Cinturao negro revista portugues junho 2014

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SACHIKO KASE

KYUSHO A mulher não deve situar-se à defensiva; ela deve ser consciente da sua situação e não ter emconta ou ignorar a possível ameaça. Deve ser activa e tomar a iniciativa e o impulso, enquanto manipula a mentalidade dos atacantes, para ter uma possibilidade de ganhar vantagem.

Faz pouco mais de um mês, Sachiko Kase, a filha menor do falecido Sensei Taiji Kase, me disse que a sua irmã Yumiko escrevera um livro acerca da vida de seu pai. Então, Sachiko e eu tivemos a ideia de realizar esta entrevista, para a publicar nas melhores revistas de artes marciais

COMBAT HAPKIDO Desde o princípio, a minha visão do Combat Hapkido foi o de um sistema bem estruturado, completo e eficaz de autodefesa realista, pelo que era lógico (na realidade era inevitável) que no programa de estudos incluísse o estudo e o uso adequado de protecção pessoal com artículos seleccionados. Nós, correctamente, evitamos denominá-los armas, posto que o não são e não foram pensados nem desenhados para o serem.

E-BUNTO Seis novos S h i d o s h i festejaram a sua graduação de acordo com a tradição Shizen, com todas as suas cerimónias, com os ritos e as velhas danças em volta da fogueira, o tiro com arco cerimonial e na companhia dos seus seres mais queridos. Com generosidade e abundância festejaram e honraram todos os mundos visíveis e invisíveis à antiga maneira do poderoso povo de Tengu, numa noite mágica e inesquecível... Quem disse que já não ficavam coisas autênticas?

BILLY BLANKS Depois de ver Billy Blanks ensinar mais de uma hora, numa aula de Tae Bo®, compreendi de que as minhas quatro vezes por semana de uma hora de exercício não significavam absolutamente nada! Billy tem quase 60 anos e está na mais incrível forma de alguém que eu tenha conhecido da sua mesma idade. De facto, não conheço ninguém de qualquer idade, que esteja em tão boa forma física como ele está.

KAPAP “Nascido para lutar” Recentemente me perguntaram quando comecei a aprender a “lutar”. A minha filosofia é que comecei a lutar ao exalar meu primeiro alento. Nasci numa sala de emergências de um hospital; lutando para viver e estive lutando em cuidados intensivos durante meses e fiquei internado no hospital até que me puderam levar para casa

WING CHUN

Muitos praticantes de Wing Chun Gung Fu têm ouvido falar ao longo dos anos, dos inícios míticos da arte, quando tanto Yim Wing Chun (que deu nome à arte) como Ng Mui (a freira Shaolin, se temos de acreditar que tenha existido!) viram e observaram uma luta entre uma serpente e um grou. Depois, incorporaram as ideias do comportamento de cada um, a um novo sistema de luta, pensado especificamente para que uma mulher fosse capaz de derrotar um homem, em um combate mortal.


KRAV MAGA RED

ESCRIMA

KMRED – Um Krav Maga, umas especificidades para cada público. O Krav Maga surge em meios profissionais e é acima de tudo, um "combate corpo a corpo". Quando falamos em combate corpo a corpo, falamos de uma disciplina adaptada ao meio militar, cujo objectivo principal é neutralizar um adversário causando-lhe um mal máximo em pouco tempo…

As técnicas são em termos de princípios, acima de tudo lógicas. Frans sempre se tem esforçado m e aperfeiçoar as técnicas, o que também quer dizer que se há elementos das técnicas que não são eficazes, tira-os. O resultado que se consegue é a máxima efectividade. Esta filosofia, combinada com a lógica, corre através do seu sistema, o que fá-lo único.

SDS-CONCEPT Defesa de faca. Combate com faca e luta com faca Encaixam juntos? A resposta é nitidamente que sim! A Competição de luta com faca será em Viena, este ano pela quinta vez, como um Torneio de luta por pontos de semi-contacto. Com cada golpe se obtém um ponto, a reacção, a velocidade e a agilidade são fundamentais, como na vida real.

HWA RANG DO®

WINGTSUN De todas as técnicas que constituem o sistema WingTsun posso afirmar sem medo a me enganar, que a menos praticada em todas os ramais e escolas é o Chi Gerk. O conceito técnico Chi Gerk (Pernas Pegajosas) encerra uma série de técnicas muito importantes, se queremos pôr em prática o nosso sistema procurando a máxima eficiência.

SHAOLIN HUNG GAR KUNG FU Os elementos no Hung Gar não constam de posições, mas sim são uma filosofia com uma força especial dentro do corpo. Os elementos influem como fonte, de uma maneira muito abstracta. Quando se relacionam os elementos com os diferentes animais, então é criada uma força enorme. Esta força é, entre outras, a característica do Hung Gar Kung Fu.

O Hwa Rang Do®, que literalmente" se traduz como Caminho dos jovens cavalheiros") é uma arte Marcial Tradicional Coreana, cujas raízes se perdem na antiguidade dos três reinos que viriam a formar a actual Coreia, faz uns 2.000 anos. Mais precisamente, no antigo reino coreano "Silla", onde o "Hwarang", literalmente, "os jovens cavalheiros" eram preparados para a guerra com uma dupla preparação

SHUGENDO Y BUJUTSU

WENG CHUN KUNG FU O Weng Chun Kung Fu se desenvolveu a partir das linhagens principais da história das Artes Marciais Chinesas. Em primeiro lugar, está o Weng Chun Kung Fu, que vem da época dos templos de Shaolin e que também está na tradição mais jovem do Weng Chun Kung Fu, na qual se diz que ter praticado e transmitido em segredo, dentro da Companhia da Ópera do Junco Vermelho, durante o reinado da Manchúria. As 16 estratégias de combate do Weng Chun se derivam deste período, de um movimento clandestino.

Faz muito frio, um grupo de pessoas vestidas de branco está pisando na neve. O som do Horagai (a corneta japonesa de concha de caracol) quebra o silêncio e desde um lugar longínquo se escuta a água de uma cascada. Estamos na Europa, nos Alpes austríacos, somos um grupo de Shugendo, a caminho da prática do Takigyo, uma meditação debaixo de uma cascada.

Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegadoè único Gerente: Alfredo Tucci, e-mail: budo@budointernational.com Publicidade: Tel. (+34) 91 549 98 37. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís, Marco

De

Cesaris,

Lilla

Distéfano,

Maurizio

Maltese,

Bob

Dubljanin,

Marc

Denny,

Salvador

Herráiz,

Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa, Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas, Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafo: Carlos Contreras. Depósito Legal: M-7541-1989.


"O bom senso é o conjunto de prejulgamentos acumulados através dos séculos" Albert Einstein

A

espiritualidade, tal como eu a entendo, não como religião, mas como o conhecimento do que é invisível, resulta tanto ou mais difícil de explicar que as cores a um cego que nunca viu. No entanto, ao contrário que o invidente de nascença, todos dispomos das ferramentas perceptivas para inter-agir com esses planos dimensionais, porque todos nascemos dotados delas. Não poderia ser de outra maneira, pois somos seres espirituais vivendo uma vida material. Como girinos saídos da água em forma de rã, sabemos lá voltar e nela chapinhar quando quisermos, e ainda mais, como os batráquios, depressa descobrimos que nos encanta esse meio e que nos completa. O religioso acredita por fé, numa determinada disposição do mundo invisível. O científico acredita… por fé em seu método. Para o estudioso da espiritualidade existem entretanto dois caminhos, o desenvolvimento do mediúnico, a percepção sensitiva do invisível, e/ou o estudo e a interacção directa e pessoal com os planos do invisível. A fé, neste caso se constrói através de experiências directas, que acostumam ser uma boa matéria saudável de trabalho, mas isto sim, sempre que o estudante fuja de toda mistificação, uma exigência por outra parte muito complexa de concorrer. As pessoas sensíveis carecem muitas vezes da força e do carácter, as pessoas fortes, da sensibilidade ou do interesse. Todas no entanto, têm tendência a ficar presas nas malhas do engano perceptivo, fruto da educação recebida, ou da pressão da consciência consensual do seu meio. O principal problema para acometer a espiritualidade de maneira coerente está na ignorância e não naquela que é fruto do não saber, pois esta tem fácil arranjo, mas com a verdadeira ignorância, aquela que não quer saber. Em qualquer caso não é tarefa fácil construir um sólido conhecimento do mundo invisível por razões óbvias e não é a menor delas que o não vejamos. Pessoas de todas as tradições e tempos chegaram dotadas da capacidade de ver o que outros não vêem, ouvir o que outros não ouvem, ou sentir o que outros não sentem. Há até quem cheire as energias e sintam subtis mudanças invisíveis através deste meio. Obviamente, este uso extraordinário dos sentidos não funciona da mesma maneira que o ordinário. Dizem os estudiosos que toda percepção não tópica está relacionada especialmente com a glândula pinhal e também com um uso não convencional do cérebro, capaz de traduzir sensações aparentemente espúrias para a maioria, numa amálgama de dados coerentes. Não se trata tanto de uma habilidade ou de algum tipo de anomalia biológica, mas do desenvolvimento de uma capacidade inata em todos nós. A minha experiência neste campo assim o testemunha, pois tenho visto como qualquer pessoa, realizando os exercícios adequados, pode facilmente ter acesso a informações ocultas, dentro de um padrão simbólico ou real que esse indivíduo ignorava absolutamente.

"Logo a seguir a viver e sonhar, está o mais importante: o despertar” Antonio Machado

Isto é assim porque todos sabemos chapinhar como as rãs nesse meio, é ainda mais, fazemo-lo constantemente, mas só em ocasiões extraordinárias, marcadas por factos excepcionais, nos apercebemos da sua existência. Para os xamãs do antigo México, estas situações extremas tinham o poder de estremecer as bolhas energéticas das pessoas, movendo violentamente o ponto de encaixe de suas consciências até um lugar diferente, assim mudando completamente a sua percepção. O problema é que o resultado não durava muito e o ponto de encaixe voltava para o seu lugar habitual, empurrado pelas rotinas e o consenso dos outros. Mas não é necessário esperar a que sejam dadas tais situações para aumentar a nossa percepção do invisível. Muitas escolas e tradições exploraram o potencial humano e desenvolveram métodos para aumentar a consciência e as nossas possibilidades de interacção com o mundo das energias ocultas. O principal problema para o neófito, reside sempre em identificar esses processos e em adquirir a justa credibilidade de seu autêntico potencial ante si mesmo. Para isso é essencial manter a mente aberta, ao mesmo tempo que atenta a toda mistificação e engano próprio ou alheio. Por isso, o primeiro passo em toda escola séria, acostuma ser consolidar no iniciado um carácter sólido e bem formado, unido a uma capacidade de autointrospecção e vigilância frente às próprias misérias. Nada há mais perigoso para um indivíduo desequilibrado, que abrir-lhe as portas do excepcional e deixá-lo mover-se à vontade; tarde ou cedo, o desastre estará servido. Manter a lucidez é assim o primeiro comando para meter-se em tais labirintos e não porque a lucidez seja necessária para descobrir os nossos potenciais ocultos, mas porque ela nos permitirá estar prontos para usá-los adequadamente. As ditas habilidades não são senão uma arma da nossa consciência e as armas não matam sozinhas, matam os imbecis que as disparam. Existem também - e não podemos ignorá-los - outros perigos inerentes à ignorante utilização dos nossos potenciais ocultos. A nossa bolha energética possui mecanismos automáticos de auto-protecção, que devem ser passados a manual e eventualmente anulados no processo de desenvolvimento do nosso mediúnico. O medo é um deles, pois provoca uma imediata (por assim dizer) “coagulação” das nossas bolhas, que rejeitam assim o contacto com consciências e energias presentes no universo do invisível. Para testemunhar e inter-agir com elas é imprescindível abrir-se a elas e isto, sem as devidas precauções, é ficar exposto a qualquer coisa. Existem também energias de alta tensão, com as quais devemos de estar preparados para lidar, pois ao contrário do que mostram as visões optimistas de muitas religiões, lá fora há de tudo, como aqui… e não se vai à selva sem um mapa ou sem um equipamento adequado! Por vezes convém até ir “vacinado”, porque as infecções não são só deste plano. Assim pois, no que respeita à tarefa de enfrentar as ditas explorações de maneira autónoma, claro que é possível, mas dada a magnitude do empreendimento e os perigos


Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. e-mail: budo@budointernational.com

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que pode chegar a encerrar, na minha opinião é coisa nunca recomendável. Uma vida aplicada a tal tarefa, por mais extraordinária que fosse a pessoa que a enfrentá-la, é coisa insignificante perante semelhante desafio. Esta não é tarefa de um só indivíduo, mas sim de muitos. Faz falta tempo, tino e perseverança para este descomunal desafio. Só quando muitas vidas e gerações foram dedicadas a dito empenho, será possível estabelecer caminhos coerentes. Assim tem sido em tudo o que diz respeito ao conhecimento humano; nos baseamos no anterior para ir mais além, evitamos os caminhos que não levam a nenhuma parte, os atalhos impossíveis, os perigos, testemunhamos as descobertas, asseguramos os perímetros e avançamos… Chama-se evolução. Estes atalhos, no invisível são conhecidos como “os rios navegáveis da espiritualidade”. Não acredito que sejam muitos aqueles em que se tenham limpado convenientemente os caminhos, traçado bons mapas, estabelecido referências coerentes e testado as informações… mas haver, há! A maior parte das vezes, eles te encontram a ti tanto como tu a eles; geralmente são “clubes” com o “reservado o direito de admissão” pendurado na porta e que mantêm sempre um certo segredo, pois ainda quando pudessem operar à luz do dia, sabem com certeza que o seu conhecimento é para muito poucos. Porque…, como explicar as cores a um cego de nascença? Os sempre lúcidos Miryoku da tradição do e-bunto, dividiram a todos os seres em: famintos, doentes, adormecidos e acordados. A estes últimos chamaram-nos também generosos. Acordados, porque sabiam o porquê de fazerem as coisas e compreendiam as coisas que faziam, e generosos, porque tarde ou cedo, quando se acordou, se acaba, como em Matrix, sendo o vínculo necessário para o despertar de outros. “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, das que suspeita a tua filosofia”



“Defesa Pessoal Kyusho” para Mulheres Afrontemos o facto de que as Artes Marciais estão cheias de programas de defesa para as mulheres, cujo nome por si já é uma receita para o fracasso. O termo "Defesa Pessoal" tem uma conotação negativa que desde o princípio pode conduzir o usuário ao fracasso. O problema é que este termo leva consigo a ideia de que a pessoa é vítima de um acto violento ou de uma agressão, contra a qual deve realizar uma acção defensiva. Esta premissa de agir após o ataque é a razão pela qual a maioria das pessoas sucumbem às acções de os agressores e nunca se recuperem totalmente do ataque inicial ou do medo que provoca esta situação. Si uma mulher pensa ou tem uma mentalidade defensiva, ou um engrenamento para actuar baseando-se nisso, abre a porta a muitos problemas em um altercado com alguém agressivo ou com um depravado social. Ao assumir a defesa, estão permitindo que o atacante inicie a acção e crie um impulso de ataque. Ao ser normalmente mais pequena, mais débil e menos agressiva, a mulher se encontra agora em uma desvantagem ainda maior, posto que as acções de mentalidade agressiva não foram interceptadas e se lhe permitiu vencer. A mulher não deve situar-se à defensiva; ela deve ser consciente da sua situação e não ter emconta ou ignorar a possível ameaça. Deve ser activa e tomar a iniciativa e o impulso, enquanto manipula a mentalidade dos atacantes, para ter uma possibilidade de ganhar vantagem. Esta maneira oposta de focalizar o assunto, é realmente um método de prevenção e protecção mais seguro. Primeiro, ela deve chegar a ser ciente da situação e a sua atitude deve ser activa ou ofensiva, posto que isto determinará a sua capacidade e segurança. O facto de estar devidamente preparada para qualquer eventualidade, com uma boa mentalidade, é um "Ponto Vital" para a protecção, assim como ter objectivos e ferramentas adequadas. O treino deve abranger muito mais que simplesmente as "técnicas". Deve faze-la reflexiva, adaptável, espontânea e possibilitar-lhe estar em situações de emergência sob os efeitos da adrenalina e um estresse severo. Para alem destas limitações, estão as limitações inatas, que também devem ser abordadas pela mulher, para na realidade ser bem sucedida. Isto não é uma técnica, isto é o espírito da pessoa e a sua capacidade para fazer o que for necessário. Há uma grande diferença no padrão das habilidades motoras que habitualmente possuem homens e mulheres, que se devem abordar para não lutar contra si mesmos em momentos de necessidade. Uma vez visto isto, têm de se basear nestas acções instintivas para obter a habilidade de protecção mais eficiente, que não requeira nenhum pensamento ou prática constante (ainda que este, certamente seja o melhor a fazer). É preciso treinar de maneira natural as ferramentas adequadas para cada género, consoante as habilidades motoras comuns que sejam naturais para o indivíduo. Isto aumentará a sua eficiência, evitando sofrer possíveis lesões. Muitas das habilidades físicas que pensamos possuir (e se realizam em um ambiente perfeito), não poderão ser utilizadas quando surgir a onda de adrenalina que nos despoja da

Texto: Evan Pantazi - www.kyusho.com Aluna: Danielle Halley Fotos: Brian Hall - www.brianhallpictures.com




Pontos Vitais


variável sensorial, mental e da compreensão muscular. Também provocará um efeito de bola de neve ou escalada, no indivíduo que cada vez vai perdendo mais controlo pessoal. A primeira habilidade que se evapora é a de realizar series de acções complexas (exactamente, o que são técnicas estilísticas); de contavam com isto, então ficarão completamente fora de lugar. Isto levará a um aumento do estresse, da adrenalina e a um bloqueio físico. Para alem das tendências reflexivas inatas, estão as barreiras mentais, que vão das preferências normais (pensando que não nos poderia suceder isso que acontece a outros, posto que ainda não aconteceu) até ir mais alem do medo normal, a repulsa ou a incapacidade de bater em outro ser. Muita mais gente da que pensamos, acima de tudo do género feminino) sente esta repulsa ou incapacidade, pelo que se ensina nas aulas comuns, nas que bater nos olhos, na garganta, nas articulações e nos ossos nunca se levará a cabo, posto que a consciência não nos permite utilizá-los instintivamente. Alem disto, devemos aprender a não nos apresentarmos como um objectivo potencial, evitando pensamentos, acções ou hábitos que realmente nos ponham em maior risco. A prática de um conjunto de técnicas para uma situação se dificulta tanto por limitação, que se torna uma receita para o fracasso... Em vez de isso é preciso trabalhar as técnicas tendo previamente em consideração as limitações e as tendências naturais. As mulheres devem descobrir suas tendências naturais (não as de outra pessoa) e refiná-las em acções confiáveis e predizíveis. Há tantas maneiras em que um individuo poderia ser atacado, que é impossível praticar uma técnica para todos os casos, por devemos compreender e aprender uma atitude mental diferente. O treino dos objectivos específicos com movimento dinâmico, coordenação, força e intensidade, assim como os ambientes (a maneira em que a cada um afectam às capacidades ou às possibilidades da pessoa), permitirá ao praticante adquirir uma maior capacidade de adaptação. Estes objectivos específicos também não devem ser reflexivamente protegidos pelo agressor, posto que isto diminuirá a eficiência ou afectará ao que o praticante é capaz de realizar. Por exemplo, o golpe à virilha é uma das técnicas que habitualmente se ensinam, assim como o golpe aos olhos. Estas zonas estão protegidas pelos reflexos inatos que trabalham para proteger estes objectivos mediante bloqueios ou para desviar ataques deste tipo. Os objectivos vitais aprendidos não devem provocar este reflexo e ainda assim, ser suficientemente potentes para desabilitar a funcionalidade física dos atacantes instantaneamente. Isto é Kyusho. A capacitação deve ser dividida em módulos separados com o aumento da preparação mental e física, junto com a intensidade do ataque. Com este tipo de treino, as pessoas aumentam em um 100% a sua potência e capacidade de proteger-se a si mesmas e aos seus seres queridos... Assim, se educa o individuo para agir de maneira natural. Ninguém é obrigado a realizar um conjunto de técnicas, nem de treinar para realizar acções que não sejam instintivas, sino que se preparam para agir de maneira mais segura e mais eficaz em qualquer circunstância. Inicialmente, a pessoa deve ser ajudada para superar muitas barreiras que a impeçam de agir. Deve superar o medo a bater de




Defesa Pessoal


“O treino deve de incluir o timing, a distância e o compromisso de bater nos atacantes, em vez de esperar o golpe deste para o deter ou agarrá-lo” verdade e derribar o outro indivíduo e que isso não acarrete nenhum mal para ela. Isto será muito mais difícil quando alguém a atacar, mas se há a mais mínima vacilação ou se mostra pouco decidido a bater em outro, nunca agirá apropriadamente sob a tensão de um conflito real. Toda esta formação será ineficaz se não se desfazem de algo que se chama "tendência à normalidade". Isto quer dizer que pensam que não vão a sofrer um ataque. Elas devem perceber que, como qualquer pessoa, pode ser necessário defender-se. Ninguém está imune! Seguidamente vem o desenvolvimento das armas naturais, que são muito diferentes às de um homem ou às suas acções naturais. Isto faz-se mediante golpes realistas com a mão nua (aptidão natural utilizando a mão aberta para ter a arma adequada) contra instrutores, para que os calos afastem o medo e a dúvida. As suas acções não devem ser emocionais, mas sim deliberadas e imediatas. Uma vez que se conhecem as armas naturais, o nível de estresse deve aumentar para ver se é possível continuar sendo natural e fiável em condições de incerteza, urgência, alta tensão e mobilidade. Si simulando uma situação de estresse, a pessoa não usa as armas que tende a usar naturalmente, deve trocá-las por outras que lhe sejam úteis. Depois, conhecidas as armas, devem ser exercitadas sem descanso e de maneira dinâmica e veraz. Depois da mulher conhecer perfeitamente as suas armas naturais, tem de saber quais são os objectivos..., mas só aqueles que se alcancem naturalmente sob muita pressão e perante múltiplos atacantes em um treino de situação dinâmica. Estes objectivos devem ser estruturas anatómicas mais débeis, sobre as quais se fará o maior efeito sem uma enorme potência ou velocidade. Estes objectivos não devem ser protegidos por actos reflexos - como acontece com os olhos ou as virilhas - e devem de estar fora da linha de visão dos atacantes. Estes devem ser muito poucos em número, posto que assegurar qualidade e acesso é muito mais importante que a quantidade. O princípio deve ser tão simples como seja possível, para que haja menos possibilidade de falhos sob pressão. O que se segue é trabalhar a coordenação para bater, trabalhando a capacidade para ter acesso correctamente, sob a pressão de ter pressa, dando um passo para trás ou de lado. Seguidamente, as mulheres devem estar capacitadas para utilizar qualquer das mãos ou as pernas com a mesma habilidade, eficácia e confiança. O treino deve incluir o timing, a distância e o compromisso de bater realmente nos atacantes, em vez de esperar seu golpe para o




Pontos Vitais


parar ou agarrar. A mulher tem que experimentar todas as velocidades e intensidades para que poder ser plenamente consciente de suas capacidades e possibilidades, e o treinador deve estar sempre vigilante para ajudar ou modificar quando necessário. A indução de estresse ajudará a desenvolver a disposição para a batalha e a aumentar a confiança, a coordenação, a precisão e a fiabilidade das suas armas naturais, dos objectivos do Kyusho e a sua resposta. Isto pode ser feito com o ataque verbal, a surpresa, a força, criando novas situações e novos ambientes. A Formação ambiental ajudará a determinar a sua possibilidade para lidar com o agressor com o sincronismos exacto e a orientação, em diversos lugares e ambientes, tendo em conta roupa, calçado e condições do terreno. Isto ajudará a desenvolverem ainda mais a sua "consciência da situação" em todas as áreas. Uma vez que estes rasgos estão adoptados, então podemos aumentar a procura e a urgência de trabalhar contra um ataque que não interceptam e no qual se vêem apanhadas fisicamente. Isto pode modificar a dinâmica, mas a disciplina e a simplicidade já aprendidas, protegerão o praticante. O treino recomeça com este novo paradigma, mas com uma nova ideia. Quando somos agarrados, a tendência natural é pôr resistência ou tratar de escapar. As mulheres de menor tamanho, às que agarram os dois braços, por exemplo, naturalmente, tratam de afastar-se ou de lutar à distância, mas isto não é eficaz, posto que o atacante é mais forte, mais agressivo e está preparado para isso, de maneira que é capaz da manter agarrada. A mulher deve saber isto e tirar proveito... e há uma solução muito simples. Conforme o atacante agarra, na primeira tentativa de se afastar dele e quando começam a se resistirem ou a retroceder, é quando se pode saltar, girar, modificar a altura ou utilizar outras direcções de entrada. Eles estão puxando para dentro, então tem de entrar mais rápido para surpreender e compensar a sua força e portanto, o seu controlo. É agora o momento para atacar os objectivos Kyusho mais débeis, que se aprenderam e treinaram no primeiro nível do programa de defesa do Kyusho. Neste momento, a necessidade de combate é muito maior, portanto, mais uma vez temos que ver que os objectivos originais que se utilizavam na intercepção, são ainda viáveis para elas (a nossa experiência mostra que se usará a maioria dos casos, mas podem ser necessários alguns objectivos e armas adicionais). Mais uma vez, não se baseia na técnica, mas sim na arma natural, o objectivo e a capacidade de coordenação de cada mulher, individualmente. Todos os novos objectivos ou armas devem estar de novo, fora da linha principal da visão (se são atacantes reincidentes, serão muito cientes de poder receber uma joelhada ou um pontapé na virilha e estarão preparados para o interceptar), têm de se usar as habilidades motoras acessíveis e ter uma maior efectividade gerando menos potência. O estudo continuado do Kyusho ajuda a compreender as estruturas anatómicas mais débeis, o que ajudará imensamente as mulheres. Mas ainda mais que isso..., deve treinar Kyusho correctamente, para que ele se torne uma realidade.


