Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 3

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BETH-SHALOM

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MARÇO DE 2007 • Ano 29 • Nº 3 • R$ 3,50



índice 4

Prezados Amigos de Israel

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A Montagem do Palco Profético

Notícias de

ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

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Profecia Cumprida e Israel

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 28.00

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HORIZONTE • Os judeus portugueses de Amsterdã - 11 • O Fascinante Mundo dos Hassidim - Parte 1 - 17 • A Corajosa Voz Anti-Nazista - 19

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Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).

PERGUNTAS E RESPOSTAS • Por que a opinião mundial é contra Israel? - 21 • Por que os cristãos devem se interessar pelo Oriente Médio? - 21 • Rejeição das profecias - 22


“Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela” (Ezequiel 9.4). Além das notícias a respeito do terrorismo e de confrontos armados, ouve-se quase todos os dias em Israel relatos chocantes sobre crimes, extorsões e corrupção. Praticamente já se está acostumado com essa situação, mas a prisão de altos funcionários da Receita no início deste ano provocou amplas e indignadas reações. Muitas pessoas se perguntam: “Onde vai acabar tudo isso?” Se bem que essas tendências estão aumentando em todo o mundo, o perigo é nos acostumarmos com elas. Conforme Ezequiel 9.4, Deus registra aqueles que não ficam indiferentes diante do terrível estado de coisas, para que sejam preservados no juízo vindouro: “Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela”. Esse sinal contrasta com a marca anticristã dos tempos finais, citada no Apocalipse. Aqui se trata de um sinal imperceptível para os seres humanos, mas visível para Deus e os anjos. Do mesmo modo como o sinal de Ezequiel, também a marca dos tempos finais será baseada na atitude interior de cada indivíduo diante da verdade e da mentira. Como reagimos diante da terríveis coisas que acontecem no mundo, no qual não importam mais os valores divinos e eternos? Somos exortados a tomar posição. Ainda gememos e suspiramos por causa das abominações generalizadas ou já perdemos a sensibilidade de tal maneira que as consideramos normais? Em Israel há um programa radiofônico para o qual todos podem telefonar e derramar seu coração. Há algum tempo, quando mais uma vez tinha acabado de acontecer algo chocante, uma mulher ligou e lamentou em lágrimas que tal coisa tinha ocorrido em Israel. Afinal, o povo judeu teria retornado da Dispersão entre as nações para sua própria terra a fim de criar um Estado que deveria ser um exemplo e uma luz para os povos. Suas palavras emocionaram-me profundamente, porque percebi que essa mulher estava sendo realmente sincera. Tive que lembrar dos selados de Israel citados em Apocalipse 7. Certamente pessoas co-

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mo essa mulher, que suspirava e gemia por causa da abominação que tinha acontecido, farão parte dos selados que Deus preservará durante a Grande Tribulação. Conforme Efésios 1.13, também aqueles que crêem em Jesus foram selados com o Espírito Santo. Naturalmente, esse sinal não é exteriormente visível. Entretanto, esse selo do Espírito Santo sempre pode ser notado pelas nossas atitudes, inclusive pela forma como reagimos aos acontecimentos no mundo. Desse modo, as pessoas à nossa volta perceberão claramente nossa posição e quem é nosso Senhor e Mestre. Unido com vocês nessa responsabilidade da fé e na confiança de estar sob a proteção do Senhor, saúdo com um sincero Shalom!

r Fredi Winkle


O presidente russo Vladimir Putin chocou o mundo ao convidar a organização terrorista radical islâmica Hamas para fazer uma visita à Rússia. Putin declarou que a Rússia nunca considerou o Hamas como uma organização terrorista. Nem mesmo os franceses chegaram a tanto. A Rússia desenvolve fortes laços de relacionamento com o Irã e a Síria, duas nações islâmicas das mais militantes em sua política contra Israel e os Estados Unidos. Por que razão o incremento de tal relação é potencialmente importante para a profecia bíblica? É importante porque testemunhamos, no atual momento, uma aliança cada vez mais expressiva entre a Rússia e muitos países do mundo islâmico. Futuramente, uma aliança militar exatamente desse tipo entre a Rússia e um grupo de nações invadirá

Israel nos últimos dias, segundo consta nos capítulos 38 e 39 do livro de Ezequiel.

• Os Críticos

guinte declaração sobre nossas perspectivas: “Soa como bíblico, mas é uma estrutura inventada”. Ela persiste em dizer que “distorcemos” o significado de um punhado de versículos bíblicos para justificar uma

Não é de se admirar que liberais e descrentes critiquem a profecia bíblica, já que normalmente rejeitam a noção de um Deus sobrenatural e soberano. Entretanto, há muitos críticos dentro da comunidade evangélica que também menosprezam e difamam nossos pontos de vista acerca da profecia bíblica. Bárbara Rossing, uma professora do seminário luterano de Chicago, faz a se-

O presidente russo Vladimir Putin chocou o mundo ao convidar a organização terrorista radical islâmica Hamas para fazer uma visita à Rússia.

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ainda que algumas das especulações [de pessoas que compartilham nossa posição] sobre nossos pontos de vista estivessem inteiramente equivocadas.

• A Montagem do Palco Para a Tribulação Creio que seja coerente com nossa perspectiva da profecia desenvolver um cenário composto de personagens e eventos. Esse cenário estará no lugar certo naquele momento em que o curso do plano de Deus para Israel for retomado durante a TriO Arrebatamento pode acontecer a qualquer momento, sem a necessidade obrigatória de que bulação, após o Arrebaeventos preliminares ocorram. tamento. Ele contempla os acontecimentos atuais como uma montagem 1 conjectura teológica fantasiosa”. progressiva do palco para os even“Ao que parece, esses entusiastas da tos do fim dos tempos, ainda que profecia não se dão conta do lamen- esses eventos não tenham seu início tável histórico de muitos ‘especialis- durante a presente era da Igreja. tas em profecia”’2 vocifera Gary De- Tal modelo considera o ArrebataMar, outro crítico da mesma linha mento como um evento iminente de Barbara Rossing. (i.e., que pode acontecer a qualquer Será que nossos pontos de vista momento, sem a necessidade obrisão apenas invenções elaboradas a gatória de que eventos preliminares partir da leitura que fazemos de jor- ocorram), mas ao mesmo tempo nais e livros de história? Há alguma crê que já estejamos no final da era relação entre aquilo que cremos ser da Igreja. John Walvoord fez a seo que a Bíblia ensina sobre esses as- guinte observação: No cenário mundial da atualidasuntos e o momento atual em que nos encontramos na história? Será de há muitos indícios que levam à que estamos tão desorientados conclusão de que o fim da era [da quanto muitas vezes afirmam aque- Igreja] pode chegar em nossos dias. les que nos criticam? Eu diria que Essas profecias concernentes ao futuestamos nitidamente no rastro certo ro dia de sofrimento de Israel e de do momento em que a história se sua restauração final podem estar encontra no presente e para onde destinadas a se cumprir na presente ela se dirige no futuro. Os princi- geração. Na história do mundo, nunpais pontos de nossa perspectiva ca houve uma confluência de tantas quanto ao que a Bíblia ensina acer- importantes evidências da preparaca do futuro estão na trilha certa, ção para o fim.3

