Cinturao negro revista portugues outubro 2014

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“Não existe nenhum grande génio sem um toque de demência” Séneca

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“Se toureia e se entusiasma os públicos da mesma maneira que se ama e se apaixona, por virtude de uma secreta fonte de energia espiritual que, a meu entender tem lá, no fundo do ser, a mesma origem. Quando esta oculta nascente está seca, inútil é esforçar-se. A vontade nada pode. Não se nos apaixonamos por vontade, nem a vontade toureia” Manuel Chaves Nogales

m Mestre que me ensinou muitas coisas (os meus mestres sempre o têm feito… obrigado), punha sempre em perspectiva a ideia do técnico como o degrau mais baixo do conjunto evolutivo da consciência. Na sua perspectiva, o estratega reinava desde o mais alto, seguido do táctico e por último, lá ao fundo, existia o técnico. Por mais que essa visão fosse de alguma maneira pejorativa, é justo dizer, claro está, que sem técnicos, o nosso mundo não funcionaria. Ele é o elo com mais apego à realidade imediata, o que trabalha sobre as coisas mais tangíveis; faz que os aviões não caiam e que os comboios andem, realiza um transplante ou fabrica um computador… Em toda classificação, sempre temos tendência a acentuarmos o que mais impele a nossa tendência, mas cada um em seu lugar cumpre o seu papel, ocupa o seu espaço e se realiza em sua natureza. Parece que essa é precisamente uma das chaves ocultas da felicidade, a de que a própria natureza seja correspondente com as funções que cada um realiza. Fora de contexto, todos somos mais ou menos desajeitados e nos sentimos menos satisfeitos e menos valorados pelos outros. Os reducionismos são sempre fruto da tendência de cada um. A técnica não é tudo, nem muito menos. Sem coração, sem espírito, a técnica é uma casca vazia; uma máquina, um automatismo. O valor das grandes coisas reside no intangível. Não é o mesmo dar passes… que tourear, fazer… que criar as condições para que as coisas aconteçam…, acompanhar a natureza das coisas, que combate-la. O subtil sempre se eleva, o refinado, com o tempo sempre se impõe, porque o imediato adora o específico, tanto como o permanente o abstracto, a ideia. a arte, o mistério e a magia das coisas, não existe pela técnica, antes sim é esta uma consequência daquela. Tocar notas não é fazer música e mesmo que as notas que tocarmos não se afastem do parâmetro da harmonia, é o alinhavo criado pelo coração e o sentimento do indivíduo criador o que lhes proporciona alento, coerência e sentido. Não há truques, técnica, nem artifício que substituam esse mistério. Ter “ofício” não é ser criativo. Dizem que a música é matemática, mas nenhum matemático conseguiu um super-vendas misturando números, bem deixar na memória do conjunto dos homens, melodias eternas como Yesterday ou tantas outras. O génio se alimenta de extremos, tormento e mágoa. O comum dos mortais adora e idolatra a genialidade, mas a verdade é que não suporta o génio. Armado de grandes virtudes, caminham com seus grandes defeitos, esbanjando muito de bom em seu esforço por não cair, ou fazendo muito mal em seu esforço por prevalecer.

Mas é dos defeitos de onde surgem virtudes inesperadas: Belmonte criou o toureio moderno porque não tinha faculdades físicas para correr diante de um touro. Na sua época, tourear consistia em evitas as investidas dos touros com a maior graça possível, mas ficando quieto, ele teve de o enganar com a capa e a muleta e aí nasceu o toureio moderno. Antes dele se dizia “Ou te afastas tu, ou te afasta o touro”; ele sentenciou: “Se sabes tourear, não me afasto eu nem me afasta o touro”. Um toureiro daquele tempo, Rafael Guerra, dizia: “Si queres ver Belmonte apressa-te, porque qualquer dia um touro o mata”. Mas foi a Joselito, a sua contraparte, a quem finalmente matou um touro; Belmonte morreu com 70 anos com um tiro que ele próprio disparou em sua cabeça, dizem que no dia em que não conseguiu montar o seu cavalo, a sua outra paixão. E é que acontece que as pessoas mais notáveis, são essencialmente grandes tarados. Não se pode ser bom em tudo; a grandes virtudes… grandes defeitos; é na compensação desses gradentes descomunais, onde eventualmente surge o génio, um efeito que parece antitético à ideia da felicidade. A maioria destes indivíduos estão curiosamente ausentes do seu próprio processo, teimando em ser geniais naquilo que o não são e em ter razão ainda quando a não a tenham. Frequentemente são obsessivos e auto-destrutivos. E é que quando os desníveis são muito grandes, se fazem extremamente difíceis o equilíbrio e a serenidade, tornando a sabedoria e o equilíbrio das conquistas sumamente complicadas, habitualmente suplantadas por circunspecção, gravidade e até autoritarismo. Um conhecido Mestre japonês de Aikido, chegou a se arrancar uma mola da sua boca, em um furibundo ataque de ira… Picasso era um terrível tirano arrogante… Paul Gauguin se definiu a si mesmo em seus “Escritos de um selvagem”… Só o tempo dá a justa perspectiva a estes personagens. Os que conseguem uma certa paz acostumam a faze-lo já muito idosos e em solidão, após uma vida atormentada de luta contra si mesmos. Mas o resultante do dito brutal confronto pode tornar-se algo especial que toque muitas vidas. Não, não é fácil o destino do génio (nem para ele nem para os mais chegados). Afortunadamente eu o não sou, fico numa simples “border line”… O meu caso se aproxima mais à ideia do homem orquestra (diria renascentista, mas cada dia me parece mais pretensioso), não sei se por natureza, por opção ou por uma mistura de ambas coisas, que nisto dos caracteres, o que levas por natureza e o que fazes, acabam por atrapalhar com o passo dos anos. Gato Perez dizia “que si não tens felicidade, nem és sábio nada és”. Mesmo que seja em doses terapêuticas e


Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. e-mail: budo@budointernational.com

tropeçando, é preciso ter alguma coisa disse para ir avançando. A alegria e o possitivismo podem por vezes mais que muitos quebradeiros de cabeça. Bem diz o povo: “Se agarram mais moscas com mel que com vinagre”. Mas foi outro Mestre meu quem me situou com maior intensidade, perante o paradigma técnica versus arte, o meu Mestre de pintura, Manolo Tarazona. Fui o único aluno que ele teve, provavelmente por ter sido o único que o aguentou. Se definia como um anormal, porque o tinham concebido durante um bombardeio. Disney o escolheu junto com mais 10 crianças da Europa, para ser becado nos EUA, pois com 13 anos já ganhava a vida fazendo bandas desenhadas de êxito; mas ele disse que queria ser pintor em Paris… e foi! Trabalhou em certa ocasião para Dalí, realizando uma técnica de pintura a oiro; uma vez finalizado o trabalho, que foi muito bem pago, o seu marchante lhe disse que o Mestre queria conhece-lo. Manolo respondeu imediatamente: “Pois eu a ele, não”. Estupefacto, o homem perguntou os motivos e Manolo respondeu: “Porque me decepcionaria”. Pegou no seu milhão de pesetas da época e foi por conta de Dalí percorrer as Américas com seu amante (nessa ocasião um inglês). Ele, que era um génio, me explicou que me ensinaria a técnica, mas que tentaria explicar-me o mais importante: A ser artista. Para ele, pintar era o processo final, a terapia e o resultado da sua aproximação a sentir a vida. Essa sensibilidade, era uma estranha união de fantasia, sentimento, loucura e engano. Para se encontrar, tinha de se perder ele… E ele sem dúvida se perdeu! E como… Mas nessa loucura, em seu pessoal frenesim, soube deixar algumas obras imortais e plantou inequívoca emoção com seus quadros, em muitíssimas paredes do planeta. Como ele dizia, uma janela pela que voava a fantasia dos que olhavam as suas, ele emprestava seus olhos e a sua fantasia, para pôr alguma coisa disso que a ele sobejava em suas vidas… e conseguia!… O preço foi muito alto, mas viveu e morreu em sua lei e hoje eu só tenho carinho e respeito por ele nas minhas recordações. Que a sua alma encontre agora paz e sossego. A técnica sem o espírito é um artificio; quando esta provem da alma, é sabedoria, é arte sem artificio e adquire assim toda a sua grandeza. A verdade escondida do Toureio e da Arte, são o flogisto da sabedoria, e quando esta faz acto de autêntica presença, tudo flui sem aparente dificuldade, mas com profundidade e verdade profundas. Dominar uma Arte ou uma técnica, não nos faz donos de todas elas, nem sequer de nós mesmos. Acompanhamos a https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5 vida, como ela a nós e nesse decorrer, deixamos farrapos do nosso ser, esculpindo a nossa natureza. Afinal, o olmeiro, talhado ou não, continua a ser um olmeiro e o carvalho… um carvalho. Reunir a essência da arboreidade após essa decantação, é um passo superior onde a técnica não tem cabimento, só o espírito pode tal façanha. Transcender desta maneira os limites do individual não requer de génio, mas de lucidez, desapego e compaixão.




Em 2008, demos a conhecer publicamente o livr o sobr e Kyusho para as forças de segurança; o pr ograma se denomina “Pr ograma de Contr olo Táctico Kyusho (KTCP)” e é usado em muitos países e organismos de todo o mundo. Isto foi só o primeiro dos 4 módulos que se intensificaram no grau de emergência e estresse, no entanto, demonstrou ser altamente efectivo e provado. Te m o s a P o l í c i a E s t a d u a l e L o c a l , sheriffs, agentes federais, equipas

SWAT, Agentes Antinarcóticos, Guardas de prisão de alta segurança, Guarda-costas, porteiros, médicos e pessoal de emergências, Enfermeiras e unidades de ATS e muitos mais, todos eles empregam com êxito este sistema de controlo simples e eficaz. Agentes de campo têm sido treinados nos sistemas de "pontos de pressão" durante muitos anos, de maneira que perguntamos: o que tem o KTCP que está por cima de outr os pr ogramas de for mação mais antigos?


ois bem, há muitas respostas, mas acima de tudo, que não são vistos como "pontos de pressão" e não reparamos nas estruturas anatómicas subjacentes do corpo e na aplicação mais simples e eficaz de pressão sobre eles. Por exemplo, nós não tratamos de pressionar um ponto para causar dor (a maioria não causam dor, mas têm outro objectivo), em vez disso fazemos a compressão de um nervo que causa acções neurológicas

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reflexas, reacções e enfraquecimento do corpo. Este enfraquecimento permite que o agente aplique mais facilmente as técnicas aprovadas em sua jurisdição. Além da eficiência, também permite ao agente movimentar-se livremente de objectivo para objectivo, durante uma situação de domínio completo do corpo do agressor, sem o magoar fisicamente. Isto não só controla o indivíduo, como também mantém todas as partes mais a salvo da força ou da escalada de acções agressivas.


Mas em vez de falarmos dos seus benefícios nós mesmos (como estamos fazendo e obviamente encantados de o fazer), basta incluir os comentários de vários agentes que aplicam a lei em todo o mundo e com as suas próprias palavras mostrarmos os comentários destes agentes, que se podem ler na sua totalidade em: http://www.kyusho.com/ktcp/

Tenente Gary Gione (Ret.) Nova York, E.U.A. Durante vinte anos e vinte dias, servi no Departamento da Polícia mais grande do mundo, a polícia de Nova York. Realizei ou supervisei mais de 5.000 retenções na minha carreira.... Houve muitos momentos em que tive de usar as aplicações de Kyusho com os agressores que não cooperavam. Isto o fazia para me proteger e não sofrer lesões. Sem este especial conhecimento, os resultados destes confrontos poderiam não me terem sido favoráveis... A segurança e o facto de serem tão práticos são muito importantes para os funcionários deste país e o Kyusho proporciona ao oficial outro nível de protecção! Insisto em que todas as forças do ordem, militares, guardas de prisão e pessoal de segurança, deviam praticar e aplicar estas técnicas; isso pode marcar a diferença entre a vida e a morte.

Insisto a todas as forças de ordem, militares, guardas de prisão e pessoal de segurança, para praticar e aplicar estas técnicas. Isso pode constituir a diferença entre a vida e a morte” Detective Inspector Henrik Engelkes Estocolmo CID Regional, Divisão de Narcóticos (U.S.A.) A primeira vez que usei o Kyusho para controlar um suspeito, me surpreendeu que funcionasse tão bem. Algumas pessoas me tinham dito que os pontos não funcionam quando o suspeito se encontra sob a influência de narcotizantes, de maneira que eu não podia ter certeira do efeito. Mas

os pontos de pressão nunca falharam.... Algumas pessoas argumentam que sob a influência de drogas não sentem dor e portanto os pontos de pressão passam a ser inúteis. Segundo a minha experiência, isto não é assim. Realmente não importa se sentem ou não sentem dor. Na maioria das vezes, o sistema nervoso vai reagir como se espera. O segredo não é a dor mas a reacção física aos estímulos... O oficial não precisa aprender novas técnicas, só precisa perceber um pouco melhor, os mecanismos do corpo e as técnicas. Os nervos estão debaixo da pele e as reacções, quando se aplica pressão, na sua maioria são predizíveis, posto que muitos dos pontos activam reacções reflexas que podem ser estudadas. Não há nada de estranho nos pontos de pressão, se tivermos um conhecimento normal das funções do corpo e especialmente do sistema nervoso. Posso recomendar o uso do (Kyusho) para todos os agentes de ordem. Também recomendo que para a aplicação do conhecimento em um sistema oficial, utilizar sempre um instrutor diplomado.

Markus Maislinger Agente penitenciário Salzburgo, Áustria Como oficial penitenciário na Áustria, procurei durante muito tempo



em diferentes Artes Marciais, para encontrar um bom sistema que pudesse usar nos dias de serviço. Treinei diferentes estilos e tratei de combiná-los com as técnicas aprendidas na minha educação básica e que todos os oficiais realizam. Me levou algum tempo até encontrar na Internet, um livro de Evan Pantazi: "Kyusho para agentes da Lei". Li o livro inteiro em um dia e tratei de pôr em prática os pontos e as técnicas indicadas… O Kyusho permite a todos os oficiais fazer as suas técnicas de maneira mais eficaz e menos perigosa. No meu caso, tenho diferentes problemas, como por exemplo, muito pouco espaço e que os oponentes têm anos de experiência magoando pessoas. Assim sendo, o Kyusho possibilita que o meu trabalho seja mais seguro. Outra das suas virtudes é que os internos respeitam a maneira em que uso as minhas técnicas. Eles sabem que eu uso a força que tenho… e que o Kyusho é a maneira mais segura e melhor de trabalhar. Isso é o que os inter nos conhecem e respeitam!

Marcello Giannola Polícia Estadual em Palermo (Itália) O conhecimento e uso do Kyusho é muito importante para os oficiais da Polícia, que frequentemente trabalham em situações conflictivas e perigosas,

“Nos meus 13 anos de experiência como oficial da Polícia, encontrei no Kyusho a forma correcta de manipular as pessoas que são potencialmente perigosas para si próprias e para os outros” podendo assim enfrentar-se proporcionalmente às possíveis agressões, o que leva o agente a usar com menos frequência as armas reglamentárias e o uso da força física, sem utilizar armas específicas, incluindo as armas de fogo. Tudo isso implica para estes agentes, o conhecimento de um sistema que tem como objectivos os seguintes pontos: 1. A natureza não perigosa do sistema ou a resposta adequada ao perigo e às situações, para que sempre que possível, assegurar que a lei será

cumprida, fazer cumprir o castigo que a sociedad civil impuser e ter um valor social que não é indiferente à justiça genérica e pessoal. 2. A oportunidade de aprender algumas técnicas simples e treinar baseando-se em esquemas motores básicos, que facilmente podem ser usados por homens e mulheres, sem servirem-se do conhecimento de esquemas motores complicadoss. 3. Evitar outras consequências legais relativas ao uso excessivo da força, evitar as denúncias por abuso de poder ou por excesso de negligência, relatiivas às lesões físicas provocadas pelo agente, mesmo que não sejam graves mas sim visíveis. Em meus 13 anos de experiência como oficial da Polícia, tenho treinado com o Kyusho a maneira correcta de lidar com as pessoas potencialmente perigosas para elas próprias e para os outros.

Nome e fotografia não revelados por motivos de segurança Como Federal da Polícia Aérea dos Estados Unidos, fui treinado em uma variedade de diferentes estilos de defesa pessoal, que me proporcionaram as ferramentas adequadas para me defender a mim e ao meu país. Se bem estes estilos de auto-defensa podem variar na execução e no método, todos comparticipam de uma técnica



principal similar. O Kyusho é um dos fundamentos básicos que a Agência Federal da Polícia Aérea vem utilizando para ajudar a equipar melhor os seus agentes para estarem preparados para defender-se de qualquer tipo de ataque. O Kyusho utiliza técnicas simples mas muito efectivas para: desarmar, restringir, prender, impedir ou dissuadir um indivíduo de realizar qualquer tipo de assalto físico. Com o conhecimento básico e o uso do Kyusho, sou capaz não só de aplicar os métodos em situações potencialmente perigosas para a vida, como também incorporar os movimentos fundamentais subjacentes, a qualquer outro tipo de técnica de defesa pessoal que possa usar. Tive muitos instrutores qualificados e experientes que me ensinaram muitas Artes e estilos Marciais de auto-defesa; no entanto, nenhum foi capaz de se comunicar, instruir e me oferecer os seus conocimentos como faz Evan Pantazi. Tive a sorte de trabalhar com Evan Pantazi em um ambiente pessoal e individual. A sua compreensão e aplicação do Kyusho é mais eficaz e aplicável que qualquer outra instrução que eu tenha recebido. A sua capacidade para adaptar os métodos do Kyusho ao reduzido ambiente de um avião, é só mais um

“A visão mostrada pelo Sr. Pantazi é prática e realista e é muito superior a qualquer outro sistema que eu tenha ensinado” exemplo do efectividade e da convenência so método de Evan para o meu tipo de trabalho. Evan me proporcionou uma nova dinâmica para lutar e defender-me em qualquer situação.

Christopher M. Smaby, Instrutor de oficiais Iowa, E.U.A. Como instrutor de tácticas sem armas para as forças da lei, os últimos 24 anos, descobri que as habilidades ensinadas pelo Sr. Pantazi e o Kyusho Inter nacional são muito uteis e eficazes em situações da vida real. O que o Sr. Pantazi ensina é prático e realista e muito superior a qualquer outro sistema dos que me ensinaram. O Kyusho tem formado parte dos

meus estudos durante anos e assim vai continuar a ser.

João Ramalho Funcionário - (unidade especial antidistúrbios) Portugal Apesar de já ter experiência em Artes Marciais, durante muitos anos yenho pesquisado e procurado sistemas de auto-defesa que se pudessem adaptar à minha situação profissional como agente da lei. Todas as técnicas, teorias e estratégias que encontrei e que experimentei em muitas artes marciais tradicionais durante a minha procura, simplesmente não eram compaíveis com os limites da intervenção impostos pelas leis portuguesas. Na firme crença de finalmente ter encontrado algo que poderia adaptar-se a estas limitações restritas, impostas pela minha actividade, conheci Evan Pantazi em Barcelona, em um Seminário para corpos de segurança. Após tantos anos procurando, compreendi então que todas as perguntas que nunca me tinham respondido, estavam sendo abordadas de uma maneira intuitiva e simples através do programa que nos apresentavam. Foi este um programa que apresentou um nível de controlo que me permitia manter as restrições com



pouco esforço e sem pôr em perigo a integridade física do sujeito a apressar. Acredito firmemente que o KTCP de Kyusho Inter national será daqui a poucos anos, a ferrameenta obrigatória para os agentes encarregados de fazer cumprir a lei por todo o mundo.

Tenente Wayne Moody - comandante do SWAT Texas, E.U.A. Tenho estado usando o Kyusho na rua durante mais de 10 anos... A meta de qualquer funcion srio que se encontrar em um confronto violento, é controlar o suspeito. Estas técnicas dão ao oficial uma vantagem quando trata de conseguir este objectivo. As técnicas e tácticas que se usam são simples, foram provadas na rua e se podem integrar nas tácticas e habilidades que já se tiverem... Lembro-me de ter assistido a uma aula para as forças e corpos de segurança faz 15 anos, mais ou menos, onde se tratavam os Pontos de Pressão de Controlo. Eu já tinha experiência em Artes Marciais e quando saí da aula, não estava demasiadamente impressionado. Tive a impressão de que os pontos de pressão não eran muito valiosos para as forças de segurança… Estava muito enganado! Descobri isso alguns anos depois, quando durante um seminario de Kyusho, me encontrei com os instrutores Pantazi e Corn, especialistas na matéria. Saí daquela aula surpreso e entusiasmado com os pontos de pressão para o combate. Na época, eu estava em uma missão e comecei a trabalhar e a experimentar estas tácticas na rua. E aqui estamos, vários anos depois, de ter experimentado as técnicas. Como já disse, tenho tido bons

resultados..., tenho podido fazer o meu trabalho e voltar para casa no fim do dia, junto dos meus seres queridos.

Dan King Agente penitenciário Tennessee, USA Quando a polícia prende alguém, leva-o para a zona de entrada de uma prisão. Os indivíduos que estão sendo custodiados pelos funcionários das prisões, nesse momento acostumam a se tornarem violentos porque foram presos e podem estar drogados ou embriagados. O zona de reserva não é um lugar de felicidade para os presos. Perderam a sua liberdade, os "polícias" estão guardando as suas pertenças e a roupa e a realidade da sua situação está começando a aflorar. Este é o ponto em que tenho tido a maioria das lutas na minha carreira como agente penitenciário. Ao longo dos anos, estudei várias Artes Marciais. A triste verdade é que em muitas Artes Modernas se ensina mais o lado artístico da arte que a parte Marcial. O PPCT inclusivamente tem limitações... O Kyusho, para as forças e corpos de segurança vai mais além de tratar de provocar dor às pessoas que não podem sentir nada. Se manipula o sistema nervoso do oponente para controlar a situação... O facto de não sentirem dor em um ponto, não quer dizer que o resto do seu sistema nervoso esteja fora de serviço. Tenho lutado contra drogados de crack, de metanfetaminas e contra bêbados, utilizando o Kyusho para pôr fim aos altercados. É fácil de aprender... mas o mais importante é que FUNCIONA!



Ajudante do Sherif Joseph Lamb (Ret.) Massachusetts, E.U.A. Quando o teu trabalho consiste em prender pessoas todos os dias, aprendes rapidamente que as técnicas de controlo e as tácticas defensivas habituais não são adequadas. Descobri anos atrás, que a aprendizagem de técnicas de Kyusho era o complemento perfeito para as habilidades que já tinha. Não há magia no Kyusho, só se utilizando o conhecimento da fisiologia humana básica e a aplicação de alguns conceitos bastante simples. De maneira alguma sou um praticante avançado de Kyusho. Aprendi alguns pontos de pressão e conceitos Kyusho pelo caminho e tenho-os utilizado constantemente no decorrer das minhas funções. A beleza do Kyusho é que não necessariamente temos de modificar o que já estamos fazendo, mas sim apenas adquirir um pouco de conhecimento de como fazer, para que funcione melhor. O Kyusho tem uma série de vantagens que se podem capitalizar em muitas situações diferentes, como material combativo de utilidade contra gente resistente e passiva.... O melhor de tudo é que muito provavelmente não se causem lesões visíveis, o que ajuda a evitar as queixas da força excessiva... Aprendendo Kyusho, nos estamos educando a nós próprios para nos

rornarmos um melhor agente da lei, mais seguro, mais humão e que poderá evitar possíveis problemas legais.

Jaap Jan de Lange – Agente de Primeira Classe Bant, Paises Baixos Fui agente da Polícia durante mais de 11 anos. Neste momento estou trabalhando como detective, mas trabalhei como polícia da rua durante mais de seis anos e durante mais de um ano fui membro de uma unidade especial de detenção, especializada em prender pessoas em situações de manifestações e momento difíceis. Desde que comecei a estudar Kyusho o tenho utilizado no meu trabalho de polícia e realmente marcou uma grande diferença. A grande vantagem da utilização dos pontos de pressão é que se podem utilizar em tudo o que já se acostuma a fazer, mas se obtem uma resposta muito melhor. Outra grande vantagem é que quando se percebe o que um ponto provoca, se pode utilizar para obter um bom resultado sem utilizar outro tipo de violência. Por exemplo, quando uma pessoa se aferra a um vala ou ao volante de um carro, é muito fácil conseguir que abra as mãos mediante o uso de um ponto de pressão no pulso. Se não se souber isto, teremos de lutar para abrir a mão, o que levará

a mais violência e a mais queixas dos detidos... Recomendo altamente o KTCP, não só a todos os agentes de segurança como também a todas as pessoas que poderiam ter de controlar a pessoas agressivas. Os pontos que se ensinam foram provados na vida real contra agressores que apresentaram resistência. Também é importante a maneira como o programa mostra o material que assegura que se seja capaz de encontrar o ponto e se seja capaz de usaá-o imediatamente depois de aprendido.

Patrick Hummer Wels, Áustria Desde que uso o KTCP no meu trabalho, parece-se ser muito mais fácil controlar e prender pessoas. Tenho a certeza de que o KTCP depressa acabará sendo usado na formação básica dos agentes da Polícia na Áustria. Estes são só algumas das centenas de testemunhas que temos recebedo nos últimos anos. Todas elas têm rasgos em comum, o Kyusho é uma ferramenta muito valiosa para os corpos de segurança, assim como para qualquer pessoa que deva de controlar outros que tenham perdido o controlo. Como já indicamos, os comentários destes oficiais se podem encontrar na página: http://www.kyusho.com/ktcp/




“Tenho lutado contra drogados com crack, com metanfetaminas e bêbados utilizando o Kyusho para acabar com os altercados. É fácil de aprender... mas o mais importante é que ¡FUNCIONA!” Dan King Agente penitenciário. Tennessee, USA


EM ESPANHOL

REF.: • KYUSHO-22


DISPONÍVEL A PARTIR NOVEMBRO 2014!


WingTsun


Princípios, Técnicas e Filosofia Nos últimos anos têm aflorado no mundo das Artes Marciais inúmeros sistemas de defesa pessoal que baseiam a sua prática em uma “pr esumível eficácia demonstrada em ambientes hostis”. Este impressionante lema que muito na moda está na actualidade, não é, na minha opinião, o melhor dos argumentos que os sistemas de defesa pessoal deveriam de utilizar.



