguido pela transformação primária dos materiais que não são considerados como exportáveis em termos de bloco.

Fig. 4 Quiosque construído em Vila Viçosa

Por outro lado, no campo da arquitectura e da construção das obras públicas, a pedra tem vindo a ser preterida por outros materias menos nobres e menos duradouros. É sobretudo confrangedor ver que as novas construções públicas nos municípios da pedra (como a Batalha, Vila Viçosa, Estremoz, Borba, entre outros), recorrem a outros materias (betão, metal, tijolo, vidro, etc.) ou reduzem a pedra à condição de revestimento, quando têm recursos locais que poderiam perpetuar e contextualizar genuinamente as imagens arquitectónicas e urbanas históricas com novas obras onde a pedra pode recuperar um carácter mais construtivo.


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Fig. 5 - Pormenor das lâminas cortadas e escacilhadas.

A Pedra Filosofal: valorização dos resíduos e criação de sub-produtos Retomando a metáfora do porco enunciada por Umberto Eco, no seu livro «Como se faz uma tese» (onde sustenta que tudo é aproveitável como na matança do porco, dando origem a diversos produtos e subprodutos), podemos entender também o aproveitamento integral da pedra em distintos produtos e sub-produtos a diversas escalas. A solução de aproveitamento da pedra residual não pode passar apenas pela britagem, que constitui um processo irreversível, reduzindo a pedra à escala e ao seu valor mais baixo. A solução passa pela transformação da Pedra Residual em Pedra Filosofal. A questão é de facto filosófica, pois envolve simultaneamente uma solução holística, de análise global e aproveitamento integral da pedra a várias escalas; e uma solução heuristica, porque acarreta soluções inventivas para alteração do actual paradigma. Por outras palavras, passa pela transformação da matéria prima em materiais, através de saídas inovadoras que se traduzam em valores de uso, valores económicos, valores estéticos, valores ambientais... pela criação e valorização de vários produtos e subprodutos. Cada bloco abandonado nas escombreiras é único e pode ter um aproveitamento específico dentro de uma nova lógica de aplicação sustentável. O aproveitamento da Pedra Residual pode cobrir assim diversos sectores produtivos – teleológicos, económicos, éticos, ecológico-ambientais, tecnológicos, estéticos… - e abarcar diversas escalas de valorização: desde a escala do ordenamento do território e da paisagem, à escala urbana,

à escala arquitectónica (associada a novas possibilidades de utilizações construtivas sustentáveis e novas expressões plásticas), à escala do design de produto. A regeneração das escombreiras passa por uma legislação adequada e pela aplicação inovadora da Pedra Residual em alvenarias estruturais de carácter ciclópico, pela produção de módulos laminares para construção arquitectónica bioclimática, pelo design de mobiliário urbano e de outros objectos de design e pelo próprio ordenamento estético das escombreiras entendido em termos de Land Art. Esta será a forma de compatibilizar a dimensão produtiva com a aplicação construtiva e a intenção estética e cultural de grande escala, com a atracção turística associada às novas paisagens da pedra - Land Stone. Uma nova linguagem arquitectónica pode passar pela renovação da tradição e aplicação criativa. O uso da pedra residual abre novas estéticas na continuidade das antigas tradições, suportadas pelas actuais tecnologias mecânicas e informáticas de corte e montagem.

pó de pedra e as argilas calcárias poderão ser utilizados na produção de aglomerados compactos com ligantes, sob a forma de blocos construtivos que serão aplicados em alvenarias estruturais e em mosaicos para revestimentos de pavimentos e paredes. As novas aplicações da pedra requerem a reabilitação da formação profissional de pedreiros, na tradição dos antigos mesteres de construtores de canteiros adaptada às tecnologias e estéticas contemporâneas, através da criação de Pedreiras Escolas com formações técnicas e artística em diversas áreas: extracção, corte, cantarias, pavimentos e revestimentos interiores e exteriores; estereotomia, estruturas e assentamento de alvenarias; conservação arquitectónica, patologias e restauro; escultura, design, mobiliário e artesanato.

Re-Stone, módulos laminares de pedra residual reciclada

Através da aplicação dos conceitos de Petrus, Lithos, Re-stone e Landstone procurar-se-á o aproveitamento sustentável da pedra em escalas distintas de intervenção produtiva, permitindo assim uma renovação dos paradigmas económicos, construtivos, arquitectónicos e estéticos, alargados ao contexto internacional.

A indústria transformadora da pedra deixa também uma larga percentagem de material de desperdício, resultante dos cortes e quebras, que é geralmente enviada para as escombreiras e cujas utilizações tradicionais são de entulho ou britagem para outras aplicações na construção, nomeadamente a fabricação de cimento.

Lithos, blocos de aglomerados de pedra residual

A nossa invenção de módulos de laminados de pedra residual cria um novo material de construção, a partir da reciclagem dos restos da serragem e cortes das chapas de pedra das indústrias transformadoras, sob o conceito de Re-Stone.

Sob o conceito de Lithos, as pedras irregulares de menores dimensões, assim como o

A reciclagem do desperdício do corte das chapas de pedra permite a produção de mó-


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Fig. 6 - Quiosque iluminado. dulos laminares de aplicação arquitectónica bioclimática para a construção de paredes ventiladas, na continuidade cultural da tradição mediterrânica dos muxarabis, gelosias ou reixas, características da arquitectura do fresco e da sombra; posteriormente adoptadas ao clima tropical no Brasil, sob a designação de cobogó (construídos em módulos de cimento armado ou cerâmica); sob essa influência, estes elementos foram também largamente difundidos a partir dos anos 60 em Portugal e nas antigas colónias, criando uma expressão tropical do movimento moderno. Contudo, a parede ventilada não foi explorada na construção em pedra, nomeadamente, aproveitando a pedra residual e as actuais tecnologias de cálculo e avaliação térmica, no contexto das novas preocupações e legislações de controlo energético. Os módulos laminares cumprem funções bioclimáticas de sombreamento, filtragem da luz e ventilação, além de garantirem a privacidade no interior dos edifícios e permitirem efeitos decorativos. Para além da sua aplicação na construção de paredes ventiladas, os módulos laminares podem ser utilizados na construção de paredes vegetais, alvenarias estruturais, arcos e abóbadas, chaminés, escadas e no design de mobiliário urbano, constituindo uma inovação ao nível do design construtivo e ao nível da versatilidade de aplicações, pelas diferentes propriedades, consoante o tipo de combinações entre os módulos e a adição de outros materiais (terra, aglomerado negro de cortiça, entulho, etc). Este novo material é apresentado sob a forma de um “tijolo furado” em pedra; partindo de um conceito de “cheio-vazio”, pela sobreposição de laminas de pedra desencontradas que constituem um módulo construtivo análogo ao famoso “Lego” das construções lúdicas infantis. O conceito “vazio” resultante da nossa investigação teórica que condu-