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A atual era da Igreja por via de regra não é um período no qual a profecia bíblica está se cumprindo. A maioria das profecias diz respeito a um tempo posterior ao Arrebatamento, um cumprimento que se verificará durante o período de sete anos da Tribulação. Contudo, isso não significa que, durante a presente era da Igreja, Deus não esteja preparando o mundo para aquele período futuro – na realidade, é o que Ele faz atualmente. No entanto, a montagem do palco não é o “cumprimento” da profecia bíblica. Assim, ainda que a profecia não esteja se cumprindo em nossos dias, isso não quer dizer que não podemos rastrear as “tendências gerais” na atual preparação para a futura Tribulação, principalmente quando se considera o fato de que a Tribulação se dará imediatamente após o Arrebatamento. A essa abordagem denominamos “montagem do palco”. Assim como muitas pessoas preparam na noite anterior a roupa que usarão no dia seguinte, também Deus agora, em sentido análogo, prepara o mundo para o infalível cumprimento da profecia num tempo futuro. O Dr. Walvoord explica: Contudo, se não há sinais para a ocorrência do próprio Arrebatamento, quais são as razões pelas quais crer que o Arrebatamento possa estar particularmente próximo desta geração? A resposta não se encontra em nenhum dos eventos proféticos preditos para se cumprir antes do Arrebatamento, mas na compreensão dos eventos que acontecerão depois do Arrebatamento. Da mesma forma que a história foi preparada para a Primeira Vinda de Cristo, a história se prepara atualmente para os eventos que culminarão na Segunda Vinda [...] Se for assim, a conclusão inevitável é a de que o Arrebatamento pode


estar estimulantemente próximo de ocorrer.4

• Sinais dos Tempos A Bíblia apresenta profecias detalhadas sobre o período de sete anos da Tribulação. Para dizer a verdade, os capítulos 4-19 do Apocalipse oferecem um detalhado esboço seqüencial dos principais personagens e eventos daquele período. Se um estudante da Bíblia usar o livro do Apocalipse como estrutura básica, será capaz de harmonizar centenas de outros textos bíblicos referentes à Tribulação de sete anos dentro de um modelo claro que explique o próximo período a ser vivido pelo planeta Terra. Com um molde desses para nos orientar, podemos perceber que Deus já está preparando ou montando o palco do mundo, onde o dramático espetáculo da Tribulação se desenvolverá. Desse modo, aquele período futuro forma sombras de expectativa sobre nossos próprios dias, de modo que os acontecimentos atuais proporcionem perceptíveis sinais dos tempos. Uma questão a ser lembrada é a de que assim como nos primórdios do cristianismo houve uma transição de instrumento mediador, o qual anteriormente era Israel e passou a ser a Igreja, assim também, ao que parece, haverá uma transição no final da era da Igreja, quando Deus terminar a montagem do palco e der prosseguimento ao Seu plano inacabado em relação a Israel, depois do Arrebatamento. A era [i.e., dispensação] da Igreja nitidamente começou no Dia de Pentecoste. Quarenta anos mais tarde, por ocasião da destruição de Jerusalém em 70 d.C., uma profecia específica relativa ao plano de Deus para Israel se cumpriu historicamente. Esse foi o último cumprimento profético referente à transição de Israel

para a Igreja. Durante os últimos cem anos observou-se a ocorrência de fatos que preparam o palco a fim de que os personagens estejam no lugar exato para aquele momento em que, concluída a era da Igreja com o Arrebatamento, Deus retomar o curso de Seu plano para Israel durante a Tribulação. Uma vez que Israel já é uma nação novamente constituída e, até certo ponto, já tem o controle da Cidade Antiga de Jerusalém, podese dizer que esses elementos proféticos já estão no seu lugar e aguardam o desdobramento dos eventos da Tribulação. Além do mais, há predições gerais sobre o curso da era da Igreja, tais como a tendência para a apostasia (1 Tm 4.1-16; 2 Tm 3.1-17). Tais predições não têm relação com o momento exato do Arrebatamento, pelo contrário, são tendências gerais que dizem respeito à era da Igre-

ja. O que ainda falta para que um cristão que crê na Bíblia veja o aumento oportuno da apostasia em nossos dias? É importante perceber que quando se fala de uma característica geral como a apostasia, a despeito de quão ruim algo possa ser, sempre pode se tornar um pouco pior ou ir um pouco mais além. Portanto, é precipitado citar características gerais sem que se considerem os indicadores históricos como sinais dos últimos dias. Independentemente do quanto nossa época atual pareça se ajustar a essa tendência, nunca podemos estar absolutamente certos de que não surgirão ainda mais desdobramentos no futuro.

• Outras Áreas da “Montagem do Palco” em Nossos Dias O estudo da profecia bíblica divide-se em três áreas principais: as na-

Uma vez que Israel já é uma nação novamente constituída e, até certo ponto, já tem o controle da Cidade Antiga de Jerusalém, pode-se dizer que esses elementos proféticos já estão no seu lugar e aguardam o desdobramento dos eventos da Tribulação.

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Em combinação com sendo preparados para seu futuro os eventos da Tribula- papel durante a Tribulação, a desção, os capítulos 38 e 39 peito de tudo o que os críticos dide Ezequiel demonstram gam. Contudo, antes que se abram que haverá uma invasão as cortinas, a Igreja subirá para as do território de Israel nuvens no Arrebatamento. Muito por uma coalizão militar mais do que estar à procura de siliderada por “Gogue, da nais dos tempos, eu aguardo, dia terra de Magogue, príncipe após dia, o nosso Salvador, que volde Rôs, de Meseque e Tu- tará a qualquer momento. E você? bal” (Ezequiel 38.2). Maranata! (Pre-Trib Perspectives) Chuck Missler chega à seguinte conclusão: Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Uma pessoa teria de ser totalmente ignorante acerca Research Center em Lynchburg, VA (EUA). dos desdobramentos no mundo de hoje para não “Todos os aliados de Ele é autor de muitos livros e um dos editores reconhecer que, através dos esforços da União Magogue (i.e., da Rús- da Bíblia de Estudo Profética. Européia, o despedaçado Império Romano sia) são razoavelmente tem sido ajuntado novamente. bem identificados e todos eles são muçulmanos”.6 A Rússia e seus ções (i.e., os gentios), Israel e a Igre- aliados já estão em posição e prontos ja. As Escrituras apresentam mais para um ataque em nossos dias. detalhes proféticos a respeito dos fuNão é surpresa nenhuma constatar Notas: turos planos de Deus para Seu povo que muitas passagens bíblicas desta- 1. Barbara Rossing, conforme consta em “The End Is Near”, escrito por Rick Kennedy pa– Israel. Deus já preparou um mara- cam o papel a ser desempenhado pela ra a edição eletrônica do Dallas Observer, vilhoso e abençoado futuro para os Babilônia no fim dos tempos como edição de 9 de fevereiro de 2006, p. 2, publicado no site www.dallasobserver.com/isjudeus eleitos como indivíduos e pa- inimiga de Deus (Apocalipse 14.8; e sues/2006-02-9/news/feature–2.html. ra o Israel nacional. Israel é o super- os capítulos 17 e 18). “Quais são as 2.Gary DeMar, Islam and Russia in Prophecy: The Problem of Interpreting the Bible sinal de Deus no fim dos tempos. placas sinalizadoras específicas que Through the Lens of History, Powder Uma pessoa teria de ser total- podem servir de indicadores para o Springs, GA: American Vision, 2005, p. 4. mente ignorante acerca dos desdo- mundo quanto ao plano de Deus no 3.John F. Walvoord, Israel in Prophecy, Grand Rapids: Zondervan, 1962, p. 129. bramentos no mundo de hoje para fim dos tempos?”, pergunta o Dr. 4.John F. Walvoord, Armageddon, Oil and the não reconhecer que, através dos es- Charles Dyer. “A terceira placa sinaliMiddle East Crisis, edição revisada. Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1990, forços da União Européia, o despe- zadora, sem dúvida, é a reconstrução p. 217. 7 daçado Império Romano tem sido de Babilônia”. 5.Hal Lindsey, Planet Earth – 2000 A.D. Will Mankind Survive?, Palos Verdes, CA: Wesajuntado novamente. Isso está tern Front, 1994, p. 221. acontecendo, à semelhança de to6.Chuck Missler, The Magog Invasion, Palos Verdes, CA: Western Front, 1995, p. 121. dos os outros desdobramentos obri- • Conclusão H. Dyer, The Rise of Babylon: Sign gatórios da profecia, simplesmente Há sinais dos tempos que indicam 7.Charles of the End Times, Wheaton, IL: Tyndale na hora exata de estar no lugar cer- estarmos provavelmente próximos House Publishers , 1991, p. 208-209. to para o futuro período da Tribu- do momento em que a Tribulalação. Hal Lindsey comenta: Recomendamos: Há uma geração atrás, ninguém so- ção terá seu inínharia com a possibilidade de que um cio. Muitos ouimpério formado pelas nações consti- tros sinais podetuintes da antiga Roma pudesse ser re- riam ser vitalizado [...] Mas hoje em dia, diante considerados. É do fato de que a Europa começou sua evidente que homarcha rumo à genuína unidade, ve- je em dia vemos mos o cumprimento em potencial de os principais outra profecia muito importante para a personagens do Pedidos: 0300 789.5152 • www.Chamada.com.br volta de nosso Senhor Jesus Cristo.5 fim dos tempos

