Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

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da Meia-Noite

Mateus 25.6

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JULHO DE 2006 • Ano 37 • Nº 7 • R$ 3,50



Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

Índice Prezados Amigos

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Teísmo Aberto ou Heresia Velada?

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Cuidado: Cobra no Gramado

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Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00 Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

Do Nosso Campo Visual

“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6).

• Veneração ao “Galo” e à “Santa” no Sertão Nordestino - 10

A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:

• O evangelho segundo Judas? - 16

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• Uma planta do deserto como representação de Israel - 18

1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.

Aconselhamento Bíblico www.Chamada.com.br

• A violência e as guerras são da vontade de Deus?

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Minha sogra tem 87 anos de idade, e todos os dias, depois do café da manhã, toma cinco comprimidos. Se parasse com o tratamento, em pouco tempo ela morreria asfixiada pelo acúmulo de água em seu organismo. Essa foi a explicação do médico a uma das netas. Se estivéssemos na mesma situação, deixaríamos de usar a medicação? A cena se repete: ficamos doentes, vamos ao médico, e ele nos prescreve os remédios (nem sempre de gosto agradável!), e a nós cabe tomá-los, pois desejamos ter a saúde restabelecida. O médico nos examina, pede uma série de exames, faz o diagnóstico e depois nos entrega a receita. Agora vem a nossa parte: comprar os remédios e tomá-los. Tiago nos fornece uma instrução bem simples: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). O que diríamos de alguém que vai ao médico, ouve todas as explicações sobre o mal que o aflige, recebe a receita e depois não faz mais nada? De alguém que esquece de juntar o saber ao fazer, de relacionar a informação com a aplicação do que sabe? Certamente o chamaríamos de tolo, uma vez que está enganando a si mesmo. Porém o perigo do auto-engano é muito grande para todos nós, como Tiago alertou. Minha esposa e eu tivemos o privilégio de participar da Conferência de Páscoa na sede da Chamada da Meia-Noite na Suíça. Ouvimos oito mensagens, e oito vezes fomos colocados diante do espelho da Palavra de Deus. Recebemos muitas informações que nos tocaram pessoalmente, mas o que fizemos com tudo o que ouvimos? Na manhã da Páscoa havia 1.400 pessoas presentes. Logo depois do culto, se perguntássemos a cada uma delas o que mudou em suas vidas em função do que aprenderam da Palavra de Deus, constataríamos que Tiago tem toda a razão quando ordena não apenas ouvir mas também praticar! Quantas mensagens um cristão ouve no decorrer de sua vida? Um pastor nos perguntou: “Qual o método bíblico eficiente para o crescimento saudável e integral da igreja?” Pregações não faltam, mas qual seu resultado prático na vida dos ouvintes? O Senhor Jesus chamou de “insensatos” aqueles que apenas ouvem mas não praticam o que ouvem. Não é de admirar que a casa construída sobre a areia caia quando vem a tempestade. Provações e tentações fazem parte da vida cristã. Mas existe a outra possibilidade: ouvir

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e praticar a Palavra. “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt 7.24-25). Na prática, cumprir a Palavra é manterse fiel a Jesus mesmo que tudo balance e sacuda em nossas vidas; é descansar no Senhor quando o mar está revolto e as ondas querem nos tragar! Dentro de nosso coração deveria brotar o mais profundo e sincero desejo de nos tornarmos cada vez mais praticantes da Palavra. Para a glória do Senhor, então nosso discipulado será real e frutífero, como nos relata a parábola do semeador: “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um” (Mt 13.23). Um forte abraço em Cristo,

Dieter Steiger

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As bênçãos que Deus derramará sobre a terra durante o reinado de Cristo estão além da compreensão humana. Você consegue imaginar uma época tão abençoada por Deus que a melhor palavra para defini-la seja “utopia”?

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Alguma vez você já se perguntou se foi você mesmo quem tomou aquela importante decisão de receber a Cristo em sua vida ou se foi Deus quem a tomou por você? Já chegou a questionar se realmente tem “liberdade” de escolha para decidir por si mesmo ou se Deus já determinou todas as coisas a seu respeito? Se a sua resposta for afirmativa, é sinal de que você já experimentou a tensão que deu origem ao Teísmo Aberto – uma perspectiva teológica relativamente nova que amplia o alcance do livre-arbítrio humano e alega que Deus não conhece o futuro. Concebido em 1980 (com a publicação do livro de Richard Rice, intitulado The Openness of God [A Abertura de Deus]) o Teísmo Aberto surgiu no cenário teológico evangélico nos idos de 1990, chegando ao centro desse palco no ano de 1994 com a publicação do livro The Openness of God: A Biblical

Challenge to the Traditional Understanding of God [A Abertura de Deus: Um Desafio Bíblico à Concepção Tradicional de Deus].1 Clark Pinnock, um dos autores dessa última obra referida, adere ao Teísmo Aberto “porque [Deus] concede liberdade às Suas criaturas, alegra-se em aceitar o futuro como uma realidade aberta, não fechada, e em manter um relacionamento dinâmico com o mundo, não estático”.2 Entretanto, será que tal “abertura” é bíblica?

O contexto histórico Há centenas de anos as pessoas lutam com dois ensinos da Bíblia aparentemente incompatíveis entre si: a determinação global e onisciente [por parte de Deus] de tudo o que acontece em Sua criação (denominada “providência” ou “presciência”) e a liberdade e responsa-

bilidade humanas de escolher seu próprio caminho (chamada de “livre-arbítrio”). Essa antinomia bíblica apresenta a soberania divina e a responsabilidade humana numa situação de convivência mútua. Entretanto, o raciocínio humano procura solucionar a situação com a exclusão de uma delas. As Escrituras Sagradas descrevem Deus como Criador absolutamente soberano e onisciente “que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade [...] para louvor da sua glória” (Ef 1.11-12) e para o próprio bem dEle e de Suas criaturas. Aqueles que dão ênfase a esses elementos, normalmente identificam-se com o reformador protestante francês João Calvino (15091564). Contudo, as Escrituras também descrevem a responsabilidade humana: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê

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João Calvino (1509-1564).

não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Conseqüentemente, outros crêem que a visão determinista do Criador e de Seu cosmos diminui a responsabilidade do ser humano e a importância da glória de Deus. Tais pessoas têm uma inclinação para o que entendem ser uma posição mais justa, que enfatiza a natureza autônoma das escolhas humanas. Elas se identificam com o teólogo holandês Jacobus Arminius (1560-1609). O Teísmo Aberto é uma tentativa recente de se encontrar um meio-termo aceitável.