Para mim, o mundo das Artes Marciais comete erros de base em suas técnicas de comunicação, erros que permitem que em muitas ocasiões se dê ou NÃO ao praticante uma imagem muito confusa, do que na realidade fazemos. Bruce Lee afirmava (como quase sempre com uma suma elegância) que “eficaz não é o estilo, mas sim a pessoa…” Fica dito! Na imensa maioria dos casos, estes sistemas são a síntese das experiências dos instrutores ou mestres que fundaram estes sistemas de luta. Pessoalmente não vejo nada de mau nisso. Me parece valente e honesto propor coisas à comunidade marcial, principalmente quando o professor ou mestre que tenta convencer seus alunos ou seus seguidores, das bondades do seu sistema, é capaz de dizer abertamente: “Esta é a minha visão”. Por desgraça, isto não é tão comum como deveria de ser e este “pequeno detalhe” é facilmente esquecido. Na minha opinião, a questão é que tanto faz quantos são os méritos acumulados por teu professor de Artes Marciais ou por qualquer guru dos sistemas de Defesa Pessoal. Um sistema baseado na experiência pessoal de um praticante, servir-lhe-á a ele directamente ou a pessoas com as suas mesmas características: fisionomia, predisposição mental, etc…, mas não existem muitas possibilidades de êxito em pessoas diferentes. Por este motivo, eu não presto muita atenção aos sistemas de luta que NÃO se baseiam em PRINCÍPIOS da mesma, nos princípios da Arte da Guerra! As técnicas mudam mas há princípios que são inerentes à arte do combate. Os tempos podem mudar ou evoluirem as técnicas, mas os princípios são eternos. Os meus últimos estudos defendem esta teoria e acima de tudo permitem que cada indivíduo, com o treino adequado e o tempo de prática necessário, consiga desenvolver as sua próprias capacidades, o seu próprio estilo! No mundo das Artes Marciais Chinesas e do Wing Chun em especial, é este um assunto realmente importante. Por diversos motivos, dos quais já tenho falado muito em diferentes artigos, o mundo do KungF/WuShu padeceu um desmembramento muito grave a partir da “Revolução Cultural do Proletariado”, que explica as enormes carências a nível técnico, táctico e de conhecimentos importantes que os estilos têm vindo arrastando até hoje. O sectarismo típico entre os sistemas de Artes Marciais das diferentes


“denominações de origem” (Budo Tradicional, Arnis/Eskrima/Kali, Artes Marciais Coreanas, WuShu, etc…) tem acrescentado estas CARÊNCIAS IMPORTANTES. É curioso porque muitos têm seus medos AMPLIADOS sensivelmente quando se trata subestilos dentro de um mesmo estilo. Como se o maior inimigo do próprio estilo fosse um de seus “irmãos”. Assim, é muito comum escutarmos discussões entre mestres de Wing Chun, que além de VERGONHOSAS devido ao fundo da questão, o são ainda muito mais devido às maneiras. Na minha opinião, um professor de Artes Marciais deve ser profundamente respeitoso. De não ser assim, a prática das Artes Marciais carece de sentido. Podemos pensar acerca de algumas destas discussões e talvez consigamos (se algum deles ler esta coluna) que se reconheça nela e medite acerca de mudar a sua atitude. Há Mestres (que assim se chamam a si próprios) que afirmam possuir o estilo AUTÊNTICO E ÚNICO. Eliminando portanto a possibilidade de que mais NINGUÉM que não seja estudante deste mestre ou pertença à sua associação ou “linhagem” possa conhecer a autêntica verdade do estilo. O leitor de certo concordará comigo que aqueles que se fazem donos das palavras autêntico e único, descartam de maneira definitiva todo o resto de praticantes do mundo. Afinal, todo aquele que não está com ele, não deveria de utilizar o nome do estilo… Há Mestres que falam, comentam e corrigem praticantes ou mesmo qualificam a capacidade de outros professores, quando eles próprios nunca saíram de seu “kwoon”. O Wing Chun é uma Arte de Combate na qual CONSTATAR a eficiência de nós próprios é muito simples: CRUZANDO

AS MÃOS NO “ONE TO ONE”… Se verdadeiramente se tem uma segurança total e absoluta na própria eficiência e na incapacidade do outro, é tão simples como demonstrá-lo. Muitos falam então em “RESPEITO”, esse mesmo respeito que parecem esquecer quando julgam pessoas honradas que fazem e dão tudo o que têm por seus estudantes e escolas. Na minha opinião, se alguém não é capaz de fazer isso, o melhor que poderia fazer é ficar calado, respeitar os outros e trabalhar diligentemente para superar-se a si mesmo, SEM SE COMPARAR com ninguém. Há Mestres que apesar de sua mediocridade em todos os aspectos, conseguiram mediante “alianças estratégicas”, marketing e outras diferentes ferramentas, CONVENCER a todos de que aquilo que ele faz é realmente o autêntico. Acostumo a utilizar o exemplo do ROLEX FALSO. Faz alguns meses eu escutava uma discussão a este respeito, onde o possuidor de um dos famosos relógios foi vítima de um habilidoso enganador, que conseguiu convencê-lo de trocar um, por um relógio de uma categoria superior, da mesma marca, mas que era falso. Afinal, os habilidosos na arte do engano são capazes de utilizando o nome Yip Man, Autêntico Yip Man, ou qualquer outro, usando o nome do falecido mestre, cobrir com um halo de autenticidade o que em condições normais ninguém levaria a sério… Quer dizer: alguns novos praticantes “compram”, mas depois o ROLEX NÃO FUNCIONA porque pára daí a pouco… Isto poderá parecer mentira, mas posso garantir que é absolutamente realista e actual. Estas reflexões em voz alta nos servem também para tentar que estas pessoas possam ver-se reflectidas nestes casos, para introduzir o leitor na minha teoria acerca do sentido da prática de uma Arte Marcial extraordinário, que é continuadamente mal tratada por aqueles que afirmam ama-la enormemente. Quando realizo uma crítica, seguidamente tento ser coerente com

o que digo e proporcionar uma solução (sempre sob meu humilde ponto de vista) caso possa servir a alguém. Faz tempo que perdi a esperança com alguns destes sucedâneos de praticantes de Artes Marciais, mas também encontro pessoas generosas, respeitosas e com vontade de fazer coisas boas por este estilo e para elas tento dar um ponto de vista construtivo. A minha reflexão deste mês visa tentar provocar uma reflexão nos praticantes, acerca deste tipo de atitudes completamente infantis e que se as tirarmos do contexto onde se realizam (mundo das Artes Marciais) podem chegar a ser VERGONHOSAS para as pessoas que não pertencem a este mundo das AAMM. Por fortuna, a cada dia cresce a corrente de praticantes de mente aberta, que preferem o R E S P E I T O , COMPARTILHAR pontos de vista ou simplesmente comportar-se como Artista Marciais que respeitam as ideias e opções de outros, até mesmo que por vezes sejam enfrentadas. Este ponto me serve para me introduzir no título da coluna deste mês: Princípios, Técnicas e Filosofia. Utilizando algumas frases atribuídas ao Grão Mestre Yip Man (actualmente máximo expoente da tradição e da autenticidade, mas que foi criticado e atacado pelos tradicionalistas da sua época) iremos buscar esta: “Tudo o que sai dos meus punhos é WingTsun”. Apesar desta cinematográfica frase ser muito conhecida, realmente não se ajusta à que realmente acostumava a usar o Grão Mestre Yip Man, que era: “Se cumprir os princípios… é WING CHUN KUEN”.



WingTsun Mais uma vez, o Grão Mestre Yip Man nos dá uma lição de naturalidade, mentalidade evoluída e conhecimento das Artes Marciais Chinesas. Quando um praticante quer chegar ao fundo da questão neste sistema (e em outros), vê-se obrigado a mergulhar na barafunda que constituem as histórias sem contrastar, as opiniões, os juizos e ideias confusas. Mas há coisas que utilizando um ponto de humildade, o bom senso e a capacidade de escutar

as opiniões das pessoas desde um ponto de vista mais realista, nos podem esclarecer muitas coisas. Observando muitas escolas, encontramos um estilo separado, como um corpo se membros e atirado ao campo… Quer dizer: há estilos ou ramos que têm uma parte do conhecimento (o técnico). Outros que conservam de maneira perfeita os “Kuen Kuit” do estilo (poemas de conhecimento). Alguns outros que mantiveram algumas das “chaves” na

sua prática acerca da estratégia do Wing Tsun…, mas nenhuma, ou quase nenhuma, trabalha estas três partes do sistema. Evidentemente, todas tentam convencer o resto de que a sua parte é a melhor. Mas, o que aconteceria se na realidade fosse impossível fazer eficaz e completo um sistema, sem unir as três? E ainda mais, afirmo que é impossível conseguir que este estilo seja eficaz e eficiente na luta, se não somos capazes de unir os TRÊS


pilares e treinar, estudar e praticar sobre eles. Se alguma coisa há que diferencia o Wing Chun do resto dos sistemas de Defesa Pessoal surgidos nos últimos anos, é que em TEORIA, o sistema Wing Tsun Kuen fundamenta a sua prática em uns PRINCÍPIOS. Estes princípios enumerados até a saciedade a modo de “credo”, deveriam ser o pilar principal da prática. Parece lógico aceitar que dentro de umas sentenças ou regras

que descrevem os princípios, há uma margem e inclusivamente alguns pequenos matizes que podem chegar a dar-nos leves diferenças de opinião, mas não é o que agora observamos. Parece-me profundamente ridículo quando observo praticantes do Norte da Europa ou dos Estados Unidos, que andam por 1’90m de altura e superam os 100kg de peso, fazendo Wing Tsun, imitando o trabalho de algum praticante chinês que mede 160cm e pesa menos de 50kg. As técnicas se

fundamentam em princípios da física (alavancas, pontos de apoio, linhas de força, etc.…) nunca devem ser uma coisa a ser simplesmente copiada. E ainda mais: sem compreender os princípios aos quais serve, a técnica deixa de fazer sentido. Este ponto é realmente muito comum entre os praticantes de diversos lugares da Europa, pelo que pessoalmente sempre tento desmarcar-me imediatamente. Explicar detalhadamente os princípios e o porquê e o para quê destes e as vantagens de utilizar uns e não os outros, é muito mais importante que a técnica propriamente dita. Nem é preciso dizer que a correcta técnica é o condutor para levar a termo uma estratégia vencedora…, mas os princípios sempre devem de estar por cima das técnicas. Outro ponto que observo no meu trabalho de estudo e recuperação do estilo, é a importância da filosofia tradicional chinesa na prática do Wing Tsun Kuen. Durante muitos anos, existiu uma inquietante tendência a desprezar estes assuntos, porque não podia “vender-se”. Agora afirmo sem dúvida alguma, que NÃO EXISTE WING TSUN afastado da filosofia chinesa. O TAOISMO fundamentalmente, ainda que também o Confucionismo e o Budismo, impregnam a prática deste sistema e em muitas ocasiões são o detonante de um PRINCÍPIO ou princípios. Por outras palavras…, sem filosofia não existiria este estilo ou pelo menos não seria tal qual o conhecemos. Praticar conhecendo a filosofia do estilo, os princípios e tácticas do mesmo e crescer adaptando a técnica para poder levar a termo essas estratégias, polindo essas técnicas adaptadas a cada indivíduo, se conseguem, na minha opinião, DUAS coisas realmente importantes: 1.- Eficiência 2.- Se transforma a prática de um simples sistema de Defesa Pessoal, em a prática de uma ARTE APAIXONANTE Senhores, podem escolher… Eu já escolhi e a cada dia sei que ter escolhido bem! Apaixonem-se pela prática de uma Arte ancestral. Descubram a sua grandeza!!! Sifu Salvador Sanchez Instrutor chefe da TAOWS Academy



Defesa Pessoal Algumas matérias têm levado a certas controvérsia e mal entendidos, como acontece com o papel que devem jogar as Artes Marciais no treino da Polícia. Neste artigo, resolvi abordar este assunto, com meu habitual estilo directo e uma perspectiva sensata. A razão da minha perspectiva ser tão susceptível com os instrutores de Artes Marciais, é porque todos acreditam (erroneamente) estar completamente qualificados para ensinar tácticas defensivas à Polícia. Quem se atrever a questionar isto, logo é atacado e vilipendiado. Por outro lado, muitos oficiais da Polícia, especialmente em lugares de mando, consideram (erroneamente) que a maioria das Artes Marciais (às quais eles se referem como "Karate") não só são inúteis para o trabalho policial, como também perigosas, posto que expõem o sector ou as agências, a todo tipo de responsabilidades e opiniões negativas. Podemos ver que não se dará uma solução razoável à discussão deste assunto, partindo de qualquer desses dois pontos de vista extremos. A verdade reside, como acostuma a suceder, em algum lugar intermédio.



Polícia e Defesa Pessoal Assim sendo, primeiro vamos obter alguns detalhes básicos no registo, para proporcionar um contexto para a nossa tese. A Polícia e as forças de segurança, em diversas formas, têm existido desde séculos atrás, na maioria das nações. (Em aras sermos breves, vou utilizar a palavra "Polícia" para incluir a todas as ramas das forças de ordem: do governo ou privadas, armados ou desarmados, fardados ou vestidos de civil). Em geral, nas sociedades livres e democráticas civilizadas, governadas pelas leis, as forças policiais foram criadas para proteger os cidadãos e para prender os criminosos. Por desgraça, também há países no mundo que estão governados por ditadores desapiedados, tiranos, malvados,

“A Polícia que nos é familiar, é honesta, dedicada, trabalhadora e muito frequentemente, mal paga” fanáticos religiosos e loucos demenciais. Nesses lugares horríveis, a Polícia não é mais que uma colecção de sádicos cruéis, que são e

simplesmente um instrumento de terror utilizado pelo governo no poder, para oprimir e controlar a povoação. Obviamente, não é necessário incluir essas forças "policiais" neste artigo. A Polícia que nos é familiar, é honesta, dedicada, trabalhadora e com frequência, mal paga. As suas funções, por necessidade, situam por vezes os agentes em situações perigosas e confrontos físicos violentos. Os a s p e c t o s específicos do seu trabalho se entrecruzam com a questão do treino das Artes Marciais. Surge assim a questão:



Polícia e Defesa Pessoal É o treino de Artes Marciais importante para o trabalho da Polícia? É útil individualmente para o oficial? E, em último termo, é bom para a sociedade em geral, que sejam treinados os funcionários? Antes de poder responder razoavelmente a estas e a outras perguntas, temos de examinar honestamente vários pontos importantes. Primeiro, vejamos as objecções mais comuns apresentadas pelos funcionários da Polícia, em contra da necessidade da formação em "Artes Marciais": 1. O treino das Artes Marciais não é realista. Não reflecte a violência da vida real na "rua" ou em qualquer outro lugar. As Artes Marciais não se ajustam às necessidades dos oficiais. 2. Se as aprenderem, irão usá-las. Eles provocarão lesões nas pessoas, o que se irá traduzir em muitas acusações de uso excessivo da força e brutalidade policial. 3. O treino é caro. O sector não tem dinheiro no orçamento para pagar por isso. Também exige tempo e não podemos dar--nos ao luxo de pagar os oficiais para treinar ou dar-lhes tempo livre. 4. Já temos o nosso próprio programa de formação "local". É mais que adequado e cobre tudo do que necessitam sem todas as complicadas, obsoletas e perigosas técnicas das Artes Marciais. 5. Portamos uma grande variedade de armas (letais e não letais), de maneira que não podemos perder tempo aprendendo técnicas inúteis de mãos nuas das Artes Marciais. 6. Só um oficial da Polícia pode ensinar outros polícias. Os civis não sabem dos nossos deveres nem das situações que encontramos.

“Acredito que a evidência esteja altamente a favor do treino dos polícias, mas não necessariamente no que consideramos Artes Marciais Tradicionais” Durante os meus dez anos de carreira nas Artes Marciais aplicadas às forças de segurança, tenho ouvido todos estes argumentos (e variações dos mesmos) repetidos em inúmeras ocasiões. Cada um contém uma "parte" da verdade, mas tudo pode ser refutado de inteligente e convincentemente. No entanto, antes de fazermos isso, vamos dar uma vista de olhos aos argumentos apresentados pelos instrutores de Artes Marciais, a favor do treino das Artes Marciais para agentes da Polícia: 1. As Artes Marciais foram criadas para o combate físico: no campo de batalha, em casa, na rua, numa montanha ou na praia... Tanto faz! 2. Sou um Faixa Preta especializado e um instrutor diplomado. Estou perfeitamente qualificado para ensinar a Polícia a defender-se e prender os maus.

3. Sou (ou fui) um campeão que venceu em muitas lutas e sem dúvida posso ensinar os oficiais a vencer na rua. 4. O treino das Artes Marciais proporciona disciplina, confiança em si próprio, condição física, auto-controlo e outros benefícios muito importantes, que são relevantes e desejáveis no trabalho policial. 5. A falta de uma formação adequada e a falta de habilidades tácticas defensivas irá traduzir-se em mais lesões para os oficiais e os indivíduos com quem eles tratarem. Isso se traduz em um aumento das despesas médicas e dos litígios legais custosos. 6. A falta de habilidades em mãos nuas e tácticas defensivas do oficial, vai conduzir inevitavelmente a um uso mais desnecessário e injustificado da sua arma de fogo e outras armas. Mais uma vez, ao longo dos anos tenho escutado (e utilizado eu próprio) a maior parte destes argumentos. (Excepto o número 3, posto que nunca fui um campeão). Todos eles são acima de tudo, verdades, mas também contêm certas imprecisões e generalizações que muitos instrutores convenientemente ignoram. Penso que a evidência está a favor do treino de polícias, mas não necessariamente no que consideramos Artes Marciais "tradicionais" e acredito que temos de escutar as preocupações e objecções da opinião contrária, com uma mentalidade aberta, sem pormos o nosso ego no debate e com o objectivo de encontrarmos uma solução positiva. Portanto, a nossa tarefa será examinar criticamente cada um dos pontos apresentados por ambos lados, de maneira que possamos abordar realmente este problema e no processo, esperar, educar e juntar os instrutores de Artes Marciais e os membros das Forças de Ordem.



Polícia e Defesa Pessoal Na nossa infindável busca da verdade, agora vamos rever ambos lados da discussão acerca dos prós e os contras da formação dos oficiais da Polícia nas Artes Marciais. Vamos fazelo da maneira mais objectiva e honesta que me seja possível, tendo em consideração que para um ser humano, inevitavelmente sempre vai haver uma certa quantidade de prejuízos influindo nos meus argumentos. Também devem os leitores estar preparados, porque serei brutalmente honesto e sem dúvida alguma poderia ofender alguns leitores. De maneira que vamos lá… Primeiro, deitemos uma vista de olhos às objecções apresentadas por funcionários da Polícia (e alguns agentes também) contra o treino em Artes Marciais: 1. “O treino de Artes Marciais não é realista. Não reflecte a violência da vida real na "rua" ou em qualquer outro lugar. As Artes Marciais não se ajustam às necessidades dos oficiais”. A MINHA RESPOSTA: Por desgraça, a maior parte disto é certo. Muitas Artes Marciais, com seu destaque em Katas, o sparring controlado, as armas antigas, vestimentas tradicionais e as formas dos ritos, não são úteis nem relevantes para o trabalho da Polícia moderna. Não foram pensadas para o ser! As Artes Marciais tradicionais proporcionam grande benefício físico, mental e espiritual aos estudantes (incluindo oficiais da Polícia), mas a maioria das técnicas não são adequadas ou válidas para o trabalho policial. Outras Artes se concentram principalmente no "desporto" e não na auto-defesa realista. Ainda que possamos admirar lutadores de MMA, as suas técnicas não são apropriadas para os agentes da Polícia. O mesmo acontece com as Artes de

"grappling", que se concentram quase que exclusivamente no chão e se bem são efectivas, não são relevantes para o trabalho da Polícia. 2. “Se aprenderem, vão usar. Eles lesionarão as pessoas, o que vai derivar em muitas queixa de uso excessivo da força e brutalidade policial”. A MINHA RESPOSTA: Verdadeiro e falso! Como se assinalou anteriormente, se o oficial aprender a Arte "errónea" e depois a utilizar (porque é tudo quanto sabe), é provável que cheque a ferir pessoas sem necessidade e provoque problemas legais na sua delegacia. Mas com a aprendizagem do "correcto" Sistema de tácticas defensivas, realmente irá reduzir substancialmente os casos de lesões de funcionários e cidadãos com que tratarem. O uso da quantidade adequada de força de uma maneira exacta, reduzirá drasticamente o número de reclamações apresentadas contra os estamentos oficiais. 3. “O treino é caro. Não há dinheiro no orçamento para pagar isso. Também exige tempo e não podemos dar-nos ao luxo de pagar os oficiais para treinarem ou dar-lhes tempo livre”. A MINHA RESPOSTA: Parvoíces! Ou bem se paga agora a formação ou pagaremos depois mais despesas médicas, a perda de tempo dos oficiais feridos e o aumento dos custos dos seguros, das despesas legais para defender-se contra reclamações monetárias dos cidadãos feridos. Um Organismo responsável sempre terá dinheiro para a formação ou poderá desviá-lo de outras áreas do orçamento. Não gostaria de trabalhar para um estamento oficial que se nega a investir na segurança dos funcionários e da gente da comunidade.

4. Já temos o nosso orçamento ‘local’. É mais que adequado e cobre tudo o que se necessita, sem todas as complicadas, obsoletas e perigosas técnicas das Artes Marciais”. A MINHA RESPOSTA: Talvez! Muitos grandes profissionais, organismos bem financiados (principalmente metropolitanos) têm programas de formação táctica defensiva em curso, com competentes instrutores a tempo completo. Mas..., em muitos casos, o treino não se realiza com a suficiente frequência, nem durante as horas que seriam necessárias. Além disto, tendo falado com centenas de oficiais nos últimos anos, aprendi que em muitos casos, o instrutor foi nomeado para esse lugar tão desejável, não por seu conhecimento e experiência, mas sim por outras razões, como a antiguidade, ter um conhecido na alta direcção, como um favor especial e mesmo que pareça inacreditável, até pela sua incompetência em outras áreas de trabalho da Polícia. Também descobri que ironicamente, em muitos casos, a única exigência para o instrutor ocupar o lugar era uma faixa preta em uma Arte Marcial tradicional ou desporto de combate, obtida muitos anos antes. Agora, o "especialista" recentemente nomeado, passará o resto da sua carreira protegendo o seu "território", fazendo todos os possíveis para evitar a exposição dos agentes a qualquer outro conhecimento e até, em ocasiões, desprezando os treinos de Artes Marciais. 5. “Portamos uma grande variedade de armas (letais e não letais), de maneira que não temos de perder o tempo aprendendo técnicas inúteis de mãos nuas das Artes Marciais”. A MINHA RESPOSTA: De todas as razões estúpidas para não treinar os


oficiais em Tácticas defensivas com mãos nuas, esta é a mais absurda… e perigosa! A pesquisa tem demonstrado que, estatisticamente, mais de 95% das intervenções dos agentes da polícia, não são letais e a maioria deles não requerem o uso de armas. As agências que se preocupam pelas responsabilidades legais, os acordos caros e os desastres nas relações públicas, devem considerar seriamente as consequências dessa mentalidade perigosa. Não tem cabimento em uma sociedade moderna e civilizada, e inevitavelmente dará lugar a tragédias desnecessárias. Os oficiais que estão bem treinados e seguros de suas habilidades com as mãos nuas, são muito menos inclinados a fazer uso indevido de uma arma. 6. “Só um oficial da Polícia pode ensinar a outros polícias. Os civis não percebem as nossas obrigações e as situações que encontramos”. A MINHA RESPOSTA: As duas afirmações parecem reforçarem-se mutuamente, mas a primeira é falsa e a segunda é correcta. Vamos a ver a primeira. Ser um polícia não qualifica automaticamente para alguém ser um instrutor profissional, mestre competente e versado em tácticas defensivas. Na realidade, a maioria das autoridades famosas e mundialmente reconhecidas nesta matéria, são os instrutores de Artes Marciais que também têm estado nos corpos de segurança ou fizeram um estudo em profundidade e uma pesquisa do tipo de confrontos físicos aos que se enfrentam os oficiais da


Polícia e Defesa Pessoal Polícia. Esses poucos mas verdadeiros especialistas, passaram a ser conhecedores puros das Artes Marciais na área específica e limitada de Tácticas Defensivas; se tornaram "especialistas" na matéria e estão eminentemente qualificados para ensinar os oficiais da Polícia em qualquer lugar. Mas estas excepções não alteram o facto de que a maioria dos instrutores civis de Artes Marciais não têm experiência no trabalho da Polícia, não estão familiarizados com os aspectos legais involucrados e nunca se enfrentaram às situações reais "da rua", com as que todos os dias se enfrentam os funcionários policiais.

Passamos em revista as objecções mais comuns apresentadas pelos organismos policiais (geralmente pela administração) em oposição aos instrutores de Artes Marciais que ensinam técnicas de mãos nuas aos seus funcionários. Penso que o fizemos de maneira justa e com respeito, utilizando a lógica e com factos, em vez de com emoções e opiniões. Espero que de novo os leitores se unam a nós no próximo número, na terceira parte e final acerca desta matéria, onde examinaremos o ponto de vista das Artes Marciais no debate e onde vou oferecer a minha conclusão e algumas possíveis soluções.






Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outra Arte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. O seu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais: “Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás uma arma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata da conexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidade anti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-se prioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequada manipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas não escapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios de desarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefícios e as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos, antigos e modernos.


REF.: • KAPAP8


Madeira Os duplos batimentos da madeira são bons para o fígado e a vesícula. Os alunos aplicados, de certeza irão encontrar inúmeros pontos de referência com os quais poderão ter uma ideia do elemento madeira. Não é de estranhar, posto tratar-se de um elemento com o qual se toma contacto desde os primeiros anos. Se indagarmos acerca de princípios ou técnicas específicas no Kung Fu, esbarramos com fronteiras na ciência de alguns veteranos praticantes do Hung Gar. Na Internet encontramos diversos ciclos de elementos ou o elemento madeira, com diversos pontos de referência muito curiosos. Como por exemplo que o elemento madeira é relacionado com a estação da Primavera ou em relação com o combate, que "o machado corta a madeira" (relação metal = machado) ou "a madeira penetra na terra”, etc. Também na medicina tradicional chinesa se reconhece no elemento madeira a sua correspondente relação: os sentidos que com ele se correspondem são, por exemplo, os olhos. No que respeita aos órgãos, se fala do fígado e da vesícula como os "órgãos-madeira", o fígado como órgão Yin e a vesícula como órgão Yang. A direcção relativa ao gosto que se aplica ao elemento madeira é o agro, o azedo e seu correspondente emocional é a ira. Mesmo estas descrições possam parecer bonitas e misteriosas ou tenham se apliquem em alguma especialidade, o aluno aplicado sabe que a meta dos mestres do Hung Gar de antigamente, os que participaram no nascimento do estilo de combate, era tudo menos descrições bonitas. Façamos uma chamada à memória. Naquele tempo, o domínio de uma técnica de combate eficiente, não era só benéfica, ela era a condição indispensável



para levar uma boa vida. Só uma coisa era importante: o combate efectivo para o corpo e a maneira de viver. Como já sabemos através dos artigos antecedentes acerca dos cinco elementos no Hung Gar Kung Fu, não é nada fácil de explicar que as técnicas e os princípios específicos do elemento madeira, completam o conjunto de princípios no Hung Gar. Realmente, muitos não sabem o que isto quer dizer, simplesmente porque ainda não alcançaram o nível necessário com seu Sifu (Mestre). Naturalmente, vou tentar fazer a minha descrição o melhor possível e talvez motive algum aluno de Kung Fu a lutar para alcançar o devido nível e chegar ainda mais acima no "caminho do Hung". Como de costume, também não se trata no elemento madeira de movimentos XY com as mãos ou os pés, mas de uma determinada forma específica de força, a qual se gera com os correspondentes movimentos do corpo. A técnica do animal que melhor se adapta a esta força da "madeira” é a do grou. Com as técnicas do grou e também em outras técnicas combinadas, se geram explosões de combate destrutivas, com tendões distendidos, que batem rápido como um raio, onde ao executor quase lhe não exige esforço. Poderíamos pensar que é um mini sistema dentro do Hung Gar Kung Fu: máximo dano ao atacante com mínimo desgaste do executor. Naturalmente, não existe uma técnica perfeita e invencível (nesse caso teríamos de aprender só essa técnica e exercitá-la). Os princípios e as técnicas entrelaçadas com o elemento madeira no Hung Gar - assim como é o caso com outros elementos representam uma parte de um sistema quase perfeito. Só se trata do combate, da filosofia ou de manter a saúde. Antes de sairmos fora dos limites deste artigo, desejo não abusar mais da paciência do aluno interessado e chegar directamente ao último dos cinco elementos: o elemento água.


Água A longa oscilação de braços de cima para baixo, representa os fortes golpes das ondas no Oceano. Em relação com o corpo, o elemento água está ligado à bexiga e aos rins. A água é na nossa vida, um dos elementos mais importantes. Não só porque o planeta em que vivemos está coberto em suas 2/3 partes de água, mas também porque sem a água potável, não poderíamos sobreviver mais do que uns poucos dias. O elemento água se apresenta de muitas maneiras, bem seja através de bravas e estrondosas ondas, no curso de um riacho ou apenas numa gota, em um pingo. Esta analogia mostra um facto já mencionado em artigos anteriores e que é naturalmente também um facto nos outros elementos do Hung Gar Kung Fu. Junto ao tipo de força e à combinação de técnicas adequadas, se instala a "táctica" em geral ou "dosagem" da própria força frente ao inimigo e suas técnicas. Se o inimigo é brando e relaxado, pode vencer com a sua dureza. Se é


duro e tenso, pode vencer com brandura e relaxação. Como foi dito, se podem aplicar os cinco elementos, mas a imagem da água é a mais eficiente. Mesmo se comparamos o furor do mar com um pingo de água, trata-se sempre do mesmo elemento. Antes que tratarmos do tipo de força, analisemos o que em geral e do ponto de vista médico significa o elemento água. O sentido que se corresponde de este elemento é o ouvido; a maneira exterior de expressão, o cabelo da cabeça e o correspondente líquido do corpo, a saliva. No que diz respeito ao sentido do gosto, é o salgado; a cor, o preto ou também o azul; e o medo é a correspondente emoção. No que se refere ao nível de órgãos, sempre se fala de água em relação com os rins (órgão Yin) e a bexiga (órgão Yang). Precisamente, no aspecto medicinal os rins jogam sempre um papel muito importante, entre outras considerações, porque albergam a essência da vida. Vamos agora ao significado próprio no Hung Gar Kung Fu. Já sabemos que o combate para sobreviver é o ponto central do que nos ocupa. A forma da força do elemento água leva consigo, naturalmente, um movimento de corpo determinado e abstracto. Este se combina, entre outras, com as técnicas da serpente e com isso, as posições de mão típicas, que simbolizam a cabeça de serpente. Como acontece com cada um dos cinco elementos, no Hung Gar Kung Fu estas relações não são entendidas de forma estática. São uma das muitas possibilidades que se têm formado através de centenas de anos de experiência. Assim, resultam combinações entre elementos e técnicas de animais que têm sido provadas e fazem sentido como "escola" própria, ou seja, na luta pela sobrevivência. É fácil compreender que estes conceitos ratificados de técnicas e artes centenárias não se possam aprender completamente em poucos meses ou anos. O Hung Gar Kung Fu oferece ao aluno aplicado: saúde, compreensão filosófica e um mar de conhecimentos e coisas para aprender muito e muito profundamente e uma vida inteira de aprendizagem de coisas novas para compreender e tornar-se melhor. Exactamente como diz o conhecido adágio: “O caminho é a meta”.