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Em Deuteronômio 32.8,9, Moisés declarou: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel. Porque a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança”. Deus tem um programa profético universal que, com freqüência, subdividimos em três planos distintos: um plano para Israel, um plano para a Igreja e um plano para as nações gentias. Todos esses três planos revolvem em torno do povo judeu. Em conexão com Israel, o propósito soberano de Deus é concretizado por meio das alianças eternas

e incondicionas que Ele fez com o povo judeu (a Aliança Abraâmica, a da Terra, a Davídica, e a Nova). Como, porém, o programa de Deus para a Igreja se relaciona com Israel? Paulo ensina que as bênçãos espirituais de que a Igreja desfruta

Israel é verdadeiramente o relógio de Deus para a história e a profecia.

são na verdade bênçãos espirituais advindas das alianças judaicas (Ef 2.11-16; 3.5,6; Rm 11.17; 15.2527). O propósito-chave do Arreba-

tamento é remover a Igreja da terra antes que Deus derrame Sua ira contra Israel e os gentios impenitentes. Enquanto o derramamento da ira de Deus sobre o mundo gentio se deve à violação da Aliança Noaica (Is 24.5,6), o derramamento da ira de Deus sobre Israel tem como alvo conduzir Seu povo ao arrependimento nacional. O modus operandi de Deus em relação às nações gentias tem sido constantemente o desenvolvimento de um princípio contido na Aliança Abraâmica: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12.3). Na verdade, no julgamento dos gentios

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“...aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho” (Zacarias 2.8).

(ovelhas e bodes em Mt 25.31-46), somente as ovelhas, os gentios crentes cuja fé será evidenciada por seu tratamento amoroso para com os judeus durante a Tribulação, entrarão no Reino. Os bodes, que representam os gentios incrédulos, serão excluídos do Reino e irão para o castigo eterno (ver também Jl 3.13). Como Deus lidará com as futuras nações gentias no Reino, vai depender de seu relacionamento com Israel no passado. Seus julgamentos

sobre elas e o cumprimento de Suas profecias concernentes a essas nações são baseados, com freqüência, em Sua declaração a Israel em Zacarias 2.8: “...aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho”. Uma das profecias mais famosas relacionadas à questão do tempo, profecia e cronologia é a das “setenta semanas” em Daniel 9.24-27. Deus diz a Daniel que essas setenta semanas estão decretadas sobre “teu povo” e sobre “tua santa cida-

de”, isto é, Israel e Jerusalém. Esta profecia não se aplica à Igreja. Israel é verdadeiramente o relógio histórico e profético. O programa profético universal de Deus, seja para Israel, seja para a Igreja, seja para as nações gentias, se desenvolve direta ou indiretamente por meio do povo judeu. Muito freqüentemente, os crentes tentam ver onde se acham no programa profético com base em como eventos mundiais afetam o país em que vivem. No entanto, a verdadeira determinação de nossa posição na história se baseia em como os eventos mundiais afetam a história judaica e o povo judeu. Assim, quando ocorrem eventos de repercussão mundial, os critérios para relacionálos à profecia bíblica não são a maneira pela qual afetam a Igreja, nem o modo pelo qual afetam qualquer nação gentílica, não importa quão grande e poderosa, mas o modo pelo qual afetam a história judaica e o povo de Israel. Arnold G. Fruchtenbaum, Th.M., Ph.D., é fundador e diretor do Ministério Ariel (Califórnia, EUA).

Este é um dos artigos da Bíblia de Estudo Profética. Além de mapas, quadros, tabelas e gráficos, ela contém muitos textos e anotações para facilitar o entendimento das profecias bíblicas.

A Bíblia de Estudo Profética foi preparada com a colaboração de grande número dos mais conceituados eruditos e estudiosos das Escrituras. Ela é um instrumento imprescindível para o aprofundamento na Palavra de Deus. ➜ Mapas panorâmicos coloridos ➜ Coluna central de referências ➜ Linha de tempo dos Eventos Bíblicos ➜ Mais de 70 artigos sobre Profecia Bíblica ➜ Introdução de cada livro bíblico ➜ 83 mapas e tabelas ➜ Concordância Bíblica ➜ Notas de rodapé e Passagens-Chave referentes à Profecia Bíblica ➜ Profecias sobre a 1ª e a 2ª Vindas de Cristo ➜ Tipos de Cristo cumpridos no Novo Testamento ➜ Versão Almeida Corrigida Fiel (SBTB) ➜ 1ª Bíblia impressa no Brasil em papel 100% ecológico

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Amsterdã no século XVII

A criação da República da Holanda, em fins do século XVI, foi de vital importância para os perseguidos de toda a Europa, principalmente para os conversos que escolheram Amsterdã, o mais importante centro econômico da nova república, para lá se estabelecer. Abastados e influentes, os judeus portugueses tiveram papel preponderante no desenvolvimento da cidade. Ansiosos para resgatar seu judaísmo à sombra de leis tolerantes que lhes permitissem exercer sua fé, criaram uma vigorosa comunidade sefaradita (judeus da Península Ibérica) que serviu de modelo para outras posteriormente surgidas em lugares tão diversos como

o Brasil, Londres, Curaçao, o Sudeste da França e certas ilhas do Atlântico.

A “Nação Judaica Portuguesa” “Nação Judaica Portuguesa” ou simplesmente “homens de Nação” – era assim que judeus portugueses se auto-designavam. Muitos podiam remontar suas origens aos 120 mil judeus que, em 1492, após a determinação de conversão forçada ou expulsão da Espanha, por parte dos Reis Católicos, buscaram refúgio em Portugal. Porém, lá não estavam a salvo. Três anos mais tarde, quando o rei português, D. Manuel I, contratou casamento com a filha dos reis de Espa-

nha, entre as cláusulas nupciais constava a expulsão dos mouros e judeus de Portugal. Desejoso de extirpar o judaísmo sem, no entanto, dispensar a habilidade e os recursos de seus integrantes, D. Manuel I lhes “permitiu” optar pela conversão. Mas, determinados a não abandonar sua fé, eles prepararam-se para deixar o país. As ocorrências daquele terrível ano de 1497 marcariam, para sempre, os judeus de Portugal. Tiveram sua saída vetada pelo rei que, a seguir, ordenou sua conversão forçada. Milhares foram arrastados a força às pias batismais. Muitos continuaram a praticar a religião em segredo, enquanto, de público, professavam a fé católica.

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Para apaziguar os ânimos dos “novos cristãos”, o rei prometeu que durante vinte anos ficaria proibido qualquer questionamento sobre a vida religiosa dos conversos. Essa “generosidade” real foi prorrogada até 1534. Foram quarenta anos que se revelaram fundamentais para a preservação, entre os “Homens da Nação”, da religião e da identidade judaicas. Em Portugal, diferentemente do que ocorria na Espanha, os conversos – tanto os que, em segredo, se mantinham fiéis ao judaísmo quanto os que, de fato, adotaram a fé católica – formavam um grupo coeso e organizado. Há registros da existência de rotas de fuga e fundos para auxílio aos necessitados. Uniram-se principalmente para impedir a vinda e instalação do Tribunal da Inquisição naquela terra. Conseguiram-no até 1536, quando o Vaticano autorizou a instalação do Santo Ofício em Portugal. Quatro anos mais tarde, quando o Tribunal entrou em funcionamento e o primeiro auto-de-fé foi realizado em Lisboa, grandes levas abandonaram o país. Contudo, a grande saída ocorreu após 1580, ano em que Filipe II, de Espanha, subiu ao trono português e a Dinastia Filipina teve, até 1640, o mando sobre o Império da União Ibérica. Absolutista e poderoso, Filipe II era o mais devotado entre os monarcas católicos da Europa. Desconfiava dos conversos, detestava os judeus e a Reforma Protestante, que via como uma ameaça à fé católica e a seu império. Assim sendo, logo após subir ao trono, em 1556, Filipe II iniciou forte repressão aos protestantes dos Países Baixos. Os excessos espanhóis provocaram a eclosão de uma revolta liberal, em 1568. Iniciava-se a “Guerra dos 80 Anos” (1568-1648), como ficou mais conhecida a Revolta Holandesa. Em 1579 as províncias do norte, protestantes e burguesas, criaram a República Unida da Holanda, proclamando, dois anos depois, sua autono-