Os argumentos Clark Pinnock alega que o Teísmo Aberto é necessário para que as criaturas de Deus sejam expressivamente agentes pessoais livres. Essa abertura significa que Deus não determina, aliás, Ele nem mesmo sabe um resultado ou desdobramento futuro até que os agentes pessoais livres façam suas escolhas. Ao advogar tal abertura como a melhor solução para a tensão da soberania

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divina versus a responsabilidade humana, Gregory Boyd considera “a abertura de Deus quanto ao futuro como um dos seus atributos de grandeza”, porque, “um Deus que [...] tem a disposição de se comprometer com um determinado elemento de risco é mais sublime do que um Deus que contempla um futuro eternamente estabelecido”.3 Boyd insiste na idéia de que a abertura não diminui a presciência de Deus; pelo contrário, uma vez que as ações futuras dos agentes pessoais livres ainda não aconteceram, não existe nada nesse domínio que Deus tenha de saber.4 Entretanto, o Teísmo Aberto se apresenta como uma séria ameaça à concepção bíblica de Deus, o Deus que conhece todas as coisas – reais e possíveis – sem nenhum esforço e igualmente bem. O assunto dessa controvérsia, em vez de ser periférico e incidental, é, de fato, fundamental e danoso para a teologia evangélica. Bruce Ware, um opositor do Teísmo Aberto, escreveu: Nossa concepção da providência de Deus exercerá obrigatoriamente uma influência sobre o cotidiano da vida e prática cristã de inúmeras maneiras [...] cometer um erro aqui, é criar milhares de problemas, tanto teológicos quanto práticos.5 O Teísmo Clássico (posição na qual cremos) ensina que a onisciência soberana de Deus, de onde se origina Sua presciência, prepondera sobre a liberdade humana; essa natureza de Deus não pode ser menosprezada por uma ênfase exagerada na responsabilidade do ser humano. O fato de que a perspectiva tradicional de Deus, por vezes, é mal expressada ou ridiculariza Deus como “um monarca altivo alheio às contingências do mundo, imutável em todos os aspectos do seu ser [...] um poder irresistível que determina

tudo, ciente de tudo o que vai acontecer e que nunca corre riscos”,6 não quer dizer que o evangelicalismo clássico ignore as tensões geradas pela revelação bíblica. O Teísmo Aberto não soluciona esse problema da antinomia bíblica. Ele simplesmente remete a discussão para um outro ponto do espectro. A questão agora, passa a ser a seguinte: o que constitui uma livre ação futura em contraste com uma futura ação que não seja livre (i.e., determinada)? De acordo com o teísta aberto William Hasker, “um agente é livre no que se refere a uma certa ação em dado momento, se naquele momento estiver no poder do agente a capacidade de realizar tal ação e também a capacidade de abster-se dela”.7 Entretanto, os teístas abertos adotam um conceito de liberdade humana inadequado que chega a ser quase libertário. John Frame, em seu livro No Other God [Não há Outro Deus], explica: Os defensores do livre-arbítrio [i.e., os libertários] afirmam que só podemos ser considerados responsáveis por nossas ações se tivermos esse tipo de liberdade radical. O princípio no qual se baseiam é bastante simples: se nossas decisões são induzidas por qualquer coisa ou qualquer pessoa (inclusive nossos próprios desejos), não se pode dizer que são decisões genuinamente nossas e, portanto, não podemos ser considerados responsáveis por elas.8 Na realidade, somente Deus é verdadeiramente livre. A liberdade humana é relativa. Em última análise, o relacionamento da soberania e presciência divinas com a liberdade e responsabilidade humanas está muito além do alcance da compreensão das criaturas (humanas e angelicais). Uma vez que a liberdade das criaturas é obviamente limitada (por exemplo, pela força da gravidade), é mais correto admitir a


existência dessa antinomia, exaltar o caráter de Deus e permitir que a autonomia humana seja reduzida até enquadrar-se na responsabilidade biblicamente ordenada.

Os perigos 1. O Teísmo Aberto menospreza a glória divina O Teísmo Aberto dá crédito à criatividade e à desenvoltura de Deus quando Ele consegue “instigar” os agentes morais livres a agirem de conformidade com os planos e caminhos dEle. Ao perguntar-se acerca do que acontece “quando o índice de sucesso de Deus diminui”, Ware menciona que os teístas abertos reconhecem que “a liberdade possibilita que males horríveis e despropositais venham a acontecer. Embora Deus tente evitar tal sofrimento horrível, dizem eles, há muitas ocasiões em que Ele, simplesmente, não consegue evitá-lo”.9 Nesse caso, Deus tem que assumir a responsabilidade pelo fracasso de Seus planos. Em lugar de um Deus temível que controla e dirige tudo o que acontece sem o mínimo esforço, temos que abrir espaço para um Deus que trabalha fazendo horas extras para se manter à frente de todas as livres decisões morais, previamente desconhecidas e inexistentes, tomadas a cada instante de cada dia.

2. O Teísmo Aberto menospreza a esperança humana A partir de tal perspectiva, o nosso precioso versículo bíblico de Romanos 8.28, deve ser lido da seguinte maneira: “a maioria das coisas coopera para o bem, desde que Deus consiga instigar as pessoas ao meu redor”, em vez de “sabemos que todas as coisas cooperam [i.e. que Deus le-

Na realidade, somente Deus é verdadeiramente livre. A liberdade humana é relativa. Em última análise, o relacionamento da soberania e presciência divinas com a liberdade e responsabilidade humanas está muito além do alcance da compreensão das criaturas (humanas e angelicais).

va todas as coisas a cooperarem] para o bem daqueles que amam a Deus”. Não teremos mais condição de dizer, como declarou José a seus irmãos: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20). Se Deus consegue apenas resultados parciais na concretização de Seus propósitos, como afirmam os teístas abertos, então Ele talvez não seja bem sucedido no cumprimento de Seus propósitos para a minha vida. Porém, o apóstolo Paulo afirmou exatamente o contrário: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Ao invés de ter um Deus que não conhece aquilo que ainda está por acontecer, é confortador, e até mesmo um tanto assombroso, saber que “...não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).

3. O Teísmo Aberto menospreza a confiabilidade profética Lá se foi o amor pela Palavra de Deus e por Suas promessas referentes ao futuro, as quais amamos ler e considerar. Um crítico do Teísmo Aberto disse: “imagine só o compositor do hino tentando animar os desvalidos com estas palavras: “Não sei o que de mal ou bem é destinado a mim [...] mas eu sei em quem tenho crido, o qual também não conhece o meu futuro”.

4. O Teísmo Aberto menospreza o futuro de Israel Após rebelar-se por repetidas vezes e frustrar o plano de Deus para ela, será que a nação de Israel ainda poderia ter um restinho de esperança de que Deus cumprirá as promessas que lhe fez? Ter-se-ia que reconhecer o fracasso de Deus em Sua criatividade e poder de persuasão no passado e perder as esperanças na competência de Deus quanto ao futuro. A conclusão inevitável a que tal pensamento leva é que a posse da Terra de Israel é uma questão de

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quem se apoderar dela, visto que Deus não conhece o futuro, nem predeterminou o resultado final. Por outro lado, Paulo declara que a atual condição de Israel faz parte de um inescrutável plano de Deus para a Sua própria glória: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia [...] Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz” (Rm 9.16,18). O Teísmo Aberto é uma tentativa de modelar uma forma mais conveniente de liberdade humana, à custa da concepção de Deus ensinada no Teísmo Clássico. Todavia,

L o r n a

nidade de ser pastor em uma região de que ela não gostava. Ele acreditava que deveriam aceitar o convite. Ela foi contra. “Meu marido”, disse ela, “me ouviu. E desde então nossas vidas têm sido miseráveis”. Era a angustiante história da mãe Eva repetindo-se mais uma vez. A influência de Eva sobre Adão começou cedo, e desde então tem

mudado o curso da história humana. Logo depois que Adão e Eva caíram repentinamente em pecado, Deus amaldiçoou a serpente, o homem e sua mulher. Para a mulher, como castigo, Ele prometeu dores de parto e a colocou sob a liderança do homem: “o teu desejo será para teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16). Essa única maldição provavelmente fez mais estrago entre os

S i m c o x

Eu era relativamente nova na fé quando ouvi uma senhora idosa e sábia contar uma história que nunca vou esquecer. Ela tinha aparência abatida e mal-arrumada, efeito evidente de ter muitas bocas para alimentar e poucos recursos para fazê-lo. Seu marido era operário e ganhava pouco. Alguns anos atrás, contou ela, foi oferecida a seu marido a oportu-

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Richard Emmons é professor de Bíblia na Philadelphia Biblical University e pastor titular da Bible Baptist Church em Hamilton, Nova Jersey (EUA).

