Lidão, o periódico do jornalista carioca

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ANO XV NÚMERO 42 MAIO DE 2015 www.jornalistas.org.br www.facebook.com/sindjor www.twitter.com/SindJorRio

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

LIDÃO EJANEIRO MAIS:2014 Piso regional Pág.2 Patrões alegam crise para demitir Pág.4 Sindicato amplia fiscalização Pág.3 1


EDITORIAL

Essa crise não é nossa

O cenário é de crise política e econômica. E, como de praxe, tudo é pretexto para que nossos patrões se apressem em demissões e no endurecimento na mesa de negociação da campanha salarial. O Congresso e o governo acenam com pacotes de ajuste fiscal e de cortes de direitos. É tempo, portanto, de união. Não podemos pagar por uma crise que não provocamos. Forja-se no próprio noticiário que produzimos a cultura do medo e do ceticismo como método de produção de nossa resignação coletiva. Mas não podemos cair na armadilha de perder a confiança em nós mesmos e entre nós. Não podemos deixar que o medo nos cale a alma e nos roube a coragem para resistir e lutar. Não é só pelo reajuste inflacionário. É por nossa dignidade. A luta se apresenta grande e pesada demais para que a enfrentemos de forma isolada. A nossa categoria precisa dialogar e se unir ao restante da classe trabalhadora na resistência ao ataque voraz representado, por exemplo, pelo Projeto de Lei 4330, que ameaça regulamentar a terceirização, forma de desfigurar os nossos direitos trabalhistas. Precisamos nos engajar nas lutas populares contra o aperto econômico e pela taxação das grandes fortunas, em defesa do petróleo nacional como patrimônio das futuras gerações, por energia limpa, reforma agrária, por mobilidade, moradia, saneamento, saúde, educação, e, o que é fundamental, por um marco regulatório que garanta uma comunicação mais livre, plural e democrática. Nossos patrões alegam a crise no país para cortar nossas cabeças ou depreciar nossos salários e condições de trabalho. Isso depois de 12 anos sem aumento real e duas décadas sem um piso salarial. E ainda há a depreciação salarial propulsionada pelo turn over, como os patrões denominam a política de novas contratações a salários em média 70% mais baixos em substituição a cada leva de profissionais demitidos. A conjuntura é mesmo adversa. Mas a história nos ensina que os empresários sempre usam as crises para nos explorar ainda mais e, assim, aumentar o lucro. Isso se verifica na atual campanha salarial. Os nossos patrões da radiodifusão, por exemplo, não querem pagar mais do que o reajuste inflacionário pelo INPC nacional (7,13%) e ainda tentam forçar um indecoroso parcelamento do valor retroativo à data-base (1º de fevereiro). Jornais e revistas têm feito de tudo para arrastar o ritmo da negociação e nem mesmo o reajuste inflacionário pelo INPC querem pagar. Em assessoria de imprensa, a negociação ocorre em mesa redonda mediada pelo Ministério do Trabalho. Podemos fechar a campanha em condições melhores. Depende de nós. O poder de pressão da direção sindical nas mesas de negociação é proporcional à adesão da categoria. Faltar às assembleias não tem protegido os nossos empregos. A imposição patronal à condições precárias ou abusivas de trabalho e de salários, e até de assédio moral, tem revelado um cenário de retirada de direitos. O nosso ceticismo nos leva ao fundo de um poço do qual não temos que descobrir qual é o fundo se nos unirmos para lutar. Podemos nos surpreender com os resultados. Não dá é para esperar a demissão de braços cruzados. A inclusão dos jornalistas no piso regional do Rio é prova de que a luta vale a pena. Organizada coletivamente entre os profissionais, a mobilização ganhou as redes sociais e garantiu a derrubada do veto do governador pelos deputados estaduais. Juntos, vencemos essa batalha. E, juntos, seguiremos na luta por dias melhores.

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Ano XV

Número 42

Jornalistas garantem inclusão no piso regional do Rio. Alerj derruba veto de Pezão Os jornalistas do Rio de Janeiro agora têm um piso salarial fixado em lei. A Assembleia Legislativa do Rio derrubou o veto do governador Luiz Fernando Pezão que excluía a categoria profissional da última faixa de remunerações da lei do piso regional, de R$ 2.432,72. A nova lei deverá ser publicada nos próximos dias no Diário Oficial do Estado. A inclusão dos jornalistas na última faixa do piso regional foi aprovada pela Assembleia Legislativa em março, mas vetada posteriormente pelo governador Pezão. A decisão foi influenciada por donos de órgãos de mídia do interior do Estado, que alegaram a possibilidade de uma ‘onda de demissões’ de jornalistas.

