Caixa Forte / Otto Stupakoff // 07
Mídia
Texto Corrido / Eduardo Lima // 14
Editora Globo / Época Negócios // 61
Texto Corrido / Fernando Nobre // 16
Sony Entertainment Television / AXN Channel // 62
Falando bem pelas costas / Petrobras // 18
ESPN // 63
Falando bem pelas costas / Alex Cerveny // 19
Outros
Lado B / Quarteto Eletrônico // 21
Papaiz // 64
Mesa Redonda / Sustentabilidade // 25
King Seven Tatoo // 65
Melhores do Mercado 2007 / Os vencedores // 36
Panamericana Escola de Arte e Design // 66
Foto-Legenda / Artivismo // 42
São Paulo Alpargatas / Topper // 68 Petróleo e Derivados
Pasta // 44
Petrobras // 70 Serviço Público
Alimentos/Restaurantes
OIT e CONATRAE // 72
Polenghi // 44
Ministério da Saúde (Portugal) // 73
Café Suplicy // 45
Adesf - Associação de Defesa da Saúde do Fumante // 74
JMacedo // 46
IPAS Brasil //76
Nestlé // 48
Surfrider Foundation Brasil // 77
Automotivos
Transportes e Turismo
Volkswagen do Brasil // 49
Gol Linhas Aéreas // 78
Iveco // 52
TAM Viagens // 79
General Motors // 53
TAM // 79
Bebidas Alcoólicas
Varejo
Cervejaria Femsa / Xingu // 54
Tok&Stock // 80
Escolas e Cursos
Vestuário
Skill // 55
Umbro // 81
Colégio Bandeirantes // 56
São Paulo Alpargatas / Mizuno // 82
Mackenzie // 57
Polaroid Eyewear // 84
Farmacêuticos
Adidas // 86
Luper // 58 Higiene Pessoal
Filmes // 88
Sete Cosmetics // 59 Informática Tempest // 60
Índice Remissivo // 98
SUMÁRIO // 04
Capa // Santa Clara
Terceira capa // Diretor de arte convidado: // Pepê
“Para fotografar, uso a cabeça e o coração”
Otto Stupakoff é mais do que um fotógrafo. É um homem que transborda histórias. Durante os últimos 50 e poucos anos tem enxergado o mundo através das lentes. Por elas passaram riqueza, miséria, guerra, paz e galhos rasgando o céu. Personalidades como o presidente Richard Nixon, as atrizes Sophia Loren, Grace Kelly e Katherine Ross, o maestro Tom Jobim, o escritor Truman Capote, assim como refugiados de guerra, ou massacrados por ela, e seringueiros do Acre tiveram portraits assinados por ele. O fotógrafo nasceu em São Paulo e aos 10 anos realizou seu primeiro clique, um autoretrato. Aos 17, foi estudar fotografia no aclamado Art Center College of Design, de Los Angeles. Depois, aos 30 anos, ganhou o mundo de vez e, só aterrissou de volta, aos 70. É dono de uma narrativa sensível, um olhar que cativa e há muito aprendeu a dizer não a trabalhos que não fisgam sua alma
Maurício Cassano
Revista Pasta: Você começou a fotografar moda, no
páginas, fascinado. Meu bisavô, Henrique Stupakoff, era alemão,
Brasil, no final dos anos 50, quando a atividade era
veio de Hamburgo, e era filho de russos, de São Petersburgo.
inédita por aqui. Como aconteceu?
Foi ele quem fundou a Companhia Cervejaria Bavária, aqui em
Otto Stupakoff: Eu tinha 20 anos de idade e fui convidado pelo
São Paulo, no Tatuapé. Já meu pai trabalhou a vida toda na
Lívio Rangam, do marketing da Rhodia, e pelo Licínio de Almeida,
Brahma. Chegou a vice-presidente.
diretor de arte da Standard, agência que atendia a empresa, a fazer
Otto Stupakoff
fotos de moda para revistas. Isso nunca havia sido feito, por aqui.
Pasta: Quando você descobriu seu próprio estilo,
Até então, só se faziam desenhos, ilustrações, croquis. A modelo
como fotógrafo?
de minha primeira foto de moda chamava-se Duda Cavalcanti,
Otto: A primeira fotografia que tirei na vida foi com 10 anos
uma carioca que circulava por Ipanema com um cinto de caubói
de idade, um auto-retrato, em frente a um espelho. Peguei
preso ao biquíni. Acho que fui o primeiro a fotografar moda com
um espelho do banheiro, pendurei num varal e coloquei atrás
total naturalidade, no Brasil, como se estivesse fazendo fotos de
de mim um lençol, preso a outra corda do varal. Mais tarde,
família. Os álbuns de meus avós e de meu bisavô sempre foram
quando comecei minha carreira, obviamente ainda não havia
forte referência na minha vida. Passei a infância folheando suas
desenvolvido um estilo próprio, mas dava início à minha maneira CAIXA FORTE // 07
de compreender o mundo e à minha necessidade de integrar
aluguel em Nova York, onde supostamente morava, e decidi que,
todas as formas de beleza à minha vida. O artista, no princípio, só
sempre que voltasse à cidade, ficaria cada vez em um hotel bom
pode se valer da sensibilidade com a qual nasceu, de parâmetros
e diferente.
subjetivos e de sua formação, bem como de sua necessidade
Álbum de família: o avô Luigi, à direita, seus dois irmãos e os bisavós do fotógrafo. Henrique Stupakoff fundou a Cervejaria Bavária, em 1889
Pôster de divulgação da Companhia Cervejaria Bavaria, do final do século XIX
de se expressar através de imagens. Estilo, eu adquiri quando
Pasta: Qual é o maior desafio, ao se estar diante de
perdi o medo de entrar em cavernas escuras, onde o dragão
uma pessoa para retratá-la?
zela pela pérola. Depois disso, passei a percorrer outra heróica
Otto: Diane Arbus, fotógrafa que foi uma grande amiga, me disse
e individual aventura. O importante é, durante esse processo,
que a fotografia é um segredo sobre um segredo. O retrato formal
ouvir a voz que vem do lado mais denso e escuro da floresta,
é uma invasão de domicílio, se não for precedido pelo respeito
distante da luz que emana de trilhas que outros abriram. Quem
que o fotógrafo deve a si mesmo e ao retratado. Condensar um ser
possui e preza por sua integridade, sabe das conseqüências de
humano em uma fotografia é impossível e, justamente por isso,
aproveitar-se daquilo que não lhe pertence, e, assim, não bebe
o fotógrafo tem que, por obrigação ética, exigir de si próprio um
em fontes alheias, nem copia o que já foi feito, mas busca o
conhecimento de causa, através de sua cultura e de informações
novo, o que é seu. O trabalho do fotógrafo é o de trazer a pérola
fidedignas sobre o fotografado. Mas o interessante é que, ao
de volta ao mundo. A compaixão, que não é freqüentemente
fotografar, poderá descobrir uma nova e mais significativa visão
citada quando se fala sobre fotografia, deve ser a meta de sua
sobre o retratado. Mestre Richard Avedon fazia o impossível,
jornada e, ao curso da vida, ele deve aprender a ver uma aura,
até conseguir destruir as barreiras que muitos constroem para
em tudo que o cerca. Os deuses nos darão toda a beleza que
proteger sua imagem. De Avedon, um exemplo é seu retrato do
desejarmos, mas só se estivermos prontos para recebê-la.
Duque e da Duquesa de Windsor, que projetavam eternamente uma imagem plastificada e não tiravam o sorriso do rosto. O brilhante
Primeira foto de moda produzida no Brasil (1957). A modelo é Duda Cavalcanti, que namorava Otto, na época CAIXA FORTE // 08
Pasta: Você viajou incansavelmente pelo mundo, nos
intelecto de Avedon, desesperado ante uma muralha que parecia
últimos 40 anos. Foi bom?
ser impenetrável, lançou mão de uma armadilha inventada no
Otto: Viajei muito, de 1965 a 2005, com pausas mais longas em
momento para conquistar a foto desejada. O casal tinha fascinação
Nova York e em Paris. E sempre foi imenso, pelo menos para
por aquele cachorrinho Pug, de nariz achatado. Sabendo disso,
mim, o valor do que acrescentava à minha bagagem. Na década
ele contou, de câmera em punho, uma história, aos dois, sobre
de 70, não me lembro em que ano foi, passei uns 220 dias
um Pug que havia sido atropelado, minutos antes. Pronto. O
viajando. Ou seja, quase o ano todo. Resultado, parei de pagar
casal se contorceu e ele fez a foto. Ele entrou onde queria entrar.
Pasta: Os fotógrafos de hoje, em sua maioria, buscam
possível que seja devido a eu ter medo de sentir medo, ou algo
se informar como deveriam?
assim.
Otto: Um grave problema para o artista surge quando ele permite que tirem a autonomia do seu pensar, ou seja, quando um retrato
Pasta: Há algum episódio engraçado que você viveu e
é feito sob encomenda, para um cliente acostumado ao superficial
que te faz rir até hoje?
e que deseja perpetuar uma falsa imagem pública. A maior parte
Otto: Há, mas não é relacionado à fotografia. Ainda me faz
dos fotógrafos raramente pensa além do oportunismo, ou do
sorrir a lembrança de uma longa conversa ao telefone, que
imediatismo. Nesses casos, a fotografia responde com um
mantive esticando ao máximo o sueco que falo e que não
vazio. Todos os artistas que nos deixaram um legado de imagens
praticava há anos, com minha ex-sogra (Otto foi casado com
surpreendentes foram seres pensantes. Por isso, um fotógrafo
a sueca Margareta Arvidsson, miss Universo em 1966, com
precisa ler, precisa entender de sociologia, de psicologia, de
quem teve dois de seus seis filhos). Falei durante muito tempo
ética, de filosofia. Carl Gustav Jung dizia que o artista tem de
e pontuando bem, pois sabia o quanto ela sofria do avanço
ser, tem que mostrar ao povo o caminho das profundas fontes
do mal de Alzheimer. Terminada essa conversa, minha filha
da vida. Um dos grandes mestres da arte do retrato foi August
pegou o telefone. Comentei então que sua avó não me havia
Sander, mandado pastar, no verdadeiro sentido da expressão,
parecido estar tão mal quanto diziam. Rindo, ela me perguntou:
por Adolf Hitler, que discordava da maneira como Sander via os
“Papi, você sabe com quem você falou esse tempo todo?”.
alemães. Felizmente, o talento de Sander era imenso e não foi
Senti aquela alfinetada de dúvida e disse: “Mas foi com sua
abalado por isso.
avó, não foi?”. Minha filha respondeu que não, que sua avó
Tom Jobim: olhar que só Otto poderia captar
Jack Nicholson: uma folha de papel branco para um astro insuportável
já nem mais falava e que, nos últimos anos, minha ex-esposa Pasta: Por falar em Hitler, qual foi o momento em que
também havia se tornado avó. Dei-me conta do surrealismo
você mais temeu a morte, nessas décadas de andanças?
daquela situação e de ter conversado em sueco com minha ex-
Otto: Uma foi quando fui preso pelo Khmer Vermelho, nas selvas
mulher, que achei, aliás, mais lúcida do que esperava. Desculpe
do Camboja, ao lado de meu filho, Bico. Fui também apedrejado
a maldade. Minha filha disse que jamais me havia ouvido
no Iran e no Marrocos. Mas sempre permaneci calmo, nessas
rir aos borbotões, nem por tanto tempo, como naquele dia.
situações-limite. E já me perguntei por que permaneci calmo em outras circunstâncias que causaram a morte de fotógrafos.
Pasta: Entre as centenas de pessoas famosas que você
Só não me ocorreu fazer essa pergunta a um psicanalista. É
fotografou, qual a que mais te impressionou?
Nixon e sua filha desfrutam de alguns momentos com o fotógrafo, na Casa Branca CAIXA FORTE // 09
Otto: Senti ser um momento especial para mim quando Richard
Pasta: Você anda fotografando muito, ultimamente?
Nixon, então presidente dos Estados Unidos, saiu sozinho por
Otto: Ando fotografando todos os dias, mas na maior parte deles
uma porta da Casa Branca e desceu o gramado, estendendo-me
para mim mesmo. Sigo “batendo chapas”, como se dizia, com
a mão. Senti-me à vontade durante o tempo que caminhamos
prazer e descontração, que há muitos anos as responsabilidades
a sós pelo jardim, conversando com uma certa e inesperada
e exigências do trabalho raramente me proporcionavam. Essa
intimidade. Mas voltei rapidamente à realidade do meu trabalho,
espontaneidade é também um benefício. Como sou por ela
quando foi necessário pedir ao presidente que se levantasse do
responsável e a utilizo consciente da clareza intelectual que
banco e abaixasse as calças, que lhe haviam subido até o meio
exige, é uma forma de exercício e de questionamento do espírito.
da perna ao sentar. Além dele e de sua filha, meu assistente foi Menino com perna amputada. Camboja, 1994. A foto é parte de trabalho voluntário realizado por Otto para projeto de Lady Diana
a única outra pessoa presente. Ele levou anos até parar de contar
Pasta: E sobra tempo para as colagens?
a todo mundo que encontrava a história do que eu havia dito
Otto: Sempre fiz colagens. Doei muitas ao MAM (Museu de
ao presidente, sobre suas calças. Isso aconteceu poucos meses
Arte Moderna) de São Paulo, que as colocou numa pequena
antes do escândalo Watergate.
série, na internet. Faz também anos que me dá muito prazer pintar e inventar o que eu quiser. Às vezes, acho a fotografia
Pasta: E qual foi a figura mais antipática?
mais difícil que a pintura, porque representa melhor, de
Otto: A Lauren Bacall, que se deu ao trabalho de escrever a Nancy
certa maneira, saber ver e tornar aparente o problema do
White, editora da Harper’s Bazaar, queixando-se das fotografias
constante
transformar
do
ordinário
em
extraordinário.
que fiz de Leslie, sua filha com Humphrey Bogart, exibidas em
Vaso onde Anne Frank tinha de fazer suas necessidades fisiológicas, em Amsterdã
Óculos de Gandhi, fotografados na casa do pacifista, em Nova Delhi CAIXA FORTE // 10
seis páginas dedicadas à fragilidade de uma menina de 14 anos.
