O tigre na rua | Antologia de poesia humorística

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FICHA TÉCNICA TÍTULO ORIGINAL O tigre na rua © TEXTO

Aula de gramática,

originalmente publicado com o título Lección de gramática © David Chericián

Vou contar um conto,

originalmente publicado com o título Voy a contar un cuento © Herdeiros de Maria Elena Walsh. Com a permissão de Guillermo Schavelzon & Assoc., agência literária.

Pedir com bons modos,

originalmente publicado com o título Demandez gentiment © Michel Monnereau

O líder,

originalmente publicado com o título The leader em Sky in the pie © Texto: Roger Mcgough © Viking Kestrel, 1983/Puffin, 2003

A agenda de um fantasma,

originalmente publicado com o título A ghost’s schedule © Marc Johns, 2012

© SELECÇÃO Miguel Gouveia

Domingo, no jardim zoológico,

A criança amuada,

A Beatriz e o lindo pónei,

Quem dá mais?,

originalmente publicado com o título Domingo en el zoológico em El gallo pinto y otros poemas © Ediciones Colihue, 2005 originalmente publicado com o título Little Abigail and the beautiful pony em A light in the attic © 1981, renovado em 2002 por Evil Eye, LLC. Com a permissão de Edite Kroll Literary Agency Inc.

A bicicleta,

originalmente publicado com o título La bicicleta em Chamario © Texto: Eugenio Montejo © Ediciones Ekaré, 2004

Banhos de sol,

originalmente publicado com o título Bain de soleil em La cinquiéme saison © Gallimard, 1984

Porquê?,

originalmente publicado com o título L’enfant boudeur em André Frédérique ou l’art de la fugue © Le Cherche Midi Éditeur, 1992 originalmente publicado com o título Quién da más? em Palabrujas © Texto: Edgar Allan García © Alfaguara-Ecuador, 2006

Greguerías

© Herdeiros de Ramón Gómez de la Serna. Com a permissão de Gladys Dalmau de Ghioldi.

O micróbio,

originalmente publicado com o título “Le microbe” em Les animaux de tout le monde © Jacques Roubaud

Uma velha máquina de escrever,

originalmente publicado com o título Une vieille machine à écrire em Pense-bêtes © Le Cherche Midi Éditeur, 1992

originalmente publicado com o título In the ning nang nong © Spike Milligan Productions

originalmente publicado com o título Why? em Whispers from a wardrobe © Texto: Richard Edwards © Lutterworth Press, 1987

© ILUSTRAÇÃO Serge Bloch

REVISÃO Helder Guégués

DESIGN GRÁFICO Bruaá design

© TRADUÇÃO Miguel Gouveia

© EDIÇÃO Bruaá editora

IMPRESSÃO Norprint, Artes Gráficas, S.A.

1.A EDIÇÃO Junho, 2012

DEPÓSITO LEGAL 344879/12

ISBN 978-989-8166-15-9

Todos os direitos reservados.

t . +351 938 649 027 f . +351 211 454 939

bruaa@bruaa.pt www.bruaa.pt

No ning nang nong,

Helder Guégués (A criança amuada) Nina e Filipe Guerra (O tigre na rua)

BRUAÁ EDITORA R. José da Silva Fonseca, 47 3080-140 Figueira da Foz

Aos detentores de direitos não contactados, apesar de todos os esforços feitos nesse sentido, pedimos que entrem em contacto connosco.



04  DAVID CHERICÍAN

Eu estou, tu estás, ela está e ele também; e todos os que estavam, estiveram e estão muito bem. Estamos, estaremos nós; ela e ele estarão lado a lado e eu, que estive, estarei. E se por acaso estivesse alguém que não tenha estado dessa vez, Bem-vindo! Porque estar é que importa – e que todos estejam.



06  MARIA ELENA WALSH

Vou contar um conto. E vai uma e vão duas e três: Era uma vez... Como é a seguir? Já sei! Já sei! Havia uma casinha. Uma casinha que... Esqueci-me. Uma casinha branca. É isso! Onde vivia alguém...

uês. Acho que era um marq O marquês era mau m um pau. e bateu em alguém co Ah, não, não foi ele.

Enganei-me.

Não importa.

Continuo. Um dia chegou a polícia... Não, porque n

ão havia.

Chegou ele so

montado num

zinho,

cavalo uito ligeiro.

que andava m Havia também

que era muito

um jardineiro

bom, mas...


Depois aconteceu qualquer cois

a de que não me consigo recordar...

Talvez fosse o comboio a passar. Mas longe dali, no palácio, a rainha jogava ao Tá Té Ti e disse várias coisas que eu não entendi. E foi então que... Me perdi. Ah! Veio a princesa vestida de organdi.

