Notícias de Israel - Ano 30 - Nº 3

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BETH-SHALOM

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Março de 2008 • Ano 30 • Nº 3 • R$ 3,50



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Prezados Amigos de Israel

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A Preparação de Abração

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Deus de Jacó, Deus de Israel - 1ª Parte

Notícias de

ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

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Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

El Shaddai: o Anjo do Senhor

Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 35.00 Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

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HORIZONTE • O presidente Bush na Terra Santa - 19 • As relações americano-israelenses - 22

INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).


A visita do presidente norte-americano George W. Bush a Israel e à Autoridade Palestina pode ser vista como questão de rotina, sem maiores conseqüências políticas, ou como ponto de virada no assim chamado processo de paz entre Israel e os palestinos. Anúncios de até oito páginas inteiras no jornal “Jerusalem Post” (em língua inglesa) traziam apelos ao presidente Bush e ao primeiroministro Olmert. Os textos eram de oponentes a um Estado palestino e também de cidadãos preocupados, que consideram uma nova divisão de Jerusalém uma ameaça. Esses apelos mostram que, dessa vez, a visita presidencial era mais do que uma troca de gentilezas. Os autores dos anúncios temiam, com razão, que as declarações de propósitos dos políticos eram sérias. Por exemplo, o presidente Bush salientou repetidamente que ainda dentro de seu mandato irá se realizar um acordo entre Israel e os palestinos. Sua visita, pelo visto, deveria fortalecer o primeiro-ministro Olmert e seu governo, porque este depende de parceiros de coalizão. Nesse meio tempo, Avigdor Lieberman, líder do partido “Israel Beiteinu”, formado majoritariamente por imigrantes russos, deixou o governo em protesto pelos recentes desenvolvimentos. Sem dúvida uma condição básica para um futuro acordo de paz é um governo com capacidade de ação, que detenha a maioria parlamentar. Com vistas a esse ponto crítico, Bush conclamou os líderes dos partidos da coalizão a cuidarem bem do primeiro-ministro Olmert. O presidente americano também mostrou-se convicto de que a fundação de um Estado palestino é a melhor solução para o conflito entre Israel e os palestinos e contribuirá para a segurança de Israel. Mas ele deixou claro que não deve haver direito de retorno dos palestinos a Israel. Ele advoga que a Palestina deve ser uma pátria para os palestinos assim como Israel o é para os judeus. Os refugiados palestinos, porém, deveriam ser indenizados através da regulamentação de um acordo internacional. Bush, entretanto, alertou para não forçar um acordo de paz e um Estado palestino através do terrorismo. Ele enfatizou ainda a obrigação dos Estados Unidos de garantir a segurança de Israel. A futura fronteira dos dois Estados deverá ser estabelecida por negociações bilaterais. A Israel o presidente dirigiu a exortação de não fundar novas colônias e de dissolver as não-autorizadas. Aos palestinos ele falou para combater o terror e destruir sua estrutura.

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Bush ficou muito inseguro quando o assunto era Jerusalém. Ele disse: “Eu sei que a questão de Jerusalém é problemática, porque ambos os lados têm profundos interesses políticos e religiosos nesse assunto. Encontrar uma solução para esse problema é o maior desafio no já iniciado caminho para a paz”. Com essa declaração ele acertou em cheio. Pois Deus disse quase o mesmo através do profeta Zacarias (cap. 12). Não se achará uma resposta satisfatória para a questão de Jerusalém. Essa cidade se tornará uma pedra pesada demais para todos os povos. Esse problema será solucionado somente quando vier o Príncipe da Paz, de quem Zacarias também fala no capítulo 12 de seu livro. Unidos na segura esperança de Sua volta, saúdo com um cordial Shalom!

r Fredi Winkle


Para cumprir Suas promessas de gerar o Salvador neste mundo, Deus se comunicou com Abrão, segundo está escrito: “Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12.1-3).

Abrão é a origem de Israel e também é a origem da fé; por essa razão ele é mencionado no Novo Testamento como o pai de todos os que crêem. Observe que, através da avenida da fé, Abrão se tornou o pai da nação de Israel. Israel é o ponto físico de contato entre o céu e a terra. Israel é o embaixador de Deus ao mundo. Tal fato deveria nos ajudar a entender melhor estas palavras de Jesus: “...porque a salvação vem dos judeus” (João 4.22). Para confirmar a declaração de que Israel é o contato físico entre o céu e a terra, é preciso que leiamos o texto de Zacarias 8.3: “Assim diz o SENHOR: Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém chamar-se-á a cidade fiel, e o monte do SENHOR dos Exércitos, monte santo”. Para executar Seu plano de habitar “no meio de Jerusalém”, Deus teve que estabelecer um ponto inicial e esse ponto inicial foi Abrão, aque-

le que personifica a preparação para o estabelecimento de um reino físico e visível no planeta Terra. Por que Deus escolheu Abrão? Porque ele creu incondicionalmente em Deus.

O Reino Inimigo É lógico, portanto, que o inimigo de Deus igualmente se prepare para fortalecer seu reino, persuadindo a humanidade para que o adore, em vez de adorar a Deus. Ele conseguirá tal intento quando implantar no mundo a Marca da Besta. Jesus declarou: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (João 18.36). Satanás é o rei deste reino terreno vigente. Ele tem autoridade sobre todos os pecadores. A Bíblia diz que “todos pecaram”, o que significa que todos pertencem ao reino do diabo. Por essa razão Sata-

nás pôde oferecer este mundo a Jesus, como se vê nesta passagem: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo [...] Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mateus 4.1,8-9).

A Chamada de Abrão Conforme lemos no início deste capítulo, a chamada de Abrão foi registrada em Gênesis 12.1-3, onde Deus se comprometeu a fazer quatro coisas: 1. Mostraria uma terra a Abrão; 2. Faria de Abrão uma grande nação; 3. Abençoaria a Abrão, o qual, por sua vez, seria uma benção para o mundo inteiro; 4. Abençoaria aqueles que abençoassem a Abrão e amaldiçoaria aqueles que o amaldiçoassem.

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Israel é o ponto físico de contato entre o céu e a terra. Israel é o embaixador de Deus ao mundo. Na foto: Tel Aviv.

Abrão: o Profeta Calado Nas Escrituras não se pode encontrar nada sobre a vontade, intenções e planos pessoais de Abrão. Não há, sequer, o registro de uma única palavra da resposta verbal de Abrão ao chamado de Deus. Ele não perguntou nada, não questionou nada, não expressou discordância, nem levantou nenhuma dúvida. O versículo seguinte já começa com a ação obediente de Abrão: “Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR...” (Gênesis 12.4). Um fato significativo é que Abrão não teve a experiência de nenhum milagre ou sinal sobrenatural naquele momento. Não houve sinais e prodígios que marcassem aquela caminhada de Abrão com Deus. Esse é o tipo de fé que devemos ter hoje em dia: a fé que crê sem ver.