Na votação desta quarta-feira, até mesmo a bancada do partido do governador, o PMDB, recomendou votação pela derrubada do veto. Dos 50 deputados presentes na sessão, somente três votaram contra. O Sindicato considera que a mobilização da categoria, nos atos e nas redes sociais, foi essencial para a conquista desse direito para os jornalistas. A categoria agora precisa ficar atenta para o cumprimento estrito da lei em todo Estado. Os jornalistas do Rio de Janeiro estavam há mais de 20 anos sem o amparo de um piso regional. A inclusão no piso regional deve favorecer, inclusive, as negociações deste benefício na campanha salarial.

Cojira-Rio estimula o debate sobre o racismo na imprensa O racismo que trava a luta do povo negro para ampliar seu espaço no mercado de trabalho de jornalistas foi debatido no Sindicato em novembro no Ciclo de Debates Zumbi dos Palmares. O debate, organizado pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira Rio) e Comissão de Segurança dos Jornalistas do Rio, órgãos consultivos do Sindicato, contou com a presença de repórteres, fotojornalistas, advogados e militantes do movimento negro. “A discussão do racismo não deve se dar somente em novembro. Tem que ser permanente, o ano todo – principalmente no meio jornalístico. Os negros sempre foram colocados para cobrir samba ou polícia nas

redações. Poucos são os que se destacaram fora dessas duas editorias. No entanto, nós estamos chegando. Onde antes tinha um, agora são três ou quatro. Isso incomoda os brancos, que passam a hostilizar a gente”, afirmou o repórter fotográfico José de Andrade, que faz parte do Coletivo de Fotógrafos Negros. Também foi debatido o papel da mulher negra no conto carioca a partir da leitura que a professora Ana Gomes faz do trabalho da escritora Lia Vieira, ambas presentes ao evento e acompanhadas pela jornalista e também escritora Angélica Basthi, membro da Cojira Rio, que mediu o encontro, que fez parte do Ciclo de Debates Zumbi dos Palmares.

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Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar - Centro - Rio de Janeiro – Tel: 3906-2450 – e-mail:sindicato-rio@jornalistas.org.br

Presidenta: Paula Máiran Vice-presidente: Randolpho de Souza Secretária-geral: Cláudia de Abreu 1ª Tesoureira: Camila Marins 2ª Tesoureira: Amélia Sabino Conselho Fiscal: Daniel Fonseca, Cecília de Moraes, Fran Ribeiro Delegadas da Fenaj: Gizele Martins, Vivian Viríssimo Suplentes: Regina Quintanilha, Raquel Júnia, José Olyntho Contente Neto, Samuel Tosta e André Vieira Comissão de Ética: Sylvia Moretzsohn, Dante Gastaldoni, Álvaro Britto, Alberto Jacob e Nilo Sérgio Gomes Jornalista responsável: Bernardo Moura Mtb 29.855-RJ Diagramador: Claudio Camillo Mtb 20.478

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Sindicato denuncia e MPT abre inquérito para investigar empresas jornalísticas O procurador-geral do Trabalho, Luis Antonio Camargo, recebeu em janeiro um dossiê com as principais violações trabalhistas cometidas contra jornalistas nas empresas do Rio. O documento foi entregue pela diretoria do Sindicato em visita do representante do Ministério Público do Trabalho (MPT) à sede. Ele estava acompanhado pelo procurador chefe substituto do MPT no Rio, Fábio Goulart Villela. Muitas das denúncias já se tornaram inquéritos em tramitação na Procuradoria do Trabalho. O dossiê do Sindicato divide as principais irregularidades trabalhistas detectadas nas redações e assessorias do Rio dentro dos temas de investigação do Ministério Público do Trabalho. Em ‘precarização do trabalho’ são listadas as irregularidades na contratação de jornalistas como pessoas jurí-

dicas, a chamada pejotização, bastante evidente em empresas como a Rede Globo, a Infoglobo, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a assessoria FSB, entre outros. O desrespeito à jornada legal de cinco horas também se tornou um capítulo à parte por ser uma prática ilegal recorrente nas empresas – sejam elas públicas e privadas. No dossiê, é citado especialmente o caso dos jornalistas de empresas estatais, como a Eletrobras, Furnas e Petrobras. Apesar de desempenharem todas as funções jornalísticas, a esses profissionais é negado o direito a jornada legal de cinco horas. Na esfera privada, a carga horária excessiva é uma das principais reclamações dos jornalistas de empresas como a Fox Sports e da Rede Record. O terceiro ponto descreve o desrespeito à folga semanal remunerada.

