A canção do jardineiro louco e outros poemas

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ilustrações

ANDREA ANTINORI




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ilustrações

ANDREA ANTINORI


FICHA TÉCNICA TÍTULO A canção do jardineiro louco e outros poemas © TEXTO Poemas, originalmente publicado com o título “Poems” em I’m like me – Poems for people who want to grow up equal, ���� © Siv Widerberg A íbis, publicado em Obra poética e em prosa. Vol. I, Fernando Pessoa, ����

© SELEÇÃO E TRADUÇÃO Miguel Gouveia

© ILUSTRAÇÃO Andrea Antinori

Sandburg e Helga Sandburg Crile. Reimpresso com permissão de Houghton Mifflin Harcourt Publishing Company. Todos os direitos reservados.

Berliner und Frankfurter Ausgabe, Band 15: Gedichte 5 © Bertolt-Brecht-Erben / Suhrkamp Verlag, ����

Siphonaptera, originalmente publicado com o título “Siphonaptera” em A budget of paradoxes, ����

Histórias naturais, extratos do livro Histoires naturelles, publicado em ����

O elefante, originalmente publicado com o título “The elephant” em The bad child’s book of beasts, ����. Reimpresso com autorização de Peters Fraser & Dunlop em nome dos herdeiros de Hilaire Belloc, © Estate of Hilaire Belloc

Gatafunhos © Herdeiros de António Fernando dos Santos (Tóssan)

Solão, publicado em Cartas de Anthero de Quental, ����

Devagar que tenho pressa, originalmente publicado em O canto da cigarra, ����

Talvez estranho, originalmente publicado com o título “Perhaps strange” em Kurt Schwitters in England, ����

O pelicano, originalmente publicado com o título “Le pelican” em Chantefables, ����

A canção do jardineiro louco, originalmente publicado no livro Sylvie and Bruno, ���� Daphénéo, originalmente publicado com o título “Daphénéo” em Trois mélodies de Erik Satie, ���� Caixas e sacos, originalmente publicado com o título “Boxes and bags” em Harvest poems: 1910-1960 © ����-����, Carl Sandburg, renovado em ����, ���� por Margaret Sandburg, Janet

Uma vaca violeta, originalmente publicado com o título “The purple cow” na revista The lark, ���� Nas salas da embaixada, poema enviado à amiga Milburges Ferreira e nunca incluído em livro. O bigode do tio Sebastião, originalmente publicado com o título “Onkel Ede hat einen schnurrbart” em Bertolt Brecht, Werke. Große kommentierte

O tio, originalmente publicado com o título “Uncle” em More ruthless rhymes for heartless homes, ���� António, originalmente publicado com o título “Antonio” em The hottentot and other ditties, ���� Um cão ambíguo, originalmente publicado com o título “An ambiguous dog” em The laughing muse, ���� Insónia, originalmente publicado na revista Contemporânea, maio de ���� © Herdeiros de Carlos Queiroz Pirueta, originalmente publicado com o título “Pirueta” em Obras completas de Federico García Lorca, ���� A canção noturna dos peixes, originalmente publicado com o título “Fisches nachtgesang” em Alle galgenlieder, ���� Canção pirotécnica, originalmente publicado com o título “Canzone pirotecnica” em La balza, Quindicinale futurista, n.º �, ���� © Francesco Cangiullo

REVISÃO Helder Guégués

1.a EDIÇÃO Junho, ����

IMPRESSÃO Norprint, A Casa do Livro

© EDIÇÃO Bruaá editora

ISBN ���-���-����-��-�

DEPÓSITO LEGAL ������/��

m . +��� ��� ��� ���/� f . +��� ��� ��� ���

bruaa@bruaa.pt www.bruaa.pt

Todos os direitos reservados.

BRUAÁ EDITORA R. Dr. Santos Rocha, 17 r/c ����-��� Figueira da Foz


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PoemaS

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Devagar que tenho pressa

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33 A Canção 36 CANÇÃO


�� SIV WIDERBERG

PoemaS

Os poemas podem ser sobre qualquer coisa,

mas os poemas PARA CRIANÇAS devem ser bonitinhos e ternos e todos sobre ratinhos fofinhos, lindas florezinhas e o menino Jesus.


SIV WIDERBERG

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�6 FERNANDO PESSOA

A ÍBis A íbis, ave do Egito, pousa sempre sobre um só pé (o que é esquisito) é uma ave sossegada porque assim não anda nada.


