20ª Bienal de São Paulo (1989) - Exposição: Pintura Abstrata: Efeito Bienal 1954-1963

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PINTURA ABSTRATA EFEITO "BIENAL" 1954-1963 lt

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XX BIENAL INTERNACIONAL DE SAO PAULO PARQUE IBIRAPUERA



Andrés, Maria Helena Bandeira, Antonio Boese, Henrique Branningan, Sheila C an1argo, lberê Di Prete, Danilo Flexor, Sarn.son Ianelli, A.rcangelo Karrnan, Ernestina Krajcberg, Frans Leontina, Maria Lima, Celso Renato de

Mabe, Manabu Meitner, Laszlo Mohalyi, Yolanda Nery, Wega Ohtake, Tornie Pérsio, I~oio Piza, Arthur Luis Rodrigues, Glauco Schendel, Mira Serpa, Ivan Wladislaw, Anatol


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Eu pertenço aos tempos heróicos da I Bienal de A Bienal conseguiu antecipar para os brasileiros São Paulo. Lembro até mesmo de ter varrido o algumas figuras que hoje são marcantes para esta chão do Trianon, um pouco antes da abertura ofi- metade do século XX. A II Bienal, por exemplo, cial. Para mim, a Bienal também foi uma conquisteve a Guernica do Picasso, teve Kandinsky, teve ta especial. Na época , meu pai era o prefeito da Jackson Pollock e uma personalidade fulgurante cocidade e foi uma luta para que ele nos cedesse o mo Sir Herbert Head. Mais tarde, a Bienal conseespaço para a exposição. Ao longo dos anos, cada guiu mostrar obras inesquecíveis como as telas de Bienal foi somando novas experiências . Ainda ho- Edward Hooper, os abstratos norte-americanos, teje é muito viva para mim a sensação de descoberlas de Sigmar Polke e Baselita, antes que eles se ta ao abrir as caixas com as esculturas de Henry tornassem megaestrelas do cenário internacional. Moore! Tive oportunidade de conhecer personaSem falar da minha descoberta das pinturas silen. . gens marcantes, conviver com artistas especiais e ciosas de Morandi, uma das glórias dos primeiros ao longo dos anos aprendi a cultivar o carinho e o tempos da Bienal. orgulho pela realização da Bienal. Quando os brasi E por isso que uma sala como esta, Pintura Abs1954-1963, toca tanto em leiros viajavam, nos anos 50, viam um pouco da trata: Efeito "Bienal" pontos da História da Arte no Brasil como em ponarte moderna espalhada por diferentes museus.


tos afetivos da minha própria história com a Bienal. A pintura abstrata teve no Brasil um espaço importante através das Bienais e foi neste mesmo pavilhão que se consagraram muitos nomes que agora podem ser revistos nesta síntese, desta vez através de uma óptica histórica . Ela, ao mesmo tempo, serve para que eu toque num outro ponto: o espírito de entusiasmo com qúe a Bi enal foi fe1ta ao longo de todos esses anos. E nisto que eu penso quando se prepara uma ,, . . . . ' prox1ma 1nauguraçao: como transm1t1r as novas gerações essa chama , esse prazer da descoberta de novos artistas , de novas linguagens, ou a homenagem a obras que já fizeram parte do nosso repertório e que a cada dois anos podernos articular como uma nova Bienal. Este espaço no Parqu e Ibirapuera vive hibernando ao longo de quase ano e meiu para voltar a pulsar a cada vez que se monta uma Bienal. E esse prazer intenso e a fraternidade que deveria acontecer como ocorria con1 os meus antigos funcionários das prin1eiras Bienais que eu tambérn lembro ao longo desta sala. A arte tambén1 tem ciclos que precisam ser revistos. A abstraçã _o -infor/

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mal teve personagens que começaram nas Bienais, outros que nela se consagraram e outros que agora n1ere cen1 o seu espaço histórico. M eu testemunho pessoal é de que a Bienal sempre foi um espaço dinân1ico, criado com entu siasmo. Gostaria qu e esse espírito continuasse duradouro.

Maria Rodrigues Alves DirPtorada f1-uzdaçr7o Bienal de Sr7oPaulo


Participar da XJ{ Bienal de São Paulo é motivo de orgulho para qualquer empresa. Para nós do Ba11co Nacional, mais do que orgulho, significa o exercício de un1a tradição. Afinal, o Ba11co Nacional vern prorr1ove11do e estimulando a cultura brasileira há décadas. São n1uitos os exen1plos: o Cii1ema Novo e o novo cinen1a bra sileiro tiveran1 e tê1n no N acio na l 1111na rceiro constante; a n1úsica instrlln1ental brasileira conten1porânea ganho11 i1npulso com o c:ircuito Banco Nacional de Música Instrumental en1 universidades; as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre ganharam grandes n1urais com o talento de artistas con10 rron1 ie Ohtake, Roberto Magalhães e i\mílcar de (:astro ; e a exibição cinematográfica no País foi modificada com a in11

plantação do projeto de Cineclubes, con10 o Estação Botafogo, 110Rio; Savassi Cineclube, em Belo Horizonte; e a Sala Cinemateca, em São Paulo. Muitas outras ações contaram e contam com o apoio do Banco Nacional. Em comum, elas têm sempre o talento do artista brasileiro. Fato que nos permite dizer que o compromisso con1 a arte e a cultura faz parte da nossa história. Participar da XX Bienal de São Paulo preenche, portanto, mais uma página 1n1portante dessa histó. r1a.