A Chegada a Canaã Abrão tinha 75 anos de idade quando deixou Harã, o lugar onde ele fora com seu pai. Abrão permaneceu em Harã até a morte de seu

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pai. Depois disso, ele, Sarai e Ló partiram, finalmente, para Canaã. De novo, não se lê sequer uma palavra proferida por Abrão. Por que Abrão não tinha nada a dizer? Porque ele cria nAquele que é o Autor e Consumador de todas as coisas; Aquele por cuja Palavra o mundo e toda a criação vieram a existir. Abrão reconheceu que não havia nada a fazer, exceto obedecer às instruções de Deus.

O Altar e a Promessa “Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera” (Gênesis 12.7). De novo, não há registro de nenhuma palavra proferida por Abrão, nem de qualquer instrução dada. Lemos apenas promessas. No versículo 8 desse mesmo capítulo, encontramos a menção de um segundo altar: “Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e invocou o

nome do SENHOR”. Pode-se imediatamente perceber que o alvo prioritário desse homem era agradar o Deus do céu. O texto de Hebreus 11.10 é um testemunho disso: “Porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador”. Embora nenhuma palavra de Abrão tenha sido registrada, somos informados de que Abrão: “invocou o nome do SENHOR” (v. 8). Todavia, o conteúdo de sua oração ficou em secreto; era algo que devia ficar entre ele e seu Deus.

Um Passo Incerto Abrão recebera instruções para ir a Canaã e obedeceu. Ele recebeu a escritura de posse da Terra Prometida. Mas então ocorreu o seguinte: “Depois, seguiu Abrão dali, indo sempre para o Neguebe. Havia fome naquela terra; desceu, pois, Abrão ao Egito, para aí ficar, porquanto era grande a fome na terra” (vv. 9-10). O que Abrão deixou de fazer nessa situação? Abrão não buscou a orientação de Deus, nem recebeu nenhuma orientação para


dar esse próximo passo. Ao que parece, ele se dirigiu para o Egito por sua própria iniciativa.

As Primeiras Palavras Registradas de Abrão Foram Mentirosas “Quando se aproximava do Egito, quase ao entrar, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher de formosa aparência; os egípcios, quando te virem, vão dizer: É a mulher dele e me matarão, deixando-te com vida. Dize, pois, que és minha irmã, para que me considerem por amor de ti e, por tua causa, me conservem a vida” (vv. 11-13). As primeiras palavras de Abrão que o texto relata foram uma mentira. Ele pediu que sua mulher participasse de sua tramóia: “Dize, pois, que és minha irmã”. Pode-se argumentar que Sarai, de fato, era meia-irmã de Abrão, mas isso não justifica a atitude dele, porque ele próprio revelou o motivo de sua trama. Parece que os egípcios teriam matado Abrão, caso soubessem que Sarai era sua esposa. Entretanto, Deus não abandonou Abrão; pelo contrário, Ele interveio em seu favor, a ponto de lermos o seguinte no versículo 17: “Porém o SENHOR puniu Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão”. Em conseqüência disso, “...Faraó deu ordens aos seus homens a respeito dele; e acompanharam-no, a ele, a sua mulher e a tudo que possuía” (v. 20).

iniciativa de seguir pelo nosso próprio caminho e somos levados à frustração e, até mesmo, à tragédia, não adianta nada reclamarmos da situação difícil. A única solução é voltar àquele altar onde, pela primeira vez, tivemos um encontro com o Senhor. Ele é o nosso conforto, a resposta para todos os nossos problemas e fracassos. Você se lembra daquele dia em que pediu ao Senhor para que o salvasse? Você se lembra daquela alegria que inundou o seu coração e a sua alma? Esse é o lugar do encontro com Deus para o qual você deve retornar.

A Separação de Ló No princípio de sua chamada, Abrão recebeu instruções para deixar sua terra, seus parentes e a casa de seu pai. Porém, ao partir para essa jornada, ele levou consigo um companheiro; Ló foi com ele. Não se sabe o motivo exato, mas aquela sociedade entre o que fora chamado

por Deus e aquele que foi junto em sua companhia se transformou num conflito aberto. “Ló, que ia com Abrão, também tinha rebanhos, gado e tendas. E a terra não podia sustentá-los, para que habitassem juntos, porque eram muitos os seus bens; de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro. Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse tempo os cananeus e os ferezeus habitavam essa terra” (Gênesis 13.5-7). Não havia realmente nenhuma necessidade de que os pastores de gado de Ló entrassem numa contenda com os de Abrão. A obrigação de Ló era a de intervir e dizer aos seus homens que o tio Abrão tinha a prioridade. Afinal de contas, Abrão era o homem que fora expressamente chamado por Deus e que obedecera a essa vocação. Porém, ao invés disso, aconteceu exatamente o contrário: “Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pasto-

Quando tomamos a iniciativa de seguir pelo nosso próprio caminho e somos levados à frustração e, até mesmo, à tragédia, não adianta nada reclamarmos da situação difícil. A única solução é voltar àquele altar onde, pela primeira vez, tivemos um encontro com o Senhor.

O Retorno de Abrão Abrão voltou ao lugar onde ele tinha começado, “até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome do SENHOR” (Gênesis 13.4). Que profecia poderosa para os nossos dias! Quando tomamos a

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res, porque somos parentes chegados. Acaso, não está diante de ti toda a terra? Peço-te que te apartes de mim; se fores para a esquerda, irei para a direita; se fores para a direita, irei para a esquerda” (vv. 8-9). Aqui se nota o exemplo da generosidade de Abrão. Ele não era egoísta. Deus pessoalmente tinha dado a terra a Abrão, contudo Abrão ofereceu a seu sobrinho Ló a prioridade de escolha da terra. Por que Abrão foi tão generoso? Porque ele cria na promessa de Deus de dar a ele e aos seus descendentes aquela terra. Isso era suficiente. As desagradáveis circunstâncias daquele momento não tinham muita importância para Abrão.

Por outro lado, Ló agiu baseado no que via: “Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o SENHOR destruído Sodoma e Gomorra), como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, como quem vai para Zoar. Então, Ló escolheu para si toda a campina do Jordão e partiu para o Oriente; separaram-se um do outro” (vv. 10-11). Depois que Ló fez a escolha de seu território, lemos uma assustadora declaração no versículo 13: “Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o SENHOR”. Nesse ponto somos lembrados de que devemos andar pela fé, não

“Farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência. Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque eu ta darei” (Gênesis 13.16-17).

pelo que vemos, conforme explica o texto de 2 Coríntios 4.18: “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”.

A Primeira Peregrinação na Terra Santa Depois daquele momento de separação, Abrão recebeu outra confirmação da promessa de Deus: “Disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. Farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência. Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque eu ta darei” (Gênesis 13.14-17). Abrão teve de tomar posse da terra pela fé, embora fosse um homem idoso e sua esposa já estivesse muito além da fase reprodutiva de sua vida. Nesse texto, percebe-se, novamente, a garantia divina de cumprimento da promessa, através dos verbos em tempo futuro: • “Eu ta darei”. • “Farei a tua descendência como o pó da terra”. • “Porque eu ta darei”. Outra vez, constata-se o fato de que não há nenhum registro de diálogo entre Deus e Abrão. O Senhor confirmou Suas promessas a Abrão de modo muito pessoal e Abrão permaneceu em silêncio.