Faz 15 anos, em 1999, ou nosso habitual colaborador Salvador Herraiz nos trouxe da Califórnia ou Mestre Kiyoshi Yamazaki, líder internacional do Ryobu Kai (Shindo Jinen Ryu), para que os leitores de Cinturão Negro conhecessem este prestigioso Mestre afincado nos Estados Unidos e na época muito activo no movimento federativo norte-americano. Agora, em 2014, o Mestre Herraiz, após outra de suas viagens ao outro lado do Atlântico, nos de novo nos aproxima deste Mestre, 9ºDan, acompanhado desta vez por sua filha Mina, 5ºDan, posto que muitas coisas mudaram na sua vida no Karate e é interessante conhecer essa evolução.

YAMAZAKI, ALMA DE RYOBU KAI EQUILÍBRIO BUDO - DESPORTO Por Salvador Herraiz, 7º Dan de Karate Anaheim, Califórnia (EUA) É sábado. Um quente dia em que levantei cedo para ir a fazer umas gestões a Yorba Linda, ao norte de Anaheim. Depois disto, já combinara um encontro com Kiyoshi

O Mestre Yamazaki com Salvador Herraiz em 2014, por ocasião de quando o autor regressou ao Ryobukan dojo, na Califórnia, anos mais tarde da sua primeira visita.


“No Japão não se questiona a técnica do Kata. Se aprende e se pratica. Mais nada. Pelo contrário, os ocidentais querem faze-lo à sua maneira”


Yamazaki em seu dojo. Faz tempo que o não vejo, quase seis anos. Foi em Tóquio. A primeira vez que o tratei em profundidade também tinha sido aqui, na Califórnia, em seu Centro Japonês em 1999, faz 15 anos, ainda que o tivesse conhecido durante os mundiais na Espanha, em 1980 (Madrid) e em 1992 (Granada), nos quais Yamazaki assistiu como árbitro. A rua Euclid, onde ele tem seu dojo, é uma longa artéria que atravessa de Norte a Sul não só Anaheim como também condados vizinhos. O tatame do dojo está na mesma que em visitas anteriores, ainda que a zona de recepção tenha mudado ligeiramente. Nesta ocasião, Yamazaki sensei está acompanhado por sua filha Mina, 5º Dan e uma grande campeã norte-americana de competição, que faz 15 anos já se destacava na elite, conforme seu pai me dizia, e que agora se tornou uma realidade. Kiyoshi Yamazaki nasceu a 16 de Agosto de 1940 e já em criança se destacou na actividade física. Em atletismo foi um grande corredor. Suas primeiras técnicas de artes marciais as aprende de seu próprio pai, instrutor de Kendo, que seria muito exigente com ele e com seu irmão, como nos diz Yamazaki sensei: “Praticávamos antes de ir para a escola, também ao meio-dia, durante o descanso para almoçar, e à noite. Eram tempos em que os erros na prática traziam consigo receber do instrutor golpes com o shinai. Os meus estilos de Iai Do foram Omori Ryu e Kashima Shinto Ryu”. Em 1956, o jovem Kiyoshi se inicia no Karate sob a direcção de Yasuhiro Konishi (1893-1983), um dos mestres que mais influiu na evolução do Karate e que desde sua alta posição, devido à sua grande categoria em artes como o Ju Jitsu e o Kendo, pude ajudar que a incipiente arte vinda de Okinawa, pudesse abrir caminho na ilha principal. Yamazaki sensei reconhece a importância de seu Mestre na evolução do Karate. “Yasuhiro Konishi estabeleceu as bases para um programa educativo no Karate do Japão. Konishi era um grande praticante de Karate e também de espada. Em Okinawa, o Karate não era um desporto, era uma arte marcial para a defesa pessoal. Na ilha principal do Japão, o Karate começou a estar estabelecido e estruturado. Os mestres okinawenses se reuniram com Konishi sensei para tratar da sua evolução no Japão, posto que ainda que não estivessem em contra, existia uma certa preocupação pelos dois caminhos um tanto diferenciados que o Karate iria ter”. Em 1924, Konishi abre as portas não só de seu dojo como também as da Universidade de Keio, em Tóquio, a Gichin Funakoshi, que junto com Hironori Ohtsuka o visita em busca de apoio. Keio, como explicamos em outras ocasiões em “Cinturão Negro”, se tornaria o primeiro clube universitário de Karate, onde ainda hoje praticam alguns veteraníssimos karatekas que na década dos anos 50 foram discípulos de Gichin. Yasuhiro Konishi, que desde criança praticara o Muso Ryu Ju Jitsu, o Kendo, o Takeuchi Ryu (uma arte parecida ao Karate) e o Aikido, criara um ano antes a sua escola Ryobu Kai, para a Excelência nas Artes Marciais, desenvolvendo seu estilo, denominado Shindo Jinen Ryu (“Técnica da mão nua de maneira natural e piedosa”) por sugestão de outro de seus amigos ilustres, Morihei Ueshiba. É curioso o facto de que um karateka como Kiyoshi Yamazaki não aprovasse até em três ocasiões o seu



para exame 1ºDan. Foi assim: “Eram tempos em que não se questionava nem se perguntava ao instrutor os motivos de nada, o que ele dizia era acatado e ponto. Passei muitos anos sem saber o motivo de ter sido “chumbado”, até que 30 anos depois vim a saber que tinha sido por excesso de confiança”. Interessante, muito interessante tendo em consideração que, por exemplo, o Mestre Hironori Ohtsuka sempre ter falado do excesso de confiança como um dos mais do Budo, junto ao desprezo, a cólera, o medo, etc.… Yamazaki reconhece na forma antiga de exame um maior realismo: “Naquela época não se podiam preparar os exames durante os meses anteriores, porque só se conhecia a data uns dois dias antes. Isso nos obrigava a estarmos sempre preparados, o qual é mais realista”. Estou de acordo! Em 1962, Kiyoshi Yamazaki obteve a sua licença de ensino e por conselho de seu Mestre, viaja a Okinawa para aperfeiçoar suas técnicas de Kobudo. A grande amizade de seu instrutor de Kobudo com o Mestre Shuguro Nakazato, faz com ele seja seu principal objectivo na pequena ilha:

Acima à esquerda: Kiyoshi Yamazaki em seu trabalho como asessor cinematográfico. Acima à direita: Yamazaki sensei, como aluno de Yasuhiro Konishi. Em baixo, Yasuhiro Konishi com Choki Motobu (foto esquerda) e com Kenwa Mabuni (foto direita).

“Foi muito interessante para mim. Eu era jovem e forte. Estive com mestres como Shuguro Nakazato, com quem tive ocasião de praticar com armas como o Sai, o Bo, Tonfa, Nunchaku… Também lá conheci o seu aluno Tadashi Yamashita, a não voltaria a ver durante muitos anos, até que numa ocasião, já na Califórnia, nos encontramos em um evento”. Efectivamente, Tadashi Yamashita também se afincaria na terra das oportunidades, onde paralelamente também participaria em filmes de certo êxito, como o seu bom papel como perigoso ninja Estrela Negra, no filme Guerreiro Americano”, “O protagonizada por Michael Dudikoff, ou também coincidindo com outros importantes mestres de Karate, como Fumio Demura e Tak Kubota, na fita Sol Nascente, protagonizada por Sean Connery e Wesley Snipes. “Quando nos conhecemos, Yamashita fazia o estilo de Nakazato, depois modificou coisas para uma forma mais livre. Existem muitos dojo em Naha e durante a minha viagem também estive com Shoshin Nagamine, Kenei Uechi,… Este último fazia uma forma de Kumite em distância curta e muito forte. Lembro-me bem da grande humidade que havia na ilha, pelo que treinávamos sem camisa”. A sua estadia em Okinawa deu a Yamazaki a oportunidade de conhecer também aspectos do Karate mais ocultos. “Praticávamos também à noite, quase sem luz e fiquei a saber acerca do combate nocturno que algumas partes do kata inclui. Também acerca da prática em diferentes espaços e terrenos. Muito interessante”. A este respeito, recomendo reler o artigo por mim escrito faz alguns anos, acerca de o Karate no Castelo de Shuri, onde descrevo este tipo de técnicas de combate nocturno que os kata incluem, assim como a influência dos tipos de

espaço e até do chão em algumas técnicas. O Karate não está feito para ser praticado só em uma plana e limpa superfície, mas também em chão de terra, com obstáculos, etc.…, o que se mostra também em algumas técnicas tradicionais. É coisa de que pouco se fala, e eu me congratulo de que Yamazaki sensei agora fale nisso. Com o início de seus estudos de Economia na Universidade de Senshu, Yamazaki tem de praticar Karate no grupo Shotokai, que lidera o Mestre Shigeru Egami. Yamazaki é dirigido por Motonobu Hironishi e treina junto com grande líder Taiji Kase. Também seria para ele uma grande mudança na prática do Karate, tendo em consideração as grandes diferenças do Shotokai com o Karate ao qual Yamazaki estava habituado e no qual se tornara um dos melhores campeões de Tóquio. “O Shotokai tinha grandes diferenças com o outro Shotokan. Ali não se praticava competição, nem sequer combate livre. O mais parecido era, a altos níveis, a prática do Ippon kumite livre (defesa perante um ataque)”. Em 1964, após a sua graduação universitária, Yamazaki voltaria para o seu verdadeiro Mestre, Yasuhiro Konishi. Poderíamos resumir a forma técnica de Konishi e seu Ryobu Kai, como um compêndio das ensinanças de Gichin Funakoshi, Choki Motobu e Kenwa Mabuni. Em 1968, a convite de Dan Ivan, Yamazaki viaja aos Estados Unidos para ensinar Karate, instalando-se na Califórnia, onde começa a dar aulas no Citrus College. “Foram grandes momentos. Me sugeriram ser enviado à América. Os meus colegas se portaram muito amigavelmente. Dentro do dojo a atitude deve ser de Sensei, mas fora pode ser de amigo”. Yamazaki sente aqueles momentos como bons e em seu novo país dá aulas na Universidade Irving da Califór nia; no Departamento do Xerife… e por no seu dojo que ele abre, em Anaheim. “Eram tempos em que as pessoas pensavam no Karate como coisa para partir tábuas e tijolos. Quando cheguei à América também tive de fazer isso. Era a maneira de chamar a atenção e conseguir interessados em praticar e a quem depois já ensinar já o Karate tal qual. As tábuas e tijolos não atacam ninguém!…” Em 1970, com motivo do primeiro Campeonato do Mundo de Karate, a realizar-se em Tóquio, Yamazaki sensei é membro do Comité que escolhe os competidores representantes norteamericanos. Yamazaki sempre procurou o difícil equilíbrio entre o Karate tradicional e o desportivo. Yasuhiro Konishi e Kiyoshi Yamazaki nos anos 60.


“Estou de acordo com o Karate desportivo sempre e quando se mantenha o espírito verdadeiro da arte marcial”. Correcto, ainda que pessoalmente vejo muito complicado conseguir isso. Quase é como dizer que nada acontece por nos atirarmos de um 5º andar, sempre e quando se controle a queda em chegando ao chão!!! Mas respeito muito o trabalho de Yamazaki nesse sentido, durante muitos anos ele tem lutado por esse objectivo, que sem dúvida, um japonês está mais perto de conseguir. “A maneira de ser do japonês é diferente…” - reconhecia Yamazaki tempos atrás - “No Japão não se questiona a técnica do Kata, se

aprende e se pratica. Mais nada… Mas os ocidentais, querem faze-lo à sua maneira. O Iai Do, por exemplo, tem de ser entendido como uma meditação em movimento. Não se trata de uma luta com espada. Os Ocidentais necessitam saber o significado dos movimentos, pelo que se tiveram de elaborar técnicas de aplicação”. Efectivamente, em Kyudo, por exemplo, os grandes mestres sempre mantiveram que o menos importante era acertar ou não no alvo, posto que não se tratava disso, mas sim do processo, o gesto, a respiração, a concentração… e os efeitos que tudo isso produzem em quem lança a flecha,

sem preocupar-se de onde ou quem a receba. Por outra parte, todos sabemos da famosa frase de Kenwa Mabuni: “O Karatedo é Zen em movimento”. Outra coisa é que talvez para a maioria não deixe de ser isso, uma frase, longe de uma intenção realista de interpretar a prática do Karate como tal. Mais uma vez chegamos ao caso de conhecermos muitíssimas frases que nos encantam, mas depois esquecemos no momento de agirmos em consequência. Mas… continuemos com ou nosso protagonista, Kiyoshi Yamazaki. Faz 11 anos, em 2011, com uns amigos atravessei de carro o Vale da


Morte (Death Valley), entre a Califórnia e Nevada. Lembro-me de que Kiyoshi Yamazaki, junto com o meu admirado amigo o Mestre Fumio Demura, tinham atravessado o mesmo vale quarenta anos atrás e em seu caso a pé. Sempre achei a sua façanha curiosa portanto, peço a Yamazaki sensei para me falar dela: “Como sabes, Fumio Demura e eu estávamos ambos patrocinados por Dan Ivan. Fazíamos actividades conjuntas e participávamos em eventos que Ivan organizava. Foi muito divertido. Estivemos durante dois dias percorrendo o Death Valley. Também vinha o Mestre de Judo Hiraoka. Lembro-me que em um dado momento, subimos no carro de apoio que nos ia encontrando completamente abatidos, despedaçados,… e Demura sensei tinha ido à casa de banho. Todos subimos no carro e Demura corria atrás de nós, porque íamos embora sem ele. Todos rimos muito, mas foi duro. Mais de uma vez estivemos prestes a desmaiar”.

Naqueles anos Yamazaki e Demura tiveram muito relacionamento, aparecendo juntos nas conhecidas demonstrações no Japanese Village e no Deer Park, um centro cultural japonês, no condado de Orange, Califórnia. Precisamente no dia seguinte a esta conversa com Yamazaki sensei, visitaria Demura sensei em seu dojo perto daqui, em Santa Ana, com quem recordaria a sua travessia do Death Valley, junto com Yamazaki. Os anos 80 trouxeram a Kiyoshi Yamazaki momentos difíceis que ele reconhece como os piores da sua vida: “Houve três momentos cruciais que considero os piores da minha vida. A principio dos 80, em Seattle (Washington) fui vítima de um acidente muito grave, que me levou a estar dois meses no hospital. Estive a pontos de ficar paralítico e tive que aprender a andar de novo. Também perdi a memória durante semanas. Foi terrível. Um momento muito mau na minha vida. Também outro na Inglaterra, durante um treino duro com gente de vários países, onde tive um ataque de asma que me fez sentir francamente mal. Um terceiro momento terrível foi quando em Palm Spring tive uma meningites e o meu cérebro ficou ma goa do. Se m dúvida , fora m os trê s piore s momentos da minha vida”. Mas a década dos 80 também trouxe grandes oportunidades para Yamazaki sensei, que já muito conhecido na América do norte por seu trabalho a favor do Karate, se veria metido no mundo do cinema, como o seu amigo Demura, instalado no seu caso na próxima cidade de Santa Ana, também na Califórnia. Yamazaki dá aulas de luta e espada nada menos que a Arnold Schwarzenegger, que em 1982 filma nos Estados Unidos, México e Espanha a fita “Conan, o bárbaro”, em que aparece. O Mestre de Karate também aparecerá em anos seguintes em outros filmes “made in Hollywood”, como a continuação de “Conan o destrutor”, com o mesmo Arnold à cabeça do elenco, com Red Sonja, Dune, The Fall Guy, Beast Master (fita conhecida na Espanha como O Guerreiro Vermelho), ou anos mais tarde, em 1996, a famosa Dragon Heart (protagonizada por Dennis Quaid). Yamazaki também trabalhou na sequela televisiva, em séries como Conan: "The adventurer", protagonizada por Ralf Moller (colega de elenco de Dolpf Lundgren e Jean Claude Van Damme em Soldado Universal), o que de novo lhe dá oportunidade de trabalhar junto a outro dos assessores, o Conan original, Arnold Schwarzenegger. Sua passagem pelo mundo do cinema deu a Yamazaki a oportunidade de ensinar Karate a personalidades conhecidas como Witt Chamberlain, Brad Dourif, Sandal Bergman, Richard Hatch, Sean Connery, até à explosiva loira Brigitte Nielsen, a inquietante morena Grace Jones e até o próprio Sting. Yamazaki me confessa que… “Hoje, o assunto do cinema já está abandonado. Já não participo em fitas. Estou concentrado em desenvolver o Karate, um Karate pessoal, para mim próprio. Também ensino Iai Do, arte em que me seguem muitas pessoas”. Efectivamente, Yamazaki sensei chegou até a criar uma organização do sistema, a Iai Do Tate Do Federation. Yamazaki conta agora 74 anos de idade… muito bem levados. Yamazaki sensei é e tem sido sempre, uma pessoa amável e elegante no tratamento, na sua maneira de falar e agir e até no vestir, muito juvenil e moderno. Faz um pouco mais de 30 anos, em 1983, após o falecimento de Yasuhiro Konishi, seu filho Takehiro, nascido em 1931, iniciava a segunda geração de Ryobu Kai, na qual Yamazaki exerce grande influência, como líder principal no estrangeiro e também no próprio Japão. Para ele… Yasuhiro Konishi II (Takehiro) e Salvador Herraiz, Ryobu Kai em Tóquio, em 2008.


“A primeira geração praticava mais Karate e na segunda geração se aumentou mais a parte de Kobudo (Bo, Kama, Tonfa,…)”. Para saber mais de Takehiro Konishi (conhecido também como Yasuhiro II), acerca do Ryobu Kai em geral e do seu fundador, sugiro aos leitores voltar a ler a revista Cinturão Negro, onde em 2010, tratei em profundidade do assunto, após as minhas visitas ao seu dojo, em Tóquio. Kiyoshi Yamazaki foi durante muitos anos Director Técnico da Federação Nacio nal do s EUA e Membro do Comité da Federação Mundial (WKF). A última vez que o vi nessas funções, fo i no Campeo nat o Mundial de T ó quio , em 2008, o nde ambo s conversamos animadamente sobre o

Ryobukai, após a minha visita dias antes, ao Mestre Takehiro Konishi, em seu dojo da capital japonesa, visita da qual ele próprio já era conhecedor. Depois, a vida de Yamazaki sensei mudou… Como é a vida fora desse Comité Técnico WKF? “Eu já estava cansado de tanta política na WKF e queria preocuparme só do futuro do Karate. Não q u e ro m a i s p o l í t i c a , s ó q u e ro ensinar. Há política demais em cada país, na própria WKF também… Eu n ã o p re c i s o d a p o l í t i c a . E n s i n o Karate em suas diferentes formas, como um caminho educacional, com uma filosofia, uma história,… M e p re o c u p a a t é c n i c a , n ã o a política”.

Yamazaki, como com o Karate desportivo em geral, sempre tem concordado com um Karate olímpico, sempre e quando se respeitarem os valores tradicionais tão importantes. Yamazaki defendeu sempre que… “Quando se ensina bem, a possibilidade do olimpismo é boa e poderá trazer uma maior financiação por parte de cada país, mas é preciso ter cuidado para que conseguir uma medalha não se transforme no único objectivo do competidor e se perca o espírito correcto”. Actualmente, Yamazaki sensei mantém esse pensamento, ainda que sinta que o Karate não está recebendo o apoio suficiente por parte dos respectivos países. Por outra parte,


está menos involucrado, como já nos dissera, na política do Karate e se limita a manter um equilíbrio entre essa vertente do Karate e a arte marcial tradicional com todos os seus ingredientes. Sem dúvida, a situação da sua filha também influi. Efectivamente, faz 15 anos, aqui mesmo onde hoje nos encontramos, Yamazaki sensei me falou de suas filhas karatekas. Uma delas, Mina, me falou dela porque com 14 anos de idade na época, já destacava muito em competição, em categorias juvenis. Os anos passaram e essa jovem é uma mulher muito destacada nos circuitos competitivos nacionais, tanto em Kumite como em Kata. Mina Yamazaki também é quem actualmente leva adiante o quotidiano do dojo, posto que seu pai está um tanto afastado dessa primeira linha, em Palm Springs, seu lugar de residência. Mina escuta atentamente seu pai durante a nossa conversa e quando pergunto a Kiyoshi sensei especificamente acerca dela, se interessa muito pela resposta que seu pai possa dar e ambos aumentamos a nossa atenção. “Mi filha está involucrada na competição, mas apesar disso

“Quando bem ensinado, a passibilidade do olimpismo é boa e proporcionaria uma maior financiação por parte de cada país, mas é preciso ter cuidado, para que conseguir uma medalha não se torne o único objectivo do competidor e se perca o espírito correcto”

pratica o Budo unindo ambas correntes. Acredito em um Karate educativo, com um programa. A WKF se ocupa do Karate como desporto e eu me preocupo mais da instrução correcta, dos professores. É muito importante que eles ensinam correctamente o Karate, já seja em um ou em outro dos seus caninhos, como desporto, como defesa pessoal… e aí é onde radica o meu esforço”. Vejo o momento adequado para entrar em um assunto escabroso. Se os dois querem salvaguardar a técnica de Ryobu Kai, eu me pergunto como guardam o equilíbrio entre isso e os kata de competição utilizados por Mina sensei, nos que é habitual que as posições e outros gestos técnicos talvez se exagerem, para dar ao kata uma espectacularidade maior ou pelo menos diferente, e desde já mais valorizada pelos juízes. Kiyoshi sensei me explica: “Em um campeonato não se quer perder, pelo que efectivamente, os kata são diferentes. Os kata das competições são mais bonitos mas na realidade, não são assim. Em Okinawa, os kata são muito



tradicionais, se bem é certo que existem as duas maneiras de os fazer, mas realmente, eu desejo guardar o sentido do kata”. Quero insistir no assunto e na opinião do Mestre, com respeito a essas mudanças em busca de uma maior espectacularidade, que sem dúvida se vê nos kata de competição da sua filha, mas parece que aceitaram a forma desportiva. Para Kiyoshi sensei… “Os diferentes kata têm diferentes variantes. Em WKF faz-se de uma maneira e em Ryobu Kai faz-se de outra e na realidade…, não é necessário competir”. Como vejo que Yamazaki sensei esquivou falar directamente da sua filha e dessas “variações de kata” que os competidores realizam, quero agora saber a opinião de sua filha acerca dele.

Como é ter sido e ser a filha do Mestre? “Tem sido difícil devido à expectação gerada, pela pressão que tenho tido e que tenho. Contribuo ao Ryobu Kai, à associação. A minha contribuição não é muito grande, mas aí está. Depois, por outra parte, estou na WKF, treinando forte para a competição. Para mim, ele é mais pai que sensei, ainda que em certo modo pode ser a mesma coisa. Me sinto muito afortunada. Logicamente, ele me conhece muito bem. É o meu pai!!! e rapidamente sabe qualquer situação especial minha. Em casa tem sido e é o meu pai, no dojo é o meu sensei. Competindo muito frequentemente, ele tem assistido em seus encargos técnicos federativos. Quando o vejo na mesa dos juízes, resulta curioso. Ele me tem visto fazer bem e mal e nunca se zangou comigo, ainda que depois ele me diga o que tenho que corrigir.” Agora o Mestre, seu pai, nos interrompe para esclarecer que sua esposa, a mãe de Mina… “não a quer ver competir porque fica muito nervosa…” Como é lógico, Mina Yamazaki tem vivido o Karate desde que nasceu. Ela reconhece… “Não me lembro de um começo no Karate. Vejo fotos, lembranças, gente que diz coisas… mas para mim não há um começo exacto. O Karate é a minha vida”. Mina Yamazaki é ainda muito jovem, mas quando indagada por seu melhor momento vivido, responde apenas… “O meu melhor momento ainda não chegou!” Perante isto só posso desejar-lhe que pelo contrário, o seu pior momento já tenha passado e ela reconhece: “O meu pior momento foi faz uns dois anos, durante uns seminários de R yobu K ai c om me u pai, na Venezuela. Acompanhei-o apesar de

que pouco depois teria a minha grande oportunidade para o Mundial de Paris 2012. Estive muito mal, adoeci com malária, febre muito alta e isso me impediu de ir a Paris. Me senti muito mal, porque senti que pe rdia a minha gra nde oportunida de e te ndo a juda do outros a alcançar seu sonho, me sentia muito deprimida por não poder alcançar o meu”. A verdade é que senti a falta de Mina no Campeonato de Paris, mas naquele momento desconhecia o motivo da sua ausência. Ao contrário de seu pai e Mestre, Mina Yamazaki nunca se viu atraída pelo mundo do cinema e a TV. “Eu não faço filmes. Gosto da rádio, onde não se mostra a cara e onde se pode trabalhar vestindo normalmente e sem necessidade de ir muito arranjada”. Mina, tu tens trabalhado muito na rádio. Que tipo de programas tens feito? “Programas divertidos da manhã, onde se conversa e se brinca com os ouvintes, etc…” Ambos, pai e filha, trabalham ombro com ombro pela evolução do Ryobu Kai, em uma organização que tem membros em numerosos países, como a Venezuela, as Bahamas, Austrália, Índia, Reino Unido, Alemanha, Suécia, França, Israel, México, Canadá, etc…, organização à qual desejamos muita sorte, assim como em geral ao trabalho que os Yamazaki querem realizar em relação com esse Karate que sem perder os valores tradicionais da arte marcial, se mostra em um equilíbrio difícil com um Karate desportivo, cujo espírito leva os outros a serem melhores em vez de se preocuparem apenas de melhorar pessoalmente. Sorte em qualquer dos casos e o meu agradecimento por sempre ter sido tão bem tratado na sua casa, no seu dojo, no Ryobu Kai.




A importância do Shingitai Depois da morte de Yoritomo, o cargo de Shogun perdeu muito de seu poder pela falta de uma figura central capaz de reproduzir-lhe a integridade. O espírito do samurai era o espírito do auto-sacrifício, sendo suas virtudes as necessárias a um guerreiro eficiente. A protecção e a conservação de todos estes valores em uma era actual exprime dois aspectos. Em tempos de guerra, os pensamentos sempre se voltam para a morte. Entretanto, para a cultura que se desenvolveu no Japão de todos estes anos, a ênfase maior era colocada na maneira de como se enfrenta a morte. A opção pela evisceração - o Sepukku, uma excruciante forma de suicídio e, para o Ocidente, um bizarro ritual - tem profundas raízes na cultura japonesa. O baixo abdómen, “hara”, além de ser o lugar em que se concentra a coragem, é considerado a sede da consciência terrena, quer seja da mente ou espírito. É o ponto, no ser humano, onde nascem e se juntam as energias espiritual e material. No Ocidente, é comum

“A palavra "shingitai" tem como significado: "shin" - coração, sentimento; "gi" - técnica e "tai" - corpo” escutar as pessoas de origem inglesa dizerem “ler a mente” de alguém, para conhecê-lo ou enxergar-lhe os sentimentos, mas os japoneses têm a expressão: “Hito no hara wo yomu”, que significa: ler o Hara, ou abdómen do outro. O samurai não só morria de boa vontade no campo de batalha como, pela sabedoria e honra de sua própria mão e espada, morria quando falhava em uma missão importante ou quando cometia um crime capaz de trazer a desgraça para o seu clã ou o seu nome. Essa atitude em relação ao suicídio talvez seja um dos grandes exemplos que possa ilustrar a diferença

existente no pensamento clássico entre Japão e Ocidente. Contudo, tanto em suas crenças espirituais quanto em suas habilidades guerreiras, o samurai sabia que a morte não era o fim do espírito ou sequer da existência terrena. Até o mais ínfimo dos detalhes quotidianos, o guerreiro vivia como se cada dia fosse o último. Muitas vezes, no fragor da batalha, sabendo que a derrota era iminente, o samurai se retirava para um local sossegado e, um pouco distante dos horrores da guerra, dava cabo da própria vida. O inimigo não o perseguia, mas, com sincera reverência, deixava que cumprisse o derradeiro acto de lealdade. O processo evolutivo rumo ao desfecho tecnológico tem sido uma espiral ascendente de novas descobertas, progresso e transformações dramáticas. No passado, quando ventos, frio e calor destruíam a saúde do ser humano, vestiu-se a nudez e criou-se abrigos como meio de protecção. Nos dias actuais, através da evolução natural, o homem descobriu coisas novas e esqueceu que deveria acompanhar novas descobertas em seu “eu interior”. Lealdade,



cortesia e valor representavam ideais elevados e nobres, mas concentravam-se nos campos de batalha, e o samurai era agraciado mais por sua habilidade em combate. O estudo intenso do Bujutsu aprimorava o espírito, mas apenas para que a morte pudesse ser enfrentada sem medo e o inimigo fosse destruído. Nessa época o caractere chinês “BU” só era associado à guerra. Contudo, de acordo com professores mais antigos, a tradução fidedigna é “governar e proteger o povo”, para, assim, edificar uma sociedade mais sólida. A espada era o símbolo da classe samurai - uma obra de arte maravilhosa e refinada. Uma excelente espada fabricada pelo mais famoso fabricante da época podia representar o mais precioso bem, até mais que a própria vida. Antes de fabricar cada lâmina, o espadeiro ou mestre ferreiro limpava o corpo, a mente, o espírito e o espaço à sua volta, numa antiga cerimónia xintoísta de “Misogi”, ou purificação. O aço era purificado pelo fogo e pela água, enquanto ia sendo malhado até que todas as escórias desaparecessem.

