Carrazeda de Ansiães - Terra com Marcas do tempo

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Título: Carrazeda de Ansiães terra com marcas do tempo Concepção gráfica e paginação: António Luis Pereira Textos: Luis Pereira, Isabel Justo Lopes Fotos: Luis Pereira, Isabel Justo Lopes Fotografias Aéreas: Foto Engenho Cartografia: Associação de Municípios da Terra quente Transmontana (AMTQT) Execução Gráfica: Corlito / Setúbal © Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães 1ª edição, 5000 exemplares ISBN: 978-972-95129-8-8 Depósito Legal:285631/08


Carrazeda de Ansiães terra com marcas do tempo

1ª edição

Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães Município de Carrazeda de Ansiães 2008


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Nota de abertura Pela riqueza humana, histórica e paisagística que o caracterizam, o concelho de Carrazeda de Ansiães tem muito para dar a quem o queira conhecer. Com efeito, a diversidade da paisagem, marcada pelos Rios Douro e Tua, a rudeza do Norte granítico e a doçura dos vinhedos do Sul, que abraçam o Douro, Património da Humanidade, proporciona o deslumbramento da Natureza, no seu estado puro. A acompanhar as inegáveis condições naturais, a riqueza dos nossos produtos agrícolas, da gastronomia e a hospitalidade das nossas gentes são, sem dúvida, garantias de progresso e desenvolvimento. É neste contexto que se situa um vasto património arqueológico que urge preservar e potenciar, com vista à promoção das condições necessárias a um verdadeiro turismo cultural. Esta publicação ajuda a suprir a necessidade de demonstrar, de uma forma ordenada e sistematizada, algumas das nossas melhores potencialidades turísticas e culturais. Fica uma palavra de estima aos autores desta obra, Dr. Luís Pereira e Dr.ª Alexandra Justo Lopes pelo rigor e pela dedicação que a tornaram possível.

O Presidente da Câmara Municipal Eugénio Rodrigo Cardoso de Castro


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Entre quem é! De portas abertas de par em par, escancaradas, como por aqui se diz, o concelho de Carrazeda de Ansiães apresenta-se como um excelente motivo para você sentir as marcas do fluir da história, as marcas perenes de um passado humano que foram sobrevivendo no devir do tempo. Embora ocupada desde a Pré-História, será no período medieval que começa a ser definida a circunscrição administrativa que actualmente corresponde ao concelho de Carrazeda de Ansiães. Desde o séc. XI que o termo de Ansiães começa a ser desenhado, altura em que o rei leonês, Fernando Magno, outorga a este território um dos mais antigos forais de que há conhecimento em Portugal. Nesta terra de contrastes, ondulada em ritmo incerto entre os rios Tua e Douro, e mais aquietadamente na lisura do planalto, gradam hoje os herdeiros de uma história milenar, os homens e as mulheres que haverão de construir um futuro tão rico como o é o seu passado. São estes homens e estas mulheres que hoje lhe oferecem da "taça do tempo", desse tempo arrumado na alma de um povo onde ainda se decifram vincadas marcas de uma arreigada ancestralidade. E nesta terra antiga, de honrosa hospitalidade, não se admire se mesmo antes de bater à tal porta escancarada, alguma voz de cá de dentro lhe gritar: - Entre quem é! Você que já entrou, seja então muito bem-vindo!

Como Chegar a Carrazeda de Ansiães PERCURSO

TRANSPORTE

LITORAL - Apanhe a A4 e o IP4 até ao Alto do Pópulo, siga até á vila de Alijó e daqui

Rodoviário

rume até Foz Tua. Suba depois até ao planalto onde encontrará a vila de Carrazeda de Ansiães. ESPANHA - Entradas por Bragança, Miranda do Douro e Mogadouro.

Ferroviário Fluvial

De comboio pela linha do Douro até à estação do Tua De barco até ao cais fluvial do Tua ou da Senhora da Ribeira - Seixo de Ansiães


Dados gerais sobre o concelho

Uma paisagem de diversidade “...de Foz Tua, no centro do Douro, sobe-se em meia hora para as alturas de Carrazeda de Ansiães; em 15 quilómetros uma diferença de altitude de 800 metros. Parece estarmos a muitas léguas do ponto de partida! Na extensão aproximadamente de 17 quilómetros de Norte a Sul e de treze de Leste a Oeste, estende-se um planalto, coroado de morros graníticos, varrido dos ventos, frio. O castanheiro, a árvore florestal característica das terras mais setentrionais, ressurge aqui, a pequena distância donde só o zambujeiro ou o azinho cresciam. Desapareceram a vinha, a oliveira, a laranjeira e a perder de vista são terras magras de centeio, campos de batatais e lameiros. É um verdadeiro encrave de terra fria no Alto Douro." Vírgílio Taborda in “Alto Trá-osMontes estudo geográfico”

