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NÚMERO 1 PRIMEIRO TRIMESTRE 2013 FEIRAS & EVENTOS ENTREVISTAS EMPRESAS ARQUITETURA TECNOLOGIA DOCUMENTOS

Grupo Frazão Uma aposta de gerações

Entrevista

Reinaldo Dantas Sampaio Presidente da ABIROCHAS

XI Jornadas técnica da ANIET O maior evento nacional do setor da indústria extrativa.


WHAT WE ARE TODAY. TOMORROW, WE WANT MORE.

7 OWN QUARRIES TEN TYPES OF LIMESTONES PORTUGUESE MARBLES OFFICE AND FACTORY:

Rua dos Arneiros / Ataíja de Cima / 2460-712 Alcobaça / Portugal Tel.: (+351) 262 508 501 / (+351) 938 383 600 / Fax: (+351) 262 508 506 Email: geral@airemarmores.pt / www.airemarmores.pt | Skype: comercial.airemarmores


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ficha técnica

REVISTA DE RECURSOS MINERAIS E INDÚSTRIA EXTRATIVA PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL Nº 1 1º TRIMESTRE 2013 PROPRIEDADE C O M E D I L - Comunicação e Edição, Lda. NIPC - Nº 502 102 152 EDITORES: C O M E D I L - Comunicação e Edição, Lda. Empresa Jornalística Registada no Instituto de Comunicação Social nº 223679 ASSIMAGRA - Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins. www.assimagra.pt ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua das Enfermeiras da Grande Guerra, 14-A 1170 - 119 LISBOA - PORTUGAL Telef.: + 351 21 812 37 53 | Fax: + 351 21 814 19 00 E-mail: comedil@comedil.pt www.comedil.pt

EDITOR: NUNO HENRIQUES C.I.P. Nº 2414 DIRETOR: MIGUEL GOULÃO

A revista infoGEOE e a sua direção editorial poderão não concordar necessariamente com todas as opiniões expressas pelos autores dos artigos publicados ou por afirmações expressas em entrevistas, como não se responsabiliza por possíveis erros, omissões e inexatidões que possam eventualmente existir.

DIRETOR FINANCEIRO: DANIEL REBELO DIRETORA ADMINISTRATIVA: M. JOSÉ SOROMANHO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO: CARLA GOMES REDAÇÃO: PAULO COLAÇO DESIGN E PRODUÇÃO: SUSANA LOPES

DISTRIBUIÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL: Empresas Extractoras e Transformadoras do Sector da Pedra Natural, Fabricantes e Representantes de Máquinas e Equipamentos, Abrasivos, Ferramentas Diamantadas, Acessórios, Arquitetos, Construtores, Designers, Engenheiros, Geólogos, Empresas de Construção e Serviços, Entidades Oficiais, Entidades Bancárias, Universidades, Institutos e Feiras Sectoriais.

IMPRESSÃO: António Coelho Dias, S.A. Rua Marquesa Alorna, 12A 2620-271 Ramada PRODUÇÃO: COMEDIL - COMUNICAÇÃO E EDIÇÃO, Lda. ASSINATURA ANUAL: PORTUGAL: 32 Euros TIRAGEM: 5000 Ex.

DEP. LEGAL Nº 357031/13

PERIOCIDADE: Trimestral

INFOGEO É MEMBRO DAS ASSOCIAÇÕES JORNALÍSTICAS:

COLABORADORES A. Casal Moura Octávio Rabaçal Martins Visa Consultoras FrontWaves Intrum Jutitia Moore Stephens Sevalor Gostratégia CORRESPONDENTES: Brian Robert Gurteen - Alemanha Cid Chiodi Filho - Brasil Manuel Santos Guedes - Portugal Paulo Flório Giafarov - Brasil Sérgio Pimenta - Bélgica

Isenta do Registo da ERC ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99 de 9/6 Artigo 12 n.º 1-A

COM O APOIO DE:


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sumário

editorial 04

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Nuno Esteves Henriques

crónica do setor eventos

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Miguel Goulão

entrevista

06 Exposalão 08 Stone+tec 12 Marmommacc 20 Jornadas Tecnicas 2013 26 Lista de feiras

30

Presidente Abirochas

empresas 40 Grupo Frazão 48 ACE

38

52

arquitetura 50

62 documentos

Arquitetura Visconde

tecnologia 52 54

Poeiras, o novo Bi-fio Construal, a nova CR

54

56 62

Gestão por objetivos Perguntas & Respostas


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editorial

caros leitores, 2013!

Ano novo, crise antiga. O défice democrático, social e mesmo o humano que se abeirou do país supera o défice publico que apesar de ser matematicamente mais tangível, continua a envolto no abstracto e sua resolução longínqua. . A falta de estratégia e excesso de interesses dos consecutivos governos, levou-nos a um país cada vez mais desigual, onde o tão necessário consumo da classe média desparece com a própria classe. Sem consumo, não há economia. O país precisa de obra. Se a economia colocasse um anúncio, o mesmo seria: Obras precisam-se! Do outro lado da balança e impulsionados pela falta de clientes as empresas lançam-se para os mercados externos. Onde, apesar de lento, o caminho tem sido feito de várias conquistas – e algumas derrotas - como se as empresas seguissem as pisadas de D. Afonso de Albuquerque. Tenho observado o granjear de matéria prima ou implementação de unidades transformadoras e comerciais. Seja em Angola com a exportação e implementação de vários multfios novos, a serem instalados ainda este

É fundamental fornecer as condições para que os homens e mulheres deste sector continuem em transformar o árido em ouro. Pois estes, são os alquimistas da terra. ano. Ou, a instalação de uma fabrica de equipamentos na Venezuela. Todavia é no Brasil que se enumeram mais projetos. E para conhecer melhor o mercado brasileiro, fomos falar com Reinaldo Sampaio, presidente da Abirochas, que pelo seu trabalho, visão e senso; marcará a história, sem qualquer duvida, como um dos melhores presidentes da Abirochas. Os produtos geológicos obedecem a uma matriz. Se queremos vender o melhor produto, temos de adquirir o melhor recurso. Sabendo que os mesmos são finitos, devem sempre que possível ser acrescentados de valor. Nesta edição visitámos mais uma empresa, constatando que os valores familiares próprios do sector ornamental, conjugados com a inovação frutam na valorização na mais mediática das rochas ornamentais portuguesas. Sempre que gerimos recursos finitos é preciso uma estratégia e 2013 serve de partida para a Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos, aprovada na Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2012. Observaremos a sua execução no tempo e esperamos que a sua praticidade resulte em mais valias para a uma indústria que carece de medidas. É fundamental fornecer as condições para

que os homens e mulheres deste sector continuem em transformar o árido em ouro. Pois estes, são os alquimistas da terra. Uma palavra final aos nosso leitores e parceiros sobre a nova edição, que desejamos ser do vosso agrado. Como escrevi no último editorial da Rochas & Equipamentos, este é um projeto de continuidade e crescimento que resulta de uma colaboração entre a Comedil e a Assimagra. Um projeto de sacrifício pessoal, que só foi possível pelo suporte de ambas as partes e o apoio de vários parceiros que nunca deixaram de acreditar. É nossa determinação, de que a revista infoGEO seja um projeto do setor para o setor. Porque juntos, vamos mais longe. Boa leitura,

Nuno Esteves Henriques


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eventos

stone Feira Internacional da Pedra Natural em Portugal

A

ExpoSalão – Centro de Exposições promove de 11 a 14 de Abril um grande certame de dimensões internacionais virado para o sector da pedra natural. O objectivo da feira é a promoção e divulgação da rocha ornamental portuguesa junto dos mercados externos, valorizando-os com vista ao aumento das exportações nacionais. A grande variedade e abundância de recursos que caracterizam o sector das rochas ornamentais portuguesas, e a sua boa ligação à tecnologia de extração e transformação, são bons pontos de partida para a afirmação internacional, consideram os promotores da I STONE. “Tal facto, aliado à crescente procura por parte dos players deste mercado, impelenos no sentido de levar a cabo iniciativas que promovam o aumento da visibilidade das rochas ornamentais portugueses”, acrescentam os promotores. Uma das principais ações estratégicas de promoção da I STONE será uma forte campanha de angariação junto de 25 países, que incluem os “reconhecidos mercados” importadores das rochas ornamentais portuguesas como a China, França e Espanha. “Numa altura em que a palavra de ordem é exportar” – lembram os responsáveis da ExpoSalão – “a participação na STONE constitui uma excelente oportunidade para as empresas desta fileira entrarem em contacto com novos mercados e procurarem novos caminhos para o seu negócio”.

P>

Sendo a feira feita de dois em dois anos, como analisa o sector após a última edição?

Vamos apostar no Médio Oriente, em especial no mercado árabe.

R<

A crise económica instalou-se em Portugal e na Europa e a queda vertiginosa registada na construção civil arrastou para a falência muitas empresas, sobretudo as que trabalhavam apenas para o mercado interno. No entanto, as exportadoras estão numa posição menos negativa, apresentando até uma tendência de crescimento, embora ainda pequena. Apesar das dificuldades, o sector continua a ser muito importante para a nossa economia. O volume de negócios, segundo os dados mais recentes que possuo, referentes a 2010, foi de 187 milhões de euros. Nessa altura, dava emprego a 2570 pessoas, distribuídas por 518 empresas.

P>

Que alterações foram feitas para adaptar a feira a essas alterações?

R<

No contexto da minha resposta anterior, a STONE adaptou-se no sentido de acompanhar a tendência de internacionalização das empresas portuguesas e o seu esforço para aumentar as exportações. Aliás, como é reconhecido por especialistas, o sector tem um elevado potencial de crescimento nos mercados externos, sobretudo quando falamos de rochas ornamentais.

Mas, para isso, é preciso que as empresas criem parcerias e canais de comercialização e é precisamente para proporcionar contactos entre as nossas empresas e os importadores e empresários vindos do estrangeiro que acontece a STONE.

P> R<

O que podemos esperar da feira STONE para os próximos anos?

A STONE quer ser uma montra permanente da indústria de extração de rochas ornamentais em Portugal. Somos dos principais exportadores de pedra do Mundo e temos das melhores pedras do Mundo. Este sector é um importante factor de desenvolvimento regional, às vezes de regiões à beira da desertificação ou desfavorecidas, e de criação de emprego. A melhor forma de STONE contribuir para o desenvolvimento desta indústria, é proporcionar uma crescente proximidade aos mercados externos. Nesse sentido, vamos, por exemplo, apostar no Médio Oriente, em especial no mercado árabe, dado os indicadores de crescimento optimistas para a região.


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feiras

expor na Stone+tec

A Airemármores foi uma das várias empresas portuguesas a participar a última edição da Stone+tec

P>

Haverá atualmente uma feira verdadeiramente internacional? Pode uma feira garantir ser o Santo Graal, uma demonstração do mundo?

Se procura novos contatos e ligação em rede, a Stone+tec pode ser bem o lugar para expor.

R<

Provavelmente não: globalmente os mercados estão a modificar-se, as feiras são agora sobretudo regionais. A forma como usamos os nossos recursos de marketing tomou uma nova direção. De 29 de Maio a 1 de Junho de 2013 a XVIII Stone+tec realiza-se no Centro de Exposições de Nuremberga (Alemanha). Os interessados nas regiões ricas falantes da língua alemã –a Alemanha, a Áustria, a Suíça e seus vizinhos – devem considerar esta feira.

P>

Muitos pensam que a Stone+tec se tornou numa feira local! Isto significa que o expositor estrangeiro só se encontrará com companhias de língua alemã?

R<

Sim e não. A maioria das representações são de língua alemã, vindo da Alemanha, da Áustria e da Suíça. Contudo, 25 % dos visitantes são internacionais. O mundo modificou-se e quase todos

Willy Viethen, gestor de projeto da Stone+tec “Queremos atrair aquelas companhias que querem trabalhar pelo futuro da indústria!”

os países têm uma feira da pedra ou relacionada com a pedra, pelo que os visitantes diminuirão naturalmente, especialmente no clima financeiro atual. Por outro lado, as estatísticas claramente mostram que os mercados da Alemanha, Áustria e Suíça (e países vizinhos) estão a comprar cada vez mais produtos de pedra natural. No mercado atual acredito que a Stone+tec continuará a ter grande importância para o resto da Europa.

P>

Por que motivo devem as empresas estrangeiras expor na Stone+tec?