ziu ao ensaio, Elogio do Vazio (Jorge Cruz Pinto, 2006, posteriormente publicado como Éloge du Vide, pelo Le Carré Bleu, feuille d’architecture, Paris, 2010), é aqui levado à concepção de um bloco laminar de aplicabilidade construtiva. Cada unidade modular é construída através da sobreposição ou empilhamento de lâminas de pedra cruzadas e coladas, (por processos manuais ou mecânicos) deixando espaços vazios residuais alternados que permitem um aligeiramento do peso das peças e uma maior versatilidade de aplicações arquitectónicas e qualidades construtivas – estruturais, acústicas, térmicas (quando conjugadas com outros materiais) - e estéticas. Estes novos módulos construtivos de pedra reciclada permitem diversas aplicações na Arquitectura e no Design de mobiliário urbano, em termos de soluções construtivas, bio-climáticas e estéticas, numa perspectiva ecológica e sustentável.

Mobiliário Urbano: Quiosques / Lanternas, bancos, bedouros, papeleiras… O sistema construtivo de lâminas de pedra sobrepostas e alternadas em cheio-vazio foi também aplicado na concepção de componentes arquitectónicos (chaminés, degraus…) e de diversas peças de mobiliário urbano: quiosques de distintas formas, bancos, caixas de luz, papeleiras e bebedouros (Registo de autoria de design – INPI – Instituto Nacional da Propriedade intelectual Jorge Cruz Pinto). (ver Fig. 1 a 3 ) O Quiosque realizado em Vila Viçosa (inserido no programa de acção da Estratégia

de Eficiência Colectiva do Cluster da Pedra Natural, no âmbito do projecto âncora “Valorização da Pedra Natural Portuguesa”), no contexto do largo arborizado que antecede o Terreiro do Paço, constitui uma peça de mobiliário urbano destinado a Posto de Informação Turística. (ver Fig. 4 ) Esta peça de mobiliário urbano parte do sentido ecológico de aproveitamento das chapas e dos blocos de pedra mármore de escombreiras, procurando a sua valorização através da reinvenção estética, funcional e económica. A sua construção procura evidenciar o valor estético da Pedra Mármore, nas lâminas cortadas e escacilhadas de forma a tirar partido das texturas grotescas e do grão cristalíneo, e simultaneamente salvaguardar e resistir às hipóteses de maus usos, vandalismo e envelhecimento. A peça é constituída pela sobreposição de lâminas de pedra Mármore de 3 cm de espessura, escacilhada na face exterior, criando um jogo alternado de cheios / vazios. As lâminas são sobrepostas nos cantos em volta de uma área central de forma quadrangular que gera no interior o espaço útil do Quiosque. (ver Fig. 5 ) As portas, quando abertas, funcionam também como suporte dos expositores de informação turística, revistas, peças de artesanato, etc.. O paralelepípedo de 2mx2m de lado por 4m de altura é definido interiormente por uma estrutura de aço inox que suporta os painéis translúcidos de policarbonato alveolar. A cobertura pode ainda conter um painel fotovoltáico para produção e auto-suficiência energética. Este tipo de quiosque pode ter formas variadas, adaptáveis às diversas funções que se pretenda instalar, desde a função mais simples de informação turística a quiosque de jornais e revista, para café e bebidas,


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ral com o aspecto ornamental, como as de Renzo Piano, Domenico Potenza, Mario Botta, Kisho Kurokawa, Gilles Perraudin, Mariano Bille, D’Amato y Fallacara, David Palterer e em particular Cesar Portela (As Caixas de Pedra, Jorge Cruz Pinto, 2007). A utilização da pedra residual estrutural abre novas estéticas que retomam a continuidade da tradição milenar.

Fig. 7 - Perspectiva de parede utilizando os conceitos de módulos laminares e de alvenaria

estrutural

gelados, florista, artigos turísticos e de artesanato e até mesmo instalações sanitárias públicas urbanas. O quiosque pela sua forma e posicionamento urbano adquire a condição de uma escultura minimalista e à noite, quando totalmente encerrado e iluminado pelo interior, funciona como uma grande lanterna à escala da imagem urbana. (ver Fig. 6 )

Land Art / Land Stone Sob o conceito de Land Art, desenvolvido a partir dos anos 60, algumas experiências à escala territorial, vêm proporcionar a qualificação da paisagem, acrescentando-lhe mais-valias estéticas e manifestando preocupações ecológicas e de desenvolvimento sustentável. Tal conceito poderá ser adoptado para a paisagem industrial da pedra. O ordenamento e valorização estética da paisagem industrial das escombreiras, através de intervenções/instalações de Land Art, podem suscitar uma dinâmica cultural de compatibilidade ecológica entre a produção e a redução do impacte ambiental. Sob o conceito de Land-Stone, propomos intervenções estéticas planificadas nos espaços das escombreiras e nas centrais de depósito (tão simples quanto o modo de arrumar) de forma a reduzir o impacto ambiental dos resíduos pétreos na paisagem, conferindo-lhe um sentido cultural estético, podendo ser incluídos nas Rotas da Pedra, no âmbito de programas geo-turísticos.

Petrus - Alvenarias Estruturais Actualmente, o uso da pedra natural na construção está restringido ao revestimento decorativo, esquecendo as funções estruturais e construtivas que teve ao longo da história. Sob o conceito de Petrus, propomos um aproveitamento construtivo da pedra abandonada nas escombreiras. Esta utilização será suportada pelas tecnologias mecânicas actuais e permitirá a abertura a novas adequações estéticas arquitectónicas de carácter brutalista, grotesco ou outras. A valorização da pedra residual na construção de alvenarias estruturais constitui uma alternativa sustentável frente à convencional construção em betão armado. Se contabilizarmos os elevados custos de produção do cimento e do aço, que como já referimos, acarretam grandes consumos energéticos, elevadas emissões de CO2, aliados aos custos de transporte, ao tempo e aos trabalhos que envolvem a construção de betão armado (montagem de armaduras em aço, cofragens, moldagens e secagem) além da curta perspectiva de vida (70 anos), permitem-nos contrapor como alternativa o retorno às alvenarias estruturais em determinadas construções, realizadas à luz das novas tecnologias, possibilitando a produção de edifícios mais sustentáveis. A actual formação técnica e os métodos de desenho na arquitectura e na engenharia estão sobretudo vocacionados para a concepção e cálculo de betão e aço, não contemplando a construção em pedra. Uma nova linguagem para a pedra natural passa pela tradição renovada do seu uso criativo na arquitectura, de que são exemplo obras que conjugam o uso da pedra estrutu-