A Aflição de Ló Depois que Ló se separou de Abrão, deflagrou-se uma guerra naquela localidade.

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“Ora, o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; os reis de Sodoma e de Gomorra fugiram; alguns caíram neles, e os restantes fugiram para um monte. Tomaram, pois, todos os bens de Sodoma e de Gomorra e todo o seu mantimento e se foram. Apossaram-se também de Ló, filho do irmão de Abrão, que morava em Sodoma, e dos seus bens e partiram” (Gênesis 14.1012). As guerras sempre resultavam em benção para vencedor e maldição para o perdedor. O vitorioso levava para si todo o despojo de guerra.

Abrão na Operação de Resgate No caso de Ló, os inimigos derrotaram Sodoma, mas não se apoderaram da terra. Em vez disso, eles levaram todos os objetos de valor e o gado, bem como levaram as pessoas cativas para serem escravas na terra deles. Abrão recebeu a notícia do que acontecera: “Ouvindo Abrão que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã. E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco” (Gênesis 14.1415). Que operação de resgate sensacional! Lembre-se que são mais de 250 quilômetros de distância entre Sodoma e Dã. Foi uma iniciativa militar extremamente difícil. Com seu pequeno exército de 318 soldados, Abrão foi capaz de vencer o exército que tinha derrotado Sodoma. Mais impressionante, ainda, é o fato de que ele recuperou todos os bens e trouxe de volta todas as pessoas que tinham sido feitas cativas: “Trouxe de novo todos os bens, e também a Ló, seu sobrinho, os bens dele, e ainda as mulheres, e o povo” (v. 16).

Abrão, Sodoma e Melquisedeque Abrão retornou a Sodoma e o rei dessa cidade foi encontrá-lo: “Após voltar Abrão de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Savé, que é o vale do Rei” (Gênesis 14.17). Abrão, aparentemente, ignorou o rei de Sodoma, porque nos versículos subseqüentes lemos o seguinte: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (vv. 18-20). Melquisedeque, o misterioso Rei de Salém, ofereceu a Abrão os elementos essenciais que representam a salvação: pão e vinho. Tempos, mais tarde, a história registra que Jesus pegou um pão “e, abençoandoo, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu cor-

po” (Mateus 26.26). Em seguida tomou um cálice e o deu aos discípulos, dizendo: “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mateus 26.27-28). Abrão recebeu uma demonstração profética da futura vitória de Jesus.

Uma Obra da Graça É preciso ter em mente que Abrão, naquela operação de resgate, salvou pessoas que não mereciam ser salvas. Já fomos informados de que “os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o SENHOR” (Gênesis 13.13). Isso nos faz lembrar que Cristo morreu “por nós, sendo nós ainda pecadores”; “Ele nos amou primeiro”. Nunca devemos ser arrogantes, a ponto de pensar que merecíamos a salvação; a ponto de achar que algum resíduo de bondade própria nos tornou dignos do sacrifício que pagou o preço de nossa salvação. Esse é o “evangelho” do anticristo,

Melquisedeque, o misterioso Rei de Salém, ofereceu a Abrão os elementos essenciais que representam a salvação: pão e vinho.

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semelhança e isso é o máximo que se pode inferir, seguindo tal linha de raciocínio.

O Rei de Sodoma

Quem era o rei Melquisedeque de Salém? Sabemos que Salém é, provavelmente, uma das primeiras referências a Jerusalém e que Melquisedeque significa “Rei de Justiça”.

um ensino enganoso que, infelizmente, tem sido pregado pelo mundo inteiro, até mesmo entre alguns salvos em Cristo fundamentalistas que crêem na Bíblia. Esses mestres tentam instigar o orgulho e um arrogante senso de valor próprio na mente das pessoas que freqüentam suas igrejas. A mensagem deles é racionalizada nos seguintes termos: “Você merece ser salvo! Na verdade, seu valor é tão elevado, que Deus teve de pagar o preço mais alto por sua redenção”. Porém, isso está muito distante do que se lê na Palavra de Deus. Nossa salvação se baseia inteiramente na graça de Deus. Ele nos amou primeiro. Essa pequena diferença abriga enormes implicações. Quando tentamos acrescentar um único iota [N. do T., Letra grega equivalente ao i de nosso alfabeto; cf. Mt 5.18] de justiça própria à nossa salvação, depreciamos realmente a obra perfeita de Cristo na cruz do Calvário.

Melquisedeque, o Rei-Sacerdote Quem era o rei Melquisedeque de Salém? Sabemos que Salém é,

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provavelmente, uma das primeiras referências a Jerusalém e que Melquisedeque significa “Rei de Justiça”. Esse misterioso rei também era um sacerdote. O Salmo 110.4 menciona a expressão “ordem de Melquisedeque”, que significa “semelhança quanto à autoridade legalmente constituída”. As Escrituras demonstram que a Lei proibia que um rei exercesse o ofício de sacerdote. Saul, o primeiro rei de Israel, assumiu as prerrogativas do ofício sacerdotal e foi rejeitado por Deus, de modo que não mais reinasse sobre Israel. O texto de Hebreus 7.3 identifica o rei Melquisedeque da seguinte maneira: “...sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus; permanece sacerdote perpetuamente”. Com base nessa passagem, alguns estudiosos das Escrituras têm alegado que Melquisedeque era uma aparição do Senhor Jesus Cristo pré-encarnado. Entretanto, não há confirmação bíblica de que esse seja o caso; além do mais, o texto afirma que esse homem foi “feito semelhante ao Filho de Deus”. Há uma

“Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens ficarão contigo” (Gênesis 14.21). Agora o rei de Sodoma entra em cena de novo. Algo de estranho aconteceu nesse encontro desse rei com Abrão. Não há nenhum indício de gratidão na atitude do rei de Sodoma; pelo contrário, ele faz a seguinte proposta a Abrão: “Dáme as pessoas, e os bens ficarão contigo”. O rei, dessa forma, tipifica o egocentrismo humano. Essa proposta não soou bem aos ouvidos de Abrão: “Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão” (Gênesis 14.22-23). Abrão percebeu o espírito maligno de Sodoma. Ele não queria receber nenhuma espécie ou forma de favor daquele rei. Abrão, sob hipótese nenhuma, queria manter qualquer relação de aliança ou sociedade com o rei de Sodoma e seu povo. O livramento do povo de Sodoma e a recuperação de todos os seus pertences foi apenas uma “sobra” de benção resultante do resgate de Ló efetuado por Abrão.