R<

Como sabe que há muitas exposições no mundo que exibem pedra e tecnologias da pedra. A Stone+tec voltou às suas raízes para ser o ponto de encontro deste sector. O nosso target são os países de expressão alemã e seus vizinhos diretos. O nosso objetivo de longo prazo é reunir a comunidade da pedra natural para trocar ideias e criar uma rede cooperativa. O mercado está a ficar cada vez mais difícil para que as pequenas empresas tenham sucesso sozinhas.


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de boas oportunidades apenas para as empresas alemãs?

R<

Isto necessita uma duas resposta: do ponto de vista do expositor há uma exigência mais forte da pedra “local”, que inclui o material de vizinhos de Alemanha. Em alguns segmentos da indústria há uma exigência da pedra exótica que vem de muitas partes do mundo.

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P>

A última Stone+tec atraiu aproximadamente 26 mil visitantes do sector, aproximadamente menos 8 mil que em 2009. Que número de visitantes para 2013 será um bom resultado em comparação com outras feiras de pedra naturais?

R<

Isto é uma tendência geral na indústria de exposição, o número de visitantes estão a reduzir. Eis as razões: em primeiro lugar, acabaram os tempos em que toda a empresa, incluindo os estagiários, se deslocava a uma feira! Em segundo lugar, o número de empresas ativas na indústria de pedra esteve em declínio. Contudo, a Stone+tec tem um grupo muito leal de visitantes. Aproximadamente um terço dos nossos visitantes nos visitou pelo menos três vezes. Esperamos um número semelhante de visitantes para 2013.

P> Marketing, Marketing e Marketing

P> R<

O que é que a feira oferece ao visitante estrangeiro?

Se um visitante estiver interessado em encontrar pessoas prósperas na indústria, conhecer novos materiais e a última tecnologia, então a Stone+tec merece bem uma visita.

P>

A Europa Oriental é certamente um mercado crescente para a Alemanha. Algumas empresas alemãs da indústria da pedra já singraram nesse mercado e estão relativamente prósperas. Algumas abriram subsidiárias. O contrário também é possível ou este é um rumo

O nosso objectivo deve reconciliar novas tecnologias e ideias para revolucionar os negócios. Repito-me: se procura novos contatos e ligação em rede, a Stone+tec pode ser bem o lugar para expor.

P>

“Mais pedras naturais locais” quer dizer que a feira promove o uso de materiais europeus?

R<

Estamos a trabalhar com as associações para promover a pedra natural europeia. O EUROROC está a coordenar atualmente uma exposição especial de materiais europeus com as associações da Alemanha, Áustria e Suíça.

Os expositores estrangeiros dizem que o preço para expor na feira é alto. Estão a pensar oferecer condições especiais aos pequenos expositores?

R<

Sim! Há áreas especialmente destinadas a empresas mais jovens, mas também temos um pacote de “tudo incluído” para pequenos expositores. Estão disponíveis dois tamanhos de stand: 9 m2 de área (1,404 euros) e18 m2 (2,808 euros), com diversos serviços associados, desde a energia, mobília, acesso wireless, limpeza, etc. Penso que satisfazemos as necessidades do expositor em cada feira. Os organizadores ofereceram muitos estímulos para atrair arquitetos à feira no passado. Esses esforços continuarão?

P>

R<

Usamos medidas extensas para atrair este grupo-alvo


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INFOGEO 4.º TRIMESTRE 2012 infoGEO

feiras

‘‘A indústria de pedra tem muito potencial mas precisa urgentemente de acordar!’’

aumentar, especialmente em comparação com a telha cerâmica, tanto em números reais como em percentagem. Por outro lado, o marketing de produtos de pedra natural na indústria de construção é ainda demasiado débil – os arquitetos e os construtores são inundados com informação de produtos alternativos. Quanto a isso, a Stone+tec nada pode fazer – a indústria de pedra tem de resolver essas questões diretamente. E nisso há três pontos importantes: Marketing, Marketing e Marketing. Qual foi a última vez que viu um anúncio ou artigo sobre pedra natural fora do sector? Por outro lado, quando foi a última vez que viu algo sobre uma janela, porta, pavimento de madeira, carpete...? A indústria de pedra tem muito potencial mas precisa urgentemente de acordar!

P> R<

Sr. Viethen, por que razão é a Stone+tec vital para a indústria?

Uma nova geração de empresários alemães procura parcerias para o seu negócio.

muito procurado. Este grupo ronda os 5% dos visitantes comerciais. Se a feira é baseada nas exigências da indústria da pedra natural, isto é um bom resultado. Continuamos a querer a presença de arquitetos, sobretudo aqueles com afinidade à pedra natural.

P>

Qual será o peso da representação asiática nesta edição?

R<

A Ásia continua a estar muito forte nesta feira. O número de interessados em visitar os seus stands demonstra que são uma presença apelativa na feira. Nesse âmbito, estamos a aumentar a nossa atenção à qualidade, tentando limitar

a venda de produtos baratos na feira.

P>

Há potencial para a pedra natural no mercado doméstico alemão e na sua indústria de construção?

R<

Grande potencial! Temos dados fiáveis que avaliam os mercados e que mostram que cidadãos de classe média na Alemanha, Áustria e Suíça têm fundos financeiros para investir nas suas casas. E têm uma exigência de qualidade alta. É muito importante oferecer um serviço atento e de boa qualidade. Por um lado, os números mostram que a procura da pedra está a

O maior desafio deste grande sector é redescobrirse e encontrar um novo caminho para o futuro. Onde mais podem os expositores, os visitantes, as associações, os jornais comerciais e os portais online encontrar um ambiente tão intenso, com troca de opiniões, ideias novas, criação de redes e de investigação para o futuro? Uma feira só é próspera quando o organizador e o expositor colaboram: ele não vem por si mesmo. Eu gostaria de usar esta oportunidade para saudar todos aqueles que se empenham em explicar ao consumidor a versatilidade e beleza da pedra natural. Este é um tempo difícil para o sector, há muita incerteza, por isso é importante mostrar a paixão de quem trabalha na pedra natural


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feiras

Marmomacc 2012 D

ecorreu no final do mês de Setembro mais uma edição da reputada feira do sector da pedra que anualmente se realiza em Verona (Itália). Representando inúmeros subsectores ligados à pedra natural, a Marmomacc reuniu como habitualmente profissionais de todo o mundo e empresas de excelência.

Assim, estiveram presentes a construção, as máquinasferramentas, a arquitetura, o design, os equipamentos de laboratório, as máquinas industriais e a maquinaria pesada.

56 mil operadores, compradores de quase 140 nações.


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‘‘Uma das iniciativas promovidas pela Assimagra na Marmomacc 2012 foi o encontro com empresários estrangeiros ’’

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‘‘Grande parte das empresas integrou a delegação da Assimagra.’’ Durante quatro dias, Verona foi a capital do sector pedra, tendo a feira dado destaque às excelente participações do Brasil, Egito, Marrocos, EUA, Arábia Saudita e Qatar. A 47ª edição contou com a participação de mais de 1.450 expositores, dos quais 60% estrangeiros, vindos de 57 países. 42 países levaram delegações comerciais oficiais e o certame contou com mais de 56 mil operadores, compradores de quase 140 nações, segundo números da organização. Muitas empresas portuguesas estiveram, como é hábito, representadas neste certame. Grande parte das mesmas integrou a delegação da Assimagra, iniciativa que ajuda a unificar a imagem de

Portugal no evento. Tal como é feito por diversos países competitivos, a Assimagra tem agregado um grupo cada vez maior de expositores numa área comum, dotada da mesma linguagem visual, o que cria um acentuado impacto para todos os envolvidos e ajuda a destacar a importância de Portugal como país produtor e exportador. A novidade das iniciativas promovidas pela Assimagra na Marmomacc 2012 foi o encontro com empresários estrangeiros, trazidos pela organização da Feira, que puderam assistir a um vídeo sobre empresas portuguesas.


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A representação portuguesa cresce ano após ano. É mais uma edição da Marmomacc.


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XI jornadas tĂŠcnicas da ANIET


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O

dia 14 de Novembro marcou o sector mineral pela realização de mais uma edição das Jornadas Técnicas da ANIET, a décima primeira que esta associação patronal organiza bienalmente. A ANIET, instituição sem fins lucrativos e de utilidade pública, foi constituída em 1975 para representar o sector das pedreiras de rocha industrial e ornamental quer na sua vertente extractiva quer transformadora. Estrutura com âmbito nacional,

viradas para o sector. As Jornadas Técnicas fazem, assim, parte das atividades desta Associação, firmemente apostada em promover a partilha do conhecimento. Por muitos considerado o evento de maior dimensão nacional no âmbito do sector da indústria extrativa, estas Jornadas conseguem reunir participantes que ultrapassam as duas centenas, bem como cerca de 20 expositores, mobilizando durante um dia os principais decisores, entidades

‘‘O setor extrativo representa 2,3% das exportações portuguesas.‘‘ abrange empresas, singulares ou colectivas, que exerçam a atividade de extração e/ou transformação, produção e comercialização de massas minerais e de depósitos minerais, bem como de equipamentos, produtos e serviços afins, direta ou indiretamente relacionadas com a atividade do Sector. A ANIET tem vindo a realizar diversas ações de formação, especificamente

políticas e empresariais ligados à indústria extrativa e transformadora de rochas ornamentais, rochas industriais e de minérios metálicos.

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O palco deste incontornável evento foi o auditório do LNEG – Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, situado em Alfragide, concelho de Amadora. Coube a Maria Teresa Ponce de Leão, presidente do Conselho Diretivo da instituição, dar as boasvindas em nome do LNEG, tendo formulado os melhores votos de bons trabalhos e que do evento saíssem ideias construtivas para um sector fundamental no nosso país.


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feiras Em representação da ANIET, a intervenção de abertura, em jeito de análise do sector, pertenceu a António Corrêa de Sá, presidente da Assembleia Geral desta associação patronal. Nas suas palavras, as Jornadas Técnicas têm sido os eventos mais emblemáticos da ANIET, perdurando há já duas décadas, configurando “uma oportunidade única para, em conjunto serem atualizadas informações, debatidas ideias, fortalecidos contatos”, contribuindo isso para a evolução da atividade empresarial dos associados. “Portugal é um país rico em quantidade e diversidade de recursos minerais. Apresenta características

geológicas que fazem da indústria extrativa um sector fortemente exportador com um grande impacto económico na balança comercial, principalmente devido à relevância das exportações de rochas ornamentais e de minérios. Globalmente, o sector exporta mil milhões de euros o que representa 2,3% das exportações”, afirmou Corrêa de Sá. Concluindo que o sector mineiro é o principal responsável por este valor com vendas no mercado externo que atingiram, em 2010, cerca de 735 milhões de euros, o presidente da Assembleia Geral da ANIET congratulou-se com o reconhecimento público que o poder político fez, recentemente, dos recursos geológicos como geradores de riqueza para o

país. “A Resolução do Conselho de Ministros que deu origem à publicação, em setembro, de uma Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos, vem dar um novo fôlego ao sector extrativo e à economia”, declarou António Corrêa de Sá, com notória expectativa.

‘‘O setor ornamental exporta 70% da produção.”


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‘‘Nos agregados as vendas diminuiram cerca de 20% - devido a uma desaceleração acentuada em obras públicas e privadas.’’ A mencionada resolução refere que a sociedade contemporânea necessita amplamente da indústria extrativa, que fornece matérias -primas essenciais às indústrias transformadoras e de construção. Para já este documento estratégico incide apenas nos minérios metálicos, segundo do dirigente da ANIET, mas deixa também a promessa de ser o referencial para todas as intervenções públicas que incidam sobre os recursos geológicos. Aludindo ao sector das rochas ornamentais, Corrêa de Sá entende que o mesmo está a viver um bom momento: “exporta 70% da produção para um total de 126 países e as vendas extra comunitárias estão a ganhar cada vez mais terreno – são já 44% da quota de mercado. Em 2011 as exportações de rochas ornamentais representaram mais de 300 milhões de euros na Balança Comercial (301.854.580 milhões de euros) e aumentaram 1,74% face a 2010. Esta evolução positiva continua a registarse no ano em curso”. No tocante às rochas industriais, a fase é mais difícil. A clareza das palavras não deixou dúvidas aos muitos presentes: “a produção de agregados diminuiu 45% entre 2008 e 2012: passou de 70 milhões de toneladas para 40 milhões. Desde 2010 que as vendas têm vindo a diminuir consideravelmente - cerca de 20% - devido a uma desaceleração acentuada em obras públicas e privadas e a uma queda significativa na construção civil”. António Corrêa de Sá não terminou a sua intervenção sem antes afirmar que faz falta em Portugal uma estratégia global para as rochas industriais. Mantendo a mesma linha de análise ao sector, sobretudo no âmbito do trabalho da ANIET, a sua diretora-

geral, Francelina Pinto, falou dos principais objetivos da associação, do envolvimento com outras associações e da integração no cluster da pedra natural. Referindo-se ao envolvimento internacional da ANIET, Francelina Pinto salientou a coordenação em Portugal do Dia Europeu dos Recursos Minerais, cujo tema foi “Uma extração sustentável para uma Europa próspera”, com o reconhecido objetivo de aumentar a visibilidade da indústria extrativa junto do público. Oradores das mais variadas áreas passaram pelas Jornadas Técnicas. Entre estas, destacamos a intervenção de Carlos Caxaria, subdiretor geral da Direção Geral de Energia e Geologia, que fez uma detalhada exposição sobre a Estratégia Nacional para os Recursos Minerais. Considerada muito instrutiva foi também a comunicação de César

Luaces Frade, diretor-geral da Federação dos Áridos (Espanha), que abordou o plano estratégico para o sector dos agregados implementado no país vizinho. Salientamos igualmente a presença de Jorge Mira Amaral, presidente do Concelho de Administração do CEVALOR, que moderou a sessão da tarde, muito dedicada às tecnologias e aos projetos-âncorado cluster do sector da pedra natural.