Ana Lúcia ~fagalhães Pinto

CoordPnadoriade Co,nunicaçãoSocial



A arte brasileira sofre uma transformação radical quando se estabelece o confronto com a produção contemporânea internacional proporcionado pelas Bienais. 1-1:no período da década de 50 até o início dos anos 60 que a pintura brasileira tem condições de evoluir na pesquisa da abstração, provocando o surgimento de diferentes vertentes. Este conjunto de obras reunido para a sala '' Pintura i\bstrata, Efeito Bienal, 1954-1963" procurou articular um painel da pintura da época, tomando por base a produção apresentada ao longo de cinco bienais e com ênfase no abstracionismo informal, menos estudado do que sua contrapartida, o concretismo. Num livro editado pela Fondation Maeght, na França, dedicado à arte abstrata e coordenado por Michel Seuphor, existe a observação de que as vanguardas da América Latina sempre respeitaram mais a abstração geométrica, acusando a vertente informal de internacionalista. Em alguns casos em entrevistas da época - , artistas e críticos chegam a desvalorizar a produção local como se fosse apenas uma pálida cópia da Escola de Paris ou uma adaptação local das regras do tachismo. Na verdade, a qualidade da pintura informal no Brasil, /

a intensidade de sua produção, a diversidade das obras existentes e as suas afinidades com polos da produção internacional ainda não estão estabelecidas. Um livro pioneiro sobre as polaridades da pintura abstrata no País foi realizado em 1987 por Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale (Funarte, Coleção Temas e Debates, volume 5). O conjunto escolhido para compor esta sala baseou-se duplamente numa visão crítica e também num corte sobre a época. Trata-se da proposta de um painel para avaliação do que foi a produção daquele período, de um desafio para o reexame de questões de pintura, enunciadas pelos artistas da época nesses trabalhos e que voltam a ter uma pertinência e ao mesmo tempo permitem agora, com um distanciamento, que tais obras sejam examinadas já num plano de história da arte. O período escolhido para exame - de 1954 a 1963 - permite também avaliar outra questão: até que ponto a explosão da gestualidade, do informalismo ou de uma pintura mais introspectiva, no caso do Brasil, foi conseqüência de um '' efeito bienal''. Também já nos anos 50 chegaram a ocorrer ecos locais da produção internacional, ou seja, a lin-


guagern internacional mostrada numa bienal e, dois anos mais tarde, na bienal seguinte, se refletia na produção nacional. No caso da pintura abstrata, no entanto, o exame da produção real dos artistas que atuaram naquele período leva a conclusão de que a necessidade de uma pintura introspectiva, informal ou uma pesquisa de matérias, da fisicalidade do quadro, das texturas e das questões da cor não corresponde apenas a uma necessidade exter-,, na de espelhar uma linguagem internacional. E possível examinar nos exemplos reunidos nesta seleção trabalhos que representam efetiva1nente respostas a questões pessoais dos artista s e não apenas uma utilização de apreendido su,, um vocabulário perficialmente. E claro que, num levantamento qu e pretende caracterizar um período cronológico, algu mas presenças são também escolhidas pelo olhar na época, isto é, porque são trabalhos que caracterizam algumas questões típicas daquele momento . Mas esta sala também pretende chamar a atenção para uma outra questão, que hoje volta a se manifestar de uma outra maneira mas com o mesmo peso. Para a crítica européia ou norte-americana , o fato de um país latino-americano fazer uma pintu-

ra informal, então uma linguagem de domínio ou da Escola de Paris ou do Expressionismo Informal dos Estados Unidos também era encarado como um produto de segunda linha, pois , já na época , era mais irnportante exigir que a América Latina fizesse um produto latino típico. Isto hoje volta a acontecer com os artistas que pretendem fazer uma produção dentro de um vocabulário internacional e mais uma vez os curadores internacionais chegarn ao País em busca do que é típico ou do que não seja um motivo de competição dentro de um mercado qu e lhes compet e conserv a r para os seus próprios artista s .

Casi m iro X avier de M endonça

curador


OBRAS


ANDRÉS, MARIA HELENA Sem Título, 1963 Óleo sobr e tela, 65 x 100 cm Coleção: Maria H elena Andr és Alvorada Vermelha, 1961 Óleo sobre tela , 90 x 120 cm Coleção: Maria H elena Andrés



BANDEIRA , ANTONIO M a rítim a, 195 7 Ó leo sobr e tela, 80 x 100 cm Co leção: Marilú Sant os Co m o C a sc ata Es correndo , 1964 Ó leo sobr e tela , 130 x 81 cm Co leção: Fundaçã o R obert o Marinh o



BOESE , HENRIQUE Sem Tí tul o, 1963 Ó leo so br e tela, 97 ,5 x 86,5 cm Co leção: C la udia Boe se e Bc rnhard P . M. P ovcl



BRANNINGAN,

SHEILA

Pintur a I , 1963 Óleo so br e tela , 150 x 120 cm Coleção: M au ree n Bisilli a t Pintura II , 1963 Ó leo so bre tela, 120 x 150 cm Coleção: M a ur ee n Bisilliat



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CAMARGO, IBERE

Estrutura Dinâmica II , 1961 Óleo sob re tela, 80 x 138 cm Co leção: Afonso Costa

Forma Rompida , 1963 Óleo sob re tela, 92 x 6:> cm Co leção: Alice C hav es de Souza



DI PRETE, DANILO Ges to Cós mi co, 195 9 Ó leo sob re tela, 100 x 100 cm Co leção: D av id Lib es kind Paisagem Cósmica, 1963 Óleo sobr e tela, 150 x 150 cm Co leção: G iuli a n a Di Pr ete



FLEXOR , SAMSON Se m T ítul o , 196 1 Ó leo sobr e tela, 45 x 55 cm Co leção: Franz B. Hant ke e Toshekatu Oshima Elan Az ul , 1960 Ó leo sobr e tela, 158 x 80 cm Coleção : Andr é Flexor



IANELLI,

ARCANGELO

Fundo Verde, 1963 Óleo sobre tela , 130 x 160 cm Coleção: Ar ca ngelo lan elli 1963 Óleo sob re tela, 130 x 160 cm Co leção: Arcangelo l anelli

Três Formas,



KARMAN , ERNESTINA Estereo Pintura , 1960 Asfalto sobr e duratex, 120 x 120 cm Co leção: Ernestina Karman Estereo

P i ntura , 1961

Asfa lto e têmpera sobre duratex, Co leção: Ernestina Karman

122 x 80 cm



KRAJCBERG, FRANS Sem Título, 1963 Técnica mista, 64 x 48 cm Coleção: Frans Krajcbert