Quando a espada é utilizada de modo adequado e eficiente, os movimentos do corpo devem conformar-se com naturalidade às regras artísticas da linha e movimento, bem como ao uso equilibrado do espaço. Nos dias actuais, com o capitalismo à flor da pele, os homens armam-se de palavras e estratégias que aniquilam aqueles que ainda possuem o bom pensamento. Porém, em um ciclo natural, ascensão e queda passam a ser quotidiano diante de tais atitudes. Para aqueles que se encontram em paz, tais fenómenos vão e vêm em calmaria, para outros, têm de enfrentar a própria tempestade. A evolução é necessária, mas o antigo sempre estará presente. Seja em conceitos, palavras, linguagem, pensamentos ou raciocínios: no que for, a evolução é apenas uma consequência do bom aprendizado. Uma das mais nobres aspirações humanas na era feudal era controlar e transcender a própria tendência agressiva, inserindo-a num padrão de enriquecimento do espírito. Embora reconhecendo a eficiência da arma de fogo,

muitos guerreiros e estrategistas reservavam o seu uso para as fileiras de camponeses e para os Ji-Samurai, soldados de categoria inferior não pertencentes a classe dos samurais. Com o orgulho e elegância ainda intactos, saíam à frente empunhando duas espadas. Podemos citar nesta época três grandes líderes que traçaram a trajectória histórica do Japão: Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu . A ideia era unificar o Japão em um poder central e acabar de vez com a anarquia. Encetado por Oda Nobunaga e continuado por Toyotomi Hideyoshi, esse objectivo tornou-se finalmente realidade graças ao punho de ferro de Tokugawa Ieyasu. A palavra "shingitai" tem como significado: "shin" - coração, sentimento; "gi" técnica e "tai" - corpo. Para a classe empreendedora, que acreditava em um novo tempo que traria a ordem, a paz e a prosperidade, esse era o ponto de partida, uma vez que tais conceitos não mais se viram desde o Bakufu de Kamakura. Como homem de grande compreensão humana e da estratégia política, o shogum Tokugawa instituiu inúmeras



reformas. Porém, o Japão estava enfermo e debilitado depois de tantas guerras. Nesta época, o Bujutsu sofreu mudanças subtis, mas profundas. Muitos dos grandes mestres dos antigos "Ryu" marciais haviam testemunhado o desenvolvimento das armas de fogo, bem como o novo estilo de guerra e estratégia daí surgido. Assim, compreendeuse que a arma de fogo não era o fim, e sim o começo de uma nova era e um de novo tipo de guerra ainda mais devastador. Portanto, o que nós, praticantes de espada e bujutsu, podemos esperar desta nova era? O conceito de harmonia poderia retratar os anseios que esta nova era trouxe aos nossos corações. Naquela época, depois dessa compreensão, os estudos clássicos deveriam se tornar os estudos do cavalheirismo e da protecção. A mesma coragem, paz e honra eram agora implantados em uma nova forma de guerreiro, que traria para dentro do Japão a tranquilidade e a harmonia social. Como seria para nós criarmos este tipo de guerreiro nos dias actuais? Para nós, a arte da espada e do Koryu estará sempre ligada ao coração, à técnica e ao corpo.

“O baixo abdómen, “hara”, além de ser o lugar em que se concentra a coragem, é considerado a sede da consciência terrena” Desse modo, sempre existirá o "shingitai", ainda que o mundo esteja repleto de paz, pois amor e ódio se iniciam em um único lugar e cada um possui a sua forma de acção peculiar, que se manifesta em um corpo. Para aqueles que ainda buscam sentimentos hostis, o "shingitai" poderá se manifestar de várias formas, mas não deixará de existir. Para os que enxergam na espada uma extensão do próprio carácter, será por seu "hamon" (marca a

área da têmpera da espada) que medirá a sua própria intensidade, ou seja, em seu interior se alojará a força e a necessidade do nãoesquecimento de si próprio. A nomenclatura das técnicas ensinadas nas artes marciais japonesas é um tema ao mesmo tempo interessante e polémico. A polémica deve-se à aparente arbitrariedade com que determinados movimentos marciais são nomeados em muitas escolas, o que, muitas vezes, gera confusão e dúvidas. O que os ardorosos defensores das formas antigas sustentam é que muito da tradição se perde ao se alterar a nomenclatura original. Sem dúvida, trata-se de um processo dinâmico, semelhante ao que ocorre com a própria língua de um povo. É comum que as gerações mais antigas estranhem a quantidade de neologismos que surge a cada momento, e o desconhecimento da juventude em relação a termos em “desuso”. Esse conflito sempre irá existir. O problema surge quando se resolve alterar não só a forma, mas também o conteúdo. Na era contemporânea, cansamos de ver as artes tradicionais se dissiparem pela displicência e omissão de determinadas escolas que aderem



à modernidade, alterando a nomenclatura e a direcção dos movimentos, pela necessidade de evoluir seus métodos. Em nossa forma de ver as mesmas formas de ataque e defesa, sejam elas armadas ou não, se caracterizam pelo modo de utilização e não-alteração de sua continuidade. É um facto que sua metodologia e forma de transmissão deve, sempre que possível, ser polida e remodelada, porém a alteração e inovação de determinados movimentos incorrem na descaracterização deste ou daquele estilo que, de qualquer forma, chegou até os dias actuais. Toda a classe de estudos executados na Idade Média pelos importantes Ryu corresponde à forma directa de execução, sem uma preparação prévia. Com as iminentes experiências, a necessidade da criação de métodos que tor nassem mais eficazes a compreensão de movimentos cooperou muito com a evolução da visão do Bujutsu em si. Na era actual, pode-se inferir então, utilizando uma nomenclatura moder na, que existem “Koryu Seiteigata” (o nome “koryu” teve a sua utilização após a Era Meiji, como

definição e apresentação de formas antigas e conservadoras), que nada mais são do que as formas antigas de artes marciais, estabelecidas em uma sequência inalterada que deve ser executada em sua essência própria, buscando-se reviver o pensamento da época, em sua ferocidade e eficiência. Do outro lado, há o “Undo Seiteigata”, ou a forma pré-estabelecida de exercícios que estabelecem uma prática diferente. Por exemplo, “suburi”, “sotaidosa” entre outros. Por não se estabelecer a importância da conservação antiga, é comum que determinadas escolas atribuam, por exemplo, a esta ou aquela técnica o termo “kuzure” (variação). Ou seja, quando não se sabe o nome de determinada técnica, atribui-se a ela a referência de “variação”. O termo “kuzure” utiliza-se em determinada técnica que possibilita sua execução, alterando-se a essência que assegura sua inércia. Alguns mestres explicam que tal facto se iniciou com variações e diferentes formas de raciocínio diante da mesma situação. As soluções coincidiam, mas a forma inicial de realização se alterava. Algumas linhagens do Japão frequentemente utilizavam

metáforas de elementos da natureza (shizen) para descrever suas técnicas, enquanto outras aplicavam termos oriundos da religiosidade, como a Katori Shinto Ryu, de orientação xintoísta. Alguns atribuem essa nomenclatura a momentos de “satori” de antigos mestres, que definiram, a seu modo, a melhor forma de se referir e compreender determinados movimentos. Contudo, as verdades estão presas a factores históricos, e são expressas por formadores de opinião, porém nada garante que isso realmente tenha ocorrido. Dentro de a escola antiga, é comum a existência de materiais ou documentos que constituem o nome de cada técnica ou sequência. É obvio que, com a chegada dos imigrantes japoneses que, segundo fontes seguras, não traziam consigo todas as documentações, muitos descendentes ficaram “órfãos” das árvores genealógicas que traziam a história de importantes Ryu. Sabemos disto também. O que salientamos é o cuidado e a capacidade de preservação, que devem ser latentes em cada segmento. Talvez a concepção Zen da realidade pode nos ajudar a compreender melhor a



importância da manutenção das formas originais: Todas as acções do homem têm origem em sua autoconsciência. Nós tendemos a pensar que nossa realidade subjectiva é apenas uma fracção de uma realidade objectiva muito maior. Inversamente, o monge chinês Rinzai, da seita Zen, adverte que a realidade externa não é nada mais que um aspecto da realidade subjectiva e que nós não devemos nos deixar oprimir nem desestabilizar pelo mundo objectivo, mas libertar-nos dele. Não devemos nos basear no mundo dos objectos para orientação ou conhecimento. Temos sido seduzidos no sentido de avaliar as vantagens e desvantagens de cada acção, tomando um caminho, depois um outro, disso resultando nos esquecermos do nosso próprio e verdadeiro eu. Falando, nós dizemos absurdos e acabamos nos desentendendo. Assediados por toda sorte de problemas, tendemos a tratá-los superficialmente, não apreendendo seu real significado. Vacilando entre acção e inacção até que surja o próximo

problema, acabamos por acompanhar a corrente dos tempos, murmurando com a multidão: “afinal, o que é que pode ser feito?” Confundindo as aparências com a realidade e nos preocupando com o que encontramos em nosso caminho, esquecemo-nos de nos preparar para o nosso próprio destino, e, nesse processo perdemos o nosso norte, nossa humanidade e nosso coração. Na vida quotidiana somos fustigados por forças que fogem ao nosso controle. Somos controlados por objectos; o que usa é transformado no que é usado. A seita Rinzai, do Zen, afirma que deveríamos nos concentrar de forma a jamais perdermos a mente original e inocente com a qual nascemos, não importa onde estivermos ou que nos acontecer. Essa mente original é a mesma que a “não-mente” ou o “vazio da mente” próprios do Zen. Se com ela nos identificarmos, poderemos superar nossa auto consciência e suas vinculações. Para alcançarmos esse estado necessitamos de uma disciplina

ou caminho ao longo do qual possamos viajar em busca dessa mente original. Este caminho, tal como o indicado por um koan, deve ser directamente aplicável às nossas vidas. Um verso, escrito por um sacerdote chinês da dinastia Tang, descreve este estado de espírito. Sua versão em prosa poderia ser: “Há um homem tão pobre que come madeira e veste-se com roupas feitas de folhas. Mas, seu coração é claro como a lua, sua mente é calma e nada o perturba. Se alguém lhe pergunta onde você vive?” Ele responde “nas verdes montanhas, junto à água pura.” A resposta é um artifício poético que também pode significar “em toda a natureza” ou, por extensão, “no mundo inteiro”. Embora à primeira vista esse poema possa parecer insignificante, ele é uma expressão de um estado de espírito concentrado que percebe a grandiosidade da natureza e ao mesmo tempo sente-se em harmonia com ela. Quão esplêndido seria, à pergunta “onde você vive?”, se pudéssemos responder: “no mundo inteiro.”



Frans Stroeven


Integrated combat styles:

A Esgrima é um sistema completo onde as armas jogam um papel muito importante. Além de “combate sem armas” é conhecido como Pangamot. Para o combate no solo utilizamos o Dumog, um estilo de agarre das Filipinas bastante desconhecido. Como sabem os leitores, eu próprio modernizei a Esgrima com e sem armas, para que se adaptar às exigências da legítima defesa moderna do Século XXI. O Pangamot é um estilo de luta realista, duro e completo, desenvolvido originalmente nas Filipinas e modernizado por mim, para ser efectivo e satisfazer as exigências do Século XXI. Foi criado para a rua, criado para a auto-defesa, criado para todos vos. Com este lema, promovo com êxito esta maneira única de auto-defesa em todo o mundo. Realizo seminários e treino esta fascinante maneira de lutar, compartilhando a minha paixão com qualquer pessoa aberta à minha maneira de pensar e que queira treinar arduamente.



A Esgrima não é Ginástica Lamentavelmente, algumas pessoas fazem da Esgrima uma ginástica. De facto, posso ver montanhas de exercícios pouco realistas, como atirar paus ao ar e apanhá-los de novo e inúmeros exercícios estranhos e ineficazes. Estas técnicas absolutamente não funcionam em um combate na realidade. Claro está que a Esgrima é bela quando vista e a Arte pode ser estupenda para demonstrações. Também sei que nem todos são lutadores e algumas pessoas praticam Esgrima porque gostam da Arte da Esgrima, mas lembrem-se de que a Esgrima se desenvolveu na guerra e muita gente verteu seu sangue para a desenvolver da maneira mais eficaz para derrotar seus inimigos.

Pangamot para a rua O Pangamot para a defesa na rua, se originou na guerra, quando um combatente armado perdeu as suas armas durante a lute e teve de usar suas mãos nuas para continuar a luta. Utilizou todo o seu corpo como arma: usou os punhos de muitas maneiras, usou as palmas das mãos, os dedos, os nós dos dedos, os antebraços, os cotovelos, os bíceps, os ombros, a cabeça para dar cabeçadas, as pernas, os joelhos, o queixo, os calcanhares, até os dentes para morder. Basicamente tudo, realmente tudo utilizou como uma arma e tudo de uma maneira muito realista, muito agressiva; o que não é comum encontrar em outros sistemas de luta.

O Dumog O que muita gente desconhece é que o Pangamot conta com um sistema de agarre chamado Dumog. O Dumog não é Jujutsu nem Judo. O Dumog tem as suas próprias tácticas e técnicas. O estilo Dumog antigo era limitado e certamente não tinha sido desenhado para lutar com pessoas armadas com facas ou outras armas. Pode o leitor imaginar-se a si próprio fazendo uma boa projecção de ombro (como as que podemos ver nos torneios de Judo!). Poderão inclusivamente fazer um Ippon (ponto completo)!. Numa verdadeira luta na rua, quando começa a luta no chão, podem receber uma punhalada logo que chegarem ao chão… Na cultura das Filipinas, o faca se impôs, posto que era muito perigoso lutar no chão. Lamentavelmente, hoje esta cultura das armas é comum na Europa. Há pessoas que pensam que portar uma faca os faz mais fortes, cada vez mais pessoas consideram que portar uma faca é realmente uma coisa normal…

O Dumog Moderno O Dumog moderno é diferente, mas utiliza os mesmos princípios que se utilizam no Pangamot. Assim sendo, só se todo o resto falhar, vamos lutar no chão, mas com uma diferente maneira de pensar daquela que se utiliza no Judo, no Jiu-Jitsu ou no Grappling. Tudo quanto fazemos em pé, também o utilizamos no chão! Golpes, pontapés, cotoveladas, agarres, imobilizações de mãos, cabeçadas, puxões do cabelo, mordiscos, cuspidas… Basicamente tudo quanto está proibido nas Artes Marciais. Quando se está no chão se podem usar outras armas tácticas, armas como um lápis, as chaves, o telefone, areia ou, por exemplo, um pau curto. A Filosofia do SCS é lembrar-nos da palavra anti, anti-boxe, anti-grappling, anti-pontapés. Por exemplo: enquanto o oponente quer lançar socos, nós tratamos de o imobilizar mediante pontapés, cotoveladas e outras armas. Se o oponente quer lutar no chão, agarramos uma arma ou puxamos-lhe os cabelos, ou começamos a bater-lhe ou a dar-lhe cotoveladas e cabeçadas e se necessário, mordidas! Utilizamos tudo o que estiver ao nosso alcance para vencermos. De facto, esta é uma maneira realista de vencer. Eu sei que é uma maneira suja, mas de certeza vamos preferir o jogo sujo em se tratando de uma situação potencialmente mortal. Não podemos deixar de fazer jogo sujo quando necessário! O Dumog foi pensado e delineado para vencer na luta de rua mais realista. Quando se pensa nisso e se aplicar esta filosofia, o resultado de qualquer confronto poderá ser muito diferente. As mulheres podem vencer numa luta contra o seu agressor, mesmo quando o agressor seja muito mais forte ou maior que elas.

Um “Lutador Todo-terreno” Qualquer homem que seguir esta filosofia pode participar em qualquer luta e pode lutar em qualquer distância. Tanto seja homem ou mulher, será um lutador versátil, com ou sem armas e estará pronto para circunstâncias realistas. A Esgrima utiliza armas de uma maneira que não se encontra em outros estilos de Artes Marciais. A Esgrima permite passar do uso de uma arma para outra de uma maneira fluente e se necessário, combinar as armas com o combate sem armas. Pensem nisto, numa mão poderão levar um pau curto e com a outra mão podem agarrar todas as partes do corpo. Como anteriormente foi dito, isto se pode fazer. Pensem em todas as outras armas: chaves, boné, esferográfica, chapéu-de-chuva, etc.

Combinem isso com os punhos em pé ou com a luta no solo. Com o treino adequado, tornar-seão lutadores completos capazes de combater com e sem armas e em qualquer distância. Utilizando os princípios correctos, serão capazes de fluir e então poderão ser chamados “verdadeiros Esgrimistas! As pessoas mais modestas também podem treinar Pangamot e adquirir mais confiança para se enfrentarem à vida do dia-a-dia!!

Stroeven Combat System (SCS) O que eu penso acerca da Esgrima, o Pangamot e o Dumog é que estas partes da Esgrima devem estar muito mais plenamente integradas em um estilo de defesa perfeita. Assim sendo, é por isso que estudo as técnicas e faço as adaptações necessárias e sempre de acordo com os princípios básicos do treino com armas, o que faz com que as técnicas se realizem consoante os princípios básicos da defesa e do ataque, conseguindo assim o resultado desejado, que é poder ter sempre êxito usando essas técnicas. Considerem o que tiverem conseguido e perguntem a si próprios: Está esta técnica realmente desenvolvida para superar o oponente ou é uma forma da Arte? Pode a técnica ser aplicada em um autêntico combate ou vai funcionar apenas no treino? Quando aplicadas, as técnicas devem de ser eficazes no combate ou ajudar-nos no treino, para fazer de nós melhores lutadores. Os princípios básicos devem sempre voltar ao treino. De maneira que, quando integrarem o combate sem armas e o combate no solo, eles devem de ser uma extensão do treino com armas. O Pangamot é uma extensão do pau e da faca. Para dominar o Pangamot e o Dumog tem de se treinar Esgrima, assim descobrirão que se aprendem os princípios muito mais facilmente. Por outra parte, se podem aplicar os princípios básicos, também poderão ajustar facilmente Pangamot a outros sistemas!

Para ser mais eficazes Se perceberem o conceito da luta total dentro dos princípios de autodefesa da Esgrima, facilmente compreenderão que o Pangamot é uma prática muito realista da autodefesa e que também é muito diferente da maneira em que se fazia anteriormente! Podem lutar com qualquer arma, com qualquer arma que seja, excepto com pistolas!!! O próprio corpo é a vossa arma e vocês serão os vossos próprios guarda-costas! Agora sejam bem-vindos ao meu mundo, o mundo da Esgrima!


Frans Stroeven



Entrevista


Poucos actores artistas marciais conseguem a fama com apenas uma fita, isto só acontece em alguma ocasião excepcional e Jeff Speakman conseguiu com "Arma Perfeita". Diz-se ter sido a resposta da Paramount Studios com respeito à Warner Bros, com Steven Seagal. Seu filme "Arma perfeita" não conseguiu o sucesso que se esperava, pelo menos não foi comparável ao das fitas do Mestr e do Aikido, no entanto, Jeff Speakman conseguiu o seu propósito, dar a conhecer o Kenpo a nível mundial. Texto: Pedro Conde & Gladys Caballero. Fotos: David Gramage & davidgramage@gmail.com

P

ara muitos praticantes de artes marciais, Jeff Speakman é um actor destacável do cinema das artes marciais da década de 90, ou seja: uma estrela de Hollywood. Mas isto dista muito da realidade. Quando o conhecemos e tratamos, chegamos à conclusão de que acima de tudo, ele é um Mestre, um grande Mestre de artes marciais, que possui essa aureola que só têm os grandes senseis. É notório que durante anos tem praticado Karate; obteve o 7ºDan de Goyu Ryu, tendo deixado na disciplina japonesa uma marca difícil de apagar. Possui essa serenidade, humildade e lealdade com respeito ao seu Mestre, que só

“Segundo parece, o que verdadeiramente lhe interessa é tornar-se o líder supremo do Kenpo e não os caminhos que siga o Kenpo, nem o seu futuro. Este é o grande problema desta arte”


Entrevista possuem os mestres japoneses, mas também possui a mentalidade norte-americana, livre de tradições e dogmas, sendo objectivo com as limitações de seu estilo, sem cair em fanatismos nem exaltações. Resumindo: tem sabido absorver a “essência” do Karate e do Kenpo, unificando-os em um só estilo, aperfeiçoando-os na actualidade com o trabalho no chão da MMA. Como resultado, ele criou o seu próprio estilo, o Kenpo 5.0., dedicando-se nos últimos anos à sua difusão por todo o mundo. Mas teve de parar inesperadamente a sua tarefa; no mês Abril de 2013, Jeff Speakman anunciou na sua página de Facebook que tinha um câncer de garganta. Especificamente, foi-lhe diagnosticado um tumor em estadio4 em seu esófago: "Devido à proximidade com as minhas cordas vocais, a cirurgia não é uma opção, devido à possibilidade de poder perder a minha voz durante a operação, por isso resolvi avançar imediatamente com a quimioterapia e a radioterapia". Por fortuna, venceu a terrível doença e voltou à sua tarefa, a divulgação do Kenpo 5.0., visitando por segunda vez a Espanha para realizar uns seminários organizados por Cristina Alvarez e David Buisan. Jeff Speakman nos concedeu duas horas de entrevista que passaram rápidas, porque aquilo simplesmente foi uma conversa entre dois apaixonados das Artes Marciais, proporcionando a quem isto escreve, a oportunidade de realizar a melhor entrevista que lhe tenha sido feita. Ele mesmo chegou a repetir isto até em três ocasiões. Hei-de confessar que não foi nada difícil de conseguir, pelo contrário,

foi muito fácil. É muito fácil quando se tem ao alcance um comunicador e Mestre do seu calibre! Jeff Speakman nasceu a 8 de Novembro de 1957, em Illinois, Chicago. Antes de filmar "Arma Perfeita" pesava 82Kg, na actualidade, pesa 92Kg. Estudou Arte Dramático durante seis anos, além de ser Licenciado em Psicologia. À semelhança de outras muitas pessoas, sentiu-se atraído pelas Artes Marciais graças à série Kung Fu; especificamente, o que mais chamava a sua atenção eram as frases filosóficas entre o Mestre e o “Pequeno Gafanhoto”… “Me fascinava a série de KungFu, especialmente essas sequências de flash-back, em que o jovem discípulo aprendia da filosofia do velho e cego Mestre. Foi isto que me estimulou para aprender Artes Marciais". Começou a praticar Karate estilo Goyu Ryu em 1978. Na época não havia muito por onde escolher, o Karate e o Judo eram as Artes Marciais com mais difusão e as que predominavam nos ginásios. “Em 78, quando estava na Universidade, foi quando comecei a praticar Artes Marciais (Goyu ryu). Em 83, quando faltava pouco para a graduação, o meu instrutor Lou Angel me disse: Se realmente queres fazer Artes Marciais, tens de te mudar para a Califórnia e treinar com Ed Parker. É realmente excepcional que um 10ºDan de Karate, tendo em consideração como são restritos e fechados com os estilos, te diga que deves de ir estudar com outro mestre, uma coisa totalmente oposta, falando em termos de filosofia e técnica.

“Em Abril de 2013, Jeff Speakman anunciou em sua página de Facebook que tinha um câncer de garganta”

“Eu me preocupei em ser eu mesmo, obviamente influenciado pela ensinanças de Ed Parker, mas acima de tudo, ele queria que fosse eu mesmo”


Cine Marcial “Simplesmente juntei a força do Karate Japonês com a fluidez do Kenpo”



Entrevista O normal é que se vais morar para outro sitio, o teu sensei te recomende outro Mestre da sua mesma escola. Anos depois compreendi porque me tinha dito isto, mas na altura, aquilo foi chocante. Mas isso é o que significa ser um verdadeiro Mestre; ele queria o melhor para mim, mesmo que isso significasse deixar o seu estilo. Estou em dívida com ele. Este é o espírito de que carecem alguns indivíduos que se auto-denominam "Senseis". Jeff Speakman mudou-se para a Califórnia e inicialmente, treinou com Larry Tatum… “Comecei a treinar com Larry Tatum. Quando Ed Parker me viu e me tratou, ele me disse: Não continues com ele, treina comigo. Quando és um estudante e o Grande Mestre do estilo te diz isso, te sentes como se estivesses numa nuvem…, sentes-te um privilegiado. Treinava com ele de duas a seis horas por dia. Quando estava com Larry Tatum, eu só reparava na velocidade, tentava fazer o mais rápido possível, ou seja: Trabalhava pelo ego, tentava surpreender todos com a minha rapidez, mas isto me fazia perder a “essência” da arte do Kenpo. Ed Parker me guiou para

o caminho certo, o importante era a eficácia dos golpes, não a rapidez com que se executavam”. A tradução literal de Goyu ryu é Go ("Duro"), Ju ("Suave") e ryu ("estilo"): Estilo duro-suave. O estilo se caracteriza por suas posições curtas e altas, o uso das distâncias média e curta, além dos golpes e blocagens circulares, insistindo muito na respiração e no trabalho do Ki. Sendo Jeff Speakman um faixa preta com um grande nível Como resultou aquela mudança extrema a um estilo fluido e sem rigidez, como é o Kenpo? Adaptou essa força do Karate e seu kime às técnicas do Kenpo? “Efectivamente, são pólos opostos, eram e são muito diferentes. Os estilos japoneses são muito fortes, insistem na força; pelo contrário, o Kenpo é muito fluido, mais relaxado, onde prima a rapidez… No entanto, eu aplicava a essa rapidez a força que praticara. Isto é o que faz a meu Kenpo diferente, porque mesmo não tendo conservado essa força do Karate japonês, essa rigidez, conservo parte dessa força. Simplesmente juntei a força do Karate japonês com a fluidez do Kenpo”.