Pasta: Sua volta ao Brasil, depois de tantos anos, te
Em vez de por sua beleza, foi pela sua imensa sensibilidade que
parece definitiva?
a havia fotografado. Outro caso aconteceu com Jack Nicholson,
Otto: Como contei antes, desde aquele episódio dos anos 70,
que chegou de nariz empinado e contrariado ao meu estúdio,
quando passei quase um ano sem voltar para casa, não “moro”
nos anos 70, reclamando de como eu estava recebendo uma
mais em lugar nenhum. Estava há oito meses arrumando meu
“estrela” daquela forma e recusando-se a “posar”. No fim,
belo apartamento, dois metros acima do nível da água do rio
descemos para que eu o fotografasse na rua. Ele, então, reclamou
Chao-Phraya, em Bangkok, na Tailândia, quando a organização
da sujeira da calçada e eu lhe dei uma folha de papel branca,
da São Paulo Fashion Week me convidou para expor no Pavilhão
que peguei numa gráfica vizinha, para que pisasse em cima.
da Bienal, em 2005. Me convidaram mais de uma vez para vir,
isso me deu muito prazer, e acabei aceitando. Depois da festa da
avessos a gente séria (os chatos) e a assuntos sérios, reflexões
chegada, porém, de toda aquela euforia, noto que ninguém sabe
mais profundas. Papo sério, por aqui, chega ao cúmulo de
muito bem o que fazer comigo, quando estou aqui. Nem eu mesmo
atrapalhar uma conversa. Sinto muita falta de bater grandes e
sei (risos). Existe algo que oscila, entre diversas e variadas
reveladores papos, com pessoas dispostas a pensar, a falar de
emoções. Mas acabo não trabalhando como gostaria, porque
coisas que vão além do capítulo da novela, da roupa que vestia
acho que de alguma forma intimido as pessoas. Talvez porque
a última celebridade instantânea lançada pela mídia, da festa
alguns achem que eu “abandonei” meu país, por ter passado
de casamento da prima e coisas assim. Se o Millôr Fernandes
tantos anos fora, ou talvez porque me achem sério demais, eu
fosse considerado, como o vejo, nosso grande filósofo, poucos
não sei. Quando retornei ao Brasil, em 1976, disposto a morar
achariam o que ele escreve engraçado.
aqui de novo, também não deu certo. Não conseguia trabalhar no meu país. A maior parte dos trabalhos que fiz, até 1980, eu
Pasta: Para viajar tanto como você fez, e absorver o
mesmo inventei e propus diretamente aos clientes. Depois de
melhor de cada paragem, é preciso ter um espírito
quatro anos tentando, acabei vencido por minhas contas a pagar
desprovido de preconceitos?
e parti novamente. Tenho um grande amigo, uma das pessoas
Otto: Isso é sério e complicado. Quem viaja muito precisa estar
mais brilhantes que conheço, que fala: “O que acontece com
sempre atento a uma gigantesca variedade de maneiras de
você? Qual é o seu problema? Você chega ao Brasil e só falta
pensar. No Ártico, por exemplo, você nunca pode caminhar sem
levarem banda no aeroporto para te receber. Passada a euforia e
um Inuit experiente, alguns passos à sua frente. Com um arpão
a festa, te esquecem”. Mas desta vez penso muito em ficar.
na mão, ele anda devagar, sentindo o gelo, às vezes parando
Foto registrada na França, no restaurante L’Acquarium, na mesa preferida de Marcel Proust, para Vogue Paris, em 1976
Imagem que integra o primeiro e único editorial de moda publicado na revista inglesa House & Garden, de decoração. A foto foi realizada em Paris, também em 1976
para escutar. Não é possível ser guiado apenas pelas marcas Pasta: Creio que sua seriedade no trabalho deveria ser
que os pés deixam no gelo, para voltar. Isso porque em minutos
muito bem-vinda e não ao contrário.
a trilha trinca e você vê o resto dela a centenas de metros
Otto: O Brasil é um país engraçado, de bem com a vida, sem
de onde estava. Por onde e como você anda requer sempre
dúvida. Mas às vezes sinto que as pessoas por aqui exigem
atenção, mesmo se não for um país muito longe. Se não forem
umas das outras que sempre estejam de bom humor, por
as minas explosivas, invisíveis, que todos os dias arrancam
mais artificial que isso seja, em determinadas situações, em
pernas e braços de mulheres, crianças, elefantes; são taxistas
determinados dias. Socialmente, é preciso evitar comentar sobre
que deixam seu carro por horas numa rua escura com você
o que possa incomodar as pessoas. E todos, em geral, são meio
esperando dentro. Até que um dia, alguém te explica porque
Mulheres no Tahiti. Foto produzida no finalzinho dos anos 70 para a revista Madame Figaro, que circula ao domingos no jornal francês Le Figaro CAIXA FORTE // 11
aconteceu aquilo, ou o que você fez de errado, e tudo faz sentido.
imagem única, grande, um dos nomes mais dignos da imprensa
que fiz ultimamente de novo. Sua morte precoce ainda me dói.
É indispensável ser compreendido, mesmo quando a mulher
brasileira. O conheci quando trabalhava na Editora Abril, e
Hoje, o processo criativo foi mecanizado a ponto de se tornar
que limpou seu banheiro não tenha tido vontade de tirar uma
confiou em mim, no escuro, me dando algumas capas de
totalmente impessoal. Você trabalha de maneira supostamente
cobra do chão do chuveiro. Quando viajamos, somos sempre
Claudia para fazer. Anos depois, quando nos vimos na Europa,
criativa, com o intuito maior de fazer dinheiro, e não de
hóspedes e há que se lembrar disso e de assim se comportar.
descobrimos que ele conhecia muito bem o meu avô Luigi. Meu
fazer arte. Uma pena.
Por isso mesmo, sou agnóstico. Não posso me permitir ter uma
avô era taxista e levava o Luís e seu irmão, Mino, todo dia para
religião já que a cada lugar que vou procuro absorver o máximo
a escola. Veja que mundo. Foi meu avô que ensinou o pai deles
Pasta: Você tem predileção por alguma câmera ou
da cultura e dos valores, inclusive religiosos. E cada povo
a dirigir, inclusive. Fotografo até hoje para a Vogue, no Brasil,
equipamento, para trabalhar?
possui sua grande verdade.
como que para preencher a saudade que ele deixou e para
Otto: Acho que é tudo igual, trabalho com qualquer um. A
agradecê-lo pela forma como sempre me acolheu.
câmera, quanto mais simples, melhor. Porque a fotografia é
Pasta: Que balanço faz de sua vida, até aqui?
um processo que vem de dentro para fora, nunca de fora para
Otto: Tenho vivido a vida com toda intensidade possível e
Pasta: Vamos falar sobre outra grande amizade, a que
dentro. Para fotografar, uso basicamente a cabeça e o coração.
imaginável, porque sempre mergulhei de cabeça em tudo. Nunca
te uniu à editora de arte Bea Feitler, carioca que fez
Há os que fotografam para ganhar a vida. Sou daqueles para
hesitei um passo sequer frente a uma nova experiência. Nunca
carreira nos EUA.
quem a fotografia representa uma maneira de viver.
me protegi nem me impedi de viver as coisas, seja por perigo ou
Otto: Devo muito à Bea Feitler, minha grande amiga e a melhor
por inconveniência. E sempre vivi muito bem, maravilhosamente
editora de arte que conheci. Bea trabalhou durante anos
Pasta: Algo mais?
bem até, eu diria, seja dormindo em hotéis seis estrelas, seja
na Harper’s Bazaar, em Nova York. Ela tinha um jeito muito
Otto: Posso te assegurar que com o passar do tempo eu realmente
acampado nos lagos do Canadá.
especial de tratar os fotógrafos com os quais trabalhava. Todos
aprendi a amar no sentido mais profundo e verdadeiro, que é
nós devemos muito à Bea pela sua obstinação em manter um
aquele amor que você oferece sem esperar nada, nada, nada
Pasta: Você conheceu o cearense Chico Albuquerque?
fotógrafo em seu percurso. O carinho dela pelo fotógrafo era
em troca. Desaparece o departamento de cobranças. E isso eu
Otto: Sim, claro. Eu e o Albuquerque éramos muito amigos. Ele
vasto, e a recíproca também. Ela tinha uma dedicação ética
consegui porque extrai da fotografia.
é considerado um pioneiro na fotografia publicitária, e eu na
e didática imensa. Visitava muito o estúdio do fotógrafo,
fotografia de moda.
observava seus objetos, o levava para assistir um filme ou uma exposição que considerava tocante. Sempre se preocupava
Pasta: Você também foi muito amigo do Luís Carta?
em saber onde estava a cabeça do fotógrafo. E isso jamais é
Otto: Muito. Sou muito grato pela deferência com a qual ele
cogitado. Nunca ninguém mais me perguntou isso ou quis saber
sempre me tratou, que fez com que eu formasse dele uma
onde estavam meus desejos, o que tenho vontade de fazer, o
CAIXA FORTE // 12
Se quiser saber mais sobre o fotógrafo, compre o livro Otto Stupakoff, da editora Cosac Naify, lançado em 2006, ou Rioerótico – A Fotografia de Otto Stupakoff, da editora HarperCollins & Regan Books, também de 2006.
Chega de papinho furado
Por Eduardo Lima
Diretor de Criação da F/Nazca Saatchi & Saatchi
TEXTO CORRIDO // 14
Se a gente fosse escutar e levar a sério tudo o que ouvimos de
meu dever incluir a F/Nazca nessa lista. Eu também diria que a Santa
previsões e análises sobre a propaganda brasileira, teríamos um
Clara busca coisas diferentes em seus trabalhos, sem medo de
único caminho: uma arma e uma bala na cabeça. Os profetas
errar. A AlmapBBDO. A Famiglia. Tem coisas diferentes na Loducca,
falam. Quem não tem tempo para isso, trabalha.
também. A minha análise aqui é crua. Estou falando de coisas que
Estou cansado de uma prática que se tornou usual na nossa
eu percebo. Movimentações. Inquietações. Essa é a minha opinião.
profissão. A crítica do trabalho geral que o Brasil vem fazendo.
Não sou dono da verdade. É a maneira como eu enxergo.
Os profetas dizem que tudo está ruim. Sim, é muito mais cômodo
Acho que a criação tem que ter na alma a inquietude. A acomodação
generalizar. Ver algum trabalho bom na rua dói. Machuca quem
para mim só leva ao comum. O release não pode se sobrepor à idéia.
não consegue colocar nada. Mas se a gente olhar para trás, vai
A idéia tem que ser maior. Ninguém consegue decretar que isso ou
ver que sempre teve uns 97, 98% de coisa ruim no ar.
aquilo é uma grande idéia. Ela é porque ela é. Não vamos nos enganar.
O que eu acho é que os profetas deveriam gastar mais energia
E também chega de ficar babando ovo de argentino.
trabalhando nas campanhas e tentando convencer
Eles estão na frente e ponto. Isso é fato. Chegou
seus clientes a colocar coisas boas na rua. A batalha
a nossa vez de fazer o que eles tentam no
do dia-a-dia não é fácil para ninguém. Não existe
O mais ou menos
futebol. Não podemos nos acomodar no
cliente fácil. Existe cumplicidade, existe conquista
s ó é confortante
caos de nosso país. Na tristeza de abrir um
de confiança, existe argumento, existe parceria.
para os medíocres
jornal pela manhã e ficar deprimido com o
Idéia boa nenhuma cai no colo. Tem que sentar em
que vemos.
cima. Pegar na unha a desgraçada. Domar a maldita.
A frustração não pode ser maior do que a luta.
É fácil ficar falando do alto de uma sabedoria de boteco que não
As palavras não podem ser maiores do que os atos. Revolução.
existe nada de bom por aí. Sim, porque a história mostra que
Anarquia. Temos que fazer coisas que nos levem à demissão. Esse
sempre foi mais fácil destruir do que construir. Sempre foi mais
lugarzinho comum de que tudo está ruim, pô, papo de derrotado.
tranqüilo o comodismo do que a luta para mudar uma situação.
Eu sempre luto até o final. Se você arranca meu braço esquerdo,
Chega de teoria. Chega de papinho furado. Chega de bobagens.
luto com o direito. Se você arranca o direito também, luto com
Coisinha de garotinhos de playground. Maricas. Tem que ser
as pernas. Cortou as pernas? Luto com a cabeça.
mais menino de rua. Se todos cuidarem de seus jardins, o todo
Para mim está muito claro: o que importa é o autêntico. O genérico
fica melhor. Até porque já tem gente fazendo isso.
só é bom para a saúde. E o mais ou menos só é confortante para
Não quero parecer leviano de citar meu próprio jardim, mas acho
os medíocres.
Crônica de uma morte anunciada
Por Fernando Nobre
Sócio e Diretor de Criação da Famiglia
É apenas o olhar de alguém que integrou alguns júris e que adora
polêmico. Daí eu usar este espaço para dar os meus palpites
o Anuário. E quer vê-lo cheio de vida por muitos e muitos anos.
e, provavelmente, causar polêmica.
Por que o presidente do júri tem tão pouca importância
Não à toa, o título desse artigo é Crônica de uma morte
no Anuário?
anunciada. Porque o Anuário – o mais tradicional e
Um presidente do júri, indicado pelo presidente do Clube
respeitado prêmio que temos, o retrato fiel da qualidade da
de Criação, com a devida antecedência e transparência,
criação publicitária brasileira – está perdendo importância
tem muito mais poder para produzir um Anuário relevante.
ano a ano, deixando de ser referência a cada nova edição,
Ele dá o tom do corpo de jurados, define critérios, é um
está agonizando lentamente. Não é mais o reflexo do ano
“voto de Minerva”. É alguém que dá a cara a tapa e que,
na propaganda brasileira, não é uma fonte confiável para
naturalmente, precisa ter estatura para o posto. Alguém
T omara que este
um diretor de criação contratar, não é sequer percebido
que não irá agir levianamente. E, se por acaso o fizesse,
artigo provoque ao
pelos anunciantes.
seria tão simples responsabilizá-lo: ele é um só, não está
menos algum debate.
Minha intenção aqui é tentar colocar este assunto na ordem
diluído em meio a outros 30 nomes. Acho inclusive que um
Isso já funcionaria como
do dia. Porque toda rodinha de criativos, nesta época
presidente do júri assim deveria indicar os jurados. E aí
um desfibrilador para
do ano, discute o assunto. Mas pára por aí. Quem sabe
passamos para o item seguinte.
colocando algumas idéias no papel elas não acabem saindo
Por que eleger os jurados pelo voto direto dos sócios
do papel?
do Clube?
O que vocês irão ler, a seguir, não tem nada de revolucionário,
É mais democrático? Talvez. É mais demagógico? Sim. É mais
inédito. São medidas simples que talvez ajudem a recolocar
justo? Com quem? É mais criterioso? Não. Definitivamente,
o Anuário no rumo.
não. Os prêmios mais respeitados do mundo – aqueles
Não leiam, por favor, como se fosse um programa de
que nós olhamos com admiração, desejo, inveja – não
candidato. Tampouco como uma crítica à Diretoria.
elegem os jurados por voto direto. Ok, poderíamos fazer
Lúcio Cunha
Estamos em época de Anuário. Assunto sempre palpitante,
o nosso querido Anuário
TEXTO CORRIDO // 16
diferente aqui no Brasil, e fazer melhor. Mas infelizmente
a maturidade do júri). O que não pode acontecer aqui é
Por que as peças não são premiadas por categoria?
não é o caso. Escolhemos pelo voto direto e simplesmente
acreditarmos que é possível produzir um grande Anuário
Como acontece em Cannes e em muitos outros festivais, em
alijamos um bocado de nomes fundamentais para a criação
sem ter os melhores julgando.
que filme de sabonete não compete com filme de provedor
brasileira. Dois exemplos só para ilustrar: Fabio Fernandes
Por que um júri só para TV, Mídia Impressa, Mídia
de internet. Ou então, por que não adotar um outro critério
e Marcello Serpa não figuram entre os “eleitos” há alguns
Exterior, Rádio?
qualquer que não coloque tudo no mesmo saco de gatos?
anos. Um presidente do júri forte deve indicar os jurados.
De novo, o mesmo problema: mais de 20 pessoas julgando
Por exemplo, produções de TV com orçamento até x mil
Convidar nomes relevantes para julgar a produção criativa
todas as categorias. Dilui demais. Ninguém é responsável
reais não concorrem com produções de TV com budget acima
do ano. Poucos nomes, de peso, com história, critério,
pelo resultado final. Impossível fazer um teste de DNA para
disso. O One Show faz isso (e não nos esqueçamos: eles
comprometidos com a idéia, com o novo, com a boa
descobrir quem é o pai desta criança. Convenhamos: seria bem
são o One Show!). Enfim, poderíamos encontrar um critério
propaganda. Gente capaz de produzir um Anuário com mais
mais razoável um júri só para TV, um para Rádio, outro para
para não julgar igual os diferentes. Aqui conseguimos isso
relevância, que reflita o que de melhor foi feito no ano.