Com as actuais tecnologias informáticas de modelos de cálculo estrutural, e tecnologias mecânicas de extracção, de transporte, de elevação e o conhecimento das técnicas de desenho e de corte estereotómico, é possível executar facilmente e em menor espaço de tempo, pequenas e grandes construções ciclópicas que outrora requeriam processos empíricos e grandes esforços na construção através da força animal e humana. Ultrapassando a condição contemporânea da pedra como mero revestimento, desenvolvemos um projecto experimental em alvenaria estrutural. A proposta que apresentamos, para o novo edifício da Adega Cooperativa de Vidigueira, desenvolvido em torno de um pátio, tem por base a utilização de pedra residual das escombreiras na construção de alvenarias estruturais. Nas frestas que definem pequenas janelas entre as juntas das estereotomias, em vez de vidro, são utilizadas chapas de mármore com um centímetro de espessura, permitindo a passagem da luz do exterior. No pátio interior a aplicação dos módulos laminados na construção de paredes de gelosias tem uma aplicação bioclimática permitindo o sombreamento e a ventilação naturais. A volumetria exterior procura tirar partido das expressões plásticas das texturas, cromatismos das pedras e grafismos das vergadas, sob intencionalmente grotesca dos grandes blocos ciclópicos, empilhados através de meios mecânicos, associando a marca tradicional do Vinho da Vidigueira à nova imagem arquitectónica construída no material mais antigo e perene (Jorge Cruz Pinto e Cristina Mantas, 2009). (ver Fig. 7 ) Em suma, o projecto de transformação da Pedra Residual em Pedra Filosofal, que aqui se apresenta, tem como objectivos contribuir para a revalorização e desenvolvimento da tradição do uso da pedra nos sistemas construtivos na edificação, através do aprofundamento da problemática projectual, assente em novas propostas estéticas e técnicas, bioclimáticas, ambientais e funcionais que visam a reavaliação do sector económico nacional, da formação profissional, do sistema construtivo da edificação na sua globalidade para a renovação contemporânea adequada a um material de antiquíssima cultura e história.■


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ECO-QUIOSQUE LANTERNA ►► Prateleiras interiores em chapa de policarbonato. ►► Portas com abertura de 180˚, prateleiras expositivas e fechadura de segurança. ►► Dois vãos basculantes superiores para ventilação. ►► Protecção exterior extensível contra a chuva, em chapa de policarbonato. ►► Iluminação interior com leds policromáticos. ►► Possibilidade de autonomia energética com colocação de painéis fotovoltaicos na cobertura.

DAS ESCOMBREIRAS AO DESIGN ESCULTÓRICO Esta peça de mobiliário urbano, parte de um sentido ecológico de aproveitamento das chapas e dos blocos de pedra mármore residual existentes nas escombreiras de Mármore de Vila Viçosa e Estremoz, procurando a sua valorização estética, funcional e económica. Os quiosques de pedra, pelas suas formas geométricas, adquirem a condição híbrida entre a peça de design de mobiliário urbano e a escultura minimalista. A construção dos quiosques é realizada pela sobreposição de lâminas de pedra, criando um jogo alternado de cheios/vazios. As lâminas são sobrepostas nos cantos em volta de uma estrutura interior de tubulares metálicos que sustentam chapas de policarbonato transparente ou translúcido que serve de revestimento interior. A sua construção procura evidenciar o valor estético da Pedra Mármore, nas lâminas cortadas e escacilhadas de forma a tirar partido das texturas grotescas e do grão cristalíneo,

e simultaneamente salvaguardar e resistir às hipóteses de maus usos, vandalismo e envelhecimento. As portas, quando abertas, funcionam também como suporte dos expositores de informação turística, revistas, peças de artesanato… O paralelepípedo interior de 2 m x 2 m de lado por 4 m de altura é definido pela estrutura de aço inox. A cobertura pode ainda servir de suporte a um painel fotovoltaico. À noite, quando totalmente encerrado e iluminado pelo interior, o quiosque funciona como uma grande lanterna à escala da imagem urbana, cuja luz poderá mudar gradualmente de cor.

CARACTERISTICAS TÉCNICAS ►► Paredes exteriores em lâminas sobrepostas de pedra mármore de Estremoz / Vila Viçosa (ou de outra pedra do local onde for implantado) em composição de cheios – vazios. ►► Estrutura interior em inox com chapas de policarbonato translúcido de 12mm espessura.

►► As dimensões podem variar de acordo com as encomendas e a função a que se pretenda destinar.

OUTRAS FORMAS – ÁREAS – FUNÇÕES Este tipo de quiosque pode ser realizado em várias formas, adaptáveis às diversas funções que se pretendam instalar, desde a função mais simples, de informação turística, a quiosque de jornais e revistas, café, florista, artigos turísticos e instalações sanitárias públicas urbanas... O valor global varia dependendo do fim a que os quiosques se destinarem (com os equipamentos interiores necessários), e da complexidade formal, tamanho, etc.■


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OCTOGONAL SEM SOMBREAMENTO

OCTOGONAL COM SOMBREAMENTO Área de 6,00 m2 Com 5,90 m de altura

FORMA Y Área de 5,50 m2 Com 5,90 m de altura

Projecto Final

Área de 4m2 ; Com 4m de altura


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Entrevista

Entrevista ao presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra por: Manuela Martins matéria, o sector do mármore possa encontrar outras soluções, outras tecnologias outras abordagens de comercialização, tudo o que for necessário para dinamizar a nossa actividade principal. O mármore foi, durante muito tempo, o ouro branco de Vila Viçosa. Agora tem uma quebra e nestas alturas difíceis temos que trabalhar todos em conjunto. Não podemos meter a cabeça na areia e esperar que as coisas se resolvam. Acho que temos até que aproveitar as dificuldades para transformá-las em forças e oportunidades de melhorar procedimentos. É também uma oportunidade para vermos melhor onde é que estão os problemas para podermos resolvê-los e andar em frente.