Sem Título, 1961 Técnica mista, 120 x 60 cm Coleção: Frans Krajcberg



LEONTINA,

MARIA

~ ni gm as, 195 4 O leo sobr e tela, 59,5 x 81 cm Co leção: J osé P a ul o G andr a M a rtin s

Composição I, 1963 Ó leo sobr e tel a, 73 x 92 cm Co leção: J osé Paul o Gandr a Martin s



LIMA, CELSO RENATO DE Sem Título, fim dos anos 50 Óleo sobre tela , 134 x 143 cm Col eção : Brutus Cortez

Sem Título, fim dos anos 50 Óleo sobr e tela, 81 x 111 cm Coleção : Sociedade Amigas da Cultura



MABE , MANABU Co mp os ição cm Verm elho , 1962 Ó leo sobr e tela, 100 x 100 cm Coleção: Fundação R obe rt o Marinho Sonho, 1959 Óleo sob re tela, 16 1,5 x 130 cm Co leção: Fundação R obe rt o Marinh o



MEITNER,

LASZLO

qompos ição 4, 1959 O lco sob re tel a, 7 5 x 94 cm Co leção: Hort ên cia M e itner Composição 3, 1960 Ó leo sobre tela, 94 x 76 cm Co leção: H ort ência M eitner



MOHALYI , YOLANDA Sim Título, fim d os anos 50 Óleo sobr e tela, 160 x 180 cm Coleção: Fundação Bienal de São Paulo Abstr ato I , fim dos anos 50

Óleo sobre tela , 116 x 80 cm Co leção: Pet er Cohn



NERY, WEGA Campo de Papoulas, 1963 Óleo sobre tela, 200 x 100 cm Coleção: R au l de Souza Dantas Forbes



OHTAKE , TOMIE Se m Títul o, 1959 Ó leo so br e tela, 100 x 70 cm Coleção: Tomi e Oht a kc

Se m Tít ul o, 196 1 Ó leo so br e tçla, 7 5 x 135 cm Coleção: To mi e Oht a kc


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PÉRSIO, LOIO ( ;:orn posição n ° 22, 1959

Olco sobre tela , 130 x 99 cm Coleção: Museu Nacional de Belas Artes Çomposição em Preto, 1959 Olco sobre tela, 97 x 130 cm Coleção: Fundação Rob e rto Marinho

RJ


Raul Lima


PIZA , ARTHUR LUIZ Se m Títul o, 195 8 Co lage m sobr e tela, 24 x 33 cm Coleção: Arthur Lui z Pi za

N 53, fim dos anos 50 Co lage m sobr e tela, 82 x 60 ,5 cm Co leção: Ath alie Fi gu eir edo



RODRIGUES, GLAUCO Roma, 48, 196:-3 Olco sobre tela, 60 x 92 cm Colc<,:ão: G la uco R odri gues Roma 38 , 1963 , Olco sob r·e te la, 90 x 60 cm Coleção: Ma r ia n a R odri gu es Al ves



SCHENDEL,

MIRA

Sem Título , 1963 T éc ni ca mi sta sob re tela, 14 7 x 115 cm Coleção : J oca Mill a n



SERPA , IVAN Sem Tí tul o , l 96 1 T ê m pe ra e óleo so br e tela , 25 0 x 200 cm Co leção: Ivo P ita n gu y J ea nn e D 'Ar c, 1962

T ê mp era e óleo so br e tela, 122 x 122 cm Co leção: Li gia Serp a


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WLADISLAW, ANATOL Sem Título, 1960 Olco sobre tela , 102 x 83 cm Co leção: Bc rald o Peirã o




Bioagrafias

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ANDRES,

MARIA HELENA

(1922)

Nasceu cm Belo Horiz on te, Minas Gerais. Sua formação inclui est udos de pintura com Carlos Chambelland, no Rio de Janeiro, com Guignard e Edith Bering, na Escola de Belas Artes cm Belo Horiz ont e, e na Art Studcnt Leaguc , cm Nova York. Depois de 1956 desenvolveu at ividad es como prof essora da Escol~ de Belas-Artes de Belo H orizo nt e. Nos anos 50 sua obra aproxima-se do Concretismo, mas é na década de 60 que ela rea lmente assume a lib erdade int rosp ectiva da pintura inf or mal , na \'ertentc do abstracionismo líri co. Em 1966 publicou Vivênáa e Arte e em 1977 Os Caminhos da ArtP. 1cm realizado expos ições nas principais capitais do País e já mostrou sua pintura cm Washington, No\ ·a York , Santiago do Chi le, Roma e P ar is. Maria Helena André reside cm Belo H orizontc.

BANDEIRA,

ANTONIO

I\'ascido em Fortaleza

(192 2-1967) e falec id o cn1 Paris.

Ainda rnu1to 10-

vem participou da fundação, cm Fortaleza, da Sociedade Cearense de Belas Artes ao lado de artistas como lnimá de Paula e Aldcmir Martins. Em 1945 vai para o Rio de Janeiro e, no ano seguinte, graças a uma bolsa de estudos, segue para Paris on de freqüenta a Acaden1ia de La Grande Chaumiere. Pouco tempo mais tarde conhece os pintores Cami lle Bryen e Wols , com quem irá formar o grupo Branbryols de pintura informal, que teve uma única cxposic;ão conjunta em 1949. Antonio Band eira , desde essa época, alt erna períodos no Br as il e em Pari s, onde participa ativamente da ce na artística. I) c 1950 a 1954 pennanccc no Brasil e receb e o Prêmio Fiat na II Bienal, o que lhe permite voltar a Paris. Entre 1959 e 1964 mais um a vez faz exposições no Bras il e participa de mostras que inaugur ara in , cm 1960 , o Museu de Arte Moderna ele Salvador e, cm l 961, o Museu de Arte eia Univ ers idade do Ceará. 1anto na pintura co mo no s guac hes, de excelentes quali dades, manteve, a té sua rnortc, a fidelidade a urn univer so de pintura inforrn a l.


