Retratos do Brasil - nº 58

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O Cidadão

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RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº58 • OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2008

Retratos do Brasil Uma das maiores economias do mundo, sofre com sérios problemas habitacionais

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Maré sofre com a ausência de segurança

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Aprovação automática é a saída?

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Pré-natal livra de doenças e da morte

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Jiu-Jitsu para crianças


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EDITORIAL

O CIDADÃO é uma publicação do CEASM - Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré • Endereço: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau • Telefone: 2561-4604 • Site: www.ceasm.org.br • Casa de Cultura da Maré: 3868-6748

A ausência de políticas públicas

N

esta edição, com muita dor e revolta, falaremos mais uma vez sobre a falta de políticas públicas de segurança do Estado do Rio de Janeiro, desta vez relatando a morte de mais um inocente, Matheus Rodrigues, de 8 anos, que perdeu sua vida na porta de casa com um tiro na nuca dado por policiais militares, na Maré. A matéria principal aborda o crescimento das ocupações na Maré, não deixando de citar a comunidade de Mandacaru, que há dois anos foi ameaçada de remoção pela Prefeitura. E onde moradores, assim como em muitas outras ocupações, sobrevivem em meio a lixos, insetos e esgoto, tudo isso devido à falta de políticas públicas habitacionais. Moradores indignados com tamanho des-

caso reclamam da situação, culpam o Estado por não os atenderem, por não solucionarem os problemas enfrentados por cada um deles. Já que moradia, saúde, educação, trabalho, entre outras coisas básicas para a sobrevivência de cada cidadão, é direito nosso. Além disso, falaremos sobre as reuniões realizadas do grupo Alcoólicos Anônimos, sobre um projeto de jiu jitsu, feito especialmente para atender crianças da própria comunidade. Ou seja, o jornal está recheado de assuntos atraentes, polêmicos, voltado para você mareense, por isso, você não pode perder. Leia, pense sobre cada assunto e discuta cada um deles!!

Coordenadora de Comunicação: Carla Baiense Editora: Gizele Martins Revisão: Audrey Barbalho Administração: Fabiana Gomes Reportagem: Cristiane Barbalho Gizele Martins • Renata Souza • Julie Alves Silvana Sá • Douglas Baptista Repórter Fotográfico: Renato Rosa Jornalista Responsável e Coordenação: Renata Souza (Mtb. 29150/RJ) Ilustrações: Jhenri Contato Comercial: Elisiane Alcântara

Por Gizele Martins

Projeto Gráfico: José Carlos Bezerra

ELES LÊEM O CIDADÃO RENATO ROSA

Direção: Antonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro • Maristela Klem • Lourenço Cezar

SILVANA SÁ

Diagramação e Editoração Eletrônica: Fabiana Gomes e José Carlos Bezerra Criação do Logotipo: Rosinaldo Lourenço Foto de Capa: Renato Rosa Distribuição: Alexandre Araújo • Ana Carla Almeida • Charles Alves • Elisiane Alcântara Joelson Bandeira • José Diego dos Santos José Henrique Gomes • Raimunda Canuto Impressão: Ediouro Tiragem: 20 mil exemplares Telefone: (21) 3868-4007 Correio eletrônico: jornaldamare@yahoo.com.br

Apoio: Acima Mc Leonardo, morador da Rocinha, e autor do rap das armas, à esquerda, Deyvid Ferreira, de 18 anos, morador da Vila do Pinheiro

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da

Rua Nova Jerusalém, 345 Bonsucesso

Tel:3882-8200 Fax:2280-2432


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ARTIGO RATÃO DINIZ

Maré em luto

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ais uma criança é vítima do descaso da Política Pública de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, do abandono, do medo e da injustiça. No dia 4 de dezembro, Matheus Rodrigues, de 8 anos, não teve aula no Ciep Samora Marchel e voltou para casa, na Baixa do Sapateiro, mais cedo. Ao chegar, seu tio Ulisses lhe pediu para comprar o pão. Deu-lhe um real em moeda. Ao abrir o portão, a criança foi executada com um tiro de fuzil na nuca, que saiu pelo rosto com parte de sua dentição. Infelizmente, essas duras histórias não param de se repetir em favelas do Rio de Janeiro. A Política Pública de (In)Segurança do Rio de Janeiro é uma política de extermínio do favelado que ceifa a vida de quem está pela frente, ou, no caso, de costas. Política que deveria, por princípio, resguardar a vida. Entretanto, o que se vê são policiais explicando e justificando o inexplicável e o injustificável. Trata-se de um sistema que não leva em consideração a cidadania e nem o direito humano à vida. A moeda de um real no centro da pequena mão entreaberta de Matheus era um sinal de que o tiro que o atingiu o matou na hora. A polícia disse que no momento havia confronto entre facções rivais. Todas as testemunhas afirmam que ouviram um único disparo. Que mãe permitiria que seu filho fosse comprar pão em meio a um tiroteio? A família prestou depoimento na 21ª DP, em Benfica, mas o delegado adjunto, Jorge Maranhão, disse que só poderia apreender

as armas para averiguação, já que não havia testemunhas que pudessem reconhecer os policiais. Os moradores que viram a ação não querem depor por medo de retaliações. A organização de direitos humanos Projeto Legal se responsabilizou em assessorar a família juridicamente e psicologicamente. Moradores protestam durante o enterro de Matheus Rodrigues, cemitério do Caju

Mais casos Não por acaso, essa fatalidade remete a outros casos de crianças que foram alvejadas em condições muito semelhantes à morte de Matheus. Claro que estaremos cometendo injustiça em não citar outras vítimas, mas as que serão citadas a seguir foram assassinadas brutalmente em menos de 15 dias do ano de 2006. São elas: Renan da Costa Ribeiro, 3 anos, morto dia primeiro de outubro de 2006, com um tiro de fuzil na barriga, na Nova Holanda, Complexo da Maré. Lohan de Souza Santos, 9 anos, morto por uma bala de fuzil na cabeça no dia 16 de setembro de 2006, no Morro do Borel. Guilherme Custódio Morais, 8 anos, morto dia 20 de setembro de 2006, por bala perdida na Favela do Guarabu, na Ilha do Governador. Paulo Vinícius de Oliveira Chaves, 7 anos, morto atropelado por uma viatura da Polícia Militar, dia 20 de setembro de 2006,

em Vigário Geral. Moisés Alves Tinim, 16 anos, morto dia dois de outubro de 2006, com um tiro de fuzil, no Morro da Esperança, Complexo do Alemão.

Maré de luto Obviamente os mareenses sentiram na pele a dor da perda de mais uma de suas crias. Na última homenagem prestada a Matheus e Renan no Cemitério do Caju, cartazes com as inscrições: “Paz”; “Mais uma de nossas crianças foi assassinada”; “Até quando?”, acompanharam o cortejo. Nesse momento, importantes organizações da Maré se unem para gritar por justiça. O CIDADÃO, como o jornal e a voz da Maré, sente-se na obrigação de convocar todos os mareenses a estarem juntos na luta contra a política pública de (in) segurança do Estado, que extermina ROSINALDO LOURENÇO a classe trabalhadora, que criminaliza o pobre, o negro, o favelado. Não podemos deixar mais mães como Graciele Rodrigues (mãe do Matheus) e Roberta Costa (mãe do Renan) chorar em nosso colo. Apoiamos a luta dessas guerreiras e clamamos por JUSTIÇA.