Eng. Luís Caldeirinha Roma

A Pedra: Quais foram os objectivos que levaram a autarquia a organizar a 1ªBienal Internacional da Pedra em Vila Viçosa (de 12 a 16 de Outubro)? E que balanço faz agora do evento? O objectivo foi promover o mármore porque é a actividade económica principal de Vila Viçosa, que já viveu tempos melhores e que não está, neste momento, a atravessar uma boa fase. Estas dificuldades são percepcionadas por autarcas, empresários e a população em geral, designadamente pela falta de emprego. Compete a todos trabalhar no sentido de encontrarmos as melhores soluções. O objectivo fundamental da Câmara foi tentar dar o seu contributo para que, com os empresários e as universidades que penso serem entidades muito importantes nesta

A Pedra: Na sua opinião por que é que está a haver esta evolução negativa? A utilização do mármore em Portugal sempre foi diminuta. O mercado interno nunca teve grande expressão. A nível internacional a situação já era diferente. A Europa, por exemplo, era um excelente mercado. Agora está praticamente reduzido a zero. A crise económica criou grandes retracções neste mercado. Outros mercados, nomeadamente na América, estão tomados por outras regiões. O mercado do mármore de Vila Viçosa reduz--se praticamente aos países árabes e ao Norte de África. No Norte de África as recentes conturbações políticas, no Egipto, na Tunísia, na Líbia tiveram repercussões no comércio internacional. Dizem-me os empresários que o mercado chinês começa agora a procurar blocos de mármore em Vila Viçosa. Mas não é uma procura significativa. Estas são as principais razões para a quebra da nossa produção. Admito que haja outras: houve talvez durante muito tempo um aco-

modar, a falta de procura de alternativas, de novas soluções. Isto porque também era relativamente fácil, sobretudo para as grandes empresas, extrair, transformar e vender. Os problemas sentem-se de forma mais acutilante ao nível das empresas mais pequenas que apresentam grandes dificuldades nas exportações. Apresentam fragilidades nas áreas dos seguros, por exemplo, na área de representação, não têm capacidade de resposta a grandes encomendas, porque não têm dimensão. Uma das deficiências dos portugueses e não é só no sector das pedras é a falta de formação ou formatação para nos associarmos uns aos outros. Contrariamente aos nossos irmãos espanhóis, por exemplo, nós não gostamos de trabalhar em associativismo. E este foi também um dos objectivos da bienal: contribuir para que se torne mais evidente que todos somos poucos para podermos sair da crise. Eu acho que é da conversa que sai a luz. E duas cabeças pensam concerteza melhor do que uma. Não é o arquitecto que vem ensinar o empresário a extrair o mármore… A Pedra: Mas o arquitecto é um prescritor…. Exactamente. E muitas vezes um prescritor que não sabe como é que o mármore se trabalha. Ou quais são as dimensões adequadas da pedra para um determinado projecto. E se houver o contacto e o diálogo do prescritor com o produtor já haverá uma evolução no trabalho. Todas estas sinergias são

“Temos que trabalhar todos em conjunto”



Entrevista 16

importantes. E uma das intenções da Bienal, continuando a responder à sua pergunta, foi criar sinergias para que cada um possa dar aquilo que tem de melhor para transformar a problemática do sector. A Pedra: Acha que há um défice de marketing e de promoção no sector? Acho que sim. O problema da maior parte dos empresários da região é que a empresa foi herdada do pai, ou do avô e o que se faz neste momento ainda é o que se fazia no tempo do avô…E as pessoas têm sempre uma aversão quando há alguém que chega com uma novidade. Por outro lado há muito individualismo. E este individualismo não traz benefícios a minguem.Com as alternâncias sucessivas e constantes de produtos e de tecnologias quanto mais cada um divulgar o que sabe melhor para todos, maiores rentabilidades para o sector em geral. A Pedra: O que é que vai melhorar na próxima bienal, daqui a dois anos? Esta bienal teve pouca divulgação. Foi um erro que espero corrigir daqui a dois anos, mas foi um erro calculado. Quando me apercebi da dimensão que ela estava a assumir eu cortei o andamento, pois tive algum receio de não ter instalações e condições logísticas, quer ao nível das estadias, quer ao nível do desenvolvimento dos trabalhos, pois Vila Viçosa é uma terra pequena e não é fácil acomodar 200 pessoas. Daqui a 2 anos esperamos ter melhores condições em Vila Viçosa. Estamos em vias de ter uma nova instalação hoteleira, com 100 quartos e iremos beneficiar da experiência desta 1ª bienal. Mesmo assim, tivemos uma participação, durante 10 dias, de cerca de 160 estudantes estrangeiros, acompanhados por 25 pessoas e outros tantos especialistas da pedra que vieram apresentar vários trabalhos. A Pedra: Considera positiva essa participação? Considero esta participação bastante positiva. E não sou só eu. Inúmeras pessoas de renome internacional que estiveram presentes consideraram o encontro bastante positivo. Muitos professores, estudantes e especialistas em pedra, estrangeiros, vieram dizer-me que nunca tinham visto uma pedreira como em Vila Viçosa. Todos ficaram boaquiabertos.Tive a oportunidade de falar coma as delegações de Macau, Itália, França e Espanha que ficaram maravilhadas com as sessões de trabalho, com as visitas às explorações de mármore, de extracção e transformação e ficaram muito bem impressionados com o nosso potencial e também com a

conservação do património. Tudo isto serviu para enriquecer a comunidade científica e a investigação dos vários países participantes. Tivemos a entrega do Compasso Volante que é um prémio atribuído a estudantes de Milão e também de Palermo que escolheram Vila Viçosa para vir fazer um trabalho sobre a recuperação da pedreira da Gradinha. Já cá tinham estado em Maio a desenvolver trabalho de campo. Foram apresentados onze estudos e esse foi o premiado. Tivemos também o Carré Bleu que é uma revista reconhecida na área da pedra e da arquitectura que veio fazer durante 3 dias o levantamento e a súmula dos trabalhos que vão dar origem a uma edição especial sobre a bienal de Vila Viçosa. Tivemos ainda vários work shops sobre a extracção, transformação, ambiente e património de Vila Viçosa, o que penso que enriqueceu muito as pessoas que cá estiveram: uns, potenciais arquitectos e designers, outros já a exercerem a profissão e que pediram amostras de mármore. Sabemos que uma das maneiras de melhorar a comercialização é influenciar os decisores. Pois neste caso estamos a falar de 200 pessoas que regressaram aos seus países e vão falar sobre o mármore português. Um dos objectivos da bienal que era influenciar decisores acho que foi conseguido com sucesso. Esta parceria entre a Câmara e a Universidade de Arquitectura de Lisboa e algum apoio da Assimagra possibilitou a realização de um evento do qual a população de Vila Viçosa pode orgulhar-se. Houve apenas uma outra questão que falhou que foi a adesão dos industriais. Senti realmente que houve uma falta de adesão dos industriais e já me penalizei a mim próprio na sessão de encerramento porque não terei sabido passar a mensagem. A Pedra: Então quando fala em défice de divulgação não se está a referir apenas à divulgação do evento junto dos media? Junto dos media e junto das universidades eu mandei travar a divulgação. Não tivemos portanto a participação de alunos portugueses. Relativamente aos industriais o erro foi meu porque eu próprio escrevi à maior parte dos industriais a dizer o que ia fazer-se mas penso que eles entenderam que seria uma bienal mais virada para a arquitectura e para os estudantes e não para eles. Houve uma má interpretação. Por isso penalizo-me a mim próprio. A Pedra: Daqui a dois anos vai então envolvê-los mais na organização da bienal? Antes. A muito curto prazo vou organizar uma sessão de trabalho com os industriais para falarmos sobre a bienal, ver o que não correu tão bem e mostrar que a intenção da