Quando vemos uma fita ou um vídeo de algumas de suas exibições ou cursos, se aprecia uma grande diferença entre ele e seus colegas do Kenpo. Tecnicamente, executando-o são iguais, mas no momento de impactar, durante essas décimas de segundos, a força, o Ki, é um aspecto inequívoco do estilo de Karate Goyu

Ryu. Até que ponto é importante o Ki no Kenpo 5.0? “É o mais importante, só os especialistas e quem o domina sabe da sua importância nas Artes Marciais. Quando se controla, tudo se vê desde outra perspectiva, desde outra óptica e isso é o que me tem feito mudar a mim como pessoa,

como ser humano e como artista marcial, porque inquestionavelmente a respiração é o caminho para comunicar com o espírito. No momento de impactar está concentrada a tensão dinâmica e o espírito, nesse preciso momento é quando se libera essa energia. O movimento é o mesmo que fazem


Entrevista

outros instrutores de Kenpo, mas a diferença é esta, depois de bater, voltamos a relaxar e continuamos a mesma dinâmica de técnicas que fazem os outros” . Após a explicação, Jeff Speakman realiza um demonstração de como se fazem os movimentos do Kenpo. Primeiro ele executa uma sequência técnica muito rápida, mais que técnicas marciais, por sua rapidez, parece um jogo de mãos; depois, volta a realizá-las como trabalha ele. São menos rápidas mas muito mais fortes e eficazes no momento de impactar; durante essas décimas de segundos, concentra e emprega a força do Ki, a sua respiração e concentração é diferente. Quando vemos um vídeo ou um DVD de Ed Parker, com algumas

diferenças se aprecia uma grande similitude com a maneira de trabalhar de Jeff Speakman, no entanto, é inevitável que surja a seguinte questão: Por que motivo existe tanta diferença entre Ed Parker e o resto de seus alunos? Por que prima a velocidade entre os alunos de Parker, por cima da força e da eficácia? E chegados a este ponto, surge esta interrogante: Realmente souberam captar a sua mensagem, o espírito do seu Kenpo? “Eles não captaram o significado da mesma maneira que eu captei, porque Parker vinha do Karate. A maneira mais suave para dizer isto, sem ferir os sentimentos de ninguém, é que não captaram o legado de Ed Parker. Eu o captei e pude aplicar essa força das suas técnicas, devido às minhas raízes japonesas. Penso que os outros instrutores estavam mais ocupados em serem o próximo Ed Parker que em aprender o seu estilo, ficar muito bem na fotografia e que todos disseram que era o melhor. Eu me preocupei de ser eu mesmo, obviamente influenciado pelas ensinanças de Ed Parker, mas acima de tudo, ele queria que eu fosse eu mesmo. Ed Parker queria que as pessoas fossem elas mesmas, não queria cópias ou imitações da sua pessoa. No meu caso, quando trabalho estou concentrado em porque vou bater e não em como o vou fazer; quando compreendes o porquê, não interessa o como…” Tudo aponta a que os alunos de Ed Parker não “captaram” seu legado, se isto foi assim, para onde se dirige o Kenpo? Qual o futuro que o aguarda? “Esta pergunta é a que ninguém me faz, todos me perguntam: Quem pensa que será o sucessor de Ed Parker? Pareceria que o que realmente interessa é tornar-se o líder supremo do Kenpo e não os caminhos que o Kenpo possa ter nem o seu futuro. Este é o grande problema desta arte. Eu acredito que temos de seguir o caminho



marcado por Ed Parker, por isso criei o Kenpo 5.0. Nele, a parte da luta em pé se contempla um combate no chão com técnicas das MMA, porque nunca se sabe onde teremos de combater; nos tempos que vivemos, cada vez é mais frequente encontrar praticantes que conhecem as artes da luta, ou na rua podemos encontrar-nos nesta situação. Por isso eu as incorporei ao Kenpo 5.0. Quem conheceu Ed Parker diz que se ele fosso vivo também o teria feito ou teria seguido caminhos similares para o fazer mais efectivo, posto que no Kenpo não se contempla a luta no chão. Um exemplo: no carro temos um vidro grande para ver em frente (o futuro) e um pequeno espelho retrovisor para olhar para trás… Sempre tem de se olhar para o passado, nem que seja um pouco; os ignorantes não querem mudar, negam a mudança e os inteligentes nunca param…” Difícil tarefa unir um arte marcial como é o Kenpo, com um desporto de luta como é a MMA… Não cairá o Kenpo 5.0 no erro de se tornar um desporto de luta? Poderia perder-se a essência do Kenpo e com ela a sua filosofia? “Sem dúvida é muito importante a filosofia no Kenpo, pelo contrário, a MMA é muito agressiva, mas carece dela, por isso explico aos meus estudantes de todo o mundo, que com MMA não avançam, não crescem. Os

meus estudantes devem saber defender-se e lutar no chão, mas sem perder os valores do Kenpo. Quer dizer, um praticante do meu estilo deve de saber lutar no chão, mas sem a agressividade de um lutador de MMA, mantendo a filosofia e o espírito de um praticante de Artes Marciais. Alguns dos meus alunos competem com lutadores de MMA nestes tipos de combate, o importante é que eles continuam a ser praticantes de Kenpo, nunca lutadores de MMA. Quando Lou Angel me mandou treinar com Ed Parker, sem dúvida alguma não pensou nas Artes Marciais, pensou na pessoa. Considerou a pessoa antes das artes marciais. Esta é a diferença entre o que são as artes marciais e os desportos marciais. Nas artes marciais se olha e preocupa a pessoa, essa é a filosofia das artes marciais, da qual carece a MMA. Há uma diferença entre a filosofia das artes marciais, que constituem uma forma de vida e o combate em artes marciais, que é a competição. Actualmente se tem unido com o MMA, mas perdeu o significado, em artes marciais se procura como podemos ajudar, nas MMA como podemos ferir ou magoar. Quando filmemos uma serie que tenho em projecto, vamos dedicá-la a como podemos ajudar, não em como podemos ferir ou bater; tentaremos mostrar a filosofia que é inerente às artes marciais” .


Entrevista Nas artes marciais todos os mestres inovadores têm sido vítimas das críticas; quando alguém faz uma coisa diferente dos outros, nem sempre é compreendido por seus colegas do estilo e Jeff Speakman não tem sido uma excepção… “Ao princípio tive muitos problemas com os mestres de Ke npo porque nã o pe rc e bia m porque tinha incorporado as MMA no Kenpo. Na actualidade,

finalmente compreenderam a importância de saber lutar no chão e actualmente já não tenho problema algum, nem críticas, mas reconheço que ao princípio foi duro. O meu objectivo actualmente é que os meus alunos sejam eficazes tanto em pé como no chão, para isso têm de treinar 50% em pé e outro 50% no chão”.


Cine Marcial Jeff Speakman insinua que quando Ed Parker era vivo, o Kenpo não parou de evoluir, era uma arte marcial que se adaptava aos tempos, marcando um caminho que outros seguiam. Após sua morte, o estilo deve de continuar progredindo, mas até que ponto foi importante Parker nas artes marciais?

“Acredito que tenha sido a pessoa que mais influência teve nas Artes Marciais nos Estados Unidos e também no Ocidente, porque não focalizou apenas um estilo, o importante era a sua filosofia. Tinha uma mentalidade aberta, criou os campeonatos de Long Beach, os mais importantes dos Estados Unidos, abertos a todos os estilos, onde qualquer um podia competir, respeitando as regras, além de que Mestres e especialistas podiam realizar exibições, para dar a conhecer e difundir sua arte. Ajudou muitos mestres para que pudessem ensinar seu estilo. Tenho a certeza de que sem Ed Parker, as artes marciais não seriam o que são agora. Existe um facto inquestionável: Ed Parker ajudou Bruce Lee, graças a ele, Bruce conseguiu o papel de Kato na série “Green Hornet” e devido a esse papel, chegou onde chegou! Por Bruce Lee se conheceram as artes marciais a nível mundial”. Bruce Lee é o ícone inquestionável das artes marciais, graças à sétima arte ele as deu a conhecer a nível mundial Mas qual a opinião que sobre ele tem um mestre da categoria de Jeff Speakman? “Foi o número um, o primeiro em mostrar as artes marciais no Ocidente, o primeiro que mostrou que apesar de ser tão pequeno, uma pessoa podia fazer o que quisesse quando se têm uns conhecimentos e habilidades marciais. Se Bruce Lee podia faze-lo, outros também, sem importar o tamanho ou peso, inclusivamente podia faze-lo gente com mais peso. Acredito que Bruce Lee absorveu muita da essência de Ed Parker a nível marcial, da sua filosofia, etc. As pessoas que treinavam com Ed Parker e Bruce Lee, anos depois foram meus amigos e comentávamos que sendo tão pequeno, era incrível… Evidentemente é mau enfrentar-se a um homem que se movimenta como Bruce Lee e pesa tão pouco, mas é pior enfrentar-se a alguém que se movimenta como ele, com 10kg mais, ou ainda pior, se se movimentar como ele mas tiver 20kg mais, porque quando nos movemos como ele, a única coisa que pode mudar é o peso. Se nos movemos como Bruce Lee fazia, impressiona, mas se pesares mais, como por exemplo eu, que peso o dobro, ou alguém que pode pesar mais ainda, impressionaria ainda mais e a resposta a tudo isto é que esse é o estilo de Ed Parker”. Ed Parker não só ajudou Bruce Lee na sua carreira cinematográfica, também o fez com seu aluno e amigo Jeef Speakman, no filme “Arma perfeita”, dando a conhecer com ela o Kenpo no mundo inteiro. “Estivemos vendo muitos filmes e chegamos à conclusão que todos tinham um denominador comum, ninguém sabia actuar. Por isso resolvi estudar arte dramático durante o tempo que fosse necessário, para adquirir um certo nível. Ed Parker também pensava que era o melhor caminho para conseguir um bom papel. Devia ser feito para obter experiência, à espera de que chegasse a minha oportunidade. Ela surgiu no dia em que me veio ver ao meu Dojo de Los Angeles, o então chefe de produção da Paramount. Ele assistiu a uma aula e me disse: Bem, muito bem. Agora vamos fazer uma prova, para ver as suas habilidades como actor. Fiz essa prova e então me ofereceram a oportunidade de protagonizar “Arma perfeita”. Ed Parker foi essencial nas filmagens, esteve sempre comigo, mesmo antes de começar a


filmar já começamos a praticar e a preparar a coreografia. Depois, quando se iniciou a rodagem, esteve em todas as sequências dizendo como as podia fazer, como melhorar as técnicas. Também me dando apoio moral em todo momento. As rodagens são muito duras e não só existe um desgaste físico, também psíquico e ele sempre lá esteve para me animar e ajudar. Normalmente é preciso repetir várias vezes as filmagens; depois de gravar, todos começam a mover-se e há uma grande confusão. Então, eu procurava a Ed Parker e ele se encarregava de me aconselhar e dirigir, porque tudo aquilo me atordoava, mas ele se sentia à vontade e muito animado, consciente de tudo o que acontecia e isso era

“Essa é a grande diferença entre os artistas marciais e o público em geral, é difícil filmar uma cena que agrade a ambos públicos”

grande parte da minha motivação. A rodagem foi muito dura e longa. Por vezes tínhamos que trabalhar durante a noite. Eu estava esgotado e não podia evitar adormecer. Quando isso acontecia, Ed Parker me tapava com um casaco. Quando requeriam a minha presença, me acordava suavemente e dizia: Vamos Jeff, precisam de ti…". Lamentavelmente e por uma má jogada do destino, Ed Parker faleceu umas semanas antes da estreia, pelo que não pode ver o impacto do Kenpo no público… “Não pude cumprir duas metas que eram meu propósito: Uma, que Ed Parker estivesse na estreia e a outra dedicar-lhe em vida a longametragem. Ele queria dar a conhecer o Kenpo a nível mundial e


considerava que o cinema era o melhor meio para o fazer, mas não alcançou o seu sonho..., mas o fiz por ele! Não pode ver a montagem final da fita, mas chegou a ver algumas das cenas já montadas... Por respeito a ele, quando acaba o filme, a primeira coisa que aparece no ecrã é a minha dedicatória e homenagem à sua memória. Ele esteve na rodagem, coreografamos todas as cenas de combate, estávamos completamente de acordo em que aquilo era o autêntico Kenpo, o Kenpo que o público devia conhecer”. Arma Perfeita teve um encanto especial que não tiveram outros filmes de Jeff Speakman; de facto, este filme, para a crítica e os espectadores foi dos melhores de artes marciais dos anos 90. Pessoalmente, a fita me entusiasmou, especialmente a cena em que tentam roubar a carteira vários delinquentes e com uma simplicidade e velocidade pasmosas, se desfaz deles… Em nenhum outro de seus filmes podemos ver umas coreografias assim. “Quando falo com praticantes de artes marciais, todos fixaram essa cena pela elegância e a simplicidade que tem; quando falo com o grande

público, destacam a cena do ginásio, onde venço vários marginais marciais. Essa é a grande diferença entre os artistas marciais e o público em geral; é difícil filmas uma cena que agrade a ambos públicos. Inicialmente, quando filmamos Arma Perfeita não gravamos essa cena, quando entregaram a montagem final, Mark Disalle filmou e gravou como fazia habitualmente com Jean Claude Van Damme. Na Paramount Studios me diziam que era a elegância personificada destas artes, então queriam mais uma cena onde se pudesse apreciar a diferença e por isso foi gravada. Eu a coreografei e dirigi, por isso é diferente a tudo o que aparece na fita, essa cena é a essência do Kenpo, ou seja: simplicidade e eficácia. Mark Disalle filma com um tipo de plano diferente, mais amplo. No entanto, este é mais curto para se apreciar bem a técnica. nela eu luto com todos ao mesmo tempo e não como nas fitas de Jean Claude Van Damme, onde primeiro ataca um, depois outro etc., cada um espera a sua vez… Isso não a realidade, em um encontro na rua

tens de lutar com todos ao mesmo tempo, porque ninguém espera a vez para atacar. A Paramound queria filmar uma cena realista do que eu fazia e que se afastasse por completo das coreografias cinematográficas, mas que por sua vez mostrasse a eficácia do Kenpo e esse foi o resultado...” O director de “Arma Perfeita” foi Mark Disalle, curiosamente também foi o director de “Kickboxer” de Jean Claude Van Damme. Até que ponto foi importante para o êxito da fita? “Em “Arma Perfeita” houve duas pessoas muito importantes, uma foi Mark Disalle e a outra foi Peter David. Inquestionavelmente Mark Disalle sabia fazer fitas de artes marciais, e quem nos pôs em contacto e quem fez com que a fita se pudesse fazer, foi ele.” O cinema de artes marciais viveu seus anos de esplendor nas décadas de 80 e 90, nos cinemas e nas estantes dos videoclubes se encontravam diversos filmes protagonizados por Chuck Norris, Steven Seagal, Jean Claude Van Damme, etc. Por que motivo actualmente não se fazem este tipo de filmes? Será porque não interessam ao público?…


Entrevista “Não gosto desse tipo de vida. O cinema é simplesmente um meio para conseguir o que realmente é importante na minha vida, o Kenpo. O meu objectivo é conseguir a sua difusão através do cinema e fazendo isso ganho dinheiro que me permita viver desafogadamente, pois estupendo!” “Hoje, pouca gente do mundo da industria quer ou está interessada em fazer filmes de artes marciais, só aqueles que estão começando estão interessados e assim é muito difícil filmar alguma coisa com qualidade. Por outra parte, não há uma grande figura das artes marciais que leve o público ate as salas dos cinemas. Só algumas fitas que triunfaram realmente, como “Operação Dragão” com Bruce Lee, “Kickboxer” com Jean Claude Van Damme, “Arma perfeita” comigo. Actualmente não há grandes mestres, grandes figuras nas artes marciais que possam realizar estas fitas”. Jeff Speakman não para de dar cursos por todo o mundo, o Kenpo 5.0. a cada dia tem mais adeptos, de facto, após os seus seminários na Espanha continuaria a sua viagem pela Europa, sendo cada vez mais requerido pelos praticantes do Kenpo. Mas a nível cinematográfico ou da televisão, acontece o mesmo? Tem algum projecto imediato nestas áreas? “Sim, de facto espero saber hoje mesmo, espero ter a minha própria série reallity de televisão. Ela se chama “Perfect weapons” (Armas perfeitas) não arma perfeita em singular mas sim em plural e será como um estudo mundo afora, mostrando as minhas academias e como treinam os diferentes grupos. Nela se vai realizar uma

espécie de torneio, o combate final será em Las Vegas. Os produtores são duas pessoas que estão realizando dois programas muito importantes em todo o mundo, um deles é o produtor do programa de cozinha intitulado Hells kitchen”. Se a serie se filmar e obtiver o êxito que se espera, Jeff Spearkman voltará de novo a saborear o êxito Quem sabe se não voltará a ser um dos grandes do cinema de acção? Apesar de que parece não estar interessado no modo de vida de Hollywood... “Em absoluto, não gosto nada desse tipo de vida. O cinema é simplesmente um meio para conseguir a difusão do que realmente é importante na minha vida, o Kenpo. O meu objectivo é conseguir a sua difusão através do cinema; se fazendo isso ganho o dinheiro que me permita viver desafogadamente, pois estupendo”. Quando o conhecemos e tratamos, temos a certeza que esta afirmação é absolutamente irrefutável, posto que Jeff Speakman é acima de tudo um Mestre, um grande Mestre de Artes Marciais que é radicalmente diferente a qualquer das estrelas cinematográfica do cinema de acção. Inquestionavelmente, a sua vida, a sua paixão é o Kenpo e o legado de Ed Parker. Na sua existência não tem cabimento outra coisa que não seja a sua Arte Marcial.







Fu-Shih Kenpo: Em busca do AUTÊNTICO SENTIDO DO COMBATE EM ALGUNS ESTILOS DE KENPO Tatsuo Yamada Nascido em 1905, se tornou discípulo do célebre Mestre Choki Motobu, em 1923. Um anos antes, Yamada se tinha iniciado no Karate com o Mestre Gichin Funakoshi. O que principalmente lhe interessava era a efectividade e se sentia decepcionado do seu anterior estilo, ao que considerava falto de realismo. Assim sendo, procurou o homem que vencera um pugilista ocidental de apenas um golpe. No ano seguinte, contando 18 anos, atraído pelo combate de Choki Motobu e convencido da sua capacidade, viaja a Osaka para se tornar seu aluno. Depois, passaria a morar na própria casa do Mestre. O Mestre Motobu rapidamente vê as qualidades de Yamada e o aceitou como Uchi Deshi (discípulo interno). Sob a tutela de Motobu, o jovem Tatsuo entrou em um mundo onde técnica e a eficácia eram uma só coisa. Em 1924, satisfeito dos progressos de seu aluno, Motobu o manda para Okinawa, onde o jovem viveu novas experiências de combate, enfrentando-se a adversários provenientes de outros estilos. Em 1925 se publica o livro de Motobu dedicado ao combate, onde aparecia um jovem Yamada. As fotografias das técnicas de combate provavelmente foram feitas quando voltou de Okinawa Em 1934, Motobu visitou o dojo de Karate de Yashuhiro Konishi (fundador do Shindo Jinen Ryu), que tinha convidado Tsukeo Horiguchi para assistir ao treino de um jovem campeão de Boxe inglês. Motobu que, apesar da sua avançada idade, persistia incansavelmente em suas pesquisas, logo propõe ao pugilista um confronto amigável em combate livre. Desde o início do combate, o mestre de Okinawa neutralizou todos os ataques do adversário e respondeu até o mesmo abandonar. Tatsuo Yamada estava presente e esta imagem de um velho mestre dominando facilmente um jovem campeão, ficou gravado em sua memória. Compreendeu então o nível de Motobu e resolveu multiplicar suas próprias experiências de combate. Se entregou por completo a seu mestre, que então o convidou a participar em um género particular de competição, os juken-kogyo, onde os karatekas se enfrentavam a pugilistas ou a judokas. O Mestre põe em guarda o aluno: “Atenção, numerosos karatekas foram abatidos neste tipo de encontros”.



Seguindo o Mestre Gichin Funakoshi, numerosos outros karatekas se mudaram para o centro do Japão. Alguns deles foram vencidos neste espectáculo de combate e criaram a sua própria escola de Karate. A história deste espectáculo, um autêntico tabu do Karate, é mal conhecida. Sem duvidar, Yamada se lançou com paixão nesse novo tipo de provas. Acumulou uma experiência incontestável, sobre a qual construiria mais tarde seu próprio estilo. O militarismo invadiu o ambiente do Japão, que entrou em guerra contra a China em 1937. A guerra se aproximava. Nessa época, Tatsuo Yamada era guarda-costas de T. Nakajima, director de uma sociedade de construção de aviões. Viveu vários anos a seu lado e foi várias vezes ferido com faca, com sabre e com pistola. Em 1941, Choki Motobu voltou a Okinawa onde vem a falecer

em 1944. Depois da guerra, em 1947, Tatsuo Yamada abriu um gabinete de osteopatia e ao lado, um pequeno dojo. De maneira privada, ensinava Karate a alguns universitários. A trajectória de Yamada, paralela à de Motobu, também constitui uma etapa importante na história do Kenpo e do Karate eficaz do Japão. Quando Yamada começou a ensinar Karate, as suas aulas estavam constituídas essencialmente por pessoas que queriam adquirir uma eficácia realista em combate; guarda-costas, polícias e alguns judokas que desejavam complementar a sua bagagem técnica. Podemos supor que esta clientela de judokas o procurou depois da sua participação nos juken-kogyo. Eis aqui uma apreciação de Yashuhiro Konishi com respeito a isto: “Yamada era muito agressivo. Comentava abertamente suas críticas acerca do



Karate actual, dizendo que era dança. Era um pouco como um chefe yakuza. Eu o considerava um renovador do Karate, mas outros karatekas não o apreciavam. Yamada também confirma a mesma coisa: “Muita gente me procura, judokas, guarda-costas e também políticos, com excepção de Mestres do Karate”. Os karatekas que dele se aproximavam eram marginais, por exemplo Masutatsu Oyama, futuro fundador do Karate Kyokushinkai. A princípios dos anos 1950, finaliza a actualização de seu próprio estilo e dá-lhe o nome de Nihon Kenpo KarateDo. Neste estilo, o combate livre é prioritário e se realiza com contacto pleno, com luvas de Boxe. Regularmente o mestre fazia combater seus alunos contra pugilistas e em 1959, seu próprio filho Hiroshi realizou no Japão o primeiro combate oficial que enfrentava um karateka com um campeão de Boxe Tailandês. Em 1962, Tatsuo Yamada organizou o primeiro torneio de Nihon Kenpo Karate-Do. Os combatentes usavam calça comprida e cinto de Karate, mas o torso estava nu e calçavam luvas de Boxe. Este evento teve muita repercussão. A maioria dos karatekas acharam tratar-se de um desvio total da arte marcial e que não era realmente eficaz, posto que o mito do Karate: “Um só golpe mortal” estava completamente ausente. Todos os karatekas o acharam tecnicamente medíocre e moralmente decadente, com excepção daqueles tais como Masutatsu Oyama e Muneomi Sawayama do Nihon Kenpo, antigo rival de Tatsuo Yamada, que sabiam o que era o combate batendo realmente. Osamu Noguchi, que depois dirigiu a escola de Yamada, formou a Associação de Kick Boxing em 1966. Procurou japoneses para combater com boxeadores tailandeses. A maioria foram karatekas das correntes Motobu, de Kyokushinkai ou de Nihon Kenpo. Com a televisão, o Kick Boxing rapidamente se fazia popular no Japão. Hoje, esta tendência persiste de uma maneira modificada. Continua no próximo mês...





Posição 17 “Posição Abdominal” Vajrolyásana Esta posição é o equilíbrio da anterior "pélvica Pose" Katikásana, não só no plano físico como no mental e também no energético. Na nossa última posição a concentração estava fisicamente na parte posterior do corpo, onde o cérebro é chamado a transmitir energia ao nervo motor, para apertar e manter a posição, permitindo que a parte frontal do corpo se liberte da tensão. Nesta posição podemos ver facilmente que a acção é a contrária e a parte frontal do corpo agora está recebendo as energias nervosas motoras. O equilíbrio da coluna vertebral também necessita que a inter-acção dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro seja transversal, comunicando as mudanças através dos nervos motores. Além da comunicação cruzada e a dinâmica energética, estamos aumentando ao mesmo tempo a capacidade dos nervos e as

capacidades de transferência. Quanto maior é a exigência dos músculos, maior é a exigência nos sistemas nervosos e sanguíneos; assim, de uma maneira sinérgica se reforça não só a parte física, como também o fluir ou a capacidade de transporte, transmissão. Como já comentamos na última posição, quando o corpo se contrai em um lado, deve haver uma acção lateral de estiramento igual e oposta. Isto serve para eliminar a tensão nos músculos e nas estruturas específicas, para permitir um aumento do abastecimento energético, mas não desde o cérebro no caso da função motora, e sim em direcção ao cérebro na maneira sensorial. Temos três funções nervosas principais; as motoras, para as acções e o controlo muscular voluntário, as sensoriais, como um monitor do mundo no qual estamos e as autonómicas, que permitem automaticamente a função da vida (respiração, digestão, excreção, etc.). Melhorando estas funções, nos

tornamos mais altamente sintonizados com o sentido e a capacidade de criar um indivíduo mais consciente e em sintonia não só com consigo mesmo como também com o exterior. As interactuações também permitirão uma maior transferência entre as energias naturais e pessoais, posto que se unem em uma só expressão. Mais uma vez estamos trabalhando com a terra, com a atmosfera e a luz do Sol e fazendo-o, trabalhamos mais com a energia com carga negativa. Como com a nossa última posição absorvemos a energia do Sol e esta se agrupou em uma força em espiral, então a parte frontal do corpo se tor nou essencialmente sensorial. Esta posição agora serve para dissipar e redirigir essa nova criação energética, para a sua plena utilização e em nosso benefício. Agora, os chacras selados no aspecto frontal dos portões traseiros e o aparelho sensorial estão activados e recebendo a energia negativa da terra. Estes novos despertares darão ao praticante um



Texto: Evan Pantazi Instructora de Yoga: Carolina Lino Ponta Delgada, Aรงores Foto: Tiago Pacheco Maia Ponta Delgada, Aรงores


sentido espacial, assim como uma consciência muito maior. Isto é muito importante, não só para o crescimento espiritual como também para a protecção e o desenvolvimento da empatia e dos sentidos. A maioria das pessoas actualmente vivem em uma área específica do seu ser, normalmente frontal, já seja a mente, a cara, todo o peito, etc. Esta nova consciência da zona traseira transcende em uma experiência de vida mais completa, com maior entendimento e capacidades. A parte traseira do corpo é o nossos passado inconsciente ou energia na evolução causal. A frontal é a função consciente ou aspectos disfuncionais.

“Posição Abdominal” Vajrolyásana Quando começamos a relaxar após o arquear na posição anterior, "Posição pélvica" Katikásana, pôr os glúteos e a parte traseira das pernas em contacto com a terra, para apoiar

o corpo, aumentando o peso aos poucos, a fim de sentir a acção e tomar contacto. Permitimos que os nervos sensoriais sintam primeiro o contacto do frio da terra e depois o peso do corpo. Trata-se de três vibrações energéticas diferentes e separar a sensação de cada uma é um passo dinâmico no despertar da consciência. Conforme o peso corporal se assenta nas pernas, nos concentramos na parte posterior, que está agora relaxada e aumentando essa relaxação, na medida que se libera a contracção. Como esta expansão continua relaxada, temos em consideração a mudança de uma funcionalidade motora para uma sensorial. Isto também liberta e abre os chacras traseiros à consciência receptiva e sua utilização, enquanto sentimos a experiência da última posição. As mãos se movem por o efeito do nervo motor, para situarem-se agora em uma nova posição com a ponta mais sensível dos dedos ao lado das ancas. A nossa atenção se concentra agora no equilíbrio dos dedos, enquanto tocam ligeiramente a terra; então movemos a coxa para baixo, para a terra, para fazermos contacto com a terra. A sensação é a da energia em espiral na zona inferior do abdómen em direcção ao cóccix, onde é-lhe permitido chegar ao solo, devido à energia absorvida pelos nervos sensoriais na parte traseira das pernas, nas costas e os dedos. Conforme levantamos as pernas e movemos a parte superior do corpo para trás, concentramos todo o nosso peso corporal no extremo da coluna vertebral. Esta contracção e manter os músculos frontais contraídos, sela os chacras frontais e permite aos chacras traseiros sentir a energia e a transferência provocada pela posição. Isto serve para libertar o nosso passado e para permitir um maior impulso em frente da consciência e sua funcionalidade.