O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspecto negativo. que desde o princípio pode implicar fracasso para o indivíduo. O problema é que este rótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítima de um acto violento ou agressão e que o praticante deve realizar uma acção defensiva. Esta premissa de agir após os factos, é a razão pela qual a maioria das pessoas sucumbem às acções do agressor e nunca se recuperam totalmente do ataque inicial ou do medo que provoca a situação. A mulher não deve situar-se à defensiva; deve ser consciente da sua situação e não desestimar ou ignorar possíveis ameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e o ímpeto, forçando a confusão na mentalidade do atacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treino vital que trata das realidades de um ataque. É um simples mas poderoso processo de treino, que oferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos, com mais idade ou menos agressivos, uma oportunidade contra o de maior tamanho, mais forte ou mais agressivo atacante. Mediante o uso dos objectivos anatómicos mais débeis do corpo, conjuntamente com as próprias acções e tendências naturais do corpo, se pode proteger facilmente a si mesma ou a outros, inclusivamente sob as limitações de estresse e físicas, quando a sua adrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suas próprias habilidades motoras grossas (em vez das técnicas de outros), as suas possibilidades de vitória são eminentes.


REF.: • KYUSHO-21


As 16 estratégias de Combate do Weng Chun Kung Fu - 1ª Parte O Weng Chun Kung Fu se desenvolveu a partir das linhagens principais da história das Artes Marciais Chinesas. Em primeiro lugar, está o Weng Chun Kung Fu, que vem da época dos templos de Shaolin e que também está na tradição mais jovem do Weng Chun Kung Fu, na qual se diz que ter praticado e transmitido em segredo, dentro da Companhia da Ópera do Junco Vermelho, durante o reinado da Manchúria. As 16 estratégias de combate do Weng Chun se derivam deste período, de um movimento clandestino. Loi Lau Hoi Song Huen Lau Kau Da Kwun Fun Jeet Tschuen Chum Kiu Biu Chi A intenção era desenvolver um sistema que se pudesse aprender rapidamente e fosse aplicável a uma defesa pessoal eficiente, o que permitiria inclusivamente derrotar por surpresa oponentes com experiência. Foi dado um forte destaque ao combate extremo na curta distância, onde o oponente seria forçado e submetido, para não permitir-lhe ganhar de novo a distância. Isto se descreve em as primeiras quatro palavras das 16 estratégias de combate: Loi Lau Hoi Song.

Loi Lau - “Quando se aproximar, colem-se a ele” A reacção instintiva comum a uma ameaça, é a tensão, exercendo a força contra a força. No entanto, o combatente de Weng Chun surpreende seu oponente aparentando que não se defende, incentivando-o para atacar e continuar adiante. Não está utilizando a força contra a força do oponente, antes fica e "flui" com ele, usando-o em sua própria vantagem. Esse é o significado de Loi Lau. O atacante não se apercebe de que está sendo atraído a uma armadilha, usando a sua própria força e vê-se apanhado numa situação da qual dificilmente pode escapar. Aos combatentes ineptos, seus oponentes não lhe deixam quase nenhum margem de erros. Ficam tensos e desde o princípio se esforçam por evitar que o contrário tenha qualquer oportunidade. Entretanto, isto também implica que o oponente fique tenso e retenha a sua força, agindo com cuidado para não perder o centro. Aqui é onde se aplica o principio de Loi Lau. Um bom lutador abre a seu oponente uma "porta" que o convida a "entrar" e atacar. Então é quando lhe tende a armadilha, porque quando atacar, por exemplo, com um pontapé lateral, o oponente se abre, perdendo seu centro -

Text: Andreas Hoffmann, Christoph Fuß, Photos: Gabriela Hoffmann & Budo International

proporcionando assim a sua própria força ao lutador de Weng Chun, para que o mesmo a use em seu contra-ataque. Um lutador de Weng Chun com experiência, flui com a força do oponente e encontra o seu caminho na distância próxima extrema, onde utiliza as sua ferramentas provadas, como as joelhadas e as cotoveladas, ou as combinações específicas de golpes e agarres, ou técnicas de derribar. O Braziliam Jiu Jitsu, que também se ensina na Associação Internacional de Weng Chun Kung Fu, compartilha de uma visão similar, esforçando-se por atrair o oponente à distância de agarre, desde onde é forçado a combater no solo e finalmente, à submissão. O lutador de Weng Chun procura também entrar na curta distância, para controlar seus oponentes com combinações de golpes, projecções, luxações articulares, estrangulamentos, etc. No entanto, tem a intenção de permanecer em pé, com a que contém o oponente desde cima, utilizando técnicas de joelho específicas.

Hoi Song “Quando se afastar, acompanhem-no” Quando o atacante se apercebe de que está a pontos de ser apanhado, procura retirar-se e recuperar a distância, mas o praticante de Weng Chun o impede de o fazer, porque o acompanha e o submete - por regra geral, o ataca desde os lados ou por detrás. Esse é o significado de Hoi Song. Loi Lau Hoi Song representa uma mudança do paradigma dentro de Weng Chun Kung Fu. Enquanto que o Shaolin Weng Chun também utiliza os golpes de longa distância, o Weng Chun que se deriva da tradição do Junco Vermelho, se concentra exclusivamente em métodos extremos na curta distância. Estes são especialmente adequados para a autodefesa ou no sector da segurança privada, mas também têm os seus limites. Para o MMA ou Sanda, ou em geral para o combate em todas as distâncias, é sem dúvida recomendável aprender também Shaolin Weng Chun, que forma parte dos estudos da Associação Internacional de Weng Chun Kung Fu, dirigida por Sifu Andreas Hoffmann.


Weng Chun



Weng Chun



Weng Chun





O Krav Maga surge em meios profissionais e é acima de tudo, um "combate corpo a corpo". Quando falamos em combate corpo a corpo, falamos de uma disciplina adaptada ao meio militar, cujo objectivo principal é neutralizar um adversário causando-lhe um mal máximo em pouco tempo…


KMRED - Um Krav Maga, umas especificidades para cada público Desde faz vários anos, a difusão do Krav Maga se tem estendido a uns públicos muito diversos. De facto, agora é ensinado e praticado nas unidades militares de elite em todo o mundo, mas também está muito presente nas nossas sociedades civis, onde é ensinado e praticado pelo pessoal das forças do ordem, guardas de segurança, mas também por homens, mulheres e crianças que não estão ligados com meios profissionais. Algumas pessoas consideram que o Krav Maga é uma disciplina que deve de ser ensinada da mesma maneira a todos os públicos, posto que do contrário perderia a sua autenticidade e eficácia. Mas surge uma pergunta: Qual é o uso principal, o objectivo principal do Krav Maga? Se não me engano, nos nossos dias frequentemente é considerado como uma disciplina de auto-defesa.

Em 2014, na era das Artes Marciais Mixtas, o Krav Maga está tecnicamente em plena evolução, porque a procura da eficiência e o exame da experiência adquirida mais recente, tem mostrado os falhos de alguns aspectos técnicos. Isto é uma boa coisa e é o espírito que temos em KMRED - Krav Maga Investigação Evolução e Desenvolvimento. Entretanto, são necessárias outras perguntas importantes. Podemos realmente ensinar o "mesmo" Krav Maga a todos? Em KMRED optamos por estudar o melhor possível, as necessidades dos diferentes públicos, aos quais vimos ensinando desde faz muitos anos e partindo de umas bases e princípios comuns, que são o fundamento do KM, temos adaptado os nossos programas. Consideremos em primeiro lugar o público original do KM, o pessoal do exército. O objectivo neste caso é guerreiro e a integridade física do



adversário não é absolutamente uma prioridade, só conta o resultado; o objectivo é destruir. Agora vejamos um destinatário para quem o KM pode ser particularmente útil: os corpos da Polícia. Mas neste caso teremos também que nos interessarmos pelas diferentes leis e regras de confronto, que diferem muito de um país para outro. O objectivo aqui é manter a ordem e para tal, a prioridade continua a ser, na maioria dos casos, procurar controlar a um ou a mais indivíduos, tratando ao máximo de preservar a sua integridade física. Também é necessário combinar as técnicas do Krav Maga com o uso de equipamentos tais como bastão telescópico ou tonfa, por exemplo, aos que se tem de adicionar os trabalhos de pôr as grilhetas, o trabalho em equipa, etc. Parece óbvio que o Krav Maga praticado por esta "categoria" não pode ter o mesmo propósito que no caso anteriormente dito. E também é claro que o KM não se pode praticar em solitário, convém adaptá-lo ao trabalho com os acessórios postos à disposição da forças de ordem, assim como às técnicas denominadas “movimentos e técnicas de intervenção profissional”. Esta pesquisa é um dos eixos de trabalho que tem sido objecto de um estudo muito detalhado no grupo KMRED, devido aos antecedentes profissionais de seus fundadores.



Mas agora, aproximemo-nos do público que está na origem da democratização do Krav Maga como disciplina de defesa pessoal: os civis. Com este termo, nos referimos a homens, mulheres e crianças que praticam esta auto-defesa em ginásios e academias no mundo inteiro, durante todo o ano. Mais uma vez, devemos de encarar esta pergunta… Devemos ensinar um mesmo Krav Maga aos homens, às mulheres e às crianças? A nossa pesquisa nos leva desde faz já muito tempo a fazermos uma diferença no programa entre estes diferentes públicos. De facto, uma mulher que corre principalmente o risco de ser atacada por um ou mais homens, deve aprender a defender-se de um bate de basebol? Ou também: Quais são as possibilidades de agarrar um homem pelos cabelos? Ou ainda e por último: Deve uma criança que pratica em um grupo cuja idade se encontra entre os 7 e os 10 anos, treinar as defesas contra ameaças de armas de fogo?

No grupo KMRED estamos convencidos de que é importante fazer evoluir a prática do Krav Maga mantendo o "espírito" do KM, mas modernizando o seu conteúdo e diferenciando os programas em função do público. Evidentemente, seria difícil modificar o programa de uma arte marcial que existe desde faz já centenas de anos e foi codificado desde faz tanto tempo, como é o caso do Karate ou do Judo, mas mesmo que o Krav Maga tenha tido no princípio uma codificação precisa, por que motivo e posto que ele é nos nossos dias praticado principalmente como uma disciplina de defesa pessoal, não deveria evoluir e desenvolver-se em base de técnicas cada vez mais eficazes e adaptadas a cada público interessado? Isto, claro está, mantendo este "espírito" particular de trabalho, que actualmente faz do Krav Maga uma das disciplinas mais eficientes no mundo da auto-defesa. A nossa pesquisa continua, portanto poderemos evoluir e desenvolver o que nos preocupa!







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"MULTIPLICADORES DE FORÇA" - Parte 1 Autor: Grão Mestre John Pellegrini A maioria dos artistas marciais estão familiarizados com diversas circunstâncias históricas que levaram ao desenvolvimento de certas armas das artes marciais, inusuais e "pouco ortodoxas", em diferentes partes do mundo. Provavelmente, o primeiro exemplo que vem à mente são os acontecimentos fácticos de 1604, quando Okinawa foi invadida e ocupada pelo Japão e as suas forças militares proibiram à povoação local possuir e portar qualquer "arma de guerra", tais como espadas. Os imaginativos habitantes de Okinawa responderam mediante a transformação das inocentes ferramentas quotidianas da agricultura e da pesca, em armas mortais. Assim, o Kama, a Tonfa, o Bo, o Nunchaku, etc..., se transformaram em armas mortais e ainda hoje se estudam em muitas escolas tradicionais de artes marciais. O machado, a cachecol, o chicote, a bengala e o leque, são só alguns exemplos de objectos que não estavam destinados originalmente a serem armas, mas que têm


“Aqueles que pensam que a polícia vai estar protegendo-os, vivem em um mundo de fantasia, não na realidade”

“A polícia quase sempre chega DEPOIS da violência ter tido lugar, demasiadamente tarde para proteger as pessoas”


sido utilizados dessa maneira pelas diferentes culturas, em diferentes momentos. Curiosamente, este processo ainda continua actualmente, para aqueles que trabalham e estudam a defesa própria. Mas qual o motivo para que nesta era de pistolas, de alta tecnologia e facas tácticas de alta qualidade, devemos continuar estudando as maneiras de transformar objectos comuns em armas de defesa pessoal? A resposta é dolorosamente simples e provem de dois factos. O primeiro é a realidade de que muitas leis regulam restritivamente a venda, posse e acima de tudo, portar armas de fogo e facas, na maioria de países de todo o mundo. Estas leis variam de um país a outro e vão desde um forte controlo, à proibição absoluta. Nos E.U.A., onde resido, as leis são diferentes nos 50 estados! A segunda razão é o facto evidente de que, inclusivamente nos poucos lugares onde se permite possuir e portar uma arma, nem sempre se podem portar (em um avião, por exemplo). Mas antes de continuar com a nossa narração sobre armas improvisadas nas artes marciais, centrada especificamente nas de Combat Hapkido, permitam-me um momento para compartilhar com os leitores a minha filosofia pessoal acerca das leis de armas. São opressivas, injustas e "castigam" de maneira injusta os cidadãos que respeitam a lei, privando-os dos meios para se protegerem. As leis também são na sua maioria inúteis. Criminosos, grupos de malfeitores e terroristas, por definição não respeitam nem obedecem as leis… Não importa quantas constem nos livros, sempre encontrarão maneiras de obter armas para infringir violência, lesões e morte a vítimas inocentes. Aqueles que pensarem que a polícia estará protegendoos, estão vivendo em um mundo de fantasia e não na realidade. A polícia quase sempre chega DEPOIS da violência ter tido lugar e é demasiadamente tarde para proteger as pessoas. Outro aspecto preocupante e potencialmente perigoso das leis de proibição de armas, é a evidência histórica de que nos regimes totalitários, as forças militares e policiais se comportam pior que os criminosos e são mais violentas. Eu ACREDITO na liberdade, na responsabilidade individual e no direito da gente boa para se defenderem a si mesmos e aos seus seres queridos e inclusivamente para protegerem a sua propriedade. É muito triste que a maioria dos governos, por desgraça não confiem nas pessoas que têm armas e não se preocupem das inúmeras tragédias derivadas das suas leis paranóicas. Portanto, para compensar esta lamentável situação que nos é



imposta, devemos dirigir a nossa atenção para o assunto das "armas improvisadas" e à semelhança dos camponeses de Okinawa de faz 400 anos, temos que usar de novo a nossa criatividade na busca de usos defensivos mediante objectos comuns, aparentemente inofensivos. Desde o princípio, a minha visão do Combat Hapkido foi o de um sistema bem estruturado, completo e eficaz de autodefesa realista, pelo que era lógico (na realidade era inevitável) que no programa de estudos incluísse o estudo e o uso adequado de protecção pessoal com artículos seleccionados. Nós, correctamente, evitamos denominá-los armas, posto que o não são e não foram pensados nem desenhados para o serem. São objectos de uso quotidiano, à disposição de qualquer pessoa e o que é mais importante, é legal a sua posse e portá-los em qualquer momento, praticamente em todos os lugares do mundo. Gostamos que os denominem "multiplicadores de força", posto que, literalmente, estes artigos, quando empregados adequadamente, aumentam em grande medida o poder das técnicas de mãos nuas, como bloqueios, golpes, a activação dos pontos de pressão e a manipulação das articulações. Aumentar a força de uma técnica é particularmente crucial na situação frequente em que um atacante de maior tamanho e mais forte, agredir uma pessoa mais pequena e mais débil. Pensemos nas pessoas idosas, nas crianças, nas mulheres, etc. Um Multiplicador de força utilizado por conhecedores, tem que percorrer um longo caminho para "equilibrar a balança". Assim sendo: quais são os Multiplicadores de Força escolhidos pelo Combat Hapkido? Antes de eu os descrever, tenho de fazer outro pequeno desvio para esclarecer bem certo conceito. Em caso de emergência, quase sempre qualquer coisa pode servir como uma ferramenta de auto-defesa (ou multiplicador de força). Uma escova para o cabelo, uma garrafa, um computador portátil, um chapéu, um livro, uma pasta, um sapato e mil outras coisas que estão em nosso redor, podem ser utilizadas com êxito como protecção contra um ataque. Como estudantes das artes da luta, sempre devemos estar preparados, com recursos e mente aberta. Devemos possuir o espírito de "sobrevivência", sem o qual não há arma, real ou improvisada que nos ajude resolver o combate a nosso favor. Por isto é importante compreendermos que só por termos seleccionado um pequeno grupo de objectos específicos para treinar com eles, não estamos desprezando outras opções e não estamos excluindo a exploração e a prática de outros instrumentos no nosso esforço por melhorar as nossas possibilidades de sobrevivência. Na segunda parte deste artigo, detalhadamente passaremos revista ao arsenal de Multiplicadores de Força no sistema Combat Hapkido. Veremos de perto os objectos e revelarei os motivo de terem sido escolhidos, quais são os melhores e inclusivamente onde encontrá-los. Não percam.... Prometo que a vossa paciência será recompensada…



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Karate

Entrevista com Sachiko KASE: Por Martim Fernandes Rincón

Faz pouco mais de um mês, Sachiko Kase, a filha menor do falecido Sensei Taiji Kase, me disse que a sua irmã Yumiko escrevera um livro acerca da vida de seu pai. Então, Sachiko e eu tivemos a ideia de realizar esta entrevista, para a publicar nas melhores revistas de artes marciais e depois de falar com Alfredo Tucci, ele amavelmente nos ofereceu a sua colaboração:

“Sempre tive o máximo respeito por Sensei Kase, as páginas da minha revista sempre estiveram abertas para ele quando era vivo, agora que já não está entre nós, toda homenagem é pouca” afirmou Alfredo Tucci. Eu tive o privilégio de ler o projecto do livro e as suas magníficas fotos (na sua maioria inéditas) e de ver os dois DVD's com suas muitas fotos e sequências de vídeos e por isto quero agradecer à família KASE a confiança que em mim depositaram e a sua grande contribuição para os seguidores de seu pai e para aqueles, que sem o ter conhecido, seguem os seus ensinamentos, pela mão dos que tivemos a sorte de sermos seus alunos. Mostraremos detalhes da pessoa, para melhor conhecermos o MESTRE. Nota: Algumas das matérias tratadas na entrevista, logicamente estão mais detalhadas no livro...


Grandes Mestres Cinturão Negro: O livro e o material audiovisual que o acompanha é maravilhoso, profundo e muito emotivo. Poderia contar-nos como surgiu a ideia deste livro e o motivo do formato do livro + 2 DVD's? Sachiko Kase: Estou feliz por ver que te agradou o livro. Penso que realmente a minha irmã Yumiko fez um grande trabalho, mas deves de saber que tem estado trabalhando nele durante mais de 3 anos. Quando Yumiko começou a escrever o livro, não tinha uma ideia determinada para o formato do mesmo. Portanto, começamos a juntar muito material,

como fotos e vídeos. Quando juntamos este material, a minha irmã teve a ideia de fazer um álbum incluindo uma grande quantidade de fotografias privadas e pessoais. Como muitas destas fotos não poderiam ser incluídas no livro, surgiu a ideia de fazer um DVD especial com as mesmas. Depois, com todos os vídeos compilados, se pensou em fazer um DVD que mostrasse o nosso pai ensinando na Europa. Queríamos mostrar como ensinava e a sua maneira de interagir com os alunos e acima de tudo, mostrar as suas maravilhosas técnicas. A pessoa responsável desta tarefa teve a boa ideia

de escolher diferentes técnicas com diferentes assistentes. Isto foi genial! Depois deste primeiro projecto, a minha irmã teve de encontrar a maneira de estruturar o livro e viajou à França em busca da inspiração. Para isso, também combinou entrevistas com alguns alunos franceses do meu pai. Um deles, Alain Verbeeck, um assistente francês muito chegado ao meu pai, proporcionou-lhe a inspiração necessária e ela pode começar o livro. Assim é como surgiu o formato Livro + 2 DVD's. C.N.: Qual o papel desempenhado por a tua senhora mãe, a senhora KASE, na realização deste livro? S.K.: A minha mãe foi a fonte das principais informações, narrações e factos, que a minha irmã conta no livro… E também um dos nossos grandes apoios. Ela continua a ser o pilar da família! C.N.: E o facto do livro surgir agora, na comemoração do 10º aniversário do falecimento de teu pai, a que foi devido? S.K.: De início não pensávamos publicá-lo nesta ocasião... Necessitávamos tempo para nos recuperarmos depois da morte do nosso pai e sermos capazes de continuar adiante, como ele nos tinha ensinado. Então, surgiu a ideia de escrever um livro, para compartilhar as nossas recordações com aqueles que amaram o nosso pai. Pensávamos que poderíamos publicá-lo antes, mas tivemos muitos problemas com a realização do livro propriamente dito. Houve muitos erros e mal-entendidos na tradução para o Inglês. A editora de Tóquio mudou o seu pessoal devido a problemas internos e… assim sucessivamente!... Com todos estes atrasos, resolvemos que seria boa ideia publicá-lo em 2014, no 10º aniversario do falecimento do nosso pai. C.N.: Na verdade são muitas as perguntas que surgem em mim, mas não quero desvelar muito do livro, para que os leitores possam gozar dele de primeira mão, como aconteceu comigo. Mas, poderias falar-nos um pouco acerca de como a tua mãe contribuiu para que o seu marido pudesse dedicar-se em corpo e alma à prática e ensino do Karate? S.K.: Honestamente, o meu pai não teria sido capaz de ter a projecção profissional que teve, sem o apoio incondicional da minha mãe. Realmente, a minha mãe teve momentos difíceis quando chegou à França, em 1967, com duas


Grandes Mestres Foto da esquerda: O Sensei Taiji Kase com 14 anos. Foto grande da direita: Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941. Taiji Kase, no extremo esquerdo vestindo a sua farda do Liceu, com seus pais e irmãos Foto em baixo, no centro: Uma apreciada foto realizada em um estudo fotográfico, com seus pais e seu irmão mais pequeno Yasuaki, em 1933.


meninas pequenas. Ela não falava o idioma, não tinha amigos nem família. Deve se ter sentido muito sozinha. França e Paris eram completamente diferentes nesses tempos (46 anos atrás). Havia poucas pessoas japonesas, não havia lojas de comida japonesa nem nenhum canal de televisão japonês. No entanto, ela nunca se queixou. Mas penso não é suficiente falar da minha mãe, há outro membro da família que contribuiu em grande medida à história do meu pai e da família: a minha irmã mais velha Yumiko. C.N.: Poderias falar-nos um pouco mais acerca disto? S.K.: Se bem é certo que a minha mãe era o pilar da família, é assim porque contava com o apoio de Yumiko, a sua filha mais velha. Isto não se revela no livro, porque ela é a escritora, mas me parece interessante falar nisto. Como a minha mãe tinha dificuldade em falar Francês, a minha irmã mais velha a ajudou desde muito nova. Ela também jogou um papel muito importante ao lado do meu pai e posso dizer que, em certo modo, Yumiko foi a

primeira assistente de meu pai. Também desempenhou um papel importante quando eu era adolescente e frequentemente não concordava com meu pai. Cheguei a França com 3 anos de idade e depressa o meu pensamento e hábitos se tornaram "franceses", pelo que chocava com a restritiva educação no Budo do meu pai, o que à diferença da minha irmã mais velha, para mim foi bastante difícil de suportar. Tive muitas discussões com meu pai, porque eu tenho a sua mesma maneira de ser, forte e independente. A minha mãe e a minha irmã passaram por momentos muito difíceis, apanhadas no meio e sofreram muito devido a isto... Hoje me sinto mal por isso, mas nesse momento, não tinha outra maneira de me expressar. Mas minha irmã e minha mãe sempre trataram de salvar a situação e apoiar-me, porque elas não queriam a família dividida. C.N.: Sem dúvida, teu pai foi um dos mestres mais importantes do Século XX e teve uma dilatada carreira com grande repercussão a nível mundial. De facto, tem havido outros grandes mestres


Karate deste estilo, mas poucos deixaram um legado tão profundo e preclaro, mas ele era tão humilde que nunca o manifestou. prova disso é que o Karate Shotokan Ryu Kase Ha está reconhecido em todo o mundo como uma linha específica e original de trabalho. Como se sentem sabendo que a obra do pai está viva e tem seguidores em muitíssimos países?