Câmara não é substituir nem ensinar ninguém mas antes criar sinergias. Enquanto andarmos a falar sozinhos e de costas uns para os outros não vamos conseguir resolver os problemas. A Pedra: Como avalia a sensibilidade dos empresários para a necessidade de regeneração das pedreiras? Sou engenheiro civil, e nunca tive nada a ver com pedreiras, mas durante um ano e meio da minha vida fui funcionário público na delegação regional do ministério da indústria em Évora. Foi na altura em que saiu a legislação que obrigava os donos das pedreiras a fazerem um estudo para demonstrarem como poderia ser feita a reabilitação. Achei que aquilo era anacrónico. Admito que uma pedreira em Momentoso-Novo possa ter um estudo de reabilitação paisagística, mas nunca numa área como Vila Viçosa. As pedreiras estão coladas umas à outras. Mais tarde é que veio o PROZOM e reconheceu-se que tinha que ser um estudo global e não individual. Penso que os empresários não têm muita sensibilidade para a reabilitação paisagística e que tudo o que fazem é porque são obrigados. Mas penso também que isso é uma matéria que deveria ter começado a tratar-se há mais tempo, quando ainda não estávamos tão mal em termos económico-financeiros. Agora, pedir aos empresários ainda mais este esforço, é muito complicado. Nasceu uma empresa que é a EDC Mármores (Empresa Gestora das Áreas de Deposição Comum dos Mármores S.A.) no âmbito do Prozom (plano regional de ordenamento da zona dos mármores) que reúne vários municípios mas as coisas continuam sem funcionar. A área de deposição comum de Borba está completamente pronta para fazer o tratamento das escombreiras mas o facto é que continua vazia, sem funcionar. E não me estou a colocar de fora pois a Câmara de Vila Viçosa é uma das intervenientes. Mas não vejo, nos próximos tempos, possibilidade de os empresários ou instituições resolverem esta situação. Penso que é preciso trabalhar nesse sentido, mas no contexto económico e social que atravessamos há outras prioridades. A Pedra: Falemos de responsabilidade social. Os empresários do sector colaboram em pequenas obras públicas da autarquia cedendo por exemplo pedra? Colaboram de alguma forma no desenvolvimento da região onde estão instaladas as suas empresas? Os empresários do mármore sempre tiveram uma relação muito fluente e de participação, ao longo dos anos, na cedência de


Entrevista 17

Pedreira de Mármore equipamentos, de pedra, de desperdícios. Não só à autarquia mas a nível mais geral. O empresário do mármore é preocupado com a sua participação social. Tem contribuído muito monetariamente e em géneros para as instituições de solidariedade social em Vila Viçosa. Há também uma participação muito activa dos empresários em colectividades, grupos desportivos. Na generalidade a consciência social está muito enraizada neles. Até porque sabem o que é trabalhar e dão muito valor ao trabalho. A Pedra: Acha que o Estado deveria intervir mais na definição de uma estratégia de promoção do sector, no mercado interno e no mercado internacional? Eu nunca fui muito apologista da ideia de que o Estado resolve tudo. Mas tem que resolver aquilo que é para resolver. A Pedra: A questão das taxas por exemplo…negociar com alguns países, como o Brasil, taxas mais baixas que não pena-

lizem tanto a importação de pedra transformada portuguesa… O Estado tem de saber defender a pedra. Não se compreende como é que dois países como Portugal e o Brasil que dizem ser irmãos e que são tudo maravilhas quando os chefes de Estado se encontram não cheguem a um acordo mais favorável. Na pedra penso que tem havido um défice muito grande, neste caso do ministério da economia, ao longo dos anos. Eu acho que o Estado até tem intervindo mais em áreas onde, na minha opinião, devia imiscuir-se menos. Neste sector há claramente um défice de intervenção e de acutilância. O Estado devia intervir não numa atitude paternalista mas zelador de uma actividade económica que é muito importante para o país. A contribuição da pedra para o PIB (produto interno bruto) é relevante. E no mercado interno devíamos usar, também, materiais menos utilizados para exportação. Os mármores com veios, por exemplo. Se esses veios forem bem conjugados resulta um trabalho esteticamente bo-

nito. Aí está uma área onde os arquitectos e designers podem trazer uma mais-valia. Não vale a pena pedirmos a um industrial pequeno que faça trabalhos desse tipo. As grandes empresas da região fazem-no mas as mais pequenas não têm condições. Nós propomo-nos ajudar essas empresas mais pequenas de modo a que os investigadores, designers, arquitectos lhes possam mostrar que não é só o mármore branco que tem valor. Há um hotel em Vila Viçosa que está para ser inaugurado, que tem aplicações de mármore em vários salões e casas de banho. Todas as casas de banho são diferentes. E não há nenhuma casa de banho com mármore branco! É tudo mármore com veios. Se víssemos uma peça rejeitávamos, mas composta, com os veios bem casados, este hotel é uma excelente montra das diversas possibilidades de aplicação do mármore. O departamento de geologia da universidade de Évora tem tido um papel excepcional, principalmente através do professor Ruben e do professor Luís Lopes, na promoção do diálogo entre os investigadores e os empresários. Estes dois professores têm feito um trabalho notável para contrariar a tendência de que não precisamos uns dos outros. São um bom exemplo de sinergias. Ninguém quer substituir ninguém. Mas temos que trabalhar todos unidos, em benefício do sector, para ultrapassar este momento difícil. A Pedra: Que adjectivos é que usaria para promover a pedra natural em detrimento de outros materiais que pretendem imitar a pedra e que em consequência de um bom marketing conseguem vender mais? O que é que o atrai mais na pedra natural? A nobreza. Utilizaria a palavra nobre para descrever o mármore de Vila Viçosa e, obviamente, toda a região.■


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gESTÃO

As dificuldades de Gestão na Indústria da Pedra 2 por: Sérgio Pinto, Engenheiro

junto de alterações no seio das empresas, às quais elas não estão habituadas. É, assim, imperativo, nos tempos que correm, que as empresas sejam ágeis para que possam mudar de direcção com relativa facilidade e com o mínimo de perda possível. Estas são tarefas tipicamente demasiado pesadas para um único elemento, não é humanamente possível dar resposta a todas as solicitações que se impõem actualmente sem a constituição de uma equipa de trabalho, seja esta através de elementos internos da empresa, ou através de parcerias confiáveis.