Respiração e Intenção Quando estamos na nossa posição prévia, inspiramos profunda e lentamente. Desta maneira, os chacras frontais e a espiral energética se fortalecem. Quando começamos a dobrar na cintura, começamos a largar o ar conjuntamente com a acção, permitindo ao corpo dobrado subir sobre os órgãos internos e o diafragma, para expulsar o ar. Conforme o ar se libera, junto com a tensão da parte traseira do corpo, sentimos os músculos relaxados, as per nas começam a afundar-se mais profundamente no solo e a se expandirem. Inspiramos de novo lenta e profundamente situando-nos em posição vertical, em um ângulo de 90º com as pernas e libertamos a pressão sobre as mãos. Conforme movemos as mãos e permitimos que os dedos toquem no chão ao lado das ancas, começamos uma acção de exalação longa e lenta, sentindo as vibrações agora viajando através dos dedos, enquanto se expandem no solo. Mantendo o ângulo de 90º começamos a inspirar lentamente enquanto nos inclinamos para trás e levantamos as per nas. Quando inspiramos sentimos a energia a entrar no corpo e na terra a través da rabadilha. Quando exalamos sentimos a energia da terra na coxa e de novo começamos uma acção espiral. Podemos repetir este padrão de respiração durante o tempo que seja possível manter a posição, mas nunca forçar. A acção de inspirar será primeiro uma espiral no abdómen, antes de que seguidamente se afunde no solo. Na exalação sentimos a energia retrocedendo desde o solo, na espiral da parte inferior do abdómen e distribuímos por todo o corpo em vibrações subtis. Segue-se a Posição 18 "Posição de Pinça" Pachimottánásana




AUTOR: B. RICHARDSON

AUTOR: SALVATORE OLIVA

REF.: DVD/TV2

REF.: DVD/SALVA • DVD/SALVA2 • DVD/SALVA3 TÍTULO: KNIFE FIGHTING: • DVD/SALVA4 • DVD/SALVA5 TÍTULO: PROFESSIONAL • DVD/SALVA6 FIGHTING SYSTEM: • DVD/SALVA6 • DVD/SALVA7 ÇTÍTULO: PROFESSIONAL FIGHTING SYSTEMKINO MUTAI:

REF.: DVD/BL

TÍTULO: J.K.D. STREET SAFE:

TÍTULO: HOMENAJE TÍTULO: BRUCE LEE: A BRUCE LEE EL HOMBRE Y SU AUTOR: TED WONG LEGADO & CASS MAGDA

AUTOR: RANDY WILLIAMS

AUTOR: JOAQUIN ALMERIA

REF.: DVD/ALM2 TÍTULO: JKD TRAPPLING TO GRAPPLING

REF.: DVD/ALM3 REF.: DVD/ALM4 REF.: DVD/RANDY1 REF.: DVD/RANDY2 TÍTULO: WING TÍTULO: WING TÍTULO: FILIPINO TÍTULO: STREETCHUN KUNG FU: CHUN KUNG FU: MARTIAL ARTS FIGHTING! CHUM KIU SIU LIM TAO JEET KUNE DO

TÍTULO: JKD STREET DEFENSE TACTICS: TÍTULO: EXPLOSIVE DUMOG TÍTULO: JKD STREET TRAPPING”

inglés/Español/Italiano inglés/Español/Italiano

AUTOR: TIM TACKETT

REF.: DVD/JKDTIM3

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TÍTULO: JEET KUNE DO BRUCE LEE’S YMCA BOXING

REF.: DVD/YAW2 TÍTULO: YAWARA KUBOTAN AUTOR: MASTER PEREZ CARRILLO

TÍTULO: JKD EFS KNIFE SURVIVAL AUTOR: ANDREA ULITANO

REF.: DVD/DP1 TÍTULO: 5 EXPERTS - EXTREME STREET ATTACKS AUTORES: VICTOR GUTIERREZ, SERGEANT JIM WAGNER MAJOR AVI NARDIA, J.L. ISIDRO & SALVATORE OLIVA

AUTOR: BOB DUBLJANIN

TÍTULO: JEET KUNE DO ELEMENTS OF ATTACK

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TÍTULO: JEET KUNE DO

DVD/RANDY4 TÍTULO: CONCEPTS & PRINCIPLES

inglés/Español/Italiano

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REF.: MUKRANDY4 REF.: MUKRANDY6

REF.: MUKRANDY5

REF.: MUKRANDY3

TÍTULO: JKD

REF.: DVD/RANDY3 TÍTULO: WING CHUN KUNG FU: BIU JEE

REF.: DVD/SILAT

INGLES

OUTROS ESTILOS

REF.: DVD/JKDTIM

REF.: MUKRANDY1

REF.: MUKRANDY2

TÍTULO: THE WOODEN DUMMY INGLES/ITALIANO

TÍTULO: PENTJAK SILAT

REF.: DVD/SILAT4

REF.: DVD/BURTON REF.: DVD/BURTON2 TÍTULO: JEET KUNE TÍTULO: JEET KUNE DO UNLIMITED DO UNLIMITED

TÍTULO: TÍTULO: ESPADA Y DAGA BUKA JALAN SILAT


REF.: • KMRED 1

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Defesa Pessoal

A ARTE DA LUTA SEM LIMITES Neste artigo gostaria de oferecer aos meus leitores uma primeira vista de olhos à fascinante Arte Marcial do Panantukan Concept, para entrarem em contacto com um sistema que de certeza, no futuro vai dar volta a algumas cabeças. Texto: Peter Weckauf, Irmi Hanzal, Thomas Schimmerl Fotos: Thomas Suchanek


O

Panantukan tem as suas raízes nas Artes Marciais Filipinas. O estilo Ocidental do Boxe sempre tem tido uma forte influência no Panantukan, pelo que frequentemente se conhece o Panantukan como "Boxe Filipino " ou "Boxe Sujo". A maior diferença entre o Panantukan e o Boxe "normal" é certamente o facto de que o Panantukan não tem regras restritas e permite o uso de todas as armas do corpo, como golpes a pontos fracos, agarres, derribamentos e a manipulação do corpo do oponente. Mas, porque motivo conceito? Da mesma maneira que para todos os nossos sistemas, utilizamos o termo

"Conceito" para esclarecer muito bem que o Panantukan se ensina como um sistema integral.

O Sistema O Panantukan Concept "a Arte de Luta ilimitada" é a minha maneira de ver a auto-defesa sem armas. O Panantukan Concept fascina com suas claras estruturas que se ajustam à maneira de pensar ocidental. Há numerosos níveis para principiantes, médios e avançados praticantes. Cada nível se baseia no anterior, o que garante o êxito para uma óptima aprendizagem. Vários níveis têm diferentes objectivos e metas. Devem ser estudados os princípios, assim

como os elementos tácticos e estratégicos de uma luta.

A arte da Luta sem Limites O Panantukan Concept não se concentra exclusivamente no boxe "sujo", pelo contrário, ele cobre todas as áreas da auto-protecção. O que a maioria das pessoas acham tão fascinante no sistema, são as suas variadas e ilimitadas opções de treino. O Panantukan Concept responde a todas as perguntas. A partir de técnicas de Boxe integrais, ilimitadas, cobrimos os conceitos de "destruição",


Defesa Pessoal



Defesa Pessoal manipulação do corpo, conceitos ofensivos, o uso de todas as armas do corpo, defesa contra armas, ataque, treino na luta, protecção a terceiros, defesa contra mais de um agressor - ou seja, a defesa sem limites. No Panantukan podemos ser treinados ao 100% de maneira independente; não é um subsistema de qualquer outro estilo. Nos nossos dias, o Panantukan Concept é um primeiro sistema de combate que se baseia em princípios e conceitos. O programa de treino é muito estruturado e cobre todos os aspectos relativos à defesa sem armas, assim como um grande número de técnicas, exercícios, combinações de socos, pontapés, projecções, luxações e combates.

Os conceitos Há um motivo para usarmos o termo Panantukan Concept. É porque nos orientamos nos conceitos integrais da luta e não apenas na técnica. Um conceito é um desenho, um planeamento de acção. No caso da defesa pessoal, os conceitos são sinónimo de um planeamento aproximado para o comportamento potencial numa luta. Deve ser possível mudar o conceito se a situação muda e substituir uma maneira de ver com outra.

Conceitos de Armas nas lutas sem Armas De entre os critérios mais importantes se encontram os conceitos de armas que ampliamos e desenvolvemos permanentemente. Controlando o oponente mediante o controlo de suas mãos e braços – o que se conhece como verificação de mão – se denota que estamos permanentemente supondo que lutamos contra um oponente armado e consequentemente, construímos assim o nosso planeamento de defesa - o conceito. Muitos sistemas ensinam primeiro defesa sem armas e só depois mostram a seus estudantes a utilizar o que aprenderam para se defenderem das armas. No Panantukan Concept se ensina desde o início a segurar e controlar a mão armada (quer dizer, o típico para a luta contra as armas) pelo que a defesa contra armas é uma coisa natural nos níveis de formação mais elevados. Outro conceito típico do Panantukan Concept é a “destruição” das extremidades do oponente. Baseado em técnicas de combate com armas, a ideia é destruir ou magoar as extremidades do oponente de uma maneira que já não possa usá-las ou que inclusivamente perca o controlo de sua arma.


Este conceito está muito orientado à mão armada do oponente. No Panantukan Concept vamos um passo mais além e utilizamos estas técnicas não só contra os braços do oponente, como também contra as suas pernas (destruição de pernas) para minguar a sua agilidade. Os Conceitos especiais de formação para atacar a cabeça e o pescoço do oponente, são também parte do Panantukan Concept. O uso destes conceitos permite a entrada de novas ideias para a auto-defesa, que por sua vez ampliam imensamente as opções técnicas.

Treino de Instrutores Neste momento, estamos plenamente na construção e expansão do nosso sistema e para isso oferecemos formação para instrutores, baseada na prática do Panantukan Concept. Uma das nossas mais importantes preocupações é a formação de alta qualidade para os nossos estudantes. Oferecemos cursos especiais e seminários intensivos nos quais se pode estudar o nosso sistema. O programa de formação tem como base um planeamento emocionante no mais

alto nível profissional. O nosso programa educativo inclui o desenvolvimento de habilidades técnicas, tácticas, os constituintes mentais e a compreensão dos princípios e métodos de treino do “SAMI Unlimited Fighting Concept (Panantukan) Panantukan Concept”. Para mais informação visitar www.panantukan-concept.com Fotos de Thomas Suchanek. Escrito por Peter Weckauf, Irmi Hanzal, Thomas Schimmerl.


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“Um legado de lealdade, procura incessante da Verdade, fortalecimento de vidas, serviço à humanidade” Hwa Rang Do® Teoria e Filosofia (DECLARAÇÃO DA MISSÃO DA ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE HWA RANG DO®: “Um legado de lealdade, procura incessante da Verdade, fortalecimento de vidas, serviço à humanidade”

CAMINHO MARCIAL A arte do Hwa Rang Do pode ser considerada como um Caminho Marcial, onde o termo "forma" faz referência à "senda do guerreiro". Isto é devido a que quando se aprende Hwa Rang Do, não só se aprendem habilidades de luta, mas também se têm de compreender as fortalezas e debilidades de nós próprios, a fim de vivermos de acordo com o caminho do guerreiro. O caminho do guerreiro contém os conceitos de rectidão moral, autogover no, verdade universal, consciência, auto-consciência, honra e justiça. Estes ideais e muitos mais, são essenciais para compreender "o Caminho". Este é o caminho que um guerreiro deve percorrer para se tornar um praticante de Hwa Rang Do e... não é para todos… Muitos de nós perdemos o nosso caminho e ficamos ofuscados com o trilhado mundo material que temos diante de nós e em primeiro lugar, deixamos de

ver o motivo de termos começado a viagem. Para se persistir neste caminho, faz-se necessário desenvolver a força mental, o corpo e o espírito: a força de um guerreiro! Força não quer dizer ausência de debilidade, nem coragem significa a ausência de medo. A verdadeira força provém daqueles momentos em situações mais vulneráveis e débeis na vida e o verdadeiro valor surge nas piores circunstâncias. O valor de todas as coisas se mede pelo sacrifício feito para alcançá-las. Temos de escolher constantemente aderir-nos ou desviarnos do caminho escolhido, não em função de se uma determinada acção ou rota mais fácil, mas sim se ela é verdadeira e justa.

SER Do ponto de vista do Hwa Rang Do®, SER consiste essencialmente em três elementos que constituem a totalidade do ser e todas as coisas se manifestam nestes três elementos, onde um não pode existir sem os outros: 1) O aspecto mental: o que pensamos por meio do nosso raciocínio; 2) O aspecto físico: o que sentimos através dos nossos cinco sentidos; 3) O aspecto emocional: o que sentimos através das nossas emoções. Por exemplo, o processo de comer começa com o desejo físico do corpo (2). A decisão de o que comer, com frequência tem laços emocionais (3), a frase “o que te apetece comer?", indica o processo mental (1) poderia implicar decidir se podemos comer o nosso prato escolhido ou favorito, tendo em consideração se ele é saudável, etc. Cada uma destas ditas partes é importante e cada uma afecta às outras duas. Quando percebemos e somos conscientes destes


Hwa Rang Do

“Mediante o desenvolvimento de uma mente esclarecida e enfocada, um corpo saudável e forte e um centro emocional estável nas nossas vidas, fortalecemos um quarto elemento essencial do Ser” elementos, podemos controlar melhor as nossas respostas a forças exter nas e maximizar o nosso potencial humano, que é o objectivo final do Hwa Rang Do®.

ESPÍRITO Mediante o desenvolver de uma mentalidade clara e focalizada, um corpo saudável e forte e um centro emotivo estável nas nossas vidas, fortalecemos um quarto elemento essencial do Ser: o Espírito. De um ponto de vista marcial, o espírito é

capaz de realizar muito mais que o ser, visto incluir muitas mais coisas e não se limitar à própria pessoa.

ÂMBITOS DO CONHECIMENTO Seguidamente vamos ver um interessante exemplo acerca desta ideia. As três principais filosofias ou conceitos do mundo que influiram na cultura coreana em tempos antigos, foram: o Confucionismo, o Taoismo e o Budismo.

Os guerreiros Hwarang tinham de estudar muitos conceitos em virtude destes três pontos de vista diferentes. Após adquirir um certo nível de maturidade intelectual e de experiência mundana, começaram a ver os padrões universais que unificam todas as formas de conhecimento e experiência e não só estes três aspectos. Com esta base se poderia iniciar o caminho a uma verdade unificada.



Hwa Rang Do Em geral, o Hwa Rang Do® diz que devemos estudar todas as formas de ensino da vida, porque essa é a única maneira de começarmos a nossa viagem à Verdade. Com esta finalidade, é importante começar com o estudo académico (escolas, universidades, professores e mestres). Seguidamente, passar às aplicações práticas e realistas dos conhecimentos adquiridos e por último, mas muito importante, trabalhar arduamente para encontrar os "padrões universais" que tudo unificam. Aquilo que podemos encontrar no fim deste caminho, a VERDADE, é a mesma, sem importar qual tenha sido o nosso ponto de partida. A Verdade é o ponto da "indiferença" e um Hwarang era (e é) alguém que procura a Verdade.

“Em geral, o Hwa Rang Do® diz que devemos estudar todas as maneiras de ensino da vida, porque essa é a única maneira de começarmos a nosso viagem à Verdade”





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O sistema PPP de Brazilian Jiu Jitsu ensinado pelo Mestre Faixa Vermelha Flávio Behring (9ºDan de BJJ) Após ter aprendido com Rickson Gracie na ensolarada Califórnia, em 1994 e obter a faixa púrpura, conheci um representante da geração mais antiga de Paris, Flávio Behring, que tem o cinto vermelho. Christian Derval, meu irmão do BJJ do Rickson Gracie Jiu Jitsu, me tinha convidado muitas vezes e resolvi aceitar o seu convite e conhecer o Grão Mestre, que começou aprendendo de Hélio Gracie nos primeiros tempos do Gracie Jiu Jitsu, em 1947. Organizei várias aulas particulares e me surgiram muitas perguntas.

O Grão Mestre Flávio Behring parece irmão gémeo de Sean Connery e a sua maneira de ensinar todos os detalhes técnicos do Brazilian Jiu Jitsu, por exemplo: como agarrar, como distribuir o seu peso, ou como realizar a transição adequada de uma posição para outra, são simplesmente impressionantes. O que Flávio tem em comum com Rickson Gracie é sua maneira de tratar a eficácia do BJJ para a própria defesa, em vez de modificá-lo para a competição desportiva. "A própria defesa não é uma luta para surpreender" (Flávio Behring) Era como voltar para casa, quando me apercebi de todos esses pequenos detalhes que sempre senti que me faltavam



“De acordo com Flávio Behring, temos de perceber o sistema PPP do Brazilian Jiu Jitsu. Isto significa que Posição, Precisão e Pressão têm de ser controladas para cada posição e movimento”


fazendo combate. Da mesma maneira, o método do Grão Mestre Flávio Behring para ensinar e explicar as coisas, e basicamente o facto de que ele seja um modelo de Mestre de Artes Marciais, também me fez sentir como em casa e comecei a trabalhar com ele em Brazilian Jiu Jitsu. A partir de então, o convido duas vezes por ano para vir à minha casa e à academia em Bamberg, Alemanha. Também juntos difundimos esta Arte em diferentes cidades da Alemanha, assim como na Itália, nos Países Baixos e na Dinamarca. Da maneira como explica e ensina Flávio Behring, todos temos que compreender o sistema PPP do Brazilian Jiu Jitsu! Isto significa que: Posição, Precisão e Pressão têm de ser controlados para cada posição e movimento. Se faltar um destes três P, já não se estaria executando o BJJ original, que foi pensado e desenhado para defender-se nas ruas e na vida. Os sistemas dos PPP permitem combates sem esforço. No que respeita às três P, o caso é como segue: A Posição facilita a melhora do equilíbrio, a alavanca, a segurança e o aumento de opções. Por exemplo, enquanto se está na posição de guarda, não se pode perder a posição nem pôr a cabeça para baixo, porque faze-lo seria dar ao oponente muitas opções para asfixiar-nos ou derribar-nos. Se imaginam abaixando a cabeça na vida quotidiana?...

Mantenham a cabeça erguida, tenham confiança e enfrentem a vida de maneira equilibrada e decididos a seguir em frente, enquanto que ao mesmo tempo respeitam a própria vida e a das outras pessoas. Deixem que o vosso oponente lute contra o equilíbrio que criaram fazendo alavanca com o corpo e assim, enquanto ele perde energia, vocês ganham em energia e ao mesmo tempo está-se abrindo uma porta para que possam dominá-lo e submete-lo. Isto está apoiado pela precisão, quer dizer, tendes de ser mais precisos com respeito da posição e da transição à actual, assim que ao agarrar e também no que respeita ao momento exacto de uma técnica, ou seja: se mover-se ou não e quando mover-se em caso de o fazer. Isto, por exemplo, abrange questões como a maneira de melhorar as técnicas de submissão, como os agarres de braço. Por exemplo, no Behring Jiu Jitsu torcemos o pulso do oponente antes de chegarmos à Americana ou à Kimura. O terceiro princípio é a pressão. Se alguma vez já se enfrentaram a um faixa preta de Jiu-Jitsu brasileiro, sabem do que estou a falar. Se estavam por baixo e o faixa preta por cima, sentiram como se fossem atropelados por um tanque. Não há espaço para escapar, não há espaço para esconder-se. A pressão constante, inclusivamente desde o fundo e durante a transição, é o terceiro pilar do Behring Jiu Jitsu.

O GM Flávio Behring esteve treinando o faixa preta brasileiro Macaco, para uma luta importante e trabalhou com ele para melhorar a sua pressão durante a passagem de guarda, enquanto que a sua anca se movia para a frente. Em grande parte foi devido a isto que Macaco venceu a luta. Usando as palavras de GM Flávio Behring, o Jiu Jitsu é como abrir uma porta ao oponente, convidando-o a entrar, para o fazer acreditar que o dominante é ele e de repente fechar-lhe a porta para lhe controlar com a posição, a precisão e a pressão… ou com outro dos lemas da nossa família Behring: "Não lutes, vence!” Em 2013 assisti ao encontro anual do Brazilian Jiu Jitsu em São Paulo, Brasil, e me apresentaram a todos os nossos faixas pretas. Após a reunião, tivemos uma acampada de treino de BJJ, numa granja da região e seguidamente, fui de avião para o Rio de Janeiro. Foi-me concedido o diploma de 3ºDan de Faixa Preta por meu Mestre, o Faixa Vermelha Grão Mestre Flávio Behring, pelo Faixa Vermelha Grão Mestre João Alberto Baretto e pelo Faixa Vermelha Grão Mestre Álvaro Baretto, assinado pelos três Grandes Mestres do Brazilian Jiu Jitsu. Que grande honra constituiu a recompensa aos meus esforços no Brazilian Jiu Jitsu! Hoje, após mais de dez anos trabalhando com o Mestre Flávio Behring


e vinte anos no BJJ, juntos introduzimos o método Behring de Brazilian Jiu Jitsu em quatro países, temos ganho títulos mundiais e títulos nacionais em BJJ, Grappling e competições de MMA, mas o mais importante, construímos uma família de BJJ e compartilhamos a nossa maneira de viver o BJJ, com pessoas que gostam de treinar. Se o leitor quiser tornar-se um instrutor oficial de Brazilian Jiu Jitsu, podem entrar em contacto comigo, directamente em www.weng-chun.com.

- Levando o Behring Brazilian Jiu JItsu para a Dinamarca, com o meu estudante Brian Berggren (BrianBerggren.jpg). - Logotipo de Flávio Behring, Alemanha. - A minha família do BJJ no Brasil. - Família Behring no Brasil: Grão Mestre Flávio Behring, o Campeão do Mundo Márcio Corleta, o Campeão do Mundo Danilo Rodacki, o Mestre Sylvio Behring, Rodacki, Andreas Hoffmann. Com meus irmãos do Behring, Mário Guimarães, Faixa Preta 5ºDan e Luís Lopes, Faixa Preta 3ºDan.



“Após mais de dez anos trabalhando com o Mestre Flávio Behring e vinte anos no BJJ, juntos introduzimos o método Behring de Brazilian Jiu Jitsu em quatro países”


A ASB no Festival do Japão! A linhagem de Bugei Kaze no Ryu Ogawa e as tradições Shizen estiveram representadas no 17º Festival do Japão de São Paulo, Brasil. A comitiva da Associação Sul-Americana de Bugei, liderada pelo Shidoushi Thiago Moraes, braço direito de Shidoushi Jordan Augusto no Brasil, contava também com a presença de Shidoushi André Bortoluzzi e se destacou entre as mais de 50 apresentações que ocorreram no Palco Principal. A apresentação encantou o público presente, desde os mais velhos, admirados especialmente pela manutenção das tradições, até os mais jovens, que se encantaram com a firmeza e eficiência das técnicas apresentadas. Ao término da apresentação, vários mestres procuraram Shidoushi Thiago e Shidoushi André para parabenizá-los e se informarem um pouco mais sobre o Bugei, a ASB e todo o legado cultural mantido pela Escola. Muitos confidenciaram que viajaram à capital paulista apenas para prestigiar a apresentação da Instituição.





Texto: Pedro Conde. Fotos: David Gramage. davidgramage@gmail.com

As técnicas de perna, devido à rigidez natural dos membros inferiores (não esqueçamos que seus fortes músculos e tendões se encarregam de suportar e deslocar o peso do corpo durante grande parte do dia), resultam mais difíceis de precisar, por isso requerem de muito maia treino que as técnicas com as extremidades superiores.


A PRECISÃO: SEUS SEGREDOS E TREINAMENTO A precisão é um dos atributos fundamentais das artes marciais e desportos de contacto. É tão importante que, por muito potente, rápido ou flexível que seja um artista marcial, suas acções quase que não terão eficácia se carecer de precisão, porque simplesmente seus golpes ou técnicas não chegarão onde quiser, nem quando queira. Apesar da sua importância, a precisão não se treina habitualmente de uma maneira específica, por haver uma tendência a pensar que os combatentes precisos nascem, não se fazem. Isto não é assim. Como qualquer atributo marcial, a precisão também pode ser treinada e melhorada. Por precisão entendemos a capacidade para que uma acção neuro-muscular alcance exactamente o objectivo espácio-temporal desejado; em termos marciais, tanto seja bater ou agarrar um ponto específico em um momento determinado ou como a concisão ou exactidão rigorosa com a que um movimento técnico alcança a meta ou objectivo previsto (tanto seja impactar, interceptar, esquivar, etc.). A precisão é assim o resultado da conjunção de dois atributos básicos: a coordenação de movimentos enquanto à precisão espacial, e a velocidade enquanto à precisão temporal. Ambos tipos de precisão estão em estreita inter-relação e o artista marcial requer de ambos para ser realmente preciso em suas acções. A precisão é, junto com a oportunidade e a fluidez, um dos factores fundamentais do timing, atributo estratégico por excelência, que faz a diferença entre um combatente qualquer e um grande combatente. Certamente, nem todas as técnicas exigem o mesmo nível de precisão. Um soco ou um pontapé em rotação, por exemplo, requerem de uma precisão quase cirúrgica para resultarem eficazes; uma imprecisão de uns centímetros ou de umas décimas de segundo, resulta suficiente para fazer de um golpe terrível um golpe inofensivo. O mesmo acontece com os golpes realizados com os dedos

A bilateralidade é um elemento que acostuma a falhar no atributo da precisão, por isso tem de se treinar o dobro o lado esquerdo, no caso de não se ser canhoto, para se ser eficaz em combate, pois nunca se sabe desde qual a posição que se vai lançar um golpe.


Posição de guarda. Jab ou directo de esquerda. Cross ou directo de direita. Low kick de direita. Low kick de esquerda. Para sair, acabando com round house kick ou pontapé em rotação. dirigidos a pontos dolorosos ou vitais. No entanto, outras técnicas não requerem demasiadamente de uma precisão espacial para magoar. Os melhores exemplos são algumas técnicas de Thai Boxing, como o pontapé em rotação ou a cotovelada; estes são tão potentes e arrasantes que pouco importa a sua precisão; sempre que impactem dos ombros para cima, o resultado será sempre demolidor. No caso específico das técnicas de perna, devido à rigidez natural dos membros inferiores (não esqueçamos que seus fortes músculos e tendões se encarregam de suportar e deslocar o peso do corpo durante grande parte do dia), resultam mais difíceis de precisar. No caso dos pontapés, às exigências de coordenação e velocidade tem de se juntar as de flexibilidade e equilíbrio. Na imensa maioria das competições marciais, só se pode bater da cintura para cima, o que exige dos desportistas marciais actuais serem capazes de elevar os pontapés a alturas consideráveis, com controlo e rapidez. Uma pouca flexibilidade interfere no equilíbrio, na elevação e alcance do pontapé e portanto, na sua precisão. A precisão dos pontapés passa a depender grandemente da flexibilidade. A precisão de batimento possivelmente seja um dos atributos marciais mais importantes e também, infelizmente, um dos mais esquecidos no treino. A falta de precisão não só faz perder oportunidades, como também energia e nos expõe em posições vulneráveis às contras do rival. Foi calculado que nas competições, mais de um 70% dos golpes não chegam a seu destino, quer dizer: quase três de cada quatro golpes não servem praticamente de nada, existindo um denominador comum nas artes marciais e nos desportos de contacto, o é o seguinte: “Não importa o número de golpes que se lançam, o que importa realmente são os que impactam”. Aqueles competidores ou praticantes que conseguem reduzir esta percentagem de erro, acostumam a ser, e não por acaso, os que vencem. Cada golpe impreciso é uma oportunidade perdida, pelo que a precisão marca

frequentemente a diferença entre tudo ou nada. Por isso, é preciso treinar e aperfeiçoar os diferentes tipos de precisão, que são: espacial, temporal e técnica.

