Revista Portuária - 18 Janeiro 2016

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ANO 15  EDIÇÃO Nº 191 Janeiro 2016

EDITORIAL

Editora Bittencourt Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro | Itajaí

O ano de não fugir à luta

Santa Catarina | CEP 88303-020 Fone: 47 3344.8600 Diretor Carlos Bittencourt direcao@bteditora.com.br Diagramação: Solange Alves solange@bteditora.com.br Redação: jornalismo@revistaportuaria.com.br Capa: Solange Alves Contato Comercial Rosane Piardi - 47 8405.8776 comercial@revistaportuaria.com.br Elogios, críticas ou sugestões direcao@bteditora.com.br Para assinar: Valor anual: R$ 300,00 A Revista Portuária não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. www.revistaportuaria.com.br twitter: @rportuaria

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C

omo se não bastasse a instabilidade política nacional, outros fatores estão contribuindo para que o país esteja cada vez mais envolto na névoa da crise econômica. Desta vez é o mercado chinês que anda fazendo a diferença por aqui. A primeira semana de 2016 começou turbulenta. Dados revelaram aos economistas que a desaceleração da economia chinesa desencadeou uma queda nas bolsas de valores por lá e o efeito dominó se expandiu para todo o mundo. Grande exportador de minérios e de grãos para o mercado chinês, o Brasil foi um dos principais atingidos pelas instabilidades na segunda maior economia do mundo. O dólar comercial encerrou a primeira semana do ano em R$ 4,04, com alta de 2,34%. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, despencou mais de 6% nas últimas cinco sessões e está no menor nível desde março de 2009, no auge da crise provocada pelo colapso do crédito imobiliário nos Estados Unidos. Segundo economistas, a desaceleração da China dificulta ainda mais a saída do país da pior recessão em 25 anos (dados da Agência Brasil). Isso não poderia ter ocorrido em época pior. Os brasileiros já estavam esperando um ano difícil, visto como foi o fim de 2015. Contudo, a situação da China só agrava ainda mais a situação. O grande desafio do país é tentar aproveitar a desvalorização do real para atrair novos mercados e diversificar a exportação. O governo também deve se envolver para tentar trazer a estabilidade de volta. Uma das principais formas é a retomada da confiança dos investidores, tanto nacionais quanto internacionais. Tarefa difícil diante da conjuntura, mas não impossível. Especialmente partindo do princípio de que ninguém quer permanecer na crise e fará todo o necessário para soltar as amarras da recessão. É disso justamente que trata nossa reportagem especial desta semana. Pedimos a empresários, presidentes de entidades de classe e superintendente de portos para sintetizar o que para eles será 2016. De modo geral, o discurso é de que não será um ano fácil, mas com boas ideias será possível passar por ele sem prejuízos. É o que também esperamos.

Rua Brusque, 337 - Itajaí - SC Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 3


Sumário

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CENÁRIO

“O Brasil precisa aproveitar a disponibilidade dos quase 1,5 milhão de trabalhadores que perderam seus empregos”, presidente da Fiesc, Glauco José Côrte

16 AUMENTO DA OFERTA Ao contrário de 2015, energia pode ser heroína da inflação neste ano

SEU BOLSO

Perdeu o emprego? Especialista lhe ajuda a organizar as finanças

33 NOVIDADE

Porto de Paranaguá lança aplicativo para consultas sobre contêineres

20 INFRAESTRUTURA

41 LANÇAMENTOS

Fiesc quer ser parceira do governo estadual na política de transportes

Livros abordam as problemáticas do direito marítimo e portuário

24 DEBUTANDO

48 OPINIÃO

Terminal de navios de passageiros de Itajaí completa 15 anos de fundação

4 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios

Resultado esperado da balança comercial em 2016 é positivo



O ano para impulsionar a estabilidade

Se em anos anteriores os brasileiros puderam projetar crescimento nos mais variados setores, em 2016 o que todos querem é estabilidade. Não perder é o pensamento do empresariado que antes almejava lucrar. Uma expectativa razoável diante do momento de retração. Contudo, mesmo cautelosos, muitos tem em seu discurso para este ano um tom otimista. O otimismo está justamente na capacidade que as empresas e setores têm de inovar e se reinventar. É nessa renovação que muitos setores apostam para 2016. Empresários e dirigentes de entidades de classe dão suas perspectivas para esta 2016, que está apenas começando.

Hoje talvez o mecanismo mais importante que a indústria catarinense tem para se recuperar é a inovação. Aproveitar esse período para evoluir em termos de produtos, processos e a questão da qualificação dos trabalhadores. O Brasil precisa aproveitar a disponibilidade dos quase 1,5 milhão de trabalhadores que perderam seus empregos nos últimos 12 meses e fazer um forte programa de qualificação para que os profissionais possam retornar ao setor produtivo.

Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc)

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O empenho do Governo do Estado a frente do processo de gestão do Porto de Imbituba, está proporcionando sermos o Porto que mais cresce no sul do Brasil e, com isso, ajudando a impulsionar a economia na região sul de SC. Contamos com um crescimento ainda maior no ano de 2016, superando 4 milhões de toneladas movimentadas, consolidando um crescimento de 100% na movimentação desde

que a SCPar Porto de Imbituba assumiu o Porto.

Rogério Pupo, presidente

do Porto de Imbituba

O ano que passou foi desafiador no que diz respeito aos

volumes e aos serviços operados. Assistimos à indústria de

navegação reduzir escalas, ao preço do frete cair em níveis históricos e, como consequência, a maior parte dos terminais brasileiros precisou se adaptar comercialmente e revisar suas expectativas. Neste aspecto, a APM Terminals fez seu dever de casa. Com maior flexibilidade nas operações de cais, diversificação de cargas e serviços inovadores oferecidos aos exportadores e importadores, passamos a disponibilizar soluções integradas, facilitando a rotina dos nossos clientes. Foi um período de muito aprendizado e esperamos colher frutos em 2016. Sabemos que não será um ano fácil. Os indicadores macroeconômicos mostram pessimismo, mas para a APM Terminals, que pensa em longo prazo, o país continua sendo importante e cheio de oportunidades. O que precisamos, com urgência, é de celeridade nos processos que do nosso contrato de arrendamento de Itajaí.

dependem de aprovação do governo federal, como é o caso da prorrogação de prazo

Ricardo Arten, diretor-superintendente da APM Terminals Brasil TRANSPORTE DE CARGAS FRACIONADAS E LOTAÇÕES 28 anos transportando com agilidade e rapidez

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O ano de 2016 será, sem dúvida, desafiador. Com este clima de instabilidade, entendo que mais do que esperar algo deste novo ano, é 2016 que espera muito de nós. Temos a chance de repensar nossos valores e nos desvincular da ‘Lei de Gerson’ cobrando uma postura mais ética da classe política assim como de nós mesmos como cidadãos. Chegou o momento de questionarmos a pesada carga tributária que pagamos para sustentar uma

de Mercados Emergentes da Sutherland Global Services

máquina pesada e ineficiente e por outro lado sermos mais produtivos e empreendedores.

Jair Bondicz, Vice-presidente

Ao longo dos anos, a Portonave vem realizando expressivos investimentos, apresentando desempenho e resultados importantes. O processo é estruturado para atingir bons índices de produtividade e garantir o funcionamento de todo o conjunto. Iniciamos 2016 com a nossa área de expansão em pleno funcionamento, uma estrutura física bem estruturada e a disponibilidade de importantes linhas de navegação. A força e a disposição da nossa equipe é também um fator de destaque. Assim, estamos preparados para nos mantermos competitivos e crescermos de forma consistente apesar da conjuntura

econômica atual.

Osmari de Castilho Ribas, diretor-superintendente administrativo da Portonave 8 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios


Será um ano de muitos desafios e grandes oportunidades, estamos entusiasmados com o surgimento de novas demandas e estruturados para atendê-las.

Cristhian Werner, branch director da Blu Logistics

Apesar do quadro de instabilidade e das projeções negativas para este ano de 2016 o setor pesqueiro e qualquer outra área econômica do Brasil deve se manter cautelosa. Mas a cautela não pode impactar na qualidade e na produção. Na nossa área que já vem acumulando prejuízos nos últimos anos, por inúmeras dificuldades, existe uma necessidade neste ano de uma atuação mais forte junto ao governo federal para que possamos garantir incentivos, revisões de normativas e

uma política mais voltada para a valorização do produto nacional que hoje sofre prejuízos devido à concorrência

Jorge Neves, presidente do

com os importados. Mesmo assim é preciso destacar

Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi)

que somos uma das mais influentes economias do Brasil e do Estado e não é a primeira vez que passamos por planejamento e otimismo, vamos superar este momento.

uma crise econômica. Tenho certeza que com trabalho,

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Que em 2016 o Porto de Itajaí consiga, por meio de suas obras e ações, atender as demandas que o mercado lhe impõe, pois não existe porto porto eficiente e competitivo.

apenas operante, mas sim

Antonio Ayres dos Santos Jr, superintendente do Porto de Itajaí

É fato que iniciamos 2016 com uma situação um tanto quanto complicada, com o dólar batendo na casa dos R$ 4, com uma inflação beirando os 11% em 2015, alta dos combustíveis, alta da energia, uma séria crise política. Ou seja, todos os componentes imagináveis para desanimar

qualquer pessoa e, por incrível que possa parecer, é exatamente este cenário de dificuldades que incentiva os empresários a inventarem maneiras criativas para vencer. Temos no turismo local e nas atividades relacionadas o melhor exemplo disto, pois a alta do dólar fomentou o turismo nacional e como contamos com um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil, o turismo catarinense espera bater recordes neste ano, carregando consigo o crescimento de todos os ramos do comércio. Desta forma, a palavra de ordem é investir ao invés de retrair. Somente com estruturas e estoques adequados é possível aproveitar essa

procura por nossa região.

Marcello Petrelli, presidente da Intersindical Patronal 10 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios



10 passos F

para organizar as finanças em caso de desemprego

rente ao crescimento assustador dos índices de desemprego, é imprescindível falar sobre como o brasileiro deve agir caso esse problema o atinja. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que o Índice do Medo do Desemprego aumentou 36,8% em dezembro do ano passado em relação ao mesmo mês em 2014. Mas, se para quem está empregado existe o medo, para quem perde o emprego a situação é praticamente de desespero.

Contudo, o educador financeiro Reinaldo Domingos faz um grande alerta: nessa hora, é preciso estar centrado, por mais que possa parecer impossível. "É com os tombos que aprendemos a andar; assim, é hora de buscar uma reestruturação financeira, para atravessar esse período e, posteriormente, estar prevenido para imprevistos", destaca ele que é também presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Confira a seguir algumas orientações:

Pagar dívidas imediatamente?

Crie uma reserva emergencial

Caso perca o emprego, qual deve ser a primeira ação? Se estiver endividado, por mais que pareça correto querer quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, isso pode ser um erro, pois, se usar muito deste dinheiro, estará sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente. Então, planeje-se melhor em relação a esses valores antes de qualquer medida.