BOESE, HENRIQUE

(1977-1982)

Nasceu em Berlim e faleceu em São Paulo. Estudou em Berlim entre 1918 e 1922 com Kathe K ollwitz, de quem receb eu as influências iniciais. Atuou como pintor e músico na Al emanha até 1938, ano em que chega ao Brasil e se fixa em Caragu~tatuba e mais tarde na cidade de São Paulo. R ealizou sua pnmeira exposição individual no Instituto dos Arquit etos do Br a sil, no Rio de Janeiro, em 194 7, ond e voltou a expor cm 1951, estimulado por Mário Pedrosa . No final d a d éc ada d e 50 , sua pintura tem texturas delicadas e uma hábil sensibilidad e par a as harmonias cromáticas. As áreas de cor com eçam a se r estruturadas por uma divisão de espaço que na d éc ada seguint e apr esenta linhas muito marcadas. Boese estev e pr esente n as Bienais dessa época, sempre com uma pintura lírica e suav e d e gr a nd e qualidade, porém que não despertou a mere cida at enção. Em 1972 realizou uma exposição no Museu de Art e d e São Paulo - 30 anos de pintura no Brasil - , mas d epois de sua m o rt e é qu e realmente sua pintura começou a obter espaço e a se r obj eto de pesquisa e de at enção. Discr eto e tímido , Bo ese é um a das figuras importantes da pintura abstrata informal na cid ad e de São Paulo nessa passagem dos anos 50/60.

BRANNINGAN,

SHEILA (1914)

Nasceu em Chest e r, na Inglat e rra, e chegou ao Bra sil em 195 7, depois de ter vivido na Suiça e de ter freqü entado cm Paris a Academia da Grand e Chaumiere e os at eliers de Andr é Lo-

th e e d e G oe tz. P a rti cip ou d a V Bi en a l d e São P au lo, cm 195 e cm 1960 rece beu o Pr êmi o L eirn c r d e Ar te Co n temporâne a . Som ent e em 196 1 rea liz o u a su a p r im e ir a cx po ição in dividu al no P a ís, int eg ra nd o -se n esse m es m o a n o à re pr e e n ta~ão bra . ilcir a n a VI Bien a l d e T óqui o. En t re 1962 e 1964 rea lizo u m o tr as indi vidu a is em São P a ul o e po r vo lta de 1967 regre . ou à Ingl a te rr a. A pintur a d e She ila Br a nnin ga n_ o m e n te vo lt_ou a se r reexa min ad a rece nt e m en te n a X V III Bien a l In ter n ac ional d e São P a ul o, ond e a lgum as d e su a . te la fora m apre ' en tad a · n a sal a "E xpr ess ioni sm o n o Br a il - H e r a n ça e Afinidade · · . Ela tr a balh a co m d elica d as pin ce ladas, o ge . to obr' a te la. a. tr a n sp a rên cias e o va lo r d as tex tur a '.

CAMARGO,

A

IBERE (1914)

N asc id o c m R es tin ga Seca, Ri o G r a n de do, ui. E tu do u pintur a pela prim e ir a vez n a E sco la de , rte e Ofí io d anta M a ri a, d e pois tr a n sfe riu- se pa r a P orto Alegre e chega ao R io d e J a n eir o, em 1942, co m bolsa d o gove rn o gaúc h o. E n1 1 +3 co n stituiu co m outr os a rti stas o Grupo Guzgnard. E n1 19+ 7 m erece o pr êmi o d e vi age m ao es tr a n ge ir o d o alào ~ acio n a l de Belas Art es, di visão m od e rn a. a Eur o pa . e tudo u co rn Gior~i o d e C hi ri co e A ndr é L o th e. Su a ob ra evo luiu da pai .,agen , de 1940 para um a pintur a n ão figur a tiva, até que en1 to r no ck 1958 ele co m eça a u sa r co m o,, po n to de p a rti da de . uas co n1po~içõc as pilh as de ca rr etéis . E n e e 1no m cnto que :ua pi n tur :1 se torn a ex tr cm a 1ne n te vi go rosa e i n \·e n ti \·a. o início da dé e,1d a d e 60 su as textur as j á se to rn a n1 d ra m á ticas . sua ,' cores ~u,n-


dam a densidade da qualidade física de cada tela e é com esta fase que ele representa o Brasil na Bienal de Veneza. Em 1961 ele recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional da VI Bienal de São Paulo. Lecionou no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Montevideo, tendo sido professor do Instituto de Belas Artes no Rio de Janeiro desde 1953, onde fundou o atelier de gravura e onde também ensinou pintura. A obra de Iberê Camargo continua informal e abstrata até o início dos anos 80, quando ele retoma figuras humanas numa nova fase em que até hoje está envolvido e onde também tem apresentado obras de grande vi talidade.

DI PRETE, DANILO (1911-1984) Nasceu em Pisa, Itália, e faleceu em São Paulo. Autodidata, iniciou sua carreira aos 20 anos, participando de diversas coletivas ainda na Itália. Chega ao Brasil em 1946 e se instala em São Paulo, onde exerceu a profissão de programador visual por quatro anos. Foi desde o início ligado ao grupo que incentivou a Francisco Matarazzo Sobrinho criar em São Paulo uma bienal nos moldes da Bienal de Veneza. Em 1951, tornou-se nacionalmente conhecido ao merecer o prêmio de pintura, na I Bienal Internacional de São Paulo, com a tela Os Limões, hoje no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP. Desde a II Bienal sua pintura começa a libertar-se da figuração e ele atravessa a década com uma pintura de sugestões cósmicas e paisagens lunares, onde estão presentes a valorização da pincelada, do gesto e da matéria da pintura. No final da década inicia uma pesquisa de quadros-objeto com efeitos cinéticos, depois

de uma v1s1ta à Europa onde foi profundamente uma exposição de Tinguely.

marcado

por

FLEXOR, SAMSON (1907-1971) Nasceu em Soroca, na Rumânia e faleceu em São Paulo. Em 1924, Samson Flexor chega a Paris onde freqüenta a Ecole Superieure de Beaux-Arts e as Academias Ranson e da Grande Chaumiere. Ligou-se a artistas como André Lhote, Leger e Matisse, participou do Salon des Independants, fez exposições em Lisboa, Paris, Stuttgart e Nova York e somente em 1946 é que chega ao Brasil, depois de ter realizado 29 exposições em diferentes países. A partir de 1948 dedica-se à Abstração e entre 1951 e 195 7 organiza o Atelier Abstração. Sua obra figura em diferentes museus como o Pushkin de Mosc(?u, o Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, o Museu de Arte e História de Genebra e os Museus de Arte Moderna, de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia, em Salvador. Nos anos 50 a sua obra tem planos muito marcados por diagonais e por linhas que cruzam as áreas de cor, mas no final da década ele também adere às formas mais livres, como um tributo ao abstracionismo lírico daquele período.