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mia perante a monarquia espanhola. Segundo estatutos da nova República, nenhum de seus habitantes ou visitantes seria importunado por motivos religiosos. A Holanda era a primeira nação onde a liberdade de credo era garantida por lei, onde os perseguidos por religião ou política poderiam encontrar abrigo. O intuito, naquela Europa dilacerada por guerras religiosas entre protestantes e católicos, era assegurar a cristãos de diferentes denominações a liberdade de culto. Mas, felizmente, esse estatuto acabou beneficiando também os judeus e a Holanda surgiu como um porto seguro para os conversos ibéricos, já fartos da perseguição e violência espanhola. Além do que, apesar das várias gerações que já se haviam passado e do Em 1536, o Vaticano autorizou a instalação do Santo Ofício em Portugal. Na pintura, um Auto grande número de converda Fé (ritual de penitência ou humiliação sos que já tinham perdido o pública) da inquisição, na Espanha em 1475. vínculo com suas raízes judaicas, muitos ainda nutriam, no fundo do coração, o desejo Há relatos sobre a chegada de váde poder voltar a professar aberta- rias famílias proeminentes em 1593. mente seu judaísmo. Instalaram-se em Vlooienburg, ilha no rio Amstel, que, mais tarde, ficaria conhecida como o “bairro judeu”. AnsioConversos se Estabelecem sos para voltar ao judaísmo e disposAmsterdã foi fundada no século tos a reaprender e a seguir as leis juXIII. Sabe-se que, durante a Idade Mé- daicas, os recém-chegados mandaram dia, havia na região algumas comuni- trazer para Amsterdã o rabino Moshe dades judaicas, mas, expulsões e per- Uri Halevi, de Emden. O rabino torseguições, principalmente por volta de nou-se peça-chave nessa volta dos 1349, tinham posto fim à vida judaica conversos ao judaísmo. Imediatamente local. Somente após a criação da Re- circuncisou os homens, entre os quais, pública da Holanda, atraídos pela to- Jacob Tirado, um dos grandes líderes lerância religiosa e oportunidades entre os “Homens da Nação”. Comeeconômicas, os conversos portugueses çaram a se organizar serviços religiocomeçaram a se estabelecer na flores- sos nas residências, usando um Sefer cente cidade. Torá que o rabi Moshe trouxera consi-


go. Ainda hoje, esse Sefer constitui evidência tangível dos primórdios da vida comunitária dos judeus portugueses de Amsterdã. São escassos os registros sobre os primeiros anos. Acredita-se que, em 1596, dezesseis judeus portugueses se tenham reunido na casa de Don Samuel Palache, embaixador marroquino, com o intuito de celebrar o YomKippur. No ano seguinte, o converso português Emanuel Rodriguez Vega tornou-se cidadão de Amsterdã. E, a partir de 1598, as autoridades permitiram aos conversos a compra da cidadania. Segundo relatos da época, os recém-chegados despertaram a desconfiança das autoridades, temerosas de que se tratasse de “papistas espanhóis”, pois seus modos e suas vestimentas faziam-nos parecer fidalgos. No Yom-Kippur de 1597 (1) as autoridades entraram na residência onde estava reunida a congregação. Encontraram todos orando, imersos em profunda concentração. Prenderam o rabino e vários dos presentes, suspeitando que fossem conspiradores “papistas”. Coube a Jacob Tirado explicar às autoridades que eram conversos, recém voltando ao judaísmo após escapar das garras da Inquisição Espanhola. Assegurou ainda serem “homens de paz”, que haviam trazido consigo riquezas e que suas atividades e empreendimentos já estavam, de fato, contribuindo para a prosperidade do país. Não se sabe exatamente o que responderam a Tirado. Presume-se, no entanto, que lhe tenham dado garantias, pois contratos e registros de tabeliões revelam o aumento da atividade judaica na cidade. Estima-se que em 1599 já houvesse uma centena de judeus portugueses estabelecidos em Amsterdã, havendo documentos oficiais de 1602 mencionando os serviços religiosos judaicos em casa do rabino Moshe Uri Halevi.

Os excessos espanhóis provocaram a eclosão de uma revolta liberal, em 1568. Iniciava-se a “Guerra dos 80 Anos” (1568-1648), como ficou mais conhecida a Revolta Holandesa. Na pintura, a vitória holandesa sobre a marinha espanhola na Batalha de Gibraltar, em 1607.

Na Holanda, diferentemente do que ocorria em outras nações, lei alguma segregava ou discriminava os judeus; podiam casar-se, comprar e herdar propriedades. Tampouco eram obrigados a viver em guetos, nem a usar qualquer tipo de vestimenta que os diferenciasse do restante da população. É bem verdade que quando os conversos chegaram a Amsterdã, não podiam professar sua religião em público, podendo apenas fazê-lo em suas residências. Mas, longe da temida Inquisição, puderam, aliviados e sem medo, abandonar seu disfarce católico.

Renasce a “Nação Portuguesa” Em 1606, os “Homens da Nação”, liderados por Tirado e pelo rabino Moshe Uri Halevi, fundaram a Congregação Bet Yaacov. Dois anos mais tarde foi fundada outra, a Neve Shalom. As duas congregações prontamente criaram instituições benemerentes que ofereciam auxílio e empréstimos a necessitados, educação judaica,

ajuda para dotar moças para o casamento, sustento para órfãos, doentes e enterro dos desfavorecidos. Criaram também um fundo para pagar o resgate de judeus presos. Há registros, do ano de 1610, sobre o primeiro contrato de abate de carne casher (ou kosher, que significa “apta para comer”, ritualmente pura). Documentos comerciais da época mostram que, apesar de haver inúmeros espanhóis, a maioria dos membros das congregações era constituída de portugueses. Até hoje, os costumes da comunidade refletem sua origem. Todos os avisos, assim como a Oração pela Casa Real, são realizados em português. Após gerações, renascia a “Nação Judaica Portuguesa”, forte e vibrante. Forte se tornara, também, a necessidade de expressar abertamente sua religião, algo que as autoridades relutaram em aceitar. Em 1612, negaram à comunidade a permissão de erguer uma sinagoga. As duas congregações passaram, então, a alugar casas, transformando-as em casas de ora-

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ção. O primeiro reconhecimento oficial ocorreu em 1614, quando a comunidade recebeu autorização para comprar uma área para construção de um cemitério, em Ouderkerk, nos arredores da cidade. O campo santo, até então, situava-se em local bem afastado de Amsterdã. E, em 1616, foi estabelecido o Talmud Torá, responsável pela educação judaica dos membros da kehilá (comunidade). O que ainda faltava era uma definição clara de seu status legal perante as autoridades holandesas. Apesar de não haver grande entusiasmo da Igreja Reformada pela presença dos judeus, a municipalidade de Amsterdã estava mais do que satisfeita. Os judeus se haviam tornado indispensáveis para a economia local. Em 1616, a República Holandesa solicitara a Hugo Grotius, o maior jurista da Europa, conhecido como o “pai da legislação internacional”, a produção de um instrumento jurídico que definisse o status legal dos judeus em seu território. Entre suas conclusões, Grotius reafirmara que a presença dos judeus era desejável e que deviam ter liberdade para praticar sua religião, não sendo obrigados a usar roupas especiais. A República, então, delegou as decisões relativas à presença judaica aos respectivos governantes de cada cidade. Impunha, no entanto, algumas condições. Por exemplo, não era facultado aos judeus ocupar cargos no governo, como tampouco o era a quem não fosse da Igreja Reformada. Não podiam tentar converter os cristãos, nem com eles casar ou ter filhos. Em 1618, uma disputa na comunidade Bet Yaacov levou à criação de uma terceira congregação portuguesa, a Bet Israel. Somente vinte anos mais tarde, em 1639, as três congregações sefaraditas se consolidariam, criando a Talmud Torá. A espaçosa sinagoga Bet Israel, na rua Houtgracht, foi escolhida como sendo o lugar de culto da congregação unificada. Ampliada, re-