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lista de feiras

1 Domotex / Chinafloor INÍCIO 12-01-2013 FIM 15-01-2013 CIDADE Xangai PAÍS China http://www.domotexasiachinafloor.com/

2 Bau

INÍCIO 14-01-2013 FIM 19-01-2013 CIDADE Munique PAÍS Alemanha http://www.bau-muenchen.com/

3 StoneExpoUkraine

INÍCIO 26-05-2013 FIM 29-05-2013 CIDADE Odessa PAÍS Ucrânia

http://www.internationaltileandstoneshow.com

4 StoneExpo

INÍCIO 28-01-2013 FIM 31-01-2013 CIDADE Los Angels PAÍS E.U.A.

http://www.stonexpo.com/

5 Budma

INÍCIO 29-01-2013 FIM 01-02-2013 CIDADE Wroclaw PAÍS Polónia

7 India Stonemart

INÍCIO 31-01-2013 FIM 03-02-2013 CIDADE Tamilnadu PAÍS Índia

http://www.stonemart-india.com/

INÍCIO 05-03-2013 FIM 08-03-2013 CIDADE São Paulo PAÍS Brasil http://www.milanezmilaneze.com.br

8 Cevisama

INÍCIO 05-02-2013 FIM 08-02-2013 CIDADE Valência PAÍS Espanha

http://cevisama.feriavalencia.com/

14 Xiamen Stone Fair

INÍCIO 06-03-2013 FIM 09-03-2013 CIDADE Xiamen PAÍS China http://stonefair.org.cn

9 BuilMat

INÍCIO 07-02-2013 FIM 10-02-2013 CIDADE Tamilnadu PAÍS India http://www.buildmat.in/

15 Vitória Stone Fair

INÍCIO 26-02-2013 FIM 01-03-2013 CIDADE Vitoria | Espirito Santo PAÍS Brasil http://www.exporevestir.com.br/

10 Kyibuild |TechnoStone

INÍCIO 20-02-2013 FIM 22-02-2013 CIDADE Kiev PAÍS Ucrânia

http://www.kievbuild.com.ua/

16 Worldbex

INÍCIO 13-03-2013 FIM 17-03-2013 CIDADE Manila PAÍS Filipinas http://www.worldbex.com/

11 UzBuild

INÍCIO 26-02-2013 FIM 01-03-2013 CIDADE Tashkent PAÍS Uzbequistão http://www.ite-uzbekistan.uz/vis/uzbuild/ eng/index.php

17 International Tile and Stone Show

INÍCIO 26-03-2013 FIM 29-03-2013 CIDADE Rio de Janeiro PAÍS Brasil

http://www.internationaltileandstoneshow.com

http://www.budma.pl/

6 Surfaces

13 Revestir

12 Architecture + Construction Materials

18 Marble

INÍCIO 29-01-2013 FIM 31-01-2013 CIDADE Orlando PAÍS E.U.A.

INÍCIO 05-03-2013 FIM 08-03-2013 CIDADE Tóquio PAÍS Japão

INÍCIO 27-03-2013 FIM 30-03-2013 CIDADE Izmir PAÍS Turquia

http://www.surfacesexpo.com/

http://www.shopbiz.jp/

http://www.izmirfair.com/


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30 Interbuild

19 Interkamién

25 Stone (A Pedra)

INÍCIO 05-04-2013 FIM 07-04-2013 CIDADE Kielce PAÍS Polónia

http://www.interkamien.com.pl/

INÍCIO 16-05-2013 FIM 19-05-2013 CIDADE Batalha PAÍS Portugal

http://www.exposalao.pt

20 MosBuild

INÍCIO 16-04-2013 FIM 19-04-2013 CIDADE Moscovo PAÍS Russia

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26 AstanaBuild

http://www.mosbuild.com/

INÍCIO 22-05-2013 FIM 24-05-2013 CIDADE Astana PAÍS Kazaquistão

INÍCIO 20-06-2013 FIM 24-06-2013 CIDADE Cairo PAÍS Egito http://www.interbuildegypt.com/

31 European Stone Festival

INÍCIO 21-06-2013 FIM 23-06-2013 CIDADE Trondheim PAÍS Noruega

http://www.stein-festival.de/en/1_ information/1.php

http://www.bau-muenchen.com/

21 Coverings

INÍCIO 29-04-2013 FIM 02-05-2013 CIDADE Las Vegas PAÍS E.U.A.

http://www.coverings.com

26 Expo Madagascar

INÍCIO 23-05-2013 FIM 26-05-2013 CIDADE Antananarivo PAÍS Madagascar

32 Expostone

INÍCIO 25-06-2013 FIM 28-06-2013 CIDADE Moscovo PAÍS Rússia

http://www.expohome.com.ua

http://www.expogr.com/madagascar/

22 The Natural Stone Show

27 Stone+tec

33 Qindao Stone Exhibition

INÍCIO 30-04-2013 FIM 02-05-2013 CIDADE Londres PAÍS Reino Unido

INÍCIO 29-05-2013 FIM 01-06-2013 CIDADE Nuremberga PAÍS Alemanha

INÍCIO 16-07-2013 FIM 19-07-2013 CIDADE Qingdao PAÍS China

http://www.stoneshow.co.uk

http://www.stone-tec.com/

http://www.stonefairchina.com/

23 Tektónica

28 Stonexpo Afyon

34 Cachoeiro Stone Fair

INÍCIO 07-05-2013 FIM 11-05-2013 CIDADE Lisboa PAÍS Portugal

INÍCIO 13-06-2013 FIM 16-06-2013 CIDADE Afyonkarahisar PAÍS Turquia

INÍCIO 20-08-2013 FIM 23-08-2013 CIDADE Cachoeiro de Itapemirim PAÍS Brasil

http://www.fil.pt

http://www.stonexpoafyon.com/index.php/en/

http://www.feiradomarmore.com.br/

24 Design Build

29 Tianjin Stone Expo

35 KazBuild

INÍCIO 08-05-2013 FIM 10-05-2013 CIDADE Melbourne PAÍS Austrália

INÍCIO 18-06-2013 FIM 21-06-2013 CIDADE Tianjin PAÍS China

INÍCIO 03-09-2013 FIM 06-09-2013 CIDADE Almaty PAÍS Cazaquistão

http://www.designbuildexpo.com.au/

http://www.stonecbd.net/en/

http://www.kazbuild.kz/en


28 28

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agenda 36 BalticBuild

INÍCIO 11-09-2013 FIM 13-09-2013 CIDADE São Petersburgo PAÍS Rússia http://balticbuild.primexpo.ru/en/

37 Building& Construction

INÍCIO 11-09-2013 FIM 14-09-2013 CIDADE Jacarta PAÍS Indonésia

http://www.pamerindo.com http://www. pamerindo.com

38 Marmomacc

INÍCIO 25-09-2013 FIM 28-09-2013 CIDADE Verona PAÍS Itália

http://www.marmomacc.it/

39 Concreta

INÍCIO 23-10-2013 FIM 26-10-2013 CIDADE Porto PAÍS Portugal http://www.concreta.exponor.pt/

40 Japan Home +Building Show

INÍCIO 23-10-2013 FIM 25-10-2013 CIDADE Tóquio PAÍS Japão

http://www.jma.or.jp/jhbs/en/index.html

41 Yapex Building Exhbition

42 Batimat

INÍCIO 04-11-2013 FIM 08-11-2013 CIDADE Paris PAÍS França http://www.batimat.com

43 Saudi Stone

INÍCIO 04-11-2013 FIM 07-11-2013 CIDADE Ryhad PAÍS Arábia Saudita http://www.recexpo.com/

44 Kamien

46 The Big Five Show

INÍCIO 25-11-2013 FIM 28-11-2013 CIDADE Dubai PAÍS E.A.U. http://www.thebig5.ae

47 Bauma China

INÍCIO 27-11-2013 FIM 30-11-2013 CIDADE Shanghai PAÍS China http://www.bauma-china.com

48 Stona - International Granite & Stone Fair

INÍCIO 06-11-2013 FIM 09-11-2013 CIDADE Poznań PAÍS Polónia

INÍCIO 12-02-2014 FIM 15-02-2014 CIDADE Bangalore PAÍS Índia

http://kamien-stone.mtp.pl/en/

http://www.stonaaigsa.com

45 Funéraire

49 Bauma China

INÍCIO 31-10-2013 FIM 03-11-2013 CIDADE Antália PAÍS Turquia

INÍCIO 21-11-2013 FIM 23-11-2013 CIDADE Paris PAÍS França

INÍCIO 01-10-2014 FIM 03-10-2014 CIDADE Turku PAÍS Finlândia

http://www.yapexbuild.com/

http://www.salon-funeraire.com/

http://web.finnexpo.fi/


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entrevista Reinaldo Dantas Sampaio, presidente da ABIROCHAS

”Made in Brasil”

Uma marca para expandir O Brasil é hoje um dos mercados mundiais mais apetecíveis, cheio de oportunidades, mas também de desafios. Para a rocha ornamental portuguesa e tecnologias associadas o caminho não tem sido fácil. Para vencer é preciso olhar ao que nos une e percorrer o caminho lado a lado.

D

urante o Globalstone 2012 o homem que lidera o setor da Rocha Ornamental no Brasil esclarece como este se irá posicionar para os desafios do setor Ornamental no Sec. XXI

P>

Senhor Presidente, o Brasil tem sofrido muitas mudanças ao longo dos últimos anos. Como analisa a evolução do Brasil e do sector da rocha ornamental desde que tomou posse?

R<

Presidente da ABIROCHAS – O sector tem acompanhado, até certo ponto, o desenvolvimento do país. Entretanto, isso não significou uma mudança da posição relativa do sector ocupando as áreas de


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revestimento do avanço da construção civil do país e é esse o objectivo que nós estamos tentando alcançar: alterar a posição relativa do sector de rochas na arquitectura brasileira.

P>

Até que ponto, o estudo sobre as rochas ornamentais no século XXI e o estudo de competitividade do sector das rochas ornamentais no Brasil, têm ajudado o sector?