Tida como um ‘problema crônico’, a irregularidade está disseminada por diversas redações e assessorias pela cidade. A CLT prevê um dia de descanso remunerado imediatamente após seis dias seguidos de trabalho. Outra questão é a contratação de jornalistas como radialistas – uma forma de estender a carga horária de repórteres cinematográficos. Radialistas têm jornada legal de seis horas, uma a mais do que a dos jornalistas. O assédio moral, em especial na EBC, que já é objeto de investigação do MPT por descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho, foi um ponto que chamou a atenção dos procuradores. “O número de empregados jornalistas com pedido de licença médica por razões psicológicas é enorme e tem por origem a forma desrespeitosa como são tratados, equipes diminutas,

escalas exaustivas, multifuncionalidade (jornalista realiza diversas funções ao mesmo tempo), dentre outras”, aponta trecho do dossiê, que também destaca as práticas antissindicais, que foram sistematizadas em dossiê próprio. A diretoria do Sindicato dos apresentou uma proposta de parceria com MPT, de modo a divulgar campanhas e recomendações às empresas pelo fim do assédio moral. Há a possibilidade ainda de casos que se repetem em outras partes do país ganhem dimensão nacional, acarretando em decisões que podem beneficiar jornalistas em todo o Brasil. No encontro, a diretoria entregou ainda a cartilha das recomendações de segurança para jornalistas, fruto de investigação do Ministério Público do Trabalho a partir de denúncia do Sindicato após a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade.

Empresas e Estado são responsáveis pela onda de violência contra profissionais da imprensa no RJ Estado e empresas jornalísticas são os principais responsáveis pela violência que resultou em 115 casos de agressão a 100 jornalistas, desde maio de 2013 até o fim do ano passado. Esta conclusão se deu em audiência pública sobre a segurança dos profissionais de imprensa e comunicadores populares realizada em novembro no auditório da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e mediada pelo juiz João Batista Damasceno, do Fórum de Sociologia Jurídica da Emerj. Do total de casos de violência compilados pelo Sindicato, 67% foram cometidos pela polícia, 31% por manifestantes e 2% por outros agentes, como milicianos, traficantes ou agentes de segurança privada. Para o Sindicato, a violência contra os profissionais de imprensa não pode se tornar pretexto para o acirramento da criminalização da população pobre, negra e favelada. “É preciso haver uma reformulação JANEIRO 2014 MAIO 2015

dessa política de segurança pública para se garantir de fato a defesa da vida e da integridade física da popu-

lação e dos jornalistas, não como um privilégio, e sim como uma condição para o exercício profissional em

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defesa dos direitos humanos e da democracia”, disse Paula Máiran. A ausência das autoridades da Segurança Pública Estadual e do Ministério Público Estadual foi criticada pelo juiz Damasceno como sinal descaso para com o problema da violência dirigida aos jornalistas no Rio. O magistrado afirmou que a lógica militarizada da política de segurança pública tem, como uma de suas consequências, o acirramento de ânimos contra jornalistas na rua. Durante a audiência, a presidente do Sindicato denunciou que as violações de direitos humanos começam dentro das empresas que não cumprem as recomendações de segurança prescritas pelo Ministério Público do Trabalho, especialmente a que se refere à Cláusula de Consciência, medida prevista no Código de Ética do Jornalismo Brasileiro que permite ao profissional rejeitar tarefas arriscadas ou antiéticas sem sofrer represálias.

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Hora de lutar para não ser devora

Jornalistas do Rio têm que se unir para garantir vitória na campanha salarial com a Jornalistas do Rio têm que se unir para garantir vitória na campanha salarial com acordo justo, aumento real, piso salarial e mais direitos. Os últimos acontecimentos no mercado de trabalho da nossa categoria comprovam que somente a união entre os profissionais poderá garantir a vitória nesta campanha salarial. O cenário de demissões em prol de mais lucro para os cofres das empresas de comunicação é decorrente de anos de desmobilização entre os jornalistas do Rio. Os cortes não poupam ninguém e miram, principalmente, nos salários ditos mais altos, conquistados a duras penas por profissionais que se dedicaram por anos a fio à mesma empresa. Mas, no fim, o importante é maximizar lucros. Nem que para isso seja sacrificada a memória profissional e a qualidade do jornalismo a ser apresentado à sociedade.