O concelho de Carrazeda de Ansiães situa-se no distrito de Bragança, confrontando geograficamente com os rios Douro e Tua, respectivamente a sul e oeste, e a nordeste e a este com vila flor e Torre de Moncorvo. Nos seus 281,8 km² vivem cerca de 7.500 habitantes distribuídos por 19 freguesias. Trata-se de um concelho eminentemente rural que explora economicamente uma grande va r i ed ad e de recursos agrícolas, onde o vinho e a maçã constituem os produtos de maior rendibilidade. Cultiva-se a oliveira, o trigo, o centeio, a batata, a castanha, a amendoeira, a figueira e uma significativa variedade de árvores de fruto, sobretudo nos climas de cariz mais temperado que caracterizam os vales abrigados do Douro e do Tua. Da vinha, que ocupa sobretudo os habitantes das aldeias que se implantam dentro da área da"Paisagem Cultural Evolutiva e Viva", classificada como Património da Humanidade pela UNESCO, nasce o precioso e afamado néctar, que nós aqui chamamos de “vinho fino” ou “vinho tratado”, mas que a partir de de Gaia invade os mercados internacionais com o carismático nome de "Vinho do Porto". O azeite é também afamado e ombreia em qualidade com a laranja e o figo do Tua, com a castanha e a batata do planalto e com os subprodutos de uma actividade pastoril, em que o queijo ressalta como um produto de excelente qualidade.


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Aldeias do Concelho

Nas últimas décadas é a produção de maçã que mais tem crescido no concelho, sendo actualmente classificada como um fruto de elevada qualidade. A maçã do planalto carrazedense é sumarenta e está sujeita aos mais elevados padrões de selecção antes de ser comercializada. Mas se a actividade agrícola é e foi desde sempre o sector de produtividade gerador de toda a riqueza, actualmente existe uma novo sector que se está a impor de forma progressiva e em função dos mais elevados critérios de qualidade. A actividade turística está em franco desenvolvimento na região duriense e Carrazeda de Ansiães é um dos concelhos com mais potencialidades e sinergias capazes de imprimirem uma nova dinâmica económica a nível local e regional.

A variedade paisagística é uma das peculiaridades deste concelho nordestino/duriense que se desenvolve entre um interfluvial. Carrazeda de Ansiães desdobra-se entre os vales dos rios Tua e Douro e a zona planáltica onde se situa a sede concelhia. Integram os 281,8 km² da sua área administrativa as seguintes a l d e i as : A m ed o, A l g a n h af res , A r e i a s , B e l v e r, F o n t e l o n g a , Lavandeira, Luzelos, Marzagão, Mogo de Ansiães, Mogo de Malta, Misquel, Parambos, Pena Fria, Samorinha, S. Pedro, Seixo de Ansiães, Selores, Venda Nova, Zedes, Brunheda, Castanheiro, Codeçais, Felgueira, Fiolhal, Foz Tua, Paradela, Pereiros, Pinhal do Norte, Pombal, Sentrilha, Tralhariz, Beira Grande, Campelos, Carrapatosa, Coleja, Linhares, Pinhal do Douro, Ribalonga e Vilarinho da Castanheira.


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A diversidade paisagística, a fauna, o património vernacular, o património natural, o património arquitectónico e sobretudo o património arqueológico são apenas alguns dos exemplos de sinergias locais que poderão fomentar actividades com ofertas viáveis a nível de produtos turísticos. A tudo isto dever-se-á juntar as valências da cinegética, da gastronomia, do artesanato, da etnografia e do termalismo, actividade lúdica e terapêutica onde o concelho possui fortes potencialidades.

Água. Aqui encontra-se em cada espaço o aconchego acolhedor da água e do silêncio. Foto: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães


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Comboios Turísticos Desde 2000 que surgiram na linha do Douro os chamados "Comboios Históricos". Tratam-se de composições puxadas por máquinas a vapor que pretendem fazer reviver o passado do transporte ferroviário, constituindo também uma boa oportunidade para poder usufruir e desfrutar da peculiar paisagem do Rio Douro classificada como Património Mundial pela UNESCO. Todos os "comboios históricos" terminam a sua viagem no concelho de Carrazeda de Ansiães.

Queda de água do Síbio - Pinhal do Douro

Termas de S. Lourenço A cerca de 3 Km de Pombal de Ansiães situam-se as Termas de S. Lourenço, já no vale do Rio Tua. Com uma água de natureza Sulfúrea aconselham-se estas caldas a quem sofre de doenças de pele e reumatismo. Estão abertas ao público entre meados de Julho e finais de Já são classificas como viagens de sonho. Os Cruzeiros do Douro privileSetembro. giam a beleza da paisagem do vale, mas há muito mais para descobrir nas as aldeias e entre as pessoas que habitam esta terra.


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Vale do Rio Tua - Brunheda

Visitar o concelho de Carrazeda de Ansiães será, com toda a certeza, uma experiência inesquecível, sobretudo se o visitante se embrenhar na essência da terra, na descoberta do seu âmago cultural, da sua alma, das suas gentes. Percorra com calma o concelho, descubra os locais mais recônditos, algumas das aldeias preservadas, a sua gastronomia e todo o seu legado patrimonial. Ver e conhecer a "Terra de Ansiães" deverá ser um acto de extrema pacatez, acompanhado de uma observação silenciosa e calma e de uma fruição simples do que de melhor este concelho possui. As páginas que se seguem são apenas algumas sugestões, uma espécie de sala de visitas onde temos o prazer de o receber.

