2 minute read

Síndrome da urina roxa - uma beleza rara

Vera Luís1, Svitlana Hrihoryan1, Maria José Grade1, Luísa Arez1

1. Serviço de Medicina Interna 3, Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Portimão

Advertisement

veralucialuis@hotmail.com

Introdução

A síndrome da urina roxa (Purble Urine Bag Syndrome - PUBS) é uma entidade clínica rara, que se caracteriza por uma coloração roxa da urina, muitas vezes como sinal inicial de presença de infeção do trato urinário. Os fatores que predispõem ao seu aparecimento são o género feminino, idade avançada, institucionalização, demência, algaliação crónica e doença renal crónica1,3. A patofisiologia2 está relacionada com o metabolismo do triptofano, por bactérias que degradam sulfato de indoxil, um metabolito do triptofano, em indigo (composto azul) e indorrubina (composto vermelho), que em meio alcalino dão a cor roxa à urina. As batérias mais frequentemente isoladas são a Escherichia coli1, no entanto alguns casos documentados descrevem a presença de Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Providencia stuartii e Morganella morganii4 .

Caso Clínico

Descreve-se o caso de uma mulher de 94 anos, previamente acamada, institucionalizada, com antecedentes pessoais de doença renal crónica e demência, que deu entrada no Serviço de Urgência por um quadro de prostração desde há dois dias. Á entrada cumpria critérios de sépsis, tendo sido algaliada para colheita de amostras de urina e contabilização da diurese. Verificou-se a saída de uma urina de coloração avermelhada no cateter urinário tornando-se roxa á medida que entrava em contacto com o saco coletor (figura 1). Não foram realizadas culturas microbiológicas, uma vez que a doente faleceu alguns minutos após a admissão, não sendo possível o isolamento dos agentes presentes na urina.

Comentário

A síndrome da urina roxa é considerado uma entidade benigna, no entanto queremos reforçar a importância da avaliação das características macroscópicas da urina, que nos podem dar informações importantes nomeadamente a presença de processo infecioso em curso.

Figura 1. Esta cor de um roxo vivo da urina resulta como verificamos na fisiopatologia que leva ao seu aparecimento ao metabolismo do triptofano, por bactérias que degradam sulfato de indoxil, um metabolito do triptofano, em indigo, que corresponde ao composto azul e indorrubina, composto vermelho, que em meio alcalino dão origem a esta cor roxa.

Referências:

1. Sabanis N, Paschou E, Papanikolaou P, Zagkotsis G. Purple Urine Bag Syndrome: More Than Eyes Can See. Curr Urol. 2019 Nov;13(3):125-132. doi: 10.1159/000499281. Epub 2019 Nov 13. PMID: 31933590; PMCID: PMC6944938. 2. Dealler SF, Hawkey PM, Millar MR. Enzymatic degradation of urinary indo- xyl sulfate by Providencia stuartii and Klebsiella pneumonia causes the purple urine bag syndrome, J Clin Microbiol 1988; 26: 2152-2156 3. Su FH, Chung SY, Chen MH. et al. Case Analysis of Purple Urine Bag-Syndrome at a Long-Term Care Service in a Community Hospital. Chang Gung Med J, September 2005; 28(9): 636. 4. Hadano Y, Shimizu T, Takada S, et al. An update on purple urine bag syndrome. Int J Gen Med. 2012;5:707-10