Mídia Impressa e um para Mídia Exterior. Com sete jurados
timidamente ao separar as campanhas comunitárias das
Muitos vão dizer que isso já foi feito no passado e o júri
cada, mais ou menos. Daí todo mundo sabe quem julgou o
demais. É um começo, mas talvez possamos ir além.
acabava descambando para discussões pessoais – um não
quê. Quem é responsável pelo quê. Daí todo mundo sabe quem
Por que a festa de premiação é tão informal?
vota no trabalho do outro, que não vota no outro e assim vai.
aplaudir, quem vaiar. E o mais importante: daí o Anuário fica
Um pouco de pompa e circunstância também podem
Ora, é claro que isso pode acontecer. Da mesmíssima forma
melhor, mais criterioso, mais enxuto, mais relevante. Porque
contribuir para dar mais notoriedade ao prêmio. Algo mais
que acontece com o júri eleito pelos sócios. É mais velado,
um júri que pode se debruçar sobre uma única categoria
formal (não precisa ser besta!) talvez dê a real dimensão do
mas acontece. E nos prêmios lá de fora deve acontecer
avalia melhor, com mais calma, sem a afobação de ter que
que representa ganhar uma medalha no Anuário do Clube de
também. Talvez com um tempero menos latino, com mais
observar mais de 4 mil peças em um punhado de dias. Já foi
Criação de São Paulo.
polidez e boas maneiras, sem ninguém chamar para a briga.
assim no passado, parece. Mas, um dia, alguém ficou melindrado
Para finalizar: tomara que este artigo provoque ao menos
Mas o fato é que lá fora eles têm produzido anuários mais
de ser convidado para o júri de Rádio enquanto fulano tinha sido
algum debate.
fiéis ao trabalho que realizam ao longo do ano (não estou
chamado para julgar TV. E recusou o convite. E aconteceu de novo
Isso já funcionaria como um desfibrilador para o nosso
comparando a qualidade dos trabalhos de lá e daqui, mas
e de novo. Resultado: hoje todo mundo julga tudo.Que beleza.
querido Anuário. TEXTO CORRIDO // 17
Steferson Faria
Falando bem pelas costas
Por Luis Antônio Vargas Gerente de Publicidade e Promoções da Petrobras
QUAL A MELHOR CAMPANHA
termos o Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade e o
QUE VOCÊ VIU NO AR,
Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, e de termos
NOS ÚLTIMOS TEMPOS?
sido classificados em primeiro lugar como Empresa Exemplo de Responsabilidade Social, pela pesquisa Market Analysis, nossa
Ao receber o convite para escrever esta coluna, confesso
comunicação, à exceção da divulgação de fatos, não consegue
que fiquei um pouco receoso, pois, é certo que, para nós
ser tão didática e simples a ponto de explicar perfeitamente o
publicitários, é muito mais fácil criticar do que elogiar. Porém,
que é sustentabilidade.
lembrei de uma campanha recente à qual realmente devemos
O grande mérito do Banco Real é, justamente, conseguir
“pagar tributos”.
desmistificar a palavra, veiculando campanhas bastante
Trata-se de uma campanha de posicionamento do Banco Real
didáticas no sentido de explicar realmente o que é a
(ABN AMRO), que é uma aula sobre sustentabilidade. Para se
responsabilidade social, ambiental e econômica, que as
ter idéia de como essa é uma palavra recente, e relativamente
empresas de hoje em dia tanto pregam.
desconhecida, nem o corretor ortográfico do meu editor de textos
Parabéns ao cliente e à agência por serem tão diretos e tocarem
a reconhece.
a audiência dessa forma.
Realmente, explicar para toda a população, de forma clara
Para nós, fica a lição e a promessa de conseguir a mesma eficiência
e eficiente, o que é sustentabilidade é um grande desafio
na abordagem desse conceito, na nossa comunicação.
que, nesse caso, foi muito bem resolvido por quem cuida da comunicação do Banco Real. Nas campanhas da Petrobras, o aspecto sustentabilidade sempre é abordado, porém, não conseguimos, ainda, fazer uma ação focada na “conscientização” da população. Apesar de anunciante // 18
Cena do filme Yuri (no alto) e anúncio relativo ao São Paulo Fashion Week: peças das campanhas de Sustentabilidade criadas pela Talent para o Banco Real
Falando bem pelas costas
Por Alex Cerveny Artista Plástico
Tenho uma certa dificuldade com a propaganda, de maneira
das mensagens que buscam a conscientização do consumidor.
sociedade e a prestação de contas é algo que deveria ser feito
geral. Isso porque tenho a mente muito crítica e questionadora e
Um bom exemplo é uma ação contra a pirataria, que vem
cada vez mais, por mais empresas. Isso, para mim, é respeitar a
a publicidade muitas vezes busca soluções simplistas e óbvias,
sendo veiculada e tem diversos comerciais diferentes (assinada
inteligência do consumidor.
chegando até a desrespeitar a inteligência do consumidor.
pela agência Nova Face). É interessante porque traz uma
Quando digo isso, me vem à mente, por exemplo, a propaganda
mensagem que busca minar o velho “jeitinho brasileiro”,
de cerveja, que trata o produto como se fosse um elixir da
demonstrando que a pirataria é crime. Obviamente que não vamos
sensualidade e a mulher como um mero objeto que compõe
ser ingênuos de achar que quem banca essa publicidade está
o cenário proposto pela publicidade. Acho um desrespeito.
pensando somente no bem-estar da sociedade. Sabemos que,
Nossos publicitários são tão incríveis, com certeza
por trás dessas mensagens, existem negócios e interesses, ou
poderiam refletir sobre outras soluções criativas que
seja, é importante para indústrias gigantes que os produtos não
fugissem de estereótipos. Afinal, a publicidade pode ter um
sejam pirateados. Mas, de qualquer forma, é uma contribuição
compromisso maior, eu diria até um compromisso
social, já que o combate à pirataria é um tema de interesse
socioeducativo. Penso ainda na propaganda de carros, que
público e que tem impacto direto na questão dos empregos, dos
mostra até o mais simples automóvel 1.0 como uma fonte de
impostos e de outros aspectos importantes para o nosso país.
adrenalina e aventura, quando o que realmente precisamos, no
Outra campanha que vi há pouco e achei interessante é a da
momento, é transformar esse trânsito maluco num ambiente
Companhia Vale do Rio Doce (criada pela Africa), veiculada
com mais segurança e controle. A palavra certa é prudência.
em jornais, que mostra que, apesar de ser uma empresa e visar
Outra abordagem igualmente equivocada, na minha opinião,
o lucro, claro, respeita o meio ambiente. Um dos anúncios diz:
mas bastante utilizada, é a de agregar a produtos supérfluos,
“É possível uma mineradora crescer e manter seu compromisso
valores ecológicos: ecológico mesmo é consumir menos!
com o meio ambiente e a sociedade? Sim, é possível”. E segue
Mas apesar destes exemplos negativos, vejo coisas interessantes
mostrando o compromisso social da companhia e os números
e que realmente me chamam a atenção de forma positiva. Gosto
que indicam que a empresa cresceu. Esse envolvimento com a
Cena do filme antipirataria, criado pela agência Nova Face para o SETA – Sindicato das Empresas de TV por Assinatura
Anúncios da CVRD, assinados pela Africa: responsabilidade socioambiental em destaque personalidade // 19
Quarteto Eletrônico
O som rola solto e vários participantes da festa se perguntam
submersa, mas não morta em sua vida. “Meu foco, naquele
quem é, afinal, o responsável pela animação daquela noite
momento, era aprender tudo na área de finalização e produção
agitada, numa casa localizada em Taubaté, no interior de
digital”, explica. “Em 2000, mudei-me para o Rio de Janeiro e,
São Paulo. Para surpresa de muitos, o autor da “sonzeira” é
dois anos depois, quando já tinha experiência considerável em
praticamente uma criança: Fábio Soares, 12 anos, já fissurado
pós-produção e abraçava outro desafio, o de dirigir comerciais,
por “dar um som” na casa dos amigos. Dois anos depois, em
percebi o quanto a música me fazia falta. Foram dez anos sem
1986, o cara começa a tocar no Country Club, ainda na terra de
tocar, não foi nada fácil”, lembra. Assim, em 2002, Fabião
Monteiro Lobato. “Era o início do house e eu curtia bastante o
voltou a tocar house na casa de amigos. “A galera gostava, me
estilo. Meus pais achavam um pouco estranho o filho na noite,
chamava. Em 2003, passei a fazer barulho em diversas casas
aos 14 anos, mas sabiam que minha onda era a música e não
noturnas do Rio, como a ‘00’, e continuo tocando direto”.
a balada, em si”, conta Fabião. Os pais, aliás, foram grande
Esse lado DJ do sócio da Conspiração Filmes o ajuda muito
influência para que o menino tivesse notas musicais correndo
na produção de comerciais: “A intervenção narrativa do DJ é
nas veias. Ambos trabalhavam numa gravadora, a Fermata/RGE,
parecida com a do diretor. A questão é a mesma: ‘como vou
Eles vivem virando noites. E não só pelo acúmulo
e Fabião cresceu ouvindo de tudo um pouco. “Meus pais tinham
contar a história?’. Quando tocamos, no fundo estamos criando
de trabalho na agência ou na produtora, mas
uma enorme coleção de discos que eu escutava sempre. Gostava
um roteiro”, compara. Fabião diz também que quando ouve uma
porque protagonizam baladas e muita ferveção,
de bossa nova, de jazz”, recorda. “Ouvi quase que o catálogo
música, inevitavelmente pensa em filmes: “Para tocar, é preciso
à frente de pick-ups ou por trás de microfones.
todo da gravadora. Passava horas e horas sentado, degustando
fazer pesquisas constantes, ouvir estilos novos, manter-se
No line-up a seguir, conheça o lado DJ de Fábio
o que na época já era considerado antigo. Um compacto do Bill
atualizado com o que está sendo produzido. Isso é ótimo para
Halley & The Comets era meu brinquedo favorito. O acesso a
minha carreira de diretor, porque a música está muito ligada à
esse repertório me abriu portas para os metais de Urbie Green
parte emocional da narrativa”. O DJ conta ainda que atualmente
e Dave Brubeck, por exemplo”. Mais adiante, já vivendo em São
tem ouvido muito o britânico Matthew Herbert. “Para mim,
Paulo e cursando Rádio e TV na Faap, Fabião começou a definir
ele é o melhor produtor de música eletrônica em atividade”.
seu futuro profissional quando um tio, que trabalhava em uma
Fabião cita também a dupla dinamarquesa Pellarin e Lenler e,
produtora de imagens, convidou-o para assistir ao processo de
no house, o brasileiro Dudu Marote (produtor musical e sócio da
emprestam à propaganda que exercem no dia-a-
finalização de um comercial. “A partir daí, me apaixonei pela
Dr.DD), que usa Prztz como nome artístico. “Admiro profundamente
dia, referências e inspiração que só a música
ilha de edição”. O jovem mergulhou, então, no mundo da pós-
nosso querido Prztz e seu parceiro Rafael Droors. Estes caras
pode liberar. Sorte nossa
produção e teve de “dar um tempo” com a música, que ficou
fazem hoje o melhor house de pista do mundo, sem exagero.”
Fabião: “Tocar, para mim, é uma necessidade fisiológica: dá muito prazer”
Soares, sócio e diretor de cena da Conspiração Filmes; o produtor musical que há dentro de Vitor Mafra, diretor de cena da Republika Filmes; a porção VJ de João Carlos Prado, diretor de arte da Agnelo Pacheco; e a metade cantora e instrumentista de Luciana Lins, redatora da Fallon. Os quatro, além de tudo,
LADO B // 21
Vidal: “A música permite que você coloque seus sentimentos para fora. Tira a ‘nhaca’, mesmo”
Joca: “Na Holanda ser VJ é bem mais fácil porque a tecnologia está muito mais avançada”
LADO B // 22
Difícil quem no circuito da música eletrônica não conheça,
produtor musical o auxilia muito no trabalho como diretor de
pelo menos de vista, o produtor Vidal, nome de guerra de
filmes publicitários e cinematográficos. “O áudio fala direto
Vitor Mafra, diretor de cena da Republika Filmes. Músico
com o inconsciente”, declara. “É uma grande vantagem para
desde moleque, começou a estudar violão com 10 anos. Aos
um diretor estar atento ao meio musical”. Ele acrescenta ainda
15, já tocava guitarra numa banda. “Eu gravava rock, mas
que tanto o diretor necessita seduzir a audiência quanto o DJ
achava tudo ruim”, conta. Em 1990, foi trabalhar na recém-
ou produtor musical, a platéia. Assim, as atividades acabam
chegada MTV, justamente por conta dessa sua veia musical.
ficando parecidas. Apesar do fascínio pela composição e
“Fui editor da primeira turma da emissora”, revela. Dez anos
execução de melodias, Vítor garante que seu “grande barato” é
depois, decidiu estudar jazz. “Para criar música, é necessário
mesmo filmar. “A música é um hobby que deu certo”, finaliza.
estar atento a todos os estilos”, explica o produtor. “E o fato de ter estudado jazz, me dá uma segurança musical”, completa.
João Carlos Prado, mais conhecido como Joca, diretor de
Até que, de 2002 para cá, com o surgimento de softwares e
arte da Agnelo Pacheco, confessa que até largaria tudo, um
tecnologias tão avançadas quanto atraentes, Mafra resolveu
dia, para se dedicar apenas à sua paixão maior: atuar como
mergulhar no universo da música eletrônica. “Mostrei ao
VJ. “Ser DJ é algo relativamente comum no Brasil, mas ser
Dudu Marote (olha o Dudu sendo citado de novo), ele gostou,
VJ, nem tanto”, começa Joca. Ele conta que sempre gostou
disse que eu tinha captado a linguagem”, recorda. Apesar de
de baladas e, quando reparou que surgiam por aqui pessoas
já ter tocado no Clube Vegas e no finado Ampgalaxy, em São
que mixavam vídeos, juntando imagens às músicas, não teve
Paulo, Mafra gosta mesmo é de estúdio. “Meu foco é compor,
dúvidas: quis ser um VJ. “Mas falo de um trabalho que é
eu curto isso. Sou meio seletivo para tocar ao vivo. O que
diferente do que fazem os apresentadores da MTV. O VJ é,
mais gosto é de ver DJs tocando minha música”, diz. Suas
na verdade, um artista visual, trabalha ao lado do DJ, de
principais influências são Funkadelic e Giorgio Moroder, dos
forma independente, expondo imagens, ao vivo”, explica. O
anos 70; Depeche Mode e Duran Duran, dos anos 80; Phuture e
trabalho de Joca, assim como o do Fabião e do Vidal, é mais
Inner City, dos anos 90; e, atualmente, Anthony Rother, Green
voltado à música eletrônica. “Faço vídeos no estilo minimal
Velvet, Tiga e DJ T, entre outros. Curioso para saber no que
techno, que é um sub-gênero da techno music”, revela. O
é que deu tanta influência? Dê uma chegada no site do Vidal,
VJ fez duas participações no FILE - Festival Internacional de
http://www.myspace.com/vidalzabriski. Para Mafra, a música
Linguagem Eletrônica. Também já projetou em casas noturnas
e o cinema andam de mãos dadas e, por isso, o fato de ser um
como Lov.e Club, Ultralounge, Soul Sister e AfroSpot, entre
outras. Dentre suas influências, cita o VJ Spetto e um grupo de
aqui, e deu certo”. Foi quando lançou o disco Abduzida, também
artistas visuais da Inglaterra, chamado D-Fuse. “Além disso,
gravado de forma caseira, que retratava o fato de ter vindo para
a dupla inglesa Addictive TV, que reúne os dois melhores VJs
cá e não ter voltado. Luli conta que no seu primeiro ano na
da atualidade, esteve no Brasil, em 2006, no Motomix, e veio
capital paulista não conhecia ninguém, por isso ficava muito
ao Skol Beats 2007, é grande fonte de inspiração”. Joca, que
sozinha, acompanhada de seu violão. “Até que uma turma de
também foi convidado a se apresentar no Skol Beats deste
Recife, que gostava do meu som, acabou mostrando o trabalho
ano, encerra dizendo que a publicidade o ajuda no trabalho
para uma gravadora, a Slag. Eles curtiram e me convenceram
como VJ, já que desenvolve seu senso estético, essencial na
a fazer um show, entre 2004 e 2005”. Tocando suas próprias
composição dos vídeos exibidos na noite, mas que o trabalho
composições, Luli juntou-se aos Causadores e formou a banda
como VJ também o inspira no dia-a-dia, dentro da agência.