R<

O estudo sobre as rochas ornamentais no século XXI foi um marco importante pois apontou na interlocução com o Governo Federal que tinha um programa de estímulo às exportações e esse estudo permitiu, primeiro, um diagnóstico que até então o sector não tinha e, em seguida, projecções ao nível do crescimento que o sector poderia alcançar. Inclusivamente, ao termo desse estudo, pareceu ser efectivo em relação às expectativas sobre o mesmo e ele foi fundamental para que nós pudéssemos, demonstrando o potencial de crescimento do sector, construir parcerias e mecanismos de estímulos às exportações e num tempo muito menor nós alcançámos o estádio previsto para um ciclo posterior. Por exemplo, esperávamos alcançar em 10 anos a escala de um bilião de dólares de exportações, com 6 anos nós já estávamos a exportar um bilião de dólares, sendo que 75% eram produtos beneficiados, que era exactamente uma relação inversa relativamente ao rígido programa. Portanto, foi extremamente importante. Com o estudo de competitividade que se está a iniciar, esperamos fazer um novo salto com foco fundamentalmente na competitividade do sector. Agora nós vamos trabalhar de maneira mais profunda, numa construção que eu estou denominando como “diálogos estratégicos”, os mecanismos em

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que nós podemos interferir no sector, do ponto de vista da inovação, da capacitação, laboral e empresarial, novas estratégias de mercado também com foco no mercado interno. O estudo sobre rochas ornamentais no século XXI tinha uma estratégia muito focada na internacionalização. Nós não vamos negligenciar esse campo, mas 70% do que o Brasil produz de rochas ornamentais se destina ao mercado interno, então é preciso uma estratégia de crescimento para esse mercado com todas as construções nesse diálogo com os arquitectos, com os construtores, com as autoridades, de maneira a que nós possamos fortalecer no âmbito dos municípios e estados produtores uma identidade na arquitectura desses espaços territoriais, com as rochas desses territórios. Isso cria e fortalece os laços com a comunidade, com uma riqueza que é local, permitindo que haja uma expansão do uso na arquitectura brasileira e que isso repercuta no aumento da competitividade brasileira mundialmente.

clara satisfação dos brasileiros em comprar coisas produzidas nacionalmente. No aspecto dos arquitectos e construtores, vejo que nós – e aí responsabilizo o sector – não tivemos uma estratégia anterior de levar para a academia um processo de transmissão de conhecimento, difusão da cultura da pedra no alto da academia (nas universidades), e este processo que nós estamos iniciando agora faz parte da estratégia. Começámos a construir um diálogo com os académicos, estudantes de arquitectura, de engenharia, dos vários tipos de cursos de engenharia, que se podem direccionar no mesmo sentido, por exemplo na pesquisa de produtos químicos, resinas, máquinas, etc., para que, ainda no âmbito académico, os futuros arquitectos e engenheiros acumulem um conhecimento da rocha e portanto se tornem, depois de formados, edificadores e difusores do uso deste método. Estamos convencidos de que este caminho é fundamental.

P>

P>

R<

R<

Visto que o mercado interno é tão importante, o arquitecto brasileiro, ou o consumidor brasileiro, é sensível à marca “made in Brasil”?

O Brasil tem passado por uma lenta transformação nesse sentido. Por questões históricas, a nossa forma de processar a industrialização de um país de origem primária exportadora, tem uns aspectos muito específicos, logo o Brasil foi muito receptivo ao que não era brasileiro. Mas isto tem mudado nos últimos anos. Eu acho que a sociedade brasileira vem consolidando um sentimento de um fortalecimento da auto-estima nacional e de que nós somos capazes de fazer coisas bem-feitas e de avançar no plano do conhecimento, da inovação, entre outros. Eu sinto que há, hoje, uma

Esta evolução é muito apoiada no crescimento económico, como é óbvio. O Brasil não vive uma bolha?

Não. O sentimento é que não. Primeiro, porque entre os países em desenvolvimento o Brasil é o que tem ainda a menor taxa de financiamento em relação ao PIB, algo em torno de 40%. Tomando as referências da maioria das nações desenvolvidas e em desenvolvimento, os níveis de endividamento das famílias e das empresas é muito superior. No campo especificamente imobiliário, o risco é algo em torno de 8% do PIB. O sentimento que temos é de que ainda temos um longo caminho a percorrer e diria mesmo que hoje a preocupação é com a criação de novos mecanismos


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entrevista de financiamento para suportar os avanços da construção civil. Porque os mecanismos tradicionais estão num nível de ocupação muito elevada, mas acho que o mercado brasileiro ainda tem um espaço muito grande para crescer. Agora, a visão que tenho é que o Brasil tem privilegiado o crescimento com uma expansão do consumo e eu estou convencido de que nós estamos nos limites desse processo de expansão através do consumo. Precisamos agora de aumentar de maneira expressiva a taxa de crescimento em relação ao PIB que ainda é muito baixa por várias razões. O Estado brasileiro fez opções há 20 ou 30 anos atrás em que perdeu a capacidade de construir e fazer poupança pública positiva e de investir. A iniciativa privada é que investe praticamente em 90% da formação bruta do capital do país. Mas eu acho também que, neste momento, a iniciativa privada e o capital privado têm uma capacidade de investir na infra-estrutura nacional, uma disposição manifesta de investir na estrutura, que pode trazer repercussões muito positivas

de um crescimento sustentável. Logo, a expansão do consumo se dará por força da expansão do investimento. Acho que o Brasil (Governo, empresários, trabalhadores) está, até pela crise mundial que de certa forma é uma ameaça, conseguindo perceber que este é um momento extraordinário de possibilidade para construirmos o que eu, particularmente, chamo de “pacto de desenvolvimento nacional”.

P>

Relativamente a esse consumo os números das importações brasileiras das rochas ornamentais revelam que o mármore em chapa representa 57% do volume físico de compras globais e 19% das compras em bloco. Quais são os países a que o Brasil efectuou estas compras de mármore? Porque é que esses são seleccionados em vez do mármore português que é um mármore que tem características únicas?

R<

O Brasil tem – não sei exactamente por que razões – importado mármore da Espanha e da Itália. Depois surgiu a Turquia como

país importante nas importações do mármore e o Irão também. Eu penso que, no caso especificamente de Portugal, o produtor do mármore português talvez precise de construir uma estratégia de aproximação do mercado brasileiro e aproveitar as inúmeras oportunidades que existem no Brasil, assim como, as afinidades da nossa história comum e o mercado que está em franco crescimento. Acho que é uma oportunidade. Eu não saberia dizer por que não tem essa demanda activa, mas acho que há enorme facilidade em construí-la.

P>

Continuando com o mercado interno e a sua importância, quais são os principais concorrentes da rocha ornamental no mercado brasileiro?

R<

A Cerâmica. Por uma questão de princípio e formação empresarial, fui educado para o seguinte: se estou convencido que tenho forças e potencialidades e elas não se evidenciam na prática, do ponto de vista empresarial só há um responsável por isso: sou eu.


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entrevista ‘‘A iniciativa privada é que investe praticamente em 90% da formação‘‘. A Cerâmica tem uma presença muito forte porque nós não conseguimos potencializar as nossas forças para nos afirmarmos no mercado interno construindo um diálogo que alcance esse imaginário do consumidor em relação à pedra natural. Então, no caso do Brasil, a Cerâmica geralmente é produzida em estruturas empresariais de grande porte e essas empresas têm capacidade de fazer um marketing permanente nos diversos veículos de media. Pagam a arquitectos e designers para dar testemunho da beleza, praticidade e durabilidade das cerâmicas, inclusivamente comparando com a rocha natural e dizerem que é melhor que a rocha natural. Fico observando como é que podemos mostrar do ponto de vista de marketing que algo é errado, porque este é o original e natural, este é que tem nobreza, beleza e que é indicado. E não o contrário. Esperamos, também, neste novo projecto de estudo de competitividade, vir a construir nesses diálogos os entendimentos que possam despertar no sector produtivo a oferta daquilo que são as condições para que o mercado expanda o uso das rochas naturais. Então, é a Cerâmica que realmente tem um grande peso no mercado nacional. Como valorizam os empresários do sector a empresa em feiras internacionais e quais são consideradas, neste momento, indispensáveis para o Brasil?

P>

R<

Essa abertura para o mercado internacional foi sendo

crescente e se observarmos a história económica brasileira, o Brasil é um país que se manteve fechado ao comércio mundial, a esse conceito de globalização e internacionalização. A empresa brasileira era muito protegida internamente, ou seja, ela satisfazia-se com o seu mercado interno, havia muitas barreiras para a entrada de produtos estrangeiros e só as empresas de maior porte é que tinham um histórico de internacionalização. Eram raras as empresas pequenas e de médio porte que usassem o mercado internacional. Portanto, no nosso segmento, que é caracteristicamente de pequenas e médias empresas, a nossa internacionalização sobressai quando comparada com outros sectores empresariais de porte equivalente que não têm nem de longe a presença internacional do sector das rochas ornamentais. Então, o empresário está crescentemente percebendo o espaço de oportunidades que tem no mercado internacional. No último ciclo de planeamento de presença internacional que a ABIROCHAS discutiu, chegou-se à conclusão que no momento havia quatro feiras que eram indispensáveis: uma no Brasil, a de Vitória, que é considerada por nós também como internacional; a Coverings; a feira de Xiamen e a Marmomacc, em Verona. Foram estas as privilegiadas, mas agora nessas discussões mais recentes começámos também a pensar em feiras de design e feiras voltadas sectorialmente, não só para as de construção. Começámos agora a mapear que feiras seriam interessantes para que as rochas brasileiras tenham presença.

P>

Em que medida a ABIROCHAS apoia as empresas nestes eventos?

R<

A entidade que construiu mecanismos e iniciativas para internacionalização organizada do sector das rochas. Até ao final da década de 90, que foi quando começámos a fazer a internacionalização, poucas empresas brasileiras se apresentavam internacionalmente, o comércio internacional do nosso sector era muito mais no segmento de compra. Os nossos clientes chegavam e compravam os nossos produtos no Brasil, transportando para a Europa. A partir da organização do sector numa entidade nacional e também com o advento da APEX, que é a agência para exportações, nós então empreendemos um processo organizado de presença nas feiras, garantindo espaços das principais feiras internacionais. Fazemos isso com a antecedência devida, com planeamento, organizando a presença brasileira nesses espaços e acho que fizemos isso muito bem ao ponto de, quando iniciámos o ciclo em 1999, o Brasil exportava cerca de 270 milhões de dólares. 80% era bloco. Seis anos depois, na sequência desses eventos, o Brasil já exportava 1 bilião de dólares e 70% eram chapas cerradas e polidas. O mérito da ABIROCHAS foi ser o ente organizador desse processo, porque acho que o mérito desse grande salto eu diria que foi a ousadia do empresário brasileiro. E digo isto com muita segurança, porque o Brasil não tem instrumentos adequados de investimento e financiamento a pequenas e médias empresas. Acredito que em muitos países as pequenas e médias empresas tenham dificuldades de acesso a crédito por uma série de factores, mas no Brasil isso deve-se a uma taxa muito alta. Ainda há poucos anos atrás


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entrevista estivemos no topo das taxas mais elevadas do Mundo e isto tornava a competitividade das empresas de pequeno e médio porte numa ameaça permanente. Temos um sistema tributário de extrema complexidade, intensamente burocrático, que é outro factor que perturba a vida das empresas que gastam muito tempo e energia administrando burocracias que podiam perfeitamente ser simplificadas. O sector de rochas de base mineral tem ainda uma vivência muito difícil com as entidades ambientais que não têm também noção do impacto que uma exploração mineira de pequeno porte tem. Às vezes toma a mineração como um todo, com normas disciplinares muito difíceis, ligadas principalmente à saúde, à segurança do trabalhador, dando preferências às minas de grande portes. Então, com estes desafios das pequenas e médias empresas, ainda assim se conseguirem lançar no mercado internacional e conquistarem um patamar de exportação como ao que chegámos, penso que foi um heroísmo e uma coragem extraordinários. Nós, agora, compreendemos que é preciso dar um grande salto e é esse o papel da nossa entidade: compreender os sinais de mudança e reorganizar o sector para um novo salto de competitividade.

P>

No Brasil atual, quais são as principais dificuldades das empresas exportadoras brasileiras?

R<

Até ao final do primeiro semestre, um longo ciclo de valorização cambial, que exactamente marcou o nosso e outros sectores no Brasil tendo começado em 2006, o ano que em atingimos 1 bilião de dólares. De 2006 até 2011 continuamos exportando 1 bilião de dólares, mas parámos de crescer. Considerando

“O nosso papel é reorganizar o setor para um novo salto de competitividade.”

o impacto que o câmbio teve na indústria brasileira, especialmente na de pequeno porte, diria que 1 bilião de dólares foi um feito extraordinário. Mas se tivéssemos contado com o câmbio, mesmo que flutuante, mas administrado, ligeiramente depreciado, que aliás em todas as nações que lograram o peso desses desafios da internacionalização e da competitividade, sempre trabalham no tripé que é indiscutível: taxas de juro moderadas, poupança interna e taxa flutuante mas administrável. O Brasil de certa forma, neste particular, cometeu graves erros, tivemos taxas extremamente elevadas nos últimos trinta anos, renunciámos à poupança interna com a ilusão das ideias neoliberais com relação a promover o desenvolvimento nacional com base na poupança externa e o

Brasil recebeu centenas de biliões de dólares ao longo destes anos e temos a menor taxa do PIB de investimento em relação aos países em desenvolvimento. É a evidência que em vez de ficarmos gastando, fazendo conjecturas, ou apostas de desenvolvimento que eu costumo chamar de hipotéticodedutivas, eu preferia que se fizessem apostas histórico-dedutivas. Como é que as nações que conseguiram fizeram? Esse é o caminho que nós temos de fazer. Então, a questão dos juros e do câmbio, o Governo tem agora manifestado a atenção de corrigir estes dois problemas centrais: a taxa de câmbio e a taxa de juro, que são determinantes para a competitividade brasileira da Economia. Principalmente porque é uma Economia que ainda tem muitas carências do ponto de


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entrevista vista da logística, da captação, de processos inovadores empresariais, então não podemos negligenciar nesses factores económicos. Acredito que agora começa um novo ciclo.