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cebeu uma elegante fachada, com imponentes colunas. Gravuras da época retratam seu rico interior e exterior. Foi usada como principal centro de culto até 1675, quando foi inaugurada a Esnoga. A partir de então, foi destinada a outras atividades comunitárias, até ser demolida, em 1931. O número de judeus em Amsterdã e sua importância cresciam. A cidade se tornara abrigo para grandes massas de judeus asquenazitas vindas da Alemanha e de países da Europa Oriental. Em 1635, os asquenazim (judeus da Europa Central e Oriental) fundaram sua própria congregação e inauguram, em 1671, a Grande Sinagoga, também chamada de Shul. O edifício faz parte, atualmente, do Museu Histórico Judaico de Amsterdã. Em 1675 foi inaugurada, na frente do Shul dos asquenazim, a magnífica Sinagoga Portuguesa de Amsterdã, a Esnoga, até hoje usada como local de orações. Essas duas imponentes sinagogas formavam o coração do maior complexo de sinagogas do mundo. Nunca antes, na Diáspora, os judeus tiveram a permissão de construir

templos tão monumentais e tão visivelmente identificáveis. Algo ainda mais surpreendente é o fato de que, até meados do século XVIII, os católicos da cidade eram obrigados a realizar seus serviços religiosos em residências.

A “Idade de Ouro” Seria uma inverdade dizer que os “Homens da Nação” foram os responsáveis pela Idade de Ouro holandesa, mas é incontestável sua importante contribuição à expansão comercial desse país. Além de terem trazido capital financeiro, trouxeram sua habilidade comercial e sua vasta rede de contatos, que se estendia pelos quatro cantos da terra. Em decorrência de seu empenho e dedicação, aliados a um contexto econômico favorável, conseguiram construir fortunas que os ajudaram a erguer uma florescente comunidade. De uma participação relativamente modesta, no início do século XVII, logo adquiriram importância no comércio internacional. Destacaram-se na importação de taba-

A Esnoga em Amsterdã (século XVIII), considerada a “sinagoga-mãe” pela comunidade judaica espanhola e portuguesa.


tados pelas autoridades e membros mais ilustres da sociedade. Sob o ângulo da economia, eram fundamentais para o funcionamento da Bolsa de Valores de Amsterdã. Diz-se, até, que no Shabat (sábado) a Bolsa não operava. Além de grandes comerciantes, foram os principais financiadores das Companhias das Índias Ocidentais Interior da Esnoga em Amsterdã, nos dias de hoje. e Orientais. Apesar de sua total integraco, seda e pedras preciosas, principal- ção à vida econômica e social local, mente na lapidação e comercialização os “Homens da Nação” estabeleceram de diamantes, ramo relativamente no- uma comunidade ortodoxa, extremavo, livre das restrições impostas a ou- mente comprometida com as Leis e entros setores por guildas monopolizado- sinamentos judaicos. Tinham, garantiras. Os judeus portugueses de Amster- da por legislação, relativa autonomia dã desenvolveram o complicado na administração interna dos assuntos processo de aquisição da matéria-pri- comunitários. Determinavam, portanto, ma da Índia e do Brasil. Dispunham, suas próprias regras na solução das também, de suficiente estrutura comer- disputas comerciais ou privadas; e cial para abrir mercado para um pro- possuíam suas próprias instituições e entidades beneficentes. duto praticamente novo, o açúcar. Prósperos e influentes, eram, quase Após a invasão de Pernambuco pela Companhia das Índias Ociden- sempre, comerciantes, médicos ou intais, em 1630, uma leva de judeus telectuais. Nas primeiras décadas do deixou Amsterdã rumo ao Recife. Lá, século XVII, surgiram no seio da coem 1636, fundaram a primeira sina- munidade os primeiros estudiosos e goga das Américas. Vinte anos mais rabinos – entre eles, os renomados ratarde, quando os portugueses expulsa- binos Isaac Aboab da Fonseca e Meram os holandeses do Brasil, junto se nasseh Ben Israel – erudito, escritor, foram os judeus. Com a experiência diplomata e fundador da primeira tiadquirida em Pernambuco, ao retor- pografia hebraica nos Países Baixos. nar a Amsterdã contribuíram ativa- Médicos famosos, como Joseph e Ephmente para a transformação da cida- raim Bueno, cuidavam das maiores de em principal centro mundial do re- autoridades da República. Alguns dos mais ricos comerciantes de Amsterdã fino e comércio açucareiro. eram judeus portugueses, entre eles Abraham Pereira e seus filhos. ComIntegração e Conflitos prometido por inteiro com o judaísmo, Os judeus se misturaram à comuni- Pereira era um dos grandes sustentádade holandesa. Viviam lado a lado culos da vida comunitária. Outro decom personalidades famosas, como les, Isaac de Pinto, conselheiro do GuiRembrandt; seus rabinos eram respei- lherme de Orange IV e acionista da

Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fundou a sinagoga da Congregação Bet Israel, a qual financiou sozinho, até sua morte. A vida e o trabalho desses homens foram característicos de muitos outros que tinham orgulho de se declararem, abertamente, “portugueses da Nação Hebraica”. Homens tão importantes no seio da sociedade holandesa, que, durante muito tempo, foram sinônimos os termos “português” e “judeu”. A criação de uma nova comunidade não se faz sem conflitos, principalmente com uma trajetória tão sofrida como a vivenciada pelos judeus ibéricos. Amsterdã se tornara local onde os conversos tinham a oportunidade de assumir livremente o judaísmo; o governo não os impedia e as instituições judaicas lhes davam todo o apoio, se necessário. Mas a retomada da prática religiosa era um processo difícil, que muitos não suportaram. Enquanto os primeiros a chegar a Amsterdã tinham raízes judaicas mais profundas, as levas subseqüentes eram bem menos comprometidas, tendo apenas conhecimentos rudimentares – e se defrontaram com uma sociedade extremamente tradicional e praticante. Nem O rabino Menasseh Ben Israel, retratado por Rembrandt.

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podia ser facilmente vista em Hamburgo, Londres, Curaçao, Suriname e Nova York. Mas, pairavam mudanças no ar. Chegava ao fim a “idade de Ouro” da Holanda, levando consigo a época áurea da comunidade judaica portuguesa local. Com a perda de sua posição de principal nação marítima e comercial do mundo, a Holanda entrou, no século XVIII, em período de séria estagnação. A comunidade sefaradi perdeu sua pujança, mas não abandonou seus costumes e tradições. Até hoje, rezam contritos na esplendorosa Esnoga, em Yom-Kippur, à luz de mil velas... (extraído de www.morasha.com.br) Em 1630 uma leva de judeus deixou Amsterdã rumo ao Recife. Lá, em 1636, fundaram a primeira sinagoga das Américas, vista na foto acima.

todos tiveram a força e a perseverança necessárias. Alguns não conseguiam “despir-se” da prática de conversos e assumir sua identidade judaica; havia também os oportunistas que viam a volta ao judaísmo como passaporte para bons negócios. Alguns desistiam e voltavam, desiludidos, aos países de origem. Houve casos famosos de judeus que, ao expor idéias contrárias às principais crenças do judaísmo, foram colocados em “chérem”, isto é, foram banidos da comunidade. Entre estes, Uriel da Costa e Baruch Spinoza. Um dos maiores racionalistas da filosofia moderna, Spinoza, filho de um abastado converso português, foi banido, no verão de 1656, por defender idéias totalmente contrárias aos ensinamentos judaicos, que apregoavam que “Deus era o mecanismo imanente da natureza e do universo” e a “Torá, uma obra metafórico-alegórica”!

O Fim da Idade de Ouro Em 1675, quando a magnífica Esnoga foi inaugurada, havia cerca de

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2.500 sefaraditas vivendo na cidade; aproximadamente 2.000 asquenazitas e 500 lituanos, somando cinco mil judeus, em meio a uma população de 200 mil habitantes. As duas últimas décadas do século XVII são consideradas o auge da abastada comunidade judaica sefaradita de Amsterdã, cuja influência

Bibliografia: (1) Há discrepâncias sobre a data exata da ocorrência. Alguns cronistas afirmam que o fato ocorreu em 1602. – Kaplan, Yosef – Les Nouveuaux-Juifs D´Amsterdam. – The Esnoga, a Monument to Portuguese-Jewish Culture, 1991, Ed. D’Arts Amsterdam. – Gottheil, Richard e Seeligmann, Sigmund, “Amsterdam”, www.JewishEnciclopaedia.com.