Lulina e os Causadores, por intermédio da própria gravadora. “Agora vamos lançar nosso primeiro CD, Cristalino. Escolhi
Quem olha para a roqueira Luciana Lins, a Luli, no palco, jamais
esse nome porque será meu primeiro CD sem chiado”, diverte-
diria que por trás da cantora e guitarrista se esconde uma
se a redatora, que já se apresentou no Grazie a Dio, no Coppola
personalidade tímida. A pernambucana, natural de Recife, que hoje
Music e até na Livraria Fnac. Dentre as influências musicais,
é redatora da Fallon, em São Paulo, adora compor, desde criança,
Luli cita Velvet Underground, Cat Power, Belle and Sebastian,
além de tocar violão. Entre 8 e 9 anos, ela construiu sua própria
Beat Happening, Cartola e Nara Leão. “Já as influências pessoais
guitarra de madeira. “Comecei a tocar violão de brincadeira, em
são Dostoievski, Super Nintendo, formigas e extraterrestres”,
casa, e não tinha nenhuma pretensão de ser cantora. Sou tímida”,
mistura. “Acredito que, para compor, as influências vão além das
sublinha. “No colégio, gostava de compor para decorar algumas
musicais. Tudo o que a gente vive, ouve e gosta conta”. Luli
matérias e, eventualmente, cantava canções também, mas sem
acha que a música é uma espécie de “válvula de escape”, na sua
fazer alarde”. Ainda no Recife, onde trabalhava na agência
vida. “O que não posso botar na publicidade, boto na música”,
Ampla, gravou, de forma caseira, nada menos do que sete
explica. “A música me ajuda a criar jingles, por exemplo,
discos. “Eu faço um indie rock twee, um pop experimental, para
mas acho que me auxilia muito mais como pessoa do que no
simplificar. Meus amigos definem o som como ‘folk geográfico,
trabalho”. Por outro lado, a publicidade acaba dando uma mão
com arranjos futuro do pretérito’”, brinca. Há cerca de cinco
nas composições da pernambucana. “As minhas canções são
anos, Luli veio para São Paulo, passar férias. Decidiu mostrar
bastante irônicas, por influência da propaganda. Às vezes até tiro
seu portfólio na W/Brasil, e ficou. “Queria mesmo trabalhar por
onda do mercado”, fecha a artista.
Frames de vídeos mixados pelo VJ Joca, exibidos durante apresentações em casas noturnas como a Pacha, em São Paulo
Eugênio Vieira
Luli: “Meus CDs têm nomes engraçados, como Bolhas na Pleura, porque eu tive bolhas na pleura. Minhas composições têm muito a ver com aquilo que acontece na minha vida” LADO B // 23
Fernando Torres
Fernando Torres
Fernando Torres
Fernando Torres
How Green is Your Company?
A revista Pasta realiza sua primeira mesa
agências, anunciantes e veículos para iniciar
redonda, sobre o tema “O quão verde
uma discussão sobre o assunto, partindo da
é sua empresa”, abordando assuntos
premissa de que uma nova era está surgindo
relativos à sustentabilidade. A matéria
para o planeta, que precisa de tratamento
tem se destacado na mídia, não apenas do
intensivo, e para a propaganda, que precisa
Brasil, mas de todo o mundo, e ganhou
dar sua contribuição para que a casa
força em fevereiro último, quando foi
gravemente ferida consiga se salvar. A mesa
realizada, em Paris, a primeira rodada do
redonda contou com a participação de Silvia
Painel Intergovernamental de Mudanças
Camossa, diretora de planejamento para a
Climáticas (IPCC, na sigla, em inglês), pela
conta de Natura na Lew’Lara; Murilo Lico,
Organização das Nações Unidas (ONU). No
redator da Santa Clara; Rosangela Bacima,
início de abril, houve a segunda parte do
diretora de relações socioambientais do
evento, em Bruxelas, e o tema voltou às
Grupo Pão de Açúcar; André Skaf, sócio-
manchetes. Não há dúvida de que o relatório
diretor
assustador revelado ao mundo, sobre as
Jairo Cantarelli, gerente da área florestal
conseqüências do aquecimento global à vida
da Faber Castell no Brasil e gerente geral
na Terra, chamou ainda mais atenção para a
da Faber Castell Costa Rica; Matthew
questão do meio ambiente. Mas como tomar,
Shirts, editor-chefe da versão brasileira
em nossas vidas e em nossas empresas,
da revista National Geographic, curador
decisões conscientes em relação ao
do projeto Planeta Sustentável, da Editora
impacto ambiental e ao consumo? Cidadãos
Abril, e colunista do jornal O Estado de S.
e empresas têm conhecimentos suficientes
Paulo; Mentor Muniz Neto, sócio e diretor
para desenvolver pensamentos e ações
de criação da Bullet; e Valmir Leite, sócio e
sustentáveis? Reunimos representantes de
vice-presidente de criação da novaS/B
da
Impossíveis
Entretenimento;
Fernando Torres
A preocupação com o meio ambiente não pode continuar a
Pasta: Como todos nós sabemos, o mercado está sempre
ser encarada como apenas mais uma, dentre várias outras.
atento a tendências, oportunidades, modismos. Pois
Ela envolve nossas vidas, nossos negócios e nosso futuro.
bem, a pergunta inicial é: até que ponto essa “onda
A proteção ambiental e a busca por um mundo sustentável
verde”, que ultrapassa agora os limites das ONGs e o
devem ser tarefas comuns a todos nós, pessoas e empresas.
apelo dos cientistas, para ganhar a mídia, as empresas
Sustentabilidade, entendida como viabilidade econômica,
e os cidadãos comuns, pode perder sua legitimidade
desenvolvimento social e conservação ambiental, já é hoje um
e sua força, uma vez que “a causa ambiental” se
atributo considerado essencial e não apenas um diferencial
transforme em “commodity” e seja apenas aproveitada
para marcas e empresas. Mas adotar uma espécie de “livro/
para fortalecer marcas, de acordo com os anseios do
caixa/carbono” e sair plantando não sei quantas árvores,
momento, e depois seja descartada e saia do embate
com o intuito de compensar emissões de CO2 próprias,
enfraquecida e desgastada?
será solução suficiente? Até que ponto pôr em prática essa
Murilo: “No mundo ideal, as agências recomendariam que seus clientes colocassem em prática políticas verdes e de gestão responsável. As agências, cada vez mais, devem assumir o papel de gestoras dos negócios de seus clientes, deixando de ser apenas prestadoras de serviços ligadas à área de marketing. Elas precisam descobrir seu papel nessa nova era”
equação, como quem reza um Pai Nosso para ser perdoado
Valmir Leite: Acho que a questão da sustentabilidade
por pecados, vai resolver o futuro do planeta? Não seria mais
não é modismo, pois envolve um problema que não era
coerente e importante parar de pecar ou pecar menos? Outra
encarado e parecia muito distante de ter suas conseqüências
questão contundente: existe uma oposição intrínseca entre
perceptíveis. Há uma coisa nova aí, pois esse problema não
sustentabilidade e publicidade, já que a publicidade, como
vai desaparecer e esta é a primeira vez que a gente vai ter
sabemos, é ponte entre produção e consumo e o planeta exige
de enfrentar de verdade um obstáculo que, a princípio, não
que passemos a tomar decisões conscientes de consumo?
tem solução. Uma crise que pode levar a humanidade a um
Discutimos ainda se deverá o mercado publicitário começar
desfecho trágico.
a criar campanhas de esclarecimento e estímulo à população
MESA REDONDA // 26
na adoção de medidas de proteção ambiental e de atitudes de
Rosangela Bacima: Na verdade, esse nível de consciência leva
respeito e integração ecológica. Será que veremos em breve,
a uma necessidade de ação urgente. Nós chegamos a
ao final de anúncios e comerciais criados para quaisquer
um ponto crítico, no qual nos perguntamos se ainda há
produtos, o aviso: “Consuma com Moderação”? Pense sobre
retorno e como mudar prognósticos tão pessimistas. Isso traz
tudo isso você também, mas antes siga em frente e veja no
uma preocupação com relação ao futuro de nossos filhos,
que deu esse primeiro bate-papo.
das novas gerações.
Valmir: Fizeram essa pergunta quando a novaS/B anunciou
assunto pronto, ou seja, se algo é uma preocupação mundial, é
que estava se tornando a primeira agência brasileira
uma preocupação nossa também. De repente, aquilo vira capa
a neutralizar o carbono. Não se trata de oportunismo,
da revista Veja, capa de 200 jornais no país inteiro e, durante
mas sim de responsabilidade ambiental. Como já disse,
duas semanas, a população só fala sobre sustentabilidade.
não estamos falando aqui de jogada de marketing ou de
Só que, depois, o assunto desaparece. Essa é uma discussão
modismo, mas sim de uma tragédia anunciada, que exige
extremamente necessária, não pode sair da pauta do país. Tem
para ontem tomadas de decisões de cada um de nós e de
de se tornar inevitável a gente pensar sobre isso.
nossas empresas.
Mentor Muniz Neto: Arrisco dizer que essa tendência não acontece
Mentor: Eu também não neutralizei o carbono da Bullet
só aqui, mas concordo que o brasileiro é muito permeável a idéias
por que pega bem, ou porque o consumidor vai achar mais
que parecem ser de Primeiro Mundo e por isso seriam boas. Há um
bacana. Neutralizei porque, embora me questione sobre
pensamento de que se é bom para os Estados Unidos e a Europa,
isso, achei que não podia ficar de braços cruzados. E vamos
é bom para a gente também. Mas confesso que estou confuso. Eu
instituir, na agência, dentro de algumas semanas, a opção
falo isso com tranqüilidade, porque a nossa agência neutralizou
para nossos clientes de querer ou não que cada ação de
carbono, porém, nas últimas semanas, tenho ouvido informações
marketing realizada seja neutralizada. Eles escolherão.
Fernando Torres
Murilo Lico: O Brasil tem a tendência de pegar para si um
Mentor: “A água, o biocombustível e a Amazônia são nossos grandes ativos para este milênio, mas precisamos rapidamente reverter a imagem que o mundo tem da gente”
contraditórias e começo a pensar se não fomos “trouxas” por aderir cedo demais à neutralização do carbono. Talvez eu devesse
Jairo Cantarelli: Talvez agora o crédito do carbono seja
ter questionado mais essa história. Tenho dúvidas sobre o quanto
a bola da vez. Mas isso não envolve somente a geladeira
isso realmente é importante e vai melhorar a perspectiva sombria
ou o combustível. Há uma questão social envolvida nisso.
que há para o planeta.
Se não houver o equilíbrio social, não existe o equilíbrio ambiental. Quando você faz uma crítica, ou quando há
Pasta: Aproveitando o gancho, vocês consideram
um balanço de carbono dentro da sua atividade, onde é
oportunistas ou autênticas as ações que temos visto
que está o balanço social? Essa é uma questão que não
no mercado, protagonizadas por agências e empresas
vem sendo discutida. Você pode equilibrar todo o carbono
que buscam agregar o “verde” ao seu dia-a-dia
que emitir, mas muita gente continua morrendo de fome
neutralizando as emissões de carbono?
no mundo. MESA REDONDA // 27
Fernando Torres
Valmir: Pelo menos a gente conseguiu focar numa coisa
realizados pela ONU, em Paris e Bruxelas, teve na mídia e
que é o inimigo público número um. E foco é fundamental
no consumidor. O outro é a agenda política que existe por
para que consigamos atingir um objetivo e amenizar essa
trás dessa discussão e qual a seriedade dos governantes em
tragédia anunciada.
realmente salvar o planeta. Outro dia, vi um documentário inglês, batizado The Great Global Warming Swindle
Matthew Shirts: Por falar em modismo, eu li numa revista
(título que pode ser traduzido como A Grande Fraude do
americana que o metrossexual já era, e que agora o moderno
Aquecimento Global), de Martin Durkin (cineasta do Reino
é ser ecossexual. Não sei o que é ser ecossexual, mas já acho
Unido, conhecido por sua postura contra os ambientalistas),
bacana o ecossexual, seja lá o que isso for (risos).
que contradiz totalmente o filme Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, que ganhou Oscar, este ano. Quando a produção
Jairo: “Há algumas semanas, li um artigo de um jornalista que perguntava: ‘Afinal de contas, de quem é o crédito do carbono?’. Acho muito interessante toda essa discussão, tudo isso que veio à tona agora, mas nós, como seres humanos, continuamos vendo as coisas numa escala muito pequena. A publicidade, acredito, pode fazer com que as pessoas alarguem seus horizontes”
Pasta: Apesar dos ecologistas – muitas vezes chamados
inglesa terminou, fiquei quase convencido de que o que
de ‘ecochatos’ – já baterem nessas teclas, há anos,
Gore mostra é uma grande bobagem, que a gente não tem
parece que só agora a ficha começa a cair. Lembram da
nenhum poder de controlar as emissões de CO2 na atmosfera,
Eco92? O Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997, só
pois o ser humano é responsável por uma fração quase
para citar dois exemplos. Talvez seja bastante tarde,
irrelevante do que o planeta em si já o faz naturalmente,
mas não tarde demais. Vocês acham que a “virada”
seja por meio dos oceanos, das folhas secas ou quando
aconteceu quando?
um animal que morre não é enterrado. Quanto de verdade tem em toda essa história e quanto é espuma causada pelo
Valmir: Acho que se deu após o lançamento, em 2006, do
documentário do Gore? Quanto é agenda política e quanto é
documentário de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente, e de sua
realmente científico?
cruzada contra o efeito estufa. Mas se fortaleceu neste ano, após a primeira rodada do Painel Intergovernamental de Mudanças
Valmir: Eu não concordo que o documentário do Gore
Climáticas, da ONU.
seja apenas um filme. Muito menos que seja uma fraude. O relatório da ONU é superconsistente sobre o assunto,
MESA REDONDA // 28
Mentor: Há dois aspectos a serem discutidos com relação
e essa é a primeira vez que a humanidade se coloca de
à sustentabilidade. O primeiro é o impacto que a exposição
verdade diante de um problema que é grave. Acho que esse
do problema do aquecimento global, durante esses painéis
documentário inglês é que deve ter intenções escusas,
Valmir: Acho que existe uma vontade política de verdade, que vai
Mundo continue a consumir e destruir a atmosfera, feito
impedir que as coisas aconteçam da forma que eram antes. São
louca, mas sem culpa. Por outro lado, vemos que há
Paulo tem uma lei, hoje, que diz que nenhum evento pode ser feito
ingleses conscientes: um projeto da companhia aérea
sem que seja “neutralizado”. O prefeito do Rio de Janeiro, César
British Air ways, por exemplo, que existe há uns três
Maia, soltou, na sexta-feira de Carnaval, um decreto dizendo que
ou quatro anos, permite a opção de cada passageiro
toda construção de no mínimo três pavimentos precisa ter um
neutralizar o seu vôo. Você paga um pouco a mais para que
selo de neutralização. E assim as coisas começam a acontecer.
isso ocorra. Na minha percepção, não dá para deixar para
Lá fora, logo depois que saiu o relatório do IPCC, a Chevron
fazer isso daqui a dois meses, a gente tem que começar
(bandeira de postos de abastecimento de combustível, controlada
agora. Eu estava vendo o filme do Gore pela nona vez e
pelo mesmo grupo que é dono da Texaco, na América Latina, e
meu filho entrou no quarto e perguntou: “O que você está
da Caltex, na região da Ásia, África e Oriente Médio), e outras
vendo, pai?”. Eu falei para ele: “Infelizmente, estou vendo
companhias norte-americanas, passaram a oferecer de 10 a 100
um filme sobre o seu futuro”. Querendo ou não, sendo
mil dólares para jovens cientistas que encontrassem caminhos
polêmico ou não, ele traz ali uma série de informações que
e soluções para brecar os males previstos no documento.
são super-relevantes. E os anunciantes sabem disso. Matthew: Quando foi lançado o Projeto Planeta Sustentável, Murilo: Como já disse, me preocupa a forma como nós,
dentro da Editora Abril, do qual sou curador, achamos que os
brasileiros, agimos com relação às coisas. A gente dá
jornalistas da casa, que são muito zelosos por sua independência,
muita importância para o Oscar, que premia o documentário
fossem agir com um certo distanciamento, com relação à essa
do Gore, vendendo assim a imagem de que o “Oscar é
idéia. Mas o que constatamos na prática foi o contrário. Cada
verde”, que é uma premiação neutralizada, e não damos a
diretor de redação, cada editor das revistas da Abril quis e quer
mínima para o que parte de nossa população e de nossos
participar, quer sugerir pautas, nos envia idéias. Todos estão
governantes está fazendo com a Amazônia, por exemplo.