Os Sistemas de Gestão da Qualidade, frequentemente culminados na certificação da Taiichi Ohno, considerado um dos principais (número de clientes potenciais, quais destes empresa, podem contribuir para a eficaz e responsáveis pela criação do mítico Sistema o são realmente, quantidade e agressividade eficiente gestão desta equipa, conferindo orde Produção da Toyota, afirmava frequenteda concorrência, etc.). Após esta análise as e definindo mecanismos O já referido Taiichi Ohno é também conhecido como uma da mais brilhantes mentes ganização na aplicação do “Lean Thinking”. de promente “Se fizermos sempre o que sempre soluções possíveis são variadas: concentratecção para a empresa. O O LEAN, quando bem pensado, traduz-se no conjunto de ferramentas e metodologias para eliminação dedesdobramento desperdíciosda e fizemos, vamos obter, na melhor das hipóção num nicho de mercado específico, busca estratégia, ou seja, a rápida assimilação das adição de valor, sempre do ponto de vista do cliente. Estas, conferem à empresa a agilidade necessária para reagir quando tal teses, os resultados que sempre obtivemos”. de outros segmentos de mercado (implica alideias da gestão por parte de cada elemento éEm necessário. O LEAN pretende que as empresas estejam preparadas para entregar ao cliente: o que ele quer, quando quer, tempos como os actuais, pensar que vaterações produtivas), internacionalização em da empresa é fundamental, e muitoele facilitada na quantidade solicitada, na sequência adequada e ao mais baixo custo de produção possível. mos obter o que sempre obtivemos é no míbusca de mercados financeiramente mais quando estes mecanismos estão implemenAs empresas indústria da pedra habitualmente uma longa cadeia de valor, que vai prospecção nimo optimista.ligadas Cabe à à gestão, o cérebro da natural sólidos têm (implica um estudo profundo destes tados. O Sistema de desde Gestãoa da Qualidade empresa, definir a sua estratégia, com base mercados e porventura descentralização das não será certamente a resposta para todos e extracção até à aplicação em obra do produto de pedra natural, passando pela transformação, preparação, projecto, etc.. numa análise das suas capacidades e com- do unidades A verdade éde que os problemas dasatravés empresas, mesTodas estas etapas podem ser analisadas ponto produtivas), de vista daetc.. identificação desperdícios (LEAN) de pode-se ferramentas petências e dos mercados onde quer actuar muitas vezes é necessário realizar um conmo afirmar que, se for incorrectamente im-

como o Value Stream Mapping (ou Mapeamento da Cadeia de Valor).

Fig. 1 – Exemplo de mapeamento de cadeia de valor (VSM) com os desperdícios identificados ( presente vs futuro)

Cliente

STOCK 2200


Pub


Gestão 20

Cliente

plementado, será entendido com uma fonte de custos sem qualquer valor acrescentado. Mas a verdade é que um SGQ não é mais do que o cumprimento de um conjunto de boas práticas de gestão que, se adaptadas à realidade de cada empresa, podem ser uma poderosa ferramenta para ultrapassar problemas e ganhar eficiência. O já referido Taiichi Ohno é também conhecido como uma da mais brilhantes mentes na aplicação do “Lean Thinking”. O LEAN, quando bem pensado, traduz-se em ferramentas e metodologias de eliminação de desperdícios e adição de valor, sempre do ponto de vista do cliente, que conferem à empresa a agilidade necessária para reagir quando tal é necessário. Pretende que as empresas estejam preparadas para entregar ao cliente o que ele quer, quando ele quer, na quantidade solicitada, na sequência adequada e ao mais baixo custo de produção possível. As empresas ligadas à indústria da pedra natural têm habitualmente uma longa cadeia de valor, que vai desde a prospecção e extracção até à aplicação de pedra natural, passando pela transformação, preparação, projecto, etc.. Todas estas etapas podem ser analisadas do ponto de vista da identificação de desperdícios (LEAN) através de ferramentas como o Value Stream Mapping (ou Mapeamento da Cadeia de Valor). Através

da análise dos resultados desta ferramenta, é possível identificar os pontos críticos que podem ser melhorados. Esta ferramenta pode ser aplicada a vários níveis: entre empresas (contando com fornecedores e clientes), à totalidade da empresa, a um processo específico ou mesmo a um sub-processo. É frequente fazerem-se todas estas abordagens, começando no nível mais alto para detectar os desperdícios “macro” e trabalhando até ao mais específico. A figura seguinte ilustra um exemplo dos resultados de um mapeamento da cadeia de valor, onde é possível identificar os diferentes indicadores medidos em cada fase do processo produtivo, utilizados para identificar os desperdícios. Após identificação dos pontos críticos a melhorar, torna-se necessário implementar as acções de melhoria necessárias, recorrendo a projectos “Kaizen” (do japonês “Kai”, que significa mudar e “Zen”, que significa para melhor). Do ponto de vista da ajuda externa, uma grande vantagem destes projectos é que é possível trabalhar com “taxa de sucesso”, ou seja, através de um indicador pré-definido pode ser definida a meta a partir da qual a empresa consultora é paga.

É um facto bem conhecido que as épocas de crise servem para separar as empresas ganhadoras das restantes, e que uma percentagem considerável delas não conseguirá manter a porta aberta. Para evitar o erro de não fazer nada para mudar (que, em tempos mais ríspidos, não traz os resultados de sempre, mas bastante inferiores), as empresas devem adquirir as vantagens competitivas necessárias para se manterem sustentáveis. A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 (que pode ou não culminar na certificação da empresa, o importante é realmente implementar as boas práticas de gestão) garante organização, estabilidade operacional e mecanismos de melhoria às empresas. Por sua vez, o Lean Management foca-se no aumento da eficiência e na garantia perante o cliente, assegurando a sua satisfação e a redução de custos operacionais. É verdade que nenhuma destas ferramentas garante de imediato mais clientes ou mais facturação directa, mas contribui positivamente para a boa imagem da empresa perante o cliente e para a capacidade de aumentar as margens de venda da empresa.