O desempregado tem de ter dinheiro guardado, para as despesas, mas, eventualmente, para investir também num curso e retomar a carreira. A primeira medida a ser tomada é reter os valores ganhos de fundo de garantia, seguro desemprego e férias vencidas. Esse dinheiro só deverá ser mexido após ser estabelecida uma estratégia.

Analise sua realidade É fundamental que tenha total domínio de seus números nesse momento, portanto, se deve saber o valor que possui guardado e somar com o que será ganho. Também deverá fazer um levantamento de todos os gastos mensais, minuciosamente, desde cafezinho até parcela da casa própria, nada deve passar despercebido. Em caso de dívidas e parcelamentos, esses devem ser também somados.

Congele ferramentas de crédito Cartões de crédito, cheque especial, cartão de lojas e outras ferramentas de crédito fácil devem ser prioritariamente esquecidas de sua vida; evite mesmo em caso de emergência, pois, caso não consiga pagar esses valores, os juros serão exorbitantes, criando um caminho de difícil volta. 12 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios


Faça uma faxina financeira

Mude seu padrão de vida

O que realmente é prioridade para a sua vida? Pense muito bem nessa questão, pois chegou a hora de cortar muitos gastos que não agregam à vida. Gastos que devem ser repensados pode ser de TV a cabo, celulares e smartphones, balada e ida a restaurantes, água e energia e outros pequenos gastos. Priorize o que é realmente é fundamental nesse período.

Sei que pode parecer difícil, pois já se acostumou com um monte de regalias, mas é hora de reestruturação, e não de manter a pose. Nos momentos de dificuldade, a humildade é um diferencial. Então, o primeiro passo para mudar sua realidade é aceitar que seu padrão de vida mudou, e não viver de aparências.

Fuja dos exploradores Infelizmente, por mais que seu momento seja de desespero, existem pessoas mal-intencionadas prontas para se aproveitarem dos seus temores. Não permita abusos; muitos tentarão tirar proveito de sua fraqueza para tentar obter vantagens. Evite promessas e garantias descabidas. Às vezes, é melhor estar com o nome sujo do que ser explorado pelas pessoas.

Negocie as dívidas Ainda falando de humildade, chegou a hora de buscar os credores e ser o mais franco possível, mostrar que não quer se tornar inadimplente, mas que também não possui condições de pagamento, buscando assim diminuir os juros e esticar os débitos. Lembrando sempre de priorizar dívidas com juros mais altos e com bens de valor como garantia.

Busque fazer bicos

Levanta e sacode a poeira

Por mais que não seja em sua área de atuação, busque fontes alternativas de ganhos. Chegou a hora de deixar o orgulho de lado e buscar garantir um mínimo de renda, por mais que não seja em sua área de atuação.

Agora é hora de buscar o mais rápido possível a recolocação profissional. Use seu network, se posicione como alguém que está à espera de oportunidades no mercado. Lembre-se, as oportunidades geralmente aparecem para quem está atrás delas. Esqueça o desânimo, levante a cabeça e olhe para o futuro.

Em Itajaí novo endereço: Avenida Coronel Marcos Konder, 789 - Centro - Itajaí - SC

Curitiba - Joinville - Blumenau - Navegantes - Itajaí - Balneário Camboriú - Florianópolis Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 13


Foto: Embrapa/Divulgação

Santa Catarina está habilitada a exportar carne suína para a Coreia do Sul

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Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca comemora a abertura do mercado sul coreano para a carne suína de Santa Catarina. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou que o governo da Coreia do Sul autorizou a importação de carne suína in natura produzida em Santa Catarina. Esta será a primeira vez que um estado brasileiro exporta carne suína para a Coreia do Sul. Segundo o secretário Moacir Sopelsa, esta é uma conquista importante para os suinocultores catarinenses e só foi alcançada após dez anos de negociações. “O nosso status sanitário diferenciado foi o fator decisivo para a abertura do mercado sul coreano. Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pela excelência sanitária de seus rebanhos, sendo o único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação e também livre de peste suína clássica, com certificados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)”. A Coreia do Sul, assim como o Japão, é um grande importador de carne suína e compra cerca de 800 mil toneladas do produto por ano. A expectativa é de que Santa Catarina envie, inicialmente, 33 mil toneladas de carne suína por ano para aquele país, o que representa uma receita de US$ 108 milhões. Atualmente, o Estado exporta quase 190 mil toneladas por ano e as vendas para a Coreia do Sul podem incrementar as vendas entre 17 e 20%. “As exportações para mercados mais competitivos, como Ja-

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pão e Coreia do Sul, provam que o nosso status sanitário diferenciado e a qualidade de nossos produtos trazem resultados efetivos, principalmente com a receita de nossas exportações. Todo o esforço dos produtores, setor público e iniciativa privada na busca da excelência sanitária está de fato gerando lucros”, ressalta Sopelsa. A autorização do governo sul coreano foi comunicada à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, pelo embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Lee Jeong Gwan. O secretário-adjunto Airton Spies acredita que as exportações catarinenses podem iniciar ainda este ano. “Com a autorização da Coreia do Sul foram dadas as condições para conclusão das formalidades de negociação de exportações, incluindo a emissão do certificado sanitário internacional e a habilitação das plantas exportadoras. Além disso, a abertura do mercado sul coreano deve impulsionar ainda mais a competitividade e investimentos do setor em Santa Catarina”. Santa Catarina é o maior produtor e exportador nacional de carne suína. São dez mil criadores integrados às agroindústrias e independentes, que produzem anualmente cerca de 850 mil toneladas de carne suína. Com um rebanho efetivo estimado em sete milhões de cabeças, Santa Catarina é responsável por aproximadamente 27% da produção nacional de carne suína e por 35% das exportações brasileiras. Os principais países de destinos da carne suína catarinense foram a Rússia, China, Angola, Cingapura, Chile, Japão, Uruguai e Argentina. •


Fapesc lança chamada para pesquisas em parceria com estado de Berlim

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Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) lançou chamada em parceria com o Estado de Berlim, da Alemanha, para viabilizar projetos na área de tecnologias ópticas avançadas, como pesquisas sobre fibras óticas e emissores de luz, além de processos de análise, produção e aplicação dessas tecnologias. O apoio é voltado a empresas catarinenses de pequeno ou médio porte que tenham parceria com empresas e instituições de ciência, tecnologia e inovação da Alemanha. As empresas terão um ano para concluir as pesquisas e a operacionalização do resultado deve ocorrer em Santa Catarina. Para se candidatar, a empresa não pode ter outro projeto em andamento apoiado pela Fapesc. “Esse é um modelo novo para promover a cooperação, centrado em inovação. O objetivo é a cooperação entre ecossistemas especializados em fotônica localizados em Santa Catarina e em Berlim, que é uma região de referência dessa tecnologia na Europa”, diz Carlos Alberto Schneider, ex-superintendente da Fundação Certi e atual

membro do Conselho de Curadores da Fundação, que também tem envolvimento no edital. A chamada está aberta até o fim de 2016 e será operada em fluxo contínuo até o final do ano. Serão destinados R$ 600 mil a esta chamada, e cada projeto poderá receber até R$ 60 mil. Cada proposta será analisada no mês seguinte ao seu envio, e a aprovação e contratação devem ser feitas no bimestre seguinte à submissão das propostas. O edital surgiu do acordo de cooperação em pesquisa, desenvolvimento e inovação assinado em 2014 pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável e o Estado de Berlim. O Berlin Partner, a Fapesc e a Fundação Certi assinaram um segundo memorando, para reforçar as pesquisas bilaterais ligadas à inovação. Em setembro de 2015 uma comitiva de representantes de empresas e de instituições de pesquisa da Alemanha visitou a Certi e realizou um workshop voltado para empresários catarinenses interessados em se instalar na região de Berlim.•

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 15


Aumento da oferta de energia pode estabilizar tarifas neste ano A expectativa para 2016 é de melhora na situação hidrológica e aumento da oferta de energia, com a entrada em funcionamento de novos empreendimentos de geração

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tarifa de energia elétrica foi uma das vilãs da inflação em 2015, com alta de 49% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre janeiro e outubro. A falta de chuvas, que reduziu o nível de água nos reservatórios das hidrelétricas e obrigou o acionamento de usinas termelétricas, foi um dos principais fatores para o aumento do custo da energia sentido na conta de luz da maioria dos brasileiros. O cenário deve melhorar para este ano. Na avaliação do Nivaldo de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as tarifas em 2016 tendem a subir em níveis

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próximos aos da inflação, porque a situação hidrológica deverá ser melhor e poderá haver aumento da oferta de energia, com a entrada em funcionamento de novos empreendimentos de geração. “Isso parece indicar que não vamos ter grandes aumentos no ano que vem, tendendo a subir dentro dos níveis inflacionários”, afirmou o coordenador. Apesar disso, o sistema de bandeiras tarifárias, que permite o repasse mensal dos custos extras da geração de energia térmica para as contas de luz do consumidor, deve continuar sendo acionado pelo governo, de modo a evitar que as distribuidoras de energia tenham novamente problemas financeiros. “O governo deve deixar as bandeiras hasteadas”, acrescentou Castro. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que as condições hidrológicas e climáticas previstas para 2016, com previsões de chuvas provocadas pelo fenômeno climático El Niño nas regiões sul e centro-oeste, devem garantir o atendimento à demanda de energia do Brasil. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado recentemente pelo Banco Central, o El Niño poderá resultar em uma redução nas tarifas de energia elétrica, por causa do aumento do nível dos reservatórios. O documento constata que uma eventual troca de bandeira vermelha para amarela reduzirá a inflação em 0,18 ponto percentual. Se houver troca de bandeira de vermelha para verde, a redução na inflação será de 0,36 ponto percentual. Outro fator que pode influenciar positivamente o cenário deste ano é a redução do valor repassado para cobrir a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) . Em 2015, o montante foi calculado em R$ 18,9 bilhões e, para 2016, o repasse deverá ser de R$ 12,1 bilhões, o que, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), poderá gerar um impacto negativo de 4,56% nas tarifas.


Reajustes Por causa dos custos extras que as distribuidoras tiveram desde o ano passado com a compra de energia termelétrica, a Aneel aprovou, em fevereiro, a revisão tarifária extraordinária, com aumento médio de 23,4%. Os maiores reajustes foram para as distribuidoras AES Sul (39,5%), Bragantina (38,5%), Uhenpal (36,8%) e Copel (36,4%). Somou-se a isso os reajustes das tarifas que acontecem todos os anos, e são calculados de acordo com a realidade de cada distribuidora. Além desses aumentos, entrou em vigor, no primeiro dia de 2015, o sistema de bandeiras tarifárias. Em todos os meses do ano, a bandeira acionada foi a vermelha, que indica um custo maior para a geração de energia. O valor extra cobrado na conta de luz começou em R$ 3 para cada 100 quilowatt-hora consumidos, mas, em março, aumentou para R$ 5,50 para cada 100 kWh. Em

setembro, com o desligamento das termelétricas mais caras, o valor passou para R$ 4,50.