S.K.: Parece-nos inacreditável que após 10 anos, as pessoas ainda continuem o seu trabalho através da KSKAcademy, de outras estruturas, ou em seu próprio dojo. Nos sentimos sumamente contentes e certamente orgulhosas, mas não só isso; o mais surpreendente é que os assistentes e os alunos mais chegados, ainda estão em contacto connosco na França e em outros países da Europa. Isto constitui o maior legado que o nosso pai tenha podido deixar-nos, uma herança que vem do coração e isto realmente não tem preço. E ainda mais, quando se compara com o que geralmente sucede quando um grande mestre (não só no Karate) desaparece, é simplesmente surpreendente. Por regra geral, mesmo que ao princípio haja uma continuidade,

Foto da esquerda: Casamento de Sensei Kase, a 15 de Abril de 1952. Foto do meio: Durante a sua lua de mel em Abril de 1952, em um hotel do tipo japonês, um Ryokan, em Shuzenji. Foto de cima: O Sensei Taiji Kase com sua filha mais velha Yumiko, em 1963. Foto da direita: o Sensei Kase com suas filhas e o Sensei Shirai, no jardim da família, em Janeiro de 1965. O edifício atrás deles é o dojo de Karate que ele mandou construir.


Grandes Mestres isto desaparece rapidamente. O mais extraordinário é o impacto que o meu pai teve em seus alunos directos. Recentemente, assisti a um curso numa cidade francesa para fazer a promoção do nosso livro. Lá conheci alunos muito jovens que não conheceram pessoalmente o meu pai e portanto não receberam a sua ensinança directamente. Mas eles estão aprendendo daqueles que o conheceram directamente e é maravilhoso constatar que o meu pai continua vivo neles. C.N.: Na tua opinião, como sentia o teu pai a missão de ensinar e transmitir o que aprendeu de seus mestres e instrutores? S.K.: Meu pai tinha fé e acreditava no que ensinava, que era as ensinanças de sensei Yoshitaka Funakoshi, seu sensei. O meu pai ficou muito chocado quando Yoshitaka faleceu e como sabes, o meu pai viria a falecer no mesmo dia que falecera Yoshitaka, um 24 de Novembro. O que meu pai fez por sua conta foi desenvolver as ensinanças de sensei Yoshitaka.... C.N.: Poderias dizer-nos se o teu pai comentava com vocês suas inquietudes, com

respeito à evolução e implicação de seus seguidores nos diferentes países? E de ser assim, de que aspectos falava mais? S.K.: Justamente antes de falecer, meu pai queria voltar à África do Sul, o primeiro país que visitou quando por primeira vez viajou ao estrangeiro desde o Japão. O meu pai gostava muito desse país e queria dar seu apoio aos seus alunos de Shotokan. Realmente, a família toda queria ir… C.N.: O sensei Kase sempre estava muito feliz e comprometido com tudo o que fazia, mas poderias dizer-nos como era um dia normal na vida do teu pai, quando estava em casa? O que fazia habitualmente? S.K.: Quando não estava ensinando, gostava de descansar em casa. Precisava recarregar as suas baterias, porque o seu trabalho era apaixonante, mas muito cansativo e stressante, devido à maneira em que ele prestava atenção a tudo e a todos. Por isso, quando estava em casa gostava muito de ler, porque é


Karate uma actividade tranquila, que lhe permitia descansar mas estar "activo" aprendendo coisas. Regularmente pedia uma grande quantidade de livros de assuntos diversos, que a minha mãe ia a buscar à livraria japonesa "Junku". Isto também se explica muito bem no livro. Também coleccionava máquinas fotográficas e

diferentes partes das mesmas. Gostava de experimentar com elas. Também tinha um telescópio, que instalou perto da janela para ver as estrelas, sempre que lhe era possível. Tinha uma colecção de relógios que guardava cuidadosamente numa caixa e que a minha irmã e eu herdamos após seu falecimento. Também apreciava muito a cozinha caseira da minha mãe, porque ela cozinha muito bem. Nas horas das refeições, comíamos, ele nos falava os momentos agradáveis da sua último viagem, o que tinha comido, a quem tinha conhecido, etc... Fomos uns privilegiados por termos partilhado esses preciosos momentos com ele.

Foto da esquerda: Durante um viagem à África do Sul, em 1960. Foto do centro: Durante uma acampada de Verão em Saint-Raphael, em 1971. Foto da direita: Em seu dojo "Fudo Karate Club", em 1975. Foto pequena de cima: o Sensei Taiji Kase com sua filha Yumiko, no Verão de 1960.


Grandes Mestres C.N.: Todos quantos conhecemos sensei Taiji Kase sabemos que foi e é muito querido e respeitado. Mas, tiveram algum tipo de problema após o seu falecimento? Por exemplo: Algum grupo ou pessoa tratou de se proclamar como os verdadeiros representantes do sensei? S.K.: Sim, isso aconteceu. Um ano ou dois após seu falecimento, alguns alunos franceses e europeus pretendiam ser seus herdeiros.

Recentemente, justamente alguns dias antes do Natal de 2013, um assistente muito chegado ao meu pai, afirmava ser seu herdeiro. Nós pensamos que como o meu pai era tão amável com todos, algumas pessoas "arrogantes" pensam ter direito a faze-lo. Infelizmente, sem dúvida estas pessoas não perceberam muito as ensinanças do meu pai. Não são muitas, mas isto é simplesmente inacreditável e não temos palavras para descrever esta atitude. Só sentimos pena por elas. Agora bem, seria muito interessante saber o que tem de fazer um sucessor "oficial", porque muita gente fala nisto mas não sei ao certo se compreendem o significado real de tudo o que significa. Este é um assunto muito interessante que p o d e r e m o s desenvolver em mais profundidade.

C.N.: Tenho ouvido falar acerca da sua associação AKS (Amicale Kasé Souvenir) mas realmente não sei muito acerca dela. Poderia falar-nos da AKS? S.K.: A AKS é uma associação criada por mim junto com todos os membros da minha família, incluindo a minha mãe e a minha irmã mais velha Yumiko. Foi criada ainda em vida do meu pai, antes de finalizar o ano 2003. O objectivo era trabalhar lado a lado com o meu pai para "o apoiar". Eu voltei do Japão em 2002 e quando o meu pai adoeceu, em 2003, compreendei que poderíamos ter um problema económico se nada fizéssemos. Por isso pedi ajuda a muita gente, incluindo a federação francesa, e comecei a fazer um bom trabalho até que meu pai faleceu um ano depois. Então fiquei muito abatida, porque tudo sucedeu justamente quando eu começava a estar ligada ao meu pai, coisa deixara de suceder quando com 22 anos de idade, abandonara a casa pater na. Não tenho palavras para descrever o que senti nesse momento. Mas pelo menos, passei um ano inteiro a seu lado, falando de diferentes



Grandes Mestres assuntos, mas principalmente de Karate, seu assunto favorito. Quando se sentia bem, podíamos falar durante horas; mas quando estava cansado ficava em silêncio. Para a nossa família tiveram de passar dez anos para podermos aceitar a sua morte e avançarmos de novo como ele nos tinha ensinado. Graças às pessoas que realmente amavam meu pai e que continuaram nos apoiando, agora o objectivo da AKS é manter e perpetuar o legado do nosso pai. Este é o motivo de escrever o livro que estará em breve vai estar disponível. Também mantemos contacto com todos aqueles com quem se relacionava o meu pai, na França e em outros países. Por isto, a minha mãe e eu viajaremos muito este ano, por ser uma ocasião tão especial. A minha irmã Yumiko se unirá a nós sempre que possa. A AKS representa o meu pai e eu farei tudo o possível para manter seu nome com dignidade. A minha mãe e a minha irmã estão sempre atrás de mim. Tenho o seu apoio, sempre e quando eu permanecer fiel e honesta naquilo que estou fazendo. Há vários projectos que gostaria realizar, mas é muito cedo para falar disso. Primeiro gostaria de ver como reagem as pessoas com o nosso

pacote (livro + DVD's). Depois, resolverei o que fazer… C.N.: Podes falar-nos da KSKAcademy? S.K.: A Academia foi criada quando meu pai ainda era vivo e teve de continuar sem ele. O presidente, o Sensei Dirk Heene, tem a difícil missão de continuar e dirigir a Academia sem o meu pai. A nossa família sempre se tem mantido em contacto com ele e tem-no apoiado tanto como temos podido. Minha mãe é presidente honorífica. C.N.: O teu pai me disse que quando estava ensinando no Japão, por vezes, se sentia incompreendido, porque os japoneses não percebiam muito bem a sua maneira de trabalhar. Ele dizia: Me sinto melhor compreendido em outros países!... mas ele também gostava de brincar com estas coisas… O que nos pode dizer a esse respeito? S.K.: Estou convencida que as ensinanças do meu pai e a sua maneira de pensar, se adequavam mais às pessoas ocidentais que aos japoneses, apesar dele ter nascido e ter sido educado no Japão. Talvez por isso sentiu a necessidade de ir viver no

estrangeiro, em algum lugar da Europa e resolveu se instalar na França, porque amava este país por uma razão muito especial. C.N.: Pode falar-nos de algum momento em que seu pai tenha sido especialmente feliz, devido a algum evento relativo ao Karate? S.K.: O meu pai era especialmente feliz quando falava da “quarta dimensão” do Karate. Quando estava inspirado, podia falar disto durante horas, tratando de explicar-nos à minha irmã e a mim, o que era a quarta dimensão. Como eu não percebia tudo e estou muito longe disso, pedi mais explicações a alguns assistentes chegados ao meu pai, mas eles não puderam me responder. C.N.: Além do que nos tem dito nesta conversa, há alguma coisa em especial que gostasse de transmitir aos leitores, para possam conhecer melhor a vida familiar e profissional de teu pai? S.K.: Eu diria que o meu pai teve o mesmo tipo de problemas com as suas filhas, que tem qualquer outro pai… Especialmente comigo! Em certo modo, somos uma família como tantas outras,


Karate excepto numa coisa: o meu pai foi excepcional em tudo quanto fez. Sempre manteve uma maravilhosa qualidade da sua personalidade, que era estar interessado nas pessoas que conhecia e mostrar-se curioso em qualquer momento. Seu olhar era sempre brilhante. O meu pai foi muito feliz quando nasceu Yuusuke, o meu sobrinho e seu neto.

Yuusuke teve uma grande influência do meu pai. Se bem é certo que não viveram juntos, a minha irmã visitava meus pais sempre que podia. Por exemplo, antes de ir para o Chile, a minha irmã veio a passar dois meses em Paris e Yuusuke tinha 3 anos de idade. Passaram esse tempo juntos e Yuusuke tem recordações inesquecíveis, mesmo com essa idade. Depois, eles estiveram vivendo durante três anos na Argentina (dos 9 aos 11 anos de Yuusuke). O meu pai adoeceu nesse momento e Yumiko veia a Paris com Yuusuke e assistiu à morte do avô. De facto Yuusuke esteve presente em momentos muito especiais da vida do meu pai, pelo que vai manter para sempre essas recordações, as boas e as más.


Grandes Mestres C.N.: Recentemente faleceu Nelson Mandela e eu sei que o teu pai lhe tinha grande admiração. Poderias falar-nos disto? S.K.: Certamente que posso. Não há dúvida de que o meu pai se inspirou nessa grande pessoa. Especialmente quando encontrou dificuldades com diferentes organizações, sócios financeiros ou alunos que o atraiçoaram. Nelson Mandela tinha essa forte convicção na sua luta, porque sabia que tinha razão. Inclusivamente durante os 27 anos que esteve preso, foi capaz de manter a fé e depois, foi capaz de perdoar as pessoas responsáveis de seu cativeiro... O meu pai sempre manteve esta forte convicção, porque queria continuar com o Karate do Sensei Yoshitaka Funakoshi. Quando se pertence a uma grande organização, não se pode fazer o que se quer, têm de se fazer concessões… Ele não fez nenhuma. O meu pai queria conservar a liberdade para ser capaz de continuar

com o Karate que queria desenvolver. A liberdade tem um preço, por isso não conseguiu ser muito rico, mas teve suficiente dinheiro para viver confortavelmente e sempre quis que a sua família e especialmente as suas filhas, apreciássemos o que possuíamos. O que mais aprecio é o legado que nos deixou à minha irmã e a mim: a educação do Budo que nos tem permitido sobreviver e fazer aflorar o poder que tínhamos em algum lugar profundo do nosso interior e também o podermos estar em contacto com as pessoas que ele amava. Estas pessoas nos têm apoiado nos momentos difíceis. C.N.: O teu pai era um grande leitor de assuntos diversos. Lembras-te de algum dos últimos livros que leu? S.K.: As suas últimas leituras foram só revistas. Uma revista que apreciava muito era: “Bungei Shunjun”, que é uma revista mensal japonesa, que se pode

comparar com ”Le Express”, “Le Nouvel Observateur” ou “Le Figaro” na França. Desconheço o equivalente em outros países. C.N.: Poderias falar-nos de quando o teu pai e o sensei Shirai foram convidados pelo governo francês para fazer uma exibição, com motivo do relevo da tocha olímpica nos Jogos Olímpicos de Inverno, a 1 de Janeiro de 1968, em Grenoble? S.K.: Foi um dos momentos mais grandes da sua vida. O meu pai pensava que era uma grande honra mostrar o Karate, um Budo japonês nesta grande ocasião. Foi para ele a realização de um sonho… C.N.: Que impacto teve na vida do teu pai? S.K.: Teve uma enorme influência na sua implicação no ensino do Karate em França, tal como se explica no livro... C.N.: Uma das características do ensino do teu pai, foi a liberdade. Longe de estereótipos e normas quadriculadas, ele nos incentivava para treinarmos, para pensarmos na nossa prática… No seu Karate não havia atalhos. No entanto, é certo que houve pessoas que puseram impedimentos por não ter os títulos requeridos pelo governo francês? S.K.: Não gosto de falar desse assunto, porque o problema apresentado pelo gover no francês era simplesmente incrível! Meu pai ficou muito doido após esse episódio... C.N.: Na minha opinião, é muito difícil escrever acerca de teu pai sem falar em seu aluno e amigo, o sensei Hiroshi Shirai. O que nos podes dizer acerca da relação entre eles e as suas famílias?. S.K.: É uma longa história de uma grande e forte amizade que começou faz muito tempo, antes de eu nascer. Há muitíssimas coisas para contar acerca disto. Se conheceram na JKA, quando o meu pai já era instrutor e Shirai era o assistente do Sensei Nishiyama. O Sensei Shirai foi aceite na JKA como aprendiz em 1960. a sua amizade começou a partir desse momento e foi para sempre. O Sensei Shirai recebeu um treino muito severo por parte do meu pai, igual ao que ele próprio recebera de Sensei Yoshitaka Funakoshi. Tudo isto acontecia antes de vir à Europa, o que quer dizer que a sua relação era muito maior do que imaginam....



A Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei (ZNTIR) o organismo que pretende manter viva esta tradição e as formas originais, mediante um sistema que integra corpo, mente e espírito de uma maneira realista e eficaz. Este DVD foi criado pela insistência de praticantes da Filial espanhola da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei (ZNTIR - Spain Branch), para dar a conhecer a todos os interessados um estilo de combate com una espada real, criado no passado Século XX, mas com raízes nas antigas técnicas guerreiras do Japão feudal. Nele encontrarão a estrutura básica da metodologia que se aplica no estilo, desde os exercícios codificados de aquecimento e preparação, passando pelos exercícios de corte, as guardas, os kata da escola, o trabalho com parceiro e a iniciação, até a pedra angular em que se baseia o Toyama-Ryu, o Tameshigiri ou exercícios de corte sobre um alvo realista. Esperamos que o conhecimento da existência de um estilo como é o Toyama-Ryu Batto-Jutsu, seja um incentivo para conhecer uma forma tradicional, que por sua vez é muito diferente das actuais disciplinas de combate, o que poderá ser atraente para aqueles que desejam ir más longe nas suas práticas marciais. Para os interessados na espada japonesa e os iniciados, este DVD será de utilidade como apoio para na sua aprendizagem e como consulta.

REF.: • TOYAMA1

Todos os DVD's produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.


TCS CONCEITO DE LUTA COM FACA Competição de combate com faca 2014 Combate com faca e luta com faca - Encaixam juntos? A resposta é nitidamente que sim! A Competição de luta com faca será em Viena, este ano pela quinta vez, como um Torneio de luta por pontos de semi-contacto. Com cada golpe se obtém um ponto, a reacção, a velocidade e a agilidade são fundamentais, como na vida real.



Defesa de Faca


Peter Weckauf

15 de Novembro de 2014 é o grande dia: A Competição internacional de combate com faca realizar-se-á em Viena, por quinta vez, com participantes da Áustria e do estrangeiro. Nas edições precedentes, vimos participantes da Rússia, da República Checa, Alemanha, Inglaterra, Suécia, Itália, Espanha, Grécia, Argentina, Suíça, Eslováquia e claro está, da Áustria. O Combate com faca é principalmente uma competição desportiva, com o foco nas habilidades, velocidade, precisão e agilidade. O combate com Faca se baseia em verdadeira luta com faca, claro está, mas com a grande diferença de que há regras,

categorias, árbitros e os pontos de sparring com faca. O propósito do evento é conhecer outros participantes, em um intercâmbio desportivo de habilidades. A equidade receberá uma atenção especial, uma força excessiva será castigada, além de que os pontapés, socos e derribamentos, provocarão à desclassificação do participante. Os participantes usarão facas de treino, de espuma (barras moles). Os participantes devem usar um capacete, sapatos e protecções de punho (lutas de Luta Livre) para reduzir o riso de lesões.

Quem pode participar? Todos são bem-vindos, todos podem participar, tanto principiantes como lutadores avançados, de todas as organizações e grupos, principiantes e veteranos, todos de igual maneira. Para proporcionar oportunidades para todos, vai haver uma categoria para os participantes sem experiência prévia na competição e uma categoria avançada para os combatentes com mais experiência. As mulheres vão lutar na sua própria categoria, que cada vez é mais popular nos últimos anos e já tem dado lugar a alguns encontros assombrosos.

O torneio O torneio dará início com as séries preliminares, divididas por categorias, as categorias divididas em grupos, dependendo do número de participantes. Os combates se realizarão por grupos que se revezam. Cada combate dura três minutos. Isto permite que cada participante participe em quatro ou cinco combates e tenha a oportunidade de classificar-se para o evento principal. Os Principiantes e as Senhoras obterão resultados intermédios em função do número de intervenções vencidas. Quando houver empate, os pontos totais decidirão o resultado.

Os participantes que ficarem no primeiro e segundo lugar de cada categoria (Principiantes, Avançados e Senhoras) passarão ao evento principal. No evento principal será por KO que se decidirão os quatro primeiros classificados (semi-finais e finais).

Técnicas de treino O treino para o torneio de combate com faca deve centrar-se na agilidade, a velocidade e a flexibilidade, assim como na táctica. Os seguintes exercícios e técnicas podem ajudar a aperfeiçoar estas habilidades. No torneio de combate com faca deste ano, estamos desejando ver muitos participantes de todas as organizações e grupos, posto que é o desporto que nos une a todos. A data final para as inscrições é a 13 de Novembro de 2014. Registe-se aqui: https://samiinternational.com/event/id/42/tcsknife-fighting-championship-2014 Mais informação e as regras do torneio: http://www.knifefighting-concept.com/aboutus/competition/ Para mais informação acerca dos seminários e cursos de instrutores, ir a www.sds-concept.com


Defesa de Faca


Peter Weckauf



“O ponto vital em Taekwon-Do se define como qualquer área sensível ou frágil no corpo, vulnerável a um ataque. É essencial que o estudante de Taekwon-Do tenha um conhecimento dos diferentes pontos, para que possa empregar a ferramenta de ataque ou de bloqueio adequada. O ataque indiscriminado é condenável, por ser ineficiente e um esbanjamento de energia”. General Choi Hong Hi, ENCYCLOPEDIA OF TAEKWONDO, Volume II, pag.ª 88. Actualmente, o Taekwon-Do é uma das artes marciais mais estendidas e profissionais do mundo, (fundada em 11 de Abril de 1955, pelo General Choi Hong Hi), continua prosperando, inclusivamente após o falecimento de seu fundador, em Junho de 2002. Com o tempo, os factores desportivos foram prioritários e grandede parte dos métodos originais de auto-protecção foram ignorados ou descartados. Nos documentos escritos originais do General Choi, grande parte da atenção, a estrutura e mesmo o uso dos pontos vitais "Kupso" (ou Kyusho), assim como o desenvolvimento de armas para ter acesso a eles, foi apontado mas nunca foi totalmente ensinado. Kyusho International desenvolveu um programa para iluminar, educar, integrar e desenvolver esta inacreditável Arte Marcial, voltando aos conceitos de seu fundador. Este novo programa conta com o pleno apoio do filho do fundador, Choi Jung Hwa. O objectivo desta série é para pesquizar os padrões (Tul), que se realizam de acordo com os preceitos do fundador na "Enciclopedia do Taekwon-Do" (os 15 volumes escritos pelo General Choi Hong Hi, incluindo os "Pontos Vitais"). Através desta estrutura, o Kyusho se integrará inicialmente e de novo no Taekwon-Do. Kyusho International se sente orgulhoso por estar presente nesta tarea de colaboração monumental e histórica.