Artesanato Pervivem ainda no concelho de Carrazeda de Ansiães algumas actividades artesanais, sendo actualmente as mais representativas a tanoaria, a cestaria, a latoaria e a escultura em madeira que em Pinhal do Norte encontra um dos mais hábeis artesãos na moldagem da madeira destinada à feitura de santos. As figuras esculpidas pelas mãos do "mestre" António Benigno são já uma referência nacional e mesmo internacional, sendo reconhecido como um dos mais representativos artesãos de arte sacra na região. Em Mogo de Ansiães, moldam-se os pipos, as pipas e as angoretas. A tecelagem de lã e linho continua a ser uma actividade viva no concelho.


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Gastronomia " Ainda há quem prepare admiravelmente os mais variados pratos de caça, o peixe do rio frito, o cabrito assado, o fumeiro, os folares e, sobretudo, a marrã, carne de porco sabiamente temperada, acompanhada com batatas cozidas. Há a ajudar, alguns trunfos de uma mesa sóbria e rica, como o pão local (de trigo e centeio), o vinho, o azeite finíssimo e a azeitona carnuda e saborosa, os legumes tenros, as frutas, os queijos… A doçaria assenta essencialmente na amêndoa e outros frutos secos, cristalizados ou em compotas. Prove-se um desses doces de chila, entremeados com pedacinhos de amêndoa e de noz, ou o figo seco "pingo de mel". (…) Há ainda as típicas cavacas de Carrazeda que se vendem em todas as feiras e festas da região”. Fernando de Sousa e Gaspar MartIns Pereira In “Alto Douro - Douro Superior”

Festas e Romarias Amedo - S. Tiago - 25 de Julho Beira Grande - Santo António - 13 de Junho Belver - Nª Sra. das Neves - 5 de Agosto Mogos - Nª Sr.ª da Saúde - 25 de Julho Carrazeda de Ansiães - Feira da Maçã e do Vinho - De 28 a 31 de Agosto Samorinha - Nª Sr.ª da Graça - 5 de Setembro Castanheiro - Sr.ª da Boa Morte - 15 de Setembro Tralhariz - S. João - 24 de Junho Foz ‚Äì Tua - Nª Sr.ª da Guia - 27 de Junho Fiolhal - Santo António do Saco - 13 de Junho Fontelonga - Festa da Maçã - 12/13 de Agosto Besteiros - Santa Luzia - segunda-feira de Páscoa Lavandeira - Santa Eufemia - 15 de Setembro Linhares - S. Miguel - 8 de Agosto Arnal - Nª Sr.ª da Paixão - 8 de Setembro Carrapatosa - Santa Luzia - 13 de Maio Marzagão - Nª Sr.ª do Rosário - 2 de Maio Luzelos - Santo Amaro - 15 de Janeiro Parambos - S. Bartolomeu - 24 de Agosto Pereiros - Santo Amaro - 15 de Janeiro Pinhal do Norte - Nª Sr.ª das Neves - 1 de Agosto Brunheda - Santo António-13 de Junho Pombal - S. Pedro - 28/29 de Junho e S. Lourenço - 9/10 Agosto Paradela - S. João - 24 de Junho e Santa Bárbara - 9 de Dezembro Ribalonga - Santa Marinha - 18 de Julho Seixo de Ansiães - Nª Sr.ª da Costa - 8 de Agosto Selores - Ecce Homo - 8 de Agosto Vilarinho da Castanheira - Sr.ª da Assunção - 1 de Agosto Pinhal do Douro - Santo António - 8 de Agosto Zedes - Santa Bárbara - 1 de Agosto




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O Vale do Douro O Vale do Douro é uma das paisagens mais emblemáticas do norte de Portugal. Uma terra de vinhedos costruídos ao longo dos séculos pela força do trabalho e pela tenacidade do homem. De um imenso fragredo triturado e ajardinado quase em exclusivo pela força braçal nasce, ano após ano, um dos vinhos mais afamados do mundo. Na ingremidade do vale labutam quotidianamente os homens e as mulheres que granjeiam a vinha como quem trata um jardim. Aqui a paisag e m é o rosto do povo, e na terra ele inscreve diariamente o seu desígnio e a sua vontade. O resultado desse trabalho salta aos olhos de qualquer viajante: o duriense construiu uma das mais belas paisagens mundiais. Isso mesmo foi reconhecido pela UNESCO que em 2001 considerou o valor desta Paisagem Cultural Evolutiva e Viva como Património da Humanidade. Do Porto a Foz-Tua de comboio Uma viagem imperdível é o percurso de comboio no Vale do Douro. Você poderá tomar um comboio no Porto ou no Peso da Régua e depois usufruir da beleza de toda a zona vinhateira classificada como Património da Humanidade. Chegado à Estação Ferroviária do Tua está já no concelho de Carrazeda de Ansiães.

Esta realidade construída pela acção contínua do homem estende-se ao longo de uma vasta área, abrangendo diferentes circunscrições administrativas concelhias, correspondendo a Carrazeda de Ansiães grande parte


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Paisagem vinhateira do concelho de Carrazeda de Ansiães

das aldeias que se situam na zona terminal sul do planalto, na vertente que descai para a margem direita do Rio Douro. Inserem-se na zona classificada como Património da Humanidade algumas parcelas do território das freguesias de Castanheiro do Norte, Ribalonga, Linhares, Lavandeira, Beira Grande, Seixo de Ansiães e Vilarinho da Castanheira, sendo as aldeias de Foz-Tua, Senhora da Ribeira, Carrapatosa, Campelos, Coleja e Pinhal do Norte os exemplos mais aconselháveis para se poder usufruir do vale vinhateiro em todo o seu esplendor.

