Mini manual do pão

Page 1

• Mini Manual do Pão


“Quem dá o pão, dá a educação”

A imagem de uma fatia de pão quentinho generosamente barrada com manteiga é suficiente para despertar memórias da nossa infância e estimular os nossos sentidos. Numa sociedade cada vez mais global, temos acesso a pães que antes nos eram culturalmente distantes e que hoje fazem parte dos nossos hábitos quotidianos. Experimenta-se o pão de muitas maneiras; provando-o mas também consumindo visualmente os milhões de imagens que a internet nos disponibiliza. Com máquinas caseiras e com imaginação, testam-se receitas do outro lado do mundo que se tornam um pouco nossas. Esta pequena edição tem como objetivo construir uma ponte entre as memórias do pão, que se situam em tempos mais ou menos remotos, em lugares mais ou menos exóticos, e as representações atuais dos mais jovens. Promove-se, assim, o conhecimento e a curiosidade em torno do fantástico universo do pão, contribuindo-se para o envolvimento afetivo do jovem com a sua comunidade.


O fantástico universo do Pão

O ciclo do pão é longo e complexo. Semear, debulhar e moer foram, até há bem pouco tempo, tarefas que obrigavam a grandes esforços físicos por parte dos homens e de alguns animais. Hoje, essas tarefas estão largamente mecanizadas. No entanto, grande parte da carga simbólica associada às diferentes fases do ciclo do pão acabou por se perder. A primeira fase do ciclo do pão, a sementeira, que previamente obriga a lavrar o terreno de cultivo, significava para o homem, na sua versão manual, o ato supremo da criação, a fertilização da terra Mãe. Representava, também, o reinício dos trabalhos coletivos que permitiam a reatualização dos laços de solidariedade entre parentes e entre vizinhos. À sementeira segue-se o mondar ou o sachar dos campos cultivados para eliminar as ervas daninhas de forma a garantir que o cereal se desenvolva. A monda química acabou por esvaziar este trabalho de um tempo de tarefas partilhadas no qual a comunidade se reforçava. Momento alto do ciclo agrário, a colheita do cereal podia representar a sobrevivência ou a extinção da comunidade. Implicava jornadas de trabalho intenso, coletivo, pautado, também, por refeições comunitárias, que eram reforçadas para permitir a quem segava, a robustez necessária para executar tão exigente labor. Separação do grão dos invólucros das espigas, a debulha era feita nas eiras recorrendo-se aos trilhos puxados por animais, aos malhos empunhados pelos homens ou aos animais que, com os seus cascos, calcavam as espigas. Debulhado o cereal, torna-se necessário proceder à sua limpeza, ou seja, separar as palhas, as impurezas, dos grãos. Colhido e debulhado o cereal, segue-se a moagem que permite transformar o grão em farinha. A imagem dos burros carregando sacos de cereal até aos moinhos – movidos pela força das marés, do vento ou da corrente do rio – faz parte do nosso imaginário coletivo. Desse imaginário faz parte o moleiro, personagem central da pequena comunidade rural que dominava o conhecimento necessário para fazer funcionar o complexo mecanismo de mós do moinho. Tradicionalmente, havia um dia certo por semana para se cozer o pão. Em Portugal, nas zonas rurais, as casas mais ricas tinham os seus próprios fornos, enquanto que os remediados recorriam ao forno comunitário. Marcava-se a vez deixando pauzinhos ou outras marcas na entrada do recinto.


Dicionário de Cereais

O trigo pertence à família das gramíneas cerealíferas e é considerado, ao longo da sua história, a planta mais nobre de entre todos os cereais. Conta com muitas variedades botânicas, algumas das quais foram introduzidas na Península Ibérica pelos Romanos e pelos Árabes.

Trigo

Portugal não reúne as condições mais favoráveis para uma produção rentável deste cereal, sendo o país da Europa com o mais baixo rendimento por hectare.

Triticum L. A aveia, tal como o centeio, começou por ser uma erva intrusa que, através do processo de hibridação, deu origem a uma nova espécie de cereal.

Aveia

Supõe-se que terá sido cultivado na Idade do Bronze, no Noroeste e Oeste da Europa, constituindo a sopa de aveia um prato favorito dos germanos, segundo relatos de Plínio. É um cereal pobre, cultivado na Primavera, por não resistir às geadas. Constitui um ótimo alimento para o gado equino.

Avena sativa L. O antepassado selvagem do centeio ainda não foi identificado, supondo-se que tenha algo de comum com as variedades espontâneas do Afeganistão e da Turquia. Terá surgido como uma erva daninha e, através de um processo de hibridação natural, terá dado lugar a uma nova espécie cerealífera, passando então a ser cultivado.

Centeio

Secale cereale L.

Na época romana já era agricultado na Europa Central, em alguns países mediterrânicos e na Turquia, mas sem ocupar uma posição de relevância. Foi, no entanto, uma cultura importante em toda zona temperada fria da Europa.


Há duas variedades de cevada: a de quatro e a de seis carreiras. Esta última foi encontrada nas mais antigas jazidas da Mesopotâmia e da Europa desde o Neolítico. A introdução da cevada, na Península Ibérica data da época romana. Rapidamente passou a ocupar um lugar de destaque nas produções cerealíferas, na medida em que era utilizada no fabrico de pão pelas classes menos abastadas.

Cevada

Hordeum L.

Na Idade Média, chegou a ser o segundo cereal mais cultivado em Portugal, logo a seguir ao trigo. Tinha inúmeras utilizações: quer na confeção do pão e no fabrico da cerveja, quer ainda como forragem do gado muar e cavalar. Com a introdução do milho de maçaroca, a sua produção diminuiu e o seu consumo em forma de pão também desapareceu.