procurando colaborar, de uma maneira como nunca se viu
Meu problema é com a maneira como a sociedade brasileira
dentro da editora. Aliás, eu fui apresentar o documentário do
tende a conduzir assuntos como esse, resumindo tudo ao
Al Gore para os funcionários de nossa gráfica, a pedido deles
seguinte: “Ah, beleza, eu compro uma geladeira que é
mesmos. Precisei fazer três sessões porque todo mundo queria
neutralizada e tudo bem, já estou fazendo a minha parte”.
ver o filme. Em todos os níveis hierárquicos, a receptividade ao
Fernando Torres
quem sabe até para “permitir” que a população do Primeiro
Rosangela: “Hoje, percebemos que é de uma urgência enorme a conscientização da população e das corporações sobre a necessidade de serem sustentáveis, pois chegamos a um ponto crítico. Nos perguntamos se ainda há volta, se ainda há tempo. E esta é uma preocupação que começa a estar presente até na conversa das crianças”
MESA REDONDA // 29
Fernando Torres
assunto é tremenda. Sentimos isso em nossa empresa, assim
Valmir: Para mim, a publicidade é um instrumento que
como percebemos que o tema sustentabilidade desperta a
pode contribuir de forma decisiva na adoção do consumo
atenção em todos os níveis na sociedade.
consciente. Passou a época de falar de sustentabilidade, apenas. Agora, toda agência tem de ser sustentável, todo
Pasta: Se queremos a preservação da natureza, vamos
negócio tem que ser sustentável. Há um índice, na bolsa de
ter de mudar nossos hábitos de consumo, embora
Nova York, e mesmo na Bovespa (São Paulo), indicando que
vivamos na chamada “sociedade de consumo”. Isso
as empresas sustentáveis rendem mais do que aquelas que
levará à uma mudança de postura das agências e
não o são. É hora de por em prática a sensibilidade social,
dos anunciantes?
de oferecer algo a mais ao consumidor, além do que ele já compra. Hoje existe uma guerra nos Estados Unidos entre os
Matthew: “Só vejo coisas positivas nessa explosão do tema sustentabilidade. Mas a questão precisa ser entendida de uma forma mais profunda, com certeza, por cada um de nós”
Jairo: A questão do consumo consciente tem alguns pontos
fabricantes de geladeiras, sobre qual deles faz os produtos
cruciais. Para exercê-lo, é necessário que haja oferta de
mais ecológicos. Os consumidores vão querer saber que
produtos e serviços conscientes, e as pessoas precisam ter
geladeira é melhor para a conservação do planeta, além de
educação, informação. Se as pessoas não têm uma base de
conservar os alimentos.
conhecimento para exercer o consumo consciente, de repente qualquer “estalo” pode levá-las para um lado que não é o
Silvia Camossa: Desde que não seja a publicidade pela
correto. E a publicidade pode ajudar nisso. Vou citar um
publicidade, desde que exista uma pauta verdadeira, isso
exemplo muito claro. Nós, da Faber Castell, fazemos lápis, que
pode ser muito positivo. Por exemplo, a Natura teve uma
é um produto à base de madeira, e temos uma história muito
campanha, ano passado, estimulando o uso de refis de seus
grande por trás disso, projetos de preservação ambiental, de
produtos, algo que é muito simples. Você tem um creme que
reflorestamento, entre diversas outras iniciativas. Aí surge
deixa sua pele mais bonita. Comprando um refil, o produto
um concorrente que faz o lápis com plástico e coloca na
consumirá menos matéria-prima, o que ajuda a preservar
cabeça do consumidor que para produzir aquele produto
o planeta. É bom para você e é bom para o mundo. Quer
com plástico ele não cortou nenhuma árvore. E como é que
dizer, quando você for comprar um xampu, você não precisa
você sai dessa?
comprar o tubo novamente, compra só o conteúdo e usa a embalagem que já tem. As consumidoras aceitaram muito
Matthew: Isso soa como uma guerra de comunicação. MESA REDONDA // 30
bem essa campanha.
Pasta: Em breve, (isso já é corrente para mais de
falando, e que vai fazer alguma diferença na nossa vida, é o
20% dos consumidores, segundo o Procon), no ato da
consumo consciente. Consciente do custo ambiental, do custo
compra, o consumidor irá perguntar, frente a um bem
do dinheiro, do consumo versus consumismo.
de consumo, quem o produziu, como foi produzido
Fernando Torres
Murilo: Acho que o mais importante de tudo que estamos
e onde foi produzido, na tentativa de avaliar quais Valmir: Dá para ter consumo consciente. Depende do anunciante
impactos ambientais podem ser associados àquele
consciente, da agência consciente, do consumidor consciente.
artigo. Passarão a ser escolhidos, então, produtos e serviços de empresas que minimizem esses impactos
Murilo: O legal dessa história de consumo consciente é que
negativos. Anunciantes se preparam para isso?
quando ele tomar realmente conta das pessoas, quando deixar de ser só uma discussão ou uma tendência e virar verdade,
Murilo: A verdade é que a gente vive na sociedade do
isso mudará, sim, a dinâmica das agências, dos anunciantes,
excesso. Todo mundo compra muito mais do que precisa. E
da produção, dos negócios como um todo. E acho que isso vai
o verdadeiro estímulo ao consumo consciente será quando
acontecer até mais rápido do que a gente pensa. Ainda estamos
uma marca de calça jeans, por exemplo, falar para seus
mudando em função de conceitos superficiais, porque ficou
consumidores que o mundo mudou e que não basta ter estilo,
bacana falar da sustentabilidade. Quanto mais a gente discutir,
mas é preciso ter atitude, pensar no futuro, no futuro dos
mais iremos nos aprofundar no tema, mais um anunciante vai ter
filhos. E ela te dirá, então, que você não precisa comprar
de explicar por que ele age em prol da sustentabilidade. E aí o
duas calças iguais, mas apenas uma. Essa será uma maneira
consumidor dele vai falar: “Tem razão, isso impacta minha vida
moderna de se neutralizar o carbono.
Silvia: “A maioria das pessoas não sabe que algumas atitudes simples, e até mesmo isoladas, podem fazer a diferença. Transmitir informação para as outras pessoas, por exemplo, é algo que pode despertar um novo nível de consciência. O poder da mudança não está apenas nas mãos do governo ou das empresas, mas nas mãos de todos nós”
de tal maneira, portanto, eu vou resolver minhas necessidades de consumo de outra maneira”. Isso pode acontecer com banco,
Valmir: Há pouco tempo, vi uma coisa que achei espetacular.
carro, sabão, qualquer marca ou produto.
A revendedora de automóveis Primo Rossi, famosa em São Paulo, que não é pequena, mas é uma revendedora, lançou
Silvia: E não é só isso. Acho que agora as pessoas realmente começam
num final de semana uma promoção na qual você comprava
a perceber a importância de cuidar do planeta. Quando se vê um
um carro e ele vinha “neutralizado”.
Tsunami, ou furacões devastadores, ou como agora, quando começamos a sentir que esse calor não é normal, somos obrigados a acordar.
Matthew: Neutralizavam o carro ou a fabricação dele? MESA REDONDA // 31
Fernando Torres
Valmir: A compra do carro, não a fabricação.
cada um pode fazer parte de um processo positivo, de um jeito bacana e simples, bastando participar. Acho que a comunicação
Murilo: Mas as coisas não são simples assim. O consumo não
pode passar a percepção de que isso não é um peso.
é consciente dessa maneira, senão, comprando uma samambaia já se neutralizaria o carbono. Consumo consciente é muito mais
Valmir: Nos Estados Unidos, há um case muito interessante
amplo do que ser verde, do que neutralizar. Quando consumimos
da Chevron, que foi a público e disse: “Daqui dez anos nós
álcool ao invés de gasolina, temos de pensar nas condições de
teremos o dobro de carros no mundo, mas apenas a metade
trabalho dos cortadores de cana, no pagamento dos impostos, se
das reservas de petróleo. E aí, o que é que você tem a dizer
as plantações destroem ou não os mananciais. Há uma questão
sobre isso? Vamos discutir o assunto?”. Daí ela criou um fórum,
muito mais macro do que a simples neutralização do carbono,
e as pessoas começaram a se conscientizar sobre o problema,
apesar dela também ser importante.
começaram a falar sobre o assunto. A empresa lançou, então, uma campanha criativa falando de verdade com o consumidor e,
Valmir: “Sabe quanto custa neutralizar uma tonelada de carbono no Japão? 450 dólares. Para neutralizar a mesma quantidade na Amazônia, custa entre 15 e 20 dólares. Sim, e a casa é a mesma. Se você não está preocupado com o futuro da Terra, ou não está gostando do que está acontecendo, procure outro planeta para morar”
Silvia: Consumo consciente é um assunto muito novo e temos de
ao mesmo tempo, agregando valor à sua marca. Foi a primeira
começar a prestar atenção em alguns pontos, com os quais não
vez que uma companhia de petróleo assumiu uma postura
estávamos acostumados. Mas há duas abordagens muito distintas.
verdadeira com relação a um fato crítico, diante do consumidor.
Uma é de que, apesar de os seres humanos serem, no fundo,
Então, quando esse cara passar na rua e vir um posto daquela
preguiçosos, egoístas, preocupados com si mesmos, quando
bandeira, vai dar preferência a ele, por saber que fala a verdade.
recebem educação e informação, começam a olhar para tudo de um
Quer algo melhor do que uma marca que pareça ser honesta com
jeito diferente. Como uma praia, por exemplo, que consideramos
seus consumidores?
bonita e não queremos imaginá-la destruída pela elevação do nível do mar ou mesmo pela poluição humana. A educação mexe
Pasta: Temos exemplos assim, no Brasil?
com as pessoas e elas passam a agir de outro jeito, porque em sã consciência não querem que as coisas que são bonitas deixem
Valmir: No Brasil, acho que a Natura é exemplo disso.
de ser bonitas, não possam mais ser usufruídas por elas e pelas
MESA REDONDA // 32
futuras gerações. O outro jeito é por meio da propagação de
Silvia: O que nós estamos falando de verdade, lá na essência?
discursos muito chatos, que distanciam as pessoas. O legal é dar
Que o mundo hoje exige uma atitude de um pouco mais de
espaço a formas de abordagem mais simples, que mostrem como
respeito, não só com o planeta, com a natureza, mas também
encontro na Bahia, com 200 jovens presidentes de empresas, de
que tudo está relacionado, que o que a gente faz interfere na
24 Estados brasileiros, cujo tema central foi a sustentabilidade.
vida dos outros, no que vai acontecer no futuro. Como eu
Levamos palestrantes que eram verdadeiras sumidades em
trabalho com planejamento, sei que há graus muito diferentes
determinadas áreas, para discutir vários aspectos relativos ao
de desconhecimento sobre o que é aquecimento global, por
problema: a questão social, focada em educação, a questão
exemplo, ou o que é sustentabilidade. Há ainda muita gente
ambiental e a questão econômica.
Fernando Torres
com o próximo. Acho que existe uma nova consciência de
longe de saber o que significam estas palavras, e que elas não se referem apenas a uma questão ambiental, mas social também.
Pasta: E quais foram as conclusões tiradas desse encontro?
Entender e ajudar nesse processo significa um jeito novo de fazer negócios, de pensar o mundo.
André: A questão econômica é muito relevante, sempre foi. E o que a gente percebe é que nada no mundo tem continuidade
Valmir: Esse fenômeno que está acontecendo, que chamamos
se não houver uma contrapartida econômica envolvida. Como
de comunicação de interesse público, consumiu nada menos do
cada um pode se beneficiar com essa situação, para fortalecer
que 38% da verba de publicidade dos Estados Unidos, no ano
a questão ambiental? Essa é a grande pergunta. E aí entram
passado. Ou seja, 38% de um mercado de bilhões de dólares
diversos pontos, como o consumo consciente, plantação de
foram destinados para campanhas de interesse público. É a
árvores, preservação de mananciais, controle de poluição de
Coca-Cola dizendo “não recicle apenas, recicle certo”. A Toyota
rios e lagos, controle do lixo, reciclagem, entre outros. Por
superando a GM no mercado norte-americano por também fazer
exemplo, 75% das águas dos rios do Estado de São Paulo já
o caminho de falar a verdade com o consumidor. É a publicidade
apresentam contaminação de alguma natureza, seja por detritos
somada à informação. Uma coisa que tem como beneficiária a
de empresas ou de populações. O que a gente sofre hoje se
sociedade. O caminho da propaganda, não tenha dúvidas, passa
refere a distorções criadas há 30 anos e o que a gente vai pagar
por esse novo jeito de interagir. Volto a citar a Natura: basta
nos próximos 40 anos estará relacionado ao que a gente faz
observar como essa empresa construiu sua marca e como é bem
agora. O que tentamos descobrir atualmente é quem vai pagar a
vista pelo público.
conta desse impacto geral. Agora, empresas do mundo inteiro
André: “Há uma nova geração de empresários, no Brasil, que está, sim, consciente de que há questões relativas à sustentabilidade que precisam ser encaradas de frente. Esses novos líderes não podem cometer os mesmos erros cometidos pela geração passada. Precisamos ter uma visão única de ética, de responsabilidade social e ambiental, que possa transformar esse país em algo diferente”
estão se unindo e o empresariado começa a observar que se a André Skaf: O empresariado vem discutindo essa questão do
sustentabilidade não for tratada como uma questão ideológica,
meio ambiente já faz alguns anos. Realizamos, recentemente, um
o assunto morre. É por isso que para os jovens empresários a MESA REDONDA // 33
Fernando Torres
sustentabilidade é uma necessidade, está cada vez mais latente
Rosangela: Com o lixo que as pessoas separam e levam para
nas nossas vidas. Não queremos repetir os mesmos erros
os postos de coleta das lojas do Pão de Açúcar isso não
cometidos por empresários, no passado. Discutimos como
acontece, podem ficar sossegados. Há cooperativas por trás do
tratar as relações sociais e comerciais e como devemos estar
nosso processo, que fazem um grande trabalho voltado para a
abertos à evolução do mundo, mas também como o banho de
reciclagem de lixo. Aliás, isso gera renda para milhares de famílias.
cada um terá de ser menos demorado, a necessidade de controle de natalidade e os efeitos da desigualdade social sobre a saúde
Jairo: Na verdade, o Brasil é líder em reciclagem porque há um
do planeta.
problema social muito grande no nosso país.
Pasta: Deixando agências e anunciantes de lado, por
Pasta: Quando o Pão de Açúcar começou a estimular a
um momento, e por falar em banho, o que cada um de
coleta seletiva e a reciclagem?
nós pode fazer, no dia-a-dia, na tentativa de contribuir com a cura do planeta?
Rosangela: O Pão de Açúcar concluiu que, por ser uma empresa que distribui produtos, precisava ter um grande trabalho no
Murilo: Acho que a gente perde oportunidades fantásticas.
pós-consumo, junto ao descarte de resíduos. Nós começamos a
Todo mundo sabe que o Brasil é líder em reciclagem de lixo,
fazer isso em 2001, com postos de coleta seletiva em três lojas.
em países onde a reciclagem não é obrigatória. Mas todo
Hoje, são 100. Direcionamos a coisa de tal forma, que optamos
mundo sabe também – ou não sei se todo mundo sabe – que
por deixar de realizar ações que até dariam mais visibilidade
30% dos lares de São Paulo reciclam lixo, só que a coleta,
à empresa para trabalhar fortemente com postos de coleta
em si, é seletiva em apenas 3% da cidade. Ou seja, tem 27%
seletiva e ações correlatas. Temos como meta atingir todas as
de lixo que as pessoas separam e alguém vem e junta. Isso
nossas lojas, num espaço curto de tempo. As garrafas pet, por
é inacreditável.
exemplo, já estão entrando na cadeia de produtos de nossa marca própria, com a produção de camisetas com o fio gerado
MESA REDONDA // 34
Silvia: Conversei com uma amiga que disse ter ficado
pelas embalagens plásticas. Ainda há muita coisa que pode
decepcionada justamente com isso. Ela foi numa praça depositar
ser feita, junto à reciclagem, ao invés de ficarmos abraçando
o lixo que separou durante uma semana e lá viu um caminhão de
outros projetos, não tão viceralmente ligados à nossa vocação.
lixo juntando todos os contêineres em sua caçamba.