Uma quinta de exploração vitivinícola - Qtª da Ribeira


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É nesta imponente paisagem que se encontra uma das mais antigas manifestações pictóricas do território nacional, o que testemunha a fixação das populações no vale duriense desde a longínqua pré- história. Um pouco depois da Estação de Caminho de Ferro de Foz Tua, bem junto ao Túnel da Alegria, conservamse os vestígios de uma manifestação artística expressa num geometrismo com significados simbólicos que hoje são difíceis de alcançar. O Cachão da Rapa é um dos mais importantes sítios da pintura rupestre pré - histórica portuguesa. As pinturas são conhecidas desde o século XVIII, mas nunca foram objecto de um estudo contextualizado, pelo que se pode considerar bastante lacunar, senão inexistente, qualquer ensaio de cariz científico fundamentado pela análise arqueológica do seu contexto.

Visitar Cachão da Rapa O painel granítico que contém as pinturas rupestres do Cachão da Rapa situa-se num local de dificílimo acesso, numa fragosa arriba que foi vencida pelo Túnel da Alegria quando se construiu a Linha de Caminho de Ferro do Douro. Por tal motivo, disponibilizamos nesta brochura uma ilustração completa dos motivos pictóricos patentes neste local. Qualquer visita carece do acompanhamento de um guia e de vestuário e calçado adequados para ultrapassar as adversidades do terreno. Se é sua intenção visitar este sítio, por questões de segurança, recomendamos o contacto com o Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães através do site: www.castelodeansiaes.com

O painel de arte foi pela primeira vez difundido por João Pinto de Morais e António de Sousa Pinto, no manuscrito "Memórias de Anciães", e desde essa altura transformou-se num dos mais emblemáticos locais da Arte PréHistórica Portuguesa. As pinturas organizam-se na planura lisa e vertical de um painel granítico com mais de 4 metros de altura. Nesta superfície ordena-se uma sequência de motivos esquemáticos com uma


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predominância de formas geométricas rectangulares e quadrangulares expressas em tons de vermelho ocre e azul-escuro quase negro. A inspiração geometrizante dos autores de tal manifestação, confere ao conjunto artístico uma peculiaridade única na pintura pré-histórica do território português. São já inumeros os autores que têm incluído nos seus trabalhos referências e estudos sobre as pinturas rupestres do Cachão da Rapa. Santos Júnior, um dos arqueólogos que mais pormenorizadamente estudou a contextualização arqueológica destas pinturas rupestres, relaciona o local com uma cultura material caracterizada por numerosos fragmentos de cerâmica e outros artefactos cuja descrição e tipologias poderão permitir a sua inclusão num horizonte crono- cultural balizado entre o Calcolítico e a Idade do Bronze.

Painel de pinturas rupestres do Cachão da Rapa - Carrazeda de Ansiães


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Painel de pinturas rupestres do Cach達o da Rapa - Carrazeda de Ansi達es


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De Foz-Tua a Coleja De Coleja a Carrazeda Propomos-lhe agora um percurso de descoberta e de encantamento. A fruição da paisagem será de uma grande intensidade se seguir o nosso conselho. Sugerimos que parta de Foz Tua seguindo a estrada nº 634. Comece a subir a "escadaria do relevo" e pare logo de seguida em Ribalonga. Aqui pode fazer uma pequena pausa e visitar as insculturas rupestres da "Fraga das Ferraduras", aproveitando para a partir da rocha gravada ter uma das visualizações mais magníficas de um troço do vale duriense. Siga depois até Castanheiro e dirija-se a Parambos. Nesta aldeia é obrigatória uma vista ao conjunto das gravuras rupestre de Fonte de Seixas.Tome aqui a estrada nº 633 que o lavará até Linhares. Esta aldeia merece a sua permanência por algum tempo, já que apresenta motivos suficientes que podem despertar a sua curiosidade. O Castelo de Linhares é disso um bom exemplo. Mas se gosta de fazer caminhadas, aproveite a antiga calçada local e percorra toda a vertente do vale até à margem ribeirinha. Por este secular caminho lajeado poderá contemplar trechos admiráveis da paisagem vinhateira. Tem ainda como opção um pequeno percurso que o levará à Barragem da Valeira, podendo visitar as aldeias de Carrapatosa e Campelos.

Aldeia de Ribalonga

Aldeia de Linhares

Ponte do Galego - Marzagão

Paisagem Vinhateira - Beira Grande

Solar de Selores


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As gravuras Rupestres de Fonte Seixas

O complexo de gravuras da Fonte de Seixas centra-se em 3 penedos centrais aos quais se associam alguns elementos gravados em pequenas rochas que circundam o epicentro desse conjunto. O local tem sido classificado como um possível santuário com um tipo de representação artística que poderá ser inserida na Idade do Bronze Final ou mesmo na Idade do Ferro. Tal enquadramento cronológico deverá merecer uma reflexão mais fundamentada, uma vez que não existe qualquer documento material ou estratigráfico extraído do local que permitam avançar cronologias fidedignas. A arte rupestre da Fonte Seixas parece evidenciar, mais do que qualquer outro núcleo de arte rupestre detectado no concelho de Carrazeda de Ansiães, alguns elementos característicos de uma fase cristã, revelando um significativo número de motivos que poderão ser enquadrados na panóplia dos símbolos com significado aparentemente religioso. Além das tradicionais insculturas em forma de ferradura, dos círculos, semicírculos, cruciformes e "fossetes", as fragas gravadas de Fonte de Seixas revelam um significativo conjunto de gravuras que, à falta de melhor designação, denominaremos de "terços" ou "rosários". Esses motivos estruturam-se a partir de uma série de pequenas covinhas circulares que descrevem conjuntos de configuração ovalada e sistematicamente encimados por uma cruz.