Renovação das concessões Ano passado, o governo prorrogou por 30 anos a concessão de 39 distribuidoras de energia que estavam vencendo entre 2015 e 2017, exigindo como contrapartida o cumprimento de metas de qualidade e de gestão, inclusive econômico-financeira, sem repassar investimentos para tarifas. Para o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a assinatura dos contratos para prorrogação das concessões representa o início de um novo ciclo tarifário. A expectativa de Braga é que, em 2018, o país consiga chegar a uma tarifa internacionalmente competitiva.• Agência Brasil

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Instituições financeiras projetam queda da economia em 2,95%, este ano

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economia brasileira deve encolher 2,95%, este ano, de acordo com projeções de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC). Esse foi o 13º ajuste consecutivo na projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB). No boletim Focus divulgado na semana passada, a estimativa estava em 2,81%. A queda estimada para a produção industrial é 3,5%, este ano. Para as instituições financeiras, o encolhimento da economia vem acompanhado de inflação acima do teto da meta (6,5%), em 6,87%. Na semana passada, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 6,86%. O centro da meta de inflação é 4,5%. O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a Selic, elevou a taxa por sete vezes consecutivas. Nas reuniões do comitê em setembro, outubro e novembro de 2015, o Copom optou por manter a Selic em 14,25% ao ano. Na reunião do Copom deste mês, as instituições financeiras esperam que a Selic suba para 14,75% ao ano. Ao fim de 2016, a projeção para a Selic é 15,25%. A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de

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demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. A pesquisa do Banco Central também traz a projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) que permanece em 6,14%, este ano. Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), a estimativa foi ajustada de 6,48% para 6,51%. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) segue em 5,81%. A projeção para a alta dos preços administrados permanece em 7,5%. A projeção para a cotação do dólar subiu de R$ 4,20 para R$ 4,21, no fim deste ano. A estimativa para o déficit em transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e as transferências de renda do país com o mundo, passou de US$ 38,6 bilhões para US$ 38,5 bilhões, este ano. A estimativa para o superávit comercial (exportações maiores que importações de produtos) subiu de US$ 33 bilhões para US$ 35 bilhões. O investimento direto no país (recursos estrangeiros que vão para o setor produtivo) deve chegar a US$ 55 bilhões. A dívida líquida do setor público deve chegar a 40% do PIB, de acordo com a estimativa das instituições financeiras.• Agência Brasil


Economia&Negócios • Novembro 2014 • 19


Fernando Willadino

Côrte apresentou projetos que a FIESC considera prioritários

Fiesc propõe parceria com governo para consolidar política de transporte Federação sugere centralização das estratégias para a área na secretaria de planejamento, com apoio da iniciativa privada na formulação e acompanhamento das políticas

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Fiesc entregou ao governador Raimundo Colombo correspondência em que pede o apoio do governo estadual à agenda de infraestrutura da indústria catarinense. A primeira sugestão foi de que o governo centralize na Secretaria de Planejamento o planejamento sistêmico e integrado da logística de Santa Catarina, com a instituição de um comitê composto por integrantes dos setores público e privado. “Temos grande experiência na articulação de várias entidades que podem contribuir para melhorar a política de transporte e logística em Santa Catarina”, defendeu o presidente da federação, Glauco José Côrte. O industrial ressaltou a urgência do encaminhamento das soluções para os aspectos que prejudicam a competitividade da indústria. Ele defendeu, por exemplo, mudanças no modelo de concessão das rodovias BR-153 e BR-282, pois o formato apresentado tende a facilitar o

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embarque de cargas em Paranaguá, em detrimento dos portos catarinenses. Outra sugestão foi para a atualização do plano aeroviário catarinense, tendo em vista que o atual é de 1990, quando o Estado tinha 4,6 milhões de habitantes, registrava 500 mil passageiros e um total de cargas de 6,5 mil toneladas. Hoje, o Estado possui 6,7 milhões de habitantes, 6 milhões de passageiros e demanda para cargas aéreas de 12,9 mil toneladas. Côrte ainda salientou a necessidade de projeto para ampliação do trecho norte da BR-101, a solução para os entraves que impedem a construção da Ferrovia Litorânea, além de adequações nos calados, bacias de evolução e acessos aos portos catarinenses. Côrte citou estudo da Fiesc mostrando que o custo logístico da indústria catarinense é de 14%, sendo que metade desse montante é gasto com transporte. “No Brasil a média é de 11%. Em outros países que competem conos-


co é da ordem de 9%, então nosso produto já sai da porta da fábrica em desvantagem em relação aos outros Estados brasileiros e a outros países”. O presidente da Fiesc também fez referências ao impacto das tarifas da energia elétrica ao setor produtivo, criticando a política da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que resulta em custos elevados do insumo à Celesc. “Além disso, recentemente o Congresso Nacional aprovou a renovação de tarifas subsidiadas para indústrias eletrointensivas do nordeste, centro-oeste e o sudeste, deixando de fora o norte e o sul”, observou. Côrte reafirmou a importância do projeto de previdência do setor público estadual. “Apoiamos a iniciativa do governo para evitarmos que no futuro um novo custo recaia sobre a sociedade. Na medida em que o déficit for acumulando, quem vai pagar a conta serão os contribuintes catarinenses. A receita que o governo tem é da sociedade, dos que empreendem e geram riqueza”. O industrial abordou ainda o apoio da entidade ao plano de educação, também lançado pelo governo do Estado e destacou a parceria que resultou na agência de atração de investimentos. O governador Raimundo Colombo reafirmou sua disposição de não elevar impostos e salientou que o Brasil precisa de “mudanças estruturais, de impacto no longo prazo”. Citou como exemplo o projeto encaminhado por

seu governo para a previdência dos servidores públicos estaduais. “Precisamos de uma mudança da conscientização; construir um caminho mais consolidado do Brasil que queremos fazer”. “O Estado brasileiro está se tornando inviável de ser administrado”, disse. Ele criticou o excesso de burocracia e o que chama de judicialização das decisões. “Este ano tivemos mais de R$ 300 milhões em pagamentos de decisões judiciais. Hoje quem dá remédio para doente não é mais o médico, mas o advogado e o juiz que dá a sentença”, exemplificou. Conforme Colombo, pela primeira vez nos últimos anos Santa Catarina fechou o ano com um déficit de arrecadação – da ordem de R$ 1,2 bilhão. Mas assegurou que o governo fechará as contas de 2016 “com absoluto equilíbrio”. O secretário de Estado da Fazenda, Antônio Gavazzoni, destacou ações do governo catarinense para evitar aumento de impostos e para reduzir o custo da máquina administrativa. “Temos a ambição de uma carga tributária justa e estamos evitando que ela continue crescendo. Este ano, 18 Estados brasileiros elevaram o ICMS”, disse. “Em 2015, a administração pública indireta do Estado reduziu em 1/3 o número de profissionais contratados e, na administração direta, extinguimos 200 cargos comissionados”, afirmou.• Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 21


Julio Cavalheiro / Secom

"Crise é uma oportunidade para rever e corrigir o que está errado", afirma Raimundo Colombo

O governador defendeu uma aproximação ainda maior entre poder público e privado para enfrentamento da crise ao longo de 2016 e, de forma conjunta, rever e corrigir rumos para garantir a permanência de Santa Catarina como referência econômica

"Não são mudanças de governo para fechar as contas. São mudanças estruturais para garantir a saúde financeira do Estado para os próximos anos. O momento de crise é uma oportunidade para rever e corrigir o que está errado, para fazer uma mudança verdadeira do modelo de Estado", afirmou Colombo, citando o aprimoramento da gestão, o combate a burocracia e a diminuição do tamanho da máquina pública como medidas necessárias. Colombo destacou também o bom ritmo de investimentos do governo catarinense, o que, ao mesmo tempo, melhora a infraestrutura estadual e dinamiza a economia 22 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios

com a geração de empregos. Apenas em 2015, o governo do Estado investiu mais de R$ 3 bilhões pelo Pacto por Santa Catarina. O programa é o maior pacote de obras da história do Estado, com mais de R$ 10 bilhões em investimentos em diferentes frentes. São reformas e construções de escolas e hospitais, revitalização de mais de mil quilômetros de rodovias, planos de combate à seca e prevenção de enchentes. Neste ano, também foram lançados pacotes de incentivos para segmentos estratégicos, como os portos, para o setor de inovação e para a produção de energia


limpa. Entre medidas de ajustes administrativos, estão os projetos de fusão das agências reguladoras em Santa Catarina e de transformação das Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs) em Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs), com redução do número de cargos comissionados e funções gratificadas. O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, destacou a importância de parcerias entre a federação e o governo do Estado, citando a recém criada agência para atração de investimentos inovadores e complementares à cadeia produtiva catarinense. Também parabenizou o governador Colombo por "propostas corajosas" para manutenção da saúde financeira do Estado, como as mudanças no sistema de previdência dos servidores. "São questões necessárias e que interessam a toda a sociedade, porque se o atual déficit da previdência continuar crescendo e se acumulando, quem pagará a conta são todos os contribuintes catarinenses", acrescentou. Côrte destacou também a postura do atual gover-

no contra o aumento de impostos, lembrando que deste o início do primeiro mandato do governador Raimundo Colombo não houve aumentos das alíquotas de cobrança do ICMS em Santa Catarina. Também presente no evento, o secretário de Estado da Fazenda, Antonio Gavazzoni, ressaltou a vocação empreendedora dos catarinenses, fator que contribui muito para o fortalecimento da economia em momentos de instabilidade como o que o Brasil enfrenta atualmente. Sobre a gestão pública, Gavazzoni explicou que para lidar com o cenário de arrecadação crescendo menos do que a inflação, o governo do Estado tem aprimorado cada vez mais o controle de caixa para manter o equilíbrio das contas públicas, o que sempre foi uma obsessão do atual governo. E mesmo com as atuais adversidades, lembrou que o governo catarinense está com as contas em dia, inclusive com antecipação do 13º salário e do salário de dezembro para os servidores.•

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 23


Terminal náutico de passageiros de Itajaí completa 15 anos

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o dia 14 de janeiro de 2001 atracou no então denominado Píer Turístico de Itajaí o primeiro navio de passageiros a utilizar uma estrutura especialmente destinada a transatlânticos no sul do Brasil. O navio que inaugurou esta iniciativa ousada e inovadora foi o Princess Danae, da empresa armadora Arcalia Shipping. Desde então, 38 transatlânticos diferentes já atracaram na estrutura exclusivamente construída pela superintendência do Porto de Itajaí, trazendo à cidade mais de 340 mil turistas nacionais e internacionais em 283 atracações. O impacto econômico propiciado pelo terminal de passageiros de Itajaí pode ser medido por meio de pesquisa realizada pela Federação