Ref.: • KYUSHO20

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Seis novos Shidoshi festejaram a sua graduação de acordo com a tradição Shizen, com todas as suas cerimónias, com os ritos e as velhas danças em volta da fogueira, o tiro com arco cerimonial e na companhia dos seus seres mais queridos. Com generosidade e abundância festejaram e honraram todos os mundos visíveis e invisíveis à antiga maneira do poderoso povo de Tengu, numa noite mágica e inesquecível... Quem disse que já não ficavam coisas autênticas?


Artes do Japão

Texto: Joho Goemon Kawazuki

Festa de graduação dos novos Joho (Shidoshi) da linhagem Kawa, escola Kaze no Ryu Ogawa Ha, dirigida por Shidoshi Jordam Augusto Oliveira A tradição da cultura Shizen conta com um grande paladino na figura de Shidoshi Jordan Augusto, um dos últimos conhecedores da cultura Shizen, que até hoje se tem conservado em segredo. A riquíssima bagagem destes povo, que inclui um idioma próprio, o Shizengo, inclusivamente com dialectos e três tipos escritura diferentes, imensas ensinanças no campo da filosofia, estratégia, medicina, artes de combate, etc.…, vem dos originários habitantes das Ilhas do Japão, anteriores à chegada dos Yamato, com os que se misturaram após a destruição das aldeias, mas que souberam manter a sua memória colectiva e tradições até os nossos dias. Talvez Shidoshi Jordan seja o último dessa linhagem cultural (se existem outros não temos notícia disso) e o primeiro não japonês que tem continuado ensinando a antiga sabedoria de um povo excepcionalmente esquivo a todo registo, mantendo em segredo o seu conhecimento. De toda a sua bagagem cultural, talvez a jóia mais preciosa e oculta tenha sido o seu conhecimento do invisível, denominado e-bunto (Ochikara em Japonês) e que quer dizer “A Grande Força”; uma matéria da qual o nosso director Alfredo Tucci se apaixonou faz anos e por sua formação em Antropologia se meteu a fundo nela até o ponto de ter escrito já dois livros: “No limiar do invisível. O xamanismo japonês da cultura Shizen” e o recentemente editado “A armação do invisível - A estruturação o Universo dos Xamãs Shizen”, já traduzidos para o Inglês (o primeiro) e para Português e o Italiano

“As festas eram parte essencial da vida quotidiana das aldeias. O seu propósito era juntar a povoação das quatro aldeias, pelo menos quatro vezes por ano, coincidindo com a mudança das estações”

“A noite estrelada de Valência esteve cheia de magia, encanto e força excepcionais; parte da dita energia transcende na reportagem fotográfica que acompanha o artigo” ambos dois. Até esse momento, ainda que possa parecer mentira, nada tinha publicado desta matéria; inclusivamente, em Google ainda nada mais aparece, tal é o cuidado com que os Shizen sempre têm guardado os seus segredos. O artigo que hoje apresentamos, fala da grande festa realizada em Valência, Espanha, que constou de duas partes. A celebração espiritual na festividade dedicada a Shojobu Tengu e a encenação de uma obra do teatro original, com a denominação de “O Povo de Tengu”, nos mostrava uma a história e particularidades culturais de “Os naturais”, que esta é a tradução de “Shizen”, seu nome em Japonês. À festa chegaram convidados e iniciados no e-bunto de todo o mundo e durante a mesma se realizaram os bailes e honrarias a todos os Tengu, os disparos cerimoniais, entronizações e oferendas, ou seja, todas as antigas cerimónias da tradição Shizen. Os ritos para uma festa assim começam a ser preparados sete dias antes, com diversas cerimónias e cuidados, para que tudo suceda como deve de ser.

Uma pequena aproximação ao cerimonial As festas eram parte essencial da vida quotidiana das aldeias. O seu propósito era reunir as quatro aldeias, pelo menos quatro vezes por ano, coincidindo com as mudanças das estações. Cada aldeia providenciava mais festas se considerava que uma ocasião o merecia, pois nelas a abundância de alimentos, assegurava o cuidado de todos os seus membros, incluídos os mais desfavorecidos, criando um marco positivo de convivência e comunhão. A ideia era estabelecer um ponto de encontro, não só


entre as pessoas como também tratar da união delas com as forças Universais que cultivavam e que constituíam a sua profunda espiritualidade, o e-bunto. A festa que hoje descrevemos, esteve dedicada à entrada dos novos Joho no “reino” de Tengu, o idoso Tengu “senhor dos caminhos”. Antigamente a festa era realizada imediatamente após o retiro dos Sensei, que saíam de seus 10 ou 12 dias de retiro no quarto de Tengu, directamente para a festa. Os Joho ocupam o mais alto lugar na tradição Shizen, pois a pessoa que o possui teve de superar enormes provas e anos de estudo para alcançar a dita consideração. Na festa, os Joho andam em volta da fogueira 9 vezes, portando a cor de cada Tengu cobrindo-lhes as costas, para que os Oni (demónios, génios) que perseguem esses Tengu, nunca os encontrem, simbolizando assim que após anos de estudos e preparação, finalmente chegaram ao final do caminho, depois de terem caminhado por todos os reinos de Tengu. Isto os distingue vestindo agora de branco, símbolo de que já nada negativo do mundo os pode tocar. O resto da aldeia dançava junto com eles após as voltas em redor do

“A riquíssima bagagem deste povo, inclui um idioma próprio, o Shizengo, inclusivamente com dialectos e três tipos de escritura diferentes, imensas ensinanças no campo da filosofia, estratégia, medicina, artes de combate, etc.…, provém dos originários habitantes das Ilhas do Japão antes da chegada dos Yamato”

fogo, o baile próprio de cada Tengu, com seu específico ritmo marcado pelo Taiko (tambor japonês) e suas canções. Nove eram as danças dedicadas a Susunda Tengu (preto), Senso Tengu (vermelho), Kaze no Tengu (azul), Bioki no Tengu (cinzento), Aino Tengu (cor de rosa), Shojobu Tengu (amarelo), Karassu Tengu (vermelho e preto), Tateru Tengu (verde) e Dono Tengu (castanho ou branco). No momento de começar representação, se realizou uma cerimónia de tiro ritualista com o arco japonês, a qual se faz sempre em honra dos mais ilustres convidados. O tipo de tiro é especificamente aquele realizado para Shojobu Tengu, pois a festa que hoje recordamos teve também um ilustre Tengu convidado, neste caso Shojobu Tengu, o senhor da sabedoria, o grande Rei dono de todas as riquezas, por isso o tipo de comida servida foi a própria da sua frequência, Sashimi, Mariscos, frutos do Mar, frutas nobres, etc.… A comida durante os ritos é consagrada a este Tengu e é a mesma que comem os convidados, colocando assim em seu interior dita frequência. A noite estrelada de Valência este cheia de grande magia, encanto e força excepcionais; parte da dita energia transcende na reportagem fotográfica que acompanha o artigo e podem segui-la também nos pequenos link audiovisuais que acompanham este texto e que são os prolegómenos de dois DVD em preparação: O primeiro, um documentário sobre e-bunto e o segundo o making off da peça de teatro, com partes da mesma e que incluirá o back stage, entrevistas, etc.…

“Os Joho ocupam o mais alto lugar na tradição Shizen, pois a pessoa que o possui teve de superar enormes provas e anos de estudo para alcançar a dita consideração”



Na cultura Shizen é Shojobu Tengu o dono por excelência do tiro cerimonial. Considerado o dono do oiro terreno e da consciência (a sabedoria), os seus tiros cerimoniais se realizavam, por extensão, para honrar os mais ilustres convidados e nas cerimónias a ele dedicadas. Se atiram duas flechas; o arqueiro mostra as suas flechas e arco horizontais no solo, em sinal de respeito e submetimento, enquanto o Miryoku, o sacerdote xamã, realizava as invocações.




Uma única repre Valência, levou um rico Universo da cu espirituais e guerr auspício da Em dedicado à am


esentação, no teatro mais moderno de m público encantado, até o misterioso e ltura Shizen, as suas Artes e tradições reiras, a sua história e cultura, com o baixada do Japão, no marco do ano mizade entre a Espanha e o Japão.


Texto: Joho Mitsutake Kawazuki

Uma encenação excepcional que o público adorou Uma magnífica representação no Teatro La Rambleta, Valência, de “Os Shizen - O povo de Tengu”, um espectáculo audiovisual incluído nos festejos do ano dual Espanha-Japão, uma grande iniciativa da embaixada do Japão na Espanha por ocasião do aniversário do estabelecimento de relações entre ambos países. O espectáculo criado para a ocasião, também formava parte da realização pública da graduação na Escola Kaze no Ryu, de seis novos Shidoshi, Joho, tal y como se diz em Shizengo. Um documentário está sendo produzido acerca desta representação, com seu making off, back stage, entrevistas etc. O qual incluirá grande parte do espectáculo, para que todos os interessados na cultura Shizen de todo o mundo e que não puderam assistir, possam gozar do mesmo. O povo de Tengu foi pensado como uma presentação ao público da tradição Shizen, em um marco histórico e cultural, destacando os seus dois aspectos mais interessantes, por um lado a sua tradição Marcial, o Bugei y por outro, a sua cultura espiritual o e-bunto. A peça teatral, da qual seguidamente mostramos uma síntese e uma ampla reportagem fotográfica, põe ao alcance do público em geral, muita informação sobre uma cultura quase desconhecida inclusivamente no Japão dos nossos dias, dada a desconfiança dos Shizen a se mostrarem em público. Antropologicamente esta atitude é fácil de compreender em um povo perseguido e que conseguiu permanecer vivo só em base ao segredo e à união no respeito às suas tradições. No novo mundo que hoje vivemos, um mundo que tem transgredido os

antigos limites das diferenças no marco da sociedade da informação, a reaparição dos Shizen, uma cultura antiga incrivelmente mantida completa, com seu idioma próprio e suas três formas próprias de escritura, é uma ocasião única para que as suas riquezas não só não se percam como também sejam justamente admiradas por sua peculiaridade, profundidade y grandeza. Sua manutenção também permitirá e dará lugar a que todos aqueles destinados a viver nela e manter a sua riqueza, possam chegar a conhece-la hoje e nos séculos futuros.

Os Shizen: O povo de Tengu A história do “povo dos naturais” ou Shizen, se remonta a uns 18.000 anos atrás, na última glaciação, quando um grupo de tribos, fugindo do frio, através do estreito de Tartaria, chegaram às ilhas japonesas fazendo delas seu habitat definitivo. O bosque lhes dava tudo o que necessitavam para viver e eles, conhecedores de suas condições, agiam em consequência. Oi este o principal motivo de se terem tornado, por meio da observação, uns profundos conhecedores da natureza, sendo por isto denominados como “os naturais”. Mas sua paz depressa se veria alterada pelo desejo de conquista de numerosas tribos que com os Yamato à frente, desembarcaram ao Sul da ilha e começaram o seu ataque, o que significou para os Shizen e outras muitas tribos das Ilhas a retirada a sua diminuída povoação para o Norte. Ao logo dos séculos, o avance imparável dos Yamato os levaria aos frondosos bosques da ilha de Hokkaido, A tornando-se estes seu último refúgio e lar. Isto fez deles uns profundos conhecedores da natureza, mas

“O povo dos Tengu foi uma presentação ao público da tradição Shizen, emoldurada histórica e culturalmente e destacando os seus dois aspectos mais interessantes, por um lado a sua tradição marcial, o Bugei, e a sua cultura espiritual, o e-bunto” adaptar-se foi árduo, pois os Invernos eram longos e frios e a natureza em sua volta era selvagem. A arte da sobrevivência se tornou prioritária a partir desse momento e com esse espírito se prepararam as seguintes gerações. Assim, desenvolveram técnicas de defesa, de ataque, de ocultação, de emboscada, de comunicação y de adivinhação por meio da observação da natureza. De novo, o bosque era seu lar e desta vez não seria tão fácil expulsá-los. Assim, durante o Século XII, no período Kamakura, se consolidaram quatro aldeias perdidas no s fro ndo s o s bo s ques , que fo ram


conhecidas como Kawa, Tayo, Yabu e Yama, as quais constituíram o germe de uma nova esperança para o po v o S hiz en. Rebeldes e proscritos se foram aderindo frente ao s inv as o res Yamato e aument ando o número de po v o ado res das aldeias , s endo após duras provas só os dignos aceites como Shizen, pois para eles, ser um Shizen não dependia da raça ou do lugar de nascimento, mas sim da atitude e a honorabilidade da pessoa. Assim se foi desenvolvendo uma rica cultura não só militar como também uma cultura com umas pro fundas maneiras es pirit uais próprias, conhecidas na sua língua o S hiz eng o , co mo e-bunt o (Ochikara em Japonês) que significa “A grande Força”. Pelo menos duas vezes as aldeias foram destruídas. No entanto, grupos deles se foram infiltrando entre os Yamato, primeiro como espias e finalmente, com o correr dos anos e depois da última derrota e aniquilação das aldeias, se inicia uma integração dos sobreviventes na sociedade japonesa. Como povo tanto séculos perseguidos, não é de estranhar que guardassem para si em secreto, seus costumes, idioma e formas culturais, constituindo-se em grupos ocultos e redes de poder e influência na sociedade japonesa. A convivência entre ambas culturas longe de provocar uma aculturação das suas tradições, serviu para propiciar o enriquecimento das artes Shizen. Dado que muitos dos seus integrantes se tinham misturado com a aristocracia japonesa, as artes mais sofisticadas, como a cerimónia do Chá, o Ikebana, ou o Sumi-e, passaram a formar parte da sua riqueza cultural. Os ferozes guerreiros Shizen adoptaram rapidamente as artes marciais da guerra dos samurai japoneses, conhecidas como Bugei,

desenvolvendo seu próprio estilo em matérias tão dispares como Jujutsu, Iaijutsu, Kenjutsu, Aikijutsu, conservando no entanto a memória de suas formas mais peculiares, devastadoras y antigas reunidas no Uchiuu Shizen e que foram muito apreciadas pelos melhores Samurai estudiosos do seu tempo. Mas não foi a cultura Shizen a única beneficiada por este processo de integração. Seus mitos y sua espiritualidade contaminaram a cultura japonesa através da sua riquíssima mitologia. A própria disposição aberta frente às formas religiosas dos japoneses, propiciou que este acontecimento se estabelecesse de variadas maneiras. O culto a Tengu começou a formar parte da cultura japonesa, e bem o mesmo se chegasse a instalar de maneira ocasional e confusa, por ser segredo. Até hoje, a cultura japonesa fala de Karassu Tengu, especialmente nas suas tradições guerreiras, mas a informação que utilizam, frequentemente é um acúmulo de lendas e incoerências. A evolução do Bugei, unido à da espiritualidade desembocou em resultados impressionantes, a capacidade de concentração e de auto-conhecimento dos guerreiros era tal que eram capazes de fazer proezas que os levou a serem lendas. Eles eram capazes de desviar flechas e mesmo de as caçar em voo, fazer cortes perfeitos com a katana donde o u t ro s só conseguiam arranhões, etc… Quando o espírito se junta com o corpo e agem como um só, tudo se pode conseguir. Com o passar do tempo, a sociedade Shizen se integrou na cultura japonesa, tratando sempre de manter vivas a sua língua, a sua cultura e a sua espiritualidade. D esta maneira, nos princípios do século XX, na época das grandes migrações japonesas para o Brasil, um grupo

pertencente à linhagem da aldeia de Kawa arribou a terras brasileiras, em busca de melhor destino. Um deles, Sensei Hiroshi Ogawa, criou a primeira escola Shizen fora de terras japonesas, como auto-defesa e em resposta aos ataques que a povoação japonesa estava padecendo, por parte de um grupo de fanáticos que não aceitavam a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Este episódio da história do Brasil aparece no recente filme “Corações sujos”. Foi nessa escola onde um aluno, Shidoshi Jordan Augusto, após 20 anos de imersão nos conhecimentos da cultura Shizen, se graduou como o primeiro Shidoshi não japonês da história. A partir desse momento, a dedicação de Shidoshi Jordan para manter a cultura Shizen foi completa e deu seus frutos. O destino o trouxe até a Europa faz oito anos e a partir de então, a semente da cultura Shizen voltou a arraigar com força e está sendo de novo exportada a muitos países, que constituem hoje a International Buguei Society, um grupo destinado ao ensino das formas culturais Shizen. Desde estas páginas, faz já oito anos, inúmeros vídeos e artigos vêm favorecendo este processo na comunidade Marcial, que actualmente professa um respeito justamente ganho com o seu trabalho. O nosso director Alfredo Tucci, já escreveu dois livros que tratam dos incríveis conhecimentos dos Miryoku, os sacerdotes xamãs Shizen e o ebunto, durante séculos tão temido, começou a ser reconhecido e admirado como o legado de uma cultura única.


Shidoshi Jordan assombrou como sem Tiros guerreiros com arco, cerim贸n Marcial dos Shizen conduzido p


mpre, com a sua impecável técnica de espada. nia do Chá, apreensões, o Universo cultural e por uma narração e música magníficas.


Técnicas Marciais com as mais variadas armas, danças tradicionais Odori, uma cuidada encenação que encantou ao público.


Os disparos contra os quatro Oni, os demónios que assolavam as aldeias, em que o arqueiro grita o nome de cada um deles antes de lhes lançar as flechas, forma parte das costumes espirituais dos Shizen e foi a primeira vez que foi feita em público ¡Shidoshi Koji Kawazuki fez quatro perfeitos alvos!





Eskrima A arte da eficácia Há muitas Artes Marciais que são mais ou menos eficazes. Faz seis anos que encontrei o estilo de Eskrima desenvolvido por Frans Stroeven. Eu andava à procura de uma nova maneira de chegar a estar em forma e ao mesmo tempo praticar uma arte marcial efectiva, como desejam muitas pessoas da minha idade. Meu nome é Niels, sou um estudante de Eskrima de 39 anos de idade. Sei por experiência que quando temos perto de 40 anos, não nos apetece começar a praticar uma nova arte marcial completa, ou pelo menos, esse foi o meu caso. Eu já tinha praticado várias Artes Marciais no passado, o que me dava uma base bastante sólida. Frans me pediu que eu desse a minha opinião sobre a sua Eskrima e que escrevesse um artigo desde o meu próprio ponto de vista. Frans é meu Mestre e tem muitos estudantes que são muito melhores e com mais experiência no Arte da Eskrima do que eu possa chegar a ser, portanto, me sinto honrado de o fazer.


Na minha infância comecei a praticar Judo e continuei até que os 21 anos de idade. O meu rendimento era bastante bom. Cheguei ao cimo do pódio em várias ocasiões, em torneios nacionais e internacionais e mais de uma vez cheguei a ser Campeão da Holanda e por equipas terceiro no Campeonato holandês, com o grupo de Peter Snijders. Também tive uma formação militar, onde aprendi Kempo e Boxe e treinei com armas brancas (faca e outras). Com estes antecedentes, tem-se um olhar crítico do que os professores podem fazer; eu espero acima de tudo eficácia e talvez estou menos preocupado com a arte e a beleza. Não gosto de estilos complexos, com muitos elementos no seu conteúdo. Penso que só nós e o nosso oponente temos importância… Além disto, havia outra razão que influi na minha decisão: A certa altura me diagnosticaram Diabetes tipo 1, uma variação genética, o que me fazia mais difícil praticar um novo desporto. Desde essa perspectiva, comecei a procurar uma Arte Marcial eficaz, que eu pudesse fazer a um nível mais recreativo.

Descobrindo a Eskrima Quando comecei a procurar, logicamente utilizando a Internet, lembreime de que tinha um livro que tratava das Artes Marciais, com imagens especialmente impressionantes, que era uma espécie de livro de referência, com uma lista de todas as Artes Marciais conhecidas. Comprara esse livro sendo muito novo e o tinha lido muito naquela época. Procurei-o e quando o tive nas mãos olhei para ele com um sentimento de saudade - devo de admitir! Kung Fu, Karate, Taekwondo, Ninjutsu, tudo lá estava. Tinha belíssimas imagens de Mestres de Taekwondo que quase voavam e quebravam grossos tabuleiros e um Karateka que partia 20 pedras. Acções sobre-humanas, poderíamos dizer…, mas agora, com 39 anos, a minha capacidade é relativa e não desejo partir 20 pedras. Também me não vejo vestido de Ninja, entrando noite afora no bosque, em busca de um inimigo imaginário. Mas suponho que esta Arte fala à imaginação! Agora, o meu irmão pratica Karate e isto encaixa muito bem com a sua maneira de ser, os Kata do método com que se aprendem técnicas do Karate, vão muito bem com ele. O meu irmão é homem disciplinado e tem feito grandes progressos nesta Arte Marcial. É digno admiração! Ele me pediu que me juntasse a ele nos treinos, mas resolvi que o Karate não era para mim. Comecei então a fazer Jiu Jutsu. No meu caso, era lógico, devido à minha experiência no Judo. No entanto, percebia de que eu via criticamente a maneira em que o Mestre ensinava e eu estava muito familiarizado com as técnicas. Há simplesmente muitos elementos do Judo no Jiu Jutsu. Rapidamente resolvi que também não queria fazer Jiu Jutsu e que o Mestre não enchia as minhas expectativas. Depois fui ver o filme "Hunted", uma produção de Hollywood em que uns soldados e especialistas em sobrevivência, o ex tenente Bonham, junto com o agente do FBI Durrell deviam prender um seu antigo aluno, o assassino treinado Hallam, que matara vários caçadores em um bosque onde habitava. Hallam sabia como manter os dois à distância. Constantemente ia um passo por diante… É uma fita com Tommy Lee Jones e Benicio del Toro. O bom desta fita é que nela se mostram uma imensa quantidade de técnicas de faca. Isto me inspirou para me concentrar na luta com armas em vez do treino para o combate à mão nua.


Eskrima


Frans Stroeven O bom da nossa época é que temos a Internet à nossa disposição. Numa busca rápida, encontrei Frans Stroeven, um professor que ensina Eskrima, pau e faca, em Utrecht. Nesse momento, eu estava muito familiarizado com a Eskrima e resolvi ir ver como era. A primeira vez que entrei no ginásio, Stroeven me impressionou em apenas dez minutos. Observei o seu trabalho e soube que não só era capaz de fazer as técnicas a um nível muito alto, como também era um excelente professor para os seus alunos. De facto, a maioria dos seus alunos eram, em geral, muito competentes. Fiquei logo entusiasmado.

Modéstia na filosofia Todo o estilo é muito eficaz, prático e sem complicações. Observei a arte e que à diferença com outras Artes Marciais e seus professores, era que tinha uma função e servia de apoio ao que realmente é importante, vencer o oponente. Além disto, o estilo de Frans Stroeven se pode prender facilmente. As técnicas são em termos de princípios, acima de tudo lógicas. Frans sempre se tem esforçado em aperfeiçoar as técnicas, o que também quer dizer que se há elementos das técnicas que não são eficazes, tira-os. O resultado que se consegue é a máxima efectividade. Esta filosofia, combinada com a lógica, corre através do seu sistema, o que fá-lo único. Devo dizer que esta filosofia é praticada pelos bons mestres nos Países Baixos. Por isso a Holanda se desempenha bem em muitas Artes Marciais. Há uma certa mentalidade, uma certa modéstia na prática das Artes Marciais nos Países Baixos. Essa modéstia se mostra nas técnicas. Também se dá uma grande atenção à maneira de ensinar. Frans dedica muita energia às suas ensinanças e sabe como inspirar os seus alunos e ajuda-os no seu processo de aprendizagem. Tem praticado diferentes estilos de Eskrima durante um longo período. Explorando nesses estilos, ele percebeu que os estilos de Eskrima são diferentes entre si. Estudando os diferentes estilos, também se descobrem as diferenças na eficácia. De facto, deixar uma arte marcial em seus princípios mínimos, permite que as técnicas que realmente funcionam são muito básicas e nada complicadas.