Notas: 1. Ware, Bruce A. God’s Lesser Glory: The diminished God of Open Theism. Wheaton, IL: Crossway Books, 2000, p. 31. 2. Pinnock, Clark. “Systematic Theology” publicado na obra The Openness of God: A Biblical Challenge to the Traditional Understanding of God, da autoria de Clark Pinnock, Richard Rice, John Sanders, William Hasker e David Basinger. Downers Grove, IL: InterVarsity, 1994, p. 103-4. 3. Boyd, Gregory A. God of the Possible, Grand Rapids, MI: Baker Books, 2000, p. 14-5. 4. Ibid., p. 16-7. 5. Ware, p. 13. 6. Pinnock, p. 103. 7. Hasker, William. “A Philosophical Perspective”, publicado na obra The Openness of God, p. 136-7. 8. Frame, John M. No Other God: A Response to Open Theism, Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2001, p. 121.

em seu desdobramento final, menospreza a glória de Deus para exaltar a liberdade do homem. É um esforço de produzir a conclusão final acerca de uma antinomia bíblica que está muito além da compreensão das criaturas. E, nesse intento, o Teísmo Aberto prejudica a confiança do crente tanto na providência benigna de Deus, quanto em Sua Palavra profética. (Israel My Glory)

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sexos do que todas as outras juntas. Ela instituiu um princípio bíblico que as feministas se empenham por destruir e as mulheres tementes a Deus se esforçam por obedecer, mesmo com dificuldades – a submissão ao marido. E ninguém está mais ciente da magnitude dessa batalha e a explora mais efetivamente que Satanás. Entre todas as mulheres que já viveram, Eva foi única. Ela não nasceu, pois foi moldada por Deus a partir de uma costela de Adão no sexto dia da criação (Gn 2.18-25). Não teve infância, nem adolescência, nem pais ou amigos. Eva tinha apenas Adão. Eva nem sequer possuía um nome até o momento em que Adão se referiu a ela. Primeiro, chamou-a genericamente de varoa, declarando: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamarse-á varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn 2.23). Mais tarde, Adão deu-lhe o nome de Eva, significando “doadora de vida”, “por ser mãe de todos os seres humanos” (Gn 3.20). Criada especificamente para Adão, o administrador humano do reino teocrático, Eva foi projetada para ser o maior bem de seu marido – sua fonte de conforto, sua auxiliadora e sua companheira por toda a vida. Ele, por sua vez, recebeu de Deus o cetro que lhe concedia poder e autoridade sobre toda a terra. Segundo o teólogo Renald Showers, “Deus criou o homem, colocou-o como administrador sobre a terra e incumbiu-o da responsabilidade de administrá-la adequadamente para o Senhor”.1 Porém, Adão falhou diante de sua responsabilidade. Em meio às circunstâncias idílicas em que vivia, uma serpente estava à espreita no gramado. Satanás queria o reino de Deus para si mesmo. Como lhe fal-

tava o poder de criar, a única forma de consegui-lo era por usurpação. Isso somente seria possível através de Adão. E para chegar a Adão, ele usou Eva. As Escrituras revelam que Satanás falou exclusivamente com ela: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse...?” (Gn 3.1). Evidentemente Satanás pensava que Eva era a vítima mais frágil, e manipulou a esposa para alcançar o marido. Eva comeu do fruto proibido e depois ofereceu-o a Adão, que estava com ela. Adão comeu, e desde então a humanidade tem experimentado o gosto amargo das conseqüências de seu pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Já que Adão estava com Eva, por que não a impediu? Ele não apenas falhou diante de sua responsabilidade, concedida pelo Senhor, de proteger sua esposa, mas igualmente desobedeceu e comeu do fruto. Imediatamente o pecado tomou conta e jogou Adão contra Eva. Quando Deus perguntou a Adão: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.11), Adão culpou Eva. Ele havia chamado-a de “osso dos meus ossos”, e agora dizia: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e

eu comi” (Gn 3.12). Foi assim que Satanás arrancou das mãos de Adão o controle sobre o Reino, e teve sucesso causando divisão entre homem e mulher. Aparentemente Eva confiou e acreditou ingenuamente na mentira de Satanás. Mas Adão não teve a força de caráter para insistir no que ele sabia ser o certo (1 Tm 2.14). Quantas vezes essa mesma cena se repete hoje em muitos lares? Eva foi formada depois de Adão e foi enganada. Por isso Deus ordenou que o homem ocupasse a posição de liderança espiritual dentro de seu lar e na Igreja (1 Tm 2.11-14). Desde então, Satanás continua à espreita, como uma serpente no gramado, tentando criar o caos e atacando a ordem divina. Sua tática não tem mudado através dos milênios. Ele é mestre em causar divisão e em conquistar os corações humanos através do apelo à auto-indulgência (concupiscência da carne), da auto-satisfação (concupiscência dos olhos) e da auto-estima (soberba da vida). Eva foi a primeira pessoa que ele fisgou. Mas desde então a humanidade também tem mordido a isca satânica. Se homens e mulheres disputam a supremacia, Satanás está tendo êxito em seu intento, causando ri-

Se homens e mulheres disputam a supremacia, Satanás está tendo êxito em seu intento, causando rivalidade, divisão, instabilidade e confusão.

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validade, divisão, instabilidade e confusão. E como o mundo continua degenerando espiritualmente, homens e mulheres de Deus, mais do que nunca, precisam viver dentro dos parâmetros que Ele estabeleceu para cada um deles. Esposas devem ser submissas a seus ma-

ridos (Ef 5.22); maridos devem assumir a responsabilidade de serem líderes, atentando à Palavra de Deus e posicionando-se com integridade ao lado do que é correto. Assim será mais difícil Satanás se esgueirar por debaixo da porta; assim será mais difícil a serpente en-

trar em nossos lares. (Israel My Glory) Lorna Simcox é editora-sênior de The Friends of Israel.

Nota: 1. Renald Showers, What on Earth Is God Doing, Loizeaux Brothers.

Veneração ao “Galo” e à “Santa” no Sertão Nordestino “Para que não vos corrompais e vos façais alguma imagem esculpida na forma de ídolo, [...] semelhança de algum animal que há na terra, semelhança de algum volátil que voa pelos céus” (Deuteronômio 4.16-17). A história que vou narrar é coisa de nordestino escaldado pelo sol, sertanejo trabalhador, gente simples, cabra-da-peste e iludido pela igreja da maioria. Conheço muitas cidades do interior nordestino e a maioria tem uma igreja católica na praça central e um cruzeiro no monte mais alto. É nossa herança portuguesa que vem dos tempos das caravelas. Além dos cruzeiros, visitei nos topos dos montes em Juazeiro do Norte, no Ceará, e Guarabira, na Paraíba, monumentais estátuas, respectivamente do padre Cícero Romão Batista (veja o artigo “Uma Viagem ao Caldeirão da Idolatria” no site www.Chamada.com.br) e do frei Damião. Esses

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homens tornaram-se verdadeiros “santos milagreiros” para os católicos nordestinos. No entanto, o querido pastor Josenildo Virgolino, que tem um ministério em áreas inóspidas do nosso sertão, certa ocasião me falou que deveria conhecer a pequena cidade de Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte, pois lá os potiguares adoravam algo diferente sobre o monte principal – um galo! Fiquei curioso e indaguei: “Ôxente? Adoram um galo?” Pensei com meus botões: isso é coisa mais para a Índia do que para o Brasil. Entrei em devaneio: “Será que temos uma conexão secreta indiana em pleno interior nordestino?” Passei mais de um ano, sempre que tinha uma folguinha, estudando sobre essa cidade e me programei para conhecer aquela paragem na semana dita “santa” de 2006. No dia programado, imprimi da internet um mapa rodoviário daquela localidade, arrumei minha mochila, sem esquecer