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de Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC) na temporada de 2013/2014, que demonstrou que dos passageiros que chegam à cidade de outros locais ou que embarcam aqui mesmo para viagens nacionais ou de longo curso, 74,5% ficam em Itajaí gastando a média de R$ 159,38 por pessoa. Outros 19,6%$ visitam Balneário Camboriú,2,9% o Beto Carrero World e 3% visitam outras cidades da região, como Blumenau ou a capital Florianópolis. Numa projeção possível desse valor médio gasto, multiplicado pelo número de passageiros que aqui aportam e circulam pela cidade, é possível calcular um incremento de R$ 35,8 milhões na economia de Itajaí ao longo desses


quinze anos. Contar com um terminal exclusivo para passageiros também para a superintendência do Porto de Itajaí é um bom negócio. Segundo o superintendente Antônio Ayres dos Santos Junior, cada temporada de cruzeiros traz aos cofres da autarquia cerca de R$ 1,8 milhão, recursos que o Porto não entraria caso não houvesse o terminal exclusivo. O prefeito Jandir Bellini, que estava à frente da administração da cidade em 2001, comemora o sucesso do terminal de Passageiros nestes quinze anos e a diversificação de fonte de recursos que ele permitiu ao porto, além do incremento no turismo da cidade: “Além de ser uma fonte de recursos complementar ao Porto de Itajaí, o município ostenta o status de contar com o primeiro terminal de transatlânticos fora do porto mercante alfandegado e que tem sua eficiência reconhecida por quem o utiliza”. A afirmação de Bellini é confirmado pelo portal Trip Advisor, um, dos mais importantes do trade turístico, cuja a avaliação dos usuários é muito positiva, uma vez que 68% dos

viajantes o consideram excelente ou muito bom. O superintendente do Porto de Itajaí na época da inauguração, engenheiro Amilcar Gazaniga, relembra o que motivou a cidade a construir o píer e elogia a iniciativa do prefeito Jandir Bellini em ter bancado o investimento: “A construção do então Píer de Passageiros de Itajaí, hoje já um terminal, com toda a infraestrutura necessária para operações de embarque e desembarque, foi um grande avanço, não a penas para Itajaí, mas para toda a região, que se beneficia do turismo náutico”, afirma Gazaniga. O aniversário de quinze anos da primeira atracação no Terminal Turístico de Itajaí será na próxima quinta-feira, 14, mas placa comemorativa à data será descerrada nesta sexta-feira, 08, às 09h, em virtude de estar programada a atracação do navio Crystal Symphony, que já esteve na cidade em fevereiro de 2012 trazendo turistas ingleses e alemães. Na ocasião, a Superintendência do Porto de Itajaí comemora com turistas, pessoal envolvido nas operações de embarque e desembarque, e com os itajaienses o sucesso dessa estrutura turística.•

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 25




Inflação favorece a movimentação turística na região Estado recebe turistas do Mercosul e do Brasil em peso e já registra bons números principalmente na hotelaria e na gastronomia

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onforme levantamento da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, a movimentação turística em Santa Catarina foi de cerca de quatro milhões de pessoas desde o início de dezembro de 2015 até os primeiros dias de janeiro de 2016. Somente em Itajaí, a estimativa da Secretaria Municipal de Turismo é de que 180 mil veículos de turistas transitem pela cidade até o fim desta temporada. “O movimento diário está sendo percebido tanto nas rodovias quanto no terminal rodoviário. É grande a quantidade de pessoas circulando pela cidade”, afirma o secretário de Turismo da Itajaí, Agnaldo Silva. 28 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios

Conforme o levantamento do governo estadual, entre os quatro milhões de visitantes estão catarinenses, estrangeiros e pessoas de outros estados do Brasil. Cerca de 65% dos visitantes escolheram as cidades e praias das regiões Costa Verde e Mar e Grande Florianópolis. Os demais, aproximadamente 35%, dividiram-se entre o Litoral Norte, nos balneários da região turística Caminho dos Príncipes, Litoral Sul, nas regiões Encantos do Sul e Caminho dos Canyons, Serra catarinense, além de Vale do Contestado e Grande Oeste, devido aos balneários de águas termais. Os principais mercados emissores internacionais são


Argentina, Chile e Uruguai, que se favorecem do real desvalorizado. Isso tem feito com que os “gringos” lotem as praias da região. Na hotelaria, o aumento do número de visitantes foi percebido antes mesmo do Natal. A média de ocupação tem ficado entre 80% e 100%. “Muitos brasileiros que deixaram de ir para o exterior e os turistas do Mercosul estão na nossa região. Esse real em baixa nos favorece muito, apesar de o Carnaval ser cedo neste ano, no início de fevereiro, teremos movimento intenso até abril”, comenta a vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Balneário Camboriú e Região, Dirce Fistarol.  Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 29


Os cruzeiros também vão impulsionar ainda mais o turismo. Serão, até o fim da temporada, 28 escalas de navios em Porto Belo e 16 em Itajaí

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Em Itajaí outro atrativo além das belezas naturais tem sido a gastronomia. De acordo com o secretário, os investimentos em capacitação e em festivais realizados no ano passado fizeram a cidade crescer nesse segmento. A expectativa é encerrar a temporada de verão com a movimentação turística de 8 milhões de pessoas em Santa Catarina.

Hermanos aos montes No Aeroporto Hercílio Luz, conforme a Infraero, o número de pousos aprovados de voos charter é de 385 (sendo 267 da Argentina, 97 do Chile, 11 do Paraguai, 10 do Uruguai). Já os voos extras nacionais são 312. Durante a temporada 2014/2015, foram 231 voos nacionais extras, ou seja, o crescimento é de cerca de 35%. No total, durante esta temporada serão 697 pousos a mais, entre os voos charter e extras. “Nossa expectativa foi superada, já que acreditávamos que esse número seria de 600 voos”, comemora o secretário de Estado do Turismo, Filipe Mello. Os cruzeiros também vão impulsionar ainda mais o turismo. Serão, até o fim da temporada, 28 escalas de navios em Porto Belo e 16 em Itajaí. Em relação aos ônibus, a maior empresa que faz a linha Buenos Aires-Florianópolis está operando com cinco ônibus diários até o dia 31 de janeiro. Já a companhia que possui linhas que partem do Uruguai opera com três a quatro ônibus diários em janeiro, conforme demanda, também com chegada na capital catarinense.


Altos custos refletem na movimentação de bares e restaurantes Apesar de festejado pelo número recorde de turistas, o início da temporada de verão revelou queda no movimento de bares e restaurantes do litoral catarinense em comparação ao anterior, principalmente pela elevação dos custos. Os dados constam da pesquisa de satisfação realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Santa Catarina entre 21 de dezembro e 3 de janeiro, que coletou informações de 100 estabelecimentos de todo o litoral catarinense. “São dados significativos que denotam a crise econômica do país e o aumento dos preços de aluguéis, insumos, carga tributária, mão de obra e outros ônus do setor”, afirma o presidente da entidade, Fábio Queiroz. Quanto ao movimento, 82% dos entrevistados o acharam excelente ou muito bom em todo o Estado – na consulta anterior foram 90%. O problema da alta dos custos foi detectado significativamente – enquanto nesta pesquisa foi apontado por 26% dos proprietários, no ano passado foi citado por somente 7% deles. Para 52% dos proprietários o poder aquisitivo dos clientes permaneceu igual, mas 35% o consideraram in-

ferior. Entre os visitantes de fora de Santa Catarina, novamente a maior parte foi de paulistas, seguida dos paranaenses e gaúchos (praticamente empatados). Notou-se uma presença significativa também de mineiros e goianos. Quanto ao número de estrangeiros, 36% dos entrevistados apontaram aumento. Mesmo com o problema da crise, a expectativa até o fim da temporada é positiva, com 51% dos proprietários apostando que será melhor que a passada – 37% pensam que será igual e 12%, pior. “O otimismo é uma característica do setor em nosso estado e muitos estão tentando segurar os preços e a própria equipe de trabalho”, diz Queiroz, referindo-se à mão de obra das casas. Neste ano, 72% disseram estar satisfeitos com o grupo de colaboradores, enquanto este percentual era de 57% em 2015. “O desemprego aumentou e está mais fácil contratar. Além disso, a sazonalidade diminuiu, o que contribui para a manutenção das equipes”, explica. A grande reclamação da elevação dos custos acabou mascarando outros problemas, como o trânsito. No ano passado 43% disseram ser a principal dificuldade, enquanto em 2016 o gargalo foi apontado somente por 20%. •

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 31


PortosdoBrasil Franciele Matos

Porto de Imbituba encerra 2015 com crescimento na movimentação de cargas

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Porto de Imbituba fechou 2015 com crescimento no volume de cargas movimentadas em relação ao ano anterior. Só no mês de dezembro, foram movimentadas mais de 368 mil toneladas. O resultado anual ultrapassa as 3.384.830 toneladas. Este crescimento é muito significativo pois, em um ano em que a economia brasileira vem sofrendo quedas vertiginosas nos indicadores econômicos, superar os patamares conquistados em 2014 demonstra o comprometimento de todos com o desenvolvimento do Porto de Imbituba. A administração destaca que este cres-

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cimento foi alavancado principalmente pela exportação de granéis agrícolas (soja, milho e sorgo). "Além disso, queremos compartilhar os méritos desta vitória com toda a comunidade portuária, em especial aos funcionários, clientes, arrendatários, operadores e trabalhadores portuários. Temos plena convicção que 2016 será um ano extremamente positivo para o porto e que estamos preparados para enfrentar os desafios impostos pelo cenário econômico, consolidando o Porto de Imbituba como uma das principais soluções logísticas do sul do país", informou.•


PortosdoBrasil

TCP lança aplicativo para celular e tablets

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TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, acaba de disponibilizar para seus clientes e parceiros um aplicativo gratuito, o app Portal do Cliente, que está disponível para celulares e tablets, e permite que o usuário faça consultas sobre contêineres, agendamentos e programações de navios. O aplicativo pode ser baixado nas lojas eletrônicas Google Play (www.play.google.com.br) e Apple Store (www.store.apple.com.br), disponível para os sistemas Android e iOS. “Com o app, o cliente ou parceiro da TCP consegue acessar informações que antes só estavam disponíveis pelo site Portal do Cliente. Com isso, será possível

acompanhar a movimentação de cargas, de qualquer lugar e a qualquer hora. Basta estar conectado”, explica o diretor financeiro da TCP, Alexandre Teixeira Rubio. Para o acesso às informações do aplicativo, o usuário deverá utilizar o mesmo login e senha utilizados no Portal do Cliente da TCP. Através dele, é possível acompanhar informações sobre contêineres cadastrados, inventário de contêineres, contêineres e cargas agendadas e a programação de navios. O aplicativo está em funcionamento desde o início de dezembro e foi desenvolvido pela equipe de Tecnologia de Informação do terminal.•

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PortosdoBrasil João Souza/Divulgação

Operação inédita na APM Terminals Itajaí movimenta módulos para plataforma de petróleo