O fluir A filosofia praticada por Frans sempre tem a ver com a agilidade, e o que denomina "o fluir". Os movimentos de ataque e defesa fluem sucessivamente com suma facilidade. Este fluir está no núcleo do seu sistema. A série de ataques não se pode parar porque quando um oponente faz movimentos defensivos, há um sentido de previsibilidade do que está por vir. Assim sendo, a série de ataques dentro de “o fluir,” estão antecipando as técnicas defensivas ou de contra-ataque do rival.


Eskrima

Podem visitar as suas web: www.knifefightsystem.com e www.scseskrima.com e podem contactar comigo em: sekan@ziggo.nl ou scseskrima@gmail.com , Para a Suíça podem contactar com Lavinel Olcan www.swiss-eskrima.ch


O que Frans faz é a combinação das diferentes técnicas dos diferentes estilos de Eskrima, com a sua ampla experiência e a sua visão do mal que fazem as armas. Mas estes princípios também se aplicam no combate sem armas. Realmente, o que se aprender a fazer com uma arma (pau ou faca) também se pode fazer com as mãos nuas. “O fluir” só se pode perceber quando vemos os princípios atrás de um ataque ou de uma defesa. Por vezes, os princípios se encontram quando se está em modo de ataque, ou na maneira de manter a distância, ou na maneira de aproximar-se ao oponente. Os exercícios no seu sistema se utilizam como princípios maestros e não são para a demonstração. Os exercícios estão ali só para aumentar a velocidade dos ataques ou dominar um ataque ou uma defesa. O ataque está oculto na defesa, porque os contra-ataques também se baseiam nos princípios de fluir. Frans usa “o fluir” para treinar seus estudantes, por isso os seus alunos são muito ágeis e eficazes, mesmo nos graus inferiores. O desenvolvimento da formação é muito importante. Segundo Frans a Eskrima é uma Arte Marcial viva. Portanto, deve continuar a procura de novas combinações, de novas técnicas. Frans desenvolveu muitas técnicas novas no seu sistema. Os critérios usados se baseiam na agressividade, na agilidade e a previsibilidade. O fluir se faz-se infindável desta maneira. Podem encontrar vídeos seus ilustrando o que ele faz, no Youtube. Descubram por si mesmos o que faz tão sumamente eficaz o sistema de combate Stroeven. Em certo modo se poderia dizer que o seu sistema reflecte o seu carácter. Ele é um homem que vive com humildade, sensatez e sem coisas desnecessárias. Mas também com uma grande compreensão e conhecimento de si mesmo, o que eu penso que faz com que um Mestre chegue a ser um Grão Mestre. O bom sentido do humor também é importante, que sim! A prova disto tudo é que tem formado muitos campeões de Eskrima, inclusivamente campeões da Europa e do Mundo. Também é procurado por pessoas de muitas outras disciplinas de artes Marciais, para treinar ou assistir aos seus cursos.

Evolução Passaram anos e continuo gozando muitíssimo, fiz os cursos de treino de faca e de instrutor e estou encantado. Frans também se está desenvolvendo, evoluindo e expandindo a nível internacional e ensina mais além das fronteiras dos Países Baixos e da Europa. Fico contente de só ter que conduzir o automóvel 70km, para poder treinar com este Mestre. É um luxo que nem todos têm! Se tiverem ocasião de assistir às suas aulas, não deixem passar a oportunidade! É possível que se não o fizerem, lamentarão. Sigam regularmente as suas mensagens em Facebook e os seus vídeos em You Tube e vejam por si mesmos. Por agora, sejam bem-vindos ao mundo de Frans Stroeven!


Eskrima


A Coluna de Raul Gutiérrez AS FORMAS OU KATAS DO FU-SHIH KENPO, 2ª Parte. Precisamente, a seguinte forma, no processo de instrução se corresponde com uma “Forma de Respiração” denominada “O Tigre Respira”, que se realiza através do movimento de diversas aplicações ou métodos de respiração, utilizando em alguns casos tensão dinâmica em zonas musculares, muito definidas no desenvolvimento da acção técnica, implicados de maneira constante em um processo de relaxação/contracção, muito necessário para um maior aproveitamento do uso da energia. Por último e antes da série de formas de defesa pessoal, o estudante penetra na “Forma de Pontos Vitais”, onde aplicando o conceito de lateralidade, o sistema penetra no conhecimento de algumas das zonas mais “sensíveis” do corpo humano, no que respeita à desprotecção e vulnerabilidade, assim como as formas mais adequadas de batimento ou percussão. Como pedra angular de todo o sistema se encontra o seu programa específico de defesa pessoal, cuja

particularidade reside em que o mesmo se encontra totalmente implícito e explícito em suas formas de defesa pessoal, as quais encerram todos os conceitos e princípios que a riqueza do Kenpo contém: 1ª Forma ou Kata Tigres Gémeos São 20 técnicas realizadas por ambos lados. 2ª Forma ou Kata A Sabedoria do Tigre. São 32 técnicas. 3ª Forma ou Kata A Dança do Tigre. São também 32 técnicas. 4ª Forma ou Kata Velho Tigre ou Guerreiro Fu Shih. São 25 técnicas. 5ª Forma ou Kata O Tigre e o Dragão. São 21 técnicas. Além disto, o sistema se enriquece com a aprendizagem e a prática no uso de diversas armas, tanto contemporâneas como


Kenpo tradicionais, entrando no estudo de diversas formas ou katas adaptadas aos gestos de mãos nuas do Fu Shih Kenpo: • Bengalas Curtas • Faca (diversos formatos) • Bengala de Rua • Bo ou Pau Comprido • Tonfa • Nunchaku • Yawara • Sai • Kama Tratamos de conhecer os usos e a história das armas, seus padrões de movimento e possibilidades, tanto de um ponto de vista cultural como prático em seu uso na defesa pessoal, mas

sempre tratadas de um ponto de vista Fu Shih Kenpo, adaptadas e usadas dentro dos princípios e conceitos desta Arte Marcial, à margem e sem menosprezar o uso e ensino que possam existir em Sistemas e Artes especializadas e específicas em estas e outras armas. Especificamente e como definia anteriormente, Tigres Gémeos é a primeira forma de defesa pessoal de Fu Shih Kenpo. Encerra uma série de dez técnicas de defesa pessoal, técnicas que são realizadas desde os dois possíveis ângulos e que nos mostram acções de defesa activa sobre: • Ataque circular ou directo de punho sobre a zona de pescoço ou rosto. • Tentativa de duplo agarre de lapela. • Ataque descendente vertical ou circular de punho ou bengala curta. • Pontapé frontal a nível médio. • Abraço integral pelas costas a nível médio. • Controlo ou chave em cadeado lateral sobre pescoço.

“Tigres Gémeos, é a primeira forma de defesa pessoal do Fu Shih Kenpo”


A Coluna de Raul Gutiérrez • Ataque de punho transversal ou circular. • Duplo agarre de lapela. • Ataque de punho frontal directo. • Pontapé frontal. Esta forma, desenvolvida numa linha de acção ou “embusen” principalmente em linha recta, tem a sua base em algumas das primeiras técnicas do programa de Ed Parker, mas transformadas e enriquecidas por Raul Gutiérrez, sobre a base da metodologia Fu Shih Kenpo, o que quer dizer que as técnicas não se mostram só realizadas sobre a primeira linha de resposta perante um ataque, mas que contêm uma sequência mais extensa de resposta, com a finalidade de contar com possíveis novas acções do atacante ou com a finalidade de dotar o estudante dos meios necessários de improvisação técnica na fluidez de recursos, para acabar definitivamente com a situação apresentada. Sem dúvida, Tigres Gémeos faz referência, por um lado, ao animal de Shaolin que orienta ou estimula (junto com o dragão) a realização das técnicas Kenpo, e por outro lado, à dupla realização das técnicas desde dois ângulos diferentes, para trabalhar ou potenciar a lateralidade e motricidade necessárias na resposta. A fluidez, a velocidade adaptada e a coordenação devem acompanhar a todo momento a sua prática, sendo também recomendável nos inícios, o trabalho lento e de respiração (respiração básica e natural), assim como o trabalho de velocidade e potenciação: fins específicos de saúde e de defesa pessoal. A forma se realiza na sua totalidade desde posições naturais e seus movimentos são realizados desde a aplicação real e efectiva da

defesa pessoal, onde as ditas técnicas desenvolvem e evidenciam os conceitos e princípios que animam a metodologia baseada na eficácia do sistema Fu Shih Kenpo. Seguidamente e considerando a extensão conceitual da dita forma (10 técnicas de defesa pessoal), passarei a definir ou perfilar as linhas que animam o desenvolvimento da primeira técnica da forma Tigres Gémeos. O ataque se pode produzir com ou sem movimento, o que implica uma aproximação do agressor à nossa posição, quer dizer, deve quebrar a distância para “chegar” à sua posição que lhe permita bater-me, sem realizar um deslocamento, lançando um ataque de punho em rotação à zona alta, podendo impactar lateralmente no pescoço ou no rosto. Em primeiro lugar, devemos agir sobre a distância e a posição, mas de maneira simultânea usar os nossos braços para potenciar a linha defensiva, mas “levados” por o alinhamento do nosso corpo. Por exemplo, uma primeira e básica interpretação nos levaria a realizar a acção seguinte: frente a esta primeira resposta pela nossa parte, concatenamos outra sequência de ataques para, como dizia anteriormente, neutralizar uma possível resposta desde o outro sector corporal, ou bem assegurar a minha posição perante o atacante, realizando um ataque de palma, antebraço ou sável, consoante as circunstâncias, na direcção da outra zona do pescoço ou rosto, para continuar com punho inverso a nível médio e punho circular a nível alto, ambos com o mesmo braço. Continuaremos com a terceira parte deste artigo na nossa próxima entrega do número extra de Julho/Agosto 2014. Obrigado…

“Tigres Gémeos faz referência, por um lado, ao animal de Shaolin que orienta ou estimula (junto com o Dragão) a realização das técnicas Kenpo e por outro lado, à dupla realização das técnicas desde dois ângulos diferentes”


Kenpo


Edici贸n y fotos por Ken Akiyama www.KAPAPusa.com


“Nascido para lutar” Recentemente me perguntaram quando comecei a aprender a “lutar”. A minha filosofia é que comecei a lutar ao exalar meu primeiro alento. Nasci numa sala de emergências de um hospital; lutando para viver e estive lutando em cuidados intensivos durante meses e fiquei internado no hospital até que me puderam levar para casa. Desde então, tenho participado em muitas lutas, das ruas de Tel Avive, passando pela guerra no Líbano, até o meu serviço com o contador da unidade antiterrorista YAMAM e ainda mais. Todas estas experiências me levaram a respeitar e apreciar a vida como uma oferta que nos fazem. Me inspiro na palavra latina "spiritus", que significa "alento", "alma" e "vigor" em Inglês. Trato de explicar que as artes marciais são muito mais que a luta contra outras pessoas. Há uma grande profundidade na aprendizagem das artes marciais e o tipo de aprendizagem não deve ser feito às pressas. Não se pode ser um professor de natação a primeira vez que se entra numa piscina.



Grandes Mestres O Espírito das Artes Marciais Israelitas Quanto mais ensino Artes Marciais Israelitas, mais me pergunto se alguém percebe estas artes ou se é só uma moda. As Artes Marciais Israelitas não são as melhores em todos os sentidos. Por exemplo, as Artes Marciais Filipinas têm a profundidade dos conhecimentos em pau e da luta com faca, o Boxe Tailandês e o Karate se centram mais no impacto, enquanto que o grappling e o BJJ Excel na luta no chão. Portanto, o que define os sistemas israelitas? Hanshi Patrick McCarthy me ensinou que o desenvolveram com a finalidade de ser um Arte Marcial que ajude a estudar a cultura e as pessoas. Por exemplo, as Artes Marciais japonesas vêm de uma cultura da conformidade; enquanto que o brasileiro Jiu Jitsu é mais relaxado. Cada Arte é moldado pelas atitudes das pessoas que as desenvolvem. Para descrever a cultura Israelita devo dizer que se me falarem de alguma coisa fantástica, quero vê-la; se me mostrarem uma coisa inacreditável, quero senti-la. Só quando passar esta prova, vou acreditar. As Artes Marciais Israelitas se centram no que é prático; é por isso que gosto de descrever a Academia Avi Nardia como "Artes Marciais Práticas". Recentemente desenhei uma faca com Facas FOX, chamada o “Rastejador de Israel”. A minha inspiração para o desenho foi o espírito da navalha como uma ferramenta prática para a sobrevivência básica. Uma faca de sobrevivência deve destacar-se em tarefas como cortar uma corda, fazer fogo, construir um refúgio e muito mais. Em primeiro lugar, a faca é uma ferramenta que dá a vida, no entanto a maioria dos sistemas só se mostra como fazer mal com a faca. Qualquer parvalhão pode tirar uma vida e até uma criança pode manipular fatalmente uma faca. Então, por que não usar uma pedra? Para demonstrar este conceito, gostaria de falar de um curso denominado "Só faca". Neste curso os estudantes podem utilizar qualquer tipo de faca, o que quiserem. A primeira coisa em que terão de pensar é: "Como vou sobreviver, acampar e construir um refúgio com o karambit?" O karambit é de certeza, a última faca que eu escolheria para um equipamento das forças especiais. Necessitam um faca táctica com a qual trabalhar e realizar tarefas funcionais. Na Academia Avi Nardia ensinamos aos estudantes a compreenderem a faca em seu conjunto e não só como uma ferramenta para matar. Também ensinamos acerca do uso da força e avisamos de que o que se ensina em muitas aulas de faca será considerado como assassinato por um tribunal e não como própria defesa. Na minha academia, não lutamos por odiarmos o homem que está na nossa frente. Lutamos para defender os nossos amigos e famílias. O espírito fundamental das Artes Marciais Israelitas é perceber que poderão ter outra oportunidade de se defenderem. Temos de usar mente, corpo e espírito em conjunto com técnicas e

princípios do movimento e conhecimento da situação. Não é a melhor técnica aquela que vence a luta pela vida, é o espírito de determinação de sobreviver; o espírito de nunca se dar por vencido.

Shin Gi Tai Recentemente, o meu professor de Aiki Jujutsu Kenpo, Hanshi Patrick McCarthy, nos falou da antiga máxima chinesa: "shin gi tai”, "acondicionar o corpo, cultivar a mente, nutrir o espírito”. Nos nossos dias, muitas pessoas só procuram ter o corpo em forma, especialmente com a nova moda das MMA. No entanto, frequentemente se passa por alto que a maioria dos melhores lutadores das MMA têm um fundo em um estilo primário tal como o Jiu-Jitsu, o Karate, ou o Boxe Tailandês e não só "MMA" como próprio estilo. É muito importante para os novos estudantes perceber isto. Tenho competido numa variedade de Artes Marciais de contacto, tenho treinado a alguns competidores de Vale-Tudo e alguns dos meus amigos e estudantes (incluído o campeão do UFC Carlos Newton) são conhecidos mundialmente nas competições de desportos de combate. Portanto, as minhas palavras estão baseadas na experiência. O desporto de combate é uma maneira de nos explorarmos a nós mesmos e as nossas capacidades, mas não nos ensina como nos enfrentarmos às perdas na nossa vida do dia-a-dia, a morte das pessoas que amamos, ou as perdas nos negócios. As competições são uma pequena parte da vida e uma pequena luta, em comparação com o facto de enfrentar-se com algo tão perigoso como o câncer, por exemplo. Considerando que o desporto é uma luta pela conquista, uma batalha pessoal é uma luta pela sobrevivência. A sobrevivência requer a capacidade de pensar em situações difíceis e desenvolver e manter a saúde física e o treino do espírito. Sun Tzu assinalou esta ideia quando escreveu: "Conhece-te a ti próprio e vencerás todas as batalhas". Este é o segredo para ir além de ser um lutador do desporto e ser um verdadeiro guerreiro. Durante os últimos anos tenho estado envolvido em projectos de formação de sobrevivência no Artico, no deserto e na selva. A minha academia tem campos de treino na selva da Tailândia denominados "Guerreiro pela Natureza", com meditações na própria natureza. Quando se vai à selva, o calor, a humidade, as moscas, as serpentes, as abelhas e outros perigos, constantemente nos tentam a renunciar. Tudo ali nos quer matar. Este estresse ambiental, combinado com longos dias de Boxe Tailandês, MMA e KAPAP, dão lugar a uma experiência que desafia a mente, o corpo e as emoções. A formação nestas condições extremas me inspirou para pensar acerca da importância da fortaleza mental. Depois da selva, trabalhei em um projecto no Artico com meu velho amigo, estudante e campeão do UFC, Carlos 'O Ronin' Newton. Desenvolvemos um

programa de Artes Marciais para as tribos nativas Cree e Inuit, baseado na Academia Avi Nardia. Experimentamos o treino no Artico, a 45 graus negativos, onde qualquer erro poderia ser o último. Foi uma honra ser recebido na comunidade e estudar como estas tribos vivem o dia-a-dia, nesse espantoso frio. Toda a experiência foi uma espécie de renascer espiritual e quando me despedi para me ir embora, os mais jovens se aproximaram e me abraçaram. Eu me sentia feliz de ter feito alguma coisa por eles, o que assim perceberam e deram valor. Esta experiência com os Inuit e os Cree me fez lembrar um velho ditado nativo norte-americano: "Há certas coisas que chamam a atenção, mas só perseguirás às que capturarem o teu coração". A sabedoria que encerram estas palavras me proporcionou uma pausa para reconsiderar o passado, o presente e o futuro do KAPAP e da Academia Avi Nardia.

KAPAP: Então, agora e no futuro Quando voltei a Israel após 8 anos de estudo das Artes Marciais no estrangeiro, principalmente no Japão), fui recrutado de novo pelo exército israelense, pelo já falecido tenente coronel Avi Harus, para criar um novo sistema corpo a corpo para os recrutas das forças especiais do exército. Tinha sido anteriormente um sub-oficial e nesse momento era um oficial com a categoria de Major. Quando avaliei o seu programa existente, constatei que o sistema de Artes Marciais que estavam praticando não tinha sido actualizado em mais de 30 anos. Desenvolvi um novo programa de estudos de combate corpo a corpo mais prático, eficaz e adaptado à missão da escola. Este programa por mim desenvolvido, foi a base para o que posteriormente havia de ser uma das Artes Marciais mais respeitadas do mundo. Quando a unidade de elite antiterrorista de Israel tem querido actualizar o seu sistema, cada treinador CQB em Israel o aplica para alcançar uma posição de prestígio, incluídos os antigos operadores. A unidade se denomina YAMAM e é a divisão de operações especiais da polícia nacional de Israel, reconhecida como uma das unidades de combate com mais experiência no mundo. Analisaram todas as petições e propostas para este lugar de prestígio e me deram o trabalho a mim. Como era Sargento Maior do Comando no YAMAM, trabalhei com o Tenente Coronel Chaim Peer, um homem muito respeitado, da unidade das forças especiais do exército (similar à força Delta nos E.U.A.). A contribuição do tenente coronel Peer foi um grande conhecimento das necessidades e tácticas das unidades e com o meu conhecimento das Artes Marciais, foi criado um novo sistema de combate na curta distância, para uma das unidades de operações de combate mais elitistas do mundo. Dei-lhe o nome de KAPAP.


KAPAP era um acrónimo hebraico quase esquecido, da época da Segunda Guerra Mundial, que significa "combate cara a cara". Dei o nome de KAPAP ao novo sistema a fim de assegurar que o nosso novo sistema se diferenciasse de estilos como o Krav Maga. Como referência, o Krav Maga se tornou o nome da luta militar corpo a corpo, desde finais dos anos 60 em adiante. Quando começamos a desenvolver o KAPAP, estávamos construindo especificamente um programa para a unidade especializada de agentes. Mas não decorreu muito tempo para que o nosso novo sistema fosse reconhecido como um programa de combate extremamente eficaz e de vanguarda. Apesar de que o nosso sistema não foi pensado originalmente para os Artistas Marciais ou para o público em geral, o KAPAP rapidamente se

fez popular e adquiriu uma sólida reputação na comunidade do CQB. Faz tempo, saí de Israel e comecei a compartilhar os princípios, métodos e tácticas da polícia civil e de defesa. O KAPAP continuou crescendo e nestes últimos anos, tenho estado viajando sem parar, para o ensinar. Agora tenho uma grande equipa de instrutores, com escolas de Kapap em todo o mundo. Até já ensinamos KAPAP na Antartida. Em apenas 15 anos, o KAPAP passou de ser um sistema para um pequeno grupo de operadores, a ser um sistema mundial para todo tipo de pessoas, em todo o mundo. O que mais me interessa principalmente, é contínuo crescimento e evolução da qualidade dos meus instrutores, para que a mesma


Grandes Mestres mensagens, as técnicas e o espírito se possam aprender em cada escola. Com a finalidade de conseguir isto, a organização é essencial. Com o estímulo dos meus amigos e Mestres, fundei a Academia Avi Nardia com escolas em todo o mundo. Como consegui o cinto preto em Karate, em Judo, em Jujutsu japonês e no Machado Jiu Jitsu, a Academy Avi Nardia é uma escola de Artes Marciais práticas, que inclui luta corpo a corpo, faca, pau, armas de fogo e tudo o mais. Ensinamos Artes tradicionais e desportos de combate sob uma só bandeira, a qualquer pessoa que desejar aprender e avançar com apenas uma prévia exigência: a integridade. O KAPAP agora já não é só a "Arte Marcial das Forças Especiais Israelitas". Me sinto honrado de ter um estudante maravilhoso de 72 anos de idade, na minha academia. Este é um

exemplo do KAPAP e vejo-o progredindo no futuro. Temos que apoiar à povoação civil, incluindo mulheres, crianças, idosos e adolescentes. Vejo as minhas conquistas pessoais na vida de maneira muito diferente do que como antigamente via e agora dou mais valor ao ensino de crianças diminuídas, em um centro especializado. Penso que é mais importante que o ensino nas forças especiais. Ensino com o coração e como um guerreiro. A minha filosofia se baseia na verdade, o amor e a paz. Incentivo os meus alunos para serem compassivos, sem serem vulneráveis. O interessante nos seres humanos, tanto sejamos fisicamente fortes ou débeis, é que todos podemos escolher ser amáveis e pacíficos, respeitando todos.





De todas as técnicas que constituem o sistema WingTsun posso afirmar sem medo a me enganar, que a menos praticada em todas os ramais e escolas é o Chi Gerk. O conceito técnico Chi Gerk (Pernas Pegajosas) encerra uma série de técnicas muito importantes, se queremos pôr em prática o nosso sistema procurando a máxima eficiência.


WingTsun Chi Gerk… O grande esquecido! Faz aproximadamente um ano, desenhei junto com a minha equipa de instrutores mais avançados, um grupo de treino que denominamos TAOWS Lab (Laboratório da TAOWS Academy). No LAB queríamos dar mais um passo no treino, para tentar integrar todo o sistema sob uma linha coerente de trabalho e treino, que nos aproximasse à nossa ideia original: Poder aplicar o nosso estilo em qualquer situação de combate. Compreendo que muitos leitores poderiam pensar: Mas… não é exactamente isso o que qualquer praticante de Wing Chun pretende com o seu treino? E efectivamente, a resposta não pode ser outra que SIM. Cada um faz o melhor que pode para isso conseguir e é esse exactamente o motivo pelo qual nós pensamos que para conseguir um sistema lógico e sem “incoerências técnicas”, devemos treinar muito mais sob a tutela do melhor dos mestres: O silêncio e o esforço na sala de treino! O TAOWS Lab é um grupo onde tentamos analisar o nosso sistema desde diferentes pontos de vista. Em muitíssimas ocasiões, compreender algum aspecto, ter perspectiva e ver as coisas desde outro ponto de vista, pode chegar a oferecer-nos enormes e gratas surpresas. Esse é o nosso planeamento inicial. Se olharmos o nosso estilo com os objectivos muito esclarecidos, mas estudando alguns outros aspectos, como biomecânica, estratégia, física, antropologia, etc.…, de certeza havemos de chegar a conhecer muito melhor o estilo que praticamos. Muitos puristas dos estilos chineses, não gostam destes métodos, mas eu gostaria de convidá-los a conhecerem o nosso trabalho. Tenho a certeza que o achariam muito interessante e talvez poderíamos proporcionar-lhes outro ponto de vista que iria enriquecer a sua própria prática. De qualquer maneira, aqueles que já conhecem o nosso trabalho sabem perfeitamente da nossa obsessão na defesa da TRADIÇÃO e a conservação dos valores tradicionais da nossa arte. Estudando a historia do nosso estilo, o que mais me surpreendeu foi constatar como o Grão Mestre Yip Man foi capaz de realizar “mudanças” no sistema “tradicional”. Não me digam que não é curioso que naquela época, o hoje máximo representante do Wing Chun tradicional fosse chamado “revolucionário”. Não posso nem imaginar a quantidade de problemas que isto lhe deve ter provocado. Se numa linha directa do G. M Cham Wha Sun e o G.M Leung Bik, sem uma aparente “contaminação”, o G.M Yip Man se atreveu a ensinar com o seu próprio ponto de vista, tentando simplificar o sistema na época em que isto aconteceu, nos podemos fazer uma ideia de como pode ser complicado propor novas ideias e novos pontos de vista.