O CIDADÃO Paz, justiça e direito à vida, foi o que moradores e familiares de Matheus pediram em caminhada pela comunidade da Maré no dia do enterro


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EDUCAÇÃO

Aprovação automática Alunos da rede pública chegam a séries avançadas sem saber ler e escrever

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aprovação automática foi um dos grandes temas discutidos em educação nos últimos dois anos. A medida foi implantada pela Secretaria Municipal de Educação (SME), através da Resolução 946. Depois de muitas divergências entre a Prefeitura e o Sindicato Estadual dos Profissionais do Ensino Público (Sepe), o Prefeito César Maia editou o Decreto nº 28.878, de 17 de dezembro de 2007, que de acordo com o Sepe significa a reedição do conteúdo da Resolução 959. Esta resolução, que segundo a Prefeitura visa acabar com a repetência na rede de ensino, retira o conceito I (Insuficiente) dos boletins, que reprovava os alunos e inclui o conceito RR (Registra Recomendações). Com isso, o estudante que tiver o conceito RR terá que intensificar a recuperação paralela com novas e diferenciadas atividades. A diretora do Sepe, Wíria Alcântara, caracteriza esta medida como um genocídio intelectual. “É necessário deixar claro que o Sepe, assim como a maioria dos profissionais de educação, não defende a pedagogia da reprovação, mas a aprovação automática, tal qual está implementada, torna-se um genocídio intelectual. Uma vez que as escolas não têm professores suficientes para adminis-

trar a recuperação paralela, que seria fundamental para o aluno acompanhar o ritmo da turma. Infelizmente, a proposta de recuperação paralela é uma farsa, não se realiza nas escolas que ainda atendem seus alunos em turmas superlotadas e com falta de infra-estrutura”, afirma. Segundo o professor do Ciep Samora Marchel, Jônatas Brasil, de 29 anos, essa medida só traz malefícios à educação. “A aprovação automática não está de acordo com a realidade do nosso cotidiano. O único beneficiário dessa medida é o governo, porque está lançando mão dessa estratégia para se eximir de sua responsabilidade em oferecer um ensino de qualidade à crescente demanda”, diz. Progressão ou atraso? A aprovação automática já funciona desde 2000. No entanto, a medida foi adotada apenas no primeiro

Ciclo de Formação, que é um bloco de três anos de estudo formado pela antiga CA, 1ª e 2ª série. No início do ano letivo de 2007, a Prefeitura universalizou o sistema de ciclos

“A maioria dos profissionais de educação, não defende a pedagogia da reprovação...” Wíria Alcântara Diretora do Sepe

para todo o ensino fundamental e decretou o fim da reprovação. “A prática atrelada aos resultados já obtidos nestes oito anos de testagem do primeiro ciclo mostrou que esse sistema não funciona em nossa realidade carioca e não contribuiu em nada para a melhoria educacional. Ao contrário disso, formou tantos analfabetos funcionais, com as turmas de aceleração o u


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é a solução?

progressão, que hoje as escolas não sabem onde enturmá-los”, afirma Jônatas. O analfabetismo funcional, de que fala Jônatas, é sentido na pele por Isabela Costa, de 14 anos, moradora do Parque Maré. Ela freqüenta a 5ª série, depois de ter ficado dois anos na turma de progressão e ainda hoje não consegue ler direito. “Ela tem muita dificuldade para aprender e os professores a passam de ano sem que tenha aprendido o necessário. Como vão colocá-la na série seguinte

“Os professores a passam de ano sem que tenha aprendido o necessário” Antônia da Costa Parque Maré se não conseguiu absorver o ensino dos anos anteriores? Estamos fazendo exames para saber se ela tem dislexia, uma doença que dificulta o aprendizado, mas adiantá-la de série só a prejudica. Ela não consegue acompanhar e fica desestimulada a estudar”, afirma a mãe de Isabela, Antônia Jerônimo da Costa, de 50 anos, moradora do Parque Maré.

Secretaria de Educação Jônatas não culpa o aluno e nem o professor pela atual situação. Ele defende que todo o problema está nas políticas educacionais da Prefeitura. Segundo Jônatas, ao invés da Secretaria Municipal de Educação tentar cobrir um erro com outro de maior abrangência, deveria voltar sua atenção para o Primeiro Ciclo de Formação, pois se espera que nessa etapa seja concluido todo o processo de letramento. “A política educacional deve estar voltada para as bases. Precisa oferecer melhores condições de trabalho a esse profissional a fim de que ele venha desenvolver o seu papel com motivação”, diz. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação, em nota, afirma que “a Resolução 946 respeita a Lei Federal 9394/96 – Leis de Diretrizes e Bases da Educação, inclusive no que se refere à questão da freqüência escolar. A avaliação no ciclo focará, essencialmente, o processo ensino/aprendizagem com o objetivo da formação humana do aluno. Ela aponta para uma avaliação formativa, o que demanda um compromisso com a aprendizagem”. Por Renata Souza

Grande número de alunos da rede pública passam de série sem ao menos saberem ler


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GERAL

Vidas recuperadas Alcoólicos Anônimos é opção para moradores que desejam parar de beber

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mente para os familiares. M., de 15 anos, conta a vida difícil que levava quando o pai bebia. “A gente não tinha sossego em casa. Ele gastava o dinheiro todo no bar, ainda ficava devendo. No dia seguinte a gente não tinha com o quê comprar comida. O clima era muito ruim na família e ele não se considerava alcoólatra. As coisas melhoraram muito depois que meu pai parou de beber”, afirma. O A.A. é um grupo de auto-ajuda, que propõe a filosofia de “Por hoje não”. Através dos chamados 12 passos do A.A., Serviço o participante toma O A.A. surgiu em 1935, nos Estados Unidos. São mais de 95 mil consciência de que grupos no mundo com cerca de 2 milhões de participantes. No precisa de ajuda para Brasil são 120 mil membros, em 5 mil grupos. Na Maré os econlargar o vício. Muitros acontecem nos seguintes locais. tos são os testemu• Parque União: Igreja Nossa Senhora da Paz – Rua da Paz, 07. nhos dos que conReuniões aos domingos, às 17h. seguiram. “Isso é o que dá força para as • Nova Holanda: Igreja Sagrada Família – Rua Tancredo Neves, pessoas que estão s/n. Reuniões de segunda à sábado às 19h e domingo às 17h. entrando no grupo”, • Parque Maré: Igreja Jesus de Nazaré. Rua Ivanildo Alves, s/n. diz R., de 32 anos. Reuniões às quartas-feiras, às 19h.

m dos problemas mais graves enfrentados por muitas famílias mareenses é o alcoolismo. O mais difícil é buscar ajuda. Ainda hoje, existe muito preconceito em considerar o alcoolismo como doença e o dependente se assumir como alcoólatra. Na Maré, os Alcoólicos Anônimos (A.A.) atuam em diversas comunidades com o objetivo de ajudar às pessoas e seus familiares a se libertarem do vício. J., de 56 anos, é um desses casos. “A gente precisa de muito apoio da família para parar de beber. Eu ainda não me considero curado, mas fico feliz quando chego na reunião e posso dizer que faz um ano que não bebo”, afirma. Em todos os casos, a cautela e a força de vontade são essenciais no combate ao alcoolismo. Os encontros são baseados em histórias pessoais, onde os membros compartilham suas experiências com a bebida. Normalmente a maior parte das histórias é acompanhada de sofrimento, principal-

• Baixa do Sapateiro: Igreja Nossa Senhora dos Navegantes – Rua Luis Ferreira, 217. Reuniões todos os dias às19h. • Vila do Pinheiro: Igreja São José Operário - Via A-1, 150. Pastoral da Sobriedade – reuniões às sextas-feiras, às 19h30min. • Marcílio Dias: Av. Nossa Senhora da Penha, nº 99, por trás da Kelson. Reuniões quarta e sexta de 19h às 21h. • Praia de Ramos: Rua Nossa Senhora Aparecida, nº 166, Praia de Ramos – próximo ao posto médico. • Vila do João: Rua 14 nº234. Reuniões segunda à sexta às 19h e domingo às 14h.