P>

Acredita em acordos bilaterais que beneficiam o sector na importação brasileira?

R<

Não, só com o MercoSul, mas nesse segmento não tem relevância nenhuma.

P> R<

Ia pedir, visto que está a participar no GlobalStone, qual seria a sua opinião sobre o evento? Muito bem, ainda hoje comentámos sobre isso.

Percebemos aqui um esforço organizativo extraordinário, reflectido na pluralidade de países que aqui apresentaram trabalhos científicos sobre o sector. Particularmente, sinto-me envaidecido por ter muitos trabalhos brasileiros também neste evento. E diria mais, que isso por si só já daria a grandiosidade do GlobalStone, mas acho que foi coroado pela capacidade de consolidar um estado de prestígio, de fazer a abertura do evento com a presença do Primeiro-Ministro. Isso dá não só a ideia da importância do sector perante a sociedade e o Governo português, mas é também demonstrativo da capacidade organizativa e de liderança do GlobalStone.

a destacar

“N

o caso especificamente de Portugal, o produtor

do mármore português talvez precise de construir uma estratégia de aproximação do mercado brasileiro e aproveitar as oportunidades inúmeras que tem na relação com o Brasil


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empresas

Grupo Frazão, Uma aposta de Gerações Francisco do Rosário Frazão deu inicio à dinastia Frazão. Que hoje, através dos seus filhos marcam o panorama nacional da rocha ornamental. Cinco irmãos, cinco peças de uma máquina que leva a pedra portuguesa a todo o mundo.

D

Dotados de características únicas dentro do setor, ficaremos a saber como a tradição se conjuga com a inovação.


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António Alberto Frazão é o responsável pela extração.

P> R<

Qual a origem do Grupo Frazão?

A empresa foi iniciada em 1964 com o meu pai que, infelizmente, já faleceu mas que nos deu as dicas e tutorias para acompanharmos com ele, desde pequenos, o negócio da pedra. É evidente que ele era a pessoa principal, foi-o sempre, porque era um profundo conhecedor da área de pedreiras e de calcário da nossa região. Por isso, manteve-se à frente sempre, connosco a acompanhá-lo nas empresas. Nós, os filhos, incutimos uma nova estratégia acompanhada por ele e liderada por nós. Foi o caso da fábrica Frazão Rochas, em que seguramente ele não apostaria, pois não podia acompanhar tudo sozinho. Esse papel foi diversificado pelos filhos no que diz respeito depois à extração de blocos nas pedreiras. Quisemos, de alguma forma, contornar o negócio da pedra, iniciando na extração, passando para a transformação em ladrilhos e em tudo isto que se foi conseguindo modificar.

Criámos também uma nova estrutura, que foi a parte dos inertes, para consumo das sobras dos blocos. Todos os anos fomos crescendo, adaptámonos às novas realidades, munindonos dos melhores meios humanos e tecnológicos para darmos sentido a um grupo de empresas sólido que se mantém, felizmente, a trabalhar com raízes bem alicerçadas apesar da conjuntura atual. Penso que é esta a razão da nossa existência e da nossa união, pois todos nós, desde pequenos, vivemos esta empresa e queremos continuar. Ou seja, não fomos herdar há um ano e meio algo que existia fabricado pelo meu pai, mas sim um conjunto de valores que ele tinha e em que nós também fizemos a nossa parte para termos hoje o grupo de empresas a trabalhar.

P>

Qual o nível de produção das pedreiras e sua extração média mensal?

R<

Temos cerca de 43% no mercado nacional e em termos

de exportação 57%. Isto corresponde a um valor superior de 500m3 por mês de blocos e ainda a milhares de metros cúbicos em inertes para a transformação em cal. A transformação em cal constitui um factor importante, pois representa entre 30% a 40% do comércio global. Não são inertes no sentido de utilização em estradas, mas sim em produtos específicos como a pedra rolada para produção de cal também para exportação. Digamos que em termos globais, incluindo os subprodutos, contamos com uma extracção de cerca de 20 mil toneladas.

P> R<

Quantas pedreiras possuem atualmente?

Temos três pedreiras, sendo que atualmente duas estão em funcionamento e uma encontrase de reserva. Calculo que daqui a cinco ou seis anos tenhamos massa mineral, mas pode acontecer que haja complicações como por exemplo perda de qualidade, daí que iremos tentar


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entrevista uma nova jazida que ainda não está legalizada, mas já existe indicação do sítio para registo. Isto para assegurarmos a continuidade da matéria-prima. Temos pedra, estamos atentos à situação e não é no dia em que ela falta que temos de tratar do assunto. No nome do meu pai, Francisco Frazão, a empresa funcionou até 2005 e então passou para Grupo Frazão Lda. comigo e com quatro dos meus irmãos. Ao nível do Grupo Frazão passou-se para S.A. em 2012. Estamos cá para lutar pelo testemunho e o nome Frazão. O nome de um homem que nasceu aqui nesta terra e subiu à serra, tendo os filhos para o acompanhar e dar-lhe força naquilo que seria o propósito dele.

P>

O seu pai exerceu esta atividade no sector da rocha ornamental por algum motivo concreto?

R<

Foi um motivo familiar, pois já o meu avô trabalhava com pedras para cantarias. Daí talvez a ligação da terra e também já havia mais indústrias na zona, várias pedreiras perto do

Santuário de Fátima que deu para nos instalarmos na zona e fornecer-nos pedra. Na década de 60, o grande impulso da rocha calcária e da rocha ornamental foi a construção de Las Vegas, então a empresa global tinha de arranjar fornecedores de matéria-prima para aquele timing apertado que eles tinham. Foi então quando Las Vegas começou a ser edificada com os seus grandes hotéis, que os grandes projetos começaram a fluir. Houve necessidade de haver fornecimento contínuo de material. A maior empresa da altura impulsionou as outras, entre as quais a do meu pai que juntamente com outras três grandes empresas são quem mais promovem e impulsionam a exploração de rochas aqui na serra. Dos anos 30 até aos anos 60 viveu-se num certo marasmo, pontuado por algumas obras, como em Fátima por exemplo. Menciono Fátima, pois daí vem o Pardal Monteiro que foi também a pessoa que fez grandes obras da década de 50 e

60 em Lisboa. Refiro o Pardal Monteiro por uma razão: enquanto os outros são consumidores, à exceção de algumas pedreiras, foi o Pardal Monteiro quem mais promoveu a pedra. Para estar neste negócio é necessário conhecer as ferramentas. Por exemplo, a calçada portuguesa que se vê aqui na região não deriva daqui, mas sim de calceteiros que vieram de outra zona e transmitiram o seu conhecimento. De alguma maneira estes foram os pioneiros e promotores da pedra, pois esta era uma zona agrícola e depois a pedra veio dar um acréscimo significativo. As obras públicas do Estado, como as escolas, hospitais, etc. eram todas consumidoras de pedra e rocha ornamental.

P>

Na vossa opinião, qual é o motivo do sucesso do grupo, além da qualidade do material, pois esse é óbvio. O que é que vos distingue e qual é a visão que têm para a empresa no sector a nível nacional e internacional? Pensam que existe ainda algo a melhorar, ou algo que ainda não está bem?

R<

A pedreira foi equipada com o novo bi-fio da Poeiras.

No caso dos blocos de rocha ornamental procuramos munirnos de máquinas para, enquanto os nossos colegas, por norma, fazem explorações para adquirirem os blocos, a exploração não permite valorizar exatamente a tipologia da pedra, isto é, se ela é de facto de qualidade, ou tem algum defeito encoberto por via da furação. Portanto, optámos de maneira diferente dos outros, em vez da exploração trabalhamos com monofios que consistem em radiografias da pedra através de uma serragem, ou seja, se algo estiver mal é mais notório e detecta-se melhor. Numa primeira fase, parece que


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Os relevos são a grande aposta do grupo para 2013. Veja todos e www.grupofrazao.com

jogamos contra nós, pois estamos a expor os problemas da pedra, mas no nosso propósito de servir bem, estamos a trabalhar da maneira que nos ensinaram e que achamos mais correta, que é expor os defeitos para, caso hajam, fazermos mais cortes até o bloco ficar livre deles. Servimos bem o cliente, sem o ludibriar e expomos a qualidade do produto com este sistema de radiografia do bloco. Penso que deve ser esse o segredo do sucesso para termos conseguido manter o nível de vendas e de exportação, por via da qualidade que incutimos na matéria-prima. Se algo não está bem, corrigimos por via das máquinas. Já na maior parte das pedreiras isso não acontece, pois retiram o bloco às camadas, vai tudo para o parque e muitas vezes este está cheio de lama e acaba por ir o produto com lama para o estrangeiro, por exemplo. Nós temos vários pontos onde colocamos os blocos e todos eles são muito bem lavados; portanto, tudo

isto são factores que contam para a qualidade da exportação, ou mesmo quando é para aqui para a fábrica, existem muitos cuidados do início ao fim do processo. Para termos essa qualidade apostamos na tecnologia e nos materiais.

P>

Então quando existem blocos com menor qualidade que destino têm? São vendidos em segunda escolha, ou vão para a fábrica?

R<

Há uma percentagem, cerca de 50%, que é analisada para a escolha, indo para a fábrica e depois há uma parte que vai exatamente para britas, betumeiras e cal. Da categoria menos boa não pode haver blocos partidos e tudo isso é visto na análise. Quando não se pode aproveitar vai para uma máquina de martelo para ser reduzida a inertes.

P>

Dos 50% que vão para a fábrica depois são exportados na totalidade?

R<

Quase, diria que 90% é exportado.

P>

Acaba por estar na média das boas pedreiras; de acordo com os dados que possuo costumam ser 80% a 90%. Passando agora para a fábrica, têm feito uma série de alterações, correto?

R<

Sim. Desde o início, a partir de 1995. A fábrica foi pensada tendo em conta os blocos que poderiam ter menos qualidade e, por isso, menos susceptíveis de poderem entrar no mercado. A fundação da fábrica nasce da necessidade de dar valor aos blocos que não eram passíveis de entrar no mercado e também para resolver os problemas de espaço associados. A fábrica começou com uma estratégia essencialmente delineada por nós os três pensando que era necessário fazer mais qualquer coisa do que já havia no mercado. Se viéssemos apenas fazer mais uma serração de pedra não éramos necessários para nada, por isso digo muitas vezes que não temos uma serração de pedra, mas sim uma fábrica de pavimentos e revestimentos em rocha natural. A ideia foi diferenciar, abordar de uma