ROBERT DESNOS

O

P ELI CAN O

O Capitão Juliano, com 18 anos tão-somente, captura, um dia, um pelicano numa ilha do Extremo Oriente. O pelicano de Juliano, de manhã, põe um ovo branquinho e desse ovo sai um pelicano espantosamente igualzinho. E este segundo pelicano, vejam bem, põe um ovo branquinho também de onde sai, inevitavelmente, um outro, que tudo repete novamente. Isto é coisa para durar uma boa temporada se antes uma omelete não for cozinhada.

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H I S T Ó R I AS

NATURAIS O PIRILAMPO I O que se passa? Nove horas da noite e ainda há luz em casa dele. II Esta gota de lua sobre a erva!

A BARATA Negra e pegajosa como um buraco de fechadura.

AS FORMIGAS Cada uma delas se parece com o número 3. – E há muitas! Há tantas! Há 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3… até ao infinito.


JULES RENARD

A SERPENTE Demasiado comprida.

A LAGARTIXA VERDE Cuidado com a pintura!

A BORBOLETA Esta doce carta dobrada em dois procura a morada de uma flor.

CORVO – Quê? Quê? Quê? – Nada.

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�� TÓSSAN

S o H N gaTafu O gafanhoto é um gatafunho feito pelo punho de um canhoto. Os canhotos são os que fazem gatafunhos sem saberem que fazem gafanhotos. O perigo das pragas de gafanhotos é comerem tudo menos os canhotos. Porque se comessem os canhotos já não havia gatafunhos nem gafanhotos.


AUGUSTO CÉSAR FERREIRA GIL

D ev a

g

q r a

pressa o h n e t e u

Veio um lesmo d'Amarante para casar em Lisboa. Com uma lesma galante muito rica e muito boa. E veio do seu vagar, com toda a comodidade, a fazer e a recitar baladas, odes, sonetos... Quando chegou à cidade, a noiva... já tinha netos!

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�� LEWIS CARROLL

Pensou ter visto um elefante

Pensou ter visto uma cascavel

a tocar um instrumento qualquer.

que o questionava em grego antigo.

Olhou novamente e viu que era

Olhou novamente e viu que era

uma carta da sua mulher.

o meio de um dia comprido.

“Agora me apercebo”, disse ele,

“Do que mais tenho pena”, disse ele,

“a amargura que a vida pode ter!”

“é que não fale comigo!”

Pensou ter visto um búfalo

Pensou ter visto um bancário

ao pé da lareira apagada.

a sair da estação.

Olhou novamente e viu que era

Olhou novamente e viu que era

a sobrinha do marido da cunhada.

um hipopotamozão.

“Se não saíres desta casa”, disse ele,

“Se este ficar para jantar”, disse ele,

“terei de chamar a guarda!”

“não vai sobrar nada, não!”


LEWIS CARROLL Pensou ter visto um canguru a carregar café moído. Olhou novamente e viu que era um colorido comprimido. “Se eu engolisse isto”, disse ele, “ficava já aqui estendido!” Pensou ter visto um coche com quatro cavalos ao pé da cama estacionado. Olhou novamente e viu que era um urso-pardo degolado. “Coitado”, disse ele, “será que ninguém vê que estás com ar esfomeado!” Pensou ter visto um albatroz a esvoaçar à volta do candeeiro. Olhou novamente e viu que era um pequeno selo de correio. “Era melhor ires para casa”, disse ele, “as noites têm estado com nevoeiro!” Pensou ter visto um portão que dava para um jardim japonês. Olhou novamente, e viu que era Uma dupla regra de três. “E todo o seu mistério”, disse ele, “vejo-o agora com nitidez.” Pensou ter visto um argumento que provava que ele era o Papa. Olhou novamente e viu que era uma saboneteira de prata. “Coisa assim tão medonha”, disse ele, “toda a esperança mata!”

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SIV WIDERBERG FERNANDO PESSOA ROBERT DESNOS JULES RENARD TÓSSAN AUGUSTO CÉSAR FERREIRA GIL LEWIS CARROLL MIMI GODBESKA CARL SANDBURG AUGUSTUS DE MORGAN HILAIRE BELLOC ANTERO DE QUENTAL KURT SCHWITTERS GELETT BURGESS FLORBELA ESPANCA BERTOLT BRECHT HARRY GRAHAM LAURA E. RICHARDS ARTHUR GUITERMAN CARLOS QUEIROZ CHRISTIAN MORGENSTERN FEDERICO GARCÍA LORCA FRANCESCO CANGIULLO

A T EN ÇÃ O: A leitura deste livro não dispensa a aquisição e leitura atenta do primeiro volume, O tigre na rua, o qual se encontra disponível em bruaa.pt e nas melhores livrarias do país.

ISBN 978-989-8166-42-5


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