“...fico feliz quando chego na reunião e posso dizer que faz um ano que não bebo” J., de 56 anos Pastoral da Sobriedade Criada em 1998, a Pastoral da Sobriedade é uma iniciativa da Igreja Católica no sentido de ajudar, psicológica e espiritualmente, na prevenção e no combate a todo o tipo de drogas. Semelhante ao Alcoólicos Anônimos, a Pastoral também segue 12 passos para o que chamam de “uma vida nova”. A Paróquia São José Operário, na Vila do Pinheiro, oferece este serviço. É importante salientar que o grupo não é fechado, apenas, para pessoas que sofram de alcoolismo, mas também, para todas as que sofrem com a dependência química por qualquer tipo de droga, ou de depressão. Anderson Nunes, morador do Conjunto Esperança, é coordenador da Pastoral da Sobriedade da São José Operário. Segundo ele, a função da pastoral é fazer com que as pessoas consigam se reinserir na sociedade, na vida em comunidade e na igreja. Por Silvana Sá


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NAS REDES DO CEASM

BAIRROS DO MUNDO

Bairros do Mundo O projeto que inclui jovens e mulheres tem o objetivo de mudar a sociedade

Participantes do grupo se reúnem para discutir temas sobre juventude

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airros do Mundo é uma rede de pesquisa presente em oito países, um deles o Brasil. Localizado na Maré, no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM). O trabalho começou com jovens que moram em bairros populares e favelas. Hoje ele atende também grupos de mulheres que se reúnem para discutir o diaa-dia. Todos os anos são desenvolvidos temas ligados a realidade de cada local, tratados primeiro entre o grupo e depois debatidos em um encontro maior com os países participantes. Isís Ferraz, de 30 anos, facilitadora da Rede, explica como funciona. “Fazemos contato com outros países através de sites da instituição internacional, a que iniciou o Bairros do Mundo”, diz. Segundo Wallace Gonçalves, de 21 anos, falar de quantas pessoas tem no projeto é difícil. “Nós somos uma rede. As pessoas podem circular nela de diversas formas. Ela pode estar no projeto e não vir ao espaço físico, mas existe um núcleo de pesquisa que é

COMO VOVÓ JÁ DIZIA

mais concentrado para reuniões”, comenta. Para Jaqueline Souza, de 22 anos, pesquisadora da rede, a idéia é conscientizar. “Esse ano estamos desenvolvendo um tema chamado, Como a participação política dos jovens pode influenciar na violência. Ele é abrangente, pois, os jovens vivem essa realidade, e tem a oportunidade de transformar

“Nós somos uma rede. As pessoas podem circular nela...” Wallace Gonçalves Integrante do grupo a sociedade”. Segundo o articulador Adilson de Paulo Junior, de 21 anos, existem etapas para desenvolver o tema. “Somos nós mesmos que produzimos as pesquisas. Vamos atrás de jovens que tem haver com o tema, e depois são feitos vídeos para serem levados ao encontro com os países”, diz.

Dentro do Bairros do Mundo, funciona “Mulheres do Mundo”. Soraya Brito, de 30 anos, uma das coordenadoras da rede das mulheres, conta como é o projeto. “Assim como o grupo de jovem, Mulheres do Mundo é um projeto de pesquisa e ação, que discute assuntos abordados por todas as participantes. Ele iniciou no ano passado, e por isso está na fase de diagnóstico” comenta. Também coordenadora, Eliane Silva, de 28 anos, fala sobre o objetivo do grupo. “Queremos conseguir uma boa participação das mulheres no mundo, e com isso mudar a sociedade e não deixar de atingir as políticas públicas”, conclui. Para entrar em contado com a Rede é só acessar www.quartiersdumonde.org. Também através do orkut, na comunidade “Bairros do Mundo”, e profile “Jovem, Câmera, Ação! 2008”. O e-mail bairrosdomundorj@ gmail.com, blog http://www.barriosdelmundo.blogspot.com, e o telefone 2564-4604. Por Douglas Baptista

Dicas de cozinha

• Um dente de alho no óleo das frituras absorve o cheiro e o excesso de gordura. • Para saber quando o óleo está no ponto para fritar, ponha um fósforo no mesmo. Quando ele acen-

der, está no ponto. • Para que não respingue gordura na fritura dos bifes, ponha um pouco de óleo na carne na hora de temperá-la. Depois coloque-a numa panela e não use mais o óleo.

• Ao empanar carne, croquetes ou rissoles, não bata demais o ovo. A fritura ficará mais sequinha. Fonte: www.irenes.com.br/da_ cozinha/frituras.htm


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Dia das crianças no Ceasm

VÂNIA BENTO

Para comemorar o dia das crianças, o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), realizou no dia 17 de outubro, uma festa que reuniu aproximadamente 100 crianças. O evento contou com diversas oficinas, como contos de história, sucata, ciências, serigrafia, cinema, origame, pintura no rosto, e várias brincadeiras. Meninos e meninas tiveram o direito de se expressar através de cartazes, respondendo algumas perguntas: O que não é legal na Maré? O evento também foi marcado por várias frases feitas a partir de impressões infantis VÂNIA BENTO do arquivo Ceasm de 2007. “Ser criança na Maré é brincar com os amigos, se divertir. É correr, pular, jogar bola e fazer um monte de coisas com um monte de amigos”.

Ciência para jovens da Maré

O Cidadão em alta

A Semana Nacional de Ciência e de Tecnologia não ficou restrita aos grandes centros acadêmicos, como a UFRJ. O Ceasm também organizou atividades para comemorar a semana da ciência, nos dias 24 e 25 de outubro. Com o tema Evolução e a diversidade, foi desenvolvidas atividades para os alunos do curso preparatório da Instituição. O filme Ilha das flores, oficinas sobre ótica, de garrafa pet e um campeonato de damas, com prêmio, completaram a programação do evento.

O Jornal O Cidadão participou da mesa de debate junto ao Jornal Extra, Meia Hora e Plantão de Notícias, na segunda Semana de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), campus da Praia Vermelha. O evento, que ocorreu entre os dias 29 de setembro a dois de outubro, foi organizado pelos próprios alunos. Neste período, estudantes de outras universidades estiveram presentes, participando de diversos debates e oficinas de textos.