O Monte do Galo atrai anualmente milhares de romeiros.

de incluir a máquina fotográfica digital do meu filho Renato e fui com Marcos Nunes, um irmão em Cristo, passar três dias na Região do Seridó, conferindo os fatos. Viajamos mais de 500 quilômetros, do Recife a Carnaúba dos Dantas, e nos hospedamos na Pousada Água Doce, oficialmente a única no povoado. A reserva foi feita na base do “deixar recado”, já que a pousada


Do Nosso Campo Visual não tem linha telefônica e internet ali é bicho de sete cabeças. Deixei o recado ao telefone da prefeitura, a prefeitura mandou alguém andando até a hospedaria e depois de uma semana liguei novamente para a prefeitura e me confirmaram a reserva de um quarto duplo. Nessas bandas do sertão do Seridó, a palavra do homem ainda vale tanto quanto um documento autenticado em cartório. Tudo saiu a contento. A pousada é um casarão mimoso e aconchegante com sete quartos forrados a gesso. Cada quarto com um ventilador em cima de uma cômoda, com banheiro sem chuveiro elétrico (e quem precisa de água quente nesse sertão?). Nem o calor de lascar, a falta de ar-condicionado e a ausência de frigobar me incomodaram. Estava feliz por estar ali, pois essa hospedagem fica localizada bem aos pés do Monte do Galo, exatamente onde queria estar, no fuzuê da romaria.

Carnaúba dos Dantas: sítios arqueológicos com pinturas rupestres e lendas sobre vários montes da região É uma pena que apenas poucos brasileiros conheçam essa região, cercada de serras, ao sul do Rio Grande do Norte, a 227 quilômetros da capi-

Nosso guia turístico, Manoel Messias, no sítio arqueológico Xiquexique IV com suas pinturas rupestres.

tal Natal. É uma cidade cercada de pois ali não havia casas e nem habiuma paisagem encantadora, rica em tantes. Algum tempo depois, pulou belezas naturais, com menos de 7.000 uma cabra do cume do Serrote, desahabitantes, onde quase todos são pa- parecida há uma semana, sem sofrer rentes e se conhecem bem. qualquer dano em conseqüência da O município possui dezenas de sí- queda. Essa história do canto do galo tios arqueológicos catalogados com e do salto da cabra passaram a dissesuas pinturas rupestres e isso tem minar-se pela região e, assim, devotos atraído algumas universidades nordes- começaram a considerá-lo um “monte tinas que ali fazem pesquisas. santo”. Lá existe a Serra das Rajadas com fontes de água no seu sopé. Conta-se Uma nova trindade no a lenda que um carneiro dourado sal“santo” Monte do Galo ta do cume da Serra das Rajadas para a Serra do Marimbondo e que existe É bom repetir que o nome do monum tesouro incrustado na serra. te é do “Galo” e não da “Santa”. Há também Marcos Nunes e a Pedra do Dieu subimos o monnheiro. Diz a te, juntamente com lenda que os centenas de romeiantigos moraros, às 09h20min dores da reda manhã ensolagião viam, à rada da sexta-feira noite, um carda paixão. É uma neiro de ouro infra-estrutura bem encantado no montada com uma topo da Pedra rampa, com piso e que ao redor cimentado, de mais Marcos Nunes na Pedra do Dinheiro. dela há várias ou menos um quilôbotijas de ouro metro, que vai torenterradas. Fui nando-se cada vez até lá, mas devo ter chegado atrasa- mais íngreme à medida que nos aprodo, pois não encontrei nenhuma botija ximamos do topo. para levar comigo. No entanto, o monte mais famoso é o antigo “Serrote Grande”, que depois passou a O autor iniciando a subida da rampa de ser chamado “Serrote do acesso ao Monte do Galo (ao fundo). Galo” e hoje “Monte do Galo”, com “santuário” fundado em 1927. Conta-se várias histórias sobre esse monte. Uma delas registra que há muito tempo vaqueiros, tropeiros e viajantes que passavam por essas bandas ouviam o estridente canto de um galo vindo do topo do “Serrote Grande”. Isso os deixava assustados,

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Do Nosso Campo Visual

Uma nova trindade potiguar: o “Galo”, Jesus crucificado e “Nossa Senhora das Vitórias”.

Ao longo da rampa, do lado direito ficam as estações da via sacra católica com locais para os fiéis depositarem suas ofertas. Do lado esquerdo, terços, artesanatos, santinhos, blusas, bonés, água mineral, entre outras bugigangas, estão à venda nas barracas. O artesanato mais comum é uma réplica em miniatura do topo do monte, em madeira, com o “Galo”, Jesus crucificado e “Nossa Senhora das Vitórias”: uma nova trindade católica potiguar.

Marcos Nunes chegando ao topo do Monte do Galo.

Quando a rampa termina, é necessário enfrentar dois lances de escadas com dezenas de degraus (e haja fôlego!) que culminam diante de três estruturas: à nossa esquerda temos Jesus crucificado com “Nossa Senhora das Vitórias” aos seus pés, no centro um cruzeiro e à direita a “gloriosa” estátua do galo branco com crista vermelha. Além dessas estruturas, no cimo do monte existe uma capelinha e a sala dos ex-votos onde os romeiros deixam objetos como agradecimentos pelas bênçãos alcançadas. É esse o principal ponto turístico religioso do Rio Grande do Norte onde anualmente milhares de pessoas vêm pagar promessas e agradecer as bênçãos recebidas. Trata-se de um verdadeiro santuário de romaria dos seridoenses. Observamos muitas pessoas venerando e pagando promessas à “Santa”. O “Galo” tem uma altura mediana de 1,55 metros e está localizado em cima de uma estrutura rochosa alta que apenas pessoas fisicamente bem condicionadas conseguem escalar. Enquanto estivemos no topo do monte, vimos várias pessoas admirando o “Galo”, mas não vimos ninguém adorando-o abertamente, até porque não existe nenhum local onde se possa ficar de joelhos diante do “Galo”. Dá para perceber que toda a romaria gira em torno do “Galo” e do seu monte “santo”. É uma galomania! É como se o “Galo” fosse o ator principal, a “Santa” uma atriz coadjuvante e Jesus apenas um atorzinho figurante.

Infelizmente, a veneração e adoração ao “Galo” existem Ao descer o Monte do Galo, entrevistei calmamente, durante os dois dias seguintes, quinze pessoas. Cinco eram líderes católicos: dois casais e uma solteirona, todos com mais de 50 anos de idade. Os outros dez eram