A Inclusão dos Gentios A ação libertadora de Abrão ilustra profeticamente a inclusão dos gentios no plano de Deus para a salvação. Jesus veio para o Seu povo, os judeus, e lhes ofereceu salvação eterna. O apóstolo Paulo, por repetidas vezes, enfatizou em


suas cartas que o Evangelho devia ser pregado primeiramente aos judeus. Aos crentes em Cristo, de origem gentílica, Paulo escreveu o seguinte: “Naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2.12). Talvez nada seja pior do que ficar sem esperança e não ter Deus. Contudo, o próximo versículo desse texto declara: “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (v. 13).

A Preocupação de Abrão Quanto ao Futuro Passados muitos anos, Abrão começou a perceber que a promessa de Deus ainda não tinha se cumprido: “Respondeu Abrão: SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro” (Gênesis 15.2-3). Essas são as palavras de um homem que, por muitos anos, confiara no Senhor. Ele aguardou pacientemente até o momento de apresentar sua preocupação a Deus. De que maneira o Senhor lhe respondeu? “Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade” (v. 5). O versículo 6 afirma: “Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça”. A fé na Palavra viva de Deus foi uma das marcas registradas da vida de Abrão. A fé que esse homem tinha não estava alicerçada em experiências, orações, nem em milagres; era simplesmente fé no Deus que lhe falara.

Abrão se Torna Abraão A mudança do nome de Abrão é importante, porque realça as diferenças que existem entre Satanás e Deus. Deus é criador; por essa razão Ele deu um novo nome a Abrão. Satanás não é o criador, razão pela qual não pode dar um novo nome às pessoas. A única coisa que Satanás pode dar aos seus seguidores é um número. O diabo dará ao seu povo a Marca da Besta. Este é o relato do modo pelo qual se deu a mudança do nome de Abrão: “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações. Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí” (Gênesis 17.1-5). Abrão significa “pai exaltado” ou “pai das alturas”, o que, evidentemente, é uma alusão ao contato que ele teve com o Deus do céu. O nome Abraão significa “pai de uma multidão”. Isso, certamente, deve ter parecido estranho, uma vez que esse homem já estava com 99 anos de idade e ainda não tinha filhos! Entretanto, as promessas de Deus são infalíveis; elas se cumprirão no exato momento estabelecido pelo cronograma de Deus. O nome de Abrão tinha que ser mudado, visto que ele era a pessoa designada para se tornar “pai de muitas nações”, em cumprimento da promessa de Deus. Por um lado, era uma impossibilidade física, por outro, uma realidade espiritual. Através dessa mudança de nome, Deus profeticamente demonstrou

que o velho homem, a saber, “a carne e o sangue”, não pode “herdar o reino de Deus”. Uma nova criatura precisa ser criada para receber a herança; daí a necessidade do novo nome. Neste ponto, temos de acrescentar o fato de que não somente o nome de Abrão foi mudado, mas também o nome de Sarai: “Disse também Deus a Abraão: A Sarai, tua mulher, já não lhe chamarás Sarai, porém Sara” (Gênesis 17.15). Deus planejara fazer algo novo. Sara conceberia e daria à luz um filho, Isaque, que seria o pai de Jacó (este, também teve seu nome mudado; de Jacó [i.e., “enganador”], para Israel [i.e., “guerreiro de Deus”]). Por ora, devemos entender que essa preparação, mesmo ocorrida milhares de anos antes do cumprimento da promessa, era de extrema importância. Sim, Deus podia ter feito tudo instantaneamente, todavia, preferiu desenvolver uma história de milhares de anos a fim de providenciar a salvação para o ser humano, exatamente como Ele prometera: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.15). (extraído do novo livro Preparação Para a Marca da Besta)

Pedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br

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Conforme uma pesquisa da Fox News (outros levantamentos apresentaram basicamente o mesmo resultado), “92% dos americanos afirmam acreditar em Deus”; apenas 5% disseram não crer, enquanto os restantes 3% não opinaram. Em How We Believe (Como Nós Cremos), Michael Shermer, diretor da Skeptic Society (Sociedade dos Céticos), editor da revista Skeptic, afirma que “jamais na história houve tantos e tão alta porcentagem da população [americana] crendo em Deus. Não apenas Deus não está morto, como proclamou Nietzche, mas nunca esteve tão vivo”. Contudo, essa estatística não é tão encorajadora como parece. Se indagarmos aos que responderam à pesquisa o que eles entendem por “deus”, pouquíssimos acreditam no Deus da Bíblia – e muito menos O conhecem. Entretanto, a crença

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num falso deus não é melhor, e até pode ser pior, do que não crer em Deus algum. Para muitos, “Deus” é simplesmente um “poder superior”. Superior a quê? Como poderia um “poder” de qualquer espécie ter a inteligência infinita (ou qualquer inteligência) para projetar o átomo e o Universo, imprimir instruções escritas numa linguagem codificada sobre o DNA, para construir e operar cada célula e criar seres pessoais inteligentes com uma consciência moral e uma paixão por propósito? O próprio pensamento de um “poder” criando qualquer coisa é ridículo! Então, por que a crença em um “poder” é tão atraente? Será que o slogan de Guerra nas Estrelas, “Que a Força esteja com você!”, teve tanta influência? Foi preciso percorrer um longo caminho para mudar o pensamento dos fãs, especialmente entre a juventude americana.

É claro que essa tem sido sempre uma idéia popular porque um poder/força não pode impor leis morais, exigir obediência ou julgar e punir alguém – ao invés disso, ela pode ser usada para realizar os próprios objetivos. É obvio que o verdadeiro Deus, que nos criou para um propósito, considera a humanidade responsável diante do testemunho da criação quanto à Sua existência e pelas leis morais que Ele implantou em cada consciência (Romanos 1.18-25 e 2.14-16). Ele não aceita ser usado. Além disso, do mesmo modo como os seres humanos são zelosos de suas identidades, é claro que o Deus verdadeiro insiste em ser devidamente identificado. Ele não se revelará nem entrará em relação alguma com quem não O conheça como Ele realmente é. Ele também não olhará com favor tolerante para


aqueles que O chamam de “poder superior”. Fazer isso é insultar o Deus verdadeiro! O Deus da Bíblia declara ao inconseqüente Israel: “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29.13). Aqueles que esperam encontrar um “deus” que se adapte à sua imaginação jamais irão encontrar o Deus verdadeiro. É óbvio que o Deus verdadeiro se revela apenas aos que O buscam sinceramente, aplicando-se ao desejo de conhecê-lO de verdade, para obedecer-Lhe. O primeiro pré-requisito para se conhecer Deus é o desejo – na verdade, a paixão – de conhecê-lO como Ele realmente é, e não como se imagina ou gostaria que Ele fosse. Não é menos idolatria criar na mente um deus imaginário do que fabricar um ídolo a partir do barro, da madeira e da pedra. Então, quem é o Deus verdadeiro, que prova ser Ele mesmo ao predizer infalivelmente o futuro através da Bíblia? A Bíblia O identifica como “o Deus de Israel” 203 vezes; como “o Deus de Jacó” 28 vezes; como “o Deus de Abraão” 17 vezes e como “o Deus de Isaque” 13 vezes. Ele jamais é chamado “o Deus de qualquer outro grupo étnico”. Essas designações são fundamentais para tudo que a Bíblia ensina, inclusive sobre o caráter exato de Deus. Quem professa a crença em Deus e ao mesmo tempo tem preconceitos contra o Seu povo escolhido, os judeus, ou contra Israel, o que transformaria essas claras identificações bíblicas em títulos sem qualquer significado, lança dúvidas sobre seu real conhecimento do Deus verdadeiro. Em Sua refutação à negação da ressurreição pelos saduceus, o principal argumento de Cristo se baseou na declaração de Deus a Moisés: “EU SOU... o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó...