O milho maís é uma planta originária do continente americano. Foi introduzido em Portugal no século XVI, através de trocas comerciais com Sevilha. O seu cultivo iniciou-se no Noroeste e Centro, em zonas de clima quente e húmido e rapidamente propagou-se ao interior e sul do país.

Milho Maís Zea mays L.

Devido à sua alta rentabilidade, a sua cultura não só substituiu o cultivo dos milhos tradicionais e da cevada, como suprimiu o pousio dos cereais de Inverno, como o centeio e o trigo. Sendo um cereal de verão é o único que necessita de ser sachado e regado.

O milho-miúdo ou milho-alvo é um cereal de espiga que foi cultivado, desde os começos do Neolítico, em toda a Europa, com exceção do Sul. No Norte de Portugal o seu cultivo teve grande importância, durante toda a Idade Média até à introdução do milho de maçaroca, vindo do continente americano.

Milho-Miúdo

Panicum miliaceum L.

A sua farinha era usada na confeção dos pães de mistura e em papas.


Sugestão para

Uma Receita Deliciosa

Com esta atividade pretende-se mostrar de que modo uma receita simples de massa de pão pode também ser usada para confecionar uma das receitas preferidas dos mais jovens: a pizza!

Materiais necessários ( para 4 pessoas ) Ŕ F y DI WFOBT EF DI EF GBSJOIB EF USJHP Ŕ DPMIFSFT EF TPQB EF B[FJUF Ŕ DI WFOB EF DI EF HVB NPSOB PV NBJT TF OFDFTT SJP

Ŕ TBRVFUB EF GFSNFOUP TFDP Ŕ 2VFJKP NP[[BSFMMB Ŕ .PMIP EF UPNBUF Ŕ .BOKFSJD P Ŕ 'PSOP

Como fazer?

1 2 3 4 5 6

Colocar a farinha de trigo numa tigela e misturar com o azeite. Dissolver o fermento na água morna e juntar à farinha, misturando bem com uma colher de pau. Amassar com as mãos até obter uma massa que despegue das mãos. Formar uma bola com a massa, cobrir com um pano e deixar repousar num lugar quente por 30 minutos ou até a massa crescer. Trabalhar um pouco mais a massa com as mãos levemente enfarinhadas e formar uma bola. Dividir ao meio, amassar ligeiramente cada metade e fazer dois círculos espessos com o rolo da massa.

7

Cobrir com o molho de tomate, o queijo mozzarella e o manjericão.

8

-FWBS BP GPSOP B v EVSBOUF NJOVtos até ficar cozida.


Ă€ descoberta do universo do PĂŁo

•

Nos Livros AAVV.

A Minha Primeira EnciclopÊdia Larousse Colecção O Meu Primeiro Larousse, Porto, Campo das Letras: 2007 CARVALHO, SÊrgio Luís de Carvalho

As Palavras do PĂŁo: ProvĂŠrbios e Ditos Populares Portugueses Sintra, Colares Editora: 2003 COLLISTER, Linda

Cooking with Kids, Londres Ryland Peters & Small: 2003 CRUZ, Marques

PĂŁo Nosso - Uma HistĂłria do PĂŁo na Sociedade Sintra, Colares Editora: 1996 DEFOE, Daniel

Robinson CrusoÊ Colecção Descobrir Os Clåssicos, Porto, Civilização Editora: 1999 26"(-*" .BSJB (SB[JB DPPSE

Alimentação: Viver e Sobreviver Colecção Atlas da Terra, Didåctica Editora: 2007 SOLDEVILA, Michèle

DicionĂĄrio da Quinta Porto, Ambar: 2006 STEMPFLE, Ruth Kreider-, FRENSEMEIER, Bettina

Petits Gâteau et Pâte à Choux Genebra, La Joie de Lire: 2005 TEIXEIRA, Pedro Anjos

Memórias de um Grão de Trigo Sintra, Edição Ró: 1983 TOURNIER, Michel

Sexta-Feira ou a Vida Selvagem Lisboa, Editorial Presença: 2007


Na Internet La FĂŞte du Pain Website: www.lafetedupain.com

Canada Agriculture and Food Museum Website: cafmuseum.techno-science.ca

Centre National de Documentation PĂŠdagogique Website: www.cndp.fr

No Mapa Moinho de MarĂŠ de Corroios - Ecomuseu do Seixal 3VB EP 3PVYJOPM 2VJOUB EP 3PVYJOPM Corroios Tel.: 210 976 112 / Fax: 210 976 113 ou 212 275 698 E-mail: ecomuseu@cm-seixal.pt Website: www2.cm-seixal.pt/ecomuseu/

Quinta Pedagógica dos Olivais - Câmara Municipal de Lisboa Rua Cidade Lobito, Olivais Sul -JTCPB Tel.: 218.550.930 / Fax: 218.550.948 E-mail: quinta.pedagogica@cm-lisboa.pt Website: quintapedagogica.cm-lisboa.pt

Quinta das Margaridas - Quinta PedagĂłgica 3VB EB +VEJB 1FHÂąFT Tel.: 21 778 64 60/265 896 534 TelemĂłvel: 93 696 18 22/93 360 15 10 E-mail: quintapedagogicadasmargaridas@gmail.com Website: www.quinta-pedagogica.com

Museu do PĂŁo 2VJOUB 'POUF EP .BSSÂ&#x;P 4FJB Tel.: 238 310 760 / Fax: 238 310 769 E-mail: info@museudopao.pt Website: www.museudopao.pt


ficha técnica coordenação geral Rita Guerreiro . Cassefaz Maria João Nunes . Mapa das Ideias conteúdos Maria João Nunes . Mapa das Ideias Ilídio Louro . Mapa das Ideias conceito gráfico Ilídio Louro . Mapa das Ideias


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.