Derrota holandesa na batalha de Guararapes, em 1649. Vinte anos após a chegada dos holandeses ao Brasil, eles foram expulsos do país, e junto se foram os judeus de Pernambuco.


dência em White Plains, Nova York, onde cresceu num lar de judeus praticantes. Entretanto, ele se opôs aos costumes da tradição judaica e procurou um estilo de vida mais “liberado”, o que tumultuou os anos de sua adolescência.1 Foi durante essa época que ele encontrou grande alívio e conforto ao ouvir e tocar uma enorme variedade de estilos musicais. Por fim, uma viagem a Israel, quando cursava o ensino médio, constrangeu-o a restabelecer os vínculos com a sua identidade judaica. Aos 19 anos, re-

O Fascinante Mundo dos Hassidim

Esse encontro, mais adiante, acendeu o entusiasmo dele, fazendo com que se voltasse para o poder místico da música no judaísmo hassídico.2

Em seguida, diz sua biografia, ele conheceu um rabino do grupo LubaParte 1 vitch (Beit Chabad), num parque. Não demorou muito para que MaSteve Herzig thew Miller se fosse e nascesse Matisyahu, o músico hassidim. AtualPatrocinadores chegam às mais mente, Matisyahu reside no bairro badaladas casas de espetáculo, de de Crown Heights, em Nova York, Nova York a Los Angeles, para ouuma das principais colônias de juvir uma mistura instrumental de deus hassidim [do grupo] Lubavitch. reggae salpicado com um pouco de Ele estuda numa yeshiva (i.e., um luhip-hop e jazz. Mas há alguma coisa gar de estudos judaicos) e apresenta de diferente no vocalista em cartaz. sua música por todo o país. Sua voz característica entoa um Embora a música de Matisyahu canto persistente, acompanhado seja uma exclusividade, a jornada por uma modulação inconfundível dele rumo ao hassidismo não é. O de ritmo caribenho. hassidismo (i.e., o judaísmo ultraO público ama a música ortodoxo) cresce a cada dia. dele, porém, sua aparição no Apesar de corresponder, por palco gera uma certa perplexienquanto, a uma parcela muidade. Em lugar das costumeito pequena de toda a popularas camisetas floridas, bermução judaica, em termos prodas e cabelos trançados em esporcionais, o hassidismo é o tilo jamaicano, o rapaz se movimento dentro do judaísveste com uma camisa branca mo que cresce mais rápido e o e calça preta; ostenta uma lonnúmero de seus adeptos dupliga barba e usa óculos com ca a cada quinze anos.3 A maioria das pessoas quaaros. Para completar o traje, se nada conhece acerca da cousa um yarmulke preto (ou munidade hassídica, por ter “kipá”, isto é, um solidéu). O O cantor Matisyahu apresentou-se recentemente pouco contato com ela, se é nome do artista é Matisyahu em diversas cidades brasileiras. que tem algum contato. O nú(que numa transliteração livre mero de judeus hassidim no seria “Matatias”, uma referênmundo todo não chega a 1 micia ao líder da revolta judaica dos Macabeus, comemorada no fe- tornou aos Estados Unidos e matri- lhão e a maioria deles vive em Isriado religioso do Hanuká). E ele é culou-se numa escola de música em rael. Nos Estados Unidos, a maioNova York. ria dos hassidim vive na cidade de um judeu de tradição hasídica. A biografia dele, encontrada no Nova York, mais precisamente, em O traje dele relembra as antigas vestimentas dos judeus poloneses site www.hasidicreggae.com, apre- Boro Park, Williamsburg e Crown Heights, distritos do bairro do do século XVIII. Ainda que o ritmo senta o seguinte comentário: Durante esse tempo, ele encontrou Brooklin. e estilo musical não sejam hassídiTambém existem expressivas cocos, as letras das músicas certamen- a Carlebach Shul, uma sinagoga site o são. Esse cruzamento entre tuada no Upper West Side [de Ma- munidades hassídicas em Chicago, Bob Marley e Moisés nasceu como nhattan, Nova York] que é bem co- Los Angeles, Cleveland, Baltimore, Mathew Miller na cidade de West nhecida por sua disposição acolhe- Detroit, Filadélfia, Miami e Denver. No Canadá, especificamente nas Chester, Pensilvânia, EUA. Poste- dora para os hippies e pela riormente, sua família fixou resi- abundância de músicas e cânticos. cidades de Toronto e Montreal, há

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centros hassídicos. Na Austrália, re- território de Israel, após terem sido sias – surgiria para trazer justiça e centemente, os hassidim desperta- expulsos no ano 70 d.C.) vivia na paz ao mundo inteiro. Ele os conram tanto interesse que uma rede Europa Ocidental e Central. A duziria à sua antiga terra natal, Isde televisão estatal ajudou a finan- Igreja “cristã” (não-evangélica) pas- rael, e estabeleceria Seu Reino ciar um filme de curta metragem sou a acusar os judeus de serem Messiânico na Terra. muito elogiado, intitulado Jewboy cooperadores do Diabo; de roubar Eles aguardavam ansiosamente [i.e., O Garoto Judeu], do escritor e crianças gentias (i.e., não judias) e pelo aparecimento dele, mas ele diretor judeu Tony Krawitz.4 de usar o sangue delas no ritual da não veio ao seu encontro. Ao longo O hassidismo não apenas cresce Páscoa; de envenenar fontes e re- dessa trajetória, muitos professaram porque pessoas como Matisyahu o servatórios de água, bem como de ser o Messias. O Dr. Yehuda adotam, mas tem Klausner, ao escrecrescido de dentro ver para o Ravpara fora. Não é diSIG, um jornal onfícil encontrar famíline especializado lias hassídicas que em genealogia rabítenham de 8 a 10 nica, esclareceu o filhos; em alguns seguinte: “Em decasos, até mesmo corrência desse de12 filhos. sespero dos judeus, Os hassidim se apareceram falsos distinguem por seu messias: David Altraje característico, roi (1160), David por seu fervor proHaReuveni (1542), selitista em ganhar Shlomo Molcho outros compatrio(1500-1532), tas judeus para que Shabbtai Zvi adotem seu modo (1626-1676), Jacob de pensar e por faFrank (1726-1791) Rabinos hassídicos e outros hassidim com vestes tradicionais durante a celebração de um casamento em Israel. mílias enormes. e outros mais”.5 Cada fracasso mesAlém disso, os hassiânico fazia com sidim de toda parte do mundo estão ligados uns aos ou- disseminar pragas. Tais acusações que os esperançosos, mas impotentros pelo seu idioma principal: o ií- foram a causa de açoitamentos, ex- tes, judeus ficassem ainda mais desiludidos e fossem mais oprimidos. pulsões e assassinatos. diche. Muitos desses judeus viviam Os judeus se viram forçados a se deslocar para o Leste da Europa, na em shtetls, pequenos vilarejos juNascido nos Shtetls direção da Polônia e da Rússia, on- daicos espalhados pelos territórios O termo hassídico (pronunciado: de as condições não eram melhores. da Polônia, da Ucrânia, da Lituâra-ssí-dico) significa “piedoso” e é Em termos políticos, a Polônia vivia nia, da Romênia e da Rússia. Apeutilizado para denotar uma pessoa uma fase ininterrupta de instabili- nas sobreviver já era difícil, quanque esteja compromissada com o dade. Por causa das constantes to mais a busca pelo conhecimenjudaísmo além do que se espera em guerras, as fronteiras polonesas fre- to dos costumes e das tradições geral. A maioria das pessoas associa qüentemente eram alteradas. Os po- judaicos. Contudo, apesar de peo nome com os costumes e as tradi- grom (i.e., massacres organizados quena em termos numéricos, uma ções dos devotos judeus do Leste contra os judeus) assolaram a po- população composta de judeus da Europa. pulação judaica na Ucrânia e na praticantes, cultos e sofisticados, Os séculos XIII e XVII foram Polônia. Milhares de judeus foram vivia fora do Leste Europeu. Asperíodos particularmente penosos assassinados e centenas de cidades sim, criou-se uma dicotomia entre para o povo judeu. A maior parte foram arrasadas. Apesar dessas afli- os judeus pobres, ignorantes e os da Diáspora judaica (Dispersão, ções, os filhos de Abraão acredita- judeus de classe média que tinham i.e., os judeus residentes fora do vam que um libertador – um Mes- escolaridade.