este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração” (Êxodo 3.14-15). Obviamente esta foi então, continua sendo hoje e há de ser para sempre a identidade do Deus verdadeiro. Deus nunca muda. Observem o raciocínio de Cristo: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus... não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mateus 22.29-32). Cristo está dizendo: se Abraão, Isaque e Jacó não viverem eternamente através de uma ressurreição, então seria uma zombaria identificar Deus eternamente com eles. Ele seria apenas o Deus de – identificando-se com seres de limitada existência – um pingo na eternidade. Ser chamado o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, se estes já não existem, seria desmerecer Deus. Se a nação de Israel está morta, ou foi substituída pela Igreja, e não

terá um futuro eterno, o próprio termo “Deus de Israel” não redundaria em glória a Deus, mas num insulto ao Seu caráter, tendo em vista as Suas muitas promessas de que Israel jamais deixará de existir. Mesmo assim, tem sido esta a posição tomada por aqueles que dizem que Israel foi substituído pela Igreja. Em sua obra The Last Disciple (O Último Discípulo), Hank Hanegraaff apresenta um personagemchave dizendo: “A aliança entre Deus e Israel foi quebrada com a rejeição do Seu Filho”. Hank não dá explicação alguma sobre como uma “Aliança Eterna” poderia ser quebrada, nem como a rejeição de Israel a Cristo poderia anular uma aliança que não era condicionada à sua aceitação de Cristo, para a qual jamais houve condição alguma que Israel devesse cumprir e da qual Deus disse que seria completada nos últimos dias. Na verdade, ao mesmo tempo em que Deus prometeu bênçãos eternas a Israel, com uma total restauração nos últimos dias, Ele tam-

Para muitos, “Deus” é simplesmente um “poder superior”.

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Como poderia um “poder” de qualquer espécie ter a inteligência para projetar o átomo e o Universo, imprimir instruções escritas numa linguagem codificada sobre o DNA, para construir e operar cada célula e criar seres pessoais inteligentes com uma consciência moral e uma paixão por propósito?

bém declarou a infidelidade do povo a Ele, sem a menor implicação de que os muitos pecados de Israel e dos judeus fossem um empecilho ao cumprimento de Suas promessas a Abraão, Isaque e Jacó: “...entrai e possuí a terra que o SENHOR jurou a vossos pais, Abraão, Isaque e Jacó, que a daria a eles e à sua descendência depois deles... na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre... Não é por respeito a vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes... Envergonhai-vos, e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel... No dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades... E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra... e vos tratarei melhor que nos vossos princípios; e sabereis que eu sou o SENHOR... Eu, o SENHOR, o disse e o

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farei” (Deuteronômio 1.8; Jeremias 7.7; Ezequiel 36.11;22-26,32-36). Novamente aqui, e em toda parte (como já dissemos), está meridianamente claro que não existem quaisquer condições a serem cumpridas por Israel, mas que Deus cumprirá cada promessa, pela integridade do Seu Nome, apesar da rebelião de do Seu povo contra Ele. Além disso, os profetas predisseram que o Messias seria rejeitado por Israel e crucificado; contudo, em todas as profecias jamais existiu o menor indício de que, por causa dessa rejeição, Deus iria quebrar Sua aliança eterna com Israel. A aliança foi feita com Abraão, Isaque e Jacó – não com os seus descendentes (Gênesis 12.1-3; 15.7,18-21; 17.7-8,19,21; 26; 28.13; 1 Crônicas 16.14-18, etc.). Ela jamais foi condicionada à obediência dos seus descendentes e, portanto, não poderia ser quebrada por coisa alguma que os seus descendentes fizessem ou deixassem de fazer. É um tapa na cara do Deus eterno dizer que Israel foi substituído! A Escritura registra literalmente centenas de promessas de Deus a Israel de que jamais deixaria de existir como nação (Jeremias 31.3537, etc.). Essas promessas não podem ser anuladas nem pelo próprio Deus. Isso faria dEle um mentiroso. As promessas também não podem ser espiritualizadas, como se a terra de Canaã, que se tornou a terra de Israel, pudesse significar simplesmente a herança celestial da Igreja. É irrefutável que Israel possuiu uma terra física e histórica, que lhe

foi dada por Deus, através de um decreto eterno. É igualmente um fato histórico que Israel foi expulso de sua terra pelo próprio Deus por causa de sua rebelião. E não é menos histórico o fato de que Israel voltou a ser uma nação em 14 de maio de 1948, e que milhões de judeus têm regressado, desde então, à Terra Prometida, vindos de mais de cem países, exatamente conforme foi predito na Escritura. Isso não pode ser senão o início da restauração de Israel, de modo que o seu futuro venha a ser melhor que o seu passado. Seguem apenas algumas das muitas promessas de Deus a Israel: “À tua descendência darei esta terra... para sempre... À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates... E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua... E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus... porque a ti [Isaque] e à tua descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão teu pai.... Lembrai-vos perpetuamente da sua aliança e da palavra que prescreveu para mil gerações... Da aliança que fez com Abraão, e do seu juramento a Isaque... O qual também a Jacó confirmou por estatuto, e a Israel por aliança eterna... Dizendo: A ti te darei a terra de Canaã, quinhão da vossa herança” (Gênesis 12.7; 13.15; 15.18; 17.7-8; 26.13; 1 Crônicas 16.14-18). Citando o ódio dos vizinhos de Israel naquele tempo, temos o Salmo 83.3-4, que prediz o plano muçulmano de desarraigar Israel do mapa: “Tomaram astuto conselho contra o teu povo... Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória


“...entrai e possuí a terra que o SENHOR jurou a vossos pais, Abraão, Isaque e Jacó, que a daria a eles e à sua descendência depois deles”.

do nome de Israel”. No mesmo esforço para destruir Israel, certas denominações cristãs têm boicotado as empresas que fazem negócios com Israel. Os teólogos da substituição, tais como D. James Kennedy, R. C. Sproul e muitos outros aliados com eles, rejeitam o Israel moderno como não tendo o menor significado no cumprimento das promessas divinas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. Em “An Open Letter to Evangelicals and Other Interested Parties: The People of God, The Land of Israel, and the Impartiality of the Gospel” (Uma Carta Aberta aos Evangélicos e outras Partes Interessadas: o Povo de Deus, a Terra de Israel, e a Imparcialidade do Evangelho), eles declaram: As promessa de herança que Deus fez a Abraão... não se aplicam a qualquer grupo étnico especial, mas à Igreja de Jesus Cristo, o verda-

deiro Israel... A reivindicação de qualquer grupo étnico ou religioso ao território no Oriente Médio, chamado “Terra Santa”, não tem respaldo na Escritura. De fato, as promessas específicas de terra a Israel foram cumpridas no Velho Testamento, sob Josué.