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IANELLI, ARCÂNGELO (1922) Nasceu em São Paulo, onde reside. Iniciou-se em desenho e pintura com Waldemar da Costa, mas, a rigor, poderia ser considerado um autodidata. Ele integrou durante longos anos o Grupo Guanabara e por quase 16 anos permaneceu figurativo


até o início dos anos 60. É nesse momento que sua pintura co meça a pesquisar texturas , mat é ria e o espaço da cor na pintura . Então Ianelli atinge uma grande forç a expressiva, embora limitando os seus recursos apenas à qualidad e da própria pintura. Arcangelo lanelli tem um vasto currículo de exposições internacionais, participação em salões, bienais e prêmios. Ele re cebeu o prêmio de "Viagem ao Estrang eiro" no Salão Na cional de Arte ~1oderna, em 1964, graças ao qual passou de 1965 a 1967 na Europa, o primeiro prêmio de pintura da Bienal da Bahia, em 1969, o prêrnio de pintura da I Bienal Ibero-Am ericana no México, em 1978 , e sua mais rece nte premiação , há dois m eses, foi na Bienal do Equador. Ern 1978 ele rea lizou uma importante retrosp ec tiva d e sua obra, a pr ese ntada em São Paulo e no Rio de Janeiro , e, em 1984 ,, tamb ém rea lizou a mosno Mus eu d e Art e Mod ern a tra lanelli "40 Anos de Pintura", do Rio de Janeiro e no Museu de Arte de São Paulo Assis C hateau briand. Sua obra consta do ac ervo dos principais museus brasil eiro s, de alguns museus int erna cionais e da sede do Mini stér io das Relações Ext eriores, em Brasília.

KARMAN,

ERNESTINA

(1915)

Nascida em São Paulo. Freqüentou as aulas de Colette Pujo} e d e des enho d e Lucílio Fraga, para depois int eg r ar -se ao Atelier Abstração, dirigido por Samson Fl exor. D esde 1955 ap resentou trabalhos no Salão Paulista d e Arte Mod er na , onde obt eve prêmios de pintura en1 1961 e 1965. Sua primeira indi vidu al foi no Museu de Arte Moderna de Belo Horizonte , em 1962. Porém, já em 1960 trabalhava com materiais insólitos na tent a -

tiva d e obter texturas e matena1s que tivessem um apelo \·isual inédito . Seus tr aba lho s dessa época, co m terras co loridas, pedr as, se ix os co lad os e poste riorm ent e dripping s de asfa lto derretido , têm uma sin cro nia com as pesquisas que. logo a seg uir , com eça m a tomar co rp o na França co m o matieres et reliefs) e qu e se rviri a m d e lingu age m a a rti sta s como Tapiés, Burri e K emeny . Ela b at iza essas obras de es té reo -pintur as, e o críti co J o é Ger aldo Vieira, n a rev ista H a bit at, fala de '' Arte Anag lifi ca de Ernestina Karm a n '' (A n ag lifi ca é o relevo da escrita para cegos). Esses tr a balh os foram a pr ese nt ados na V II B ie n al , em 1963, e são assinalados pelo críti co Martin Friedman , do ½ alker Art Center de Minneapolis. Nas duas bienais seg uint e , ela a ind a ap rese nt a uma evolução desses traba lh os, na s V III e IX Bi enai s, porém depois interrompe seu trabalho d e artista p iá oca par a se d ed icar somente ao ensino e à críti ca jorna lí rica.

KRAJCBERG,

FRANS (1921)

Nascido em Kozienice , na P olônia. Alun o ele \t\'ilh · Baum ei ,_ ter n a Academia de Belas -Art es de Stuttgart, de 1945 a 1967. Em 1948, chega ao Br as il , falando somente alemão . Consegue vir para São Paulo e finalmente encontra traba lh o como a i tente de montagem da I Bi en al d e São Paulo, onde co loca para exa me do júri alguns trabalho s, que são aceitos. Em 1952 realiza su a primeira individu al co mo pint or n o ~ 1useu de Arte ~1 odcrna de São Paulo e a seg uir n1uda-se para o interior do Paran ·í. ond e vive ,até 1956. É n esse perí odo que urgcn1 a ' éric de Florestas e Arvores. Em 19 5 7 ganhou o primeiro prên1io n o alã o Na cional de Arte Mod er na e o prêmio de melhor pintor bra ~iI


Ieiro da Bienal de São Paulo. Esses prêmios lhe permitiram regressar à Europa; e a partir -desse momento até hoj e sua vida tornou-se um roteiro contínuo entre os dois continentes. Como pintor ele era um ótimo exemp lo do que foi o expressionismo abstrato entre nós, porém seu interesse pelas pesquisas de materiais naturais o colocou num plano ainda mais alto de importância. :Pinturas feitas com pigmentos naturais, impressões sobre papel japonês, das marcas de troncos de árvores, de pedras e líquens, e, finalmente, sua relação pessoal com a natureza, tendo adquirido expressão em escult uras de troncos de árvores calcinados. Como escultor, ele foi um dos poucos artistas selecionados a figurarem na sel~ção de ~rtistas internacionais que realizou peças de grande porte na Coréi ·a do Sul durante os Jogos Olímpicos de Seúl. Sua última obra importante foi realizada em Crestet, no sul da França, para a Fundação Stahaly ) e recentemente ele realizou uma individual de escu ltur as na Galeria Thomas Kohn, no Rio de Janeiro.