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Nessa época surgiu um líder cujo impacto no judaísmo permanece até os dias de hoje. Para entender o hassidismo, é fundamental conhecer a vida e obra desse homem tremendamente influente. (Israel My Glory) [continua]

Steve Herzig é diretor de The Friends of Israel na América do Norte.

3. Robert Eisenberg, Boychiks in the Hood, Nova York: Harper-Collins, 1995, p. 1.

Notas:

4. Julia Fein Azoulay, “Aussie ’Jewboy”’, publicado no jornal The International Jerusalem Post, no período de 17-23 de junho de 2005.

1. “Matisyahu”, biografia publicada no site www.hasidcreggae.com/index.php?section=article&album–id=0&id=1 2. Ibid.

A Corajosa Voz Anti-Nazista

do a todos os homens crentes em Cristo que fossem de descendência judaica ou que fossem casados com Thomas C. Simcox mulheres judias.1 Bonhoeffer colaO Senhor sempre preserva o Seu borou na criação daquela que, mais remanescente. Nos perversos dias tarde, ficou conhecida como a Igreja do rei Acabe, Deus tinha Elias e Confessional, a qual desafiadoramais 7 mil pessoas, “...todos os joe- mente rejeitava a igreja governada lhos que não se dobraram a Baal...” pelo Estado, igreja esta que dava (1 Rs 19.18). E nos horríveis dias apoio a Hitler. Embora a teologia de Adolf Hitler, Ele tinha, entre ou- sustentada por Bonhoeffer possa ditros, Dietrich Bonhoeffer. vergir em alguns pontos da nossa Bonhoeffer era como uma voz teologia, ele, todavia, demonstrou que clamava naquele “deserto” da grande coragem e amor pelo Senhor Alemanha Nazista. O teólogo e pas- ao se posicionar contra a onda impetor, nascido na Alemanha, estudou tuosa do fascismo e do sentimento na Universidade de Berlim, em Tü- antijudaico. bingen e no Union Theological SeBonhoeffer fugiu da Alemanha minary em Nova York. Após con- em 1933 e exerceu o pastorado em cluir seu doutorado e colar grau Londres por cerca de com honra ao mérito acadêmico, dois anos. Porém, Bonhoeffer retornou à Alemanha e criou-se um vazio na começou a fazer preleções sobre Igreja Confessional da teologia e a ensinar na Universida- Alemanha e os novos de de Berlim. pastores precisavam Bonhoeffer se opôs a Hitler des- de treinamento. de o começo. Em janeiro de 1933, Diante do fato de que quando Hitler foi nomeado chance- o Estado controlava ler, Bonhoeffer tocou a trombeta de todas as universidaperigo iminente para todos os que des, Bonhoeffer coquisessem ouvir. Ele declaradamen- meçou a ensinar nute repudiou a igreja estatal que in- ma instituição de encorporava o “Parágrafo Ariano” em sino clandestina, um sua declaração de fé oficial. Tal pa- seminário bíblico serágrafo proibia o acesso ao pastora- creto nas proximida-

5. Yehuda Klausner, “The Hasidic Rabbinate, Parte 1”, publicado no Rav-SIG: Online Journal, veiculado pelo site www.jewishgen.org/Rabbinic/journal/hasidc1.htm

des de Berlim.2 Bonhoeffer descobriu maneiras de treinar jovens pastores mesmo depois que o seminário dele foi fechado pela Gestapo. Ele também foi um ferrenho defensor do sofrido povo judeu e prestou auxílio para que um grupo desse povo conseguisse fugir para a Suíça.3 Na realidade, a família de Bonhoeffer tinha precedentes históricos de ser corajosamente favorável aos judeus. A vovó Bonhoeffer desafiou os violentos soldados alemães num bloqueio que impedia as pessoas de ter acesso a uma região comercial judaica e, aos 91 anos de idade, desafiadoramente atravessou aquela barreira de obstáculos montada pelo exército.4 Sua colaboração na fuga de judeus para a Suíça e sua postura pública extremamente franca contra Hitler e contra o regime nazista – No campo de concentração de Buchenwald (Alemanha).

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aliadas ao envolvimento dele com a Abwehr, a agência militar de inteligência que tentou assassinar Hitler em 1944 – levaram Bonhoeffer à prisão como inimigo do Estado em abril de 1943. Seu irmão, Klaus, e seu cunhado, Hans Dohanyi, também foram presos, sob a acusação de tramarem uma conspiração contra o Estado e seu chefe. Bonhoeffer inicialmente ficou preso no campo de concentração de Buchenwald. Mais tarde foi transferido para Flossenburg, onde foi executado, aos 39 anos de idade, em abril de 1945, três semanas antes que os americanos libertassem os prisioneiros daquele campo de extermínio. O escritor Victor Shepherd fez o seguinte registro: “Atualmente, a árvore na qual ele foi enforcado exibe uma placa com a inscrição de apenas dez palavras: Dietrich Bonhoeffer, uma testemunha de Jesus Cristo entre seus irmãos”.5 Bonhoeffer foi um prolífico escritor. Muitos de seus livros foram publicados depois de sua morte. Na obra The Cost of Discipleship [O Custo do Discipulado], Bonhoeffer apresentou concepções bíblicas confiáveis e práticas sobre o seu amor pelo Senhor e sobre a maneira pela qual os servos do Senhor devem viver. Ele cria firmemente que “cristianismo sem discipulado sempre será um cristianismo sem Cristo. Continua a ser uma idéia abstrata, um mito que abre espaço para a paternidade de Deus, mas omite Cristo como o Filho vivo [...] Há fé em Deus, porém não existe nenhuma atitude de seguir a Cristo”.6 No que se refere à questão de levar a nossa cruz e seguir nosso Senhor, ele desenvolveu a seguinte concepção: Negar a si mesmo é concentrar a atenção apenas em Cristo e não mais em si mesmo; é visualizar somente Aquele que vai à frente e não mais a

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estrada que nos é dificultosa demais [...] o máximo que a abnegação pode dizer é: “Ele está na dianteira e mostra o caminho, fique perto dEle [...] e tome a Sua cruz” [...] Somente quando nos tornamos completamente inconscientes de nós mesmos é que estamos prontos a levar a cruz por amor a Ele. Se, no fim, apenas O conhecemos, se deixamos de dar atenção à dor de nossa própria cruz, é uma evidência de que estamos realmente prestando atenção apenas nEle.7 Suportar a cruz não é uma tragédia; é o sofrimento que resulta de uma exclusiva lealdade a Jesus Cristo. Quando isso acontece, não é um acidente, mas sim uma necessidade.8

Diante do que acontece no mundo de hoje, estas palavras de Berit Kjos deveriam soar como um acorde sinistro: Deus nos manda ter comunhão uns com os outros. Porém, num mundo corrompido, os que pertencem a Deus são freqüentemente separados daqueles que partilham da mesma fé. Muitos, hoje em dia, se encontram isolados no meio de “cristãos” nominais que não conhecem a Deus, nem desejam segui-lO. Bonhoeffer estava rodeado de pastores mornos e “cristãos” de mera tradição cultural, os quais davam apoio a Hitler. Para a maioria dos fiéis da Igreja Luterana nacional da Alemanha, segurança e riqueza se tornaram mais importantes do que a verdade bíblica e a fidelidade a Deus.9 Nos dias atuais, decorridos mais de 60 anos desde a morte de Bonhoeffer, as pessoas amam o dinheiro, o poder, o prestígio, a posição social e uma porção de bugigangas mais do que a Deus. As Escrituras nos advertem: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15). Na época de Bonhoeffer, as principais igrejas apoiaram Hitler; hoje, elas demonstram simpatia pe-

lo islã. Poucas delas aprenderam com a experiência do passado. Tragicamente, uma parte da Igreja Confessional, pela qual Bonhoeffer se sacrificou para a proteger das maldades de Hitler, resultou num movimento que, atualmente, apóia os palestinos e promove o boicote ao Estado de Israel. Entretanto o Senhor ainda tem Seu remanescente. Ele sempre preservará uma voz que proclame a verdade. A mensagem é a mesma. O problema é que o mundo, até agora, continua a não lhe dar ouvidos. (Israel My Glory) Thomas C. Simcox é diretor de The Friends of Israel no Nordeste dos EUA.

