Castelo de Ansiães - 5000 anos de História

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Castelo de Ansiães: 5000 anos de História

As esteleas discóides de Ansiães (pedras perenes que falam de vidas finitas)

D

esde o séc. XVI que a estela parece despertar a curiosidade de alguns estudiosos preocupados na decifração do seu significado e funcionalidade, mas será apenas em 1920 que surge o primeiro grande trabalho de síntese referente ao tema. O seu autor, Eugeniusz Frankowski, expõe em “ Estelas discoideas de la Península Ibérica” uma visão teórica suportada num processo de análise comparativa que culmina na defesa do conceito de que a estela discóide resultou de uma estilização crescente da representação humana, estilização essa que assentou numa evolução formal resultante de um figurativismo mais realista e antigo que cadenciadamente foi evoluindo até uma crescente abstracção geométrica. Surgia assim a corrente Antropomorfista e o conceito geral de que a estela discóide nada mais é do que a representação estilizada do morto. O círculo manifesta-se desde a Pré -História como uma forma que resulta da necessidade do ser humano em organizar e circunscrever o espaço. Por isso o círculo surge de forma continuada em todas as culturas e nos mais diversificados espaços geográficos. Tem-se atribuído à circularidade da estela discóide um significado astral, ou a súmula de um processo crescente que culmina numa estilização absoluta do antropomorfismo que este monumento pretende representar. A discussão sobre a origem circular da estela medieval está envolta em alguma polémica, sendo várias as correntes que explicam de modo diverso os seus antecendes históricos. O que não parece deixar dúvidas é que a estela possui inerente a si própria uma funcionalidade que está em estrita articulação com o espaço. Ou seja, a estela discóide imbuí-se sempre de uma relação funcional que articula o espaço com as grafias que possui. Essa vertente funcional assenta na razão que explica a sua presença em determinado local. Assim sendo, a estela é colocada para assinalar o sítio exacto onde se encontra a sepultada de determinada pessoa ou determinada família, sendo colocada sempre à cabeceira dos enterramentos que integ ravam as necrópoles; ser ve para assinalar


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