A comunicação e a busca por políticas públicas O Jornal O Cidadão participou do curso promovido pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), a proposta é capacitar jovens de várias favelas do Rio de Janeiro, com duração de 10 aulas. O objetivo é fazer com que estes comunicadores e futuros comunicadores busquem através de jornais, revistas, rádios e etc, seus direitos. RENATO ROSA

Por uma Comunicação mais justa Na luta pela democratização da comunicação social, aproximadamente trinta movimentos sociais realizaram no dia 17 de Outubro, por volta das 10h uma audiência pública na Alerj, e à tarde, às 17h, um ato na Praça XV. O objetivo destes encontros é o de pressionar as autoridades para a realização da Conferência Nacional de Comunicação. Até agora, mais de 900 pessoas já assinaram o abaixo assinado.

Ato pela vida e contra o extermínio na Maré Com aproximadamente 150 pessoas, “Maré de Rock” iniciou por volta das 19h, dia 18 de Outubro, em frente a passarela 7 da Av. Brasil, na E.M. Bahia. O objeto do evento foi o de expressar a luta pela vida contra o extermínio. O evento contou com a presença de bandas como Raça Humana, Algoz, Passarela 10, Veneto, Aforma, Plenitude Modulada, Oeoxis, Rudá, Levante, D’ Loks. Segundo Jefferson de Souza, de 19 anos, organizador do show, mais VÂNIA BENTO conhecido como “Sem sangue”, a intenção é conscientizar. “Não queremos mostrar nossa opinião somente, mas trazer para a população, como as leis e as medidas do governo, que, não temos acesso, nos afetam”, diz.

Exposição é realizada na Escola Bahia Durante os dias 8, 9 e 10 de Outubro, de 8 às 17 horas, a Escola Municipal Bahia realizou uma exposição com o tema “Mulheres Reais”, apresentada pelas turmas 1801 e 1901. O objetivo foi o de mostrar como era as modas daquele tempo. O evento contou com a presença de aproximadamente 1200 expectadores. E para demonstrar as Mulheres Reais, foram feitos desenhos, interpretação sobre o assunto e bonecas representativas tais como: Dna. Maria I, conhecida como rainha louca, Dna. Carlota Joaquina, esposa de D. João XI, Damas da Corte, Negras, Imperatriz Leopoldina e Biocas.

Viração ganha prêmio A Revista Viração, parceira do Jornal O Cidadão, ganhou o prêmio “Visibilidade das Políticas Sociais e do Serviço Social”, do Conselho Regional de Serviço Social, no dia 31 de Outubro. A revista premiada foi sobre direitos humanos.


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PERFIL

Carlitos mareense Poeta que discute problemas sociais quer lançar o livro “O lado poético da coisa”

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tureza, mas quando o poeta amadureceu sua poesia seguiu outros passos. “Quando a idade foi chegando, passei a escrever sobre desigualdade social, é um tema que me incomoda muito”. Os assuntos relacionados ao seu dia-a-dia, especialmente à violência de qualquer tipo, também são fontes de inspiração. “O lado poético da coisa” Amor, paixão, desilusão são temas explorados por Carlitos, mas a religiosidade também encontra espaço nas composições do poeta. “Eu adoro escrever músicas. Escrevo pagode e especialmente louvores”, disse. A leitura predileta de Carlitos, que estudou até o ensino fundamental, é o dicionário. “Na minha casa tem dicionário para todo lado.

REN ATA SO

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poeta mareense Roberto Alves, de 40 anos, conhecido também como Carlitos, não deixa nada a desejar ao imortalizado personagem criado por Charlie Chaplin, o vagabundo Carlitos, que ao utilizar apenas expressões corporais denunciava as desigualdades e injustiças sociais. A coincidência não se restringe ao apelido, Roberto se destaca pela maneira crítica que posiciona os problemas sociais em seus poemas: “Nossos corpos cansados de apanhar com o chicote da desigualdade. Açoite os nossos sentimentos, destrua esperança da humanidade”. Seu sonho é lançar a coletânea de poemas no livro intitulado “O lado poético da coisa”. Morador da Vila do Pinheiro, Carlitos começou a escrever aos 10 anos de idade quando foi morar em Vargem Pequena com a avó. O lugar, cercado de verde e bonitas paisagens, serviu de inspiração para o menino. “Eu tinha o meu amigo imaginário. Com ele brincava e lia os meus poemas”, disse. O cenário bucólico fez surgir poesias e poemas ligados à na-

“Quando a idade foi chegando passei a escrever sobre desigualdade social”

Eu o utilizo para escrever minhas poesias. É uma forma de fazer com que as pessoas possam ir até o dicionário e ver qual o significado daquela palavra que pode ter várias interpretações”, diz. Parte de toda essa produção, cerca de cem poemas, se encontra inédita porque Carlitos não tem recursos para lançar seu livro “O lado poético da coisa”. O CIDADÃO costuma publicar seus poemas na Página de Rascunho do jornal. “Quando os meus poemas saem no jornal, meus familiares e vizinhos fazem festa. Tem gente até que coleciona. Isso me deixa realizado porque o meu trabalho está sendo visto e reconhecido. Mas meu sonho é levar a minha poesia pelo Brasil afora”, disse Carlitos. Para conhecer melhor o trabalho de Carlitos mareense, basta entrar em contato através dos telefones 3882-2074 e 3976-8250. Por Renata Souza (Veja na Página de Rascunho um dos poemas de Roberto) Além de poemas relacionados ao dia-a-dia, Roberto também compõe músicas


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Moradia: direito de

Para burlar a falta de habitação, pesso abandonados para sobreviver e reivi

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aumento da população e a falta de políticas públicas habitacionais fazem com que o número de pessoas que precisam morar em lugares impróprios à dignidade humana não pare de crescer. Só no Brasil, de acordo com o doutorando do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR/UFRJ), Guilherme Marques, existe cerca de dez milhões de famílias sem condições de moradia, o que representa, aproximadamente, 40 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo em que há cerca de seis milhões de imóveis abandonados. Essa situação se reflete na Maré com o aumento do número de ocupações. De acordo com o administrador da 30ª Região Administrativa da Maré, Delon Alves, de 49 anos, o grande número de ocupações na comunidade é conseqüência da falta de emprego. “Até quatro anos atrás tínhamos pelo menos 180 mil moradores aqui na comunidade. Por isso, ocorreu esse crescimento acelerado de ocupações. As

pessoas não têm dinheiro para pagar aluguel. Eu acredito que os governos estadual e federal deveriam investir mais aqui no Complexo da Maré, principalmente, em saneamento básico e na oferta de emprego. Isto resolveria muitos problemas. E o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) poderia ser uma das soluções”, diz. O pesquisador Guilherme Marques também acredita que o problema habitacional está ligado ao desemprego. “Hoje a questão da moradia não pode ser desvinculado ao problema de trabalho. Se for observar, na maioria das ocupações, o que se vê são pessoas que estão desempregadas ou que têm empregos precários: são empregos em que as pessoas não trabalham oito horas por dia, não têm salário fixo, nem carteira assinada, e depende de um bico para sobreviver”, atesta. Isto dificulta o acesso à moradia, já que se trata de um bem caro. “A moradia não é algo que você produz e vende, ela é um bem que demora muito para ser fabricado,

é diferente de uma lata de sardinha que você vai ao supermercado e compra. Para a habitação, você precisa de um solo para construir, o que depende muitas das vezes do financiamento de um banco. É algo muito caro e a grande parcela da população não tem acesso, a não ser por financiamento, e quem tem emprego precário não tem acesso a estes financiamentos, logo não tem empréstimos”, conclui Marques.