Dietrich Bonhoeffer. Notas: 1. Miles H. Hodges, “Dietrich Bonhoeffer”, publicado no site www.newgenevacenter.org/biography/bonhoeffer2.htm. 2. Victor Shepherd, “Dietrich Bonhoeffer”, publicado no site www.victorshepherd.on.ca/Heritage/dietrich.htm. 3. “Who is Dietrich Bonhoeffer?”, publicado no site da International Dietrich Bonhoeffer Society: www.dbonhoeffer.org/node/3. 4. Shepherd. 5. Ibid. 6. Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship (em alemão, Nachfolge), 2ª edição revisada, traduzido por R. H. Fuller. Nova York: Macmillan, 1937, 1959, p. 64. 7. Ibid., p. 97. 8. Ibid., p. 98. 9. Berit Kjos, citação de uma nota do artigo “Excerpts From The Cost of Discipleship by Dietrich Bonhoeffer”, publicado no site www.crossroad.to/Persecution/Bonhoeffer.htm.


Por que a opinião mundial é contra Israel? Pergunta: “Por que a opinião mundial (ONU, UE, Rússia, mídia, etc.) geralmente é contra Israel e por que essa oposição é justificada tantas vezes, de forma maligna, por falsas acusações? Isso tem algum significado com relação à nossa época ou trata-se simplesmente de algo que Deus preordenou?”

Resposta: Deus não preordenou o anti-semitismo e o ódio a Israel que domina o mundo – e Ele castigará severamente as pessoas e as nações culpadas de fazer mal aos judeus. Jesus disse que o mal procede do coração humano: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem...” (Mt 15.19-20a). Sem dúvida, Satanás faz de tudo para incitar o anti-semitismo e o ódio a Israel. Como explicamos em diversas publicações, a única esperança de Satanás escapar do seu juízo final é destruir Israel. Ele fez com que um dos fundamentos do islã fosse a intenção de aniquilar Israel e extermínar todos os judeus. O Diabo persuadiu a Europa e a maior parte do mundo a acreditar nas mentiras dos árabes que alegam ser descendentes dos “palestinos” originais (um povo que nunca existiu). Além disso, ele está convencendo não apenas líderes evangélicos como D. James Kennedy, Hank Hanegraaf e R.C. Sproul, mas também um número crescente de cristãos, de que a Igreja substituiu Israel.

Por que Satanás ficaria imune ao julgamento de Deus se Israel fosse destruído? A resposta é simples: Deus fez centenas de promessas a respeito da preservação dos judeus e do retorno deles à sua própria terra, onde Ele jamais permitirá que Israel como nação seja eliminado (veja Jr 31.31-40; Ez 36.2238; etc.). Será ao Israel restaurado nos tempos finais que Cristo retornará para resgatar Seu povo durante o Armagedom e para reinar sobre ele a partir do trono de Davi em Jerusalém. Sem Israel, não poderia haver Segunda Vinda e ficaria provado que Deus é mentiroso, por deixar de cumprir Suas centenas de promessas a Israel. Assim, Ele perderia Sua autoridade moral para julgar e punir Satanás, removendo-o da terra juntamente com seu instrumento, o Anticristo. Satanás ficaria controlando firmemente o mundo e seus habitantes por toda a eternidade depois do Arrebatamento, quando a Igreja estiver segura no céu. Sem a existência do povo de Israel, Cristo não poderia retornar e reinar sobre ele. Sem o trono de Davi em Jerusalém, sobre o qual se assentar e reinar, o mundo ficaria sob o controle de Satanás eternamente. Os novos céus e a nova terra não seriam possíveis. (Dave Hunt, TBC).

Recomendamos:

Por que os cristãos devem se interessar pelo Oriente Médio? Pergunta: “Por que os cristãos deveriam se interessar pelo que acontece no Oriente Médio em geral e especificamente em Israel?”

Resposta: Como expliquei na resposta anterior, essa é a questãochave da qual depende o futuro da terra e dos céus – na verdade, de todo o Universo. Deus associou Seu Nome e Sua integridade a Israel. Ele é chamado 203 vezes o “Deus de Israel” e doze vezes o “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. Dependendo do que acontecer no Oriente Médio, Deus será confirmado ou desacreditado. Seu Nome e Sua integridade serão mantidos em perfeita pureza e poder ou Ele acabará na desgraça como um mentiroso incapaz de manter Suas promessas feitas ao Seu povo Israel. Isso demonstra a grande importância do retorno [do povo judeu à sua terra] e da bênção final sobre Israel.

Se os muçulmanos, a ONU, a EU, etc., tiverem sucesso em destruir Israel, a integridade de tudo que Deus disse em Sua Palavra será posta em dúvida. Se “para sempre” e “perpétua” não significam realmente “eterna” em relação a Israel – Pedidos: 0300 789.5152 “...toda essa terra www.Chamada.com.br que vês, eu ta darei,

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Portanto, ignorá-las significa desprezar uma parte substancial das Escrituras. Na verdade, as profecias fornecem as provas essenciais de que a Bíblia é a Palavra de Deus e de que Cristo é o Messias. Elas nos falam dos eventos futuros e são a espinha dorsal da Bíblia. Evitar as profecias é manter-se deliberadamente na ignorância e equivale a torcer o nariz para Deus e Sua Palavra.

a ti e à tua descendência, para sempre” (Gn 13.15); “Dar-te-ei e à tua descendência... toda a terra de Canaã (não “Palestina”, que nunca existiu), em possessão perpétua” (Gn 17.8); “...da aliança que fez com Abraão ...Isaque ...Jacó ...Israel, por aliança perpétua, dizendo: Darvos-ei a terra de Canaã...” (1 Cr 16.16-18), etc. –, então, como podemos ter certeza de que a promessa de “vida eterna” (Jo 3.16, etc.) realmente significa “para sempre”. Se Satanás fosse mais forte que Deus e capaz de fazer de Deus um mentiroso, evitando que Suas promessas a Israel se cumprissem, então, como poderíamos estar protegidos, mesmo no próprio céu, dos esquemas e do poder do Diabo? Tal é a importância de Israel e do que acontece no Oriente Médio. Está ocorrendo uma batalha real entre Deus e Satanás, na qual está em jogo o destino eterno do planeta Terra e de toda a humanidade. Despertem, orem a Deus para que derrube a Cortina Islâmica (mais maligna e impenetrável do que foi a Cortina de Ferro), para que os muçulmanos possam ouvir e receber o Evangelho sem medo de serem mortos por aceitarem Jesus como Salvador. Oponham-se firmemente

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ao islã e à teologia da substituição (às afirmações de que Israel foi substituído pela Igreja) e orem tanto pela salvação dos judeus como dos muçulmanos, fazendo de tudo para levar o Evangelho a eles e ao mundo todo! (Dave Hunt, TBC) Recomendamos:

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Rejeição das profecias

Não sei porque essa igreja não quer saber das profecias, mas posso lhe dar as desculpas mais comuns apresentadas pelos que as evitam: argumenta-se que as profecias são muito confusas, dão margem a especulações, são incompreensíveis por envolverem muitos símbolos e, portanto, só trarão divisões. Naturalmente, nenhuma dessas objeções é válida. O maior livro profético é o Apocalipse. Ele promete uma recompensa especial para “aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas...” (Ap 1.3). Eu gostaria de encorajar seu marido a persistir com seu propósito bíblico e que honra a Deus. Possivelmente a igreja descobrirá que há um preconceito contra as profecias apenas devido à ignorância com relação a elas. (Dave Hunt, TBC) Recomendamos:

Pergunta: “Meu marido é professor da Escola Dominical em uma igreja batista. Ele pretendia iniciar uma classe especial para estudar as profecias, mas a liderança lhe disse que o tema não seria bem recebido. Por quê?”

Resposta: Aproximadamente 30% da Bíblia é constituída de profecias.

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