Gestão 21 3

Através da análise dos resultados desta ferramenta, é possível identificar os pontos críticos que podem ser melhorados e assim definir as prioridades das acções a desenvolver. Esta ferramenta pode ser aplicada a vários níveis: entre empresas (onde se incluem os fornecedores e clientes), à totalidade da empresa, a um processo específico ou mesmo a um sub-processo. É frequente fazerem-se todas estas abordagens, começando no nível mais alto para detectar os desperdícios “macro” e trabalhando posteriormente até ao mais específico. A figura 1 ilustra um exemplo dos resultados de um mapeamento da cadeia de valor, onde é possível identificar os diferentes indicadores medidos em cada fase do processo produtivo, utilizados para identificar os desperdícios. Após identificação dos pontos críticos a melhorar, torna-se necessário implementar as acções de melhoria necessárias, recorrendo a projectos ususalmente denominados por “Kaizen” (do japonês “Kai”, que significa mudar e “Zen”, que significa para melhor). Uma grande vantagem destes projectos é que é possível trabalhar com “taxa de sucesso”, ou seja, através de um indicador pré-definido pode ser definida a meta a partir da qual podem ser premiados grupos internos de trabalho ou pagas empresas consultoras que têm como finalidade acelerar os processos de ganho financeiro. É um facto bem conhecido que as épocas de crise servem para separar as empresas ganhadoras das restantes, e que uma percentagem considerável delas não conseguirá manter a sua “porta aberta”. Para evitar o erro de não fazer nada para mudar (que, nestes tempos mais ríspidos, não traz os resultados de sempre, mas bastante inferiores), as empresas devem adquirir as vantagens competitivas necessárias para se manterem sustentáveis. A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 (que pode ou não culminar na certificação da empresa, o importante é realmente implementar as boas práticas de gestão) garante organização, estabilidade operacional e mecanismos de melhoria às empresas. Por sua vez, o Lean Management foca-se no aumento da eficiência e na garantia perante o cliente, assegurando a sua satisfação e a redução de custos operacionais. É verdade que nenhuma destas ferramentas garante no imediato mais clientes ou mais facturação directa, mas contribui positivamente para a boa imagem da empresa perante o cliente e para a capacidade de aumentar as margens de venda da empresa ou, simplesmente, manter fiel cada um dos seus clientes Estudos internacionais indicam que o Lean Management permite obter: Estudos internacionais indicam que o Lean - Redução de custos entre 25% e 55%; Management permite:

- Redução de defeitos e de stocks até 90%;

►► Redução de custos entre 25% e 55%;

- Redução das áreas de trabalho entre 40% e 75%;

►-► Redução Redução do de defeitos de stocks até 90%;até 70% tempo etotal de execução

- Aumento de resultados superior a 30%;

►► Redução das áreas de trabalho entre 40% e 75%; - Aumento da satisfação dos clientes;

datempo capacidade resposta ►-► Aumento Redução do total dede execução atéda empresa; 70% - Aumento do envolvimento, motivação e participação colaboradores nos processos. ►dos ► Aumento de resultados superior a 30%; ►► Aumento da satisfação dos clientes;

Fig. 2 – Exemplo de trabalho standard para minimizar erros/defeitos.

►► Aumento da capacidade de resposta da empresa; ►► Aumento do envolvimento, motivação e participação dos colaboradores nos processos.


22

Atividades

SESSÃO DE APRESENTAÇÂO DOS PROJECTOS INTEGRADOS NAS ÁREAS SUJEITAS A EXPLORAÇÃO EXTRACTIVA DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS

Decorreu no passado dia 12 de Dezembro de 2011, no Auditório da Caixa Agrícola de Porto de Mós, uma sessão de apresentação e lançamento dos Projectos Integrados de 5 Áreas de Intervenção Específicas – Areas Sujeitas a Exploração Extractiva (AIE) definidas no Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), designadamente: AIE de Cabeça Veada, Portela das Salgueiras, Codaçal, Moleanos e Planalto de Stº António. Estiveram presentes na referida sessão os representantes de 103 pedreiras situadas no interior do Parque Natural, os organismos promotores do projecto, ASSIMAGRA, Direc-

ção Geral de Energia e Geologia (DGEG), Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB,IP) e Associação VALORPEDRA, e as entidades intervenientes no planeamento/licenciamento das explorações de massas minerais no PNSAC, os Municípios de Alcobaça, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém, as Juntas de Freguesia de Alqueidão da Serra, Juncal, Arrimal, S.ªº João Batista, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e as Direcções Regionais do Ministério da Economia. Esta sessão, orientada pela DGEG, ICNB e ASSIMAGRA, e enquadrada no projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria

Extractiva no Maciço Calcário Estremenho” no âmbito da Estratégia de Eficiência Colectiva do Cluster da Pedra Natural, teve por objectivo o lançamento dos Projectos Integrados, em conformidade com o artigo 35º do Decreto-Lei n.º270/2001, de 6 de Outubro, alterado pelo decreto-Lei n.º340/2007, de 12 de Outubro, no sentido de que as unidades industriais extractivas de produção independentes das AIE mencionadas, possam convergir nas acções de planeamento da exploração e de integração da recuperação paisagística, durante e no final da exploração. Para além dos projectos integrados, as áreas do PNSAC classificadas como AIE - Áreas Sujeitas a Exploração Extractiva, serão igualmente sujeitas a Planos Municipais de Ordenamento do Território, visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente.■



24

Feiras e Congressos

Global Stone Congress O Grande Evento da Pedra Natural em Portugal

A associação Valorpedra foi criada especificamente para a promoção e dinamização do Cluster da Pedra Natural e para a gestão do seu programa de acção pelo que assumiu, naturalmente, desde o primeiro momento, a promoção e a organização do Global Stone Congress 2012. O evento consiste num encontro mundial que se realiza há 6 anos entre actores e especialistas do sector da pedra natural. Decorreu pela primeira vez em 2005, em Guarapari, por iniciativa e organização do Brasil. O segundo congresso teve lugar em Carrara, Itália (2008) e a 3ª edição em Alicante, Espanha (2010), vindo agora Portugal juntar-se a estes destacados países produtores e exportadores de pedra natural na organização de um evento que já ganhou prestígio internacional. As duas primeiras edições foram mais direccionadas para as Rochas Ornamentais e os congressos denominaram-se “International Dimension Stone”. Actualmente o âmbito deste evento é mais abrangente e passou a adoptar a denominação Global Stone Congress.

Depósito de Mármore

A Organização

Portugal é o organizador e o país anfitrião da 4ª edição do Global Stone Congress, que se realiza este ano em Julho, no Alentejo. Esta oportunidade surgiu na sequência de uma comunicação portuguesa sobre o Cluster da Pedra Natural, apresentada durante a última

edição deste evento, que teve lugar em Alicante, Espanha. A comunicação suscitou a atenção dos participantes que manifestaram interesse em conhecer melhor esta organização estratégica do sector.