De Linhares siga depois até Marzagão, visite aqui a Ponte do Galego e descanse os seus olhos no equilíbrio sóbrio de alguma arquitectura tradicional da aldeia. Depois dirija-se a Selores, desvie um pouquinho à sua direita, entre na aldeia de Alganhafres e visite posteriormente a igreja de Lavandeira. Retome a estrada nº 632 que o levará até Seixo de Ansiães. Desça agora a estrada abrupta até à Senhora da Ribeira, olhe para o seu lado esquerdo e aprecie a magnificência da queda de água do Síbio. Continue a sua marcha descendente até entrar novamente em plena área classificada como Património da Humanidade.

Calçada de Linhares Calçada de possível origem medieval que estabelecia a ligação entre Linhares - antigo núcleo medieval ao qual foi concedido carta de foral em 1096 pelo rei leonês Fernando Magno-, e o Rio Douro. Esta via dirige-se no sentido da margem sul deste curso fluvial, para junto de um local designado com o topónimo Passadouro, onde provavelmente se efectuaria a travessia do rio. Nessa área foram detectados vestígios relacionáveis com um antigo habitat de cronologia medieval, cujo elemento mais significativo diz respeito a uma sepultura antropomórfica escavada na rocha que ainda se conserva em bom estado de preservação.


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Dirija-se à aldeia da Coleja, registe aí a excelência da paisagem e desça depois novamente até à Senhora da Ribeira. Aproveite para uma nova pausa e se for hora disso, deguste aqui alguns dos pitéus que fazem parte da gastronomia local. Depois de visitar a Senhora da Ribeira poderá agora retomar novamente o seu trajecto bem juntinho ao Rio Douro. Siga a estrada municipal no sentido de Beira Grande. Circule com muita calma porque a via é sinuosa e demasiadamente estreita. Pare tantas vezes quanto as necessárias para usufruir da vista. Neste percurso tem dois excelentes miradouros que permitem uma captação grandiosa da paisagem duriense. Chegado a Beira Grande retome a estrada nº 6322 e termine esta sua viajem na sede concelhia.

Durante este percurso são ainda imensas as possibilidades de apreciar elementos do património arquitectónico. São disso exemplo as casas brasonadas que poderá ver em Selores, Alganhafres e Linhares e alguns templos paroquiais com talha dourada, onde merece destaque especial a igreja de Levandeira devido à decoração do seu tecto. Se esse esse for o seu interesse, poderá procurar e admirar verdadeiras preciosidades da arquitectura tradicional da região, que facilmente encontrará em qualquer uma destas aldeias. É também possível encontrar algumas estruturas vernaculares que ponteiam a paisagem com harmonia e simplicidade.


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O Planalto Carrazeda de Ansiães é uma vila de aspecto acolhedor. A sua malha urbana foi sendo estruturada a partir de meados do séc. XVIII, altura em que o Paço do Concelho é para aqui transladado da antiga e medieval vila de Ansiães. Carrazeda seria por esse tempo um pacato lugar, um pequeno aglomerado que tinha como principal vantagem a sua localização junto a um eixo estruturante de penetração e mobilidade regional. Durante o séc. XVIII Foz-Tua fervilhava numa intensa actividade comercial e muitos dos produtos que aqui chegavam via fluvial da cidade do Porto eram escoados a partir do planalto, por Carrazeda, para o resto da província e mesmo para Espanha. Por aqui também entravam para serem embarcados em Foz-Tua grande parte dos excedentes agrícolas que a região produzia. É neste contexto do comércio regional que o pequeno lugarejo de outrora se transforma, quase que subitamente, em sede de concelho. A explicação para a metamorfose de uma pequenina localidade em sede de uma circunscrição administrativa secular reside na conjuntura económica de meados séc. XVIII, e sobretudo na importância que nesta altura o comércio realizado via rio Douro tinha a nível da região do nordeste transmontano e de toda a área duriense. Na verdade, o que favoreceu Carrazeda foi o facto de se localizar junto de um importantíssimo eixo viário e de possuir uma grande centralidade.