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evangélicos com menos de 45 anos de idade. Todos subiram, pelo menos algumas vezes, o Monte do Galo. Todos agradeceram a “Santa Nossa Senhora das Vitórias” por bênçãos alcançadas ou pagaram promessas à “Santa”. Apenas um dos quinze pesquisados confessou ter feito também um pedido ao “Galo”. Extrapolando a minha minguada pesquisa para um universo maior, podemos inferir que uma em cada quinze pessoas que sobe o morro faz pedido ao “Galo”. Ou seja, 6,6% dos romeiros locais veneram o “Galo”. Esse percentual, na verdade, deve ser bem maior, uma vez que a veneração e o pedido ao “Galo” não são públicos e, sim, mentais (o romeiro os faz de forma disfarçada, para não ser ridicularizado). Por exemplo: presenciei dezenas de pessoas venerando a “Santa” e dezenas de outras apenas admirando o “Galo”. Não tenho a mínima idéia do que esse segundo grupo pensava enquanto contemplava o “Galo”. Só Deus sabe se estavam ou não venerando-o. Renato José da Silva é natural de Carnaúba dos Dantas, nasceu no dia 19 de abril de 1987 e, como todos os outros entrevistados, é oriundo de uma família tradicionalmente católica. Aos dez anos de idade foi vítima de um traumatismo no olho esquerdo, causado por um guidom de bicicleta. Renato narra que sua mãe (Maria do Socorro da Silva) correu à igreja católica e pediu ao padre que rezasse para que o filho não perdesse a visão. O padre rezou e orientou que o menino Renato deveria subir o monte de joelhos e rezar “cinqüenta ave-marias e cinqüenta padre-nossos”. Ao chegar em casa, sua mãe lhe fez uma mortalha, um tipo de túnica, ele subiu de joelhos até o topo e lá rezou suas cem preces para a “Santa” e para o “Galo”. Insisti, perguntando se foi o padre que orientou a sua mãe a instruí-lo a rezar si-


Do Nosso Campo Visual Perguntei se estava animado e firme na sua nova fé e prontamente me respondeu: “Em nome de Jesus!” Mais tarde, naquela mesma noite, sentou-se na cadeira ao meu lado no terraço da pousada,

Renato José da Silva: “Cinqüenta ave-marias e cinqüenta padre-nossos para o Galo e a Santa”. Seta preta indicando a cicatriz no seu joelho direito.

multaneamente à “Santa” e ao “Galo”. Ele respondeu que não sabe se foi o padre, mas que ao chegar lá em cima, mentalizou suas preces tanto para a “Santa” como para o “Cocoricó”, e que tinha certeza que rezou a quantidade certinha, pois contou tudo no terço que tinha nas mãos. Perguntei-lhe se solicitou alguma bênção. Renato relatou que, a mando da sua mãe, pediu à “Santa” e ao “Galo” para “abençoar sua família e que nunca permitisse que ele viesse a ingerir bebidas alcoólicas”. No entanto, a “Santa” e a “Ave Galinácea” de concreto são fracos, pois Renato relata que aos 15 anos de idade, enquanto brincava com amigos, tomou um porre que totalizou cinco litros de cachaça em uma só noite. Nem o macho da galinha suportaria uma dose dessas! Renato aceitou Jesus como seu Salvador pessoal há dois anos e está preparando-se e muito desejoso para ser batizado e fazer sua pública profissão de fé na igreja batista local. Hoje, Renato tem 19 anos e é zelador da Pousada Água Doce. Daquele dia patético em que subiu de joelhos o Monte do Galo, guarda para o resto da vida uma cicatriz no joelho direito.

enquanto observávamos um toró com relâmpagos e trovões, abriu orgulhosamente sua Bíblia novinha e leu para mim Josué 1.8, que diz: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido”. Que Deus te proteja, te abençoe e te conserve no caminho dEle, Renato!

Liderança religiosa opina sobre a veneração ao “Galo” Marcos Nunes e eu fomos conhecer a senhora Maria Lúcia de Medeiros, conhecida na cidade como “Taúta”, que completa 70 anos em 2006 e que nos recebeu espontaneamente e de bom grado em sua residência para

uma entrevista. Solteirona, simpática, devota de São José (o padroeiro da cidade) e de N. S. das Vitórias (padroeira do monte), auxiliar da pastoral da criança, catequista desde os 13 anos de idade e ministra extraordinária da eucaristia, é uma referência católica na cidade. Impedida pela artrose nos membros inferiores, hoje não consegue mais subir o Monte do Galo para venerar a “Santa”. Perguntei, entre outras coisas, se a igreja católica considerava o “Galo” um santo. Dona “Taúta” assegurou-me: “O lugar do monte é santo, mas o galo não. E a veneração é só a Nossa Senhora das Vitórias”. Perguntei se corrigiria algum romeiro que afirmasse para ela que subiu o monte e venerou a “Santa” e o “Galo”. Respondeu-me: “Se o romeiro tem fé no Galo, tudo bem. Não iria corrigir o romeiro do Galo. Não iria dizer que ele estava errado. Eu respeitaria a fé do romeiro, mesmo não concordando com ela”. Em seguida, fomos até um minúsculo povoado chamado Ermo (nome bastante sugestivo para o local) pertencente a Carnaúba dos Dantas e localizado a dez quilômetros de distância. No Ermo quase não existe asfalto nem pressa, as pessoas têm uma prosa mansa, gostosa e a vida parece passar lentamente por ali. Lá conhecemos o casal Francisco Adelino Filho e Maria de Lourdes Adelino, casados há 38 anos, que reside em uma casa construída em 1868 (hoje bastante reformada). Eles afirmam ter hospedado algumas vezes o famoso e polêmico frei Damião (18981997). Identificamo-nos e o casal também nos recebeu espontaneamente em sua residência para uma rápida entrevista. Francisco contou orgulhosamente que seu pai foi quem doou o terreno para a construção da igreja católica local, que foi fundada em 1937.

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O pastor Silvany com sua esposa Maria do Socorro e sua filha Vanessa.

reto: “Ninguém viaja para cá só para subir um monte e ver uma santa, isso existe em muitas outras cidades! O foco aqui é o galo! O monte é do galo! Na mente do romeiro, o referencial de milagre, bênção e promessa alcançada é mesmo o galo!” Concluímos, portanto, que a adoração ao “Galo” de fato existe, mas é clandestina e praticada pelos romeiros mais humildes. No entanto, o mais grave é que a igreja católica local não censura publicamente esse tipo de veneração.

A igreja católica não apóia, mas também não censura Hoje, devido a problemas de saúde, o casal não consegue mais subir o Monte do “Galo”. Porém, Francisco não deixa passar a oportunidade de dizer que subiu o monte de joelhos, à época em que a subida era de barro, para pagar uma promessa à “Santa” por uma graça alcançada. Tinha ficado curado de uma “bronquite asmática”, assegura. Maria de Lourdes Adelino é devota de “Nossa Senhora das Graças”, auxiliar da pastoral da criança, catequista, ministra extraordinária da eucaristia e conhecida no povoado como uma católica fervorosa. Fiz a esse casal a mesma pergunta feita a dona “Taúta”: se corrigiria o romeiro que declarasse para eles que subiu o monte e venerou a “Santa” e o “Galo”. Responderam-me: “Não corrigiríamos o romeiro que adorou o galo, respeitaríamos a sua fé. Mas, esperaríamos que no futuro pudéssemos ter uma oportunidade de educá-lo na veneração correta”. Consultamos também o pastor batista local, Silvany da Silva, que tem um ministério na região do Seridó há quase uma década. Perguntamos se havia realmente a veneração ao “Galo” no monte e Silvany foi bastante di-

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Que tempo esse em que vivemos! No sertão nordestino estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, “explicáveis” demais. É claro que, muitas vezes, a mentira foi a base do sistema político-religioso da igreja católica, infiltrada nos labirintos do Vaticano. Claro que não nos esquecemos da Inquisição, das indulgências, do apoio camuflado do

O autor com sua mão direita na abertura da “Caixa das Almas”.

papa Pio XII a Adolf Hitler e de uma enxurrada de padres pedófilos. Freqüentemente, as leis católicas até parecem proteger os crimes e regulamentar os conteúdos dos seus próprios intestinos. Os fatos reais: no topo de um monte em Carnaúba dos Dantas existe a adoração a um “Galo” em área “santificada” pela igreja católica e ela não manda retirar nem a “Santa” nem o “Galo” de lá. A igreja age como uma psicopata, nega e ignora que exista uma veneração ao “Galo”. E quando alguém confessa que adorou a ave, faz vista grossa e não corrige o ingênuo. Parece que não é necessário dar alguma racionalidade à adoração. Deixando do jeito que está, as romarias estão trazendo bons dividendos para a Igreja Católica Apostólica Romana. Ao lado da estrada, em uma das entradas da cidade, existe até uma caixa de concreto a “Nossa Senhora das Vitórias” com uma abertura onde o romeiro pode deixar a sua oferta e o seu pedido. Pela abertura dá para depositar, mas é praticamente impossível retirar alguma coisa de dentro da caixa, a não ser para quem tem a chave da sua portinha. Os moradores locais chamam-na de “caixa das almas” por poderem deixar uma oferta ou pedido em prol da alma de um ente querido. Infelizmente, a igreja da maioria parece querer o romeiro cada vez mais burro e submerso no maremoto de mentiras. Enquanto isso, o tilintar das moedas continua bem-vindo na igreja e o “Cão” (ops!), digo, o bicho no cume do monte continua agindo livremente.