WingTsun


“Estudando a história do nosso estilo, o que mais me surpreendeu foi constatar como o Grão Mestre Yip Man foi capaz de realizar mudanças no sistema tradicional. Não me digam que não é curioso que o hoje máximo representante do Wing Chun tradicional fosse naquele tempo chamado revolucionário” Em diferentes escritos comento as enormes diferenças que há entre o Wing Chun do Fat Shan, que o G.M Yip Man aprendeu, com o que aprendeu do G.M Leung Bik (filho do Dr. Leung Jan pai e professor de ambos). É impressionante constatar como numa mesma geração, em um mesmo estilo se podem gerar tantas diferenças entre dois praticantes contemporâneos. Se observamos a primeira época de Yip Man em HongKong e a última, encontraremos também grandes diferenças. Se finalmente observarmos os primeiros anos da época após Yip Man e a actual, encontraremos (salvo em contadas excepções) grandes diferenças. A que se deve isto? Como é possível que numa mesma linhagem de um estilo possam existir estilos tão dispares? Na minha opinião, a explicação reside nas características que definem o nosso sistema, mas principalmente em que as IDEIAS e CONCEITOS sempre têm estado por cima das técnicas. Não quero com isto dizer que a técnica não seja importante, mas talvez neste sistema os conceitos sejam muito mais importantes. Isso leva a estas diferenças de umas escolas parar outras, em muitas coisas, incluindo a estética dos movimentos . Ao lançar o nosso TAOWS Lab tentamos submeter a diferentes pontos de vista o que já fazemos. Na minha experiência com a sua prática, tenho tido que demonstrar em diferentes ocasiões, a eficácia do Wing Tsun na prática real. Não é coisa da qual deva sentir orgulho, mas acreditem, posso reconhecer quais as coisas que funcionam e quais são absolutamente inaplicáveis em um combate real. No que respeita ao Chi Gerk, tenho observado em profundidade o trabalho de muitas das escolas do Wing Chun que actualmente existem na Europa e na América. Se existe um elemento comum entre quase todas as escolas de Wing Chun de toda a Europa, é o pouco tempo que dedicamos ao Chi Gerk. Como já tenho dito em alguns casos, a prática do Chi Sao (alma do sistema) se torna aditiva, quase doentia… Isso provoca um importante desequilíbrio na prática, porque chegados a um caso de combate ou defesa pessoal real, a prática do Chi Gerk se torna fundamental. A prática do Chi Gerk ficou reduzida a uns simples drills, onde um praticante pressiona a perna do parceiro de prática, para o fazer reagir mediante o contacto, para ganhar a posição. Na minha opinião, estes exercícios e a sua prática são demasiadamente pobres. Pouco profundos. Se de novo nos situamos perante a obrigação de compreender a IDEIA por cima da técnica, deveremos compreender que o significado literal do nome “Chi GERK” faz referência directa às “pernas pegajosas”. Estaremos de acordo que a intenção das “pernas pegajosas” deve ser parecida à das mãos pegajosas: no caso das pernas, permanecer em contacto com as extremidades inferiores do


WingTsun adversário, assim como ceder às pressões para encontrar um vazio da força, para ser posteriormente aproveitado para atacar as bases do adversário. Mas, quando começamos a praticar um pouco mais a sério este aspecto específico do nosso estilo, diante de nós se abre um campo de possibilidades difíceis de imaginar. Quando começamos a abordar o treino do Chi Sao, tivemos a ideia de observar um estilo que lida com uma mesma IDEIA que o Wing Tsun no uso das pernas, o Brazilian Jiu Jitsu. No BJJ o praticante utiliza as pernas colando-se ao adversário, para impedir que passe a sua guarda e o supere. Para isso, as pernas adquirem umas incríveis mobilidade e uma fortaleza. Uma capacidade de colar-se e lutar com um inimigo, baseada no controlo “pegajoso” de um adversário mediante as pernas. Esse trabalho técnico abriu-nos os olhos no que respeita ao COMO poderíamos focalizar convenientemente a prática do Chi Gerk. Se pomos numa mesma direcção do treino, a limpeza técnica das técnicas do Chi Gerk, mais o correcto domínio do ângulo e da pressão, junto aos incríveis exercícios para desenvolver uma habilidade e que se empregam no mundo do grappling, temos a combinação perfeita. Após essa fase de treino, começamos a perceber como as possibilidades de fazer coisas com as pernas aumentavam de maneira exponencial. Já não só tocamos com a nossa perna as pernas do outro, para tentar inibir parte do seu movimento; podemos pressionar, ceder, varrer, ganhar uma posição para projectar, pisar, bater, etc.… Um inacreditável arsenal NOVO se abre aos nossos olhos. Estamos nas primeiras fases de desenvolvimento destes exercícios específicos, mas podemos afirmar, sem nenhum género de dúvidas, que quanto mais praticamos e compreendemos o Chi Gerk, maiores são as possibilidades de vitória. Constatarão também que a similar habilidade em Chi Sao SEMPRE ira decidir um correcto uso do Chi Gerk. Se olharmos com certa perspectiva às Artes Marciais Chinesas, veremos como o uso das pernas para aderirse, pisar, varrer, etc.…, é coisa muito comum em outros estilos (Choi Li Fut, Hun Gar, etc…). Portanto, é uma dessas “matérias esquecidas” nas que teremos que investir bastantes horas para conseguir melhorar o nosso rendimento. Como sempre, o Wing Tsun é generoso, quanto mais investirmos na sua prática correcta, mais nos proporciona… Não há segredos.



“Bruce Lee foi sem dúvida, um dos meus grandes ídolos, posto que ele realmente estava em forma incrível o tempo todo” “Vemos muitos artistas marciais que não estão em forma, mas eu penso que para ser o melhor artista marcial que se possa chegar a ser, tem de se ser o primeiro em estar em grande forma”


Mr.Tae Bo, Mr.Fitness, Mr.Competidor, Mr.Empresário, Mr.Êxito, Mr.Amável. Billy “Tae Bo®” Blanks é tudo isto e muito mais. Depois de ver Billy Blanks ensinar mais de uma hora, numa aula de Tae Bo®, compreendi de que as minhas quatro vezes por semana de uma hora de exercício não significavam absolutamente nada! Billy tem quase 60 anos e está na mais incrível forma de alguém que eu tenha conhecido da sua mesma idade. De facto, não conheço ninguém de qualquer idade, que esteja em tão boa forma física como ele está. Estou impaciente por começar a entrevista combinada, para nos falar da sua vida nas Artes Marciais e o fitness. Billy se iniciou na paixão da sua vida em Erie, Pensilvânia, sob a tutela de Tom Meyers. Após apenas três anos de treino, obteve o seu primeiro cinto preto com 14 anos de idade. Por: Don Warrener

“Billy Blanks - Artes Antigas Cinturão Negro: Quais foram teus maiores triunfos como competidor? Billy Blanks: Alcancei muitos triunfos quando comecei a competir, mas penso que a vitória mais importante foi em 1975, quando ganhei os Nacionais AAU. Todos os melhores lutadores de todo o mundo participaram deste torneio e participei em 24 combates para vencer. Participei em 12 combates no sábado e em outros 12 no domingo. Fui o primeiro estado-unidense a ganhar esse título. Anteriormente a mim, todos os vencedores tinham sido combatentes estrangeiros. Lutadores da categoria de Victor Moore estavam competindo e muitos dos combatentes com quem lutei, eram grandes nomes da época. Eu nem sequer queria competir no torneio, pois não acreditava que pudesse derrotar algum destes grandes lutadores, mas me convenceram! Foi devido a esta experiência que eu realmente comecei a acreditar em mim. C.N.: Tens treinado outras Artes Marciais? B.B.: Tenho sim. Também fiz muito Boxe em criança e ganhei o Campeonato das Luvas de Oiro. C.N.: Quem foram algumas das lendas com quem tiveste de lutar nessa época? B.B.: Penso que lutei com todas elas: Wally Slocki, um canadense que tinha os melhores pontapés que jamais vi. Depois lutei com Joe Lewis, na minha escola. Habitualmente ele vinha fazer Boxe, porque estava entrando no Kickboxing procurava alguém diferente com quem treinar. Depois, claro está, com Bill Wallace, que assistia ao meu ginásio gostávamos de treinar e combater o tempo todo, enquanto ele viveu em Los Angeles. C.N.: Quais eram os teus heróis nessa época? B.B.: Essa é uma pergunta difícil porque tinha tantos!… Vou deitar a vista atrás... Wally Slocki é quem me serviu como modelo para os pontapés… Ele dava os pontapés mais fortes e melhores que qualquer pessoa que tenha podido ver. Quando se tratava do


Entrevista fitness, Bruce Lee foi sem dúvida um dos meus grandes ídolos… Realmente, ele estava numa forma incrível o tempo todo. Também me encantou ver Tadashi Yamashita, ele era o mais rápido que eu tinha visto. Também o meu bom amigo Don Jacob de la Trinidad. É um artista marcial incrível e rara vez recebe o crédito pela sua verdadeira grandeza. É um mestre fabuloso, além de fazer as melhores demonstrações que vi na minha vida, ¡sem dúvida! e por se fosse pouco, tem uma personalidade excepcional e é um modelo a seguir pela nossa juventude. Mas a única pessoa a quem ainda vejo com assombro é o Grão Mestre Park Jong Soo, de Toronto, o meu Mestre. Não só é um autêntico cavalheiro como também a sua técnica e a sua capacidade de luta são insuperáveis. Quero dizer como NINGUÉM! Uma vez ele me disse: "O teu ataque é muito bom, mas agora vamos ver como estás na

defesa". Seguidamente me aplicou uma lição e tanto! Era forte, rápido e enganava muito bem. Muitas vezes me ofereceram altas categorias, mas eu nunca aceitei nada de ninguém, salvo quando o Grão Mestre Park me ofereceu o meu 8ºDan, que eu aceitei com sincera humildade… C.N.: Qual é tua opinião acerca do UFC e das MMA? Quando B.B.: surgiu o UFC, mudou no público a maneira de ver as Artes Marciais. Muita gente agora pensa que este é o normal para todas as Artes Marciais. Os lutadores do UFC são uma mistura de gladiadores dos nossos dias e de Artistas Marciais. As Características das verdadeiras escolas de Artes Marciais ensinam a cada artista disciplina, concentração mental e a consciência de si mesmos, mas estas características não parecem estar tão presentes em algumas partes do UFC. Há alguns combatentes, como Lyota Machida e Georges St.Pierre, que realmente não têm um verdadeiro espírito de Artes Marciais e essa formação e essa personalidade se detecta na maneira em que respondem durante uma entrevista. O bom do UFC é que se tornou um desporto que é visto por milhões de pessoas na televisão.


C.N.: E como foi acabares em Hollywood? B.B.: Sempre sonhei ser como Bruce Lee nas fitas. Primeiro estive em Boston e estabeleci o mi programa de Tae Bo®. Depois, com 28 anos vim morara em Los Angeles e tratei de me introduzir no negócio do cinema. C.N.: Tiveste muito sucesso em Hollywood? B.B.: Tudo correu muito bem, mas quando o Tae Bo® começou a ir bem, tive de deixar aquilo tudo em um segundo lugar. Fiz alguns filmes de grande orçamento, como "O Último Boy Scout", com Bruce Willis e "O coleccionista de amantes", com Morgan Freeman. C.N.: Pensas voltar ao cinema? B.B.: Penso voltar a estar no negócio do cine muito em breve. Recentemente finalizei uma história que me agrada muito e espero protagonizá-la e produzi-la. C.N.: O que dirias que deva fazer, a um jovem que te procurasse querendo entrar no cinema de Hollywood? B.B.: Primeiro seria que deve pensar antes de mais nada em si mesmo e ter fé em poder fazer isso. Então tem que ter em mente objectivos muito específicos que queira alcançar. Nunca deve deixar a sua maneira pessoal de viver, posto que Hollywood pode ser um lugar desagradável e sempre há alguém à espera de se tornar a próxima super-estrela. C.N.: Onde surgiu a ideia para o Tae Bo®? B.B.: Em 1975 eu já trabalhava na minha cave com um desses velhos aparelhos de gravação com auriculares. Realmente me ajudou muito e um dia que estava com o treinador (Chuck Merriman) e o 'Transworld Oil Team', perguntei se podia experimentar o treino com a equipa e depois de ver que muitos deles simplesmente não podiam manter o ritmo, eu soube que o que eu tinha era uma boa coisa. Primeiro chamei-o Karaerobics, mas depois pensei: "Eu faço Tae Kwon Do, não Karate e também faço



muito Boxe, vou então chamá-lo Tae Bo ®. Vemos muitos artistas marciais que não estão em forma, mas eu penso que para ser o melhor artista marcial que se possa chegar a ser, tem de se ser o primeiro em estar em grande forma. Esta é a razão de eu ter tido tanto êxito nas competições. Eu estava em muito boa forma, em comparação com muitos dos outros competidores. Sabes o que quer dizer Tae Bo®? C.N.: Não sei. O que quer dizer? B.B.: É um acrónimo de: T = Total A = Awreness (Consciência) E = Excelência B = Body (corpo) O = Obediência C.N.: Isso é fantástico, mas há algum outro estilo de Artes Marciais incluído na tua criação? B.B.: Não há outro estilo de Artes Marciais mas fi-lo como Ballet durante 12 anos e a minha professora de Russo me ensinou a seguir o ritmo da música. Uso isto em cada exercício de Tae Bo®. O estiramento no ballet é excelente e o uso também. Tive a sorte de dançar em 12 ballets diferentes, incluindo Quebranozes, O Lago dos Cisnes e Billy a criança. C.N.: O que foi o que te levou a ser tão bem sucedido no Tae Bo®? B.B.: Penso terem sido v á r i o s factores. O

primeiro e mais importante era que eu estava a falar verdade, que estar em forma é um trabalho duro e manter-se em forma é ainda mais duro. Também era o primeiro treino realista, onde se via que realmente as mulheres suavam. Quando se faz Tae Bo® se sua, de certeza! C.N.: Tem-se modificado isto nos últimos anos e se assim é, como mudou? B.B.: Sim, estamos sempre a mudar para manter o ritmo dos tempos. A mudança mais importante é a música, que tem de estar sempre actualizada. C.N.: O que foi que aconteceu que mais proporcionou levá-lo ao êxito? B.B.: Um dia, um homem entrou no meu estúdio e me perguntou se queria fazer uma gravação disto e eu respondi logo que sim… Depois, tudo o que veio a seguir, já é história! C.N.: E o que aconteceu com isto? Parece ter desaparecido… B.B.: Tudo tem o seu tempo e esta é uma nova etapa. Tivemos muito êxito com o Tae Bo® e vendemos mais de 175 milhões de DVDs em 1999. A estas alturas penso termos vendido mais de 200 milhões de unidades, mais que nenhum outro DVD de Fitness da história. Quando era tão popular, só foi superado em vendas pelo Titanic. Até agora já fiz mais de 175 DVDs diferentes de treinos. Estás lembrado da minha escola em Sherman Oaks, quando vieste me visitar, que estava cheia de gente? Tínhamos aulas o tempo todo e a um treino vinham uma 200 pessoas, mais ou menos e havia em fila outras 200 para entrar na aula seguinte. Lembro-me que a primeira vez que fui ao Japão para ensinar, havia 20.000 adeptos à minha espera no aeroporto. Me disseram que eram tantas pessoas como as que foram conhecer os Beatles, quando chegaram ao Japão. Havia uma multidão de gente por todo lado. C.N.: Qual foi o motivo de te teres mudado para o Japão? B.B.: Tive de ma afastar de Hollywood devido a tudo o que lá acontecia. Fui morar numa pequena povoação no Japão,


onde fazia o meu treino e corria todos os dias. Voltei a fazer os meus exercícios quotidianos, a comer saudavelmente e a fazer as coisas que realmente eram importantes para mim. Nesse momento eu estava sozinho, acabava de passar por um divorcio e não estava nada interessado em entrar em outra relação. Isto foi assim até que encontrar a mais maravilhosa mulher. Finalmente casamos e agora temos uma filha de 5 anos e a minha vida não poderia ser melhor. C.N.: Qual era a diferença entre o Japão e a América? B.B.: Foi muito diferente para mim, posto que os japoneses não mostram emoções como fazemos nos Estados Unidos; isso faz parte da sua cultura. Lembro-me de uma vez que eu estava ensinando e me apercebi que ninguém contava comigo. Então parei disse que queria que contassem em voz alta. Ficaram admirados, mas fizeram-no e saíram um pouco da sua abstracção. Agora a minha mulher, a minha filha e eu, viajamos três ou quatro vezes por ano a Osaka, para ensinar, porque ainda lá temos uma escola. C.N.: O que foi que aprendeste dos japoneses? B.B.: Aprendi a controlar as minhas emoções, a maneira de não mostrar as minhas emoções e como ser mais paciente. C.N.: E nas Artes Marciais? B.B.: Treinei um pouco Karate Shotokan, assim como Karate de Okinawa. Também conheci e até treinei com um dos últimos Ninjas. Foi realmente genial e realmente dou muito valor a todo esse conhecimento. C.N.: Sei que a religião é muito importante para ti. Como foi que encontraste Deus? B.B.: Me agrada muito esta pergunta. Em jovem, ia muito à igreja, mas no dia em que fazia 18 anos, jurei que nunca voltaria. Morando em Los Angeles, um dia vi na televisão o predicador Frederick Casey Price e ele dizia coisas muito diferentes às que eu tinha conhecido e que realmente eu as achava hipócritas. Todos falavam da palavra, mas não de como percorrer o


“O seguinte passo é o "Centro de Artes Antigas de Billy Blanks®", que vamos a abrir em Dana Point, Califórnia, em Setembro de 2014”


Entrevista caminho; mas ele era diferente. Perguntei aos meus alunos se sabiam onde ficava essa igreja e um jovem de 18 anos me disse que ele me levaria até lá. Quando lá cheguei, fiquei escutando o sermão e eu dizia para mim mesmo que não podia esperar aquilo acabar para que poder sair de lá. Quando tudo acabou, me levantei para sair mas de repente corri para o altar chorando. Nem eu sabia porque fizera isso. Pensei entregar a minha vida a Cristo e comecei a estudar a Bíblia. Eu nasci em um gueto e sonhei com sair do gueto, fazendo-me um campeão de Artes Marciais, chegando a

ser como Bruce Lee e ter carros caros e uma vida fácil. Mas depois de já ter todas essas coisas, percebi que realmente não me davam nenhuma satisfação. Sentia-me vazio por dentro… Só quando aceitei Cristo na minha vida, me senti realizado. C.N.: O que depara o futuro a Billy Blanks? B.B.: O seguinte passo é o "Centro de Artes Antigas de Billy Blanks®", que vamos a abrir em Dana Point, Califórnia, em Setembro de 2014. Vai ter uma excelentes instalações com um completo Spa tipo japonês para a saúde, assim como um ginásio com muito espaço para eu ensinar Tae Bo® e Artes Marciais, da maneira que sempre tenho querido. O meu objectivo é ter


um estúdio onde a disciplina e a consciência de si próprio estejamos à vanguarda do ensino, além, claro está, do fitness. C.N.: Billy, faz mais de 40 anos que nos conhecemos em Búfalo e nos tornamos amigos naquele torneio, quando te fiz a primeira entrevista para a minha velha revista. Penso que tenho uma habilidade especial para a selecção de vencedores. Soube que eras um vencedor e tens mostrado que eu estava com a razão. Espero podermos fazer isto outra vez, ao longo dos próximos 40 anos. B.B.: Eu também espero. Muito obrigado.


Os cinco elementos do Shaolin Hung Gar Kung Fu Os elementos no Hung Gar não constam de posições, mas sim são uma filosofia com uma força especial dentro do corpo. Os elementos influem como fonte, de uma maneira muito abstracta. Quando se relacionam os elementos com os diferentes animais, então é criada uma força enorme. Esta força é, entre outras, a característica do Hung Gar Kung Fu. Todo praticante de Hung Gar sabe da existência dos estilos de animais no Hung Gar Kung Fu original. Como


já se disse, frequentemente, por detrás disto se esconde mais do que talvez pudesse imaginar um aluno aplicado. Pouco conhecido pelos laicos é a realidade de que nas artes marciais tradicionais, como o Hung Gar Kung Fu, também o conhecimento dos cinco elementos encontra o seu lugar e é para os alunos aplicados uma caixa de surpresas em conhecimentos e capacidades. Onde, no Ocidente principalmente, falamos de quatro elementos (ar, água, fogo e ter ra), no Kung Fu tradicional, se conhecem cinco, a saber: fogo, madeira, água, metal e terra.


Estes não só estão integrados firmemente no Hung Gar Kung Fu, como também unidos fortemente aos cinco animais. Como vemos na descrição do dragão, existe por exemplo, uma forte união entre o dragão e o elemento terra. Mas tudo a seu devido tempo. Quando se procura em livros ou na Internet textos sobre a matéria, se descreve habitualmente o conhecimento de maneira muito florida. Por exemplo, lemos que o elemento madeira no Kung Fu, significa posições de profundo arraigo, parecido a uma árvore poderosa que deita as suas raízes na terra. Estas explicações não acostumam ser para o aluno de muita ajuda ou são demasiadamente abstractas para realmente continuar avançando. Em relação com os cinco elementos, o aluno quer também perceber quais as formas específicas que se escondem por detrás disso. Aprendeu que no Hung Gar Kung Fu não há nada que essencialmente não tenha algum sentido no combate de homem a homem. Um mestre tradicional de Hung Gar gosta de dizer coisas deste género: "Vejam, alunos, esta é uma técnica de metal típica". O aluno aplicado absorve isto avidamente e pensa que a técnica mostrada encarna a matéria metal e ponto! Mas o que seria puro Kung Fu tradicional, se isto fosse tão fácil? O mestre tem razão. Trata-se de uma técnica típica de metal, mas o que a técnica tem a ver exactamente com o metal, fica oculta para o aluno. Como já foi dito no início, é abstracto no referente aos cinco elementos e não se trata apenas de técnicas específicas no que respeita à execução dos movimentos. Tratase antes sim, de cinco diferentes filosofias acerca da força. Poderíamos dizer também, cinco diferentes tipos de força ou cinco bases para no combate gerar força com o corpo. O que são exactamente estes movimentos do corpo e as filosofias, deve de encontrá-las por si mesmo o aluno ambicioso e com sede de conhecimento. Se o aluno captou isto, as ditas filosofias influem de uma maneira muito banal. Se as mesmas se combinam com punhos e estilos de animais, se produz uma enorme força, que pode ser muito perigosa para um possível atacante. São exactamente estas forças as que desde faz milhares de anos têm dado fama ao Hung Gar. Graves lesões, provocadas por mínimas técnicas de combate aperfeiçoadas, deixam pasmados de medo os espectadores. Não é raro que os praticantes de Hung Gar sejam denominados sobrehumanos rápidos, duros e fortes. Apesar de que em geral, com o ensino dos cinco elementos também automaticamente se fala dos diferentes ciclos e dependências sob os elementos, este modelo não encontra lugar no Hung Gar Kung Fu. Um dos motores mais

importantes para a evolução do Hung Gar e a sua eficiência, tem sido sempre o combate para sobreviver. No combate não se tem tempo para ver qual o elemento que quer utilizar o oponente e escolher o contra elemento conveniente. Uma fracção de segundo decide sobre a vitória ou a derrota. Não pode ser então que sobre esta arte se discuta sobre a dependência entre os elementos. Ou dito em poucas palavras e como diz um irmão no Hung Gar: "Just to destroy the human body".