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entrevista nova forma o mercado, criando por exemplo formatos que fossem muito próprios e que, na altura, as empresas tinham muita dificuldade em executar. Isto surgiu-nos das nossas idas a feiras internacionais onde reparámos em muitas situações de utilização na Europa de formatos standard, mas não havia até aí uma linha de fabrico de grandes medidas. A partir de 2000, a empresa começou a preparar-se para adquirir tecnologia feita em Itália para alterações na fábrica nesse sentido, para depois de deixarmos de ter linhas tradicionais como todas as outras empresas podermos fazermos de acordo com os nossos critérios e não de acordo com os nossos fabricantes. Porque dos fabricantes de máquinas mundiais os italianos são os maiores para a indústria do mármore, têm um conceito muito próprio, mas depois não têm fábricas. Nesta questão temos de ser proactivos e naquela altura a ideia foi criar uma linha que produzisse grandes medidas de uma forma técnica, avançada, com muito rigor, secagem e tratamento da rocha ornamental; uma coisa que a maioria no sector, até aí, nunca tinha pensado. A única coisa que se fazia era transformar, vender, receber o dinheiro e depois se alguém ficasse com algum eventual problema assobiavam para o ar, fazendo de conta que não percebiam, ou não ouviam. Nós, como bons alentejanos que somos, não quisemos ser como essas outras empresas e “pegámos o touro pelos cornos”, não havendo ambiguidades. Quando aparece o problema temos de estar preparados para o identificar, entender corretamente o nosso cliente e estarmos à altura de uma resposta eficaz, profissional e técnica. Esta preocupação nasceu a partir do ano 2000, começámos produção em linha, tendo feito bastantes testes para que nessa linha se pudesse fazer o

processo até à embalagem, visto que muitas fábricas têm problemas a nível do layout interno e também aí quisemo-nos diferenciar. Colocámos a fabricação em linha, em vez de ser no método antigo de trabalhar pedra em que não há uma linha recta, mas sim curvas que quisemos remover dentro da produção e fizemo-lo com sucesso. Criámos um mercado para as grandes medidas. Destaco aqui a calibragem e rectificação em medidas de metro/ metro, coisa que era rara no mercado. Passámos a ser nós a dar medidas standard em vez do cliente, que também foi uma nova abordagem à rocha ornamental e indicámos que produzíamos em série, com rigor, rectificando e calibrando, com tratamento da superfície, usando ceras acrílicas de base aquosa que é uma das formas melhores de tratar o calcário. E, sobretudo, dissemos ao mercado que aquela tradicional desvantagem do calcário passou a ser uma mais-valia, porque é a única rocha ornamental que se conhece que tem o poder de absorver com grande densidade produtos para o seu núcleo mineral. O granito não aceita e nem outro tipo de pedras, como os mármores que dificilmente mantêm a

a destacar “E

stamos cá para lutar pelo testemunho e o nome Frazão. O nome de um homem que nasceu aqui nesta terra e subiu à serra, tendo os filhos para o acompanhar e dar-lhe força naquilo que seria o propósito dele.

cor original com esses produtos. Em especial, ficámos a tratar problemas que ninguém solucionava e criámos também, do meu ponto de vista, um nível elevado na clareza com que apresentamos os nossos produtos acabados, que era dizer ao cliente (por informação escrita) que a pedra deve ser aplicada com um tipo específico de colas, dando dois melhores exemplos. Fornecemos amostras e fizemos testes para que se pudesse falar de uma forma técnica, aberta e clara, sobre os problemas das rochas calcária portuguesa, a sua globalização e não só. Desta forma foi criada uma nova abordagem aos clientes, dizendolhes que os nossos produtos devem ser utilizados com colas específicas e quais as características, por exemplo que podem ser tratados com hidrofugantes, que devem ser tratados com ceras acrílicas de base aquosa nas áreas de maior passagem para pavimentos, indicando todos os nomes das marcas. Tudo isto para que as pessoas percebam que ao receberem aquelas embalagens estão a receber um produto natural que tem algumas características muito específicas, mas que isso não é um


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problema pois já estão identificadas formas de colmatar eventuais problemas que possam existir. Visto que exportamos quase tudo, damos todas as explicações, seja por e-mail ou por outros meios. O cliente faz-nos algumas perguntas, mas nós damos muito mais respostas do que as perguntas que ele nos faz, não nos resignamos a dar apenas a informação pedida, damos muito mais. Muitas vezes até existe um total desconhecimento de quem usa a pedra, daí que o informamos imenso. Viemos para o mercado para nos

diferenciarmos, não sermos apenas mais um entre muitos. Viemos para o mercado para sermos diferentes, rigorosos, trabalharmos ao décimo de milímetro. Enquanto a indústria da pedra não era conhecida por ser muito rigorosa, nós passámos para esse patamar do décimo de milímetro. Estamos neste momento a desenvolver a nossa certificação interna, porque apenas dentro de dois anos é que a vamos ter, visto que ainda há muita coisa a fazer para esse passo. Temos de fazer a nossa própria certificação baseada nos conceitos

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internos da empresa, nas nossas formas de trabalhar e nos nossos formatos e só depois é que podemos aceder a essa certificação que nos pode autenticar internamente. Temos adquirido tecnologia de ponta de fabrico nacional que é um factor importante, mas penso que não basta apenas comprar, é preciso saber se há quem faça. Penso que não somos inferiores a ninguém, até somos iguais ou melhores nalguns casos, por isso não partilho a ideia de que só os outros países é que fazem e que Portugal não produz, ou que os portugueses têm baixa produtividade. Não partilho em nada essa ideia, pois são estatísticas que não correspondem à realidade,


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entrevista nomeadamente do nosso sector. Não temos falta de produtividade na empresa, como não temos falta de competitividade. Não temos nada essa noção nesses âmbitos na nossa empresa; queremos fazer e sabemos fazer, criamos métodos internos para controlarmos os produtos que saem da fábrica, nomeadamente ao nível das embalagens, de uma forma muito profissional. Para nós, as embalagens são um factor determinante para que o produto chegue ao destino em condições exemplares e sem nada danificado. Todo o produto é lavado, limpo, devidamente isento de poeiras e as embalagens também são protegidas. A chegada ao país de destino é um factor de peso com que nos preocupamos muito. Depois, temos um método de contacto com os clientes estratégico: todos os pedidos feitos de manhã devem ter resposta na parte da tarde desse mesmo dia. No limite, pedidos chegados pela tarde, ou noite, visto que trabalhamos com diferentes fusos horários, a empresa que nos solicitou terá uma resposta até 14 horas. De modo a que as pessoas percebam que

estamos aqui, presentes no momento, e damos a resposta em tempo útil e isto também acontece quanto às encomendas que recebemos. Sabíamos que havia um grande desfasamento entre o pedido do cliente no estrangeiro e a entrega, as datas eram indicadas sem fundamento e depois não eram cumpridas. E aqui a política é esta: para a esmagadora maioria é dado uma data que nunca pode exceder duas a três semanas.

P>

Falando agora de políticas para o sector, qual o melhor apoio que as empresas podem ter por parte do Estado?

R<

O sector da pedra está todo operacional e desenvolvido, usando novas tecnologia. Aí não há muito a inovar, a não ser em pequenos pormenores. O que falta é matéria-prima, ou seja, zonas em que possamos fazer a nossa exploração. Aqui entram três entidades fundamentais para nós: o Ministério da Economia, o Ministério do Ambiente e os Parques Naturais. O melhor apoio

que nos podiam dar era trabalharem em conjunto, e não de costas viradas, para ajudarem as empresas. Essa é uma queixa antiga do sector. Conhecemos países em que as empresas extrativas têm mais facilidades por parte dos seus Estados, têm muito menos proibições e contradições. Nós, pelo contrário, temos imensas condicionantes que limitam o trabalho das empresas. É também importante realçar que desde há alguns anos, fruto do trabalho desenvolvido pela Assimagra, tem havido evolução positiva. A Assimagra fez um grande esforço, criou condições para melhorar a situação das áreas disponíveis e das sondagens, por exemplo. Foram passos importantes e uma grande ajuda que se deve realçar. O trabalho não está, infelizmente, concluído e é preciso mais. Sobretudo em questões de mentalização dos parques naturais para colaborarem mais com as empresas, sem hipocrisias. Aquilo que fundamentalmente pedimos é que nos deixem trabalhar e não nos prejudiquem, ou não prejudiquem o país.


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empresas

‘‘O agrupamento não é fechado, e que qualquer empresa, que assegure determinada qualidade e qualidade, poderá se juntar ao Rose Project ACE no futuro.’’

Rose Project ACE R

ose Project ACE é a resposta de sete empresas empresas à crise instalada no anticlinal de Estremoz, Borba e Vila Viçosa. Como é sabido o setor de rocha ornamental no Alentejo tem vindo a passar por dias muito difíceis. Longe vão os tempos áureos onde mármore do Alentejo era procurado por vários mercados – das 270 pedreiras que existiam no final do milénio, laboram apenas 30 - e as empresas locais transpiravam sucesso, resultado de uma extensa demanda, quantidade e qualidade do material extraído. Tudo mudou nos últimos quatro anos. Sem mercado interno para escoar material, aumento da oferta de outros países produtores e diminuição da procura externa, resultou numa clara diminuição dos preços de venda. Que aliada ao aumento ao aumento do custo de produção (cerca de 40%) colocou muitas das empresas do Alentejo no vermelho. Perante esta situação e com o apoio da Câmara Municipal de vila Viçosa, estes empresários resolveram concertar uma estratégia comercial comum. Que permita cimentar a posição nos mercados tradicionais, mas também alcançar novos mercados. Luís Brito da Luz, presidente da Rose Project ACE, informou que o agrupamento não pretende sobreporse à cultura de exportação de cada empresa, assim como descurar atuais clientes. Mas sim, canalizar sinergias em mercados virgens onde não há apoios. Foram feitas várias candidaturas a projetos de internacionalização, sem ainda qualquer informação sobre os

mesmos. Todavia, o agrupamento vai tendo o apoio da Câmara municipal de Vila Viçosa, que tem sido clara nas suas preocupações respeitantes ao setor da região. Luís Brito da Luz avança ainda que agrupamento não é fechado e que qualquer empresa, que assegure determinada qualidade e qualidade,

Luís Brito da Luz, Presidente da Rose Project ACE

poderá se juntar ao Rose Project ACE no futuro. As empresas são: António galego & Filhos, S.A. Marbrito, S.A.

Marmetal, S.A. Lopes Batanete, Lda. RBR Mármores, Lda. Margrimar, S.A.


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arquitetura

O legado do

Visconde de Valmor O

Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura, mais conhecido por Prémio Valmor, resulta da paixão de um homem pelas belas artes: Fausto Queiroz Guedes, segundo e último visconde de Valmor, diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino e governador civil de Lisboa. O galardão foi criado em escrupuloso respeito pelas indicações deixadas em testamento por este amante da Arquitetura, que morreu em França no ano de 1878. O instituidor deixou à cidade de Lisboa uma soma monetária que constituiria o fundo do prémio a ser atribuído à “mais bela casa e prédio edificado” erigida em Lisboa, repartido, em partes iguais, ao proprietário e ao arquiteto autor do projeto. À Câmara Municipal de Lisboa competiria criar um regulamento; nomear, anualmente, um júri, e ser a entidade atribuidora do Prémio Valmor de Arquitetura. O tempo tem-no vindo a consagrar como marca de notoriedade, atração e brilho arquitectónico. Após uma primeira proposta de regulamento apresentada por Duarte Pacheco, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Ministro das Obras Públicas, o Prémio Municipal de Arquitetura viria a ser oficialmente instituído em 1943.

Atrium Saldanha ganhou o prémio no ano 2001. Em 1982, o galardão é fundido com o Prémio Municipal de Arquitetura, adquirindo a designação formal que hoje possui, apesar de vulgarmente chamado apenas Prémio Valmor. É também Em 2003 foi também reformulado o regulamento, passando o mesmo a incluir, pela primeira vez, a área de Arquitetura Paisagista, tendo assim este prémio adquirido uma nova dimensão. É difícil andar pela cidade de Lisboa sem passar por um ou mais “prémios Valmor”, forma simplificada por que se designa um edifício vencedor. Eles são inúmeros, atrativos mas nem sempre reconhecíveis. Porque nem todos os “prémios Valmor” têm disticos facilmente visíveis.

Referências - site da Câmara Municipal de Lisboa - consulte, no mesmo site, o regulamento do prémio


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tecnologia

Poeiras inova O Grupo Poeira já nos habituou a soluções inovadoras. E mais uma vez, presenteia o mercado com um equipamento exclusivo. A infoGEO foi ver a primeira máquina em funcionamento.

P

rosseguindo a sua política de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, a POEIRAS lançou recentemente a sua nova máquina de corte por fios diamantados. O equipamento opera com dois fios diamantados, razão pela qual POEIRAS o entende como um Bi-FIO aparelhador de blocos, visto que a distância entre fios é afinável automaticamente entre 1-2 m dependendo da dimensão do bloco a aparelhar. A nova máquina pode igualmente ser utilizada no corte de chapas de qualquer espessura, podendo produzir chapas com cada um dos dois fios em simultâneo. Constata-se rapidamente a forma

como os dois fios diamantados avançam rapidamente pela pedra deixando duas faces perfeitamente lisas, ficando ambas as partes do bloco aparelhadas num único e suave movimento de descida, realizado sobre guias lineares numa máquina tão robusta. Esta nova máquina da POEIRAS foi idealizada, projetada e concebida no contexto do seu Projeto de Desenvolvimento de Linha de Máquinas de Fio Diamantado. O apoio do QREN deve-se à circunstância de se tratar de uma máquina que não foi fabricada ou disponibilizada no mercado mundial por qualquer outro construtor de máquinas, permitindo de forma direta um aumento de produção para o dobro relativamente aos Monofios. Com esta nova máquina a POEIRAS quer continuar a afirmar-se como fabricante de referência na produção de máquinas de corte por fio diamantado, segmento onde tem mais de 20 anos de experiência a par da parceria com a sua associada Diamond Service Portuguesa que fabrica fios diamantados para mármores e granitos desde as tradicionais pérolas de Ø11 mm até às inovadoras pérolas de Ø7 mm.