Precisão Espacial Precisão espacial (onde?). Esta é a dimensão mais básica da precisão: a capacidade para bater com exactidão em um ponto do espaço desejado. Esta precisão depende acima de tudo da coordenação técnica de movimentos e da flexibilidade. No que respeita à coordenação, a simplicidade da técnica e a familiaridade com ela, determinam a precisão. Uma técnica é mais simples quando compromete menos músculos em jogo e inter-acções mais simples e curtas. Para qualquer pessoa, certamente resulta mais simples acertar com um soco directo que com um pontapé em salto e rotação. A familiaridade se consegue mediante a repetição, de tal maneira que o nosso sistema neuro-muscular vai conhecendo a sequência de movimentos e reduzindo as imprecisões. Para afinar a precisão e exactidão espacial há quem recomende aparelhos de pequeno tamanho: punching balls e derivados. Mas ainda que estes aparelhos exigem ter uma grande precisão, não permitem, devido ao seu pouco peso, combiná-la com a potência. Para treinar precisão com potência temos os aparelhos pesados, como os sacos ou os paos. No caso do saco, mediante tiras de adesivo, ou traços de giz, se podem fixar neles objectivos muito exactos, assim como trabalhar a plena potência. Desejando ter um controlo dos progressos realizados, basta contabilizar o número de


socos lançados e quantos deles efectivamente impactam com precisão na zona escolhia (quantos, por exemplo, de 50 lançados). Calculando a média diária se pode conhecer a percentagem de acertos e erros. Comparando as diferentes médias ao longo de um período de tempo, poderemos realizar um seguimento dos progressos em precisão e determinar se o treino da mesma requer ou não uma maior atenção. Outra opção é marcar o objectivo com giz

marca. Isto pode ser omitido, quando os aparelhos têm, como é habitual, o logótipo do fabricante no centro da manopla de boxe. Se os assaltos se realizam com realismo: movendo-se ambos por todo o tatame ou no ringue, lançando combinações de diversos golpes, realizando fintas, esquivas e contra-ataques, conseguiremos treinar de maneira óptima, tanto a precisão espacial como a temporal. Os paos marcados permitem treinar a precisão a plena potência, ainda que não se podem mover com a mesma agilidade que os focus, pelo que o ritmo do treino é menor. Com os focus marcados se pode trabalhar a precisão à máxima rapidez, mas obviamente,

dimensão temporal da precisão, ou seja, a capacidade para bater no momento preciso. Esta precisão temporal exige basicamente velocidade de percepção (ver os espaços que o rival deixa) e de execução. O principal problema é que se a precisão temporal depende da velocidade e a espacial da coordenação, velocidade e coordenação resultam ser contraditórias, pois normalmente, a maior velocidade de execução se dá um menor controlo da coordenação e ao contrário. A prova é que se batermos devagar, podemos alcançar com precisão quase milimétrica

branco, de maneira que após lançarmos o golpe, podemos constatar, tanto no saco como no punho ou no pé, se impactou com precisão. Quando considerarmos ter um bom nível de precisão espacial estática ou com movimento limitado, convém passar a fazer treinos mais complexos e realistas: a partir de agora, necessitaremos um parceiro de treino. O método comentado com o saco, pode aplicar-se também a aparelhos de treino portados por um parceiro, como os paos ou os focus gloves. Com tiras de adesivo se marcam pontos na superfície destes aparelhos e bastará realizar assaltos tentando sempre alcançar exactamente a

certos golpes (especialmente os pontapés) não podem ser lançados com plena potência. Este trabalho também se pode realizar com as luvas acolchoadas ou as manoplas de Taekwondo, denominadas raquetes, que também são válidas para treinar este conceito.

qualquer objectivo, mas logo que aceleramos os movimentos, surgem os problemas de imprecisão. Uma boa precisão marcial tem de ser capaz de encontrar o equilíbrio entre estes dois factores, ou seja, que a velocidade da precisão temporal não nos diminua a precisão espacial. Para isso é necessário treinar com "alvos móveis", por exemplo, com aparelhos ligeiros que entrem em rápido movimento perante os nossos impactos (como os punching-balls) nos que temos de continuar batendo em seus ir e vir e nos rebites. Isto nos obriga a bater com rapidez, sem deixar de realizar golpes precisos. Se pode treinar assim em assaltos de um ou dois minutos, enquanto vamos

Precisão temporal (quando?) Até agora vimos a dimensão estática da precisão, quer dizer, o batimento a objectivos fixos. Mas os combates acostumam a ser muito dinâmicos, posto que rival algum vai ficar quieto à espera dos golpes. Este factor dinâmico obriga a introduzir a


contabilizando os acertos, o que nos permite medir os nossos progressos com precisão.

Precisão técnica (como?) Mas não basta bater onde e quando queremos, também temos de ser capazes de bater como queremos. A precisão técnica consiste em saber mover-nos e escolher as distâncias e os golpes precisos para cada situação e momento. Por exemplo, podemos

estar numa distância curta e ver um espaço na guarda do rival, lançando no momento idóneo um golpe que impacte com precisão em seu estômago e que no entanto resulte ineficaz e que quase o não magoe. Se lançamos um soco directo, em vez de um gancho, o golpe vai impactar logo que iniciada a sua trajectória, sem a potência que proporciona a aceleração. O golpe foi acertado no que respeita ao lugar e momento de impacto, mas muito desacertado ou

impreciso, no que respeita à distância ou à técnica, pelo que perderá grande parte da sua eficácia. A precisão técnica só se pode conseguir à base de experiência em combate, que é a única coisa capaz de ir forjando a intuição ou a capacidade da antecipação técnica. Assim sendo, para a treinar com o maior realismo possível, precisamos de um parceiro. Tanto seja utilizando focus (manoplas acolchoadas) que o parceiro nos vai apresentando a diferentes níveis,


Posição de guarda. Jab ou directo de esquerdas. Cross ou directo de esquerdas. Hook ou gancho oblíquo. Uppercut ou gancho ascendente. enquanto nos movemos como se de um combate se tratasse; ou seja lutando com protecções (capacete, protector bucal, peitilho, luvas, conquilha e espinheiras), para conseguir o maior realismo possível, mantendo as maiores margens de segurança. Nenhum aparelho pode substituir o rival humano, que se vai mover de maneira estratégica e com suma frequência, imprevisível. Em termos gerais, tem de se tentar treinar a precisão em combinações de vários golpes, não em golpes isolados. E têm de se praticar com combinações complexas, ou seja, batendo de cima para baixo, com punhos e pés, pois todas essas mudanças técnicas dificultam a precisão. A resistência se torna também um factor importante, pois o cansaço reduz a precisão. Os treinos que se descrevem neste artigo são progressivos, pois a precisão, apesar do que alguns pensam, é produto de anos de treino. Por tanto, podemos começar batendo no ar; para aperfeiçoar técnica e coordenação espacial, passar a alvos estáticos; depois a móveis para a coordenação temporal, ao que obviamente se segue o treino com parceiro, com focus ou protecções. Para a precisão técnica, os progressos se verão em combate, indicando-nos a atenção que devemos prestar a este atributo.


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O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiais do exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik, realizaram um novo DVD básico que trata sobre as armas de fogo, a segurança e as técnicas de treino derivadas do Disparo Instintivo em Combate, o IPSC. O Disparo Instintivo em Combate - IPSC (Instinctive Point Shooting Combat) é um método de disparo baseado nas reacções instintivas e cinemáticas para disparar em distâncias curtas, em situações rápidas e dinâmicas. Uma disciplina de defesa pessoal para sobreviver numa situação de ameaça para a vida, onde fazem-se necessárias grande rapidez e precisão. Tem de se empunhar a pistola e disparar numa distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o manejo da arma (revólver e semiautomática); prática de tiro em seco e a segurança; o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e em movimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse e múltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador, com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro com pistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 e inclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7

Todos os DVD's produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.



O Olho de Odin, as Planícies de Vigard e a última luta Como alguns dos leitores sabem, os Dog Brothers se apresentaram ao mundo com estas palavras do Dr.Carl Jung: "A ideia não é imaginar figuras da luz, mas voltar à escuridão visível". Esta é a ideia subjacente no nosso credo, "Quanto maior é a dicotomia, mais profunda é a transformação. A consciência é superior quanto mais duro é o contacto!"© DBI Portanto a pergunta seria: Simplesmente, como vamos voltar consciente a escuridão? Afinal, "escuridão", o que Jung chamou frequentemente "a sombra", não está sujeita á sua definição, por definição é o que não se vê; é precisamente o que existe nas sombras projectadas pela interacção da luz (Deus?) e um mundo físico… ou é o "EU" propriamente dito. Uma maneira é um caminho descrito primeiro pelo Dr. Jung, através do estudo dos mitos. O Professor de Jung, Joseph Campbell explica isto assim: - As qualidades da experiência não estão sujeitas a definição, entretanto, o que não se pode mencionar é capaz de se expressar: os artistas podem fazer isto... Um autor pode descrever a experiência só como uma similitude e uma metáfora. O que ele faz gráfico e acima de tudo o que faz para provocar a empatia é descrever uma situação humana na qual as emoções atribuídas aparecem naturalmente e se ajustam à lei da natureza humana. Este tipo de situações de estímulo, definíveis bastante objectivamente, coincidem com as emoções libertadas. Os artistas e os autores se vêm limitados em suas apresentações, a este número relativamente limitado de situações; para qualquer outro, o ouvinte ou o leitor não têm, literalmente, nenhum "órgão", nenhum sistema receptor para decifrar a mensagem. Podemos supor, com razão, que o fundamento das nossas emoções está formado por programas humanos de comportamento, universalmente inatos, mecanismos de liberação principalmente inatos. "Devido a isto, não deveríamos surpreender-nos quando, na literatura mundial – desde a Epopeia de Gilgamesh até as novelas publicadas mais recentemente – se utilizam repetidamente os mesmos pontos principais: o herói que liberta a donzela presa; o amigo que apesar de todos os perigos apoia ao amigo; temas sociais como o forte que oprime o débil, o rico explorando os pobres; a criança abandonada e desamparada". Estas histórias / mitos / lendas / religiões, têm assuntos recorrentes que utilizam os arquétipos recorrentes, como o herói, o mágico, o rei, o que engana / o bufão, a princesa, a rainha e tudo o mais, que se escondem no subconsciente colectivo do homem. Tanto seja uma história de escuridão, uma história de um herói, uma história de um mágico, uma história de um rei, uma história de truão / enganador, cada uma tem assuntos de acordo com seu tipo. Por vezes, uma história pode conter uma mistura destes assuntos. Enquanto que na sua superfície estas histórias são frequentemente impossíveis e ilógicas, têm ressonância porque são mapas para desenvolver a Consciência e as diferentes histórias abordam diferentes aspectos da nossa psique, que estão em busca da integração e em busca da consciência. Isto se aplica tanto às crianças (ver o trabalho acerca da psicologia infantil de Piaget, por exemplo) como aos adultos. Visto desde este ponto de vista, "Spider-Man” e “The Hulk” são histórias de fantasmas e a sua tremenda repercussão e êxito constituem uma poderosa indicação de sua valia como tal. São histórias dos poderes e perigos do lado escuro, da ira, da agressão, de sexo/criação, que espreitam debaixo da cortesia nas maneiras dos Peter Parker e dos Drs. Bruce Banners deste mundo. Lembro-me de quando o meu filho contava sete anos de idade e era grande admirador de Spider-Man. Ao princípio, o meu filho me perguntou se o homem aranha era bom. Usava uma máscara, se metia em montes de lutas e a polícia tratava de capturá-lo. Falamos de como o homem aranha utilizou os seus poderes e a sua inteligência para proteger as boas pessoas, tanto se por isso o reconheciam como se não e como apesar de que era um herói, ele também precisava da sua identidade secreta a cada dia, para quando o uso dos seus poderes não fosse adequado. Quando Hulk chegou ao ecrã do meu filho, ele me perguntou se Hulk era um herói como Spider-Man. Respondi que Hulk tratou de fazer o que era correcto com os seus poderes, mas que à diferença de Spider-Man, que era um estudante de ciências, Hulk era bastante estúpido. O meu filho fez uma pausa para considerar isto. Gostávamos de Hulk, mas eu o chamara estúpido. Expliquei que a ira de Hulk era ao mesmo tempo o segredo da sua força e a causa da sua estupidez, estava demasiadamente zangado para pensar com claridade e que por isso necessitava da sua mulher Betty, em quem confiava, para o guiar a fazer o bem e não o mal. Sem ela, frequentemente “se metia em sarilhos”.


Na história que vamos a ver aqui, encontramos uma mistura dos arquétipos do mágico e do herói. Como veremos dentro em pouco, cada herói perde uma representação tangível do seu velho mundo e do seu velho eu. No caso de Odin, perde Sleipner, a sua armadura de oiro, o seu capacete de águia e a sua lança, para entrar no reino onde uma nova sabedoria é possível. Ali vai encontrar outra etapa crítica na viagem. Por exemplo: Odin Pai de Todos, passou a ser Vegtam o Errante, que passa por uma prova importante (Vafthrudner) – normalmente à custa de lesões tangíveis – não muito diferente ao que sucede a um homem no seu caminho para a sua união com os Dog Brothers. Com esta noção de mapas para desenvolver a consciência mental, voltamos à mitologia nórdica e à história de Odin.

ODIN VAI AO POÇO DE MIMIR: O?SEU SACRIFÍCIO DE SABEDORIA Odin, que já não montava Sleipner, seu corcel de oito patas; já não vestia a sua armadura de oiro e o seu capacete de águia e nem sequer levava a sua lança na mão, viajou através de Midgard, o mundo dos homens, e se dirigiu a Jötunheim, o Reino dos Gigantes. Ele já não era chamado Odin, Pai de Todos, mas sim Vegtam, o Errante. Usava uma capa azul escuro e em suas mãos uma bengala de viagem. Agora, quando se dirigia ao poço de Mimir, que ficava perto de Jötunheim, encontrou um gigante que montava em um grande veado. Odin parecia um homem para os homens e um gigante para os gigantes. Foi para perto do gigante e os dois se falaram: "Quem és, irmão?" – perguntou Odin ao gigante. "Sou Vafthrudner, o mais sábio dos Gigantes" - disse Odin que montava no veado. Odin soube então que Vafthrudner era de facto o mais sábio dos Gigantes e que muitos foram a lutar com ele, para obterem a sua sabedoria. Mas os que dele se aproximavam tinham de responder às perguntas que Vafthrudner propunha e se não podiam responder bem, o gigante lhes cortava a cabeça. "Sou Vegtam o Errante" - disse Odin - "e sei quem tu és, oh Vafthrudner. Eu faria os possíveis por aprender alguma coisa de ti". O gigante começou a rir, mostrando seus dentes. Ele riu "Ho, ho" – e disse: "Estou pronto para fazer jogo contigo. Sabes como é isto? Se eu não posso responder a qualquer pergunta que fizeres, dicas com a minha cabeça e se tu não poderes responder a qualquer pergunta que eu te fizer, então, eu ficarei com a tua cabeça. Ho, ho, ho!!! E agora, vamos começar”. "Estou pronto" - disse Odin. "Então diz lá" - disse Vafthrudner - "qual é o nome do rio que separa Asgard de Jötunheim?" "Ifling é o nome desse rio" - respondeu Odin. "O Ifling é frio como a morte, no entanto, nunca se congela". "A tua resposta é a certa, OH Errante" - disse o gigante. "Mas ainda tens de responder a outras perguntas. Quais são os nomes dos cavalos que cavalgam o dia e noite através do céu?" "Skinfaxe e Hrimfaxe" - respondeu Odin. Vafthrudner ficou surpreendido por escutar alguém dizer os nomes que só os

deuses e o mais sábio dos Gigantes conheciam. Só restava uma pergunta a fazer antes que chegasse a vez do desconhecido fazer as suas perguntas. Disse Vafthrudner: "Diz-me: qual é o nome da planície onde se realizou a última batalha?" "A Planície de Vigard" - disse Odin, "A planície que tem cem quilómetros de comprimento e uma centena de quilómetros de largura". Agora chegara a vez de Odin fazer perguntas a Vafthrudner: "Quais serão as últimas palavras que Odin sussurrará ao ouvido de Baldur, seu querido filho?" - perguntou. O gigante Vafthrudner ficou muito surpreendido por esta pergunta. Saltou para o chão e olhou fixamente para o desconhecido. "Só Odin sabe quais serão as suas últimas palavras a Baldur" - disse - "e só Odin teria feito essa pergunta. Tu és Odin, Oh errante, e não posso responder à tua pergunta". "Então" - disse Odin - "se queres conservar a tua cabeça, responde a isto: que preço vai pedir Mimir por um gole do Poço da Sabedoria que ele guarda?" "Pedirá o teu olho direito como pagamento, Oh Odin" - disse Vafthrudner. "Não vai pedir nada menos que isso?" - disse Odin. "Não pedirá um preço menor. Muitos têm chegado até ele por um gole do Poço da Sabedoria, mas até hoje, ninguém pagou o preço que pede Mimir. Respondi a tua pergunta, Oh Odin. Agora renuncia a pedir a minha cabeça e deixa-me seguir o meu caminho". "Renuncio ao meu direito à tua cabeça" - disse Odin. Então Vafthrudner, o mais sábio dos Gigantes, seguiu o seu caminho, a lombos do seu grande veado. Era um preço terrível o que pediria Mimir por um gole do Poço da Sabedoria e Odin, Pai de Todos, ficou muito preocupado quando disso o informaram. O seu olho direito! Teria de ficar para sempre sem a visão de seu olho direito! Pensou em voltar para Asgard, renunciando à sua busca da sabedoria, mas continuou, sem se desviar para Asgard nem do Poço de Mimir e quando se dirigiu para o Sul, Muspelheim viu onde estava Surtur com a espada flamejante, uma figura terrível que um dia se uniria aos Gigantes, na sua guerra contra os deuses. E quando se voltou para o Norte, escutou o rugido da caldeira Hvergelmer, deitando por fora do Niflheim, o lugar da escuridão e o temor… E Odin soube que o mundo não devia ser deixado entre Surtur, que o queimaria com fogo, nem Niflheim, que de novo o sumiria na escuridão e o nada. Ele, o maior dos deuses, teria de adquirir a sabedoria que o ajudaria a salvar o mundo. E assim, com seu rosto severo por sua perda e dor, Odin, Pai de Tudo, voltou sobre os seus passos e se dirigiu ao poço de Mimir. Foi até a grande raiz de Igdrassil - a raiz que surgiu de Jötunheim – e debaixo dela, lá estava Mimir, o guarda do Poço da Sabedoria, com seus profundos olhos fixos na água profunda. E Mimir, que bebera todos os dias do Poço da Sabedoria, sabia quem era aquele que estava à sua frente. "Deus te salve. Estou a falar a um deus, Odin, o maior dos Deuses" - disse.


Então, Odin fez uma reverência a Mimir, o mais sábio dos seres do mundo e disse: "Quero beber do teu poço, oh Mimir”. "Há um preço a pagar. Todos os que até aqui têm vindo beber, não quiseram pagar esse preço. Tu, o maior dos deuses, vais pagar?" "Não vou retroceder pelo preço que tem de ser pago, oh Mimir" - disse Odin, Pai de Todos. "Então bebe" - disse Mimir. E encheu um chifre grande com água do poço e deu-o a Odin. Odin pegou no chifre com ambas mãos e bebeu e bebeu… Enquanto bebia, viu todo o futuro. Viu todas as tristezas e angústias que iriam cair sobre os homens e os deuses. Mas também viu os motivo de terem de passar por dores e problemas, e viu como poderiam ser assumidos, de maneira que deuses e homens, por serem nobres em dias de tristeza e angústia, deixariam no mundo uma força que um dia - um dia que de facto estava muito longe - destruiria o mal que iria trazer o terror, a dor e o desespero ao mundo. Quando já tinha bebido do grande chifre que Mimir lhe tinha dado, levou a mão à cara e arrancou seu olho direito. Terrível foi a dor que Odin, Pai de Todos, teve de suportar. Mas não gritou, nem se escutou um gemido. Inclinou a cabeça e tapou seu rosto com a capa. Então, Mimir agarrou o olho e deixou que se afundasse profundamente na água do Poço da Sabedoria… E lá ficou o Olho de Odin, brilhando através da água, um sinal para que todos os que fossem a esse lugar, vissem o preço que o pai dos deuses pagara por sua sabedoria. Não conheço muito destes assunto, mas caso possa servir de alguma coisa, isto é o que me fica deste mito: A sabedoria tem um preço, física e psicologicamente - no peso do conhecimento de da nossa mortalidade - e nisto encontramos a nossa recompensa, porque como narra esta história: “E enquanto bebia, todo o futuro se tornou nítido para ele. Viu todas as tristezas e angústias que iriam cair sobre os homens e os deuses. Mas também viu porque tinham de sofrer as dores e problemas e viu como poderiam ser assumidos, de maneira que deuses e homens, por serem nobres em dias de tristeza e angústia, deixariam no mundo uma força que um dia um dia que de facto estava muito longe - iria destruir o mal que trouxe o terror, a dor e o desespero ao mundo”. No caminho dos Dog Brothers também nós pagamos um preço físico pela sabedoria e a consciência do que estamos procurando. Aceitamos isto porque sabemos do seu valor. "E Odin soube que o mundo não devia ser deixado entre Surtur, que o queimaria com fogo, e Niflheim, que o levaria de novo à escuridão e o nada. Ele, o mais grande dos deuses, teria de adquirir a sabedoria que o ajudaria a salvar o mundo". E assim, como Odin, aceitamos um preço que outros não aceitam. Isto nos leva à questão que hoje nos ocupa: Quando é suficiente o preço pago? Quando é demasiadamente alto?

Afinal, Odin deu só um olho, não deu ambos! A senda dos Dog Brothers é "caminhar como um guerreiro durante todos os nossos dias". Se estamos muito magoados e doridos para "aceitar isto", então, metaforicamente renunciamos ao nosso segundo olho – e estaremos inutilizados no dia da última batalha nas planícies de Vigard e vamos chorar pela falta dos nossos olhos, quando as Valquírias nos ignorarem por não termos estado à altura de estarmos prontos, dispostos e capazes de defender as nossas terras, mulheres e crianças. Por vezes, no espírito de exuberante abandono que acompanha a vontade de "apostar a nossa cabeça" - como fez Odin - como lutadores de pau, não reconhecemos a porta de vai desta etapa da nossa vida, à seguinte. Confundimos permanecer demasiado tempo com permanecer jovens e afinal acabamos cegos, por termos dado os dois olhos em vez de um! Em poucas palavras, temos de deixar de lutar enquanto tivermos alguma coisa em perspectiva, pelo que sempre teremos "mais uma luta" dentro de nós. Para mim, isto quer dizer que apesar de já não lutar, treino para poder apertar o gatilho quando for necessário e ir ao lugar onde estou sempre jovem - durante todo o tempo que me seja possível - mas metaforicamente, já dei o meu “olho” aos deuses da luta com pau, em troca da visão da experiência e não estou disposto a dar mais "olhos" na minha procura da sabedoria. A inteligência é a quantidade de tempo que se necessita para esquecer uma lição. Uma lição aprendida abre o caminho para a seguinte. Uma lição esquecida será apresentada mais uma vez pela vida, até a aprendermos de uma vez por todas... Portanto, se sou inteligente, me lembro das lições do tempo em que lutava. Há um gatilho que posso apertar e ir ao lugar onde "sempre estou jovem", um lugar onde, como diz a canção de "música country": "Eu já não sou tão jovem como dantes, mas sou tão jovem como nunca fui". Lutar é aceitar que poderíamos lesionar-nos de maneira profunda ou até permanente. Sei o que fui. A resistência que me resta é para prover a minha família... e é a minha vez nas Planícies de Vigard… e enquanto chega o meu tempo, me vêm à memória as palavras de João Matus (como Odin, Merlim, e Gandalf o Cinzento, outro exemplo do arquétipo do Mágico): "E assim vais dançar até a tua morte aqui, nesta colina, no fim do dia, e na tua última dança falarás da tua luta, das batalhas que vences-te e daqueles perdidas, falarás das tuas alegrias e desconcertos quando deste de caras com o teu poder pessoal. A tua dança falará dos segredos e das maravilhas que tens armazenado e a morte sentar-se-á aqui para te ver. O sol poente brilhará sobre ti sem te queimar, como hoje fez. O vento será suave e doce e a tua colina irá tremer. Quando chegar o fim do baile, vais olhar para o sol, porque nunca mais irás vê-lo durante a vigília ou em sonhos e depois da tua morte, apontará para o Sul, para a imensidão”. A aventura continua… Crafty Dog


Kihon waza (técnicas básicas) es la parte más importante del entrenamiento de cualquier Arte Marcial. En este DVD el Maestro Sueyoshi Akeshi nos muestra diversas formas de entrenamiento de Kihon con Bokken, Katana y mano vacía. En este trabajo, se explica en mayor detalle cada técnica, para que el practicante tenga una idea más clara de cada movimiento y del modo en que el cuerpo debe corresponder al trabajo de cada Kihon. Todas las técnicas tienen como base común la ausencia de Kime (fuerza) para que el cuerpo pueda desarrollarse de acuerdo a la técnica de Battojutsu, y si bien puede parecer extraño a primera vista, todo el cuerpo debe estar relajado para conseguir una capacidad de respuesta rápida y precisa. Todas las técnicas básicas se realizan a velocidad real y son posteriormente explicadas para que el practicante pueda alcanzar un nivel adecuado. La ausencia de peso en los pies, la relajación del cuerpo, el dejar caer el centro de gravedad, son detalles muy importantes que el Maestro recalca con el fin de lograr un buen nivel técnico, y una relación directa entre la técnica base y la aplicación real.

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A ARTE ZEN QUE EQUILIBRA O ESPIRITO Tive o prazer de assistir e inclusivamente de fazer a introdução a um curso de Shidoshi Juliana Galende, acerca da pintura tradicional o Sumi-e. A minha presença no dito curso se explicava, para além do respeito e a amizade com a conferenciante, por uma faceta sem dúvida pouco conhecida da minha pessoa, a de pintor ao óleo. Pude no dito curso constatar vários pontos. Primeiro e principal, a excelência da professora, nunca vi ninguém com maior capacidade de comunicação e empatia com os alunos!) e segundo, a surpreendente velocidade com que é possível aprender a dita técnica (quando bem explicada). E tiver ocasião de assistir ou estiver interessado em organizar um curso com ela, não deixem de o fazer! É uma garantia de êxito, categoria e resultados. Alfredo Tucci

O

Sumi-e, também conhecido como Suiboku, é um tipo de técnica de desenho na pintura tradicional japonesa. Há evidências textuais que sugerem a existência do estilo na China já durante a dinastia Liu Song do Século V. Tudo parece indicar que durante a dinastia Tang

(618-907) alcançou um importante desenvolvimento, para ficar estabelecido como um estilo definitivamente polido durante a dinastia Song (960-1279). Introduzido no Japão na segunda detade do Século XIV pelo Budismo Zen, foi assimilado pelos japoneses com grandes contribuições de monges como Toba-Sojo, que desenhou "Choju Giga" no

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Cultura Oriental período Heyan (795-1185), e Sesshu, durante o período Muromachi (1333-1587), no qual o Sumi-e cresceu em popularidade e alcançou tão alto nível de evolução que chegou a ser considerado como o primeiro estilo puramente japonês da técnica de desenho à tinta. Esxieta uma terminologia relativa à arte do Sumi-e: sumi (tinta), suzuri (bastão de tinta), bokusho (arte), kami (papel) e o fude (pincel). O termo Sumi-e – também se diz “suiboku-ga” - se refere à pintura japonesa de tinta monocromática, uma técnica que começou na China durante a Dinastia Sung (960-1274) e foi assimilada pelos japoneses no Século XIV, com a ajuda de monges Zen-Budistas. O sumi-e tem as suas raízes na caligrafia chinesa; as pinceladas aprendidas na caligrafia são as mesmas utilizadas na pintura. O mais importante é que o sumi-e representa não somente uma bela e singular forma de arte, mas também uma filosofia. Enquanto a maioria da pintura ocidental clássica teve como meta a descrição realista do mundo e seus objectos, o sumi-e sempre foi expressão de percepção do artista. Pintores tentando capturar a essência de um objecto, pessoa, ou paisagem: mais importância para a sugestão que para o realismo. A pintura ocidental usa a cor para criar sombras, tons e um sentido de espaço. O sumi-e tradicional, por outro lado, usa unicamente tinta preta. Na pintura oriental, a tinta preta é a mais alta simplificação de cor. No início do século X o Japão começou um grande intercâmbio com a China, enviando estudantes para assimilarem o que de melhor a cultura chinesa possuía, destacando-se principalmente a caligrafia e a religião. Este intercâmbio continuou por mais alguns séculos, até que através de mudanças internas os japoneses adaptaram aquilo que tinham aprendido conforme suas necessidades. Uma herança deixada por este laço de amizade foi a semente daquilo que se transformaria no



Zen-Budismo, que têm como data de nascimento o século XII. O Sumi-e, conforme sua origem, possui como principal característica a rapidez em que é realizado. A inspiração artística é transmitida no prazo mais curto possível, onde não existe tempo para reflexão ou pensamento daquilo que está sendo realizado; o artista deve seguir sua inspiração espontânea. Não existe a possibilidade de nenhuma correcção ou repetição, um traço deve ser encarado como único, se existir algum erro ele está “morto” e portando toda a obra perdida. Esse foi o espírito que levou muitos Samurai a praticarem o Zen e o Sumi-e. Um golpe de espada deve ser realizado espontaneamente sem chance para correcções ou reflexões, caso contrário, o espadachim estaria condenado à morte devido à velocidade com que ocorriam os confrontos. Shin'ichi Hisamatsu, filósofo e profundo conhecedor da arte Zen, ressalta sete particularidades que devem existir em uma obra Zen, são elas: assimetria (fukinsei), singeleza (kanso), naturalidade (shizen), profundidade (yugen), desapego (datsuzoku), quietude e serenidade interior (seijaku). Portanto, não são todas as obras que podem ser classificadas como Zen. No Sumi-e, utiliza-se uma tinta feita de fuligem e cola (Sumi) e pincéis de pêlo de ovelha ou texugo, de maneira a reter muito

líquido. Mas é o papel, na maior parte das vezes fino e absorvente, que dá a principal característica deste tipo de pintura. A razão de se escolher um material tão frágil para transmitir a inspiração artística, é que ela deve vir à tona no prazo mais curto possível. Se o pincel se retardar muito sobre o papel, este é transposto. A cor branca que fica de fundo no papel (cor original) é relacionada ao Universo. Não se vê um fundo definido e assim a característica relacionada ao vazio é preservada. A filosofia da pintura Sumi-e é passar para o papel o espírito de um objecto, não existindo pretensão para criar uma obra realista. Cada pincelada deve estar cheia de energia (Ki energia vital que existe em todas as coisas). Cada traço tem que mostrar sua vitalidade e vida. O artista Sumi-e, assim como um mestre da confecção da espada samurai, coloca seu espírito na obra e com isso cria vida através de sua expressão artística. A combinação da pintura, da poesia e da caligrafia foi a composição artística preferida no Japão durante a primeira metade do século XV, principalmente nos círculos zen. A programação desses “Rolos com Poemas e Pinturas” – Shigajiku – e o empenho em realizar uma obra de arte interligada em todos os níveis e sentidos, cristalizaram-se aqui num caminho. O mais tardar, a partir da época do mestre



Ch'na Chao-chou Ts'un g-shen (778897), personalidade original, foi também considerada nos círculos zen como algo extraordinário. Mesmo assim, as duas partes por separado devem ser únicas e independentes, de maneira a não dependerem da presença uma da outra, para ser uma obra de arte.