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relativamente aos limites do termo do concelho. Ainda hoje é notória a influência que esse eixo viário teve na organização da textura urbana da actual vila. A partir da sua rua principal, denominada Luis de Camões, que corresponde ao traçado da EN 214 que liga a Vila Flor e à zona ribeirinha do Douro, ordena-se todo o casario e todo o intricado das ruas estruturantes do fluxo e da mobilidade da urbe. O núcleo mais antigo e actual Centro Histórico permanece um pouco periférico, tendo concentrado no seu largo principal os elementos locais de maior prestígio histórico como o pelourinho, a fonte das sereias ou o primeiro edifício do paço do concelho que existiu em Carrazeda de Ansiães, como poderá ser constatado a partir de uma inscrição patente na fachada de um grande e alvo edifício que tem a data de 1736-1737. É neste núcleo de ruas e ruelas sinuosas e estreitas que sentimos a génese do lugar. Casas de compleição granítica aconchegam-se na exiguidade do espaço. Esta é a antiga Carrazeda, a pequena localidade de outrora que abria as portas do planalto a quem nele quisesse entrar.


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Centro Histórico de Carrazeda de Ansiães

A partir da Vila de Carrazeda Ansiães o visitante poderá organizar todos os seus roteiros de viagem. Para tal deverá visitar o Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães onde lhe será proposto um conjunto de alternativas de visita e uma apresentação sumária do património histórico e arqueológico que poderá visitar. O Castelo Ansiães constituirá a primeira proposta de visita, não só por se tratar do nosso monumento ex-libris, mas também porque a sua história resume o passado deste povo ao longo dos últimos 5.000 anos. Emblemáticas para a arqueologia local e regional são também as antas de Zedes e de Vilarinho da Castanheira.

Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães O Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães situa-se no Centro Histórico da vila de Carrazeda, na rua Alberto Lobo. Nesta infra-estrutura cultural o visitante poderá entrar em contacto com resumos históricos e com a exposição de materiais arqueológicos da vila amuralhada de Ansiães. Nas duas salas de exposição são apresentados os aspectos de maior relevância do património arqueológico local. Aqui estão também disponíveis publições que ajudarão o vistante a seleccionar os percursoss culturais existentes no concelho.


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Na zona do planalto carrazedense são inúmeros os motivos de visita. Para além do Castelo de Ansiães, da Anta de Zedes e da Anta de Vilarinho da Castanheira, existem ainda outras alternativas que poderão ser do seu agrado. A Calçada de Mogo de Malta poderá ser um interessante passeio, com um percurso que possibilita ao caminhante a revelação da natureza no seu estado mais puro. Nesta área do concelho, a paisagem revela-se menos acidentada, aqui os pomares de macieiras e o castanheiro marcam a paisagem, misturando-se com extensos campos abertos onde predomina o cultivo do centeio, da batata, do feijão e do milho. É a terra do granito, mais fria, mais áspera, mas onde a arquitectura rural exibe, em muitos casos, a estética proporcionada por esta pedra e, sobretudo, a sua harmoniosa funcionalidade.

Casa em granito

Arquitectura tardicional

Felgueira - aldeia preservada

Calçada de Mogo de Malta Troço de caminho lajeado de cronologia indeterminada. Trata-se provavelmente do antigo percurso que partia de Mogo de Malta, atravessava um fértil e irrigado vale, para posteriormente se dirigir para Freixiel. O percurso, que permite um contacto directo com a natureza no seu estado mais puro, encontra-se indicado localmente com sinalética própria. Aconselha-se equipamento adequado para fazer este passeio.

Pormenor de janela


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Há pormenores na arquitectura tradicional que são de uma espantosa beleza. Este é um exemplo, de entre muitos outros, que se podem encontrar nas aldeias do concelho de Carrazeda de Ansiães. Este tipo de modelagem volumétrica do espaço define a habitação como uma unidade integrada dentro do seu ambiente, satisfazendo todas as necessidades funcionais inerentes quer à produção material, quer ao sistema das relações sociais e culturais que se processam dentro da aldeia. A unidade de habitação unifamiliar organiza-se geralmente em diferentes cotas e possui uma varanda no primeiro andar direccionada para a via pública. O rés-do-chão desta casa era destinado às "lojas" para o gado, à arrumação de alfaias, aos silos, ou à adega; no piso do sobrado arranjava-se o espaço de forma a fazer face às necessidades funcionais e sociais do agregado familiar. Neste caso, o granito mistura-se com a ardósia e com a madeira numa admirável e estética comunhão.



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Castelo de Ansiães Com uma implantação geográfica que lhe confere excelentes condições naturais de defesa, o Castelo de Ansiães surge-nos com uma história milenar, cujo início se fixa por volta do IIIº milénio A.C. Desde esse período que as características geomorfológicas do sítio em muito terão contribuído para uma ocupação sucessiva desta topografia, cuja história culmina durante o período medieval e moderno, altura em que o reduto atinge a sua fase áurea e o respectivo declínio. Em meados do séc.XI a Ansiães é concedido a sua primeira Carta de Foral. O documento é outorgado pelo rei leonês Fernando Magno. Ao longo do período alti-medieval, o local possuía já uma longa e reminiscente herança cultural, factor decisivo para se estruturar como centro fulcral na zona fronteiriça do Rio Douro. Primeiro alargamento territorial: em 1258, os inquéritos régios de Afonso II dão a paróquia de S. Miguel de Linhares inserida "in termino Ansianis". Os séculos XII, XIII, XIV e XV, definem um período exponencial do crescimento deste reduto amuralhado. D. Afonso Henriques em 1175, Sancho I em 1198, Afonso II em 1219 e finalmente D. Manuel I em 1510, reconhecem e promulgam forais à vila amuralhada de Ansiães. Nos finais do séc. XV, e particularmente o séc. XVI, uma tendência demográfica com carácter depressivo começava a atingir o local e em 1527 algumas aldeias que constituíam o município contavam já com uma população superior à de Ansiães. Nas centúrias seguintes este movimento acabou por se agudizar, culminando na transferência do Paço do Concelho para Carrazeda, acto que ocorreu em 1734.