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ma operação inédita na APM Terminals – empresa arrendatária do Porto de Itajaí – movimentou três módulos de cerca de 1,5 mil toneladas cada para a montagem de uma plataforma de petróleo em alto mar. A gerência da APM Terminals ficou mais de 10 dias envolvida diretamente em todo o planejamento da operação. Desde junho de 2015, esta é a sexta operação de carga geral no terminal e faz parte da estratégia de diversificar a atividade no porto itajaiense para atrair mais mercados e negócios. A operação ocorreu pouco antes do Natal. “São ótimas oportunidades comerciais, principalmente porque não afetam a atividade principal do terminal, que é a movimentação de contêiner”, explica o gerente comercial da APM Terminals Itajaí, Felipe Fioravanti.• 34 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios


Mudança no cálculo faz Itajaí retornar à segunda posição no ranking de cidades mais ricas de SC

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tajaí retornou para a segunda colocação no ranking das cidades mais ricas de Santa Catarina, realizado pelo IBGE. O novo cálculo apresenta a indústria da transformação como maior força em comparação às atividades portuárias, colocando novamente Joinville como o primeiro PIB do Estado. A prefeitura de Itajaí acredita que o município permaneceria em primeiro lugar caso a base de cálculos fosse mantida. Entre 2012 e 2013, Itajaí cresceu 12,5%, mas o número não foi significativo para manter-se como principal economia de Santa Catarina. Os dados divulgados pelo IBGE correspondem ao ano de 2013, quando, de acordo com o instituto, a economia de Itajaí se manteve em crescimento, sem retrações. O prefeito de Itajaí, Jandir Bellini, garante que o mu-

nicípio é líder na geração de tributos federais em Santa Catarina. A queda no ranking não preocupa a autoridade, sendo que Bellini diz que nada é competição. “Nosso objetivo é fazer com que Itajaí continue crescendo assim como Santa Catarina”. O novo balanço do IBGE apresenta Joinville com um PIB de R$ 21,9 bilhões; Itajaí de R$ 15,3 bilhões e Florianópolis vem logo a seguir, com R$ 14,6 bilhões. O último ranking foi elaborado a partir de um novo cálculo, aperfeiçoado para seguir padrões internacionais recomendados por órgãos como a ONU, OCDE E Bando Mundial. A mudança serve para garantir uma comparação e calibragem mais apurada entre as economias. Na prática, itens antes considerados como despesa passaram a integrar investimentos.•

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 35


ENTREVISTA

Economista dá dicas para começar 2016 no azul Tentar quitar os débitos sem parcelamentos longos é uma das ferramentas para se manter no controle das contas

Foto: Facebook

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uita gente foge do controle no fim do ano e gasta mais do que deveria, assim começa o novo ano no vermelho. Manter o controle sobre as finanças é assunto delicado, mas para o economista e mestre em sociologia política, Eduardo Guerini, é possível começar 2016 com o pé direito. A estratégia é medir os gastos e ter consciência de suas compras. Para Guerini, os altos gastos elevam cada vez mais o consumismo e, consequentemente, ao endividamento. Gastos supérfluos, sem necessidade, afetam as finanças. Em entrevista, o economista deu algumas dicas para começar o ano de 2016 com a cabeça fria, sem se esquentar com as dívidas. Para o próximo ano, a cotação do dólar deve continuar aumentando, então é necessário atenção para não se enrolar com as contas.

Revista Portuária - Como a ciência política explica o atual cenário político e econômico brasileiro? Eduardo Guerini - A deterioração das condições de governabilidade colocaram em xeque o chamado “presidencialismo de coalização” alicerçado pelos escândalos de corrupção que envolvem as siglas do consórcio governista majoritário (PT, PMDB, PP) e, assustadoramente, os partidos oposicionistas não apresentam uma agenda para o atual cenário político e econômico brasileiro. No repetido bordão “nunca na história desse país” se viu tamanha desfaçatez de uma “canalha política” que governa o Brasil. A inoperância e inércia da atual mandatária do Planalto Central é algo assustador. O que resta aos brasileiros é protagonizarem uma revo36 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios


ENTREVISTA recurso interessante para quem quer guardar dinheiro como CDI ou Tesouro Direto? Qual o senhor indicaria? Eduardo Guerini - As aplicações tem diversas considerações para pequenos, médios e grandes investidores. Em termos gerais evitar recursos aplicados em fundos RP - Qual a projeção do dólar para 2016? Eduardo Guerini - O cenário de recessão econômi- variáveis, bolsa de valores, aplicando em mix de investica agravado pela inflação ascendente (na casa dos dois mentos nas carteiras de CDI, que dependendo do prazo dígitos), a falta de um ajuste fiscal adequado para má- poderão resultar em proteção dos recursos em relação ao quina pública brasileira, levará a nova ação das agências nível inflacionário atual. As aplicações no Tesouro Direto são recomendáveis, considerando as taxas de de classificação de risco – o chamado downadministração. Considerando que, é provável grade proporcionará uma escalada do dólar uma nova elevação da taxa de juros Selic, esta para casa de R$ 4,25 no primeiro trimestre de 2016, podendo chegar a até R$ 4,75 no O que resta aos é uma aplicação recomendável. As aplicações final do ano. De forma simbólica, as expecbrasileiros é em poupança deverão ser evitadas diante da perda de rentabilidade nos últimos meses. tativas dos agentes econômicos é de que a deterioração da capacidade das empresas protagonizarem RP - Se eu não tenho dinheiro para brasileiras e do próprio governo em sair da uma revolução arcar com as contas todas de início do ano crise poderá elevar ou reduzir a cotação da no sistema como IPTU, IPVA, etc. é preferível parcelar moeda estrangeira. ou fazer um empréstimo para quitar esses político que débitos? RP - O que se deve fazer em 2016 permitirá uma Eduardo Guerini - A palavra de ordem para manter o controle sobre as finanças? é parcimônia nos gastos e prudência com a Até quanto do salário uma pessoa deve alternância renda consumida. Para as contas não é recogastar? positiva mendável contrair empréstimos, dado que, a Eduardo Guerini - Em tempo de crise, taxa de juros praticados pelos bancos é escora ordem para qualquer cidadão ou empresa chante. Na eventualidade de não ter condié ter preferência pela liquidez, evitando financiamentos ou empréstimos de curtíssimo, curto, médio ções de pagar IPVA, tente programar atrasos que evitem e longo prazo. A retração da demanda, redução de gastos a apreensão do veículo, dado que a multa e correção são e manutenção de uma reserva mínima da ordem de 30% menores que as taxas de juros do mercado. Se o indivíduo da renda recebida de ser a matriz de consumo das famílias não tem condições de pagar seguro e IPVA, deverá vender ou indivíduos. Concisamente, nada de gastos e de presen- o veículo, retirando esta despesa em relação à renda. No tes que elevam o consumismo e o endividamento, nada de caso do IPTU, serve o mesmo raciocínio, deixe para pagar gastos supérfluos, nada de viagens, o essencial é fácil de em campanhas que retiram correção e multa, dado que os aumentos destes impostos em relação ao reajuste salarial manter, o difícil de manter é o supérfluo. são incompatíveis. Aproveite as campanhas e promoções RP - Em termos de poupança, existe algum outro com desconto de tais tributos.• lução no sistema político que permitirá uma alternância positiva, ou seja, é chegada a hora de se fazer um “recall legislativo”.

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 37


Artigo

As cooperativas e o cenário econômico

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ano foi difícil para as cooperativas que, no mercado, enfrentam as mesmas dificuldades e desafios das empresas mercantis. As cooperativas não repetirão os bons resultados de 2014, mas terão resultado positivo em menor escala. Acredito que a receita operacional bruta das cooperativas cresce entre 6% e 8%. O recrudescimento da inflação, com o aumento geral dos principais insumos da produção foi nosso maior problema. A economia está lenta, quase parando, e a inflação não cessa. Isso comprova o enorme fracasso da política macroeconômica do governo federal. De um modo geral todos os ramos foram afetados. As cooperativas agropePor Marcos Antonio cuárias e as de crédito são aquelas com Zordan, melhor desempenho. As cadeias produtivas presidente da avicultura industrial, da suinocultura inPor Milton Lourenço da Organização das Presidente da Fiorde dustrial, do leite e dos grãos geraram um Cooperativas do Estado de Logística Internacional e grande movimento econômico, estimuladas Santa Catarina (Ocesc) diretor do Sindicato dos pelas exportações e pelo comportamento Comissários de Despachos, do câmbio. O aumento geral dos custos, enAgentes de Cargas e tretanto, reduziu as margens de resultado. Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) ePor da outro lado, as cooperativas de crédito aumentaram seu protagonismo no mercado Associação Nacional dos financeiro, com crescimento do número de Comissários de Despachos, e no volume das captações e das Agentes de Cargasassociados e Logística (ACTC) operações de crédito. Infelizmente, as projeções não são boas. O consumo vai diminuir e o desemprego aumentar. O ambiente de negócios no Brasil não é bom. O nível de confiança de todos os agentes econômicos - especialmente dos empresários - está baixo. O governo tem se revelado incompetente para gerir as crises que ele próprio criou. Entretanto, quem estiver operando, trabalhando com uma cooperativa tem chance de se sair melhor. Sempre devemos estar preparados, principalmente no que tange a informações e conhecimento, que acompanhado de muito trabalho, certamente a crise será mais amena. Com essa visão é que o Sescoop tem atuado com investimento muito grande nos associados, funcionários e dirigentes das cooperativas. Mas nem tudo são pedras. Em 2016, o Sescoop/SC investirá 22 milhões de reais nas atividades de formação profissional 38 • Janeiro 2016 • Economia&Negócios

e demais ações. Os principais programas mantidos pelo Sescoop/SC incluem formação e capacitação profissional, promoção social, monitoramento e desenvolvimento de cooperativas, ações centralizadas, ações delegadas, auxílio educação, programa Cooperjovem, programa jovens lideranças cooperativistas (JovemCoop), mulheres cooperativistas, jovem aprendiz, auxílio-educação, programa de desenvolvimento da gestão de cooperativas (PDGC), formação para conselheiros administrativos e fiscais para cooperativas de crédito (Formacred) e monitoramento e auditoria em pequenas cooperativas. Outra notícia positiva é que a participação da mulher no quadro social das cooperativas de SC chegou a 37,20% (são 651.422 pessoas do sexo feminino) e deve crescer mais: até o fim deste ano de 2015, as mulheres representarão cerca de 40% do quadro de associados das cooperativas. O - Programa Mulheres Cooperativistas -, que visa a promoção e a sustentabilidade da cooperativa e do cooperativismo, aumentando a participação feminina nesse processo, será ampliado para mais cooperativas e o encontro estadual será ampliado de 700 para 1.200 mulheres. Também é expressiva a participação de jovens até 25 anos no quadro social: eles são 14,61% ou 255.400 jovens. Serão ampliados os programas Jovemcoop (destinado a filhos de produtores rurais associados às cooperativas catarinenses) e o COOPERJOVEM em parceria com a rede de escolas públicas para promover a cultura da cooperação. Nós, os cooperativistas, estamos acostumados com desafios. Respondemos por 11% do PIB catarinense. A força do cooperativismo barriga-verde está nas suas 253 cooperativas que reúnem mais de 1,7 milhão de famílias associadas. Continuaremos trabalhando de forma Cooperada para que sejamos cada vez mais os protagonistas da mudança. Esperamos que o associado operem cada vez mais com suas cooperativas e que suas diretorias, com a autogestão, continuem o trabalho democrático e participativo junto ao quadro social. •