Mandacaru: retrato do descaso do Estado Na Maré, uma das comunidades que mais sofre com moradias precárias é Mandacaru. Ocupada há 15 anos, cerca de cem famílias dividem o espaço com insetos, lixos e esgoto a céu aberto. A Prefeitura, há dois anos, procurou resolver o problema com a ameaça de remoção. O prefeito César Maia ofereceu o valor máximo de R$1.500 por barraco. O fato causou desespero aos moradores, já que diziam que com


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: um de poucos

essoas ocupam espaços eivindicar o direito a um teto

Foto maior: entrada da comunidade de Mandacaru, localizada na Maré que sofre com sérios problemas de saneamento básico; foto acima: a quantidade de lixo encontrada pelas ruas é um desses exemplos; à direita: alguns barracos que há poucos meses pegaram fogo e muitas famílias perderam o pouco que tinham; abaixo, esgoto à céu aberto provoca muitas doenças nas redondezas

esta quantia a única solução era a de ir para “debaixo da ponte”. Na ocasião, a comunidade se organizou e impediu a remoção. Mas os problemas persistem, já que o Estado continua ignorando a precária situação de Mandacaru. Em época de chuvas, a comunidade sofre com o lamaçal, esgoto na porta de casa e com as doenças. “Eu tenho uma neta toda mordida de rato, ela já fez quatro cirurgias plásticas no rosto, ficou toda mordida. Meu outro neto também foi mordido por rato. Estamos à mercê das ratazanas. Uma vizinha acabou de morrer com dengue hemorrágica. Isso é muito complicado, não temos nem médicos no posto de saúde, temos que ir para os hospitais e contamos com a sorte para ser atendido”, afirma Dalva Martins, 53 anos, moradora de Mandacaru. Para Dalva o Estado abandonou a comunidade. “O que sei é que temos direito a moradia, mas não temos casa. Nós estamos aqui abandonados pelo governo, pela prefeitura, não temos

nada, não temos nem água. Carrego água todos os dias para a minha casa. Anos atrás quiseram tirar a gente do nosso barraco e colocar na rua. Mas isso é porque eles não estão na rua, nós é que estamos”. Segundo Elenita Fernandes, representante da Associação de Moradores de Marcílio Dias que também atende à comunidade de Mandacaru, a ausência do Estado vai além da falta de habitação. “O correio não chega a lugar nenhum de Mandacaru, todas as cartas são deixadas aqui na associação. A iluminação é precária, não tem postes de luz; em Mandacaru é tudo escuro à noite. E, há quatro meses, pelo menos oito barracos pegaram fogo. As famílias que moravam neles perderam tudo, agora estão na casa de parentes e vizinhos. O bombeiro demorou muito para chegar”, diz Elenita. Outras ocupações na Maré passam pelo mesmo problema que Mandacaru. Na ocupação Mclaren, localizada entre (Continua na próxima página)

FOTOS: RENATO ROSA


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CAPA

(Continuação da página anterior) Vila do Pinheiro e Baixa do Sapateiro, moradores também relatam a situação desumana em que vivem. “Morar aqui é horrível, tem rato, lacraia, baratas, vários bichos. Aqui é um lugar péssimo de se morar, só moro aqui porque preciso. Vivo aqui há dois anos, tenho três filhos. Quando chove, as casas ficam cheias, o esgoto é aberto, as crianças ficam doentes, pegam frieiras, coceiras. Na casa da minha irmã, que é o segundo barraco, sempre enche, o esgoto e a chuva invadem a casa dela”, diz A. Oliveira, de 26 anos. Lucileide Paez, de 37 anos, moradora do galpão ocupado na rua Capitão Carlos, no Morro do Timbau, fala sobre a realidade de uma ocupação. “Moro aqui há sete meses. Auxílios, não têm nenhum. Algumas coisas precisam ser melhoradas, como a energia e a água. Se for para tirar a gente daqui e colocar em um lugar pior, eu prefiro ficar aqui mesmo”, diz.

“Ocupar, resistir e lutar para não sair” As ocupações no Brasil configuram-se como uma estratégia política de pressão dos movimentos sociais em busca de Reform a s

Urbana e Agrária. Os movimentos ao entoarem “Ocupar, resistir e lutar para não sair”, estão resguardos pelo direito à moradia, previsto como direito fundamental na Constituição Federal. De acordo com Marques, as ocupações podem resolver definitivamente a dificuldade de habitação. “E se as ocupações são feitas de forma organizada, politizada, elas podem resolver os problemas da falta de moradia, de trabalho e renda, de segurança, de educação e de saúde, entre outras coisas”, afirma. Para o pesquisador, a solução para o déficit habitacional está nas políticas públicas voltadas para os setores de baixa renda. “É preciso políticas habitacionais, mas com subsídio,

Ocupações indígenas e O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma das iniciativas mais organizada e reconhecida do País, promove ocupações para reivindicar a Reforma Agrária. Criado na década de 80, o MST pretende se articular com todos os setores sociais para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo e o imperialismo, apontados como causadores dos problemas estruturais que afetam o povo. O movimento luta contra a privatização do patrimônio público, e também reivindica o fim do trabalho escravo e a punição dos responsáveis por ele. O MST é contra toda forma de violência no campo e na cidade, bem como a criminalização dos movimentos sociais. O movimento exige o direito a terra no Brasil. Um dos países com a maior concentração de terra do mundo. O índio, etnia também expropriada de seu lar, procura na cidade o reconhecimento de sua cultura, lutando pela demarcação das terras indígenas. Há dois anos, o Instituto Tamoio dos Povos Originários ocupou o

prédio que abrigava o Museu do Índio, no Maracanã. Segundo Marize Tamikuan, o preconceito com os povos indígenas é muito grande, mas a busca pelos seus direitos vai continuar. “O Instituto Tamoio, projeto inicial da ocupação, reivindica a promoção e difusão da cultura indígena. Também queremos ter aqui uma universidade indígena. Queremos fazer uma parceria com as universidades públicas para a construção dos cursos e reconstruir esse prédio que está caindo aos pedaços”, relata Marize. “Mídia criminaliza movimentos sociais” De acordo com o pesquisador Guilherme Marques, a mídia promove uma grande ação para a criminalizar esses movimentos sociais. Isso ocorre tanto nas ocupações das grandes cidades como no campo. “Se o MST ocupa uma terra, reivindicando a reforma agrária, a grande mídia chama o movimento de invasor, violento, vândalo. A mídia considera qualquer coisa que seja contra a propriedade privada, o latifúndio, que também é de interesse dela, como violência. Afinal, no Brasil a comunicação so-

com auxílios, e também, criar uma perspectiva mais ampla de reforma urbana. Porque para resolver a questão habitacional, que é misturada com o de trabalho, tem que se resolver o problema de transporte, de política de segurança, entre outros. As ocupações são soluções que o movimento consegue criar, mas não resolve tudo, é preciso que o Estado, que os governantes façam políticas com subsídios para acabar com estes problemas”, diz.