Empresas demitem para contratar jornalistas por menores salários Empresas demitem para contratar jornalistas por menores salários É flagrante a forma como as empresas substituem jornalistas a fim de baratear os custos com a mão de obra pagando salários mais baixos. Dados compilados pelo Dieese a pedido do Sindicato demonstram essa prática no Rio de Janeiro. A remuneração de um profissional da TV aberta, por exemplo, foi reduzida de, em média, R$ 3.960 para R$ 2.870 de janeiro a dezembro de 2014. A rotatividade explica a depreciação salarial: foram demitidos 142 jornalistas e contratados 188 profissionais ganhando salário 27,5% menor. Nas redações dos jornais cariocas, a desvalorização salarial também pode ser vista a olho nu. Nos doze meses de 2014, a remuneração média nesse segmento caiu de R$ 2.726,74 para R$ 2.367,85 –

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uma diferença de 13% entre os salários dos funcionários demitidos e admitidos no período. É para estancar esse processo de depreciação que os jornalistas devem se unir nesta campanha salarial. Reivindicamos reajuste das remunerações pelo IPCA Rio, índice inflacionário que reflete mais fielmente o nosso custo de vida, piso salarial digno e mais direitos, como o Vale Cultura. Veja no quadro ao lado um resumo das reivindicações. A campanha salarial é unificada, ou seja, reúne jornalistas de diversos setores, como emissoras de TV e rádio, jornais e revistas e assessorias de imprensa. A cada rodada de negociações com os sindicatos patronais, a diretoria convoca assembleia para, junto com a base, discutir as estratégias até a assinatura da convenção coletiva.

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Crise é discurs um setor que n Apesar do discurso de crise no setor, as empresas de comunicação lucram cada vez mais. As rádios, por exemplo, faturaram 65,7% a mais entre 2005 e 2013 (passando de R$ 114 milhões para R$ 189 milhões). Nas emissoras de TV, a margem é ainda maior: 132% (de R$ 1,06 bilhão para R$ 2,56 bilhões). Até setembro do ano passado, o faturamento publicitário do setor já evoluía 9,3% (rádios) e 10,7% (TVs). A desoneração da folha de pagamentos, tornada permanente pelo governo fedeJANEIRO 2014 MAIO 2015


ado pela ganância das empresas

acordo justo, aumento real, piso salarial e mais direitos

so da boca para fora em não para de lucrar ral, ainda permitiu às emissoras economizar R$ 163,4 milhões até maio de 2014 – último dado disponível. O faturamento dos jornais com propaganda garantiu R$ 752,42 milhões em 2013 e, até setembro do ano passado, já acumulava R$ 485 milhões. A internet pode ainda turbinar esses ganhos entre os meios impressos: o faturamento publicitário do setor evoluiu 439,5% entre 2005 e 2013, quando alcançou R$ 1,43 bilhão. Até maio do ano passado, essas empresas já tinham econoJANEIRO 2014 MAIO 2015

mizado R$ 110 milhões com as desonerações do governo federal. A grana rola solta para diretores e acionistas, mas, na hora de repartir o bolo com quem trabalhou duro para obter o resultado, o discurso é de pura avareza. As empresas querem dar apenas a reposição da inflação pelo INPC (7,13%), sem aumento real. A pauta de reivindicações do Sindicato prevê que os contracheques sejam corrigidos pelo IPCA Rio (8,90%) e tenham um acréscimo de 5% sobre o valor.