Fecomércio SC capacita sindicatos para fortalecer imagem e posicionamento no mercado “Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas”, já aconselhou Sun Tzu, apontado como um dos maiores estrategistas militares e autor do famoso livro A Arte da Guerra. Para ajudar a fortalecer os sindicatos de sua base e reforçar seu posicionamento no mercado, a Fecomércio SC conta com um projeto piloto de capacitação para a Pesquisa de Imagem Institucional, desenvolvido pela CNC, que mapeia a percepção de empresários do setor terciário, imprensa e agentes políticos sobre as entidades sindicais patronais. “Um dos maiores patrimônios de uma empresa, instituição ou marca é a sua imagem, o que ela transmite para o mercado. A Fecomércio SC valoriza a construção de uma identidade corporativa sólida em um setor estratégico no Estado, que gera 1,5 milhão de empregos e responde por 67% do PIB. Da CNC aos sindicatos, a nossa missão em defesa dos interesses do comércio de bens, serviços e turismo precisa estar alinhada. Os sindicatos são o canal de comunicação entre a Federação e os empresários", afirma o presidente Bruno Breithaupt. O levantamento mostra como as três esferas veem o desempenho do sindicato em quatro aspectos: atuação política, representação nos interesses do comércio, prestação de serviços aos empresários e informação ao comércio/ serviços. “A pesquisa é uma importante ferramenta para o direcionamento das ações internas, visando autoconhecimento para a promoção de melhorias nos processos. Com essas informações em mãos é possível dimensionar a relevância de cada quesito e estabelecer um plano de ação para ter uma gestão sindical de excelência, orientada por resultados. Inicialmente, focamos nos sindicatos que apresentavam maturidade na gestão, mas já programamos uma agenda de treinamento para 2016”, diz o gerente de planejamento da Fecomércio SC, Renato Barcellos. Há sete anos, o Segs (Sistema de Excelência em Ges-

tão Sindical) oferece suporte aos sindicatos do comércio de bens, serviços e turismo, por meio de ferramentas de gestão, capacitações e consultorias.

Calendário de treinamento

Na primeira etapa em 2015, a Fecomércio SC qualificou cinco sindicatos: Sirecom Sul, Sirecom Joaçaba, Sindilojas de São Bento do Sul e Campo Alegre, Secovi SC e Sindilojas Tubarão. A segunda turma está prevista para o primeiro semestre de 2016. Com apoio dos multiplicadores do Segs, Cecília Miranda e Halley de Oliveira, e o Núcleo de Pesquisa, a Federação oferece suporte aos sindicatos em todas as fases do programa, da aplicação do levantamento até a entrega do relatório final à diretoria dos Sindicatos. A Fecomércio SC também adotou a Pesquisa de Imagem Institucional em 2014. Hoje, configura-se como um poderoso instrumento para medir a atuação da Federação, identificar os pontos fortes/fracos e calibrar as metas do planejamento estratégico.•

Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 39


Coluna Mercado

Itacorda inaugura nova loja de fábrica em Penha

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Itacorda, que encerrou 2015 com saldo positivo, prepara-se para um crescimento ainda maior em 2016. Para começar o ano com o pé direito, a empresa inaugura no dia 16 de janeiro a nova loja de fábrica, em Penha. A indústria investiu em um projeto amplo e moderno, o novo espaço é quase três vezes maior do que o antigo. Conforme o gerente comercial da Itacorda, Marcelo Iargas, o novo ambiente fazia parte do planejamento da empresa, que cresceu cerca de 12% neste ano. “Estamos dentro da previsão do planejamento estratégico. Para 2016 nosso objetivo é manter o ritmo e continuar com a média de crescimento”, explica. Sobre o quadro de funcionários, a Itacorda também tem uma previsão otimista. A intenção é de contratar pelo menos mais 20 profissionais em 2016. Uma das principais indústrias na fabricação e comercialização de cordas, a empresa atende os segmentos da construção civil, pesqueiro, rodoviário e agropecuário. Os produtos já são exportados para países como Uruguai e Paraguai, em determinados

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nichos de mercado. Conforme Marcelo, o próximo ano será de ampliação também no mercado exterior. “Temos a intenção de expandir nossa participação na América Central e América do Norte, atingindo diferentes segmentos. Os investimentos serão concentrados em análise, pesquisa e desenvolvimento de novos mercados”, completa o gerente.

A Itacorda A empresa nasceu há 27 anos em Itajaí, tempos depois ganhou uma nova sede e se instalou em Penha, na BR 101. Com os anos, a Itacorda ganhou espaço e conquistou clientes em todo o país, e também no exterior. Hoje reconhecida como uma referência no segmento, a empresa trabalha com cordas, linha ecológica, kits de amarração, slings e itens relacionados ao segmento.Uma das novidades da Itacorda são os produtos da marca Apetrechos, voltados para os animais de estimação. São comedouros, mordedores, guias e brinquedos para o cuidado com os pets. Nas demais linhas a empresa trabalha com produtos variados para serviço ou lazer, como lonas, lanternas e slackline. •


Coluna Mercado

Direto portuário e transporte marítimo são temas de livros voltados lançados recentemente Quem trabalha com comércio exterior e lida diretamente com questões portuárias e transporte marítimo tem duas novas opções de bibliografias para se manter atualizado. Doutor em direito, atuando no setor há 35 anos, Osvaldo Agripino de Castro Junior está lançando dois livros pela Aduaneiras. “Direito portuário e a nova regulação” analisa os dois anos da Reforma Portuária. “Contratos marítimos e portuários: responsabilidade civil” aborda, em 17 capítulos, contratos relevantes para o transporte marítimo e a atividade portuária. As obras foram lançadas em outubro passado no Tribunal Marítimo, Rio de Janeiro. Ambos estão à venda no site multieditorias.com.br•

Rua Manoel Vieira Garção, 10 – Sala 204 - Esq. Dr. José Bonifácio Malburg Cep: 88301-425 – Centro- Itajaí – SC – Edifício PHD Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 41


Artigo Para onde vai a China?

Por Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística PoreMilton Internacional diretorLourenço do Presidente da Fiorde Sindicato dos Comissários Logística Internacional e de Despachos, Agentes de diretor do Cargas e Logística do Sindicato Estado dos de Despachos, de SãoComissários Paulo (Sindicomis) e Agentes Cargas e da Associação Nacionaldedos Logística do Estado de São Comissários de Despachos, Paulo Agentes de(Sindicomis) Cargas e e da Associação Nacional dos Logística (ACTC). E-mail: Comissários de fiorde@fiorde.com.br.Despachos, Site: Agentes de Cargas e www.fiorde.com.br. Logística (ACTC)

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Quem vive o dia-a-dia do comércio exterior sabe que, depois de 35 anos de êxitos econômicos, a China deparou-se em 2009 com uma recessão mundial e teve de abandonar a antiga política de exportar maciçamente produtos de baixa qualidade, substituindo-a por outra de alto valor agregado com base em tecnologia de ponta. Como isso exige cérebros mais desenvolvidos, o governo chinês tem investido muito em educação para formar grandes contingentes de mão-de-obra especializada. Ao mesmo tempo, o novo modelo chinês prevê o crescimento de seu mercado interno, com a formação de uma classe média capaz de absorver grande parte de sua produção industrial. Isso exige a expansão dos seus negócios ao redor do mundo, pois só assim lhe será possível garantir o fornecimento de insumos para a sua indústria. Exemplo disso é o grande número de acordos setoriais assinados recentemente com a Argentina, cujo interesse, claro está, é usufruir no futuro de maciças exportações para o mercado alimentício chinês que já se encontra em franca expansão. Ainda que não haja um feroz antagonismo entre EUA e China, sabe-se que a política externa de cada um desses mega-países exclui o outro. Tanto que a China não faz parte do recente Tratado Transpacífico (TTP) e, em contrapartida, lançou em 2014, dentro do âmbito do foro Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac)-China, uma iniciativa destinada a se tornar um tratado que exclui explicitamente EUA e Canadá e prevê pesadas inversões na região. Levando-se em conta a ideolo-

gização que tem marcado o Mercosul, que nos últimos tempos passou a funcionar mais como fórum de discussão política do que comercial, parece que a América do Sul deverá se inclinar para a esfera chinesa, principalmente se a próxima rodada de negociações com a União Europeia (UE) vier a fracassar, a exemplo de outras nos últimos 15 anos. Não parece esse um caminho nebuloso, considerando-se que, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2020, a economia chinesa deverá abranger um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Sem contar que hoje a China já é o principal produtor de manufaturados, desalojando das posições cimeiras EUA e UE. Em compensação, sabe-se que a China, apesar de suas dimensões continentais, não dispõe de grandes extensões de terra aráveis nem de recursos hídricos muito generosos, o que significa que, por largos anos, haverá de ser um grande importador de alimentos. Portanto, é fundamental que os atuais responsáveis pela política externa brasileira saibam ler com atenção as tendências globais. Já não se está à época do alinhamento automático, o que equivale a dizer que o Brasil não só deve procurar aderir ao TTP, apesar do grande obstáculo que é a baixa competitividade de sua economia, como lutar por um acordo Mercosul-UE e igualmente estar aberto para um relacionamento comercial intenso com a China, adotando uma política extremamente pragmática, que preveja o mútuo benefício. Afinal, há muito que se sabe que um país não tem amigos, mas apenas interesses. •


Coluna Mercado

Riviera Business & Mall, na Praia Brava, ganha novas operações

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rupo Chaplin, El Paletero, Farmácia Vida&Saúde, Lavanderia 5àSec e Brasiphone chegam para integrar o mix de lojas do Riviera Business & Mall, na Praia Brava, em Itajaí. Subway, Chilli Beans, Grão Espresso e Enoteca Decanter também são operações já confirmadas para o empreendimento, que terá sua primeira etapa inaugurada no início deste ano. O empreendimento do Grupo Riviera, situado na Praia Brava, em Itajaí traz um conjunto de lojas, gastronomia, utilidades e serviços para o piso térreo do Riviera Business & Mall, localizado na Avenida Osvaldo Reis, principal eixo econômico da região e que liga as cidades de Itajaí e Balneário Camboriú. Segundo o presidente do Grupo Riviera, Evandro Dal Molin, as diretrizes que norteiam esse empreendimento podem ser resumidas nas palavras "convergência e conveniência". "É um pensamento moderno, de reunir

tudo num mesmo espaço, para as pessoas ganharem tempo. A nossa proposta é que as pessoas desfrutem da qualidade de vida também nos momentos de trabalho", explica. O empreendimento aplica os conceitos dos edifícios inteligentes que criam conexões entre as pessoas, as lojas, os restaurantes e os serviços, poupando tempo e energia, concentrando tudo em um mesmo endereço, evitando deslocamentos desnecessários e potencializando os espaços. Com 2.200 m² e cerca de 20 espaços comerciais, o Riviera Business & Mall está cercado por todo o Complexo Riviera que integra duas torres comerciais com 398 escritórios, uma torre residencial com 216 apartamentos, um hotel de bandeira Quality com 153 suítes, um centro de convenções que comporta até 600 pessoas, um estacionamento com 1.184 vagas e um heliponto homologado.•