Uma aliança eterna cumprida sob Josué, que viveu apenas 110 anos? Centenas de “promessas específicas de terra a Israel no Velho Testamento” nem sequer haviam sido feitas pelos profetas, até séculos após Josué ter morrido! Até mesmo as profecias feitas por Moisés durante o tempo de Josué – que Israel iria pecar e ser expulso da terra – não foram cumpridas “sob Josué”. Essa declaração de Kennedy, Sproul e outros é um tal desafio ao Deus de Israel que até parece inacreditável, vinda de “eruditos” bíblicos. Aqui está a Palavra do Senhor:

“Portanto, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que nunca mais dirão: Vive o SENHOR, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito; mas: Vive o SENHOR, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra” (Jeremias 23.7-8). Essas afirmações se cumprem em nossos dias. Deus disse que pretendia destruir Israel e fazer de Moisés uma grande nação. Moisés, porém, arrazoou com Deus que Ele estaria anulando a Sua Palavra se fizesse tal coisa, o que levaria os seus críticos a dizer que Ele não era capaz de cumprir Suas promessas. Se pelo menos uma delas falhasse, isso iria refletir-se sobre todas as outras promessas (Êxodo 32.9-14). Mesmo assim, hoje em dia, cada vez mais pessoas que afirmam ser cristãs estão declarando que a aliança

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eterna de Deus com Israel foi anulada! Se a aliança eterna que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó fez sob juramento aos patriarcas de Israel não for cumprida, então Deus terá negado a si mesmo. O mesmo acontece em relação às literalmente centenas de promessas feitas por Deus de que iria restituir toda a terra a Israel. Se apenas uma delas falhar, Deus negará a si mesmo e não será mais merecedor de confiança. Aqui temos algumas dessas muitas promessas que poderiam ser citadas: “Como o pastor busca o seu rebanho... assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas... E tirálas-ei dos povos, e as congregarei dos países, e as trarei à sua própria terra, e as apascentarei nos montes de Israel... Em bons pastos as apascentarei... A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei... Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina... E suscitarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi [isto é, o Messias] é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor... E eu, o SENHOR, lhes serei por Deus... e habitarão em segurança... farei uma bênção... e estarão seguras na sua terra... e vos tratarei melhor que nos vossos princípios; e sabereis que eu sou o SENHOR... E farei que nunca mais tu ouças a afronta dos gentios... e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra... E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó... E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que aindeis nos meus estatutos... e porei o meu santuário no meio deles para sempre” (Êxodo 34.12-16; 22.28; 36.11, 15, 24, 27; 37.25-28). Se “eterno” com referência a Israel já não significa eterno, como podemos confiar em João 3.16 so-

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bre a vida eterna dada aos que crêem em Cristo? O Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, o Deus de Israel, é o único Deus verdadeiro. O Messias prometido a Israel pelos profetas judeus já veio há 2000 anos atrás. Ele é o Salvador de todos os que nEle crêem como Aquele que, cumprindo o que os profetas hebreus predisseram, morreu pelos pecados do mundo, ressuscitou dentre os mortos e ascendeu à destra do Pai. Ele virá em poder e glória para castigar o mundo pelo abuso contra o Seu povo de Israel e para governar o mundo assentado no Trono de Davi, em Jerusalém. Permaneçamos fiéis à verdade da Escritura, e preguemos o verdadeiro Evangelho de Deus, primeiro aos judeus e também aos gentios (Romanos 1.16). (TBC)

Dave Hunt é autor e conferencista mundialmente conhecido. Ele escreveu mais de 25 livros com tiragem total acima de 4.000.000 de exemplares. Dave Hunt faz muitas palestras nos EUA e em outros países, sendo também freqüentemente entrevistado no rádio e na televisão por causa das suas profundas pesquisas em áreas como misticismo oriental, fenômenos psíquicos, seitas e ocultismo. Recomendamos:

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“Como o pastor busca o seu rebanho... assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas”.


El Shaddai é a pessoa da Divindade que os seres humanos podem ver e ainda assim viver. Em Gênesis 18 Ele veio a Abraão, parecendo um homem comum. El Shaddai também apareceu no Antigo Testamento como o Anjo do Senhor. Estas aparições devem reforçar nossa fé no amor de Deus por nós e na divindade de Jesus.

Hagar Hagar, serva de Sarai, engravidou de Abrão (mais tarde chamado Abraão) e começou a desrespeitar sua senhora. Por isso, Sarai tratou-a tão severamente que Hagar não suportou mais a situação e fugiu. Quando ela chegou a uma fonte de água no deserto, o Anjo do Senhor a encontrou (Gn 16.7). Hagar não se surpreendeu com a visão do homem que falou com ela, provavelmente porque a Sua apa-

rência era humana em todos os aspectos. O homem instruiu-a a retornar a Sarai (mais tarde chamada Sara). Então Ele abençoou-a e disse que ela estava carregando um filho cujo nome seria Ismael, e profetizou, então, o futuro dele. Só então Hagar entendeu que estivera diante do próprio Deus: “Então ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?” (v. 13). Hagar chamou El Shaddai de El Roi, “O Deus que vê”, um nome que apresenta a característica fundamental de El Shaddai: Sua onisciência. Ele sabe e vê tudo. Nada está escon-

Hagar entendeu que estivera diante do próprio Deus: “Então ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?”

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dido dos Seus olhos. Nossas vidas são um livro aberto diante dEle.

Abraão

A insegurança naqueles dias era grande, e Gideão respondeu amargamente: “Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isso?” (v. 13). Em resposta à sua pergunta, o Anjo do Senhor revelou-se como o próprio Senhor: “Porventura não te enviei eu? Eu estou contigo” (vv. 14 e 16). A palavra anjo não se refere necessariamente a um ser alado. Na

Manoá e esposa O Anjo do Senhor também apareceu à esposa de Manoá e disse que ela teria um filho, um nazireu dedicado a Deus desde o ventre, e que ele salvaria Israel dos filisteus (Jz 13.2-5). A esposa de Manoá contou isso a seu marido, dizendo que ela vira um “Homem de Deus”, cuja expressão era “muito impressionante como o Anjo de Deus”. Manoá pediu em oração que o homem de Deus voltasse, e Ele voltou. Nesse momento Manoá encontrou-o também, e o Anjo do Senhor orientou o casal com relação à criança que nasceria (Sansão). Então Manoá preparou um cabrito jovem para o visitante. Quando o animal estava sobre o altar, o Anjo do Senhor ascendeu ao céu. Manoá e sua esposa entenderam que eles não haviam falado com uma pessoa comum; eles tinham falado com o Senhor face a face e permanecido com vida (v. 23). Eles viram El Shaddai, a pessoa da Divindade que aos humanos é permitido ver. Certamente, o Anjo do Senhor é o próprio Senhor.