LEONTINA, MARIA (1917-1984) Nasceu em São Paulo, faleceu no Rio de Janeiro. Iniciou seus estudos de pintura com Waldemar da Costa, em 1945. Em 194 7 tomou parte da exposição coletiva do Grupo dos 19 em São Paulo e, já em 1950 sua obra foi selecionada para integrar a representação brasileira à Bienal de Veneza. Em 1951, participa da I Bienal de São Paulo e ganha prêmio de viage1n ao país no Salão Paulista de Arte Mod erna. Em 1952 parte para a Europa com seu marido, o pintor Milton Dacosta e ainda participa do Salão de Maio, na capital francesa. E a partir des/

sa época que surgem algumas de suas mais importantes séries de pinturas, como Os Jogos e Enigmas, onde a compos1çao tem uma estrutura de espaço bem marcada, uma sutil articulação de cores . Ao longo dos anos 50 suas formas irão oscilar entre diversas temáticas até chegar aos Estandartes, em 1963, onde já é possível caracterizá-la no universo d~ pintura informal. Depois desse período, em novas séries de telas como as Páginas, ObjetosLitúrgicos, ou os Reinos e as Vestes ela manteve uma pintura de delicadas harmo;-iias cromáticas e grande intensidade poética. Participou dos principais salões de arte do país e da Bienal de São Paulo, foi prêmio de viagem ao país no Salão N acional de Arte Moderna em 1956 e Prêmio Nacional Guggenheim da Fundação Guggenheim em 1960.

LIMA, CELSO RENATO DE (1919) Nasceu no Rio de Janeiro, filho do pintor R enato Augusto de Lima. Muito cedo teve convívio com o mundo artístico e com a pintura. Transfere-se com a família para Belo Horizonte onde em 1944 ingressa no curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Como artista plástico , Celso Renato de Lima foi au todidata mas a partir de 1962 sua presença é constante, durante alguns anos, nas bienais , em salões e coletivas e ele mostra seus trabalhos com alguma regularidade. Já nos anos 70/80, recolhe-se em seu atelier de Belo Horizonte e participa com rnenos freqüência de exposições, com exceção de uma individual na Galeria Luísa Strina em São Paulo, o que lhe valeu depois um convite para uma sala especial na Bienal de São Paulo de 1983. Continua a residir em Belo Horizonte. Atual-


mente seu trabalho adquiriu caract erísticas construtivas , em formas que lembram signos d e uma geom etria arcái ca .

MABE, MANABU (1924) Nasc eu em Kumamoto K en, no Japão. Veio para o Br as il com d ez anos , quando seus pais e oito irmãos fixaram-s e no interior do estado de São Paulo. suas primeiras telas d a ta m d e 1945 e ele ainda tem uma afinidad e com o expr essionismo a té 195 7 quando então explode o carát er caligráfico e ab str a to d a sua pintura que n esse período obt eve um gr and e impa cto int er nacional. Foi noticiário da revista Tim e, foi pr emi ado n a I Bienal de Paris , na XXX Bien al d e Ven ez a em 1959 e n a Bien al de São Paulo d e 1961. Na edição d e 2 d e nov embr o d e 1959 a Time publi ca um a rtigo sob o título ' ' O an o d e M a n abu M abe ". A partir da d éca da d e 70 , em alguns mom ent os su a pin tu ra retoma sug estõ es d e figuração m a s ele co ntinu a a ser um d os expo ent es da pintura gestu al d e raiz nipo-br a sileir a. Su a obr a tev e trânsito int ernacion al na virad a da d éca da d e 60 e ele tem obras em diferent es ce ntr os como N ova Yo rk Paris M adrid ' ' ' ~ºn:1ª' Cidade do M éxi co e Toqui o, e figura no ace rv o d os princ1pais mus eus e coleçõ es brasil eira s.

MEITNER,

LAZLO (1900-1968)

Nascido na Hungria e falecid o no Rio d e J an eir o . E st ud ou na Acad emia de Belas-Art es d e Berlim e logo pas sou a colab orar nas revistas Jugend ) Simpli z issimu s e Querschimitt. Ab a nd on a a Alemanha em 1933 , trabalha para a London Films , na In glaterra, e muda-se para Paris, onde rea liza filn1es de anima ção.

Em 1940 ch ega ao Br as il , n a tur ali za- se b ra sile ir o e fixa res id ~ncia n o Ri o d e J a n e ir o . Su as prim e ir a s a ti vidad es n o P a ís fo ram ce n á ri os pa r a tea tr o e d a n ça, m a s a part ir d e 1962 d ed ica - e exclu siv a m ent e à pintur a . Su as prim e ir a s pa isa ge n já d e m o n ·tram qu e tinh a um int e resse pela lu z e pela s var iações d e co r , o qu e ele refin a n as pintur as do pe rí od o in form al. M e itn e r rea lizou pou cas expos ições. Na d éca d a de 60 teve d u as indi v id u a i na Ga leri a Bonin o , do R io . D e po is da su a m o rt e m e rece u u m a retr os pcc ti_va n o Mu se u d e Art e Mod e rn a d o R io d e J a n e iro . um a ex pos ição n o Mu se u d e A r te d e São P a ul o · A si C h a tca ubr ia n d " e m a is re ce n tem e n te um a m os tr a n o M u eu N ac ion al d e Belas- Art es, n o Ri o , reunin do g ua ch es, d e e n h os e tela .