… A rainha perguntou-lhe nta? Qual era mesmo a pergu E a princesa, triste, !” respondeu-lhe: “Nunca Porque a princesa, o grande sonho dela, era que o marquês

Sim.

se casasse com ela.

Veio a princesa.

Não, não era assim, era ao contrário.

De certeza que era assim.

A questão é que um dia a rainha ia a passear, deu um passo atrás

brar.

e já não me consigo lem

Ah, sim. A rainha disse: — Filhinha, vem cá. em... E depois já não sei qu ar Bem, acho melhor acab porque também a mim a chamar. a minha mãe me está


08  LAURA E. RICHARDS

Era uma vez um elefante que tentou usar o telefante. Não! Não! Era um elefone que tentou usar o telefone. (Mas o que é que estou a dizer... Isto assim não dá para entender.)

Seja como for, ficou com a tromba enrolada no telefromba e quanto mais a tentava soltar mais alto tocava o telefar. (Enfim, acho melhor acabar este poema do elefar e do telefema!)


MICHEL MONNEREAU

r favo Por nhor or, se v a f por fante hor ele n e s , r o por fav será que hor elefante, por favor, sen

por favor, senhor elefante, será que podia tirar a

de cim

sua pata esqu

erda da frente

Muit

a do m

o ob

rigad

eu pé d

o.

ireito.

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38 

DAVID CHERICIÁN

ROGER MCGOUGH

Cuba, 1940-2002 Durante a sua infância trabalhou como actor de teatro, tendo sido, mais tarde, chefe de redacção e editor de várias revistas, além de ter realizado vários programas de rádio. Paralelamente à poesia, continuou a representar e a escrever para diversos grupos teatrais.

Inglaterra, 1937 Depois de ter sido professor, criou a banda rock The Scafold. Torna-se um dos poetas mais queridos do público inglês quando a sua poesia é publicada, juntamente com a dos poetas Adrian Henri e Brian Patten, na antologia The Mersey sound. Desde então, aquele a quem chamam santo padroeiro da poesia já publicou mais de 50 livros.

MARÍA ELENA WALSH Argentina, 1930-2011 Publicou o seu primeiro poema aos 15 anos. Ficou conhecida principalmente pelas suas inúmeras canções e livros infantis, que conquistaram gerações de leitores, tornando-a uma das autoras mais celebradas na América do Sul.

LAURA ELIZABETH RICHARDS E.U.A, 1850-1943 Durante a sua vida escreveu mais de 90 livros de diferentes géneros: poesia, livros infantis, biografias, etc. O seu gosto pelo absurdo faz com que fique conhecida como A Rainha do Absurdo. O seu poema mais conhecido, “Elefone”, é um bom exemplo disso.

MICHEL MONNEREAU França,1948 Passa a sua infância e adolescência em Charente, perto de Angoulême. Até 2010 trabalhou em publicidade. Hoje em dia, dedica-se principalmente à poesia, ao romance, ao teatro e ao humor. Publicou até agora 17 antologias de poesia.

MARC JOHNS Canadá, 1970 Um poeta do desenho. Nas suas criações procura sempre o lado humorístico ao criar situações absurdas em que nos cruzamos com bigodes voadores ou um cachimbo que quer desistir de fumar. Vive em Vitória, no Canadá, com a sua mulher, dois filhos e uma gaveta cheia de canetas.

SPIKE MILLIGAN Irlanda, 1918-2002 Comediante, escritor, músico, poeta, dramaturgo e actor, Spike Milligan foi um dos autores do histórico programa radiofónico “The Goon Show”, cujo sucesso o levou à televisão e à criação do programa “Q5” que viria a influenciar os Monty Python. Além dos seus famosos livros de memórias de guerra, deixou-nos vários poemas para a infância, entre os quais “No ning nang nong”, votado como o poema humorístico preferido de todo o Reino Unido.


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EDWARD LEAR

DANIIL HARMS

Inglaterra, 1812-1888 Foi pintor e escritor. Publicou sete livros de viagens com ilustrações suas e três livros com desenhos de animais. Em 1846 deu aulas de desenho à rainha Vitória, e escreveu o seu primeiro Book of nonsense, onde usa o "limerick", um poema de cinco versos com uma rima no primeiro, segundo e quinto e outra no terceiro e no quarto.

Rússia, 1905-1942 Nasceu em S. Petersburgo. Perseguido pelo regime e impedido de publicar (um par de poemas é tudo quanto consegue publicar em vida), Harms e outros autores conseguem sobreviver escrevendo para revistas infantis. Morre em condições misteriosas da segunda vez que é preso. Só vinte anos depois, a sua obra começaria a ser divulgada e publicada no seu país.