Temos de adotar e promover iniciativas que se relacionem
diretamente com nosso negócio, de forma responsável. O foco
Jairo: O resultado econômico tem que ser legal, de ponta a
alienado. E há uma necessidade e uma urgência no sentido de
deve ser mantido, sempre. Também estamos investindo em
ponta, e não num pequeno pedaço, como nós contabilizamos
mudar atitudes, comportamentos, o que só terá efeito se essa
pesquisas de outras formas de embalagem das mercadorias,
hoje. O consumidor entende quando uma empresa investe na
discussão envolver uma triangulação do mundo corporativo
porque sabemos que as atuais não são as mais adequadas.
preservação do meio ambiente, no desenvolvimento social do
com o poder público e a sociedade.
Aliás, acabo de saber que em São Francisco, nos Estados
país, e não pensa apenas nos seus resultados financeiros. O
Unidos, as sacolas plásticas para uso no varejo acabam de
público acaba reconhecendo e indo buscar o produto dessa
André: É preciso que se desenvolva, não somente no Brasil, mas
ser proibidas.
empresa mais responsável. É um trabalho que tem um custo
em todo o mundo, uma maior conscientização do que é gestão
alto para as corporações, mas, no fim das contas, elas se
ambiental. E a gestão ambiental envolve políticas públicas,
beneficiam com isso também.
atividades corporativas e até mesmo a sua vida doméstica. O
Pasta: Puxando de volta a questão das agências. Elas estão preparadas para mudar sua forma de se relacionar com o consumidor?
publicitário precisa olhar para a Amazônia, mostrar que em Valmir: O papel da agência, dos anunciantes, do mercado como
livros na Alemanha ou nos Estados Unidos ela é apresentada
um todo será cada vez mais o de informar e conscientizar
como uma reserva internacional e não brasileira. Daqui a
Murilo: Todo mundo sabe que a publicidade é reativa. Ela não
corporações e pessoas sobre a necessidade de consumo
pouco, se nós não tivermos cautela sobre isso, perderemos até
cria demanda, ela responde à demanda. Dessa forma, acredito
consciente, de preservação do meio ambiente, de desenvolvimento
a Amazônia.
que a gente pode ajudar na informação da população, sim, como
social que leva ao desenvolvimento econômico. O mundo mudou,
já disse a Silvia.
a vida é outra e novos hábitos estão sendo instituídos, algo que começa em casa, até mesmo quando deixamos de escovar
André: Vocês têm de convencer o consumidor a dizer: “Eu quero
os dentes com a torneira aberta. A gente precisa começar a
isso porque é melhor para mim e para o planeta”.
informar as pessoas.
Mentor: Acho que há um paradoxo importante que o André
Rosangela: O fato é que nós todos continuamos buscando
apresentou, anteriormente, que é: se houver uma contrapartida
desenvolvimento, continuamos buscando progresso, mas,
econômica para o anunciante, isso funciona. As duas coisas
infelizmente, nem todos pensam no futuro da humanidade e
precisam estar atreladas. Você precisa ter progresso, e o
do planeta. A gente hoje percebe que o nível de consciência,
progresso vai gerar ganhos econômicos, mas ao mesmo tempo
sensibilização e informação das pessoas é fundamental. Há
esse ganho econômico deve estar ligado a um forte trabalho
pouco tempo isso era mesmo o discurso do “ecochato”, mas
de sustentabilidade.
agora quem não adere já passa uma imagem de completamente
Fernando Torres
MESA REDONDA // 35
Melhores do Mercado 2007 Com o objetivo de reconhecer e homenagear
Categoria Diretor de Cena
os mais destacados parceiros dos criativos Paulo lançou a primeira edição do Prêmio Melhores
do
Mercado.
Você
conheceu,
Maurício Cassano
brasileiros, o Clube de Criação de São
na Pasta 7, todos os finalistas, das 12 categorias, indicados pela diretoria da entidade – e poderá rever esta relação aqui. Mas o mais importante, agora, é registrar e dar destaque aos vitoriosos desta primeira edição do prêmio, escolhidos por votação auditada pela PriceWaterhouse Coopers e decidida pelos sócios do CCSP. Os resultados foram revelados em festa que aconteceu em São Paulo, no dia 17 de abril, reunindo mais de 400 pessoas. O evento foi conduzido pelo apresentador Luiz Guilherme Favati. Os envelopes só foram abertos na hora, quando passavam das mãos do auditor para as dos responsáveis pela entrega dos troféus, assinados pelo Estúdio Flex. Siga em frente e confira a relação de vencedores. Ano que vem tem mais Melhores do Mercado MELHORES DO MERCADO // 36
“Essa é a estréia de um prêmio que dará muita credibilidade aos vencedores” Carlos Manga Jr. - Republika Filmes
Categoria Produtora de Animação / Computação Gráfica
Categoria Profissional de Atendimento de Produtora
Maurício Cassano
Categoria Diretor de Fotografia
Vetor / Lobo
Maurício Cassano
“A maioria das premiações reconhece o talento dos criativos das agências e esse é o primeiro prêmio grande a reconhecer o talento dos fornecedores” Mateus de Paula Santos
Maurício Cassano
“Finalmente um prêmio com organização competente, para reconhecer valores da produção que atendem ao dia-a-dia da publicidade” Alberto Lopes
“Existe uma distância entre os diretores de fotografia e as agências, no Brasil. O prêmio é bacana porque, além de aproximar as pontas, certamente tem imparcialidade, porque quem votou em mim nem me conhece, conhece, sim, o meu trabalho. Ou seja, a votação que obtive foi baseada exclusivamente na capacidade que tenho de interpretar idéias e transformá-las em imagens. Não houve camaradagem” Vitor Amati
“O Melhores do Mercado está valorizando áreas que não são lembradas, como a dos profissionais de atendimento das produtoras. Com certeza, esse prêmio vai agregar valor não só para esta categoria de profissionais, mas para o mercado como um todo” Rejane Bicca - O2 Filmes
MELHORES DO MERCADO // 37
Categoria Fotógrafo
“Existe um lado lúdico, neste mercado, que é o que a gente valoriza. Sabemos que não fazemos arte, a função desse mercado é vender, mas dá para fazer coisas nesse contexto que tenham qualidade. Acho que o Melhores do Mercado é um reconhecimento ao nosso trabalho, sobretudo porque esse prêmio é uma escolha dos criativos. Representa muito para nós e para o mercado” Silvio Piesco - Estúdio Tesis MELHORES DO MERCADO // 38
Categoria Diretor de Animação / Computação Gráfica
Maurício Cassano
Maurício Cassano
Maurício Cassano
Categoria Produtora de Som
“É genial ganhar esse prêmio porque os sócios do Clube de Criação foram os caras que escolheram. Considero muito importante essa iniciativa, porque, geralmente, os fornecedores ficam de fora dessas premiações. Agora há este reconhecimento pelo nosso trabalho” Maurício Nahas
“O Clube está de parabéns pela iniciativa de juntar essa turma, que muitas vezes trabalha meio isolada, entre si. Muitas vezes, sabemos quem são as pessoas só de nome, não as conhecemos. Nesse sentido, esse encontro foi muito bom, permitiu que muitos se conhecessem pessoalmente e trocassem informações” Jarbas Agnelli - AD Studio
Categoria Agência de Web
Categoria Ilustrador
Maurício Cassano
Categoria Gráfica
Maurício Cassano
Maurício Cassano
“De tudo o que a Burti produz, nada existiria se não houvesse algo criativo e inteligente, por trás. Por isso, é ótimo ganhar um prêmio em que as pessoas que pensam a idéia do produto são as que elegem os vencedores. Para nós, o prêmio é muito importante” Leandro Burti – Burti
“O prêmio é um reconhecimento ao trabalho que estamos desenvolvendo, de buscar viabilizar as idéias da melhor forma possível” Ricardo Figueira - AgênciaClick
“A iniciativa é fantástica, principalmente porque tira do anonimato as pessoas que compõem a anatomia do corpo publicitário, os fotógrafos, as pessoas que fazem a direção de cena, os ilustradores, os produtores. Enfim, só elogios ao prêmio” Brasílio Matsumoto - 6B Estúdio
MELHORES DO MERCADO // 39
Confira a relação de finalistas do Melhores do Mercado 2007
Categoria Finalizadora
Categoria Produtora de Imagem
Produtora de Imagem Margarida Flores e Filmes Republika Filmes Zeppelin Filmes Diretor de Cena Claudio Borrelli (Killers) Clovis Mello (Cine Cinematográfica) Carlos Manga Jr. (Republika Filmes)
Maurício Cassano
Produtora de Animação / Computação Gráfica Dínamo Digital Vetor / Lobo Trattoria
“O prêmio é julgado pelos profissionais das agências, ou seja, por aqueles que realmente entendem. Por isso, é um julgamento sensato, correto e torna o Melhores do Mercado realmente importante. Estamos muito felizes por termos ganhado já na primeira edição do prêmio” André Pulcini - Tribbo Post
Maurício Cassano
Diretor de Fotografia Paulo Mendes da Rocha (Lito) Rhebling Jr. Vitor Amati
“Essa premiação reflete o que o mercado realmente pensa e mostra quem os criativos admiram, entre indicados e vencedores. Para a Republika, é a consagração de um trabalho, resultado de dedicação e amor pelo que fazemos” Paula Manga - Republika Filmes
MELHORES DO MERCADO // 40
Fotógrafo Andreas Heiniger Maurício Nahas Willy Biondani Diretor de Animação / Computação Gráfica Jarbas Agnelli (AD Studio) Renato Amoroso Mateus de Paula Santos (Lobo) Gráfica Arizona Burti Stilgraf Agência de Web AgênciaClick Lov Wunderman
Profissional de Atendimento de Produtora Julia Tavares (Killers) Marcos Araújo (Sentimental Filme) Rejane Bicca (O2 Filmes)
Ilustrador Adelmo Barreira Brasílio Matsumoto (6B Estúdio) Macacolândia (Maurício Zuardi, Marcelo Braga, Marcelo Daldoce e Danilo Beyruth)
Produtora de Som Estúdio Tesis Sax So Funny Tentáculo
Finalizadora Digital 21 Tribbo Post Pix Post
Antonio Brasiliano
O presidente dos Estados Unidos, George Bush, esteve no Brasil, como todo mundo sabe, em março deste ano. O grupo de artivistas Bijari e o artista peetssa não deixaram barato. Criaram outdoors e os espalharam por lugares próximos ao hotel onde Bush e sua comitiva se hospedaram, em são paulo. Você não sabe direito o que é um artivista? A próxima edição da revista Pasta vai te explicar. Aguarde. na foto, o outdoor está pendurado na ponte Morumbi, sobre a Marginal do Rio Pinheiros. O slogan adotado é agressivo e sarcástico: “Ethanol Molotov for Yankee Target” (com uma versão em português que diz: “Temos álcool para dar e vender”). A arte mostra um manifestante atirando um Coquetel Molotov e, ao lado, um grafite com a imagem do Bush. Foram impressas três peças. A segunda foi exibida perto do hotel. A terceira, colocada na fachada do estúdio do Bijari, na rua da Fundação Aprendiz, onde a Laura Bush esteve. Fotos da ação foram divulgadas em sites da Europa e dos Estados Unidos. Era uma imagem que interessava à mídia, e foi pensada exatamente para esse consumo. FOTO-LEGENDA // 42
CCSP
O que as modelos comem entre uma refeição de alface e outra. Anunciante // Polenghi
Dá água na boca. O que numa praia sem salva-vidas, convenhamos, é um perigo. Anunciante // Polenghi
Famiglia Criação //
Famiglia Criação //
Fernando Nobre Samir Mesquita Fabio Brigido
Ilustração // Elisa Sassi Up
Ilustração // Elisa Sassi Up
Muita gente falando numa reunião incomoda. Mande um cala-boca, ao menos, pro seu estômago. Anunciante // Polenghi
Sem Título (Técnica Mista: alumínio sobre queijo processado.) Anunciante // Polenghi
Famiglia Criação //
Famiglia Criação //
Fernando Nobre Samir Mesquita Fabio Brigido
Ilustração // Elisa Sassi Up alimentos / restaurantes // 44
Fernando Nobre Samir Mesquita Fabio Brigido
Fernando Nobre Samir Mesquita Fabio Brigido
Ilustração // Elisa Sassi Up
Selecionamos apenas grãos frescos. Se ele chorou assistindo Ghost está dentro. Anunciante // Café Suplicy
Um café tão fino que não estranhe se ele disser “até logo” quando sair pelo xixi. Anunciante // Café Suplicy
F/Nazca S&S Criação // André Faria Keka Morelle
F/Nazca S&S Criação // André Faria Keka Morelle
Fotografia // Lúcio Cunha
Fotografia // Lúcio Cunha
Grãos rigorosamente selecionados. Na verdade é no singular ‘grão’, porque hoje só passou um. Anunciante // Café Suplicy
O pessoal da máfia japonesa é sempre bem-vindo. Eles nunca vão poder levantar o mindinho na hora de tomar um café fino desses. Anunciante // Café Suplicy
F/Nazca S&S Criação // André Faria Keka Morelle
F/Nazca S&S Criação // André Faria Keka Morelle
Fotografia // Lúcio Cunha
Fotografia // Lúcio Cunha alimentos / restaurantes // 45
Farinha Dona Benta Reserva Especial. Especialíssima. Anunciante // JMacedo
Farinha Dona Benta Reserva Especial. Especialíssima. Anunciante // JMacedo
Lew’Lara Criação //
Lew’Lara Criação //
Victor Sant’Anna Felipe Luchi
Fotografia // Fabio Ribeiro
alimentos / restaurantes // 46
Victor Sant’Anna Felipe Luchi
Fotografia // Fabio Ribeiro
Farinha Dona Benta Reserva Especial. Especialíssima. Anunciante // JMacedo Lew’Lara Criação //
Victor Sant’Anna Felipe Luchi
Fotografia // Fabio Ribeiro
alimentos / restaurantes // 47
Chegou Suflair Dark com 70% de cacau. Inexplicavelmente diferente. Anunciante // Nestlé JWT Criação //
Gustavo Gusmão Claudia Fugita
Fotografia // André Faccioli Ilustração // 6B Estúdio
alimentos / restaurantes // 48