O SUMI-E NA PRÁTICA Para se pintar Sumi-e, o praticante tem que conhecer perfeitamente o objecto que vai pintar, para que não exista reflexão ou dúvida durante o processo criativo, deve ocorrer uma observação quase que constante das coisas à volta, assim, sua prática

também traz uma consciência maior sobre a vida, pois com ela começa a existir uma maior sensibilidade das coisas e pessoas que nos cercam. A pintura trata simplesmente da força de sua inspiração básica. Temas da natureza são o assunto principal, mas os pintores não tentam imitar, copiar ou

© Todos os trabalhos aqui são Juliana Galende presente. Para mais informações você pode encontrar no canal oficial no Kaze Ogawa Ryu Ha (Youtube) e Facebook (KazenoRyu.Sumie).



dominar a natureza. Ao invés disso, eles apreciam cada aspecto dela e desfrutam de cada processo natural. Eles buscam a harmonia com o universo através da comunhão com todas coisas. A beleza artística frequentemente reside no que é natural e tem personalidade. Se observarmos essas pinturas com o pensamento e coração abertos, seu significado interior lentamente tornar-seá aparente. No Sumi-e, a meta é capturar a essência, o ki (energia vital), o espírito ou a vida do assunto da pintura, evocando a poesia e a natureza. A princípio, o estudante pode permear quatro temas clássicos: bambu (take), crisântemo (kiku), orquídea (ran) e flor de ameixeira (ume). O aluno de Sumi-e deve passar por cada um dos temas acima. Para arriscar as pinceladas características do crisântemo, por exemplo, ele deve primeiro dominar as nuances do bambu. Além de abordar diferentes técnicas, o estilo Sumi-e envolve três tonalidades, obtidas a partir da mistura do sumi (tinta) e da água. O Sumi-e consiste em poucas pinceladas, apenas o suficiente para

representar o tema, conferindo-lhe uma elegância simples. A economia do estilo levou o Sumi-e a ser frequentemente mencionado como o haiku de pintura, pois sua forma abreviada é similar ao micro-poema. A natureza dos materiais e técnicas de Sumi-e não permite retrabalho ou correcção de erros, assim, as pinturas imperfeitas são destruídas. Isso resulta num esforço oculto por detrás da pintura final. Dentro da pintura zen do Sumi-e, o art is t a dev e aprender a u s ar graciosamente a estocada do pincel no papel, de forma controlada. O excesso e a falta de força podem distorcer a pintura. No Sumi-e, a meta é capturar a essência, o ki (energia vital), o espírito ou a vida do assunto da pintura, evocando a poesia e a natureza. Para se pintar o Sumi-e, é necessário um misto de controle e es po nt aneidade. Dev e hav er a harmonia interior que guia a mão, conduzindo o pincel a uma expressão cheia de sentimentos. Hoje, no Japão, muitos executivos e pessoas de altos cargos praticam o Sumi-e, não somente como forma de

relaxamento ou busca de paz interior, mas também como forma de melhorarem a eficiência nos negócios, principalmente no que diz respeito à tomada de decisões rápidas. Além disso, como se consolidou como um processo de auto-conhecimento, por reflectir o estado de espírito do praticante, ao não permitir posteriores correcções, invoca a beleza da efemeridade e brevidade das coisas, a espontaneidade, e a necessidade de equilíbrio e autocontrole. Sumi-e é tradicionalmente um exercício espiritual, assim a meditação e planejamento são predominantes, ainda que a técnica deva ser praticada exaustivamente, para depois ser esquecida, de modo a se tornar uma ferramenta do espírito criativo do artista. Qualquer pes s o a po de iniciar o estudo de sumi-e sem necessidade de experiência artística prévia, pois a didáctica permite o aprendizado a todos. Os cursos de diversos níveis s ão o ferecido s a quem des eje aprender o caminho da pint ura japo nes a, des de o s temas mais clássicos aos temas livres.




A "Mão do Infinito"

Texto: Pablo Pereda Fotos: © Budo International Publ. Co.


Okinawa O Mestre Pablo Pereda faleceu no dia 24 de Agosto. Deixou-nos de maneira imprevista. Médico, pesquisador, estudioso das Artes de Okinawa, deixou uma maravilhosa contribuição na nossa área, que um dia editamos na revista e em um DVD único em seu género. A sua categoria humana, a sua simpatia, foram conhecidas por muitos que o conhecemos. Era um cavalheiro em toda a extensão da palavra, que ajudou muita gente na sua profissão e na vida quotidiana. Pessoa muito espiritual, estudou e testemunhou caminhos iniciáticos. Criador da karaterapia, disciplina reconhecida pela Federação mundial de Karate, estudioso de Castaneda e depositário de antigos conhecimentos das kata Okinawa que seu bisavó conheceu antes que ninguém como médico nas Ilhas. Em homenagem a ele reproduzimos este artigo. Deixa a sua querida mulher e três filhos que adorava, formados e prontos para a vida, mas que sem dúvida sentirão muito a sua falta. Meu amor e simpatia para eles. Dom Pablo era um homem e tenho a certeza que seu trânsito foi consciente. Deixou muito de bom e muitos somos os que o estranharemos, mas fez bem o que aqui veio fazer e foi embora muito cedo. Nunca pisara um hospital como paciente até esse dia, mas a sua aorta se desgarrou..., paradoxas do destino que ele sabia apreciar. Sempre o respeitei e me honra tendo-o tido como amigo, era um tipo impecável, compassivo e generoso com o seu tempo para os que sofriam. Será recordado e querido por muitos. Alfredo Tucci

O maior segredo de Okinawa

m manuscrito perdido entre antigas katanas, leques, baús, restos da memória aventureira de um médico militar espanhol que no ano de 1860 foi iniciado por um enigmático Mestre de Okinawa, o Sr. Higa, nos segredos do To-De, uma Arte da consciência de Ser. Isto é o que o seu bisneto, o também médico Dr. Pablo Pereda, recebeu das mãos da sua avó, quando ela soube que o neto fazia Karaté e que tinha as mesmas tendências orientais que o seu bisavô. Assim começa uma maravilhosa história, da qual hoje queremos dar fé. Imaginemos uma "caixa do tempo", essas que por vezes se guardam nos alicerces dos edifícios, em caixas herméticas, com os jornais do dia, sementes, mensagens pessoais, etc... Corre o ano de 1800, os Mestres da tradição Marcial alcançaram altíssimos níveis na sua prática, mas vivemos numa ilha de futuro incerto, onde as invasões são contínuas, a ocupação do Império japonês é um facto. O que guardaríamos para o futuro do Karaté, se pudéssemos? Esse estrangeiro tocado pelo espírito, aparece em cena…, o Sr. Higa segue os ditados do seu coração e os mandatos do espírito, pelo que hoje em dia lhe estamos gratos. Estamos perante um achado que para o Karaté é da mesma dimensão que foi a Rosetta para o conhecimento do antigo Egipto. Essa "caixa do tempo" que é o manuscrito, rápidos apontamentos tomados com presteza, desenhos anatómicos próprios de um médico, misturam-se com linhas de energia que definem um mapa muito especial; canais que conhecemos hoje como meridianos de Acupunctura, aparecem nos desenhos com rápidas notas ao pé de página, de como devem ser realizados os movimentos das formas, as Kata. Ao longo da minha vida tenho visto como as formas de algumas escolas têm sido transformadas várias vezes, por capricho de organizações, por questões de moda, estética, e até pela própria incapacidade dos professores que as explicavam. Como seriam essas formas antigas? O manuscrito é uma gota de tempo parado, um pingo de âmbar que envolve um mosquito do plistoceno, uma bolha que encerra o mistério de toda uma maneira de entender o trabalho Marcial como uma Arte da consciência, e não só como uma forma de defesa pessoal ou uma Arte de saúde. Os antigos Mestres eram xamãs que praticavam movimentos e realizavam treinos que fortaleciam o seu corpo, emoção e mente, para os preparar para chegar onde outros nunca tinham chegado. Este conhecimento maravilhoso é uma ocasião única para nos reencontrarmos com as raízes destas práticas onde a magia adquire a sua verdadeira

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“O To-De, conhecido também como "A Arte da mão vazia", "Mão Milagrosa" ou "Mão do Infinito", era uma disciplina complexa que abrangia muitos níveis”


Okinawa dimensão, o que é “Magno”, grande. E o que há maior que a consciência de Ser? Os "acasos" desta rocambolesca herança metafísica, são um tesouro para todos os praticantes d o B u d o . C o n s c i e n t e d i s s o , o D r. P e r e d a q u i s recuperar, com a ajuda de seus Mestres, os detalhes não definidos no manuscrito, trazendo-nos num primeiro vídeo algumas das Kata dessa escola que o

TO-DE: "O sonho de liberdade" Ao longo dos séculos, as comunicações entre a China e Okinawa foram constantes, mas não houve só intercâmbios económicos ou culturais; também o conhecimento e a magia viajaram de um país para outro, pela mão de um grupo de homens misteriosos os quais foram denominados "mestres ocultos". Os Mestres ocultos da China e Okinawa dominavam uma disciplina física e espiritual, o Chuan Fa, à qual dedicaram as suas vidas. No século XIV, o Chuan Fa Okinawense fusionase com as práticas autóctones da ilha, dando lugar ao nascimento do To-De, uma Arte integral que gozou de esplendor durante quase 200 anos. O To-De, conhecido também como "A Arte da mão vazia", "Mão Milagrosa" ou "Mão do Infinito", era uma disciplina complexa que abrangia muitos níveis. Em primeiro

Sr. Higa definiu como To-De, "a mão do infinito" ou do Tau. As formas pertencentes a esta misteriosa escola, partilham origem e modos com algumas tradicionais que hoje conhecemos por outras vias, como San Chin, mas que são só partes de um todo muito maior, uma maneira de ver as Artes Marciais que sempre temos intuído como uma porta ao Infinito. Alfredo Tucci

lugar, possuía uma dimensão terapêutica, pois a prática dos seus movimentos concatenados ou Katas, servia aos seus seguidores para melhorar a saúde e fortaleza física. Mas além disso, o To-De continha um poderoso conteúdo filosófico e mágico e os seus praticantes eram capazes de alterar a percepção ordinária e ter acesso a mundos mais além deste mundo, dimensões invisíveis em que eles se internaram em busca do desconhecido. Aqueles homens e mulheres diziam poder ultrapassar, graças à sua Arte, os limites do tempo e do espaço, para tor nar-se testemunhas do insondável mistério da vida. Das suas viagens pelo inacessível, voltavam com experiências vibrantes e também com novos movimentos, fulgores de luz, que repetiam na sua vida diária, para a evolução da sua consciência. Em Okinawa, o círculo de seguidores de To-De era muito restringido e selecto. No entanto, a

sua influência fez-se sentir em todo o arquipélago. Os mestres de To-De eram os mais sóbrios e assombrosos mestres marciais. Apesar de viver a sua Arte na intimidade dos seus clãs familiares e das suas pequenas escolas, a fama das suas proezas físicas e psíquicas estendeu-se até à China e ao Japão, e o povo Okinawense tornou-os imortais. Ainda nos nossos dias, os mais idosos da ilha mantêm viva na memória essa lembrança. Eles dizem que em determinadas noites de lua cheia, os imortais do To-De regressam e voltam a executar as suas Katas sobre a areia da praia. Desta maneira eles nutrem a terra que amam, para que o espírito de Okinawa continue vivo, para que Okinawa possa continuar a sonhar…

O que é o To-De? Passaram 25 anos desde que recebi de mãos da minha avó o


Grandes Mestres

DOUTOR D. RAIMUNDO FELIX PEREDA Y BENITEZ O Dr. Raimundo Felix Pereda y Benitez nasce a meados do séc. XIX numa família acomodada, o seu pai era advogado a exercer em Madrid. Médico muito precoce, entra no exército, especificamente no regimento de cavalaria. Como militar, ele combate nas Guerras Carlistas, sendo condecorado em 1876 e 1879, por suas acções e feridas recebidas em combate. Foi nomeado Director do Hospital Militar e Civil de Logronho, foi uma glória da oftalmologia nacional. Contraiu matrimónio com uma sobrinha de Sagasta, que foi Presidente do Governo. Aventureiro e viageiro incansável, combateu nas Filipinas e em Cuba, visitando em várias ocasiões a ilha de Okinawa. Num manuscrito extenso, de 150 páginas e encadernado em pele, que deixa constância do seu périplo, fala de uma misteriosa Arte chamada To-De e de um não menos enigmático Sr. Higa. O manuscrito conclui em 1908, quando, segundo parece, tinha efectuado a sua última visita. Posteriormente e podendo acolher-se à aposentação, marcha voluntariamente à guerra de Cuba, da qual regressa a Espanha para falecer, em 1910. O seu filho Juan Cruz Pereda, professor de ginástica, tentou desenvolver algumas partes do manuscrito, em especial as referentes aos exercícios físicos.

manuscrito de To-De. Um trabalho de 150 páginas, escrito e desenhado à mão, que trata dos costumes dos habitantes de Okinawa. Segundo parece, o meu bisavô viajou à ilha junto com um companheiro, o qual, devido à sua longa estadia nas Filipinas, tinha viajado muito à ilha e, portanto conhecia o dialecto que ali se falava. O To-De é uma Arte de conhecimento elevado, os seus praticantes foram artistas marciais completos. Não só treinavam para o combate ou a defesa pessoal, como também para viver com plenitude. Acreditavam na natureza, nas suas forças desatadas, na alma de rios e árvores. Acreditavam, em suma, num Universo mágico vibrante e em mudança permanente. Definiram com claridade assombrosa, a estrutura energética da criação. Na sua

"Os 50 movimentos de To-De", facilmente acessíveis a todo tipo de pessoas e com indubitável capacidade terapêutica"

elaborada visão do Cosmos, adiantaram-se ao tempo e não o fizeram com a ajuda da ciência, mas sim com a única ferramenta dos seus corpos trabalhados ao limite da resistência, das suas mentes acordadas, treinadas no alerta e no silêncio, com a sua maneira alternativa de entender a realidade. O To-De ensinou-os a viver e mostroulhes também uma maneira diferente de morrer. Percorreram a senda que a sua arte lhes traçava, até as suas últimas consequências, tornando-se imortais, porque imortal é o espírito do homem que busca o melhor de si mesmo. Só uns poucos iniciados, que mantiveram o anonimato durante toda a vida, dedicaram a sua vida a mostrá-la. Admitir a sua condição teria sido para eles uma condenação à morte, num tempo em que o Japão conquistara o poder em Okinawa.


Okinawa “O To-De é uma Arte de conhecimento elevado, os seus praticantes foram artistas marciais completos” Os praticantes de To-De não esperavam saltar para a outra vida para alcançar a iluminação, o seu objectivo era conseguí-la neste mundo e os que a conseguiam passavam a ser seres de lenda. De facto, há quem nos dias de hoje os considere imortais.

As Katas como ferramenta As Katas em To-De caracterizam-se pela sua duração, sensivelmente maior que no Karaté-Do tradicional, e as mudanças de ritmo que provocam velocidades de execução vertiginosas. As técnicas de punho, apesar de existentes, estão notavelmente reduzidas, ainda que não tanto como no To-De Loto Branco, que na realidade é Chuan Fa em estado puro. Todo o programa de Katas extraído dos desenhos do manuscrito, baseia-se em "Bai He" ou "Grou Branco", autêntico tesouro antropológico, que constitui a autêntica semente e origem do Sanchin. O que conhecemos na actualidade não é mais que um fragmento da Kata. Tenho empregado as Katas em recuperação de doentes com problemas físicos e com imunodeficiência, obtendo resultados espectaculares; como a demonstração, em Sydney 2000, de um paraplégico erguido, realizando Sanchin. Todo esse trabalho valeu-lhe a sua candidatura oficial ao Prémio Nobel da Solidariedade. A energia que provoca este sistema, fá-lo não só positivo para a cura, como também uma arma muito efectiva para a auto-defesa. A Organização Butokukai catalogou o sistema como "Arte Suprema", visto as suas técnicas serem directas e letais, com Katas específicas que mostram como se deve bater nos pontos vitais, nervos, vasos sanguíneos, e até como matar em segundos, ainda que não fosse este o principal objectivo destes homens que sonhavam com o infinito. O manuscrito abre as portas a ensinamentos de grande valor antropológico e possibilitou que, após muitos anos de trabalho, seja útil a toda a sociedade; posto que os seus ensinamentos são património de toda a humanidade. Por essa razão, mediante a Sofrologia Médica, adaptei os ensinamentos ao homem da rua que não tem perícia alguma como artista marcial, e isso é algo de que me sinto orgulhoso. Actualmente, sou o herdeiro deste conhecimento e, mantendo-me fiel à tradição, a nossa escola não possui nem dá grau algum. Deste modo, evitamos os problemas que acarreta o ego. O autêntico progresso é uma coisa que cada um leva dentro de si e se há alguém que não se pode enganar é a nossa própria consciência. No texto detalha-se o verdadeiro objectivo do praticante: conseguir a morte consciente, para se


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Okinawa

As Katas recuperadas pelo Dr. Pereda através do manuscrito do seu bisavô, possuem belas formas e movimentos. Veja-se o exemplo de uma sequência. desenvolver por outros mundos quando se abandonar este. Descrevese também um trabalho impressionante sobre manipulação energética. Recebi-o em 1978, na altura eu estudava Chuan Fa e Tomari-Te, com Masashi Motegui; a partir desse momento, com a sua ajuda e a dos Mestres Masafumi Suzuki, Takuyi, Nakashima, Akashi, Shigo Higa, Stefano Surace, líder de Butokukai e o Dr. Vernon, consegui reconstruir, à vista dos desenhos e indicações do manuscrito, todo um programa de Katas inéditas, que constituem o antigo To-De.

TO-DE Constituído por 35 katas, a aprendizagem começa com "Os 50 movimentos de To-De", facilmente acessíveis a todo tipo de pessoas e com indubitável capacidade

terapêutica. Posteriormente, estudase a forma" Bai He", na qual se inclui a forma "Chuan Fa Ekenkyo Daruma Bai He", um autêntico tesouro com formas Sanchin de grande rapidez, o que leva a pensar que a sua origem vai muito além das Escolas do Grou. Não podia faltar o emblemático" Tsuqui No Kata" (Kata da Lua) A forma Bai He propriamente dita (grou branco) básica na origem de Sanchin, é constituída por "Bai He Zhan Chi "(O grou branco estende as asas) por sua vez constituída pelos "quatro tesouros", que se correspondem com cada uma das Katas que a constituem. "Ming He Quan" (O punho do Grou que grita) constituída por outros "quatro tesouros" ou Katas. Em todas as formas predomina o equilíbrio, com respirações de medula - tendão. A energia é gerada na fricção e rotação vertebral. O bunkai baseia-se em técnicas de deslocamento, lesões de vasos e

nervos, rotura com os dedos de inserções musculares e traqueia, tudo isto com alarmante simplicidade. Ao mesmo tempo que se trabalha a 1º forma de "Kama Shurigama" (kamas unidas por uma corrente) arma muito antiga que acesa se utilizava para assustar os cavalos, toda vez que lhes seccionava pescoço e patas. Os 5 katas Turuashi, 5 Sanchin, Ho, Huan Gar, 2 Kushanku, Yabu Não Kata, 2 Goryu Não Kata, 3 Nakashima constituem a parte mais antiga do Estilo que combina a forma suave com passagens a velocidade endiabrada. E para finalizar esta superficial exposição, gostaria de recordar uma coisa que alguém me comentou um belo dia: "Enquanto o sonho do To-De continuar vivo, o milagre estará à espera".


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A tradição iniciática e Carlos Castaneda Durante a sua estadia em Londres, o Dr. Pereda conheceu o falecido escritor e antropólogo Carlos Castaneda. Este mostrou grande interesse pelo trabalho do jovem médico, ao qual propôs trabalhar na Califórnia, sem dúvida com o desejo de incorporar ao seu trabalho de "Tensegridade" (os "passes mágicos" da linha do Nagual Don Juan), as formas da tradição Okinawense transferidas pelo Sr. Higa. O Dr. Pereda agradeceu o interesse mas entendeu que a tradição deveria ser transmitida da forma mais pura possível, no âmbito do que eram estas formas marciais. É conhecida em Carlos Castaneda a sua paixão e o uso que fez das Artes tradicionais Chinesas, para atender à sua deteriorada saúde. A linha do Nagual Don Juan contou também com um Mestre da tradição marcial, o nagual Luján, que na realidade se chamava Lu Chian, mas que com a acostumada jovialidade do grupo, foi "baptizado" Luján.

As Artes Marciais como formas de iniciação mágica, possuem uma longa tradição da qual, sem dúvida, ainda hoje dimana parte da sua fascinação. Como se consegue? Os especialistas apontam para várias opções: • Descontinuar a percepção da realidade através de repetições e exercícios que permitem a absorção de quantidades extraordinárias de energia no sistema, "iniciando" potenciais adormecidos na estrutura energética do ser humano. • Despertar no corpo zonas comummente não utilizadas e que só se activam frente circunstâncias especiais ou extremas, como por exemplo zonas do cérebro que não usamos habitualmente. • Quebrar os marcos de referência habituais, as normas e costumes, empurrando o indivíduo a enfrentar a "realidade", sem as habituais máscaras com que a enfrentamos, rompendo todos os mecanismos de defesa para encarar de forma directa e nua a estupidez humana. Dizem os especialistas que sem esse lastro, o ser humano dispõe de suficiente energia para realizar incomparáveis saltos da consciência. • Uma vez nu, o eu central toma o mando do Ser e o dirige na direcção que a sua verdadeira natureza demandar. • Manter um nível de equilíbrio dinâmico quando os níveis de tensão inter na são tão fortes, requer de exercícios que equilibrem; aqui é onde as Artes Marciais constituem uma indispensável fonte de equilíbrio, através de exercícios que nos trazem ao aqui e agora.

O manuscrito e o seu autor Um autêntico tesouro, uma amostra do original que o Dr. Raimundo realizou de 1810 a 1860, a partir dos ensinamentos do Mestre Higa, nas Ryu Kyu Okinawa.


OKinawa

Um autêntico tesouro, uma amostra do original que o Dr. Raimundo realizou de 1810 a 1860, a partir dos ensinamentos do Mestre Higa, nas Ryu Kyu Okinawa.

Observem o selo do papel oficial da Subdirecção Militar da Saúde, da província de Burgos, no qual ele escreveu esta página. No texto podemos encontrar frequentes alusões à "camisa de ferro"; a aspectos da saúde, das quais o doutor tomou nota com especial atenção; a técnicas exóticas, como a de elevação dos testículos, etc… À esquerda: o Dr. Raimundo Felix Pereda num daguerreótipo da época. Por baixo à direita: o curioso anúncio na imprensa, onde o filho do médico militar apresentava o To-De como uma Arte da saúde: "Também para militares e para os que tenham de combater".

Dr. Pereda, Artes Marciais e Medicina Nasce em Logronho (RiojaEspanha), a 5 de Outubro de 1956. Estuda Medicina e Cirurgia. Posteriormente, as Especialidades Médicas de Biologia, Medicina do Desporto e Reabilitação, na Universidade de Bordéus (França). Em Espanha faz a Especialização em

Medicina da Educação Física e Desporto, na Universidade Autónoma de Barcelona, e Medicina Ortopédica e Tr a u m a t o l o g i a Desportiva. Também é Médico Sofrologista, tendo sido coordenador inter nacional desta especialidade. Inicia-se no mundo do Budo em 1967 com a prática do Judo. Apenas dois anos mais tarde, um primo do seu pai que residia em Londres e era estudante do Sr. Ogami, inicia-o nos fundamentos do Karate-Do. A sua verdadeira descoberta da Arte teve lugar com a sua aprendizagem com o Mestre de Chuan Fa e Tomari-Te, Masashi Motegui, com quem permanece quase dez anos sob a sua tutela. Graças a ele foi admitido na Escola do lendário Masafumi Suzuki, que praticava Goju Ryu e Ju-Jutsu. Em 1978 recebe o manuscrito de seu bisavô, com o tratado acerca do ToDe e a partir desse momento, ajudado por Motegui, vem trabalhando nessa linha, a qual até hoje não abandonou. Em 1982 instala-se na França e estuda sob a tutela dos Mestres de Okinawa residentes uma grande parte do ano, entre Paris e Bordéus: Takuyi, Akashi, Nakashima e Sheigo Higa. A sua aprendizagem durou outros oito anos, tudo na linha de Tomari-Te, para o ajudar a compreender melhor o To-De . Um dos seus melhores padrinhos é o carismático Mestre Dr. Vernon Bell, intimamente relacionado com o já falecido Mestre Mochizuki, com Kanazawa e muitos grandes mestres da tradição. Também o líder do Butokukai, Mestre Surace, o tem na consideração de irmão. Após 20 anos de estudo e antes de apresentar a 1º exibição de Karaté Paralímpico levada a cabo na história

tanto do Karaté como das JJOO, recebe o grau de 6ºDan de Karaté, de mãos de Masafumi Suzuki. Os seus mestres de Tomari e Chuan Fa seguiam a linha clássica e, portanto, nem eles possuíam graus nem os entregavam. A partir da exibição Paralímpica recebe honrarias de quase a totalidade dos grandes mestres do Budo, em especial do lendário Rioichi Sasakawa, sendo o seu trabalho apresentado ao Imperador de Japão.

Títulos Como Mestre de To-De e Tomari Te não possui graus porque não existem e jamais se deu título algum. No entanto, possui os reconhecimentos dos mais altos estamentos do Budo a nível internacional, destacando o título de Meijin, sendo o único Mestre Ocidental que o possui e único que ainda é vivo. Dá-se a circunstância de que esse título é dado por pelo menos três Organizações diferentes. Meijin e Ju Dan de Karaté: European Ju Jutsu Union, Seibukan Sasakawa, Butokukai Institute. Federação de Okinawa. Council of Master. Ju-Dan Ju Jutsu American Ju Jutsu Union, Federação Romena de Artes Marciais, Butokukai, etc… O Dr. Pereda é escritor, tendo obtido o Prémio Nishiyama de Poesia, assim como o Crisântemo branco de narrativa. Premiado pelos seus trabalhos sobre antropologia oriental, está em posse do Livro de Oiro do Comité Olímpico Internacional. Tem feito exposições das suas obras de pintura japonesa. O Dr. Pereda conseguiu que o Karaté seja reconhecido através da "Karaterapia", pela própria Organização mundial da Saúde, e ser candidato oficial ao Prémio Nobel de Solidariedade. Os seus trabalhos com o Karaté para diminuídos físicos, primeiro, e posteriormente, com as crianças doentes de leucemia e doentes de SIDA, são algumas das actividades mais destacadas do Dr. Pereda.


O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspecto negativo. que desde o princípio pode implicar fracasso para o indivíduo. O problema é que este rótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítima de um acto violento ou agressão e que o praticante deve realizar uma acção defensiva. Esta premissa de agir após os factos, é a razão pela qual a maioria das pessoas sucumbem às acções do agressor e nunca se recuperam totalmente do ataque inicial ou do medo que provoca a situação. A mulher não deve situar-se à defensiva; deve ser consciente da sua situação e não desestimar ou ignorar possíveis ameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e o ímpeto, forçando a confusão na mentalidade do atacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treino vital que trata das realidades de um ataque. É um simples mas poderoso processo de treino, que oferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos, com mais idade ou menos agressivos, uma oportunidade contra o de maior tamanho, mais forte ou mais agressivo atacante. Mediante o uso dos objectivos anatómicos mais débeis do corpo, conjuntamente com as próprias acções e tendências naturais do corpo, se pode proteger facilmente a si mesma ou a outros, inclusivamente sob as limitações de estresse e físicas, quando a sua adrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suas próprias habilidades motoras grossas (em vez das técnicas de outros), as suas possibilidades de vitória são eminentes.


REF.: • KYUSHO-21



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