JAVIER VILLAFAÑE Argentina, 1909-1996 Era um famoso bonecreiro que viajava numa carroça puxada por cavalos, levando o seu espectáculo de fantoches por toda a Argentina e outros países sul-americanos. Por causa da ditadura militar, exila-se na Venezuela e aí ensina a sua arte. Volta à Argentina em 1984, continuando o seu trabalho. Foi autor de inúmeros livros de prosa e poesia.

JACQUES PRÉVERT

SHEL SILVERSTEIN

RICHARD EDWARDS

E.U.A, 1932-1999 Sheldon Allan Silverstein foi um artista verdadeiramente singular e multifacetado: poeta, letrista, músico, dramaturgo, ilustrador e autor de livros para a infância que ainda hoje encantam milhões de leitores por todo o mundo. O seu livro mais conhecido, A árvore generosa, foi editado em Portugal pela Bruaá.

Inglaterra, 1949 Nasceu em Tornbridge, Kent. Entre prosa e poesia, publicou já cerca de 20 livros. Muitos dos seus poemas têm sido incluídos em várias revistas e antologias de poesia para a infância. Depois de ter passado por Itália, França e Espanha, vive agora em Edimburgo.

EDUARDO POLO

França, 1915-1957 Farmacêutico de formação, não consegue ter sorte no mundo dos negócios e, primeiro uma, depois outra, as suas farmácias fecham portas. Ao mesmo tempo que exerce a sua profissão, convive com vários artistas ligados à literatura e à comédia, com os quais cultiva o humor negro. Apesar de editado e admirado por outros escritores nunca conheceu o êxito público.

Venezuela, 1938-2008 Eduardo Polo é o pseudónimo do poeta venezuelano Eugenio Montejo. Professor universitário, fundador e colaborador de inúmeras revistas de poesia, recebeu o Prémio Nacional de Literatura da Venezuela em 2004. Trabalhou em edição e exerceu várias vezes o cargo de diplomata na Embaixada da Venezuela em Portugal.

França, 1900-1977 Um dos poetas franceses mais lidos em todo o mundo. A sua primeira colectânea de poesia, Paroles, é um enorme sucesso e os seus poemas passam a ser estudados em todas as escolas, sendo alguns deles musicados, transformando-se em canções intemporais. Escreveu também para teatro e diversos argumentos para cinema.

ANDRÉ FRÉDÉRIQUE


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EDGAR ALLAN GARCÍA Equador, 1958 Nasceu em Guayaquil e vive em Quito. Além de escritor, já foi, entre outras coisas, produtor de televisão, guia turístico, bailarino, radialista, vendedor de seguros, professor, massagista e secretário de Estado da Cultura. Depois do seu primeiro livro, editado em 1991, já publicou mais de duas dezenas de obras que se dividem entre vários géneros.

RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA Espanha, 1888-1963 A sua obra é extensa e vai do ensaio à biografia, do romance ao teatro, entre outros. Escritor e jornalista, foi o criador do género literário conhecido como “greguería”, explicado pela fórmula: Humor + metáfora = greguería. Criou centenas e centenas delas onde o jogo que cria com palavras e significados tem o mesmo efeito que procurava em tudo o que fazia: a surpresa e a ruptura com as convenções.

JACQUES ROUBAUD França, 1932 Poeta, romancista, ensaísta e professor de Matemática, ou, como ele próprio diz, “compositor de poesia e matemática”, Roubaud chega a usar as regras do mundo dos números para, em conjunto

com a informática, aplicá-las a alguns dos seus textos. Encorajado pelo grande escritor Louis Aragon, publicou a sua primeira antologia de poemas quando tinha apenas 12 anos. Pelo conjunto da sua obra recebeu já vários prémios literários.

ROLAND TOPOR França, 1938-1997 Foi um pintor, cenógrafo, actor, comediante, escritor e dramaturgo francês, conhecido pela natureza surrealista do seu trabalho e pelo emprego do humor negro. Entre dezenas e dezenas de trabalhos no cinema, teatro, literatura e pintura, realiza para a televisão o famoso programa infantil Téléchat.

SERGE BLOCH França, 1956 Um dos mais brilhantes ilustradores da sua geração, Serge Bloch nasceu em Colmar. Fez os seus estudos na Escola de Artes Decorativas de Estrasburgo com Claude Lapointe. Além do trabalho literário, colabora regularmente com a imprensa. O seu trabalho aparece frequentemente no The Washington Post, Wall Street Journal, Chicago Tribune, The New York Times, Los Angeles Times, Boston Globe assim como nas revistas Time e New Yorker.





ISBN 978-989-8166-15-9


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