Volkswagen. Única com rastreador de série em toda a linha. Anunciante // Volkswagen do Brasil AlmapBBDO Criação // César Herszkowicz Gustavo Victorino Fotografia // Stock Photos
automotivos // 49
É impressionante o que cabe dentro de um SpaceFox. (Dicionário) Anunciante // Volkswagen do Brasil
É impressionante o que cabe dentro de um SpaceFox. (Hino) Anunciante // Volkswagen do Brasil
AlmapBBDO Criação // César Herszkowicz Gustavo Victorino
AlmapBBDO Criação // César Herszkowicz Gustavo Victorino
Fotografia // Amir Campos
Fotografia // Amir Campos
automotivos // 50
É impressionante o que cabe dentro de um SpaceFox. (Discurso) Anunciante // Volkswagen do Brasil
SpaceFox. Irado pra quem vê. Gigante pra quem anda. Anunciante // Volkswagen do Brasil
AlmapBBDO Criação // César Herszkowicz Gustavo Victorino
AlmapBBDO Criação // César Herszkowicz Gustavo Victorino
Fotografia // Amir Campos
Fotografia // Fernando Zuffo
automotivos // 51
Pense Grande. Anunciante // Iveco
Pense Grande. Anunciante // Iveco
BorghiErh/Lowe Criação // Erh Ray José Henrique Borghi Edgard Gianesi Vinicius Miike Maurício Meirelles Lucas Jatobá
BorghiErh/Lowe Criação // Erh Ray José Henrique Borghi Edgard Gianesi Vinicius Miike Maurício Meirelles Lucas Jatobá
Fotografia // Ateliê de Imagem Eduardo Colesi Lucas Jatobá
Fotografia // Ateliê de Imagem Eduardo Colesi Lucas Jatobá
automotivos // 52
O que você faria com 147 búfalos na sua frente? Um test drive. Anunciante // General Motors McCann Erickson Criação // Adriana Cury Danilo Janjácomo Roberto Cipolla Fabio Mozelli Carlos Bertuol Fotografia // Fernando Zuffo
automotivos // 53
Black and Cool. Anunciante // Cervejaria Femsa / Xingu
Black and Cool. Anunciante // Cervejaria Femsa / Xingu
Talent Criação //
Talent Criação //
Philippe Degen Fábio Astolpho Fábio Rodrigues
Fotografia // Edu Rodrigues
bebidas alcoólicas // 54
Philippe Degen Fábio Astolpho Fábio Rodrigues
Fotografia // Edu Rodrigues
Não deixe seu espanhol parecer ridículo. Anunciante // Skill
Não deixe seu inglês parecer ridículo. Anunciante // Skill
Leo Burnett Brasil Criação // Carlos Schleder André Kirkelis
Leo Burnett Brasil Criação // Carlos Schleder André Kirkelis
Fotografia // Lúcio Cunha Ilustração // Darcy Vieira
Fotografia // Lúcio Cunha Ilustração // Darcy Vieira
escolas e cursos // 55
Lápis Anunciante // Colégio Bandeirantes Pátria Criação //
Ricardo Lordes Priscila Barroso Alberto Nagy
Fotografia // Rafael Quintino
escolas e cursos // 56
O coração é um músculo involuntário. Anunciante // Mackenzie
A ordem dos fatores não altera o produto. Anunciante // Mackenzie
Publicis Brasil Criação // Adriano Matos Rodolfo Sampaio Fernando Carreira Guilherme Jahara
Publicis Brasil Criação // Adriano Matos Rodolfo Sampaio Fernando Carreira Guilherme Jahara
Fotografia // Banco de Imagens
Fotografia // Banco de Imagens
escolas e cursos // 57
Virilon. Muita energia e pouca vergonha. Anunciante // Luper
Virilon. Muita energia e pouca vergonha. Anunciante // Luper
TBWA\BR Criação //
TBWA\BR Criação //
Alexandre Nino Fabio Pinheiro
Fotografia // Getty Images
farmacêuticos // 58
Alexandre Nino Fabio Pinheiro
Fotografia // Getty Images
Ninguém precisa saber o que você tem feito. Anunciante // Sete Cosmetics
Ninguém precisa saber o que você tem feito. Anunciante // Sete Cosmetics
Ag_407 Criação //
Ag_407 Criação //
Ricardo Wolff Gabriel Mattar
Ilustração // Cafeu Filmes
Ricardo Wolff Gabriel Mattar
Ilustração // Cafeu Filmes
higiene pessoal // 59
Hackers são pessoas extremamente perseverantes. Anunciante // Tempest
Hackers são pessoas extremamente obsessivas. Anunciante // Tempest
F/Nazca S&S Criação // Eduardo Lima Luciano Lincoln
F/Nazca S&S Criação // Eduardo Lima Luciano Lincoln
Fotografia // Manolo Moran
Fotografia // Manolo Moran
INFORMÁTICA // 60
O mundo dos negócios nunca foi tão inspirador. Anunciante // Editora Globo / Época Negócios
O mundo dos negócios nunca foi tão inspirador. Anunciante // Editora Globo / Época Negócios
JWT Criação //
JWT Criação //
Thiago Carvalho Silvio Medeiros
Ilustração // Silvio Medeiros
Thiago Carvalho Silvio Medeiros
Ilustração // Silvio Medeiros
mídia // 61
Rodrigo Santoro segue os mestres: bonito como Paul Newman, carismático como Al Pacino, mudo como Chaplin. Anunciante // Sony Entertainment Television / AXN Channel
Direção: J. J. Abrams Roteiro: Damon Lindelof Cenografia: Deus Casting: Satanás Anunciante // Sony Entertainment Television / AXN Channel
Publicis Brasil Criação // Adriano Matos Guilherme Jahara Carlos Lopes
Publicis Brasil Criação // Adriano Matos Guilherme Jahara Carlos Lopes
Fotografia // Guto Nóbrega Arquivo Cliente Banco de Imagens
Fotografia // Guto Nóbrega Arquivo Cliente Banco de Imagens
mídia // 62
Nova programação ESPN. Impossível sair de casa. Anunciante // ESPN
Nova programação ESPN. Impossível sair de casa. Anunciante // ESPN
Neogama/BBH Criação // Marcelo Torma Bruno Souto
Neogama/BBH Criação // Marcelo Torma Bruno Souto
Fotografia // Bruno Cals
Fotografia // Bruno Cals
Mídia // 63
Veja filmes de ação na sua TV. Não no seu circuito interno de TV. Cadeados Papaiz. A melhor coisa que poderia acontecer entre você e um ladrão. Anunciante // Papaiz
Se ainda assim você se sentir inseguro, procure um terapeuta. Cadeados Papaiz. A melhor coisa que poderia acontecer entre você e um ladrão. Anunciante // Papaiz
DPZ Criação //
DPZ Criação //
Pedro Rosa Roberto Kilciauskas
Fotografia // Gustavo Lacerda
outros // 64
Pedro Rosa Roberto Kilciauskas
Fotografia // Gustavo Lacerda
Uma tatuagem nunca te abandona. Anunciante // King Seven Tatoo
Uma tatuagem nunca te abandona. Anunciante // King Seven Tatoo
Publicis Brasil Criação // Rodrigo Strozenberg Marcelo Giannini
Publicis Brasil Criação // Rodrigo Strozenberg Marcelo Giannini
Fotografia // Max Moure Ilustração // Filé com Fritas
Fotografia // Max Moure Ilustração // Filé com Fritas
OUTROS // 65
Clio Awards. Nem vendendo sua alma fica fácil ganhar. Anunciante // Panamericana Escola de Arte e Design
Clio Awards. Nem vendendo sua alma fica fácil ganhar. Anunciante // Panamericana Escola de Arte e Design
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros
Fotografia // Hugo Treu Ilustração // Pix Post
Fotografia // Hugo Treu Ilustração // Pix Post
outros // 66
Clio Awards. Nem vendendo sua alma fica fácil ganhar. Anunciante // Panamericana Escola de Arte e Design
Clio Awards. Nem vendendo sua alma fica fácil ganhar. Anunciante // Panamericana Escola de Arte e Design
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros
Fotografia // Hugo Treu Ilustração // Pix Post
Fotografia // Hugo Treu Ilustração // Pix Post
outros // 67
Topper KV Carbon 12. A primeira bola do mundo com tecnologia A.S.A.F.* que garante maior precisão nos chutes. *Até sua avó faria Anunciante // São Paulo Alpargatas / Topper
Topper KV Carbon 12. A primeira bola do mundo com tecnologia A.S.A.F.* que garante maior precisão nos chutes. *Até sua avó faria Anunciante // São Paulo Alpargatas / Topper
Lew’Lara Criação //
Lew’Lara Criação //
Marco Gianelli (Pernil) Mozar Gudin
Fotografia // Rogério Miranda
outros // 68
Marco Gianelli (Pernil) Mozar Gudin
Fotografia // Rogério Miranda
Topper KV Carbon 12. A primeira bola do mundo com tecnologia A.S.A.F.* que garante maior precisão nos chutes. *Até sua avó faria Anunciante // São Paulo Alpargatas / Topper
Topper KV Carbon 12. A primeira bola do mundo com tecnologia A.S.A.F.* que garante maior precisão nos chutes. *Até sua avó faria Anunciante // São Paulo Alpargatas / Topper
Lew’Lara Criação //
Lew’Lara Criação //
Marco Gianelli (Pernil) Mozar Gudin
Fotografia // Rogério Miranda
Marco Gianelli (Pernil) Mozar Gudin
Fotografia // Rogério Miranda
outros // 69
Energia para vencer desafios. Anunciante // Petrobras
Energia para acreditar que todo sonho é possível. Anunciante // Petrobras
Duda Propaganda Criação // Ricardo Braga Marcelo Maia Marcelo Kertesz
Duda Propaganda Criação // Ricardo Braga Marcelo Maia Marcelo Kertesz
Ilustração // Tribbo Post Fotografia // Alexandre Salgado
Ilustração // Tribbo Post Fotografia // Alexandre Salgado
petróleo e derivados // 70
Energia para superar limites. Anunciante // Petrobras Duda Propaganda Criação // Ricardo Braga Marcelo Maia Marcelo Kertesz Ilustração // Tribbo Post Fotografia // Alexandre Salgado
Petrobras. Mais energia para o Pan 2007. Além do petróleo, a Petrobras vai buscar no mar, no sol, na terra e no vento muito mais energia para os Jogos Pan-Americanos. Anunciante // Petrobras Duda Propaganda Criação // Ricardo Braga Marcelo Maia Marcelo Kertesz Ilustração // Tribbo Post Fotografia // Alexandre Salgado
petróleo e derivados // 71
Infelizmente, acabar com o trabalho escravo não é fácil assim. Anunciante // OIT e CONATRAE AlmapBBDO Criação //
Luiz Sanches Roberto Pereira Renato Simões Renato Fernandez
Fotografia // Márcia Ramalho
serviço público // 72
O colesterol não é brincadeira. Faça o exame. Fale com seu médico. Anunciante // Ministério da Saúde
O colesterol não é brincadeira. Faça o exame. Fale com seu médico. Anunciante // Ministério da Saúde
McCann Erickson Portugal Criação // Fabio Seidl Diogo Mello
McCann Erickson Portugal Criação // Fabio Seidl Diogo Mello
Fotografia // Platinum Ilustração // Platinum
Fotografia // Platinum Ilustração // Platinum
serviço público // 73
Seu corpo é sua casa. Não fume. Anunciante // Adesf - Associação de Defesa da Saúde do Fumante
Seu corpo é sua casa. Não fume. Anunciante // Adesf - Associação de Defesa da Saúde do Fumante
Neogama/BBH Criação // Márcio Ribas Isabella Paulelli
Neogama/BBH Criação // Márcio Ribas Isabella Paulelli
Fotografia // Robert Polidori
Fotografia // Robert Polidori
serviço público // 74
Seu corpo é sua casa. Não fume. Anunciante // Adesf - Associação de Defesa da Saúde do Fumante
Seu corpo é sua casa. Não fume. Anunciante // Adesf - Associação de Defesa da Saúde do Fumante
Neogama/BBH Criação // Márcio Ribas Isabella Paulelli
Neogama/BBH Criação // Márcio Ribas Isabella Paulelli
Fotografia // Robert Polidori
Fotografia // Robert Polidori
serviço público // 75
Lágrimas secam. Ficam os motivos. Anunciante // Ipas Brasil Santa Clara Criação // André Godoi Vico Benevides Fernando Campos Fotografia // Edu Rodrigues
A pior cicatriz você só enxerga de olhos fechados. Anunciante // Ipas Brasil Santa Clara Criação // André Godoi Vico Benevides Fernando Campos Fotografia // Edu Rodrigues
Dividir a dor é cortar a dor pela metade. Anunciante // Ipas Brasil Santa Clara Criação // André Godoi Vico Benevides Fernando Campos Fotografia // Edu Rodrigues serviço público // 76
Tudo que o ser humano faz tem uma conseqüência. Para ele mesmo e para o mundo. Anunciante // Surfrider Foundation Brasil
Tudo que o ser humano faz tem uma conseqüência. Para ele mesmo e para o mundo. Anunciante // Surfrider Foundation Brasil
Script (RJ) Criação // Bernardo Romero Daniel Duarte
Script (RJ) Criação // Bernardo Romero Daniel Duarte
Ilustração // Otávio Rios
Ilustração // Otávio Rios
serviço público // 77
Lima. O mais novo destino da Gol. Venha voar com a gente. Anunciante // Gol Linhas Aéreas AlmapBBDO Criação //
Tales Bahu Rodrigo Almeida Eduardo Andrietta Marcus Kawamura
Fotografia // Rafael Costa
transportes e turismo // 78
Rio de Janeiro. Maravilhosa, também na gastronomia. Anunciante // TAM Viagens
TAM. Voando dos céus do Brasil para os céus da Itália. Anunciante // TAM
Dez Brasil Criação //
Y&R Criação //
Michel Zveibil Getúlio Albrecht
Fotografia // Arquivo do cliente
Widerson Souza Juliana Patera
Ilustração // JEO Ilustrações Julius Ohta
transportes e turismo // 79
Não se prenda aos seus móveis antigos. Anunciante // Tok&Stok
Não se prenda aos seus móveis antigos. Anunciante // Tok&Stok
DM9DDB Criação //
DM9DDB Criação //
Antero Neto Edson Oda Christiano Neves Rodrigo Bombana
Ilustração // Bruno Cals
Ilustração // Bruno Cals
Não se prenda aos seus móveis antigos. Anunciante // Tok&Stok
Não se prenda aos seus móveis antigos. Anunciante // Tok&Stok
DM9DDB Criação //
DM9DDB Criação //
Antero Neto Edson Oda Christiano Neves Rodrigo Bombana
Ilustração // Bruno Cals varejo // 80
Antero Neto Edson Oda Christiano Neves Rodrigo Bombana
Antero Neto Edson Oda Christiano Neves Rodrigo Bombana
Ilustração // Bruno Cals
Umbro XBoot. Extremamente leve. Anunciante // Umbro
Umbro XBoot. Extremamente leve. Anunciante // Umbro
Neogama/BBH Criação // Isabella Paulelli Márcio Ribas
Neogama/BBH Criação // Isabella Paulelli Márcio Ribas
Ilustração // Studio Hector
Ilustração // Studio Hector
vestuário // 81
Novo Mizuno Creation 8 com tecnologia Infinity. Run forever. Anunciante // São Paulo Alpargatas / Mizuno AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros Danilo Boer Fotógrafo // Fernando Nalon Ilustração // 6B Estúdio
vestuário // 82
Novo Mizuno Creation 8 com tecnologia Infinity. Run forever. Anunciante // São Paulo Alpargatas / Mizuno
Novo Mizuno Creation 8 com tecnologia Infinity. Run forever. Anunciante // São Paulo Alpargatas / Mizuno
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros Danilo Boer
AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Marcos Medeiros Danilo Boer
Fotógrafo // Fernando Nalon Ilustração // 6B Estúdio
Fotógrafo // Fernando Nalon Ilustração // 6B Estúdio
vestuário // 83
Todo mundo nota. Só você vê. Anunciante // Polaroid Eyewear
Todo mundo nota. Só você vê. Anunciante // Polaroid Eyewear
Santa Clara Criação //
Santa Clara Criação //
Mariana Borga Murilo Lico Kika Botto Vico Benevides
Ilustração // Felix Reiners
vestuário // 84
Mariana Borga Murilo Lico Kika Botto Vico Benevides
Ilustração // Felix Reiners
Todo mundo nota. Só você vê. Anunciante // Polaroid Eyewear Santa Clara Criação //
Mariana Borga Murilo Lico Kika Botto Vico Benevides
Ilustração // Felix Reiners
vestuário // 85
É tanta impulsão que o anúncio foi parar lá na página 89. Mega Bounce+ Um empurrão a cada passo. Anunciante // Adidas 180 Amsterdam / TBWA\BR Criação // Caio Grafietti Fábio Pinheiro e equipe 180 Ilustração // John Wayshak
vestuário // 86
“Teaser” Anunciante // CCAA Agência 3 (RJ) Criação // Álvaro Rodrigues Daniel Ferreira Daniel Oksenberg Fábio Caveira Fábio Gil Guilherme Ginane Guilherme Pecego Leonardo Brossa Luís Claudio Salvestroni Marcelo Felício Marcello Pereira Marco Martins
Para assistir aos filmes selecionados, digite www.ccsp.com.br/novo/
Direção // Pedro Becker Margarida Flores e Filmes Som // Raw Produtora de Áudio
“Superpoderes” Anunciante // CCAA Agência 3 (RJ) Criação // Álvaro Rodrigues Daniel Ferreira Daniel Oksenberg Fábio Caveira Fábio Gil Guilherme Ginane Guilherme Pecego Leonardo Brossa Luís Claudio Salvestroni Marcelo Felício Marcello Pereira Marco Martins Direção // Pedro Becker Margarida Flores e Filmes Som // Raw Produtora de Áudio FILMES // 88
“Dirigindo” Anunciante // Volkswagen do Brasil AlmapBBDO Criação // Tales Bahu Rodrigo Almeida Direção // Pedro Becker Margarida Flores e Filmes Som // Tentáculo
“Lombada” Anunciante // Volkswagen do Brasil AlmapBBDO Criação // Wilson Mateos Roberto Pereira Marcos Medeiros Luiz Sanches Direção // Rodrigo Pesavento Zeppelin Filmes Som // Tesis
“Quadras” Anunciante // Olympikus DCS Comunicações (RS) Criação // Rafael Bohrer Tiago Mattos Direção // Rodrigo Pesavento Zeppelin Filmes Som // Voicez
“Mudanças” Anunciante // Greenpeace AlmapBBDO Criação // Renato Simões Bruno Prosperi Marcos Medeiros Direção // Tyson Cine Som // Tesis
“Sabor” Anunciante // Skol F/Nazca S&S Criação // Fabio Fernandes Direção // Amon Zero Filmes Som // Tesis FILMES // 89
“Se Beber, Não Faça” Anunciante // Unimed Rio F/Nazca S&S Criação // Fabio Fernandes Marcelo Nogueira Alexandre (Rato) Pagano Direção // 300ml Hungry Man Som // Tesis
“Bambina” Anunciante // Ceratti Famiglia Criação // Átila Francucci Fernando Nobre Direção // Ricardo “Gordo” Carvalho Bossa Nova Films Som // Lua Nova FILMES // 90
“Fortões” Anunciante // Shopping Lar Center Fallon SP Criação // Ana Carolina Reis Direção // Beto Salatini Lux Filmes Som // Lua Nova
“Cerveja” Anunciante // Fiat Giovanni+DraftFCB Criação // Alexandre Peralta Direção // Paola Siqueira O2 Filmes Som // Tesis
“Estréia” Anunciante // Fiat
“Dúvida” Anunciante // SKY
Giovanni+DraftFCB Criação // Alexandre Peralta
Giovanni+DraftFCB Criação // Alexandre Peralta
Direção // Paola Siqueira O2 Filmes Som // Tesis
Direção // Paola Siqueira O2 Filmes Som // Tesis
“Combo” Anunciante // SKY
“Sede” Anunciante // Coca-Cola Brasil
Giovanni+DraftFCB Criação // Astério Segundo
JWT Criação // Ricardo Chester Roberto Fernandez
Direção // Paola Siqueira O2 Filmes Som // Tesis
Direção // Luciano Podcaminsky Revolucion (Buenos Aires) Som // MCR Brasil FILMES // 91
“Gafes” Anunciante // Ford JWT Criação // Ricardo Chester Fábio Brandão Theo Rocha Direção // Claudio Borrelli Killers Som // Sax So Funny
“Rosa” Anunciante // Ford JWT Criação // Fábio Brandão Theo Rocha Direção // Pedro Becker Margarida Flores e Filmes Som // Sax So Funny FILMES // 92
“Pedro” Anunciante // Ford JWT Criação // Fábio Brandão Theo Rocha Direção // Pedro Becker Margarida Flores e Filmes Som // Sax So Funny
“Dança” Anunciante // Publicar Master Comunicação (PR) Criação // Marcelo Romko Direção // Tadeu Jungle Margarida Flores e Filmes Som // In Sonoris
“Búfalos” Anunciante // General Motors
“Jantar Romântico” Anunciante // Exército da Salvação
McCann Erickson Criação // Adriana Cury Danilo Janjácomo Roberto Cipolla Fabio Mozelli Carlos Bertuol
McCann Erickson Criação // Adriana Cury Eduardo Hernandez Doriano “Carneiro” Cecchettini Hugo Veiga
Direção // Christiano Metri Margarida Flores e Filmes Som // Menina
Direção // Ernani Nunes Cine Som // Lua Nova
“O Que Faz Você Feliz?” Anunciante // Pão de Açúcar P.A. Publicidade Criação // Ari Fidelis Mariangela Silvani Marcio Araujo Rodrigo Antonucci Direção // Amon Zero Filmes Som // Trah Lah Lah
“Chevrolet de Cinema” Anunciante // General Motors Salles Chemistri Criação // Kevin Zung Hugo Rodrigues Direção // Breno Silveira Vicente Kubrusly Conspiração Filmes Som // S de Samba FILMES // 93
“Raios” Anunciante // Intelig Telecom
“Montanha Russa” Anunciante // Intelig Telecom
Santa Clara Criação // André Godoi Fernando Campos
Santa Clara Criação // André Godoi Fernando Campos
Direção // 300ml Hungry Man Som // Sax So Funny
Direção // 300ml Hungry Man Som // Sax So Funny
“Na Vida de Um Homem” Anunciante // Discovery Channel
“Trabalho” Anunciante // Altana Pharma
Santa Clara Criação // André Godoi Fernando Campos Flavio Meirelles Murilo Lico Vico Benevides
Santa Clara Criação // Vico Benevides André Godoi Fernando Campos Murilo Lico
Direção // 300ml Hungry Man Som // Tentáculo FILMES // 94
Direção // Alexandre Chalabi Daniel Soro Piloto Cine TV Som // Play It Again
“Apresentação” Anunciante // Net Talent Criação // João Livi Adherbal Teixeira Rodrigo Bergel Henrique Del Lama
“Detector” Anunciante // Net Talent Criação // João Livi Adherbal Teixeira Rodrigo Bergel Henrique Del Lama
Direção // René Sampaio TVZero Som // Sound Design
Direção // Octávio Scopelliti René Sampaio TVZero Som // Sound Design
“Dança” Anunciante // Net
“Puro Malte” Anunciante // Bavaria Premium
Talent Criação // João Livi Adherbal Teixeira Rodrigo Bergel Henrique Del Lama
Talent Criação // Fábio Astolpho Philippe Degen Marcelo Jun Fábio Rodrigues
Direção // Octávio Scopelliti René Sampaio TVZero Som // Sound Design
Direção // Octávio Scopelliti Alessandra Pellegrino TVZero Som // Dr. DD FILMES // 95
“Água” Anunciante // Bavaria Premium Talent Criação // Fábio Astolpho Philippe Degen Marcelo Jun Fábio Rodrigues Direção // Octávio Scopelliti Alessandra Pellegrino TVZero Som // Dr. DD
“Pan Pan” Anunciante // Caixa Econômica Federal TBWA\BR Criação // Marcelo Arbex Maurício Passarinho Eduardo Raggi Direção // José Furlan Dínamo Filmes Som // YB FILMES // 96
“Tiozão” Anunciante // Nissan do Brasil TBWA\BR Criação //
Cibar Ruiz Sérgio Scarpelli Alessandro Cassulino Maurício Duarte
Direção // Rodolfo Vanni Cia. de Cinema Som // Comando S
“Cérebro” Anunciante // Grupo de Teatro Nós do Morro W/Brasil Criação // Marcelo Conde Eduardo Salles Rodrigo Lebrun Daniel D’Ávila Direção // Margarida Flores e Filmes Som // Lua Nova
180 Amsterdam // 86 300ml // 90, 94 6B Estúdio // 48, 82, 83 Adherbal Teixeira // 95 Adriana Cury // 53, 93 Adriano Matos // 57, 62 Ag_407 // 59 Agência 3 (RJ) // 88 Alberto Nagy // 56 Alessandra Pellegrino // 95, 96 Alessandro Cassulino // 96 Alexandre (Rato) Pagano // 90 Alexandre Chalabi // 94 Alexandre Nino // 58 Alexandre Peralta // 90, 91 Alexandre Salgado // 70, 71 AlmapBBDO // 49, 50, 51, 66, 67, 72, 78, 82, 83, 88, 89 Álvaro Rodrigues // 88 Amir Campos // 50, 51 Amon // 89, 93 Ana Carolina Reis // 90 André Faccioli // 48 André Faria // 45 André Godoi // 76, 94 André Kirkelis // 55 Antero Neto // 80 Ari Fidelis // 93 Astério Segundo // 91 Ateliê de Imagem // 52 Átila Francucci // 90 Bernardo Romero // 77 Beto Salatini // 90 BorghiErh/Lowe // 52 Bossa Nova Films // 90 Breno Silveira // 93 Bruno Cals // 63, 80 Bruno Prosperi // 89 Bruno Souto // 63 Cafeu Filmes // 59 Caio Grafietti // 86 Carlos Bertuol // 53, 93 Carlos Lopes // 62 Carlos Schleder // 55 César Herszkowicz // 49, 50, 51 Christiano Metri // 93 Christiano Neves // 80 Cia. de Cinema // 96 Cibar Ruiz // 96 Cine // 89, 93 Claudia Fugita // 48 Claudio Borrelli // 92 Comando S // 96 ÍNDICE remissivo // 98
Conspiração Filmes // 93 Daniel D’Ávila // 96 Daniel Duarte // 77 Daniel Ferreira // 88 Daniel Oksenberg // 88 Daniel Soro // 94 Danilo Boer // 82, 83 Danilo Janjácomo // 53, 93 Darcy Vieira // 55 DCS Comunicações (RS) // 89 Dez Brasil // 79 Dínamo Filmes // 96 Diogo Mello // 73 DM9DDB // 80 Doriano “Carneiro” Cecchettini // 93 DPZ // 64 Dr. DD // 95, 96 Duda Propaganda // 70, 71 Edgard Gianesi // 52 Edson Oda // 80 Edu Rodrigues // 54, 76 Eduardo Andrietta // 78 Eduardo Colesi // 52 Eduardo Hernandez // 93 Eduardo Lima // 60 Eduardo Raggi // 96 Eduardo Salles // 96 Elisa Sassi // 44 Equipe 180 // 86 Erh Ray // 52 Ernani Nunes // 93 F/Nazca S&S // 45, 60, 89, 90 Fábio Astolpho // 54, 95, 96 Fábio Brandão // 92 Fabio Brigido // 44 Fábio Caveira // 88 Fabio Fernandes // 89, 90 Fábio Gil // 88 Fabio Mozelli // 53, 93 Fabio Pinheiro // 58, 86 Fabio Ribeiro // 46, 47 Fábio Rodrigues // 54, 95, 96 Fabio Seidl // 73 Fallon SP // 90 Famiglia // 44, 90 Felipe Luchi // 46, 47 Felix Reiners // 84, 85 Fernando Campos // 76, 94 Fernando Carreira // 57 Fernando Nalon // 82, 83 Fernando Nobre // 44, 90 Fernando Zuffo // 51, 53 Filé com Fritas // 65
Flavio Meirelles // 94 Gabriel Mattar // 59 Getty Images // 58 Getúlio Albrecht // 79 Giovanni+DraftFCB // 90, 91 Guilherme Ginane // 88 Guilherme Jahara // 57, 62 Guilherme Pecego // 88 Gustavo Gusmão // 48 Gustavo Lacerda // 64 Gustavo Victorino // 49, 50, 51 Guto Nóbrega // 62 Henrique Del Lama // 95 Hugo Rodrigues // 93 Hugo Treu // 66, 67 Hugo Veiga // 93 Hungry Man // 90 Hungry Man // 90, 94 In Sonoris // 92 Isabella Paulelli // 74, 75, 81 JEO Ilustrações // 79 João Livi // 95 John Wayshak // 86 José Furlan // 96 José Henrique Borghi // 52 Juliana Patera // 79 Julius Ohta // 79 JWT // 48, 61, 91, 92 Keka Morelle // 45 Kevin Zung // 93 Kika Botto // 84, 85 Killers // 92 Leo Burnett Brasil // 55 Leonardo Brossa // 88 Lew’Lara // 46, 47, 68, 69 Lua Nova // 90, 93, 96 Lucas Jatobá // 52 Luciano Lincoln // 60 Luciano Podcaminsky // 91 Lúcio Cunha // 45, 55 Luís Claudio Salvestroni // 88 Luiz Sanches // 72, 89 Lux Filmes // 90 Manolo Moran // 60 Marcello Pereira // 88 Marcelo Arbex // 96 Marcelo Conde // 96 Marcelo Felício // 88 Marcelo Giannini // 65 Marcelo Jun // 95, 96 Marcelo Kertesz // 70, 71 Marcelo Maia // 70, 71 Marcelo Nogueira // 90
Marcelo Romko // 92 Marcelo Torma // 63 Márcia Ramalho // 72 Marcio Araujo // 93 Márcio Ribas // 74, 75, 81 Marco Gianelli (Pernil) // 68, 69 Marco Martins // 88 Marcos Medeiros // 66, 67, 82, 83, 89 Marcus Kawamura // 78 Margarida Flores e Filmes // 88, 92, 93, 96 Mariana Borga // 84, 85 Mariangela Silvani // 93 Master Comunicação (PR) // 92 Maurício Duarte // 96 Maurício Meirelles // 52 Maurício Passarinho // 96 Max Moure // 65 McCann Erickson // 53, 93 McCann Erickson Portugal // 73 MCR Brasil // 91 Menina // 93 Michel Zveibil // 79 Mozar Gudin // 68, 69 Murilo Lico // 84, 85, 94 Neogama/BBH // 63, 74, 75, 81 O2 Filmes // 90, 91 Octávio Scopelliti // 95, 96 Otávio Rios // 77 P.A. Publicidade // 93 Paola Siqueira // 90, 91 Pátria // 56 Pedro Becker // 88, 92 Pedro Rosa // 64 Philippe Degen // 54, 95, 96 Piloto Cine TV // 94 Pix Post // 66, 67 Platinum // 73 Play it Again // 94 Priscila Barroso // 56 Publicis Brasil // 57, 62, 65 Rafael Bohrer // 89 Rafael Costa // 78 Rafael Quintino // 56 Raw Produtora de Áudio // 88 Revolucion (Buenos Aires) // 91 Renato Fernandez // 72 Renato Simões // 72, 89 René Sampaio // 95 Ricardo “Gordo” Carvalho // 90 Ricardo Braga // 70, 71 Ricardo Chester // 91, 92 Ricardo Lordes // 56 Ricardo Wolff // 59
Robert Polidori // 74, 75 Roberto Cipolla // 53, 93 Roberto Fernandez // 91 Roberto Kilciauskas // 64 Roberto Pereira // 72, 89 Rodolfo Sampaio // 57 Rodolfo Vanni // 96 Rodrigo Almeida // 78, 88 Rodrigo Antonucci // 93 Rodrigo Bergel // 95 Rodrigo Bombana // 80 Rodrigo Lebrun // 96 Rodrigo Pesavento // 89 Rodrigo Strozenberg // 65 Rogério Miranda // 68, 69 S de Samba // 93 Salles Chemistri // 93 Samir Mesquita // 44 Santa Clara // 76, 84, 85, 94 Sax So Funny // 92, 94 Script (RJ) // 77 Sérgio Scarpelli // 96 Silvio Medeiros // 61 Sound Design // 95 Stock Photos // 49 Studio Hector // 81 Tadeu Jungle // 92 Talent // 54, 95, 96 Tales Bahu // 78, 88 TBWA\BR // 58, 86, 96 Tentáculo // 88, 94 Tesis // 89, 90, 91 Theo Rocha // 92 Thiago Carvalho // 61 Tiago Mattos // 89 Trah Lah Lah // 93 Tribbo Post // 70, 71 TVZero // 95, 96 Tyson // 89 Up // 44 Vicente Kubrusly // 93 Vico Benevides // 76, 84, 85, 94 Victor Sant’Anna // 46, 47 Vinicius Miike // 52 Voicez // 89 W/Brasil // 96 Widerson Souza // 79 Wilson Mateos // 66, 67, 82, 83, 89 Y&R // 79 YB // 96 Zeppelin Filmes // 89 Zero Filmes // 89, 93