Estado da arte da robótica industrial em portugal

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robótica

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Nuno Mineiro Desenvolveu projetos de engenharia de robótica industrial em Portugal desde 1992 Diretor da Yaskawa Ibérica – Sucursal em Portugal desde 2001

Dossier . Robótica na automação de fábrica

Estado da Arte da Robótica Industrial em Portugal O primeiro robot industrial terá sido instalado em Portugal em 1980. Era um ABB IRB6 de cinco eixos, para soldadura por arco, e esteve ao serviço mais de duas décadas. Desde então, mais de trinta anos passaram e alguns milhares de robots industriais foram vendidos ou instalados em Portugal. Como podemos classificar a tecnologia instalada atualmente no nosso mercado? Como nos podemos comparar com os nossos principais vizinhos e com os países mais avançados nesta área?

1. PORTUGAL  EQUIPAMENTOS INSTALADOS Utilizando a nomenclatura do IFR (International Federation of Robotics), entidade que recolhe os dados de cada mercado e realiza as respetivas estatísticas, existem em Portugal basicamente dois tipos de robots industriais instalados em quantidade significativa: robots articulados ou antropomórficos (“braço”) de 4 ou mais eixos e robots lineares ou cartesianos (“pórtico”) de 3 ou mais eixos. Os restantes tipos principais de robots (cinemáticas “scara”, por exemplo) têm uma expressão residual em termos de quantidades instaladas.

çados (medição laser, visão, força) ao nível do que melhor se faz no mundo.

Os robots antropomórficos constituem a maioria dos equipamentos instalados. À data de hoje estima-se (uma vez que não existem estatísticas oficiais) que estão em operação mais de duas mil unidades na maioria das aplicações existentes.

Assim, temos hoje robots dedicados para soldadura por arco, paletização, pintura, entre outros exemplos, e robots preparados para ambientes específicos, como atmosfera explosiva, “foundry”, “lavável”, e outros. No que respeita ao mercado português, podemos encontrar hoje, com facilidade, este tipo de equipamentos nas mais variadas indústrias, demonstrando que também neste capítulo estamos a acompanhar o estado da arte.

Os robots cartesianos, pelo contrário, são aplicados quase sempre só para descarga de máquinas, em particular em equipamentos de injeção na indústria dos plásticos. Em geral, cada máquina de injeção tem acoplado um robot de descarga. Estarão seguramente em operação no nosso mercado algumas centenas destes robots. Encontramos também hoje com facilidade instalações multi-braço (robots sincronizados num mesmo controlador), sistemas multi-eixo (robots sincronizados com posicionadores de vários eixos), e sistemas equipados com sensores avan-

Na última década, os fabricantes de robots industriais introduziram de forma faseada o conceito de “robot dedicado” ou “específico”. Este equipamento, com uma designação aparentemente contraditória (robot = máquina para “uso diversificado”, por este motivo oposto a “uso específico”) tem sido utilizado com mais frequência à medida que cada aplicação cresce em procura e justifica o desenvolvimento de produtos dedicados, com uma maior performance e, por vezes, também mais económicos.

2. PORTUGAL  APLICAÇÕES PRINCIPAIS No nosso mercado, as aplicações mais comuns para robots antropomórficos são, não necessariamente por esta ordem, soldadura por arco, soldadura por pontos, manipulação em geral (incluindo a subclasse, PPP – Picking, Packing, e Palletizing ou Placing), e carga/descarga de máquinas. No entanto, quase tudo o que

Figura 1. No caso do inovador robot da Yaskawa Motoman de 7 eixos SIA10, Portugal foi dos primeiros países europeus onde se instalou um equipamento destes (para descarga da máquina de injeção).

se faz com robots em países de tecnologia avançada também se faz em Portugal, desde visão, colagem, pintura, polimento e lixagem, fresagem e arranque de apara, quinagem, corte por laser, jato de água, ultra-sons ou plasma, projeção de fibra de vidro, esmaltagem, assemblagem, e muitas outras, não esquecendo ainda a variante didática (robots instalados em universidades e institutos de I&D). Na vertente da variedade de aplicações, podemos dizer que Portugal está ao nível dos países mais avançados, com a devida escala no que se refere à quantidade, mas com exemplos frequentes das aplicações mais recentes. Isto porque não só temos engenharia de qualidade nas nossas empresas, como uma cultura empresarial que, em geral, tem um forte apreço por tudo o que é novo e original. Dentro ainda das tecnologias mais avançadas, podemos dizer que em Portugal se encontram, sem dificuldade, exemplos de aplicações complexas como soldadura de alumínio, soldadura TIG ou por plasma, polimento e lixagem com sensores de força, fresagem tridimensional, pintura em linha, sistemas de visão e controlo, entre outros.


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