Direito a um lar Moradia não significa apenas ter um lugar, uma casa para morar, mas sim,


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15 FRANCISCO VALDEAN

e rurais cial, também, está concentrada nas mãos de poucos”, diz. Diante dessa situação, o filósofo Claudemiro Godoy faz o seguinte questionamento em artigo publicado na Agência de Notícias Adital: A quem interessa realmente que o MST se torne um movimento sem credibilidade para a sociedade? É evidente que os grupos dominantes, as elites, os fazendeiros, os mesmos que conseguiram derrubar o relatório popular da Terra e apresentar um substitutivo aprovado que diz ser todo ato de ocupação e ações do MST e outros movimentos sociais do campo caracterizados como crimes hediondos. São os mesmos que se utilizam da Mídia para inculcar na con-

sciência do povo brasileiro um conceito ou pré-conceito em relação às ações do MST. Esqueceram-se somente de dizer que a grilagem e a morte de trabalhadores rurais também é crime hediondo e que mais hediondo ainda é o próprio latifúndio.”

DOUGLAS BAPTISTA

Acima, mística do Movimento dos Tabalhadores Rurais Sem Terra, na Escola Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo; ao lado, ocupação indígena, no antigo prédio do Museu do Índio, em frente ao portão 13 do Maracanã

garantir outros direitos básicos para a sobrevivência cidadã. “A nossa luta é por moradia, mas não só por isso, porque depois que a gente ocupou o prédio, a gente descobriu que existem outras necessidades: trabalho, educação, a luta nunca é por uma coisa apenas”, diz Gláucia Marinho, de 23 anos, moradora da Ocupação Chiquinha Gonza-

ga, que fica no Centro do Rio. Marques, assim como Gláucia, afirma que as ocupações trazem outros benefícios. “Com as ocupações, as pessoas não resolvem só o problema do seu teto, mas passam a ter acesso a bens culturais. Além dos debates e filmes que são passados e discutidos nas ocupações organizadas, se aprende a

viver em coletivo, resolvendo sempre os problemas em grupo, até porque, a maioria dessas pessoas tem problemas parecidos, tornando as soluções mais possíveis”, diz. Por Gizele Martins (Colaboração: Renata Souza)


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SÉRIE: SAÚDE NA GRAVIDEZ

A importância do pré-natal O acompanhamento médico oferece às mães mais confiança e cuidados durante a gestação JEINNY SOLIS S./SXC

N

esta edição falaremos sobre a importância do pré-natal. Muitos riscos de contaminação, doenças e até mesmo a morte do bebê ou da mãe, podem ser evitados quando a grávida passa a ser acompanhada por um obstetra. Além de poder tirar dúvidas e aprender mais sobre assuntos relacionados à gravidez e o parto. A enfermeira Vera Freire, de 65 anos, do Posto Ciep Vicente Mariano, fala sobre o pré-natal. “O acompanhamento médico durante a gravidez é muito importante, pois muitas vezes, previne a criança de doenças, além de fazer as mães tratarem-se também. Um exemplo disso é a sífilis, doença sexualmente transmissível, que pode levar o bebê à cegueira, à surdez, entre outros tipos de doenças”. Segundo a enfermeira, quando há esses tipos de casos, elas são conduzidas a hospitais especializados. “Dependendo de algumas doenças as mães são encaminhadas para o Hospital do Fundão, pois lá ela terá um acompanhamento melhor que nos postos, tratando-se da ultra-sonografia, por exemplo, que é de graça, não precisando procurar nem um lugar para pagar”, diz. A enfermeira Taís Conceição, do posto Ciep Elis Regina, reafirma a importância do pré-natal “É muito importante o acom-

Com o acompanhamento pré-natal, muitos riscos e doenças podem ser evitados durante a gravidez

panhamento médico, pois é nele que se pode prevenir algumas doenças que muitas vezes são até simples. Muitas doenças podem ser tratadas ambulatoriamente e nem precisam ser orientadas para um hospital. É importante que elas estejam bem informadas, na hora do parto, sobre a própria saúde e não só a do bebê”, diz. Segundo a enfermeira Vera, o município diz que a mulher deve ter pelo menos 6 consultas pré-natais. Mas no posto em que trabalha, as mulheres são consultadas em média de 12 a 13 vezes. “Desde 1998 inscrevemos todas as mulheres que passam pelo pré-natal, e constatamos desde aquela época, que o número de atendimentos é de 7, 8 ou mais”, conclui. Vera Freire, explica que o profissional ligado à área de enfermagem pode tratar e até fazer partos, dependendo do hospital ou clínica que esteja

trabalhando. “O município permite que o atendimento seja feito por enfermeiras e médicos também. Para isso fazemos especialização em obstetrícia”. A enfermeira Vera, por exemplo, acompanha as futuras mamães até os sete meses, depois elas são

“É muito importante o acompanhamento médico, pois é nele que se pode prevenir algumas doenças” Taís Conceição Enfermeira acompanhadas pela médica. Outro assunto abordado por Vera é a importância das grávidas fazerem preventivo. “Existe um tabu de que a gestante não pode fazer preventivo, mas aqui no posto, elas fazem. Afinal, doenças como o câncer podem ser descobertos, e a partir daí, ela já pode iniciar o tratamento”, diz a enfermeira. Por Gizele Martins


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ABRINDO O LIVRO

Hiroshima e Nagazaki Considerados os únicos ataques nucleares da história, deixou mais de 200 mil pessoas mortas

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m agosto, completaram-se 63 anos do bombardeio atômico que os Estados Unidos realizaram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Estima-se que mais de 200 mil pessoas morreram. Mais de 90% eram civis. Em 6 de agosto de 1945 foi lançada a primeira bomba atômica sobre Hiroshima. E três dias depois, em Nagasaki. Com isso, cerca de 100 mil pessoas morreram depois, por causa do envenenamento pela radiação nuclear, espalhada pelas bombas. A maioria delas

desenvolveu diversos tipos de câncer, por conta da radiação. A justificativa dos Estados Unidos para os atentados era acabar com a II Guerra Mundial. De fato, dias depois, o Japão declarou o cessar fogo. Como diria a música de Zizi Posse, “que contradição, só a guerra faz a paz”. Até hoje há norte-americanos que defendem o bombardeio ao Japão como “um mal necessário”. De acordo com o ponto de vista “estadunidense”, eles foram os responsáveis por terminar a guerra meses mais cedo, poupando milhares de vida. Contraditoriamente, para isso, mataram mais do que em toda a história. O Japão e o mundo considera o bombardeio um crime sem precedentes na história. Um ato totalmente desnecessário, uma vez que o Japão já preparava sua rendição. Foi mais uma forma de demonstrar força, de dizer “Nós somos os Estados Unidos e

quem se colocar no nosso caminho terá o mesmo fim”. É dessa forma que o mundo vê este atentado. A importância das cidades para o Japão Hiroshima, considerada uma das mais importantes cidades japonesas durante a 2ª Guerra, tinha o poder de reunir importantes indústrias e o poderio militar. A cidade era um centro de comunicações, um ponto de armazenamento, e uma zona de reunião para tropas japonesas. A cidade de Nagasaki tinha sido um dos maiores e mais importantes portos de mar do sul do Japão, sendo, por isso, de grande importância em tempo de guerra. Também produzia canhões e munições, navios, equipamento militar, e outros materiais de guerra. Por Silvana Sá

“Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida” Vinicius de Moraes Poema Rosa de Hiroshima


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ESPORTE

Pequeno campeão em busca de grandes vitórias

RENATA SOUZA

Projeto de jiu-jitsu apresenta um mundo de possibilidades para mareenses

O

projeto Pequeno Campeão funciona desde 2005 e oferece aos meninos e meninas da Maré uma nova forma de encarar a vida através do esporte. Idealizado pelo lutador de Jiu-jitsu Anderson Carvalho, mais conhecido como Dinho, de 32 anos, o projeto inicia a garotada na vida de lutador de jiu-jitsu com o diferencial apelo para a cidadania. O resultado de tanto empenho pode ser notado através da coleção de medalhas e títulos conquistados a duras penas. “No nosso time já tem até tri-campeão carioca de jiujitsu”, afirma Dinho ao apresentar às comunidades da Baixa do Sapateiro e da Rubens Vaz as novas promessas do esporte. “Só entra para o time se estiver estudando”, essa é a primeira frase que Dinho utiliza ao receber um novo aspirante lutador de jiu-jitsu. Para ele, o esporte deve estar diretamente ligado à educação, pois o objetivos do projeto é formar cidadãos. “Isso tem surtido efeito. A galera que estava mal na escola, já apresenta uma melho-

Alunos e professores do Projeto Pequeno Campeão exibem medalhas e troféu após campeonato

ria nas notas e no comportamento também, já que trabalhamos bastante a disciplina definindo a hora de estudar, brincar e treinar”, afirma Dinho. Os alunos também fazem atividades externas, como ir ao Cinema Brasil, em Bonsucesso. Vitórias Atualmente, o Pequeno Campeão atende cerca de 50 meninos e meninas a partir de 5 anos. Dentre estes, 12 alunos são federados a Federação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro. Os destaques das últimas competições foram Ewerton Lucas, o Chorão, de 9 anos, tricampeão carioca; Vitor Oliveira, 8 anos, bicampeão carioca e Wellington Froes, o Teco, de 8 anos, também bicampeão carioca. Outros 10 alunos já possuem o título de campeão carioca. Mas as promessas do Pequeno Campeão identificadas por Dinho são Guilherme, de 5 anos, morador da Nova Holanda e Gracie Kelly, 15 anos, moradora da Baixa do Sapateiro. “Esses dois têm um grande diferencial que é a capacidade de superação. O Gui, era super-ativo e hoje é o mais disciplinado e me ajuda a treinar os no-

vos alunos. A Gracie, que luta muito, levou um tiro de bala perdida na perna no início do ano e hoje já está com a bola toda para seguir em frente”, afirma Dinho. Mas, nem tudo são flores da vida do Pequeno Campeão. O projeto não tem financiamento, apenas o

“Só entra para o time se estiver estudando” Dinho, de 32 anos Coordenador do projeto apoio da Nut. A empresa fornece 200 refrescos que são vendidos e o valor arrecadado ajuda as inscrições nas competições. Os quimonos são comprados em brechó. “A gente não consegue patrocínio e os comerciantes locais não oferecem o apoio necessário para ajudar as crianças”, afirma Dinho. O projeto funciona todos os dias na Rua Principal, n° 2, Sb, e busca voluntários, como psicólogos e pessoas que saibam trabalhar com os primeiros socorros. Também solicitam doações de quimonos e tatame. Para ajudar é só ligar para 3868-0932 ou 9231-6983. Por Renata Souza


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MUSICAL

DIVULGAÇÃO

Rock para mudar

Banda Algoz encontra dificuldades na hora de encontrar patrocínio, mas não desiste da luta Esse som alegre e pesado que contagia muitos moradores da Maré, principalmente os jovens, surgiu em 2003.

C

om um estilo diferente do que se costuma ouvir no Brasil, a Banda Algoz conseguiu um resultado significativo no Primeiro Festival de Bandas de Rock da Maré, promovido pela Lona Cultural Herbert Vianna, localizada na comunidade Nova Maré. Ficou entres as três melhores bandas, a premiação foi uma turnê pelas Lonas Culturais do Rio de Janeiro. Em julho de 2007, o grupo foi convidado a participar do festival Favela Festa que acontece a cada dois anos no Circo Voador, uma das casas de shows mais tradicionais da cidade. Lá eles apresentaram uma de suas músicas mais conhecidas “O Som da

Dor” conquistando cada vez mais o seu espaço no cenário rock do Rio. Segundo Elza Carvalho, as gravadoras não investem muito nesse estilo de música. “Faltam espaços destinados para shows”, revela. Diogo Nascimento, fala sobre as dificuldades da banda “Tem que ter grana para divulgar o trabalho. Tentamos fazer com que as pessoas conheçam o nosso som, mas temos que cantar músicas de outros grupos conhecidos também”, afirma. Para André Soares, as pessoas buscam modinha, não adianta a propaganda boca a boca. “Precisamos da mídia, ela que faz a música se tornar conhecida”, conclui.

SABOR DA MARÉ

Além disso, o grupo afirma que falta espaço para o rock na comunidade. “Muitos não vêem o estilo como algo lucrativo, por isso não dão créditos aos nossos shows. Falta lugar para mostrar o nosso som”, disse Elza. No momento, o único espaço para o movimento do rock, fica no Largo IV Centenário, Morro do Timbau. “Temos que tocar por amor. Em nossas letras temos mensagens de indignação para passar”, afirma Márcio João. Para entrar em contato com a banda os telefones são 97541950, 98442177 e 22306817 e o e-mail cabecadesino@gmail.com. Por Julie Alves WAGNER LIMA

Bolo de Laranja Ingredientes: • 1 copo de óleo (250 ml) • 5 ovos • 2 copos de açúcar • 1 laranja • 4 copos de farinha • 1 colher de chá de fermento

Modo de Preparo: • 1° a laranja é cortada em quatro com casca, sem sementes, e colocada no liquidificador junto com os três primeiros ingredientes; • 2° depois disso misture a farinha e o fermento com os ingredientes que foram batidos no liquidificador, até ficar bem misturado. • 3° Passe manteiga e farinha na fôrma de bolo. • Forno: 180° na base de 35 à 45 minutos Sugestão: Se achar que vai ficar muito ácido pode tirar a casca da laranja ou pôr apenas a metade da casca.

A receita do bolo de laranja foi enviada pelo leitor Vagner Lima


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22 PÁGINA DE RASCUNHO

Benefícios que nada custam - Um rosto alegre na monotonia do trabalho cotidiano. - Um silêncio cuidadoso sobre os erros dos outros. - Uma palavra de reconhecimento e de incentivo para as qualidades do próximo. - Um pequeno serviço prestado a um subalterno. - Um sorriso alegre e uma palavra amiga para as crianças. - Um aperto de mão calorosa e amiga para os tristes. - Uma conversa paciente e interessante com os aborrecidos ou desagradável. - Um olhar afetuoso compreensivo para os que sofrem interiormente. - Uma saudação alegre e camarada para os problemáticos. - Uma confissão da própria fraqueza aos desanimados. - Um reconhecimento legal do erro cometido.