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O que queremos Reajuste salarial: IPCA Rio em janeiro de 2015 (8,9%) mais 5% de aumento real Participação nos lucros: pagamento adicional de um salário integral do funcionário Piso salarial digno para jornadas de cinco horas diárias Adicional de reprodução de matéria: 100% do salário dia do jornalista a cada reprodução de seu conteúdo em diferentes veículos Proibição ao acúmulo de função Ajustes no banco de horas: obrigatoriedade do controle de frequência; obrigatoriedade do envio mensal de folha com o resumo das horas – e que será avalizada pelo próprio profissional; concessão de folgas compensatórias junto com a folga semanal; concessão de folga compensatória em dias úteis imprensados entre feriados; fim da escala de 12 dias sem folga; concessão de folga em período imediatamente após o plantão; fim da jornada além de oito horas diárias – cinco horas mais duas extras contratuais e uma para alimentação; aviso de folga compensatória com antecedência de 72 horas. Tíquete refeição: R$ 29 por dia Vale alimentação: R$ 700 mensais Auxílio-creche para jornalistas com filhos até seis anos de idade Vale Cultura Plano de saúde obrigatório Adicional de periculosidade: 30% sobre o salário dia do repórter durante coberturas consideradas perigosas CIPA: empresas deverão informar o Sindicato sobre as eleições da CIPA com antecedência Atendimento médico de urgência obrigatório Obrigatoriedade de exame médico, oftalmológico e radiológico para os repórteres fotográficos e cinematográficos Efetivação de uma comissão paritária de segurança Efetivação do curso de treinamento interdisciplinar, que abranja proteção pessoal e direitos humanos Fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual adequados Cumprimento estrito do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros Manter equipes completas (motorista, repórter, repórter cinematográfico ou fotográfico) em coberturas consideradas arriscadas Assistência jurídica aos jornalistas presos, detidos ou agredidos durante o exercício profissional Garantia de estabilidade no emprego para representantes sindicais por base

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Campanha reivindica jornada legal de cinco horas Que assessor de imprensa é jornalista nós temos certeza. Mas agora é hora de cobrar das empresas o cumprimento da lei que garante a jornada de cinco horas para a nossa profissão. O Sindicato está mobilizando a categoria na campanha ‘assessor de imprensa é jornalista: cinco horas já!’ para garantir o direito aos profissionais. Hoje, cerca de 40% dos jornalistas em atividade no país estão em assessorias de imprensa e de comunicação, de acordo com a pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro, divulgada pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2013. A cobrança pelo cumprimento das cinco horas legais começou com reuniões convocadas pelo Sindicato para negociar a redução da jornada nas empresas

estatais, com base em decisão do Ministério do Planejamento. Depois, o Sindicato ingressou com ação contra a Eletrobras, que foi fiscalizada e já conta com um parecer que constata a existência de jornadas superiores a cinco horas entre os jornalistas da empresa. O Sindicato também segue na cobrança pelo cumprimento da lei em outras empresas públicas federais. Algumas empresas chegam ao cúmulo de extrapolar o limite da lei, fazendo o trabalhador cumprir jornadas superiores a oito horas diárias, como é o caso da Fox Sports aqui no Rio. A empresa foi notificada pelo Ministério Público do Trabalho após denúncia do Sindicato e também participará de mesa redonda para tratar do tema.

Após denúncia do Sindicato, Fox Sports vai reduzir jornada de trabalho A Fox Sports oficializou o compromisso de permitir aos jornalistas a compensação em folgas do tempo trabalhado além da jornada no último ano. A empresa também já se comprometeu em reduzir a jornada de trabalho excessiva dos profissionais. O Sindicato reivindica ainda melhoras no descanso semanal e pagamento da participação de lucros e resultados (PLR). Em relação ao descanso semanal, a Fox informou que concede folga em um fim de semana completo (sábado e domingo) a cada jornada de 12 dias de trabalho - o que é ilegal segundo a CLT. O Sindicato questiona esse tipo de escala. A Fox afirmou que divulga as escalas de trabalho semanais sempre com 48 horas de antecedência. No entanto, as denúncias que chegam ao

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Sindicato dão conta de convocações feitas em cima da hora. O reconhecimento do vínculo trabalhista da época em que os jornalistas trabalhavam em regime de pessoa jurídica, e que havia sido reivindicado pelo Sindicato, foi negado com o argumento de que a adequação (contratação) já havia sido feita a pedido do MPT, e não haveria passivos. O sindicato informa aos jornalistas que as ações de reconhecimento de vínculo tem tido sucesso na Justiça e se põe a disposição para esclarecimentos. A reivindicação de pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) poderá ser discutida, mas pelo sindicato patronal das empresas de TV por assinatura. O Sindicato vai entrar em contato para iniciar negociações.