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Artigo

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Itaipu volta a ser a maior produtora de energia elétrica do mundo

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Usina Hidrelétrica Itaipu voltou a ser a maior em produção anual de energia elétrica, ultrapassando a Usina Três Gargantas, na China. No ano passado, Itaipu produziu 89,2 milhões de megawatts-hora (MWh), o que representa 2,5% a mais que a chinesa. Em 2014, Itaipu havia perdido a posição de líder mundial de produção anual de eletricidade em decorrência da crise hídrica enfrentada pelo Brasil. No ano passado, a produção de energia de Itaipu ficou abaixo da média dos últimos anos, mas foi considerada excelente por conta do cenário de seca enfrentado por grande parte do país, pelo segundo ano consecutivo, principalmente no primeiro semestre. Desde a entrada em operação, em maio de 1984, Itaipu, que pertence ao Brasil e ao Paraguai, já gerou 2.312 bilhões de MWh, o que representa a maior produção de energia acumulada do mundo. No entanto, a capacidade instalada de Itaipu é menor que a de Três Gargantas, com 14 mil MW, frente a 22,4 mil MW da chinesa. Itaipu responde atualmente por 15% de toda a energia elétrica consumida no Brasil e atende mais de 75% do mercado paraguaio de eletricidade. A energia produzida por Itaipu em 2015 seria suficiente para suprir o consumo de todo o Nordeste do Brasil por um ano e um mês; a região Sudeste, por quatro meses; e o Sul por um ano. Atenderia também toda a demanda de uma cidade como São Paulo por três anos; Curitiba por 18 anos; e Foz do Iguaçu por 155 anos e oito meses. A Itaipu encerrou 2015 com uma produção 1,6% maior do que em 2014, quando gerou 87.795.393 MWh. A projeção para 2016 também é positiva. A expectativa é que a binacional volte a produzir acima dos 90 milhões de MWh, o que não ocorreu nos últimos dois anos. Agência Brasil

Gestão de crise de imagem corporativa

m uma nova era surgida após a operação Lava Jato, a cada semana se instaura uma nova operação policial em todo o país, geralmente a fim de apurar crimes contra a Administração Pública. Vereadores, prefeitos, secretários, membros do Legislativo e Executivo na esfera municipal, estadual e federal, bem como empresários são constantemente alvos destas operações, sendo inúmeras as ordens de prisão preventiva emanadas por juízes em todo o território. O “estopim” Lava Jato incentivou a revisão de milhares de contratos e relações público/privadas, culminando em manifesto “caça às bruxas” em todo o país. A veemente atuação do magistrado Sérgio Moro, por exemplo, levou a cárcere alguns dos mais importantes empresários do país, diretores das maiores empresas e donos das maiores fortunas. A prisão de alguns destes empresários levou à ruptura impérios construídos ao longo de décadas, além de fazer com que algumas empresas enfrentassem uma crise financeira devastadora ante a queda do valor de suas ações. Ocorre que a crise de imagem ocasionada pela prisão de um empresário se alastra até macular o nome da própria empresa a qual está associado, o que desencadeia uma série de eventos a fim de conter um lapso financeiro, tal como venda de ativos, substituição da diretoria, entre outros. Vejamos que a mídia, ao mesmo passo que pode levar determinado indivíduo e empresa à ascensão também é capaz de leva-los à ruína. Deste modo e principalmente nos procedimentos criminais, há ferramentas estratégicas a serem utilizadas em favor da recomposição e gestão da crise de imagem ocasionada. Atente-se ao fato de que um dos últimos episódios da operação Lava Jato (prisão do diretor de um dos maiores bancos de investimento do país) deixou de ser comentado poucos dias após seu acontecimento, ato derivado do direcionamento estratégico do foco das notícias que relacionam a empresa, eis que foi modificada a direção da empresa e foram anunciadas diversas vendas de ativos, o que acabou contendo a mídia em relação a demais assuntos. A contenção visou demonstrar ao país e ao mundo que apesar da prisão do “ex-diretor”, as atividades empresariais não foram um minuto sequer interrompidas, bem como a solidez do negócio não foi afetada. A instituição tem logrado certo êxito em demonstrar que sobrevive de maneira sadia e ininterrupta sem a atuação de seu protagonista, o que deve e deveria imperar em toda situação similar de prisão de diretores de companhias brasileiras. É, portanto, com maestria que se deve conduzir, além do processo, o próprio negócio, sendo estes os primados da advocacia moderna, visando a condução sadia da atividade empresarial. Pedro Henrique Almeida da Silva OAB/SC 40.495 Sócio do escritório Silva e Silva Advogados Associados Kim Augustoem Zanoni Bacharel Direito pela Universidade do Vale do OAB/SC 36.370 Itajaí (UNIVALI). Pós-graduando emeDireito Tributário pelo Instituto Sócio do escritório Silva Silva Advogados Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) - 2014/2015. Associados. Pós-graduado em Direito Empresarial e Advocacia Pós-graduando em Direito Societário pela Empresarial pela Universidade Anhanguera. Universidade Cândido Mendes (UCM) – 2015/2016. Pós-graduando Direito Tributário pelo Instituto Analista emem Comércio Internacional pelo Centro Brasileiro de Estudos Tributários (IBET). Europeu 2013. Advogado atuante nas áreas Tributária, Aduaneira e Cursouem Direito Tributário Verticalizado pela Fórum Societária nível administrativo e contencioso. - 2014. Advogado atuante nas áreas Tributária, Aduaneira, Societária e de Negócios em nível administrativo e contencioso. Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 45


Setor de tecnologia da informação e comunicação enxerga oportunidades na crise

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balanço de 2015 para o setor brasileiro de tecnologia da informação e comunicação pode ser dividido em duas etapas, conforme avaliou o vice-presidente de comunicação e marketing da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional), Gerino Xavier. “O primeiro semestre foi bom. Todas as empresas ficaram com seus indicadores em um patamar confortável. No segundo semestre, começou o sentimento da crise que, eu acho, é até muito mais grave que a própria crise”, disse. Segundo o vice-presidente da Assespro Nacional, no segundo semestre de 2015, os indicadores das empresas brasileiras de tecnologia da informação e comunicação passaram por um período de maior observação. “O fato é que o sentimento de crise atrapalhou alguns negócios de algumas empresas”. A crise em si afetou de forma mais direta as companhias que trabalham com o setor público. “Tem estados que estão sem pagar seus fornecedores há alguns meses”. Xavier observou, porém, que a crise apresenta, por outro lado, um aspecto bom. Como a tecnologia é transversal aos vários setores da economia, crises sempre acabam trazendo oportunidades. “Crise precisa de mais controle, de racionalizar custos, precisa aumentar a produtividade e isso só se torna exponencial com o uso de tecnologias”. Para Xavier, o lado ruim disso é que o ciclo de vendas aumenta e a

dificuldade para se vender é muito maior. Além do setor de compras públicas, o vice-presidente da Assespro Nacional citou a construção civil e petróleo e gás entre os setores mais prejudicados pela crise na área de tecnologia da informação e comunicação. O setor da construção civil devido à paralisação das obras públicas associadas ao escândalo decorrente da Operação Lava Jato, já o setor de petróleo e gás, não só pela queda de preço no mercado internacional, mas também pela crise em torno da Petrobras. Para Xavier, a tecnologia da informação e comunicação é indutora do crescimento econômico. “Essa é uma afirmação de caráter global”, destacou. Isso significa que para qualquer país crescer, ele precisa usar tecnologias modernas e inovadoras. Xavier lembrou que os países da América Latina que têm feito grandes investimentos no setor para melhorar a qualificação de sua mão de obra, para ampliar as exportações e tornar as empresas mais eficientes e competitivas apresentam resultados melhores que os do Brasil, que adotou medidas que foram na “contramão” dos avanços. Mencionou que a desoneração da folha, por exemplo, tornou o Brasil menos competitivo que seus vizinhos no continente. “Isso afeta a cadeia produtiva toda e leva um tempo para a gente se estabilizar”.

Ano de reflexão

Para o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação Regional Rio de Janeiro (Assespro-RJ), Márcio Lacs, o ano de 2015 foi um ano “de reflexão” para o setor de tecnologia da informação e comunicação. Apesar do cenário de dificuldades e indefinições políticas e econômicas no país, Lacs destacou que o Rio de Janeiro apresenta vetores importantes como a Olimpíada, que ocorrerá na capital fluminense em 2016, e o setor de petróleo e gás. “Foi um ano bem movimentado. Por um lado, algu-

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Perspectivas

Como o principal congresso mundial de tecnologia da informação e comunicação ocorrerá no Brasil, em outubro do próximo ano, o vice-presidente da Assespro Nacional, Gerino Xavier, analisou que isso trará muita visibilidade para o setor. “Algumas cadeias produtivas internacionais passam a enxergar o Brasil de forma diferente e nós apostamos que no cenário da internaciona-

Crise precisa de mais controle, de racionalizar custos, precisa aumentar a produtividade e isso só se torna exponencial com o uso de tecnologias

mas coisas andaram, outras não andaram tanto. Mas sempre, para a informática, quando algumas coisas não andam, não quer dizer que não seja bom para as empresas”. Lacs observou que a otimização depende sempre da tecnologia. Ele diz que os contratos são revistos, mas a oportunidade de inovação se faz mais presente ainda para otimizar e melhorar. “A gente vê processos sendo repensados e isso traz muita oportunidade para o nosso setor”. O presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro (TI Rio), Benito Paret, avaliou que o estado “não foi muito bem sucedido” em tecnologia da informação este ano. “Entre os estados do Sudeste, o Rio de Janeiro teve o desempenho pior”, apontou. A quebra da cadeia produtiva de petróleo e gás gerou um baque grande para muitas empresas. Outros setores da atividade econômica, porém, tiveram desempenho positivo. “Não temos ainda uma crise no setor de tecnologia da informação e comunicação instalada no Rio de Janeiro”, assegurou Paret, embora a situação aponte para uma estagnação, principalmente nas empresas que estavam focadas na área de petróleo e gás, incluindo as áreas naval e de logística. As outras empresas “estão levando o barco”, disse o presidente do TI Rio. O ambiente de incerteza macro no país impede que o setor arrisque fazer projeções para o próximo ano. Márcio Lacs reconheceu que para as grandes empresas, 2015 não foi um ano positivo, porque a maior contratante, que é a Petrobras, enfrentou sérias dificuldades. Já os programas de startups (empresas inovadoras de base tecnológica) se consolidaram no Rio de Janeiro. As médias empresas, que são empresas de escala, estão se beneficiando mais das oportunidades que aparecem, sinalizou o presidente da Assespro-RJ.