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tecnologia

construal apresenta A nova máquina de ponte CR, conquista empresas em todo mundo.

A

empresa Construal abre o ano de 2013 com uma nova máquina de ponte desenhada e construída para as exigências das empresas do século XXI. A nova CR é composta por uma cabeça rotativa de 0 a 180º com interpolação de eixos permite corte em qualquer ângulo. A sua Interface gráfica com ecrã táctil torna a programação fácil e intuitiva, possibilitando o corte através de desenho em DXF (tampos de cozinha, leques de escadas, etc.). Entre as várias opções o equipamento permite ainda um sistema CAD/CAM para perfil e chapa.

Y

Curso

Stroke

X

Curso

Stroke mm 3500

Z

Curso

Stroke mm 450

Curso

Stroke º 0/180

C

mm 1800-2000

Cabeça

Inclinar manual

Tilting manually

º

0/45

Motor do disco

Potencia

Motor power

KW

7.5-11

Disco

Diâmetro

Disc diameter

mm

350 - 500

Mesa

Basculante Hidráulica

Dimensões

Table dimension

Agua

Consume

Pressão

Water pressure

Peso

Tilting hydraulic mm Water consumption

l/min

Bar

3200 x 1800 (2000) 30 4

Weight Kg 4200


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Máquina Polidora de Cabeças Destinada ao polimento de topos direitos e redondos, para mármore e granito.

Polishing Head Machine - For straight and round edge polishing machine, for marble and granite.

Máquina de Ponte - Cabeça rotativa, disco de ø 300 a ø 500 mm, destinada ao corte de mármore e granito.

Bridge Machine - Rotative head, with a ø 300 a ø 500 mm disc, for cutting marble and granite.

www.construal.pt Avenida da Aviação Portuguesa, Nº 5 - Apartado 14 Fação - 2715 901 Pêro Pinheiro - Portugal Tel. +351 219 678 280 Fax. +351 219 678 289 email: construal@construal.pt


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documentos SÉRGIO PINTO – FRONTWAVE SERGIO.PINTO@FRONTWAVE.PT

gestão por objetivos

E

ste texto surge na sequência do artigo escrito na última edição da revista “A Pedra”, sobre a implementação da estratégia. Uma das boas formas de implementar a estratégia é efetivamente optando uma gestão por objetivos. Uma vez que podem ser utilizados diferentes conceitos associados a este tema, será talvez prudente iniciar com uma pequena descrição dos mesmos: Objetivo – Um objetivo é uma meta que se pretende atingir. Para que seja bem definido deve seguir a regra “SMART”, abaixo referida. Meta – Igual a “objetivo” Indicador – O indicador é o que permite quantificar e acompanhar o objetivo, ou seja, é a unidade fundamental, o parâmetro acompanhado. Pode ser definido como, por exemplo, uma fórmula de calculo. De nada serve uma excelente estratégia se a organização não a acompanha e, tal como referido no último artigo, decididamente não é fácil ao gestor fazer com que todos na equipa estejam alinhados com as suas ideias. Existem frequentemente problemas de comunicação, problemas de urgências (necessidade de “apagar fogos”) e muitos outros problemas que não permitem que se dedique a merecida atenção aos objetivos

estratégicos e à sua adequada implementação. Na prática, se forem definidos objetivos alinhados com a estratégia será muito mais fácil desenvolver uma linha de orientação que permite identificar desvios atempadamente, para que possam ser tomadas as medidas adequadas e necessárias. Definir, implementar e monitorizar objetivos não é tão fácil como se possa pensar numa primeira abordagem. Para começar, eis as fases que acredito ser necessário caminhar para a obtenção de sucesso: 1 Definição das orientações estratégicas da empresa, assim como dos respetivos objetivos mensuráveis; 2 Ter uma estrutura que permita a disseminação dos objetivos estratégicos por toda a organização e a capacidade de recolher os dados adequados; 3 Definir, em negociação entre a gestão de topo e o “dono” do objetivo, as metas a atingir, utilizando para isso a metodologia “SMART”: a S – Específicos (Specific) – não podem gerar dúvida e devem ser claros b M – Mensuráveis – com possibilidade de serem medidos e acompanhados c A – Acordados entre a gestão e o respetivo prossecutor do objetivo d R – Realistas – nem demasiado fáceis que não constituam um desafio,

nem tão longínquos que não sejam atingíveis e consequentemente causem desmotivação e T – Temporizados – todos os objetivos devem ter também uma meta temporal; 4 Situações haverão em que o objetivo se traduz numa situação de “SIM/NÃO”. Nestes casos, a definição das metas temporais ganha uma dimensão superior.; 5 Definição do plano de ações. Um objetivo bem definido é atingível mas ambicioso. Não será expectável que o mesmo seja atingido se nada de diferente na empresa seja feito; 6 Não basta definir objetivos. É fundamental que os mesmos sejam acompanhados com periodicidades específicas de modo a que atempadamente possam ser tomadas decisões nos casos em que se prevê que o objetivo não vai ser atingido. Não devemos aguardar até ao fim do período temporal do objetivo para tomar medidas! Habitualmente, o estabelecimento de um maior ou menor número de objetivos está diretamente relacionado com a capacidade de obtenção de dados. É fundamental que a estratégia das empresas passe cada vez por ferramentas de aquisição dos dados relevantes. Sem medir não sabemos


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De nada serve uma excelente estratégia se a organização não a acompanha

onde estamos e como tal não sabemos se estamos a chegar ao objetivo que pretendemos. No entanto, o excesso de indicadores é também um desperdício, uma vez que a sua análise é extremamente consumidora de tempo e energia. Um conselho muito simples e prático é: definam-se os indicadores que se consideram importantes para a gestão da empresa (este exercício deve ser bastante ponderado e deve-se consumir alguma energia com ele) e encontrem-se as metas adequadas de acordo com a regra SMART. Uma questão frequentemente colocada sobre este tema da gestão por objetivos prende-se com prémios por cumprimento de objetivos. Neste ponto há diferentes caminhos que podem ser percorridos com idêntica probabilidade de sucesso:  Há uma vertente de objetivos (individuais ou de equipa) que se foca na atribuição de uma recompensa direta (monetário ou não) pelo seu cumprimento. Esta metodologia motiva

‘‘o cumprimento dos objetivos significa a sustentabilidade da empresa ’’


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estudos

naturalmente as pessoas para chegarem às metas traçadas e deve ser utilizada com equilíbrio, tendose atenção à função em causa. Por exemplo, as funções comerciais são as naturalmente mais abrangidas por esta metodologia.  Casos existem em que o cumprimento dos objetivos significa a sustentabilidade da empresa. Nestas situações, as empresas podem, por exemplo, combinar com os seus colaboradores que os prémios serão distribuídos apenas no caso de resultado líquido positivo, sendo para isso reservada uma percentagem desse mesmo resultado para distribuir pela equipa. O que se pretende com a gestão por objetivos não é mais do que desdobrar a estratégia da empresa nas suas diferentes vertentes de atuação, garantindo assim que todos na organização desenvolvem esforços no mesmo sentido. Para além dos objetivos “de área”, muitas empresas optam por efetuar este desdobramento ao nível de cada colaborador, introduzindo objetivos pessoais na empresa. Este tema liga-se com naturalidade à avaliação

de desempenho que, não sendo o foco deste artigo, pode traduzir-se (se bem implementada) como uma ferramenta de aumento de motivação e de produtividade. Nos casos em que diferentes colaboradores exercem o mesmo tipo de tarefas, é benéfico incluir objetivos partilhados, estimulando que toda a equipa se esforce em prol do mesmo fim, gerando-se assim um autocontrolo entre todos os membros da equipa. Os mecanismos utilizados para a gestão por objetivos podem ser mais ou menos complexos. A recolha de dados é dos principais desafios em qualquer organização, sendo aconselhável a utilização de aplicações informáticas ágeis e adaptadas às empresas e aos seus postos de trabalho. Mas a verdade é que seja

elevada ou reduzida a capacidade de recolha de dados, há sempre alguns que podem (e devem) ser tratados e analisados. Começando com os mais simples, tipicamente as empresas evoluem para a análise dos indicadores e objetivos que lhes são mais importantes e uma vez iniciado o ciclo, procuram incessantemente ir mais longe e ter mais capacidade de gestão. Interessa ainda discutir em detalhe porque razão devemos consumir tempo e energia na definição de indicadores e dos respetivos objetivos. A resposta é relativamente simples: sem medir não sabemos onde estamos e sem saber onde queremos chegar, nunca entenderemos se estamos ou não a ter sucesso. Juntando estes dois pontos, como podemos gerir uma empresa se não sabemos onde queremos chegar nem tão pouco temos o indicador para tal? Para o sucesso não basta definir objetivos, os quais serão meras declarações de intenções se não existir um comprometimento por parte do seu responsável, acompanhado com um plano de ações, que na prática traduz o que é necessário fazer para atingir o objetivo. Taiichi Ohno, um dos grandes responsáveis pelo sucesso da Toyota e também já referido em anteriores artigos, recorria frequentemente à expressão “If you always do what you always did, you will always get what you always got”, que significa que se fizermos sempre o que que sempre fizemos, obteremos apenas aquilo que sempre obtivemos”. Em teoria isto é verdade, mas se

Para o sucesso não basta definir objetivos, os quais serão meras declarações de intenções se não existir um comprometimento por parte do seu responsável


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Nunca defina um objetivo sem que lhe seja atribuído um responsável

juntarmos à equação a variável “crise” e os respetivos condicionalismos de mercado, na realidade a tendência é que, se não fizermos nada para melhorar, não obteremos o que sempre obtivemos, mas sim bastante menos. Alguns conselhos básicos:  Não é necessária uma quantidade enorme de objetivos para gerir a empresa. O seu acompanhamento consome tempo e energia. Encontre os mais relevantes e avance com esses. Os restantes aparecerão naturalmente com o passar do tempo porque sentirá cada vez mais essa necessidade.  Não imponha objetivos; negoceieos. Um objetivo imposto tem grande probabilidade de vir a falhar, uma vez que o seu responsável não se sente envolvido nem comprometido no processo, desmotivando-se mais facilmente.

 Defina períodos concretos para acompanhamento dos objetivos. Para alguns fará sentido um acompanhamento diário, outros semanal e outros ainda mensal. Não há uma regra única para o intervalo entre acompanhamentos, o importante é que exista o tempo adequado para tomar medidas extra caso os números indiquem que não se está a caminhar no sentido pretendido.  Nunca defina um objetivo sem que lhe seja atribuído um responsável, que responderá por ele. Garanta que este elemento está comprometido com a meta e confortável para solicitar recursos adicionais que considere fundamentais para o seu cumprimento.  É importante que a gestão de topo participe no acompanhamento dos objetivos. Se, por exemplo, um determinado objetivo tem acompanhamento semanal por

parte do seu responsável, talvez faça sentido que a gestão de topo possa participar nas reuniões de acompanhamento mensal ou trimestralmente, não só para estar a par, como também para poder ajudar na definição de medidas adicionais consideradas necessárias.

Vantagens da gestão por objetivos:  Capacidade de desdobramento da estratégia da gestão de topo;  Auxilia a gestão de topo na tomada de decisão;  Aumento da motivação dos colaboradores;  Aumento da capacidade de gestão por parte da gestão de topo;  Maior probabilidade de sucesso: sustentabilidade, crescimento, resultado líquido, etc..


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documentos António Casal Moura

Geológo Colaboração: Laboratório do INETI e Cevalor

pergunta & resposta

M

andei fazer um pavimento com uma pedra que me foi vendida como de 1ª qualidade, mas o facto é que não estou satisfeito com o resultado do trabalho porque a pedra apresenta variações na cor que eu não esperava, tem algumas manchas e o polimento não é uniforme. Acha isto normal numa pedra de 1ª qualidade?