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Igreja Românica de São Salvador de Ansiães A planta da igreja de S. Salvador de Ansiães obedece a dois corpos principais: nave e capela-mor. Mas a sua originalidade reside fundamentalmente no tímpano "Pantocrator" do portal principal cuja iconografia de "cristo em majestade", revela um dos mais completos exemplar do românico português. No mesmo portal ladeiam o tímpano um conjunto de arquivoltas cuja decoração representa "cenas" do apostolado. Todo o conjunto assenta em capitéis profusamente decorados por motivos pouco habituais na plástica medieval. Já no interior e a ladear o Portal principal surge a figura do leão, que aqui desempenha uma função fundamentalmente apotropaica. Na nave do templo rasgam-se duas portas laterais, revelando-se a voltada a Norte de uma fraca exuberância decorativa. Aqui o único elemento digno de realce é a cruz vazada que se abre no seu tímpano. O mesmo não acontece com a porta virada a Sul, estilisticamente mais rica. São de realçar o arco cairelado e os seus capitéis e impostas cujo recurso a uma decoração de cariz marcadamente geometrizante denunciam influências do românico de EntreDouro-e-Minho. No interior, o arco triunfal que divide a capela-mor do corpo principal do edifício revela-se igualmente enriquecido com um conjunto de elementos que fazem recurso a motivos decorativos geométricos, evidenciando algumas influências do românico bracarense. Pelas características decorativas e tendências iconográficas patentes na igreja de S. Salvador de Ansiães, temse cronologicamente situado a sua edificação por volta do Séc. XIII. Nota: Sobre a História do Castelo de Ansiães e da igreja de S. Salvador poderá encontrar informação complementar e mais completa na brochura "Castelo de Ansiães - 5000 Anos de História".


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Anta de Zedes Monumento megalítico designado localmente com o topónimo Casa da Moura. Mantêm-se ainda em bom estado de conservação, preservando-se a sua câmara poligonal e um corredor orientado a nascente. A anta de Zedes estrutura-se com oito esteios imbricados, incluindo a pedra de cabeceira e a respectiva tampa do monumento funerário. No 2º, 3º e 4º esteios do lado sul, na sua parte interna, conservam-se alguns vestígios de pinturas a ocre cujos contornos e motivos se encontram mal definidos, embora sejam representadas algumas linhas onduladas encimadas por um "báculo". Este monumento tem sido alvo de frequentes publicações e é um dos imóveis mais conhecidos e estudados da região transmontana. O percurso para visitar esta anta encontra-se devidamente sinalizado. O monumento situa-se muito próximo da aldeia de Zedes.

Anta de Vilarinho da Castanheira A anta de Vilarinho de Castanheira, também conhecida como Pala da Moura, insere-se numa tipologia frequentemente observada na arquitectura funerária megalítica. Esta anta, que já não apresenta qualquer vestígio da sua mamoa, estrutura-se com uma câmara poligonal composta por oito esteios onde se inclui a laje de cabeceira. Possui ainda a tampa e um corredor orientado a nascente. Desse primitivo corredor é possível observar quatro megálitos aparentemente ainda in situ. Na parte interna de um dos esteios pode-se percepcionar ténues vestígios de uma primitiva composição pictórica. Próximo deste monumento existe ainda um moinho recuperado e integrado na sua paisagem original. Este é mais um motivo que poderá complementar a sua vista.


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De Carrazeda a Pombal de Pombal a Vilarinho Depois de ter visitado a zona ribeirinha do Douro, é hora de descobrir a outra vertente da geografia do concelho de Carrazeda de Ansiães. Parta então da vila, tome a EN 214 que se dirige a Foz-Tua e um pouco depois da aldeia de Parambos irá encontrar um cruzamento. Enverede pela estrada N314-7 que o levará apara o extremo noroeste do concelho. Alguns quilómetros após esse cruzamento, um pouco antes da aldeia de Paradela, encontrará razão para uma primeira paragem. Siga as placas que lhe indicam o topónimo "Fraga da Aborraceira" e percorra um caminho de terra batida até encontrar a famosa rocha gravada. A paisagem agora é mais agreste. Está a entrar no vale do Rio Tua. O relevo acentua-se, o granito alcandora-se e a paisagem torna-se quase dramática. É a natureza em todo o seu esplendor! Retome depois a estrada e siga até Pombal. Nesta aldeia tem vários motivos de visita, dos quais destacamos a calçada de S. Lourenço, as termas de S. Lourenço e uma outra calçada que parte do extremo sudoeste da aldeia.


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Fraga da Aborraceira Este penedo situa-se junto a um caminho que estabelece ligação entre o rio Tua e o Curral dos Mouros. A fraga é de médias dimensões com uma superfície plana onde se encontra insculpido uma série de círculos e semi-círculos, as tradicionais ferraduras, "fossetes" e alguns cruciformes. O conjunto revela uma composição de aparência desordenada e composta por uma distribuição anárquica dos motivos gravados na superfície rochosa.