Terra Estável como uma montanha, flexível como areia ao vento. A força que emana de uma posição baixa, está fortemente unida com a terra e vem transmitida através do punho, (por exemplo, o gancho para a frente) e influi na função do baço e do estômago. O elemento terra é um dos cinco elementos no Hung Gar. Em muitos textos se atribui às técnicas de terra, a execução as posições desde níveis baixos, com a força que vai de baixo para cima, com movimentos em rotação e apoiadas em um Qi extraordinariamente forte. Aqui se encontra também a relação com o estilo do animal dragão no Hung Gar, o qual já conhecemos (estilo do dragão em Hung Gar). Em relação com o Qi e a técnica, uma descrição plenamente coincidente é "sólido" ou "firme". Mas como sempre, no Hung Gar não se corresponde totalmente com um lado puramente duro ou um puramente suave, antes sim e consoante seja a situação, se toma a qualidade que seja melhor e se utiliza. Se as técnicas do meu oponente são duras, em comparação com as minhas, então posso de decidir pelo aspecto brando ou suave. Se em comparação com as minhas, são técnicas brandas e flexíveis, então me decido pelo lado duro do Hung Gar. Assim, no combate, com o elemento terra se pode ser emblematicamente estável como uma rocha e flexível como a areia ao vento. O aluno aplicado sabe também que em geral, o elemento terra está considerado como centro de todos os elementos e nas representações, o mesmo se mostra como ponto central. Como todos sabemos, a medicina tradicional chinesa foi sempre uma parte do Hung Gar Kung Fu, que quis curar as lesões provocadas nos treinos ou no combate. Naturalmente, a este respeito possui também o elemento terra o seu próprio lugar e se situa em relação com os órgãos baço (órgão-Yin) e estômago (orgão-Yang). Si queremos cuidar o nosso centro e estes órgãos, preocupemonos por uma regular e tranquila ingestão de alimentos. Também o que comemos é naturalmente importante e finalmente decide em


geral, como nos sentimos e como é a nossa constituição. “Somos o que comemos”. Também o elemento terra é posto em conexão com outras coisas. Por exemplo, se relaciona com o sabor doce e com a cor amarela. Como alunos ocidentais, nos inclinamos a levar muito a sério estes conceitos simbólicos e a aplicá-los a todas as coisas possíveis. Por vezes tão ao pé da letra que perdemos o significado essencial dentro do

sistema do Hung Gar e temos que voltar a relembrá-lo. Nós sabemos que o Hung Gar Kung Fu original se desenvolveu principalmente para sobreviver em um combate, vencendo-o da maneira mais eficiente possível e mantendo o corpo do praticante saudável por longo tempo. A este respeito, o elemento terra na prática tem este objectivo e nos oferece (como já foi dito no início) principalmente uma coisa: uma possibilidade de arte, da força em combate.




O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiais do exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik, realizaram um novo DVD básico que trata sobre as armas de fogo, a segurança e as técnicas de treino derivadas do Disparo Instintivo em Combate, o IPSC. O Disparo Instintivo em Combate - IPSC (Instinctive Point Shooting Combat) é um método de disparo baseado nas reacções instintivas e cinemáticas para disparar em distâncias curtas, em situações rápidas e dinâmicas. Uma disciplina de defesa pessoal para sobreviver numa situação de ameaça para a vida, onde fazem-se necessárias grande rapidez e precisão. Tem de se empunhar a pistola e disparar numa distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o manejo da arma (revólver e semiautomática); prática de tiro em seco e a segurança; o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e em movimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse e múltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador, com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro com pistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 e inclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7

Todos os DVD's produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.


Kihon waza (técnicas básicas) es la parte más importante del entrenamiento de cualquier Arte Marcial. En este DVD el Maestro Sueyoshi Akeshi nos muestra diversas formas de entrenamiento de Kihon con Bokken, Katana y mano vacía. En este trabajo, se explica en mayor detalle cada técnica, para que el practicante tenga una idea más clara de cada movimiento y del modo en que el cuerpo debe corresponder al trabajo de cada Kihon. Todas las técnicas tienen como base común la ausencia de Kime (fuerza) para que el cuerpo pueda desarrollarse de acuerdo a la técnica de Battojutsu, y si bien puede parecer extraño a primera vista, todo el cuerpo debe estar relajado para conseguir una capacidad de respuesta rápida y precisa. Todas las técnicas básicas se realizan a velocidad real y son posteriormente explicadas para que el practicante pueda alcanzar un nivel adecuado. La ausencia de peso en los pies, la relajación del cuerpo, el dejar caer el centro de gravedad, son detalles muy importantes que el Maestro recalca con el fin de lograr un buen nivel técnico, y una relación directa entre la técnica base y la aplicación real.

REF.: • IAIDO7

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Cinturón Negro Andrés Mellado, 42 28015 - Madrid Telf.: 91 549 98 37 e-mail: budoshop@budointernational.com www.budointernational.com



Entrevista com Michele Panfietti (Presidente Mundial da W.K.A. e da W.T.K.A. e organizador do Festival do Oriente, de Carrara e Mil達o) Entrevista: Nicola Pastorino & Leandro Bocchicchio


D

e entre as muitas pessoas com quem nos encontramos e entrevistamos durante o recente evento "Sports Show Revolução", em Chiuduno (Bérgamo), "capturamos" uma de especial relevância no panorama nacional (e não só) das artes marciais. Uma pessoa com grande intuição, fruto de uma paixão enorme pelas Artes Marciais e a Cultura Oriental em geral, que desde faz muitos anos tem contribuído à sua difusão em todo o país de maneira significativa, assim como por sua audácia e por ser um inovador. Trata-se de Michele Panfietti, Presidente Mundial da WKA e WTKA, mas principalmente, um verdadeiro artífice da relevância do actual evento das Artes Marciais e da Cultura Oriental, que é o mais importante da Itália e um dos mais importantes do Mundo, o “Festival do Oriente”. Com ele mantivemos uma agradável conversa, que acabou sendo uma entrevista, para que nos explicasse os motivos do êxito deste evento e que nos falasse dos seus projectos para o

futuro. Habituados a vê-lo no exercício de suas funções como organizador em Carrara, hiperactivo e concentrado para que tudo resulte perfeitamente, aproveitamos a relativa tranquilidade do contexto e o levamos até os nossos microfones, para que nos falasse deste ano, da sua “aventura” nos últimos anos na direcção do evento. A sua aposta alcançou uma dimensão nos meios de comunicação, quase que global. Cinturão Negro: Antes de falar dos projectos relativos ao Festival do Oriente e outros, gostaríamos que nos contasse o motivo da sua presença aqui e o que pensa deste “Sport Show Revolution”? Michele Panfietti: O evento é muito bom, é uma das nove etapas da nossa “Maratona Marcial", que é o Campeonato Italiano da WTKA. Estamos muito interessados em promover estas iniciativas, acima de tudo porque somos os únicos em misturar diferentes estilos de artes marciais. Desde que começamos faz 9 anos, tem sido a nossa carta de apresentação, a nossa marca,

o facto de sermos capazes de combinar e misturar as artes marciais, que anteriormente parecia impossível que pudessem trabalhar juntas. A nossa é uma Federação Multidisciplinar, os cursos que fazemos também são multidisciplinares. A partir disto surgiu a Maratona da Artes Marciais e depois o Festival do Oriente. C.N.: Falemos do Festival de Oriente, com o número de participantes cada vez mais impressionante e seu crescente interesse. Onde pretende chegar? M.P.: É um desafio permanente. Pelo meu temperamento, sempre trato de dar o melhor, pela paixão que levo em mim. Não é que não tenha um objectivo em especial, o meu propósito é contribuir à difusão cada vez maior das Artes Marciais e do Oriente. Efectivamente, o momento do Festival de Oriente é inacreditável, é o evento para promover a Cultura Oriental mais importante do Mundo. Este ano também participaram delegações oficiais do Governo Coreano, que organizam um festival no seu país.




Notícias Itália

Eles não acreditavam que existisse uma manifestação nosso deste género. Digamos que vieram para aprender a juntar todos os diferentes aspectos culturais, da maneira que nós fizemos. O Festival de Carrara e de Milão alcançaram números de vertigem: cerca de 90 mil visitantes ao todo. Os meios de comunicação estão presentes a nível nacional (Rai, Mediaset, etc ...) e os meios internacionais seguem-nos cada vez mais. Este ano também vamos ter uma extensão do evento a realizar em Roma, nos dias 30 e 31 de Maio e 1 e 2 de Junho. Pensamos levá-lo também ao centro e ao sul da Itália. C.N.: A difusão do festival em duas datas e lugares diferentes, se realiza em função dos números dos que estávamos falando, ou é fruto de um projecto específico da organização?

M.P.: Realmente, devido a ambas coisas. Há um planeamento de negócio comercial, mas também é claramente um desejo de expandir por todo o território a influência do nosso Festival e assim proporcionar poder participar a todas as muitas pessoas que o desejarem. Partimos de Carrara e depois nos deslocamos até Milão e agora vamos a Roma. É uma maneira de distribuir o Festival no Norte, Centro e Sul da Itália. Alcançamos um tamanho tal que seria muito difícil reduzi-lo a uma apenas uma data. Carrara tem um pavilhão de exposições enorme, em um recinto ferial de 45.000m de superfície, por isto resolvemos dividi-lo. Com o tempo temos crescido muito. Agora, a realidade cultural das artes marciais orientais desejam assistir porque compreenderam que se trata de

um contexto importante, para promover a própria actividade. Trabalhando seriamente, cuidando os detalhes, fazendo as coisas de um certo nível, oferecendo espectáculos e conferências de enorme qualidade, cada vez mais as pessoas apreciam e percebem que vale a pena visitar este evento. De momento, os resultados são gratificantes… C.N. Em nome de todos os leitores de Cinturão Negro, agradecemos muito ter-nos concedido um pouco do seu tempo e esperamos em breve tê-lo de novo nas nossas páginas. M.P.: Com certeza! Nos encontraremos no Festival para promover Cinturão Negro e as Artes Marciais, coisa que também a vossa revista faz com grande paixão e excelentes resultados. Obrigado!




O Hwa Rang Do ®: uma Arte Marcial e um Movimento de Pensamento e Acção O Hwa Rang Do®, que literalmente" se traduz como Caminho dos jovens cavalheiros") é uma arte Marcial Tradicional Coreana, cujas raízes se perdem na antiguidade dos três reinos que viriam a formar a actual Coreia, faz uns 2.000 anos. Mais pr ecisamente, no antigo r eino cor eano "Silla", onde o "Hwarang", literalmente, "os jovens cavalheiros" eram preparados para a guerra com uma dupla preparação: (1) Cultural: a Filosofia Moral, a Ética, a Música, a Estratégia, as Matemáticas e a Literatura; (2) Marcial: o combate armado e desarmado em todo tipo de terreno a pé e a cavalo.


Coreia “As lições do Hwa Rang Do®, disciplinado e duro, são fascinantes no que respeita aos métodos. Actualmente é visto em todo lado”


Estilos Coreanos “A focalização orientada à força do carácter, típica do Hwa Rang Do®, alcançou um grande êxito"


A

integração de técnicas de combate e as disciplinas culturais visava f o r m a r altamente combatentes motivados, capazes de incentivarem as tropas nas acções terríveis e devastadoras da guerra, típicas desse momento histórico. Baseados nesta maneira de pensar e na força do reino "Silla", após séculos de lutas e sábias acções diplomáticas, conseguirão, por vez primeira unificar a Coreia em uma única Nação, em 670 da nossa Era. Este facto deu lugar a um período razoável de paz e o florescimento das Artes Coreanas e do Budismo, que se tornaram uma parte fundamental da cultura de Silla. As obras artísticas e arquitectónicas deste período incluem o Templo de Hwangnyongsa, o Templo Bunhwangsa e a Gruta Seokguram, Património da Humanidade. O Hwa Rang Do®, como Arte Marcial codificada nos anos 60 pelo Fundador o Dr.Joo Bang Lee (10 º Dan), reflecte toda a cultura "Hwarang" de "Silla", além das suas técnicas marciais. O Hwa Rang Do® se divide em "Nae Kong" (técnicas internas relacionadas com a energia), "Wae Kong" (técnicas externas, incluindo 365 tipos de pontapés e cerca de 4.000 técnicas de alavancas e combate corpo a corpo), "Moo Gi Kong" (108 tipos de armas tradicionais) e "Shin Kong" (técnicas mentais). No entanto, a sua principal característica é a ética e a auto-disciplina. Neste sentido, o Grão Mestre Taejoon Lee (Presidente da Associação Mundial de Hwa Rang Do® Association - WHRDA - e 8º dan) diz: "O Hwa Rang Do® não é só uma arte Marcial, é acima de tudo um movimento de pensamento e acção; a verdadeira capacidade combativa de um guerreiro não radica só no conhecimento das técnicas marciais, radica acima de tudo na sua formação íntegra e na motivação para o combate, lutar e nunca se render.

Por esta razão, a World Hwa Rang Do® Association é uma organização sem fins de lucro, dedicada ao bem social e não ao enriquecimento nem só dinheiro”. A focalização orientada à força do carácter, típica do Hwa Rang Do®,

alcançou um grande êxito nos Estados Unidos. Na Itália, actual sede do Dr.Joo Bang Lee e seu filho Taejoon Lee, nos últimos 10 anos, têm surgindo um grande número de escolas. Quando perguntamos ao Instrutor


Estilos Coreanos

Chefe Marco Mattiucci, Oficial Superior dos Carabinieri e responsável da Arte Marcial na Itália, porque se dedica desta maneira ao Hwa Rang Do e de onde lhe vem esta dedicação, ele responde: "Certamente não por dinheiro. Tenho a liberdade e a oportunidade de praticar e ensinar o Hwa Rang Do® desde muito tempo atrás, sem limitações económicas, posto que eu não vivo da Arte. Na prática posso seleccionar meus alunos com extrema dureza, fazer-lhes exames constantes e pesadas provas que têm a ver com os aspectos culturais, físicos e marciais. Assim sendo, posso manter-me fiel à cultura original do Hwarang, com seus duros treinos de corpo, mente e espírito”. Mas tudo isto não evita a estrutura do ramal italiano da WHRDA crescer constante, de ano para ano, após a sua ampliação no estrangeiro. Recentemente abriu uma nova escola em Luxemburgo e também há novos aspirantes a instrutores para outros países da União Europeia, que se submetem ao duro processo de selecção do Instrutor Chefe. Perguntamos o motivo disto e o Coronel responde: "Não vou ser banal repetindo uma coisa que todos sabemos: Vivemos numa sociedade donde tudo é considera temporal e depois caduca, se desvanece com o tempo. O Hwa Rang Do®, praticado como nós o praticamos, é um movimento que se opõe a tudo isto, propondo um modelo de pensamento onde é dominante a motivação para fazer melhor as cosias e faze-las pelo bem de todos, onde a excelência física e mental são os objectivos fundamentais. É natural que como qualquer ser humano, ao longo

dos anos sejamos mais débeis e falecermos, mas isso, na ética Hwa Rang Do® não justifica a nossa preguiça no dia-a-dia e que entregarmonos ao vazio". Escutando estas palavras sentimos uma forte emoção. Mas se um movimento não é mais do que uma maneira de pensar então por que motivo fazer uma arte marcial ou porque ainda menos estudar uma arte marcial para seguir um movimento ético e certamente legítimo… Esta nossa pergunta encontra, em grande parte resposta com o que nos diz o Instrutor Chefe do Hwa Rang Do®: "A minha história não é diferente à da maioria dos instrutores provenientes de outras artes marciais, que resolveram unir-se a mim e ao Hwa Rang Do® nos últimos dez anos. Eu já era um professor de defesa pessoal com anos de estudos marciais às minhas costas e não estava satisfeito com aquilo em que me transformara, um continente de técnicas vastas e diversificadas, mas desconexas entre si. Senti necessidade da substância, alguma coisa que unisse tudo o que tinha estudado, para conseguir um caminho mais elevado, pelo qual me dirigir sabiamente. O encontro com o Hwa Rang Do® me proporcionou isso assim como a decisão de contactar com a WHRDA. Mas foi numa posterior reunião com o Supremo Grão Mestre o Dr.Joo Bang Lee, uma lenda viva das artes marciais coreanas, o que me convenceu definitivamente de que, sem dúvida, este era o meu caminho". O instrutor chefe abandonou todas as práticas marciais anteriores ao Hwa Rang Do® e se dedicou em cheio ao estudo do nova Arte. Com enormes

sacrifícios, alcançou a faixa preta em pouco tempo, em comparação com o que normalmente se demora. Um estudante de Hwa Rang Do® demora pelo menos 7 anos em conseguir o Cinturão Negro 1ºDan. Foi consequente e encerrou o seu curso de defesa pessoal e abriu um novo curso de Hwa Rang Do®, o primeiro em seu género na Itália. “Ao princípio foi difícil, tinha poucos estudantes! O carácter especial da Are e a dureza inconfundível do Mestre, numa combinação que levou à prática, fazem que seja muito difícil para os principiantes. Não posso evitar dizer que muitos estudantes estavam fascinados com o meu ensino, mas depressa abandonavam a ideia de ficarem comigo, devido à minha maneira de ser. A minha maneira de incorporar o Hwa Rang Do® à vida e ao ensino, não o fazem adequado para os principiantes. Mas eu insisti e com o tempo, muitas escolas se abriram na Itália e hoje, milhares de estudantes apreciam esta Arte. A filosofia da cultura Hwarang involucra totalmente as pessoas. Isto foi o que fez aproximar a esta Arte e mantém unido o estudante e o ensinante” - e continua: "O encontro com o Dr.Joo Bang Lee me atou ao Hwa Rang Do® e ao seu filho, o Grão Mestre Taejoon Lee, que ao longo dos anos tem construído e aperfeiçoado toda a cultura e a filosofia do Hwarang, das quais me nutro actualmente. Ser humilde discípulo de um Mestre de este nível, exige passar em revista muitas das próprias crenças básicas e talvez até tornar-se uma nova pessoa, mas o esforço abre muitas perspectivas e é imensamente gratificante".


Nos últimos anos, devido aos esforços do Grão Mestre Taejoon Lee, o Hwa Rang Do® tem passado por muitas mudanças na União Europeia e o instrutor chefe Mattiucci tem tido ocasião de participar em diversos cursos fora da Itália (Holanda, Alemanha e Dinamarca) com outros professores de provada experiência, como o instrutor chefe Alexander Krijger. As lições do Hwa Rang Do®, disciplinado e duro, são fascinantes no que respeita aos métodos. Actualmente é visto em todo lado. As razões desta fascinação também se pode ver nos filmes dos últimos anos, com o êxito de aclamadas fitas sobre samurais, legionários, gladiadores, a antiga Roma, Esparta, etc. De facto, a nossa sociedade tem crescido tecnologicamente, mas muito pouco do ponto de vista ético. Isto é devido à grande quantidade de tecnologias disponíveis (DVS, Smartphone, Tablet, etc.) que não se correspondem com um cuidado pelo espírito humano, que pelo contrário, cada vez se isola mais e se desmotiva do que faz. Os antigos guerreiros, os Hwarang coreanos, os heróis de Esparta, os soldados romanos, os samurais…, eram pessoas dedicadas à luta, mas estavam especialmente motivados para lutar até o fim e nisto radica o seu encanto.




D

entro do Templo Shaolin, Shi De Yang é um dos mestres mais respeitados. Todos os praticantes de Shaolin de todo ou mundo, se deleitam vendo Shi De Yang mostrando o seu Kung fu. Seus movimentos integram os princípios do autêntico Shaolin. A sua prática é tradicional e muito diferente ao que estamos habituados a ver. Não vão ver Shi

De Yang realizando saltos espectaculares, nem pontapés borboleta, nem saltos mortais… O Kung fu de Shi De Yang não é Wushu moderno orquestrado para comprazer um público, é para se cultivar a si próprio e não para se entreter, pelo que Shi De Yang encarna a cultura e a essência de Shaolin em sua própria pessoa. Sua excepcional habilidade angariou-lhe o respeito de todos os seus irmãos no Templo Shaolin e ao longo das últimas décadas tem desempenhado importante trabalho como instrutor chefe do Templo Shaolin e como Vice-presidente do Instituto de Pesquisas das Artes Marciais de Shaolin. Também tem a sua própria escola privada denominada Songshan Shaolin Wuseng Houbeidui, situada a apenas 2km do Templo Shaolin e em um ambiente natural e especial para a prática do Kung fu e da Meditação, longe das centenas de turistas que visitam o Templo todos os dias. À diferença de outras escolas, a do Grande Mestre Shi De Yang aceita estudantes de todo o mundo; ele sempre diz: “Como Budista não faço diferenças por raças ou a cor da pele, todos somos iguais”. O Grande Mestre Shi De Yang se especializa em Luohan Quan, Da Hong Quan, pau de Shaolin, entre outros estilos de Shaolin. Seu Kung fu e a sua filosofia não têm fronteiras. Já visitou mais de 20 países e tem ensinado na Inglaterra, Espanha, Itália, Austrália, México, Argentina, Uruguai, entre outros países. Sempre diz: “A minha filosofia e o meu Kung fu não têm fronteiras, quero que todos se beneficiem e conheçam a verdadeira cultura Shaolin”. Como Mestre e monge Shaolin, ele insiste na importância da prática do Chan (Zen), pois considera que as Artes Marciais são um veículo para o Zen e que todos devemos aproveitá-las para melhorar as nossas vidas.

A Entrevista Cinturão Negro: Gostaríamos de saber de que povoação é proveniente e como foi a sua infância… Shi De Yang: A minha casa está na província de Henan, no condado de Tai Kang. A minha infância foi muito simples, inesquecível e cheia de carinho. Conservo dela muito grata memória. C.N.: Quem influiu em si para que resolvesse ir ao Templo Shaolin para aprender Kung fu? S.D.Y.: Resolvi ir à Terra Santa do Templo Shaolin, para conhecer a cultura de Shaolin, por influência da minha avó e outras pessoas da minha povoação. Aqueles eram outros tempos e o Templo Shaolin só estava ressurgindo.


Grandes Mestres C.N.: Foi fácil entrar no Templo Shaolin? S.D.Y.: Não foi tão fácil mas também não tão complicado e misterioso como se diz ou se pensa. C.N.: Quando entrou no Templo, quantas pessoas habitavam nele? S.D.Y.: Quando cheguei ao Templo Shaolin havia mais de 60 monges, cada um com suas tarefas específicas dentro do Templo. C.N.: Como eram os treinos nesse época? S.D.Y.: Além da prática diária budista, de milhares anos, o resto do tempo praticávamos as artes marciais. Como todos sabem, o treino do Templo Shaolin é um dos mais duros do mundo e tem de se ser muito perseverante na prática e dedicar-lhe muitas horas.