CARTAS As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o CEASM - Jornal O CIDADÃO (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050) ou pelo e-mail: jornaldamare@yahoo.com.br

Escravidão SENTIRÁ o dono de tudo, Seus castelos serão erguidos Seus irmão escravizados, Suas vidas correndo perigo. NOSSOS corpos cansados de apanhar, Com o chicote da desigualdade, Açoite os nossos sentimentos, Destrua esperança da humanidade. AINDA que eu morra, As palavras continuarão sendo ditadas, Essas forças não vai nos tirar, É o prazer de continuar lutando,

E sempre poder a verdade falar. NÃO vamos a violência nos unir, Nem tão pouco nos acorvadar, Deixe que eles se destruam, Querendo apenas enricar. SANGUE_SUGAS, seus ratos imundos, Olhe a morte de seus irmão, Estigue-os com tão pouco, Mais não os tira da escravidão. Roberto N. Alves Carlitos Mareense

Rosário F. Frazão

Ligue e Anuncie!

3868-4007 Errata: Na edição 57, página 05, o tamanho do terreno da Igreja Nossa Senhora da Paz é 3.184. Na matéria sobre Doenças Renais, página 16, Roque Pereira, de 47 anos, é transplantado. Na matéria de educação, página 03, Francisco Valdean é estudante universitário, da Uerj. Na página 21, matéria Musicultura, o horário de funcionamento do grupo é de 9h às 21h. Na página 24, matéria São 11 anos de luta, ousadia e esperança, o texto completo é: (...) Mas é um desafio para gente também. Essa Casa de Cultura é uma referência para a Maré”, analisou.

Yuri, morador da comunidade, representa seu time de coração, enquanto Yago Otavio, também morador, sua escola


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CAÇA-PALAVRAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2008

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

E C B R B X L A I C A F O T N E D C U O U R Q X Q E

A D M W T B Z U D E R S J B Z F W C M P W E N U E R

H E O P K Q I N T E L E C T U A L T J M B P M A A N

Solução

L A I C A F O T N E D

Z U D E R

I N T E L E C T U A L

O B E S I D A D E

B M O C

FONTE: Estas piadas foram retiradas do livro ‘Desordem no tribunal’. São coisas que as pessoas disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos que tiveram que permanecer calmos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.

L G A N E T U L G M A X I L A R E S I R A M Z I Q T

E T A N E T U L G M A X I L A R E S

Idade do filho Advogado : Que idade tem seu filho? Testemunha: 38 ou 35, não me lembro. Advogado : Há quanto tempo ele mora com você? Testemunha: Há 45 anos.

E R T J N W X K V P S J J K A U Q M X T T I S L Y A

O Ã Ç A G I T S A M

Concepção Advogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto? Testemunha: Sim, foi. Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?

U G E Q P O Ã Ç A G I T S A M N B O G A W T A I N M

A T R O P M I

Fim do casamento Advogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento? Testemunha: Por morte do cônjuge. Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?

A I C I P O R P Z W I G A T E P U H C N R E U A A B

A I C A I M P A O E M R D E P A N D T E A I D S A A N S T A E P U H C E T N

Confusão de sexo Advogado : Poderia descrever o suspeito? Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba. Advogado : E era um homem ou uma mulher?

W L A A M A M E N T A D A S E X B U N T Q Y D B N A

M A T E R N O

Pi a ad d as

I D M I E B E D A Porque o leite MATERNO... D ...melhora a SAÚDE física do E bebê. ...AUXILIA no desenvolviI mento INTELECTUAL. S ...PERMITE que crianças N AMAMENTADAS no peito combatam a ANSIEDADE com A maior facilidade. S ...é um IMPORTANTE aliado Q no COMBATE a alergias, OBESIDADE e intolerância ao T GLÚTEN. W ...é bom para o desenvolviE mento DENTOFACIAL, favorecendo, entre outras coisas, S a adequada MASTIGAÇÃO no G futuro. E ...PROPICIA um bom desenS volvimento dos MAXILARES, o M que REDUZ a necessidade de chupar dedo ou CHUPETA. W

E T I M R E P E D U A S A I L I X U A

Por que amamentar?

E M C Y T W F C O B E S I D A D E M H I F P U C S O

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Um marco na vida da comunidade

Novo prédio O ano de 2008 não marca somente os 50 anos da Escola Municipal IV Centenário, mas uma mudança radical em sua estrutura. Em novembro o antigo prédio foi demolido para a construção de um mais moderno, fato que não agradou a alguns ex-alunos e moradores. “Fiquei triste porque foi construído pelos moradores. Com as obras eles levam muitas lembranças e histórias”, comentou Terezinha Lanzellotti, de 42 anos, moradora da Baixa do Sapateiro. No local será erguido um prédio de três andares, que além das salas de aulas, terá

biblioteca e quadra de esportes. Para Rita de Cássia Magnino, diretora do IV Centenário, a escola não tinha estrutura. “Nunca houve reformas e quando as telhas quebram temos que mudá-las rápido, senão as goteiras enchem as salas”, comentou. Segundo ela, a mudança não prejudicará os alunos que foram remanejados para a Escola Municipal Bahia. Os estudantes ficarão alojados no segundo andar do prédio por aproximadamente um ano. “Há dois meses fiz uma reunião como os responsáveis, alunos e toda a coordenação, e a mudança foi explicada detalhadamente. Para ter uma escola que atenda toda comunidade é necessário esse sacrifício. Tudo será um grande presente para nós, e no próximo ano iremos comemorar com uma grande festa”, completou Rita. Por Cristiane Barbalho e Julie Alves No sentido horário, terreno da escola da Prefeitura após a demolição; Alunos do IV Centenário comemorando os 43 anos da escola; Casatitus Esporte, time que jogava no antigo campo do Minas Gerais, atual terreno do IV Centenário

ACERVO PESSOAL ISABEL LOURENÇO

I

nesquecíveis festas, como as juninas, que reuniam não somente os alunos e seus parentes, mas toda a comunidade, ficaram na história da Escola Municipal IV Centenário, localizada na Baixa do Sapateiro. O correio interno, que funcionava na escola permitia a comunicação entre os alunos da instituição, marcou a vida de muitas crianças, hoje adultos. Os 50 anos de existência, comemorados em 2008, trouxe as lembranças de volta aos muitos alunos da escola. As curiosidades também fazem parte da Escola Municipal IV Centenário e uma delas envolve o nome. No ano de 1965, a cidade do Rio de Janeiro comemorava 400 anos de fundação, e muitas homenagens aconteciam no então Estado da Guanabara, uma delas foi a mudança do nome da escola, antes chamada de SERFHA 3 (Serviço Especial de Recuperação de Favelas e Habitações Anti-higiênicas), criado na gestão do prefeito Francisco Negrão de Lima, que permaneceu no cargo de 1953 à 1958. Mas o que existia no local antes da Escola Municipal IV Centenário? O terreno já foi campo de futebol do extinto Minas Gerais Futebol Clube, de 1928 até a construção do prédio do colégio. “Ali tinha uma barreira e um campo que vinha daqui da rua da Associação de Moradores (rua Canaã) até a rua do Serviço”, contou Dona Iara, moradora da comunidade, à Rede Memória.

HÉLIO EUCLIDES

Escola IV Centenário comemora 50 anos com muitas histórias

RENATO ROSA


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