MOHALYI, YOLANDA

1909-1978)

Nasce u n a Tr a n silvâ n ia , n a H un gr ia, e falece u em São P au lo . Es tud ou n a Acad emi a R eal d e Belas Art es d e Bud a pe te. Veio p ara o Br as il em 1931 e radi co u -se cm São P a ul o. P a rti cipou d o Grupo dos Sete, on de ta m b érn figur a va m B rec h e ret, G omid e e Eliza b eth N oblin g . Seu in ício é figu r a tiv o, expr e io ni ~ta. qu e tem ~lgun1 a re lação com a obr a d e L a a r Sega li . ~l a ~ no fin al d a d cca d a d e 50 ass um e a pin tu ra in fo rm al ond e p od e trab_a lh a r co ~ d elica d as situ ações d e co r , ges to e p in ce lad a . P a rt icip ou de 1núi:ner ~s ex p os içõ es n o B ras il e n o Ext e ri o r e d e q u ase tod as as b1en a 1s entr e 195 1 e 196 7. E la fo i e co lh id a co m o o n:ielh or p ~ntor n ac i~n al n a Bi en al d e 196 3 e teve um a a la e pec1a l _n a _b1en al seg uint e, cm 1967. Ta mb ém parti cip o u d a II e d a V Bien al d e Toq ui o e a ind a foi prof e so r a , e ntr 1960 e l _ 6'2. n a E sco la d e Art e d a Fund ação A rm a n d o Á h ·a re P nt ea d o .


de São Paulo da Universidade Museu de Arte Contemporânea de sua obra, merepossui um conjunto bastante representativo cendo ainda uma sala póstuma na XVI Bienal de São Paulo.

NERY, WEGA (1912) Estudou desenho e pintura na EscoNasceu em Corumbá. la de Belas-Artes de São Paulo. A seguir teve a orientação de Joaquim Rocha Ferreira, Takaoka e Samson Flexor. Em 1953 deixa a figuração e passa a realizar uma pintura abstrata, graças à passagem pelo atelier de Flexor - o Atelier Abstração. Participou de várias bienais de São Paulo, tendo merecido uma sala especial na VII Bienal, em 1963. Recebeu o Prêmio Leirner, em 1958, e a Medalha de Prata no Salão Paulista de Arte Moderna , em 1959. Houve momentos em que sua pintura chega ao limiar da paisagem ou de marinhas, mas é o ritmo das pinceladas e das cores intensas que até hoje mantém Wega N ery no espírito da pintura informal, que se definiu como linguagem no final da década de 50.

0HTAKE, TOMIE (1913) Nasceu em Kioto, no Japão. Chegou ao Brasil em 1936. Começou a pintar sob orientação do professor japonês Keisuke Sugano, de passagem pelo País. Mais tarde freqüentou o grupo Seibi, com quem realizou algumas exposições, mas na década de 50 já tomava um caminho pessoal dentro da abstração. numa pintuDas paisagens iniciais ela mergulha radicalmente

ra de grandes espaços brancos, pinceladas gestuais e um sentiDepois é que sua pintura abstrata se perdo de interiorização. mite uma indagação mais objetiva de composição formal, de manchas que se destacam sobre fundos neutros e que, nos anos 60 e 70, chega a uma definição de contornos e texturas com muito maior precisão. Foi uma das artistas que soube desenvolver com maior coerência e amplidão o seu universo de trabalho, cuja síntese foi apresentada numa grande retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo, em 1983, posicionando definitivamente como uma das mais importantes pintoras brasileiras. Tomie Ohtake mereceu um prêmio de aquisição na Bienal de 1967 e sua obra tem participado de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, figurando no acervo dos mais importantes museus ela e nas principais coleções privadas do País. Recentemente, também fez experiências com escultura, gravura e cenografia e continua pesquisando, evoluindo em suas pesquisas de matérias, pinceladas e harmonias cromáticas.

PERSIO,

LOIO (1927)

Estado de São Paulo. Iniciou-se na Nasceu em Tapiratiba, pintura com Cuido Viaro, em Curitiba, em 1943. Depois ainda estudou com Aldo Malagoli e Santa Rosa, no Rio de J aneiro . Em 1952, criou o Centro de Gravura do Paraná. No final dos anos 50 passou da pintura figurativa para a abstração inforpelas pesquisas de texturas e pela qualidamal, interessando-s~ de física da pintura. Ele foi o vencedor do prêmio de viagern no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1963, ao estrangeiro, e também já havia ganho uma medalha de ouro na Bienal do


México de 1960. Suas obras estiverarn presentes na Bienal de Veneza de 1960 e na Bienal de Paris de 1961. Até hoje sua pintura continua a pertencer ao universo da abstração, embora ele hoje tenha obras que mais se aproximam de um espaço construído com áreas de cor.

PIZA, ARTHUR LUIS (1928) Nasceu em São Paulo e atualmente reside cm Paris. Iniciou sua formação artística com o pintor Antonio Gomidc, cm São Paulo . Estudou gravura em cobre, água-tinta e talho-do ce com J ohnny Friedlander. Ainda por volta de 1956 realizou uma série de aquarelas, mas foi como gravador qu e ele mereceu o grande prêmio nacional da gravura na Bienal de São Paulo cm 1959 . Se no início de sua carreira Piza trabalha co m relevos e colagens que ainda podem permear o universo da pintura informal , gradualmen'te a depuração de seus elementos faz com que ele finalmente articule em suas composições apenas pequ enos retângulos e triânguio~ , que na gravura ou cm relevos superpostos acabam por se conste lar em formas orgânicas. Piza também tem sido um artista muito atuante na França, com obras realizadas cm diferentes meios, da escultura em grandes proporções às peças e relevos em porcelana de Lin1oges. Sua obra está repre se ntada nos mais importantes museus e coleções privadas brasileiras.

RODRIGUES,

GLAUCO (1929)

Nasceu em Bagé, Rio Grande

do Sul, e reside no Rio de

Janeiro. Freqüentou cn1 1947 a Escola d e Bel as-Artes ele P ort () Alegre e durante alguns m eses, cm 1949 , a a nti ga Escola r\ac ional de Bel as Artes. Permaneceu cn 1 P o rt o Alegre até 1958 quando voltou a se fix ar no IZio, aJerindo ao abst racionismo. Sua fase abstrata abrange d e 1958 a 1964, que é um período cm que Glauco Rodri gues também viaja para R oma. Deixa a tinta a óleo por tintas acrílicas, experimenta outra s maneira: d · pintar e também ainda, com suas telas inforrnais, participa da polê1nica Bienal de Veneza de 1964 onde a grande maioria elo · artistas ainda utiliza uma lin guagem informal mas o grande prêmio foi dado ao nort e-americano Robert R ausc hcmb crg, pro\ ·ocando um a guinada nas áreas de influ ência ela pintura intern acional. Em seu regresso da It á lia, Glauco R odrigues adota urn a figuração narrativa cm cores inten ·as, visivelmente influenci ado pela Pop Art, que antecede à conhecida série ele trabalh o-, ]erra Brasz"hs, que retorna a Antropofa do s a nos 70, dcnorninada gia e tem ligaçõe s corn a estética elo 'Tr opica li mo.