Gerino Xavier lização, teremos melhores indicadores”. No plano nacional, disse que ainda fica difícil fazer prognósticos. “A ordem do dia é cautela”, sinalizou. Embora seja considerado o sétimo maior mercado de tecnologia do mundo, Gerino Xavier disse que o governo devia apoiar mais o setor, porque garante emprego de qualidade que gera riqueza para o país. Ele salientou que o Brasil ainda exporta pouco software (programa de computador). “E quando alguém compra software, está comprando inteligência. Inteligência é a melhor coisa para se produzir, porque nós qualificamos o nosso povo. Quando a gente compra inteligência, estamos penalizando nosso povo, nossos pesquisadores, nossos profissionais”. Na avaliação de Gerino Xavier, o Brasil precisa ter políticas públicas que estimulem a criação de soluções de softwares nacionais para diversas áreas, como saúde e segurança, por exemplo. Falta uma política pública que aproxime a academia, o mercado fornecedor e o mercado comprador. “E o ator indutor de tudo isso é o governo”. O presidente da Assespro-RJ, Márcio Lacs, concordou que apesar da crise, o cenário para 2016 é de expectativa otimista para o setor de tecnologia da informação e comunicação do Brasil. “Nós vamos trabalhar para que cada um encontre o seu espaço. A gente tem a sorte de trabalhar com algo que está vinculado à inovação, à otimização. Acho que vai ser um bom momento para a gente. Pelo menos, oportunidades vão existir”, concluiu.•

Agência Brasil

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Artigo

Perspectivas para o comércio exterior brasileiro em 2016

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o início de 2015 muitos especialistas cravaram que o dólar não ultrapassaria uma cotação acima de R$ 4. Muitos também cravaram que a balança comercial brasileira seria deficitária no total acumulado do ano. Ao final do ano, as duas previsões se mostraram equivocadas. O dólar em alguns momentos superou a marca dos R$ 4 e, por outro lado, nossa balança comercial teve um resultado altamente positivo. No Brasil nem sempre a lógica econômica atua de forma previsível, mas é sempre altamente recomendável que tenhamos um norte para basear nossas decisões e atitudes que tomaremos no decorrer do ano, por isso, recorremos as previsões. A expectativa é de que nossas exportações somem US$ 187,443 bilhões em 2016, segundo projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Na imporPor Renan Rossi Diez tação, a previsão da entidade está estimada em US$ 158,215 bilhões. Neste sentido, esPor Milton Lourençoperamos um novo superávit da balança coPresidente da Fiordemercial brasileira no ano de 2016, projetado Logística Internacional eem US$ 29,228 bilhões. diretor do Sindicato dos Apesar do resultado esperado da baComissários de Despachos,lança comercial ser positivo para 2016, não Agentes de Cargas ehá muito ainda o que comemorar. A real siLogística do Estado de Sãotuação é que apesar do aumento da quantiPaulo (Sindicomis) e dadade das exportações brasileiras, o preço das Associação Nacional doscommodities tem sofrido com uma drástica Comissários de Despachos,queda em suas cotações e, sabemos que os Agentes de Cargas eprodutos básicos (commodities) representam Logística (ACTC)cerca de 46% da pauta das exportações brasileiras. Deste modo, a expectativa é que as importações se mantenham num nível menor que em anos anteriores. Em números, segundo a AEB, teremos um aumento de 3,1% nas exportações de produtos industrializados, 5% nas exporta-

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ções de produtos manufaturados, 2% de redução em produtos semimanufaturados e 5,5% de queda com relação a produtos básicos. Ainda sobre as commodities, um estudo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) avaliou que, entre janeiro e novembro de 2014, o montante obtido com produtos como soja, minério e óleo bruto de petróleo foi de 61,9 bilhões de dólares, enquanto que a previsão para este ano é de US$ 44,4 bilhões. A redução do preço das commodities é elucidada pela desaceleração da China, maior demandante de commodities do mundo. A economia chinesa este ano tem previsão de crescimento estimado em 7%, resultado abaixo do alcançado em anos anteriores. Quanto ao PIB brasileiro, economistas aumentaram de 2,81% para 2,95% a expectativa de retração na economia brasileira. Em contrapartida, o então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, atual ministro da Fazenda, afirmou que a revisão da estimativa traz dentro dela uma recuperação da economia no segundo semestre de 2016. “Há uma queda no primeiro (semestre) e recuperação no segundo”. Para o ministro, o comércio exterior deve ser um dos principais fatores de recuperação da economia, com a ajuda do câmbio e investimentos. Para encerrar, vale lembrar de uma célebre frase de um dos grandes nomes do mundo dos negócios que se encaixa perfeitamente na atual conjuntura brasileira. Henry Ford, fundador da Ford, disse: “Fracasso é simplesmente a oportunidade de começar de novo; desta vez, de maneira mais inteligente”. Neste ano de 2016 comecem de novo e continuem cobrando de nossos representantes políticos.•


Depois do sucesso do serviço em Santos, Itajaí e Paranaguá, entrega no cliente agora chega a Porto Alegre com a Asia Shipping Facilidade é bem recebida pelos clientes que ficam na região metropolitana a 320 km do Porto de Rio Grande

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esde o começo do mês, a Asia Shipping oferece um novo serviço aos clientes regulares da região de Porto Alegre (RS), a entrega da carga fracionada (LCL) diretamente ao cliente. Este serviço diferenciado começou a ser oferecido aos clientes situados em um raio de 150 km do porto de Santos há dois anos. O sucesso foi tão grande, que logo foi ampliado para os portos de Itajaí (SC) e Paranaguá (PR). Para Ricardo Tavares, diretor de Contract Logistics da Asia Shipping, a solução logística foi tão bem recebida pelo mercado que o ritmo de expansão dos serviços está mais acelerado do que estava previsto. “Todos buscam um serviço completo, com segurança, rapidez e custo menor, e é isso que queremos oferecer cada vez mais”, resume. O novo serviço da Asia Shipping vai beneficiar especialmente as empresas situadas na região metropolitana de Porto Alegre e cidades próximas. A operação é feita da seguinte maneira. O box consolidado é removido do porto para um terminal em Canoas, onde o próprio cliente

cuida do desembaraço da mercadoria. Em seguida, a Asia Shipping se encarrega de levar até a fábrica. Para Tavares, os segmentos da indústria que mais devem se interessar pelo novo serviço em um primeiro momento são os importadores de partes e peças, de maneira geral, como o agronegócio, a indústria calçadista, que importa insumos, entre outros. A Asia Shipping também está preparada para atender clientes no transporte de diferentes tipos de commodities. A Asia Shipping, que completa 20 anos este ano, é uma empresa brasileira que oferece operações de agenciamento marítimo de contêineres e de cargas por meio de consolidação própria. Para atender operações com necessidade de pronta entrega, a empresa oferece ainda agenciamento aéreo. Os clientes da Asia Shipping contam também com armazenagem, desembaraço aduaneiro e serviço especializado em cargas de projeto e transporte doméstico (rodoviário e cabotagem). Mais informações em www.asgroup.net Economia&Negócios • Janeiro 2016 • 49


Artigo

2016: o ano da impressão digital

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Por Phil Scarfo, vice-presidente global de marketing da Por Milton Lourenço HID Biometrics, divisão de Presidente da Fiorde Biometria da HID Global, Logística Internacional e líder em identidade segura diretor do Sindicato dos – www.hidglobal.com Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

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Brasil está entre os países em que o uso da impressão digital está mais difundido e avançado. Principalmente no sistema bancário, as pessoas estão se acostumando rapidamente a acessar os caixas eletrônicos sem necessidade de memorizar ou anotar senhas – apenas aproximar o dedo polegar ou indicador do sensor biométrico para ter acesso à conta, sacar dinheiro, efetuar pagamentos ou fazer depósitos. Tudo isso de forma simples, ágil e segura. Esse pode ser considerado o maior exemplo do que será tendência em 2016, quando a tecnologia estará ainda mais presente na vida da população. Independentemente da idade ou classe social, as pessoas têm se adaptado com muita facilidade a todo tipo de tecnologia que facilita seu dia a dia. De acordo com a Febraban, o volume de transações realizadas por meio eletrônico já ultrapassou aquelas que dependem de presença física. Com tantas conveniências, as pessoas já não se deslocam à toa quando podem fazer tudo via internet. E isso acontece, também, em muitas outras instâncias. Tanto que vem ganhando força o conceito de omni-channel. Ou seja, as pessoas sentem que tudo está acessível, seja fisicamente, seja online, podendo ser acessado através do notebook, do smartphone ou do que mais estiver à sua disposição. Conectada, a população busca a liberdade de realizar suas atividades de forma conveniente e segura. Nesse sentido, em 2016 deve ganhar ainda mais relevância a possibilidade de fazer compras e realizar pagamentos usando apenas o telefone celular. Desde 2014, com o lançamento do ApplePay – em que a autorização de um pagamento é con-

cluída por meio da aproximação da unidade a um terminal que combina a tecnologia NFC (Comunicação de Campo Próximo) e o reconhecimento da impressão digital do usuário junto à operadora do cartão de crédito – houve uma corrida frenética das outras marcas líderes em telefonia móvel. Afinal, tomando como amostra os Estados Unidos, esse mercado de crédito movimenta mais de 12 bilhões de dólares por dia. Agora, com uma tecnologia melhorada, deverá aumentar ainda mais o uso do celular para realizar compras sem ter de “passar o cartão” e digitar uma senha. A bem da verdade, ao proporcionar que seus usuários pudessem fazer compras sem carregar cartões, a Apple colocou a biometria literalmente nas mãos de milhares de usuários de uma hora para outra, não só nos Estados Unidos como no mundo inteiro. Acostumadas a usar a impressão digital para acessar o terminal de caixa eletrônico, as pessoas já anseiam por essa mesma facilidade na plataforma de pagamento via celular. Ainda mais importante do que o conforto, temos de considerar a segurança – coisa que as cinquentenárias senhas e os pins não oferecem. Por isso, 2016 deve ser o ano da impressão digital – com destaque para o Brasil. Hoje, mais da metade dos caixas eletrônicos do país inteiro tem sensores biométricos que facilitam muito o acesso da população à conta corrente com segurança. Mas os brasileiros estão se acostumando, também, a usar a impressão digital para confirmar seu voto, tirar documentos, acessar escolas, empresas e serviços de saúde e transporte. Enfim, vamos ouvir falar muito da leitura da impressão digital neste ano que se inicia. •




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