Compreendo as suas queixas, mas lamento dizer-lhe que não existem quaisquer disposições que possam classificar uma pedra como de 1ª qualidade. Por esse facto, qualquer fornecedor é livre de qualificar as suas pedras (e/ou os seus produtos), mas isso não indica que se baseou em qualquer critério científico ou legal. É certo que, comercialmente, essa designação é muitas vezes utilizada, mas apenas para fazer uma destrinça entre os produtos oferecidos no que se refere a características geométricas, variações do padrão ornamental, acabamento, etc., mas, se se queixa de polimento não uniforme, já se vê que alguma coisa falhou. Como regra geral, uma pedra para ser considerada “de qualidade” apenas precisa de ser adequada ao fim em vista e é óbvio que deve satisfazer o gosto pessoal do destinatário, pelo que deverá ser parecida com as amostras que lhe foram fornecidas. No entanto, como se trata de materiais naturais, haverá que ter em conta que apresentam, quase sempre, certas variações, seja na tonalidade, seja no padrão ornamental. Um produto que fosse isento dessas variações seria bastante caro, porque implicaria uma selecção muito apertada, do tipo peça a peça, com rejeição de muitas delas.

Note porém que a beleza da pedra natural assenta precisamente nalgumas das variações que apresenta e que a tornam um material único (ou seja, não há dois trabalhos iguais), ao contrário do que acontece com os ladrilhos de cerâmica, por exemplo. Sendo que quem lida com a pedra todos os dias se torna um especialista na matéria, o que é necessário é encontrar-se um fornecedor de confiança e, possivelmente, acabamos por comprar um produto que serve bem pagando menos, até porque há bons pavimentos construídos com pedra de qualidade tida como normal. De facto, a escolha de uma pedra requer boa informação e tempo para se chegar à conclusão mais acertada.

”A beleza da pedra natural assenta precisamente nalgumas das variações que apresenta e que a tornam um material único”


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documentos

A

s Normas Europeias de produto referem os ensaios tidos como adequados para o controlo dos produtos acabados. No entanto, para controlo de rotina da produção em fábrica, poderei utilizar métodos mais simples, mais rápidos e menos onerosos?

O procedimento é fácil de executar, mas, na verdade, a figura que vem na Norma EN 13373 sobre as diferentes posições de colocação da régua auxiliar não é muito explícita. Antes de mais, note que, para as faces obtidas por clivagem natural, a planeza não é medida e a respectiva tolerância deve ser declarada pelo produtor. A EN 13373 indica que, para se efectuar a verificação da planeza, é necessário utilizar uma régua metálica de secção rectangular perfurada a intervalos de 100 mm e com um comprimento pelo menos igual à do elemento a ser medido (máximo 1500 mm), régua essa que, em cada medição, é assente em dois calços de espessura conhecida colocados perto dos bordos da placa. Com um comparador (micrómetro de exteriores)

Séries de 10 provetes Série 1 Série 2 Série 3

produto aplicável. O que um produtor tem a fazer durante os primeiros tempos é realizar mais frequentemente, para os produtos feitos com uma dada pedra, o ensaio de referência prescrito na Norma de produto num laboratório habilitado e, em simultâneo, fazer ele próprio o ensaio alternativo até obter um valor confiável da correlação entre ambos. A partir daí, basta-lhe utilizar o ensaio alternativo (por exemplo, uma vez por dia), tendo apenas de ter em consideração que o resultado que obtiver não pode ser inferior ou superior aos que serviram para fazer a correlação. Quando isto acontecer, terá de voltar ao início, ou seja, fazer outra série de ensaios comparativos (entre o ensaio de referência e o ensaio alternativo) e obter nova correlação. Um ensaio alternativo ao de resistência à flexão,

Ensaio de resistência à flexão realizado num laboratório acreditado (resultados em MPa) Valores médios 8,7 9,8 9,2

Gama de valores 8,0 a 9,2 8,7 a 10,6 8,2 a 10,0

com exactidão de 1/10 mm introduzido no furo central da régua (ou, como a Norma também prevê em alternativa, com um jogo de calços finos com exactidão de 1/10 mm) é medida a distância entre a superfície da placa e a régua no ponto central da régua (Figura 1). Sim, para o controlo de rotina da produção é permitido o uso de ensaios alternativos (ou de procedimentos simplificados) desde que o produtor os descreva no manual de Controlo da Produção em Fábrica (CPF) e disponibilize, para cada tipo de pedra, a sua correlação com os ensaios de referência constantes da Norma de

Ensaio de energia de ruptura realizado pelo produtor (resultados em Joules) Valores médios 3,6 4,6 4,0

Gama de valores 3a4 4a5 3a5

Projectou os valores médios num gráfico onde a resistência à flexão figura no eixo dos YY (Nota: o recurso a um computador facilita a realização do gráfico e os cálculos que a seguir se indicam):


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Máquinas e Ferramentas para Extracção e Transformação

PROJECTO, FABRICAÇÃO E INOVAÇÃO l l l l llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll l l

25 Anos 1985 - 2010

excelência’ 11

Venda e Assistência Técnica:

Zona Industrial l Lote 1 e 2 l Apartado 50 7160-999 Vila Viçosa l Portugal Telf.: +351 268 889 380 l Fax: +351 268 889 389

Email: poeiras.lda@mail.telepac.pt http://www.poeiras-mf.pt


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documentos

fácil de realizar e interessante para controlo de rotina de muitos dos produtos acabados é o ensaio de resistência ao choque, descrito na EN 14158 – Determinação da energia de ruptura. Exemplo: Em provetes da mesma pedra e num espaço de 6 meses, um produtor mandou fazer 3 ensaios de resistência à flexão (o que, de acordo com a Norma deste ensaio, corresponde a três amostragens de 10 provetes cada) e simultaneamente realizou em fábrica 3 séries de 10 ensaios de energia de ruptura, obtendo:

Calculou a equação que relaciona a resistência à flexão com a energia de ruptura, obtendo Resistência à flexão = 1,0921 x Energia de ruptura + 4,7921 e também calculou o coeficiente de correlação linear entre os resultados dos dois

ensaios obtendo r = 0,98, que indica uma boa correlação (Obs: o máximo é r = 1 e r ≥ 0,85 deve considerar-se sempre como desejável). Essa equação é válida para o intervalo de valores de energia de ruptura utilizados para fazer a correlação (entre 3 e 5 Joules, no presente caso). Passou então a usar o ensaio de energia de ruptura no controlo de rotina da produção. Para cada valor obtido da energia de ruptura pôde calcular a respectiva resistência à flexão utilizando directamente o gráfico elaborado ou, para maior rigor, a equação acima indicada. Por exemplo, se num dos ensaios de controlo obteve 4,5 Joules para a energia de ruptura, multiplicando esse valor por 1,0921 e adicionando 4,7921, terá 9,7 MPa para a resistência à flexão calculada correspondente.

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uando destinadas a revestimentos agrafados, qual é a resistência às ancoragens mínima que as placas devem ter?

Os valores mínimos de resistência à tracção ao nível do orifício de ancoragem, exigidos pelas especificações mais correntes para as placas destinadas a revestimentos agrafados, são os seguintes:  Placagens interiores: ≥200 N e ≥6/5 do peso da placa  Placagens exteriores: ≥300 N e ≥6/5 do peso da placa NOTA: Na prática, considera-se que 10 N = 1 kg Verifica-se, assim, que o valor a ter em conta é também função do peso da placa, devendo ser superior a esse peso em 1/5. Estas especificações baseiam-se no ensaio realizado de acordo com a EN 13364 em placas de 30 mm de espessura e utilizando um sistema de ancoragem com as seguintes características:  Dimensões da cavilha de ancoragem (em aço inox):  diâmetro: 6,0 ± 0,1 mm

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 comprimento: 50 mm  Dimensões dos orifícios de ancoragem:  diâmetro: 10,0 ± 0,5 mm  profundidade: 30,0 ± 0,2 mm, devendo os bordos do fundo do orifício serem boleados. Caso os valores especificados não sejam atingidos com a espessura de 30 mm, haverá que aumentá-la até satisfazer os requisitos. É possível o dimensionamento da espessura das placas através de cálculos adequados, que têm em conta o comprimento e a largura das mesmas, as características mecânicas da pedra e a pressão do vento em cada local, função da zona de implantação dos edifícios, da sua altura e da exposição das fachadas. Numa das respostas que demos a uma pergunta sobre o assunto, publicada na revista Rochas & Equipamentos nº 87 (3º Trimestre de 2007), encontrará um modo expedito para efectuar esse cálculo.


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documentos

A

fim de verificar a planeza de uma placa, recorri ao disposto na – Métodos de ensaio para pedra natural – Determinação das características geométricas de elementos em pedra, mas tive dificuldades em entender o procedimento. Poderá dar-me uma ajuda?

O procedimento é fácil de executar, mas, na verdade, a figura que vem na Norma EN 13373 sobre as diferentes posições de colocação da régua auxiliar não é muito explícita. Antes de mais, note que, para as faces obtidas por clivagem natural, a planeza não é medida e a respectiva tolerância deve ser declarada pelo produtor. A EN 13373 indica que, para se efectuar a verificação da planeza, é necessário utilizar uma régua metálica de secção rectangular perfurada a intervalos de 100 mm e com um comprimento pelo menos igual à do elemento a ser medido (máximo 1500 mm), régua essa que, em cada medição, é assente em dois calços de espessura conhecida colocados perto dos bordos da placa. Com um comparador (micrómetro de exteriores) com exactidão de 1/10 mm introduzido no furo central da régua (ou, como a Norma também prevê em alternativa, com um jogo de calços finos com exactidão de 1/10 mm) é medida a distância entre a superfície da placa e a régua no ponto central da régua (Figura 1).

Procedimento para medição do desvio de planeza utilizando um comparador A medição é efectuada cada vez que se coloca a régua numa das oito posições diferentes indicadas na EN 13373, as quais aparecem numeradas na Figura 2 para melhor identificação.

Figura 1

Legenda: 1 - Comparador com uma exactidão de 1/10 mm 2 - Régua metálica perfurada 3 - Calços de espessura conhecida colocados perto dos bordos da placa 4 - Placa cuja planeza se pretende verificar

Esquema da localização das posições da régua (1 a 8) para a medição do desvio de planeza de uma placa de pedra Depois, é só considerar, como resultado final, o valor mais elevado obtido. Ficou elucidado?

Figura 2

Legenda: L – Dimensões planares da placa, em milímetros


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crónica Miguel Goulão Vice Presidente da ASSIMAGRA

crónica do setor

É

com muita satisfação que lançamos o primeiro número da InfoGEO, a revista portuguesa de informação geológica.

Fazemo-lo por gosto a este surpreendente mundo de recursos minerais que abraçámos, mas também por sentido de responsabilidade para com um sector dinâmico, de grande potencialidade, que deverá orgulhar Portugal. Quando as revistas “A Pedra”, produzida pela Assimagra, e “Rochas e Equipamentos”, da responsabilidade do nosso editor Nuno Henriques, juntaram forças para oferecer ao sector a maior publicação nacional de informação geológica, o objectivo não foi uma mera soma de parcelas. Em rigor, pretende-se ir mais longe, fazendo-o em três campos distintos: maior abrangência do sector dos recursos minerais, mais áreas temáticas, maior promoção do sector. Assim, extravasando o âmbito das publicações que lhe dão origem, a InfoGEO promete continuar a prender o interesse de todo o sector da pedra natural e abarcar as diversas áreas confinantes do sector extrativo, da

maquinaria, da ciência e investigação, das engenharias, da arquitetura, da decoração e do design. A InfoGEO estará atenta aos mercados e eventos deste sector global, trará opinião, artigos científicos e variada informação útil. Mas não tenhamos ilusões: o sucesso da presente publicação, sobretudo nos seus objectivos de atualidade, interesse e abrangência, estará intimamente ligado à vontade deste vasto universo em se promover, comunicando com o grande público. O sentido de visão, as estratégias comerciais, o piscar de olho a novos mercados e a própria internacionalização dependem muito da vontade de comunicar. A InfoGEO tem-na e desafia todo o sector a tê-la também! Tal como desafia o sector a tomar consciência do peso crescente da sua importância para as exportações

‘‘A InfoGEO estará atenta aos mercados e eventos deste sector global, trará opinião, artigos científicos e variada informação útil.’’

nacionais, uma prova não só da força mas também da qualidade e competitividade das empresas nacionais que temos. Essas forças, qualidade e competitividade podem servir de incentivo para o aumento da nossa diferenciação e capacidade de inovação, elevando, no plano nacional e internacional, o prestígio da marca Portugal, marca essa cuja dimensão queremos ajudar a ampliar na InfoGEO. Por todos estes motivos, estamos certos de que esta revista virá animar um setor cada vez mais sedento de um órgão de comunicação próprio, abrangente, independente e atual.




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