Abraão encontrou-se com El Shaddai quando o Senhor testou o patriarca ordenando-lhe sacrificar seu filho Isaque em um dos montes de Moriá. Seguro de que Deus iria livrá-lo da morte (Hb 11.17-19), Abraão amarrou seu filho ao altar e tomou o punhal para matá-lo: “Mas do céu lhe bradou o Anjo do Senhor: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui. Então lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gn 22.11-12). A frase “não me negaste o teu único filho” indica que o Anjo do Senhor era o Único – o próprio Senhor – que havia ordenado a Abraão sacrificar Isaque. Também em Êxodo 23.20-23, o Anjo do Senhor é ninguém menos que o próprio Senhor que caminhou à frente do povo de Israel no deserto. O mesmo acontece em Êxodo 13.21; 14.19,24; 33.14-15; NúmeAbraão encontrou-se com El Shaddai quando o ros 22.22-35, Juízes 2.1-5; 2 Senhor testou o patriarca ordenando-lhe sacrificar Moisés Samuel 24.16; Salmo 34.7; seu filho Isaque em um dos montes de Moriá. O profeta judeu Isaías escla35.1-6; Isaías 52.12; Zacarias receu aos filhos de Israel que 1.11-12; 3.1-5; 12.8. maioria dos casos no Antigo Testa- seus problemas feriam ao Senhor. mento, descreve um mensageiro. Se Isaías disse que o “Anjo da Sua preGideão o homem que apareceu a Gideão sença” (em hebraico “O Anjo da “Então veio o Anjo do Senhor, e fosse um anjo alado, Gideão teria Sua face”) os salvou, redimiu e carassentou-se debaixo do carvalho, que respondido diferentemente. Entre- regou todos os dias da Antigüidade: está em Ofra, que pertencia a Joás, tanto, Gideão viu um homem, como “Porque ele dizia: Certamente eles são abiezrita; e Gideão, seu filho, estava qualquer outro homem. Até onde meu povo, filhos que não mentirão; e malhando o trigo no lagar, para o pôr ele sabia, estava falando com uma se lhes tornou Salvador. Em toda a a salvo dos midianitas. Então o Anjo pessoa comum. Somente no versícu- angústia deles ele foi angustiado, e o do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O lo 22, depois de testemunhar um Anjo da sua presença os salvou; pelo Senhor é contigo, homem valente” (Jz milagre, é que Gideão entendeu que seu amor, e pela sua compaixão ele os 6.11-12). remiu; os tomou e os conduziu todos os ele havia visto o Senhor face a face.

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dias da antigüidade” (Is 63.8-9). A pergunta é: Quem é o “Anjo da Sua presença”? A resposta encontrase em Êxodo 33.14-15. Moisés implorou ao Senhor para acompanhá-lo no deserto e guiar o povo de Israel. O Senhor declarou: “A minha presença (em hebraico “face”) irá contigo, e eu te darei descanso” (v. 14). Moisés respondeu: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar” (v. 15). Êxodo 13.21 diz que o Senhor ia adiante do povo de Israel no deserto. Portanto, a Presença do Anjo do Senhor é El Shaddai, a entidade divina que aos ho-

mens é permitido ver. Quando O vemos, vemos a Deus (confira João 14.6-14). Por que Deus permitiria que meros mortais vissem El Shaddai? Por causa do Seu amor por nós! Deus criou a humanidade porque Ele é um Deus de amor. E o amor se expressa em um desejo de dar e presentear. El Shaddai próximo a nós expressa Seu amor, assim como Seu sacrifício no Calvário para que possamos ter vida eterna. (Israel My Glory)

sua visão de mundo. Foi possível reconhecer esse fato não apenas por ocasião de sua visita à Igreja da Natividade em Belém, onde ele fez uma breve oração diante da tradicional manjedoura. Suas manifestações políticas também foram marcadas pelo pano de fundo religioso. Ele não disse simplesmente que exigia a paz no Oriente Médio até o final do ano, nem ameaçou fazer uso de pressão política para tanto. Pelo contrário, explicou sutilmente que “crê” na possibilidade de haver paz

na região. Com suas “visões” ele também se movimenta em terreno religioso, mesmo que o alvo de estabelecer um Estado palestino pacífico lado a lado com um “Estado judeu para o povo judeu dentro de fronteiras seguras” soe mais como administração de crise terrena. Bush conhece as Escrituras dos profetas bíblicos, e sabe que suas visões marcaram o mundo de forma indelével. Afinal, na Bíblia está escrito que “a fé move montanhas”. O homem mais poderoso do mundo pode, com suas palavras e ordens, mudar o curso da história e o destino dos povos. O poder do presidente americano é uma realidade, independente

Moisés implorou ao Senhor para acompanhá-lo no deserto e guiar o povo de Israel.

Política graúda e peregrinação

O presidente Bush na Terra Santa Foi uma visita histórica cheia de acontecimentos e também de sinais claros. Mas, apenas o tempo dirá quais serão os resultados dessa peregrinação. O presidente norte-americano George W. Bush é reconhecido como um metodista crente. Isso pôde ser notado claramente em sua visita a Israel em janeiro deste ano. A fé caracteriza

Meno Kalisher é pastor da “Assembléia de Jerusalém – Casa da Redenção” em Jerusalém. Ele tem falado em convenções e eventos evangélicos em Israel e em outros países e será um dos palestrantes em nosso 10º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética em Águas de Lindóia/SP (22 a 25/10/2008). Seu pai, Zvi, é sobrevivente do Holocausto nazista.

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Bush não se dignou a um único olhar para o sepulcro de Yasser Arafat, o que os palestinos consideraram uma ofensa. À noite Bush exigiu o fim da ocupação israelense, mas irritou os árabes quando advogou: “...o estabelecimento da Palestina como pátria para o povo palestino, assim como Israel já é a pátria para o povo judeu”. Quer seja profeta ou visionário político, o presidente Bush emitiu sinais claros e deixou marcas como poucos de seus antecessores. (US)

O presidente americano George W. Bush com o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert em Jerusalém.

da avaliação que se faça de sua política. Bush também foi confrontado com o passado, por exemplo, no Yad Vashem, o memorial do Holocausto em Jerusalém. Diante de fotografias aéreas de Auschwitz em 1944, foi perguntado a ele por que os americanos sob a liderança de Roosevelt não bombardearam a pior fábrica de morte dirigida pelos nazistas. Sua destruição certamente teria custado a vida de milhares de judeus dentro de seus muros, mas salvaria a vida de outros milhões de candidatos à mortandade. Após uma breve confabulação com sua secretária de Estado, Bush explicou, para espanto de seus ouvintes: “Esse foi um erro histórico”. Uma declaração forte de um presidente norte-americano que normalmente não critica seus antecessores. Bush quebrou um tabu em relação a um tema que já deu origem a comentários e livros de historiadores que formam bibliotecas inteiras.