SCHENDEL,

MIRA (1918-1989)

. Nasceu em Zurich e faleceu crrt São Paulo. C hegou ao Brasil cm 1949 onde começo u o seu trabalho como autodidata . Em 1952 , realiza exposições cm P orto Alegre e cm Santa ~1 aria e transfere-se par a São P au lo n o ano scgu i n te . . esta cidade. expõe pela primeira vez c m 1954 no 1\1useu de Arte i\11odcrna. De início , Mira Schendcl era essencialn1cnte c!escnhi ta, con1 a utilização de signos, sín1bolos e pala\-ras sobre o papel. ~ o final dos anos 50 e início dos anos 60, . entretanto, ela tcn1 un1c1


pesquisa n1uito especial cn1 pequenas pinturas de cores baixas e onde uma tela de grandes proporções representa uma inesperada exceção. A pintura e o desenho na trajetória de Mira Schcndel se inscrevem como indicações de um longo percurso artístico que jamais perde a unidade e que se caracteriza por uma visão de u1n mundo muito específica, de grande espiritualidade e com um extremo rigor na n1aneira de usar o espaço, as texturas e até mesmo a escolha da cor. Mira Schendcl teve uma participação ativa na produção da vanguarda brasileira, participou das bienais de São Paulo, da Bienal de Veneza e realizou expode sua obra sições na Europa, mas ainda assim a intensidade avaliada. ainda não foi devidamente

SERPA, IVAN (1923-1973) Estudou com Axl Lcskoschck. En1 1951, com uma pintura intitulada Formas, ganhou o prêmio joven1 Pintor Nacional na de São Paulo. Um dos criadores do GruI Bienal Internacional po Frente, ativo de 1954 a 1956, que foi irnportante para a evolução do 1novimento concretista brasileiro . Entre 1959 e 1963 é que a sua obra passa a ter uma ligação com o abstracionismo Em 1954, informal, cinbora sern perder as raízes construtivas. cm colaboração com Mário PeJrosa, ele publica o livro Crescimento e Criação. Em 1957, ganha o prêmio de viagern à Europa com o qual visita , nos do Salão Nacional de Arte Moderna, dois anos seguintes, a Itália e a Espanha, sentindo-se profundamente tocado pelas imagens das cavernas de Altan1ira. Este talvez tenha sido um ponto importante para Serpa retornar à figua partir de 1963, com a série ra na sua explosão expressionista,

Fase Negra, de grande força dramática. Serpa participou da famosa Exposição Nacional de Arte Abstrata, cm Petrópolis, ern 1953, das mostras Opinião 1965 e 1966, no Museu de Arte Moderna do Rio de J ancíro, e da Nova Objetividade Brasileira, em 196 7. Tam bé1n participou por três vezes da Bienal de Veneza, cm 1952, 1954 e 1962 e do Salão Comparaison de 1965, cm Paris. Sua atividade didática, nos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi de grande importância e por suas aulas passaram nomes que depois se tornariam artistas de mérito nacional, como Aluísio Carvão e Helio Oiticica.

WLADISLAW,

ANATOL (1913)

Nascido em Varsóvia, na Polônia, fixou-se no Brasil crn 1939, radicando-se crn São Paulo. Engenheiro eletrônico, corneçou a dedicar-se à pintura cm 1946 e foi un1 dos integrantes do Grupo Ruptura, formado cm 1952 e que reuniu os concrctistas de São Paulo. Participou de várias bienais de São Paulo e foi agraciado com o prêmio de melhor desenhista nacional da Bienal de 1961, o que lhe valeu uma sala especial cm 1963, na Bienal seguinte, para rnostrar seus action drawings. A pintura inicial de Anatol Wladislaw tinha um forte caráter expressionista e urna sugestão de paisagens que depois foram substituídas peEm 1957 é que ele começa a trabalhar lo rigor construtivista. com o abstracionisrno informal, n1as já no final dos anos 60 retoma uma pintura figurativa, à qual se mantém fiel até hoje. Wladislaw participou como desenhista da Bienal de Veneza de 1962 e da Bienal de Toquio de 1963 e fez ainda várias exposições inentre elas Nova York e Cidade do México. ternacionais '


Agradecimentos Afonso Costa Alexandre Dacosta Alcídio Mafra de Sousa Alice Chaves de Souza Ana Letycia Quadros Ana Mae Barbosa André Flexor Anna Bella Geiger Athalie Figueiredo Beraldo Peirão e Sra. Brutus Cortez e Sra. Carlos fv1artins Claudia Boese e Bernhard Constanza Pascolatto David Libeskind Dr. Roberto Marinho Eduardo e Marilú Santos Ernesto e Liuba Wolf Fernando Cocchiarale Franz Barreto Galeria Millan Giuliana Di Prete Hortênsia Meitner Ivo Pitanguy João Leão Sattamini

Peter M. Povel

Jaca Millan José Paulo Gandra Martins e Sra. Letícia R edig de Campos Lígia Serpa Luis Augusto de Lima Marc Bercowitz Maria Clara Redig de Campos Maria Eugênia Weissman Maria Rodrigues Alves Mariana Rodrigu es Alves Maureen Bisilliat Max Perlingeiro Museu de Arte Contemporânea de São Paulo - MAC Nicky Baendereck Paulo Figueiredo Paulo de Laport Paulo Nigri Peter Cohn Raul de Souza Dantas Forbes Sara Avila de Oliveira Stella Teixeira de Barros Victor Arruda Yutaka Sanematsu Zé do Mato


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