Calçada de S. Lourenço Troço de caminho lajeado de cronologia indeterminada. Trata-se provavelmente da antiga via que partia da aldeia de Pombal de Ansiães e se dirigia para as termas de S. Lourenço e para o Rio Tua. A via acompanha de forma engenhosa a geomorfologia do encaixado vale do rio Tua, dando origem a um traçado com um interessante valor estético. Trata-se de um caminho lajeado a granito, com lajes de média dimensão e com acentuado desgaste. A calçada de S. Lourenço constitui um dos mais belos percursos pedonais do concelho de Carrazeda de Ansiães.

Calçada do Pombal Troço de calçada ainda bem preservado que estabelece o acesso à aldeia de Pombal para quem nesta terra entrava pelo lado Sul, pelo lado de Paradela. Esta calçada fazia parte de um via de difícil determinação cronológica, podendo ser medieval ou moderna. Este caminho dirigia-se para Sul, no sentido de Paradela, passava no sopé da vertente onde se situa o habitat romano da Costa / Mós e atravessava a Ribeira de Frarigo onde se perde o seu rasto. Este troço pode também estar relacionada com um conjunto de obras públicas que se realizaram na região duriense e que tiveram como objectivo melhorar as acessibilidades e a rede viária de uma região vínicola demarcada por Marquês de Pombal em meados do séc. XVIII.

Siga depois em direcção a Pinhal do Norte, inflicta no sentido de Pereiros e não deixe de visitar a Ponte das Olgas e as aldeias preservadas de Santrilha e Felgueira. Suba depois até Zedes e aprecie a sua famosa anta. Respire aqui calmamente as fragrâncias do campo. Está novamente no planalto. O relevo serena e a vista estende-se por um horizonte mais alargado. Daqui rume a Vilarinho da Castanheira, siga a sinalética da Anta da Pala da Moura e uma vez aí não deixe de visitar a aldeia e um conjunto rural de grande valor etnográfico constituído pelas estruturas molineiras que se implantam muito próximo do monumento megalítico. Este conjunto encontra-se muito bem preservado.

Moinhos em Vilarinho da Castanheira


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O Vale do Tua Estando em Carrazeda de Ansiães jamais poderá daqui partir sem fazer primeiro um paulatino passeio ao logo do Vale do Tua. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, é a paisagem que molda o homem, obrigando-o a adaptar-se às características agrestes que os processos de formação geológica geraram. Ao longo de uma extensão superior a 20 Km o rio serpenteia um encaixado relevo, onde o homem planta em arranjados socalcos a oliveira e pequeninas hortas que suprem as suas necessidades diárias de frutos e vegetais. Desde 1880 que o rio Tua se casou com a linha de caminho de ferro, permanecendo ambos lado a lado, numa complementar e estética simbiose. Uma viajem de comboio entre Foz Tua e Brunheda revelar-lhe-á uma natureza em toda a sua plenitude, uma biodiversidade digna de realce e uma fauna e uma flora ricas e variadas. Em S. Lourenço poderá apreciar a pureza do ar, gozar com todos os sentidos as características quase únicas de uma paisagem primordial e retemperar-se nas suas águas quentes e sulfurosas que, dizem, estão abençoadas pelo santo que emprestou o nome a este local.


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Vale do Rio Tua

Se gosta de desportos fluviais, então aproveite as condições muito apreciadas das águas do Tua, que oscilam entre a quietação e a turbulência, gerando, conjuntamente com as gargantas apertadas que caracterizam o relevo do vale, condições óptimas para a prática da canoagem e de muitos outros desportos que hoje frequentemente se classificam de radicais. E se ainda tiver um pouco mais de tempo faça um farnel e depois desça a Calçada de S. Lourenço num fim de tarde de verão. Deixe-se envolver pelo cheiro e pelo som da terra e apenas retorne quando o crepúsculo a isso o aconselhar.

Vale do Rio Tua


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ONDE COMER Restaurante Avenida | 278617352 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Vinhateiro | 278617352 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Calça Curta | 278685255 | Foz Tua Restaurante Srª da Ribeira | 278649120 | Srª da Ribeira Ponto de Encontro | 278617352 | Carrazeda de Ansiães Restaurante “O Careca” | 278617549 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Europa | 278616685 | Carrazeda de Ansiães Churrasqueira Veiga | 278617365 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Chitaka | 278616258 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Convívio |278617650 | Carrazeda de Ansiães Restaurante Minhoto |278616710 | Carrazeda de Ansiães

ONDE DORMIR Casa da Urraca | Turismo Rural | 278639178 | Vilarinho da Castanheira Residencial Veiga | Residencial | 278617352 | Carrazeda de Ansiães Quintinha do Manel | Residencial | 278617487 | Vilarinho da Castanheira Senhora da Ribeira |Residencial | 278649422 |Srª da Ribeira - Seixo de Snsiães Casa do Tua | Turismo Rural | 278681116 |Foz Tua Hotel Rural Flor do Monte |Turismo Rural | 278660010|Pombal de Ansiães

CONTACTOS ÚTEIS Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães | 278616104 Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães | 278610200 Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães | 278610050 Farmácia Rainha | 278616250 Farmácia Veiga | 278617119 GNR | 278610020 Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães | www.castelodeansiaes.com



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