Entrevista: Bruno Tombolato Tradução do Chinês: Lin Yan & Bruno Tombolato Fotografías: José Ramón Couto & Bruno Tombolato


C.N.: Há várias escolas dentro do Templo Shaolin, a qual delas pertence? S.D.Y.: Durante as dinastias Ming e Qing havia bastantes monges no Templo Shaolin e para facilitar a sua administração, se dividiram em quatro escolas, a do Leste, a do Oeste, a do Norte e a do Sul. Actualmente se utilizam tecnologias avançadas para a sua administração, mas nessa época, o Templo usava essa maneira. A minha linhagem é a do Ramal Sul do Templo Shaolin e se denomina Nanyuan. C.N.: Fale-nos de seu Mestre, o Venerável Shi Su Xi. De certeza, o seu Mestre viveu momentos muito difíceis e de muitas mudanças. Que facto pode contar-nos, que o tenha marcado. S.D.Y.: Cada pessoa na sua vida passa por momentos bonitos e também momentos difíceis; as experiências de cada um são diferentes, por isso, cada um vai formando a sua vida. O que mais me marcou, respeito e admiro do meu Mestre é a sua fé, a sua constância e perseverança. O seu espírito e as suas ensinanças perdurarão no tempo. C.N.: Como seria a melhor maneira de nos referirmos às Artes Marciais de Shaolin, wu gong, kung fu ou wushu? S.D.Y.: Em princípio são o mesmo, mas as pessoas as diferenciam. Wu Shu é mais geral, é o nome que se deu às Artes Marciais da China; Wu Gong é uma maneira de denominá-las mais cortesmente. Gong Fu faz referência àqueles que já tiveram êxito no seu estudo ou prática nas artes marciais de Shaolin. C.N.: Quem é um monge Shaolin? S.D.Y.: Um verdadeiro monge Shaolin é uma pessoa que segue as restritivas normas e a disciplina do Budismo: praticar arduamente, não lutar pela fama e a fortuna, não cometer fraudes, não enganar ninguém. Aqueles que usam o nome de Shaolin para enganar e cometer injustiças, não são monges Shaolin. Para ser um monge Shaolin o mais importante é a rectidão. C.N.: Naquele época, qual era a sua visão do Templo Shaolin e qual é nos nossos dias? S.D.Y.: No Templo Shaolin não há diferenças com o passado, quem marca as diferenças são as pessoas. No que respeita à mudança do aspecto do edifício é só para se adaptar aos tempos e para continuar. C.N.: Por último, algum conselho ou comentário que queira oferecer aos leitores da revista. S.D.Y.: Ser uma pessoa sincera, trabalhar correctamente e praticar Kung fu com o coração. Elevar a própria alma, ser uma pessoa boa e útil para a nossa sociedade. Tudo começa partindo das coisas simples… E sempre recordar que fazer coisas positivas é melhor que fazer coisas negativas. Obrigado.



O caminho à faixa preta nos Vacirca Brothers - Parte 2 O caminho a faixa violeta. O movimento fluído (técnico) natural A faixa azul, no Vacirca Brothers Jiu-Jitsu exige uma "compreensão" bastante profunda, posto que se podem certas vantagens de algumas experiências. Agora bem, é importante perceber quando e como aplicar as técnicas contra alguém que tem habilidades similares. Queremos melhorar mediante a prática de combinações; por um lado as técnicas básicas e por outra parte usar as conexões equivalentes para enganar um oponente e não a força, queremos vencer mediante a táctica. A pessoa mais pequena ou mais débil, que conforme o caso pode ser um homem contra uma mulher, serve para mostrar-nos o facto de que a força muscular não pode ser a resposta. O Grão Mestre Hélio Gracie, o homem que melhorou muitas das nossas técnicas de Jiu-Jitsu, reconheceu isto quando aprendeu esta Arte de seu irmão Carlos Gracie, que por sua vez aprendeu o Jiu-Jitsu de seu Mestre japonês Mitsuyo Maeda, que media apenas 160cm. Tanto sendo mais forte ou menos forte, as técnicas de Hélio Gracie devem ser usadas contra alguém de maior tamanho, mais forte e contra alguém mais jovem. Não reparem em

Texto: Franco Vacirca &v Sandra Nagel Fotos: Alica Fröhlich




atletas que não estiverem bem treinados no Brazilian Jiu-Jitsu como modelo a seguir no caminho à faixa preta... É necessário, principalmente quando vamos avançando na idade, aprender coisas valiosas. Da faixa azul até à faixa preta, agora se exige uma finura superior e melhor desenvolvimento de seus movimentos… Tanto faz que se tenha treinado lutando contra alguém de categoria superior ou inferior, se no fim do combate se acaba sendo vencedor e não um vencido. O que também se requer é que, mesmo se formos aprender novas técnicas, não deixemos para trás as técnicas básicas, as quais se continuam praticando e aplicando. No nosso Jiu-Jitsu não se trata de quantidade mas sim de qualidade, especialmente na

maneira de combinar as velhas e as novas técnicas ou de as combinar também com o que vamos desenvolvendo. Um faixa azul deve ser capaz disto a partir deste nível e no resto das graduações mais altas; ter o combate na cabeça e ser capaz de fazer oposição ao parceiro de treino, para que ele e todos os participantes se possam beneficiar deste "auto-treino". Continuar aprendendo motiva o facto de usar o quimono"!

O caminho à faixa castanha - Concretizar e continuar melhorando Na Triangle-Academy, agora estamos exigindo ser mais específico, quando se combate de cinto violáceo. A fluidez de movimentos está mudando agora

do elemento "água" (no programa de faixa azul), para o elemento "fogo". À diferença de outras escolas de Jiu-Jitsu que tratam exclusiva ou principalmente da competição desportiva do Jiu-Jitsu, nós damos muita importância a que quem usa a faixa violeta e quer ser faixa castanha, possa reconhecer e explicar as diferenças essenciais entre o Jiu-Jitsu desportivo e o JiuJitsu da rua. Isto não é assim tão fácil, porque muitos dos jiu-jitsukas que chegaram a um nível tão alto, vivem nesta fase “fogo” uma grande evolução pessoal e emocional e frequentemente, o ponto de vista dos elementos essenciais ficou muito longe. Para que quem usar a faixa violeta consiga o seu objectivo, na Triangle-Academy o ensinam a usar



as diferentes ferramentas que tem em sua volta, para o acompanhar e orientar nos seus objectivos. Na minha opinião, não só o programa técnico, como também o Randori devem ser treinados adequadamente. Portanto, se pode requerer dos participantes que em um Randori possam livrar-se de uma situação específica, tal como "a montada" e que o parceiro de treino que está na "montada" só possa atacar com chave de braço recto, direito. Depois, mais tarde poderia acontecer que eu esperasse deles que em todos randoris fizessem só alavanca para as pernas durante um mes inteiro. Os jiu-jitsukas muito avançados caem numa monotonia que pode até acontecer de que se deixem de divertir com o Jiu-Jitsu, porque pensam "ter chegado ao fim da viagem" e desenvolvem uma falsa sensação de segurança. Outro desafio poderia ser que durante o randori, um estudante feche os olhos e use o contacto corporal. Muito frequentemente os jiu-jitsukas cometem o erro de aplicar excesso de força e de peso, especialmente se têm habilidades técnicas similares. Poder ver o que o inimigo tem, nem sempre é uma vantagem, porque então podemos também tem a sensação de que podemos obter o vemos..., mas se eu nada vejo, então tenho que confiar completamente nas minhas sensações e assim sendo, usa o instinto, não só para sobreviver a uma situação, como também para dominar uma situação. Outra possibilidade é dizer ao jiujitsuka que só pode atacar o braço direito do oponente, ou a perna esquerda. Eu lhes lanço o desafio só para saber onde destacam realmente com as suas capacidades e não só com as que eles acreditam ter.

O caminho à faixa preta Contra-atacar e evoluir Um portador da faixa preta deve ser capaz de demonstrar uma afinidade muito alta em todas as áreas e tenderem a se distinguirem como mestres da excelência e a essência. Este é o caso, pelo menos no que respeita à TriangleAcademy de Zurich. Um faixa preta devera de ser capaz de explicar sempre o foco do verdadeiro JiuJitsu e estar pronto a qualquer momento para trabalhar com as suas debilidades e não só em seus pontos fortes. Agora também deve ser capaz de anular completamente o seu parceiro de treino. Deve ser capaz de desenvolver novos elementos, para o que inicialmente faço como que não sou da mesma opinião…

Provoco isto com agrado, não só com os principiantes, como também e muito especialmente com os praticantes avançados, porque o que eu quero e necessito são portadores da faixa preta que tenham alcançado um alto nível de mentalidade. Para mim, têm de demonstrar que são capazes até de poder aceitar as críticas e que as tenham em consideração. Quero e necessito que o portador da faixa preta realmente possa lidar com o assunto em todas as áreas. Deve estar no mais alto nível, sendo capaz de mostrar como deve um bom praticante de Jiu-Jitsu aplicar os três princípios básicos: paciência, timing e precisão), sem importar a resistência que tenha de superar, seja esta mental ou física. O portador da faixa preta deve manter estas 20 capacidades mentais e sempre trabalhar arduamente com elas, porque com ele sempre está representado o mais alto nível e também sempre: 1 Coragem 2 Amabilidade 3 Tolerância 4 Simplicidade 5 Sinceridade 6 Disciplina 7 Forma física 8 Respeito 9 Técnica 10 Honestidade 11 Sabedoria 12 Imparcialidade 13 A discrição 14 Convicção 15 Dedicação 16 Higiene 17 Educação 18 Agilidade Mental 19 Simetria antropométrica 20 Versatilidade Se leram este artigo nítida e suficientemente, então provavelmente tenham notado que não tem nada a ver com vencer ou perder. No curso de JiuJitsu, podemos ver várias vezes que um portador do faixa azul pode derrotar um portador do faixa preta em um randori..., mas isto não quer dizer nada. Quem pensar de maneira tão mesquinha, não chegará muito longe no Jiu-Jitsu. Não deve esquecer que somos só pessoas e que todos temos os nossos momentos bons e não tão bons. Mas isto se aplica em geral, a todas as Artes Marciais. O Jiu-Jitsu oferece uma ampla selecção de motivos por começar a praticá-lo e por isso acredito que cada um deve descobrir por si próprio, o motivo pelo qual deve dedicar-se ao Jiu-Jitsu. ¡Oxalá todos os jiu-jitsukas cheguem a ter muita diversão e êxito!













Wing Chun A serpente e o grou Parte 2ª Muitos praticantes de Wing Chun Gung Fu têm ouvido falar ao longo dos anos, dos inícios míticos da arte, quando tanto Yim Wing Chun (que deu nome à arte) como Ng Mui (a freira Shaolin, se temos de acreditar que tenha existido!) viram e observaram uma luta entre uma serpente e um grou. Depois, incorporaram as ideias do comportamento de cada um, a um novo sistema de luta, pensado especificamente para que uma mulher mais pequena e frágil fosse capaz de derrotar um homem, em um combate mortal. Outra versão, esta mais provável, é que alguém foi buscar nos dois estilos de animais Shaolin, o que era menos dependente do tamanho e da força (a serpente e o grou) e criou um novo sistema de combate que baseado nos conceitos e princípios científicos para superar a alguém de mais tamanho e mais forte. É até possível que tenham sido especialistas nos outros estilos de animais de Shaolin e em outros estilos Gung Fu existentes nesse momento na China. Alguns dos conceitos incluídos foram: a Força Emprestada, o Bloqueio de ângulo cortante, a Orientação, a Economia de movimentos e a Coordenação, o Jogo de pés, o Timing, os Agarres, o Movimento multidimensional, a Alavanca e o Ponto de Apoio, a Unidade de Administração e a Teoria da linha central. Cada um destes assuntos são tratados no Volume VI da série de ensaios “A Teoria do Combate do A ao Z”. Mas por agora, gostaria explorar mais a fundo as raízes do W ing Chun da Serpente e o Grou. Com frequência lemos que o Wing Chun utiliza movimentos da serpente e do grou, mas questão acaba, por regra geral, com a menção do desvio do braço Boang Sau Wing, para representar o asa do grou e o golpe de dedos Biu Jee ilustrando a serpente. Em vez de me deter aí, que é o que mais habitualmente se faz, vou falar de muitas mais das características da serpente e do grou que influem no CRCA Wing Chun. Nesta segunda parte, vamos examinar o papel que o grou desempenha no combate.

Características do Grou O uso das asas - Devido ao seu pequeno tamanho e peso ligeiro, em vez de utilizar os movimentos de bloqueio contundentes, o grou usa a expansão das suas asas para desviar os ataques com suas afiadas beiras, assim como para reduzir o ataque do oponente. À semelhança do grou, o combatente Wing Chun também utiliza 45 graus no "Ângulo cortante" de bloqueio, assim como os braços flexionados para atacar e defender com os cotovelos, o que pode magoar ao máximo com muito pouco peso ou força muscular necessária. Ataque e Defesa simultâneos Outra habilidade que o Wing Chun adquire do grou é a ideia de bloquear e atacar ao mesmo tempo. Desta maneira, o praticante de Wing Chun pode bater antes no oponente e com poder emprestado. Por outras palavras, se nos atacam

com golpes e respondemos com bloqueio, bloqueio, contraataque, batemos no oponente tarde demais e só com a própria força de ataque. Mas se em vez de bloquear o primeiro golpe e depois bloquear simultaneamente o segundo e bater ao mesmo tempo, bateremos antes (em um segundo momento), tanto com a nossa própria força, como com a força "emprestada" do impulso para a frente do oponente. Isto provocará o máximo efeito do contragolpe, quando se lutar contra alguém de mais tamanho e mais forte. Em etapas mais avançadas, também se pode lançar um pontapé no contra-ataque, exemplificando assim a máxima do Wing Chun: "Som Jiu Chai Doh" - "Executar três movimentos ao mesmo tempo". O uso do bico Qualquer pessoa que observar um grou lutando, logo se aperceberá que utilizará o bico várias vezes, para picar o oponente. Muitos desses ataques são à vista, o ponto mais vulnerável do corpo humano no combate. Basta pensar qual outra parte do corpo se poderia tocar com tão pouca força e causar tanta dor, magoar e prejudicar, como o globo ocular? Mas, posto que como seres humanos não temos um bico, no CRCA Wing Chun podemos interpretar esta característica de algumas várias maneiras: como uma cabeçada; usar as afiadas pontas dos dedos e das unhas para atacar aos olhos - se o oponente não pode ver, se torna um lutador muito menos eficaz e a ameaça se reduz. Não se necessita força muscular para atacar efectivamente os olhos de um oponente de mais tamanho e mais forte e quando se agarra, o polegar e o dedo indicador podem dar um formidável belisco retorcido, similar á picada de um grou, numa técnica conhecida como o "olho do Fénix". Em pé sobre uma perna Uma das características mais destacadas do grou é a sua capacidade de estar em pé, em equilíbrio sobre uma perna, durante um longo espaço de tempo. Conhecido no Wing Chun como Dook Lop Ma, a posição sobre uma só perna se utiliza para os pontapés, os pontapés múltiplos "Invisíveis", o bloqueio da perna, parada da perna, a evasão e o treino do pé pegajoso. O uso das suas garras Quando grous brigam, usam as suas garras para agarrar e arranhar os agressores. Isto dá origem à ideia do Wing Chun de agarre e batimento, o que ajuda quando se luta contra um oponente mais forte, principalmente quando se puxa por eles para lhes bater e "tomar emprestada" a sua força. A nível Biu Jee, os dedos se utilizam como conjunto para agarrar car ne, o cabelo e fazer pressão nas terminações nervosas. Ataque angular Quando um grou luta, atacará sem descanso, mas quando estiver angustiado por uma força demasiadamente grande, voará para trás momentaneamente, parar voltar a atacar depois desde outro ângulo mais eficaz. Isto inspira a utilização do trabalho de pés do CRCA para adicionar potência, modificar a distância, melhorar a orientação e aliviar a pressão. Lealdade Escolhido pelos japoneses como símbolo do casamento, o grou é conhecido por sua extrema lealdade, posto que os grous se acasalam só com uma única fêmea, para toda a vida. Inspirado nesta característica do grou, as regras da conduta do Wing Chun tradicional incentivam: a lealdade ao país, à família, ao instrutor, aos colegas de estudo e aos nossos próprios estudantes. Como se pode ver, os praticantes de CRCA Wing Chun obtêm uma grande inspiração da serpente e do grou no combate, tanto na acção como nos princípios. É esse o motivo de os ter escolhido para os incluir como parte do logótipo da Academia de Combate à Muito Curta Distância, que se pode ver aqui. Considerem que as asas do grou são na realidade as facas.



Wing Chun



Wing Chun



Tradições

Faz muito frio, um grupo de pessoas vestidas de branco está pisando na neve. O som do Horagai (a corneta japonesa de concha de caracol) quebra o silêncio e desde um lugar longínquo se escuta a água de uma cascada. Estamos na Europa, nos Alpes austríacos, somos um grupo de Shugendo, a caminho da prática do Takigyo, uma meditação debaixo de uma cascada.



Tradições Cinturão Negro: Desde a sua infância, Christian Grübl treina Artes Marciais Japonesas e faz quase o mesmo tempo que ele as ensina. No seu Dojo de Karate, Ninjutsu e Yagyu Shinkage Ryu, as transmite aos seus estudantes de uma maneira mais tradicional que desportiva. Faz dez anos que através das Artes Marciais ele encontrou o seu caminho ao Budismo e também ao Shugend_. O seu Mestre Shokai Koshikidake, de quem recebeu a iniciação como Monge Yamabushi, é o Grão Mestre do Japão da mais antiga tradição Shuguendo. Mas o que significa exactamente Shuguendo e quem são os monges Yamabushi, que por vezes são associados com os Ninja japoneses? Há alguma vinculação com as habilidades e competências dos legendários e míticos Shinobi? Soke Shokai Koshikidake: O Shuguendo é a religião da montanha e a montanha é importante para esta religião, que se baseia numa das ensinanças fundamentais, permanentes em nós, desde a antiguidade no Japão. Adoramos a Montanha como o mundo dos espíritos. A montanha é o lugar onde o Espírito dos antepassados e os deuses se juntam. A montanha representa a fronteira e a barreira entre este e o outro mundo. Para fazer realidade esse mundo espiritual, temos que nos livrarmos dos nossos sentidos, que vêm do mundo material. Temos de livrar-nos dos seis órgãos dos sentidos; olhos, ouvidos, nariz, língua e mente. Para isso, realizamos as cerimónias rituais da morte e o renascer na Montanha. Realizar estes ritos nos permite experimentarmos por nós mesmos o estado de sermos capazes de escapar do sofrimento da transmigração das almas. A morte ritualista nos proporciona libertar a alma do nosso corpo e começar o viagem ao mundo interior do Universo. Sensei Christian Grübl: Na realidade, os monges Yamabushi não têm nada a ver com as artes marciais, no entanto, nos antigos tempos do Japão existiu o chamado "Sohei", que treinava nas artes marciais os monges

“A montanha é o lugar onde o Espírito dos antepassados e os deuses se juntam. A montanha representa a fronteira e a barreira entre este mundo e o outro mundo”

budistas armados. Alguns deles foram muito influentes na política. Por outra parte, os guerreiros Ninja japoneses frequentemente são associados com as técnicas de "Kuji em" e "Kuji kiri", os gestos mágicos com as mãos se mostram habitualmente nas fitas de Ninjas. Este facto poderia vinculá-los aos Yamabushi, mas estas actuações têm um significado totalmente diferente do que aparentam. O Kuji se utiliza para um diálogo sagrado entre o praticante e uma determinada deidade de meditação, uma forma transcendental de Buda. Não está destinado a ser utilizado para dar a um guerreiro poderes sobrenaturais ou desmoralizar e destruir seus inimigos. Pelo contrário, o verdadeiro Kuji só se deve utilizar para fazer o bem a todos os seres e mais rapidamente aproximar os praticantes ao objectivo da sua liberação, ou seja, a iluminação. Historicamente, há indícios na escola de "Kukishin Ryu", dos "piratas" dos Ninja, dos que se faz menção como Yamabushi. Diz-se nas transmissões "densho" que alguns Yamabushi instruíram os Shinobi em determinadas técnicas de meditação, que lhes permitiam andar sobre brasas sem se queimarem e meditar debaixo das cascadas profundas no Inverno. Que estas histórias sejam verdade, é assunto que continua a ser controverso. É um facto que algumas escolas Bujutsu, como a Katori Shinto Ryu, incorporam as ensinanças e técnicas do Budismo secreto Mikkyo (escola esotérica ou interna das ensinanças do Dharma) na sua tradição.



Tradições

No Japão dos nossos dias há muita gente que treina Artes Marciais e que são activos como Shugenja ou Yamabushi. No entanto não se devem misturar, posto que são duas coisas diferentes, dois conceitos diferentes. Um shugenja aprende a orar por ele e pelos outros mediante o estudo das ensinanças do Dharma budista e práticas xintoístas. A Oração abrange os numerosos Sutras e Mantras budistas, assim como Xintoísta Norito. Estas orações são boas para o profissional e também para os monges que estão orando. Um rito muito conhecido, que tem uma ligação com as Artes Marciais é o

chamado Takigyo. Tem sido praticado por muitos Mestres japoneses de Karate até avançada idade, por exemplo, pelo Karateka Gogen Yamaguchi do "Goju Ryu" ou por Masataka Oyama, o famoso fundador do "Kyokushin Karate". Através do ascetismo Takigyo e passando pela experiência da morte ritual debaixo da cascada, o Yamabushi estabelece uma profunda conexão com a totalidade da existência. Pelo contrario, o objectivo das Artes Marciais é preparar o corpo, concentrar-se na mente e respirar. Portanto, exercitar isto, longo prazo faz com que o artista marcial se fortaleza mentalmente. Para o

Shugenja, o rito é uma comunhão com a natureza e a possibilidade de se realizar com Buda na natureza. Outra prática importante em Shuguendo é o chamado rito Goma Fogo, que se pode ver em muitos Templos budistas Shingon (no Japão). Um rito do fogo que serve para a eliminação dos obstáculos e que se divide em secções cronológicas, nas que se apresentam oferendas a uma ou mais deidades; neste caso, a formas divinas de Buda e Kami da fé xintoísta. No Goma, as chamas representam o Fogo da sabedoria dos Budas, que queima a ignorância e o engano e os transforma em sabedoria.


“É um facto que algumas escolas Bujutsu, como a Katori Shinto Ryu, incorporam na sua tradição as ensinanças e técnicas do Budismo secreto Mikkyo, da escola esotérica ou interna das ensinanças do Dharma” O Horagai, uma corneta de búzio, é um instrumento tradicionalmente utilizado pelos Samurais. Nos principais lugares de prática do Shugendo, em torno das montanhas Haguro, Omine, Kumano e o Kii, se pode escutar o gemido deste instrumento. Quando o Samurai ia à guerra ou ao campo de batalha, tocavam as notas baixas e profundas. O Yamabushi combina até cinco tons para várias melodias, com diferentes significados codificados. Também se utiliza para a comunicação quando se transita pelas montanhas. Por exemplo, o último grupo indica aos outros grupos que todo está bem. Muito importante em se tratando de um dia de nevoeiro… Este foi o uso original da Horagai. Mais tarde se foi integrando cada vez mais nos ritos e o seu som se tornou emblema da Ensinança Budista Dharma.


Tradições



Tradições O Soke Shokai Koshikidake ensina a sua tradição familiar de 1.300 anos de Shuguendo, em seu Templo em Higashine. Até faz relativamente pouco, era quase impossível para os estrangeiros estudar ou praticar esta tradição, porque a maioria das escolas de Shuguendo são muito dogmáticas e secretas. O Soke Koshikidake é um dos poucos sacerdotes que transmitem os seus conhecimentos a estrangeiros. O Sensei Christian Grübl ensina Shuguendo aos seus estudantes na Áustria e peregrina anualmente ao Japão para se interiorizar das ensinanças do Shuguendo. Uma vez por ano visita a montanha, quando todos os monges Yamabushi ali se juntam praticarem juntos. Se alguém está interessado no Shuguendo em geral ou inclusivamente pensa em percorrer este caminho, pode informar-se na Web: www.shugendo-austria.org





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