O “Cocoricó” versus Jesus Cristo Ah! Como a Palavra de Deus é farta no quesito de reprovação à idolatria.


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Um grupo de irmãos em Cristo, oriundos do catolicismo roxo, hoje convertidos ao Senhor Jesus, saindo da igreja para evangelizar a cidade. Blusas laranjas com o título do livro de Norbert Lieth: “Conheça Jesus: Único, Incomparável, Maravilhoso”.

Qualquer evangélico que já viu a estátua do padre Cícero, em Juazeiro do Norte; a do frei Damião, em Guarabira e a do Galo, em Carnaúbas dos Dantas, faz quase imediatamente uma analogia daqueles locais com o bezerro de ouro descrito no livro do Êxodo, capítulo 32. Tememos sobre as conseqüências desses atos de idolatria, quando lemos: “Então, disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Disse mais o Senhor a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação” (Êxodo 32.7-10).

Esses memoriais de concreto armado são inúteis para nos salvar. “Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; pois não há alento de vida em sua boca. Como eles se tornam os que os fazem, e todos os que neles confiam” (Salmos 135.15-18). O já citado pastor Silvany da Silva sentencia: “As romarias têm sido uma grande cadeia que o diabo lança sobre o povo sertanejo. O diabo tem feito do sertão nordestino um laboratório de desgraças e destruição moral, ética e espiritual. Durante anos a igreja católica tem mantido o povo oprimido e preso à miséria e à autoflagelação. Muitos sertanejos já perderam suas vidas fazendo romarias, viajando centenas de quilômetros em cima de caminhões, a pé e de joelhos (pagando alguma promessa). Outros doaram suas terras à paróquia da sua cidade. Mis-

sas, casamentos e batizados sempre são pagos pelos fiéis”. Há cerca de duzentas pessoas em Carnaúba dos Dantas que já escolheram Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal, segundo as estatísticas do próprio pastor Silvany da Silva. Não dobram mais os joelhos diante de “Santo”, “Santa”, “Galo” ou qualquer outra imagem de escultura. Pessoas que introverteram a Palavra de Deus e vivem obedecendo-a dia a dia: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20.4). Conheci um pequeno grupo desses fiéis, numa tarde de sábado, antes de sairem para evangelizar de porta em porta pela cidade. Ouvi testemunhos marcantes de alguns deles (todos sofreram perseguições após suas conversões) e tirei fotos do grupo – nossos heróis na fé. Alguns usavam blusas de cor laranja naquela tarde com o título do livro do Norbert Lieth estampado nelas – “Conheça Jesus: Único, Incomparável, Maravilhoso”. Segundo Silvany, eles copiaram os dizeres do site da Chamada da Meia-Noite. É minha sincera oração que este artigo possa gerar intercessores pelo mundo afora em favor desses nossos irmãos em Cristo lá da região do Seridó. Você que acabou de ler esta matéria, que tal gastar agora alguns minutos em oração, clamando ao único Deus que vê, ouve e responde nossas súplicas em prol daqueles irmãos seridoenses? Quanto aos iludidos pela igreja da maioria, é também minha oração que se libertem rapidamente desse jugo, pois essa história de “Santa” e “Galo” “não é sabedoria que desce lá do alto; antes é terrena, animal e demoníaca” (Tiago 3.15). Ao nosso Deus toda a glória e honra, amém! (Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa)

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O evangelho segundo Judas? Jesus advertiu a Seus discípulos, e a nós, que nos últimos dias “surgirão falsos cristos e falsos profetas” e que outros hereges aparecerão para enganar “se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.24). Nunca imaginei, porém, que o pensamento irracional dos liberais, dos que promovem a secularização e de outros que odeiam a Jesus, a Deus e a fé cristã chegaria ao ponto de valer-se de Judas Iscariotes para apoiar sua rejeição da divindade do Filho de Deus. No entanto, as manchetes da mídia só falavam do “O Evangelho de Judas”, apesar dele ter sido escrito, reconhecidamente, na melhor das hipóteses, 300 ou mais anos após Judas “ter ido enforcar-se”. Parece que alguém encontrou, em uma caverna no Egito, treze páginas de um documento antigo (do século IV) que “pretende relatar os últimos dias da vida de Jesus” do ponto de vista de Judas, um dos primeiros seguidores de Cristo. A Bíblia ensina que Judas traiu Jesus por trinta moedas de prata, mas em seu “evangelho” Judas é o herói, o discípulo mais experiente e confiável e o único que sabia da verdadeira identidade de Jesus como Filho de Deus (esqueceram-se de mencionar a maravilhosa confissão de Pedro em Mateus 16.16, quando ele diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, algumas semanas antes de Judas trair Jesus). Após a crucificação, Judas sentiu tanto remorso que tentou devolver o dinheiro e foi enforcar-se. Mas quem se importa com a autentici-

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nada mais que um manuscrito antigo que conta uma história interessante. Como escritor de ficção, posso dizer que reconheço a forma da arte, porém, nada poderia ser mais ridículo que pessoas cultas aceitando como sendo verdadeiro algo escrito trezentos e cinqüenta anos após os eventos, enquanto, ao mesmo tempo, rejeitam os quatro Evangelhos, três dos quais escritos por testemunhas oculares dos eventos que relatam. A idéia de que os quatro Evangelhos foram selecionados para compor o cânon das Escrituras dentre mais de quarenta outros assim chamados “evangelhos” no Concílio de Roma em 382 d.C. é historicamente ridícula. Na realidade, eles foram selecionados por terem sido aceitos pela igreja primitiva muito antes do final do século I (exceto o Apocalipse, escrito em 95 d.C., mas que foi bem aceito pela igreja primitiva no século II e usado como Escritura por mais de duzentos anos antes do Concílio de Roma).

dade quando se tem um manuscrito antigo que desacredita os quatro Evangelhos, que foram aceitos pela Igreja desde antes do final do século I, e, principalmente, quando ele desacredita Jesus, Sua morte sacrificial e o cristianismo? Os artigos publicados citam favoravelmente alguns dos mesmos “estudiosos” que rejeitam os quatro Evangelhos, mas aceitam com pouco questionamento tais “novos” manuscritos como “O Evangelho Segundo Tomé”, que obviamente é espúrio. Contudo, há mais de 20.000 documentos e fragmentos, produzidos muito antes do século IV, que confirmam a autenticidade dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. De fato, nenhum livro do mundo antigo tem tantos documentos comprobatórios como os Evangelhos, nos quais o cristianismo está baseado, incluindo a incrível história da ressurreição e as muitas provas infalíveis de que Jesus foi visto vivo após Sua crucificação, em dez diferentes Nada poderia ser mais ridículo que pessoas ocasiões, num período de cultas aceitando como sendo verdadeiro algo escrito trezentos e cinqüenta anos após os quarenta dias.