O sucesso deste encontro advém do facto de ser a única iniciativa, de âmbito internacional, que consegue juntar instituições e empresas de diversas áreas e de diferentes países, em torno de discussões científicas e tecnológicas relacionadas com o sector da pedra natural. Com uma presença média de 200 participantes e cerca de 40 congressistas, tem contribuído significativamente para a disseminação do que melhor se faz no domínio da pedra natural. O Cluster da Pedra Natural foi reconhecido publicamente em Portugal em 2008 e encon-


Feiras e Congressos 25

Vista aérea de Borba tra-se actualmente a desenvolver uma estratégia de internacionalização, sustentabilidade e competitividade do sector pelo que à data do Congresso, que se realiza entre 16 e 20 de Julho, já haverá resultados do plano de acção que vão poder ser apresentados publicamente perante uma plateia internacional. O evento surge, assim, como uma oportunidade única de projectar mundialmente a imagem da pedra natural portuguesa associada a características diferenciadores de grande qualidade e de forte capacidade produtiva e tecnológica e também as potencialidades do Cluster. À semelhança das edições anteriores o congresso assume-se como um palco privilegiado para a criação de sinergias que contribuam para o avanço tecnológico e cientifico do sector mas a organização considera que esta edição apresenta características diferenciadoras, assentes num programa itinerante e numa forte aposta no turismo industrial e de negócios. Este conceito inovador foi delinea-

do em equipa, por várias entidades – Valorpedra, Cevalor, IST (Instituto Superior Técnico), Universidade de Évora e Universidade Nova – e consiste basicamente em fazer do Global Stone Congress 2012 um evento itinerante. Quer isto dizer que não vai esgotar-se nem reduzir-se a salas de conferências, antes terá sessões em pelo menos 3 locais diferentes – Estremoz, Borba e Vila Viçosa e será assegurada a promoção nacional do Cluster da Pedra Natural. As localidades já definidas (sem prejuízo de outras), além de serem uma mostra representativa do sector da pedra natural, constituem uma região com forte oferta turística e cultural. O carácter diferenciador da iniciativa caracteriza-se, assim, pela promoção integrada e complementar de dois sectores que podem criar verdadeiras sinergias entre si, na região Alentejo: pedra natural e turismo. Este conceito do congresso permite, ainda, o alargamento do público-alvo a empresá-

rios nacionais e importadores internacionais, ao integrar em todas as acções paralelas e complementares visitas a pedreiras, transformadoras e empresas de equipamentos, a nível nacional. A decisão do local do Congresso reuniu unanimidade de todas as entidades envolvidas na organização que apresentam como metas a realização de um evento com uma forte promoção sectorial que se distinga pela qualidade dos congressistas, pela adesão dos participantes, pela diferenciação do programa e da organização de modo a constituir-se como uma referência para futuros eventos internacionais. As comunicações do Congresso serão publicadas na Revista Cientifica “Key Engineering Materials”, uma revista suíça mundialmente reconhecida nos meios científicos. A revista portuguesa “Rochas e Equipamentos” é media partner do evento..■


Agenda 26

2012 JANEIRO

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Swissbau 17-21 JANEIRO

Turquia - Izmir

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Suiça - Basel

Stone Expo | Belgium 21-23 JANEIRO

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Bélgica - Liege

Surfaces Expo 24-26 JANEIRO

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E.U.A. - Orlando

StoneExpo 24-26 JANEIRO

Marble 21-24 Março

JULHO

NOVEMBRO

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StoneTech 25-28 Março

KazBuild 4-7 JULHO

Cazaquistão - Almaty

Polónia - PoznaN ►►

Domotex Asia ChinaFloor 27-29 Março

Qindao Stone Exhibition 16-19 JULHO

China - Qingdao

Global Stone Congress 2012 16-20 JULHO

Japão - Tóquio

►►

China - Xangai ►►

China - Xangai

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Borba - Portugal

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ABRIL

E.U.A. - Nova York

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Budma 24-27 JANEIRO

E.U.A. - orlando

Polónia - Wroclaw

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Brasil - Cachoeiro de Itapemirim

Polónia - Kielce

SETEMBRO

FEVEREIRO Stona International Granite & Stone Fair 1-4 FEVEREIRO

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Índia - Bangalore

Vitória Stone Fair 7-10 FEVEREIRO

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Brasil - Vitoria | Espirito Santo

MARMOL 7-10 FEVEREIRO

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VALÊNCIA - ESPANHA

Cevisama 7-10 FEVEREIRO

►►

VALÊNCIA - ESPANHA

Concreta 15-19 FEVEREIRO

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Portugal - Porto

UzBuild 28 FEVEREIRO a 2 Março

►►

Uzbequistão - Tashkent

Kyivbuild TechnoStone 29 FEVEREIRO a 2 Março

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Coverings 17-20 ABRIL InterKamien 20-22 ABRIL Kitchen & Bath Industry Show 24-26 ABRIL

►►

E.U.A. - Las Vegas, Nevada

MAIO Piedra 8-11 MAIO

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Espanha - Madrid

Tektónica 8-12 MAIO

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Portugal - Lisboa

Carrara Marmotec 23-26 MAIO

Itália - Carrara

Stone Expo 24-27 MAIO

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Ucrânia - Odessa

Expo Madagascar 31 MAIO a 3 Junho

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Madagascar - Antananarivo

Revestir 6-9 Março

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Brasil - São Paulo

Egito - Cairo

China Xiamen Stone Fair 6-9 Março

►►

Japão - Tóquio

Interbuild Egypt 21-25 JUNHO Design Build 27-29 JUNHO

Austrália - Melbourne

European Stone Festival 29 JUNHO - 1 JULHO

►►

Noruega - Trondheim

Big Five Show 19-22 NOVEMBRO

►►

E.A.U. - Dubai

Mineralis 23-25 NOVEMBRO

►►

Alemanha - Berlim

Bauma China 27-30 NOVEMBRO

►►

China - Shanghai

DEZEMBRO Saudi Build 3-6 DEZEMBRO

►►

Arábia Saudita - Ryhad

Project Iraq 17-20 Setembro

Arábia Saudita - Ryhad

Iraque - Erbil ►►

Iraque - Bagdade

Marmomacc 26-29 Setembro

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Itália - Verona

Outubro

FinnBuild 9-12 Outubro

►►

Finlândia - Turku

Natural Stone 27-30 Outubro ►►

Turquia - Istambul ►►

Bienal da Pedra

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►►

Japan Home + Building Show 14-16 NOVEMBRO

Rebuild Iraq 16-19 Setembro

►►

Project Lebanon 5-8 JUNHO

Líbano - Beirute

Architecture + Construction Materials 6-9 Março

Grécia - Thessaloniki

JUNHO

MARÇO

►►

MarmimStone 16-19 Setembro

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12-14 Outubro

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China - Xiamen

CACHOEIRO STONE FAIR 28-31 AGOSTO

►►

►►

Ucrânia - Kiev

►►

AGOSTO

Kamien 10-12 NOVEMBRO

Portugal - Alpendorada, Marco de Canaveses

XI Jornadas Técnicas ANIET (Data e local a definir) Portugal

Saudi STONE 3-6 DEZEMBRO

►►


GLOBALSTONE CONGRESS2012

PORTUGAL // ALENTEJO [BORBA] 16 TO 20 JULY 2012

ESPERAMOS POR SI! SECRETARIADO TÉCNICO/ TECHNICAL SECRETARIAT Estrada Nacional nº 4 Km 158 | 7151-912 Borba, PORTUGAL T. +351 268 891 510 | F. +351 268 891 529 info@globalstone2012.com | www.globalstone2012.com

associação | cluster da pedra natural


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