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No Rio de Janeiro, mulheres negras se mobilizam para marchar contra o racismo Sandra Martins* Provocar reflexões sobre o preconceito racial e divulgar a Marcha das Mulheres Negras 2015 – Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver, no dia 18 de novembro, em Brasília. Estes foram os principais pontos defendidos no lançamento oficial da Marcha na Central do Brasil na última sexta-feira, 6. Outras reuniões de mobilização estão ocorrendo em vários municípios, como a que aconteceu no dia seguinte, sábado, na quadra do GRES Cubango, em Niterói. O tema deveria ser pauta política e de toda a produção midiática. Mas, não o é. Ele é alçado às manchetes, conforme o grau de violência. Mesmo no período em que se homenageia o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a mulher negra continua sendo aviltada, só que simbolicamente: ou invisibilizada ou aparece como excluídas e vítimas de violência. Quando muito, pode aparecer em uma ou outra nota como um “case” de sucesso por sua pessoa perseverança e determinação para vencer as vicissitudes impostas por sua “raça culminada com a classe social”. Este tipo de violência simbólica, danosa à auto-estima de uma criança que não se vê positivamente na TV brasileira, é um dos temas debatidos ao longo das mobilizações da Marcha das Mulheres Negras 2015. E, foi o que ocorreu na Central do Brasil, estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros para todas as regiões do Estado. Mulheres – de todas as classes sociais, idades, denominações religiosas e políticas. Na pauta, o fim do femicídio de mulheres negras, pela visibilidade e garantia de vida, pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de trabalho, combate à violência, contra o racismo e à intolerância religiosa. Durante todo o dia, milhares de pessoas que se dirigiam à estação de trens foram informadas sobre estas reivindicações. O racismo atinge a todas independente de sua classe social ou grau de instrução. É o que coloca a ativista Maria Alice Santos, que atua no município de São Gonçalo. “O racismo não é restrito às classes menos favorecidas. Tanto mulheres negras de favelas como de todas as classes sociais sofrem racismo no seu cotidiano.” Para ela, é fundamental mostrar que estas questões não são restritas a determinados segmentos da sociedade, desta forma, todas poderão compreender as diversas facetas da opres-

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são e do racismo no cotidiano. Rosália Lemos, da coordenação estadual da Marcha e do Comitê Impulsor de Niterói, espera que esta Marcha sacuda o governo brasileiro: “não é possível continuarmos com os índices tão baixos com relação à mulher negra e que nada seja feito efetivamente e nem pontualmente para transformar esta realidade.” Chamar a atenção para o combate à lesbofobia, o sexismo e o racismo fundamentaram a participação de Marcelle Esteves, Conselheira Estadual do Conselho LGBT e da organização da Marcha, que vê como fundamental importância a representação deste segmento no movimento nacional. “Há um verdadeiro massacre dessas mulheres pelo machismo e o racismo nos dias de hoje”. Entre uma apresentação musical e de dança, feministas negras chamavam a atenção das pessoas para a situação em que se encontram as mulheres que perdem filhos, maridos, pais assassinados. Com a perda, tendem a parar de estudar para assumirem a responsabilidade da manutenção da família. Para ajudar a “fazer a cabeça” foram disponibilizadas oficinas de turbantes e lenços. A pessoa escolhia um tecido, aprendia a fazer o arranjo e já saía arrumada: um verdadeiro sucesso que realmente fez a cabeça das mulheres presentes. “A grande Marcha é uma forma de fortalecer as discussões por políticas públicas envolvendo a questão de gênero, raça, combate à intolerância religiosa, ao racismo, entre outras demandas. Queremos acesso à saúde de qualidade, ao trabalho, à assistência social, à aposentadoria,” disse Deusimar de Oliveira, coordenadora estadual do Coletivo de Entidades Negras.

Capilarizar a mobilização é uma das estratégias em desenvolvimento pela coordenação da Marcha em todos os estados da federação. No Rio de Janeiro, as reuniões estão acontecendo em várias partes do Estado. No último sábado, o município de Niterói abrigou

atividades organizadas pelo Comitê Impulsor daquela cidade. No domingo, o palco foi a Quinta da Boa Vista. “O aprendizado durante o processo é riquíssimo. Estamos construindo novas redes para avançar com a mobilização onde está a mulher negra. Em breve, teremos em São João de Meriti, Tanguá, São Gonçalo, entre outros espaços. O importante é que todas as mulheres negas compreendam e participem falando, experenciando, trocando. E que todas as mulheres negras ou não participem da luta contra o racismo, o femicídio, as intolerâncias”, enfatizou Ignêz Teixeira, da organização estadual da Marcha, ao convocar a todas para a Marcha da Mulher Negra 2015 – Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver, em Brasília, dia 18 de novembro deste ano. (*) Jornalista da Cojira-Rio/SJPMRJ e integrante do Comitê Impulsor de Niterói da Marcha das Mulheres Negras 2015