A visão da fé Alguns dos artigos na imprensa traziam a citação de um texto do meu amigo Dr. Al Mohler, Jr., presidente do Seminário Teológico Batista Southwestern, que diz: “O evangelho de Judas não tem qualquer apoio na história da Páscoa e muito menos na fé da Igreja Cristã”. Ele reputa o evangelho de Judas como

eventos, enquanto, ao mesmo tempo, rejeitam os quatro Evangelhos, três dos quais escritos por testemunhas oculares dos eventos que relatam.


Do Nosso Campo Visual Dessa forma, perdoem a nós, crentes na Bíblia, que identificamos a mão divina de Deus no Novo Testamento da forma como ele é, por estarmos rejeitando esse “evangelho” [de Judas] espúrio como sendo nada mais que um dos ataques de Satanás ao Novo Testamento, mas também à divindade pessoal de Jesus Cristo. Vamos convir, Satanás produziu muitos falsos evangelhos através dos séculos e é de se esperar que produza ainda mais, à medida que se aproxima o fim desta era. Além do mais, Jesus predisse que assim seria, e os prognósticos de Jesus sempre são verdadeiros.

O gnosticismo é o culpado Logo no século I, Satanás, o enganador da humanidade (chamado “o Diabo” e “mentiroso” pelo próprio Cristo), reintroduziu a filosofia gnóstica como uma resposta à mensagem cristã que estava conquistando o mundo. Baseada na filosofia grega, que tem sido a religião de Satanás desde o início (seu método de questionar e desacreditar Deus: “É assim que Deus disse...?” ou “É certo que não morrereis” em Gênesis 3), ele tem destruído as vidas e as almas de milhões de vítimas. Ele não podia tolerar que multidões acreditassem na ressurreição corporal de Jesus. Ele teria de providenciar um ensino falso para adicionar à sua crença pagã, na qual as pessoas adoram falsos deuses e ídolos. Mas o cristianismo estava tão forte que ele teria de introduzir algo que pudesse ludibriar os crentes e, principalmente, influenciar os céticos... Ao invés de negar o Jesus histórico, o que seria impossível, pois inúmeras pessoas O tinham visto por si

mesmas, ele introduziu o gnosticismo. Os gnósticos não negam que Jesus viveu; eles apenas negam que Ele foi Deus em carne humana. Assim, no final do século I (85-90 d.C.), o apóstolo João encontrou Cerithus, o herético gnóstico do século I na cidade de Éfeso. Jerry Jenkins e eu descreveremos esse encontro em nossa nova e fascinante série, Crônicas de Jesus, que será lançada em breve. Foi esse confronto com um evangelista do gnosticismo do século I que motivou João, como a última testemunha ocular da vida de Jesus, de Seus milagres e ensinamentos, a escrever o Evangelho que leva o seu nome. Alguns anos mais tarde, ele escreveu as epístolas que são a resposta do Senhor às falsas reivindicações contra a divindade de Jesus, sem a qual não existe salvação para ninguém. É impressionante ver como Deus colocou no coração e na mente do apóstolo João, pouco antes dele morrer, a resposta perfeita às heresias gnósticas que iriam dominar os próximos três séculos. Todos os falsos ensinos, examinados cuidadosamente, seguem essa mesma linha gnóstica, que nega a divindade de Cristo e a salvação pela graça, que são tão claramente ensinadas nas Escrituras. O Dr. Ed Hindson, em sua exposição dos falsos e enganosos ensinamentos do campeão de vendas O Código Da Vinci, explica claramente: Os Evangelhos foram escritos de 30 a 50 anos depois do tempo de Cristo. Os falsos evangelhos, os evangelhos gnósticos citados em O Código Da Vinci, foram produzidos quase 200 anos depois por aqueles que estavam tentando minar a credibilidade do cristianismo. Os Evangelhos, como nós os conhecemos, dizem muito cla-

ramente que Jesus é o Único que ousou afirmar: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.9); “Eu e o Pai somos um” (João 10.30); “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados...” (Mateus 9.6); “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). Quando o sumo sacerdote perguntou a Jesus “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”, Jesus disse inequivocamente: “Eu sou” (Marcos 14.61,62).1

O Novo Testamento contém respostas mais que suficientes às reivindicações gnósticas dos séculos I, III e IV e ao papismo (do catolicismo romano) que levou à Era das Trevas (a Idade Média). A partir do momento em que a Bíblia foi tirada dos monastérios e dos museus e impressa na linguagem das pessoas comuns é que os cristãos foram capazes de enfrentar o violento ataque do humanismo grego (a assim chamada sabedoria superior dos gnósticos, que acreditam num entendimento oculto que apenas os iluminados podem compreender). Agora podemos nos defender com a Palavra de Deus contra os muitos novos modismos gnósticos do islã, das Testemunhas de Jeová, do mormonismo e de incontáveis outras religiões. O apóstolo Paulo afirma: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos [a igreja certamente falhou nesta área] que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quan-

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Do Nosso Campo Visual tos conhecem plenamente a verdade” (1 Timóteo 4.1-3). O fato de que todo ensino gnóstico é contrário a Deus, à Bíblia e ao unigênito Filho de Deus é uma evidência convincente de que Cristo é o único Caminho, a Verdade e a Vida. Devemos agradecer a Deus pela Páscoa! Ela nos relembra que o cristianismo é a única fé que Deus deu à humanidade. Ele é baseado na ressurreição de Jesus. E a prova da ressurreição é que o cristianismo não poderia existir sem ela! Aqui estamos, após 2.000 anos, tendo sobrevivido a martírios

além de qualquer medida, oposi- (Tim LaHaye, Pre-Trib Perspectição inacreditável, falsos ataques, e ves) inúmeros “novos” evangelhos, e ainda somos o maior grupo de fé 1. Dr. Ed Hindson, The DaVinci Code Decepdo mundo. Na Páscoa, bilhões de tion, livrete de publicação própria, pp. 11. pessoas reunemse em igrejas, Recomendamos os livros: capelas, catedrais e casas de adoração para comemorar a morte, o sepultamento e a ressurreição corporal de Jesus. Por Pedidos: 0300 789.5152 quê? Porque ela www.Chamada.com.br é verdadeira!

Uma planta do deserto como representação de Israel “Planta sionista” foi como os pesquisadores chamaram uma variedade de dente-de-leão recentemente descoberta no deserto israelense. Sua estrutura celular se assemelha à estrela de Davi. Seu nome científico é “ranunculus asiaticus”.

Uma reportagem dizia dessa flor peculiar: Ela é conhecida como especialista na arte da sobrevivência e cresce de forma selvagem em Israel, num clima que mataria muitas outras plantas. Estamos falando do dente-de-leão persa. Ao examinar o “ranúnculo asiático” sob o microscópio, uma surpresa esperava pelos pesquisadores do Instituto Volcani de Israel: sua estrutura celular tinha o formato da estrela de Davi. “É realmente simbólico”, declarou a Dra. Rina Kamenetsky, que se defrontou com a curiosa formação celular ao pesquisar os mecanismos de sobrevivência dessa flor incomum. Essa espécie vegetal da Terra Santa também é

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conhecida nos meios botânicos como “planta da ressurreição”, que sobrevive sem água e “desperta” quando volta a chover, diz Kamenetsky. As paredes das células reservatórias servem de escudo protetor. Por ocasião das primeiras chuvas no inverno, as membranas celulares bloqueiam o repentino excesso de água, que poderia romper as células, mas permitem que elas absorvam o suficiente para que estas não ressequem. Essa “armadura” é semelhante a uma estrela de Davi, que em hebraico se chama “escudo de Davi” (Magen David). “Até hoje não vimos uma estrutura assim em outras membranas celulares vegetais”, comentou Kamenetsky. “Ela é muito rara – talvez única”.