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A visita a Israel foi alegre, animada e cordial, acompanhada de muitos gestos de cortesia. Beijinhos foram trocados entre Bush e a ministra do Exterior Tzipi Livni e entre Olmert e Condoleezza Rice. Bush e Olmert se abraçaram, deram tapinhas nas costas um do outro e se portaram como velhos colegas de escola. Boa vontade também foi demonstrada pela administração da cidade de Jerusalém. Na manhã do segundo dia da visita, a municipalidade mandou desligar a iluminação das muralhas da Cidade Antiga especialmente para que Bush pudesse observar, a partir de sua suíte de hotel, o maravilhoso nascer do sol sobre o monte das Oliveiras e a silhueta da Cidade Antiga adornada por suas cúpulas. Ou melhor: poderia ter observado, pois uma espessa neblina bloqueou sua visão. Bush continuou sua viagem e dirigiu-se à sombria e chuvosa Rammalah dos palestinos. Lá reinava mau humor.

Com todo o respeito devido ao presidente norte-americano, precisamos nos perguntar como é possível que ele, como cristão, pode chegar ao ponto de dividir a terra de Israel em favor de um Estado palestino. Exatamente àqueles que o fazem, Deus ameaça com pesado juízo (veja Jl 3.2). Talvez seja permitido perguntar se o comportamento de Bush não é um alerta para nós cristãos. Pois, por um lado ele confirma sua fé e se posiciona claramente em favor de Israel. Por outro lado, ele está disposto a repartir a terra de Israel. Com esse comportamento o presidente se parece com diversos reis do Antigo Testamento: ele faz o que agrada ao Senhor, mas não em tudo, pois eles não derrubaram os altos (veja 2 Rs 10.30-31; 14.3-4; 15.34-35, etc.). Será que não acontece o mesmo conosco? Empenhamonos pelo Reino de Deus, fazemos isto ou aquilo, mas em um ponto falhamos sempre. Jesus, porém, morreu também por este ponto. Por isso, sigamos com fervor ainda maior e de todo o nosso coração ao Senhor Jesus! O rei Ezequias é um exemplo maravilhoso para nós cristãos, pois ele agiu de todo o coração para com o Senhor e fez tudo o que agradava a Deus (veja 2 Rs 18.3-8). (Conno Malgo)



Uma retrospectiva

As relações americanoisraelenses Os EUA são considerados amigos “íntimos” de Israel. Mas as relações entre os dois países não são muito antigas. Hoje os Estados Unidos e Israel são parceiros estratégicos e aliados íntimos. Mas não foi sempre assim. Em 1948 o presidente americano Harry Truman hesitou em reconhecer o recém-fundado Estado judeu. A União Soviética foi mais rápida e esperava encontrar em Israel, na época ainda de tendência stalinista, um parceiro no Oriente Médio. Em 1956 houve forte tensão entre Israel e os EUA, pois Israel foi à guerra juntamente com as ex-potências coloniais França e Inglaterra contra a nacionalização do canal de Suez pelo Egito. Israel conquistou a península do Sinai, mas em poucos meses teve de se retirar devido à intensa pressão dos americanos. A Guerra dos Seis Dias em 1967 ainda foi vencida por Israel com os aviões “Mystère” franceses e os tanques “Sherman” ingleses. Em 1968, quando o presidente francês Charles De Gaulle declarou um embargo de armas contra Israel porque este derrotou os aliados árabes dos franceses, especialmente a Síria, surgiu um vácuo que os americanos ocuparam apenas em 1970. Os EUA pediram a Israel, durante o golpe de Estado incitado por Arafat contra o rei Hussein da Jordânia, que protegessem a Jordânia da invasão dos sírios. Os americanos agradeceram as ameaças de Israel a Damasco aproximando-se do Estado judeu. Apenas em 1970 começou também a ajuda financeira a Israel pelos Estados Unidos, que subiu para 3 bilhões de dólares anuais depois

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das negociações de paz entre Israel e o Egito, intermediadas pelos Estados Unidos – como compensação pelas bases militares que Israel teve de abandonar no Sinai.

Os Estados Unidos e Israel são parceiros estratégicos e aliados íntimos.

Em 1973, quando a Guerra do Yom Kippur estourou de surpresa, Israel, sob forte pressão, ameaçou seus inimigos com a “arma do fim do mundo”. Os americanos entenderam o aviso, e em poucas horas estabeleceram uma intensa ponte aérea com suprimentos militares. Assim eles salvaram Israel, enquanto americanos e russos, pela terceira vez durante a Guerra Fria (depois de Cuba e Berlim), deixaram seu arsenal atômico em prontidão. Desde então os americanos desempenham um papel decisivo nos es-

forços em prol da paz no Oriente Médio. Egito e Israel, sob Anuar el-Sadat e Menachem Begin, assinaram o primeiro dos acordos de paz, no gramado diante da Casa Branca em Washington. Para a cerimônia de paz israelense-jordaniana, o presidente americano Bill Clinton voou até à região de fronteira próxima ao Mar Morto. Um ponto culminante dos esforços pela paz entre Israel e os palestinos foi a conferência de cúpula de Camp David no verão do ano 2000. Mas os esforços descambaram para o banho de sangue da segunda Intifada. Enquanto Ariel Sharon e George W. Bush firmavam o contrato que estabelecia Israel e os EUA como “parceiros estratégicos”, Bush rompeu as relações com o então presidente palestino Yasser Arafat. O pessoal de Arafat tentou contrabandear um navio completamente carregado de armamentos para a Faixa de Gaza, e Arafat negou-se a mandar esclarecer a morte de dois diplomatas americanos na Faixa de Gaza. Desde que Mahmud Abbas assumiu o governo, os americanos se empenham – juntamente com Israel e a União Européia – em proteger a Autoridade Palestina de uma tomada de poder pelo Hamas. (US)

Naturalmente é tranqüilizador para Israel que os Estados Unidos concedam seu apoio ao povo judeu. Mas, pela Bíblia sabemos que esse tempo também chegará ao fim. E então, quando tiver sido abandonado por todos os povos, Israel estará diante de uma grande provação. Mas depois virá a salvadora Vinda de Jesus e a conversão do remanescente de Israel. Como ficamos nós, quando todos os apoios nos são tomados? Confiamos firmemente em Jesus ou entramos em pânico? Em Jesus temos a segurança de que tanto precisamos! (Conno Malgo)


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