SINDICALIZE-SE Sindicalização

Cópias das seguintes páginas da carteira de trabalho: retrato, qualificação civil e registro profissional. Cópia do diploma (frente e verso) Cópia do CPF Cópia da carteira de identidade Cópia do comprovante de residência. Tipo sanguíneo (informar), 3 fotos 3×4, recentes e com fundo branco. Pagamento da taxa de R$ 60 referente à primeira mensalidade (R$ 30), taxa de inscrição (R$ 30)

Pré-sindicalização (estudante)

Declaração da faculdade com período que está cursando Cópia da carteira de identidade, Cópia do CPF 2 fotos 3×4. Pagamento da taxa de R$ 60 referente à primeira mensalidade (R$ 15), taxa de inscrição (R$ 15) e carteira (R$ 30).

Pré-sindicalização (período concluído)

Declaração da faculdade ou certificado de conclusão de curso Histórico escolar Cópia da carteira de identidade Cópia do CPF 2 fotos 3×4. Pagamento da taxa de R$60 referente à primeira mensalidade (R$ 15), taxa de inscrição (R$ 15) e carteira (R$ 30).

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Sindicato 80 anos: Congresso de Jornalistas discute adoção de colegiado na diretoria Parece que foi ontem, mas a luta sindical dos jornalistas completa 80 anos em 2015. Uma data tão importante não poderia passar em branco, e é por isso que o Sindicato já prepara uma extensa programação que, até dezembro, deverá agitar a categoria e estimular a discussão sobre o papel da nossa profissão nesses tempos hipermodernos. O maior presente virá durante o II Congresso Municipal dos Jornalistas do Rio de Janeiro, que vai debater a necessária alteração do Estatuto do Sindicato rumo à adoção de uma gestão colegiada na diretoria. O evento está marcado para acontecer no segundo semestre do ano e deve reunir toda a categoria dos jornalistas do Rio.

Antes do congresso, serão realizados encontros preparatórios que discutirão o futuro da profissão, a importância da comunicação popular, a saúde do jornalista, a regulamentação da mídia no Brasil e as opressões e violências sofridas pelos profissionais de imprensa. Estão previstas ainda festas, premiações, shows, saraus de poesia. Todos os associados podem contribuir para a programação dessa efeméride, bastando apenas entrar em contato com a diretoria ou com o produtor responsável, o jornalista e poeta Luís Turiba. O aniversário de 80 anos ganhou uma marca comemorativa, assinada pelo artista plástico Bruno Liberati.

Na EBC, trabalhadores na luta contra o sucateamento da comunicação pública O sucateamento a olhos vistos na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) expõe quais são os planos do governo federal para a emissora em tempos de ‘ajuste fiscal’. Em vez de reduzir os polpudos anúncios em veículos privados, a administração federal despreza a comunicação pública. O resultado prático disso está nos rostos suados dos jornalistas da empresa que trabalharam por meses numa redação sem ar condicionado ou até mesmo água. Em vez de empenhar esforços na valorização dos trabalhadores e das trabalhadoras, a EBC afirma uma política de retaliação à organização e à luta laboral, como a recorrente prática de assédio moral e a instauração de sindicância para investigar funcionários que fizeram piadas na internet sobre os problemas ocorridos na empresa. O fim da ‘sindicância dos memes’,

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como já é conhecida, é uma das reivindicações dos trabalhadores, que têm se reunido em assembleias e realizado paralisações nos últimos meses. Os funcionários querem que a empresa investigue a demora na execução de serviços de estrutura essenciais à emissora. Atento ao problema, o Sindicato tem agido em conjunto com os radialistas e a Comissão de Empregados da EBC para reverter a situação em favor dos trabalhadores. Além de reuniões e ofícios cobrando providências, as entidades solicitaram fiscalização ao Ministério do Trabalho por condições insalubres nas dependências da emissora no Rio - que tem banheiros interditados há vários meses. A EBC é ainda investigada em inquérito que corre na Procuradoria do Trabalho do Rio por irregularidades no cumprimento de direitos dos trabalhadores.

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