Israel em clima inóspito Sem dúvida, essa planta é uma ilustração maravilhosa da resistência

de Israel! Os judeus viveram e vivem em um clima hostil. Durante a Diáspora (Dispersão), em perseguições, sofrendo desprezo e rejeição, e mesmo depois de sua volta à própria terra, eles sempre estiveram cercados de inimigos, de ódio e guerras. Assim como a “planta da ressurreição”, os judeus também demonstraram ser mestres na arte da sobrevivência. Foram privados das fontes de água, excluídos de agremiações, organizações e corporações, expulsos de cidades e Estados, expropriados de seus bens, mas sobreviveram e floresceram.

Israel é indestrutível Onde qualquer outra planta morreria, o “taraxaco”, como essa flor também é conhecida, sobrevive e floresce. Podemos mais uma vez compará-la com Israel. Qualquer outra nação que estivesse dispersa durante quase dois mil anos por todos os continentes e exposta a um clima tão adverso não teria sobrevivido nem conservado seu idioma,


Do Nosso Campo Visual sua cultura e sua identidade nacional. Mas o povo de Israel é diferente – ele sobreviveu, ele vive e viverá. Israel é um milagre! Nações vieram e se foram, tiveram um grande nome e depois desapareceram – muitas vezes em poucos séculos. O povo judeu sobreviveu a todas elas. Em Deuteronômio 14.2 está escrito: “Porque sois povo santo ao Senhor, vosso Deus, e o Senhor vos escolheu de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe serdes seu povo próprio.”

A prosperidade do povo de Israel Assim como essa flor é conhecida nos meios acadêmicos como uma espécie de “planta da ressurreição”, Israel tornou-se conhecido entre os povos como “povo da ressurreição”. Durante séculos os judeus estiveram nos “sepulcros” das nações (veja Ez 37). Eles tinham se tornado um povo ressequido, a ponto de serem comparados a ossos sequíssimos (veja Ez 37.14), mas quando voltaram à sua terra, na região do Rio Jordão e do Lago de Genesaré, começaram a desabrochar. Israel “ressuscitou”, pois voltou a ter vida, superou as adversidades e fez a terra frutificar. Fisicamente Israel já reviveu, mas espiritualmente ainda não. Cumpriu-se o que está escrito em Amós 9.14-15: “Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto. Plantálos-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o Senhor, teu Deus”.

Israel é único Os cientistas afirmaram acerca da “flor da ressurreição”: “Nunca

encontramos semelhante estrutura em membranas celulares de outras plantas... Essa é uma estrutura muito rara – talvez única”. Essa descrição não poderia ser mais adequada ao povo de Israel, que realmente é singular. A passagem de Isaías 66.8 proclama que Israel é especial: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos”.

Israel sob o microscópio Assim como os pesquisadores descobriram o segredo do dentede-leão apenas através do microscópio, nós também precisamos olhar pelo “microscópio” da profecia bíblica para entender o milagre que é Israel. Se observarmos Israel a olho nu, esse milagre permanecerá oculto. Somente através da Palavra de Deus a maravilha que é Israel se desvendará diante de nossos olhos, e somente pela Bíblia podemos avaliar corretamente o povo judeu. Essa será uma grande surpresa para o mundo, que costuma ver Israel apenas com olhos humanos. Deus não arranca aquilo que plantou e não permitirá que a semente de Israel pereça: “Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência quem domine sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles

me apiedarei” (Jr 33.25-26).

O Deus de Israel Israel é um povo único e singular porque um Deus único e singular é fiel às Suas promessas. As O ranunculus pessoas já teasiaticus. riam quebrado suas promessas há muito tempo, mas a Bíblia diz: “...que deus há, nos céus ou na terra, que possa fazer segundo as tuas obras, segundo os teus poderosos feitos?” (Dt 3.24). Ela também afirma: “Que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?” (Dt 4.7).

O escudo de Davi O segredo da sobrevivência do “ranunculus asiaticus” é o “escudo de Davi”, que circunda e protege suas células. O segredo da sobrevivência de Israel é o Davi celestial, o Messias de Israel, Jesus Cristo. O salmista diz que Ele é “o Senhor, nosso auxílio e escudo” (Sl 33.20). E, por Seu amor, Israel não perecerá. A realidade desse amor de Deus por Seu povo não poderia ser descrita mais adequadamente do que através das palavras do profeta Oséias: “Serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como o cedro do Líbano. Estender-se-ão os seus

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Do Nosso Campo Visual de ti; sou como o cipreste verde; de mim procede o teu fruto” (Os 14.5-8).

A estrela de Davi

O núcleo de cada floco de neve é enfeitado com a estrela de Davi.

ramos, o seu esplendor será como o da oliveira, e sua fragrância, como a do Líbano. Os que se assentam de novo à sua sombra voltarão; serão vivificados como o cereal e florescerão como a vide; a sua fama será como a do vinho do Líbano. Ó Efraim, que tenho eu com os ídolos? Eu te ouvirei e cuidarei

O escudo protetor das células dessa planta tem o formato da estrela de Davi. Isso deve ser um consolo para todos os amigos de Israel que usam uma estrela de Davi em solidariedade a Israel e como identificação com seu Messias, Jesus. A estrela de Davi não tem origem ocultista. Ela já aparece na criação, e o próprio Deus a formou, colocando-a em uma flor e enfeitando o núcleo de cada floco de neve. Mesmo que muitos usem esse símbolo para fins ocultos, isso não deve nos perturbar. Para nós a estrela de Davi é mais uma referência à fidelidade de Deus para com Seu povo Israel. Quando Balaão pretendia amaldiçoar o povo judeu, mas pela vontade de Deus foi obrigado a abençoá-lo, profeti-

zou: “Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete” (Nm 24.17). Devemos confiar plenamente nas promessas de Deus, pois está escrito: “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23). (Norbert Lieth) Para se manter informado a respeito do cumprimento das profecias com relação a Israel, leia mensalmente nossa revista Notícias de Israel. Faça hoje mesmo sua assinatura! Pedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br

A violência e as guerras são da vontade de Deus? Pergunta: “Tenho medo de Deus. Por que Ele permite tanta violência, tantas guerras, tanta fome e maldade no mundo? O “Pai Nosso” diz: “faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. É da vontade de Deus que aconteça o mal? Ele também permitiu que o Diabo estivesse no Paraíso com Adão e Eva. Por quê?”

Resposta: Não, as guerras não são da vontade de Deus. Também não era da Sua vontade que Adão e

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Eva pecassem no Paraíso. As Escrituras dizem que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4). Você observou, com razão, que Deus permite que coisas ruins aconteçam. Mas é muito importante sabermos que Ele não é o causador do mal! Então, por que Deus deixa que ele aconteça? Ele o permite porque não criou fantoches, mas pessoas livres, seres com vontade própria. Tudo o que vemos de negativo no

mundo pode ser explicado com uma passagem bíblica: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Por mais de seis mil anos o homem semeou pecado e perdição; portanto, não devemos ficar admirados com tudo de ruim que ocorre no mundo de hoje. Mas foi justamente por isso que Jesus veio: para dar vida eterna aos seres humanos perdidos, “a todos os que nele crêem” (Jo 3.16). (Marcel Malgo)



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