Bahá'í brasil 36

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Nº 36 - Novembro/2013

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Conferências de Juventude no Brasil reúnem mais de 1000 participantes Em Brasília e Canoas, jovens tiveram oportunidade de discutir temas importantes para a transformação da sociedade Página 10

Manifestações sociais

Plano de Cinco Anos

Huqúqu’lláh

Assembleia Nacional oferece perspectivas sobre protestos populares.

Um balanço das atividades centrais ao longo dos últimos dois anos e meio.

“Firmeza e constância derivam do pagamento do Direito de Deus.”

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Aprofundamento Uma reflexão sobre a força e o vigor da juventude. Página 17

Fé Bahá’í na Internet Como realizar postagens e outras interações virtuais que reflitam os princípios em que você acredita.

Expediente

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Bahá’í Brasil Assessoria de Comunicação - Comunidade Bahá’í do Brasil Jornalista Responsável: Adriana Rosa (reg. 7955/DF) | Diagramação: Rafael Castro Bittencourt | Revisão: Mary Aune Entidade Responsável: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil - Caixa Postal 7035 | CEP 71635-971 – Brasília-DF | Site: www.bahai.org.br | Contato: ascom@bahai.org.br Impressão: Kaco Gráfica e Editora | Tiragem: 2.500 exemplares

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2 Casa Universal de Justiça

Convenção Internacional

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ntre os dias 29 de abril e 2 de maio deste ano aconteceu a 11ª Convenção Internacional, realizada durante o Ridván de 2013, em Haifa, Israel. No período que antecedeu a Convenção, entre 25 e 28 de abril, membros das Assembleias Espirituais Nacionais (AENs) presentes tiveram a oportunidade de realizar consultas informais entre si.

Os nove membros da Casa Universal de Justiça eleitos são: Paul Lample, Firaydoun Javaheri, Payman Mohajer, Gustavo Correa, Shahriar Razavi, Stephen Birkland, Stephen Hall, Chuungu Malitonga, e Ayman Rouhani. Ao todo mais de 1.500 cédulas foram recebidas de todas as partes do mundo. A Casa de Justiça é responsável pela aplicação dos ensinamentos bahá’ís às exigências de uma sociedade em constante evolução e pela legislação acerca de assuntos que não tenham sido explicitamente tratados nos textos sagrados da Fé. Já em maio, a Casa comunicou a nomeação dos membros do Centro Internacional de Ensino que servirão pelos próximos cinco anos, contados a partir de 23 de maio de 2013. São eles: Uransaikhan Baatar, Ramchand Coonjul, Antonella Demonte, Andrej Donoval, Praveen Mallik, Alison Milston, Juan Mora, Rachel Ndegwa e Mehranguiz Farid Tehrani.

Há 50 anos, primeira formação da Casa Universal foi eleita em Haifa

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m 2013 celebraram-se os 50 anos desde a primeira eleição da Casa Universal de Justiça. A data da eleição coincidiu com a conclusão da Cruzada de Dez Anos, instituída por Shoghi Effendi - guardião da Fé Bahá’í - e com a celebração do centenário da declaração pública de Bahá’u’lláh no jardim do Ridván, em Abril de 1863. Bahá’u’lláh ordenou o estabelecimento do Órgão Máximo da administração da Fé Bahá’í no Livro Sacratíssimo, Kitáb-i-Aqdas. Referências às suas responsabilidades também foram feitas em Epístolas de Bahá’u’lláh. Abdu’l-Bahá definiu o método para eleger seus membros, e Shoghi Effendi preparou a eleição da Casa Universal de Justiça. Em 1951, nomeou os membros para o Conselho Internacional Bahá’í, uma Casa de Justiça embrionária. Dez anos mais tarde, o Conselho foi substituído por um corpo eleito pelo voto dos membros de todas as Assembléias Espirituais Nacionais existentes à época. Finalmente em abril de 1963, seis anos após o falecimento de Shoghi Effendi, a primeira Casa Universal de Justiça foi eleita por 56 Assembléias Espirituais Nacionais.

Membros da primeira Casa Universal de Justiça, eleitos em 1963.

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3 Mensagem para o Ridván de 2013 Aos Bahá’ís do Mundo Amigos ternamente amados,

“O

Livro de Deus está aberto de par em par e Sua Palavra convoca a Ele o gênero humano.” É nestes termos jubilosos que a Pena Suprema descreve o advento do dia da união e integração. Bahá’u’lláh continua: “Inclinai vossos ouvidos, ó amigos de Deus, à voz d’Aquele a Quem o mundo injuriou, e segurai-vos a qualquer coisa que enalteça Sua Causa”. Ele, ademais, exorta Seus seguidores: “Com a maior amizade e em espírito perfeitamente fraternal, aconselhai-vos juntos e dedicai os preciosos dias de vossas vidas ao melhoramento do mundo e à promoção da Causa d’Aquele que é o Senhor Antigo e Soberano de todos.”

relatos que descrevem suas realizações. O que é especialmente promissor é que muitos desses atributos distintivos e destacados que caracterizam os agrupamentos mais avançados são também evidentes em comunidades que se encontram em estágios muito mais preliminares do seu desenvolvimento de crescimento.

O comprometimento dos amigos com a aprendizagem se expressa pela constância em seus próprios esforços.”

À

medida que a experiência dos amigos se aprofundou, elevou-se sua capacidade de promover um padrão de vida rico e complexo dentro do agrupamento, envolvendo centenas ou até mesmo milhares de pessoas. Quão satisfeitos estamos em ver as muitas percepções que os crentes estão obtendo de seus empreendimentos. Percebem, por exemplo, que o desenvolvimento gradual do Plano no âmbito de agrupamento é um processo dinâmico, necessariamente complexo, e que não tem tendência à simplificação. Observam como o Plano avança à medida que eles aumentam sua habilidade tanto para levantar recursos humanos como para bem coordenar e organizar as ações daqueles que se levantam. Os amigos percebem que à medida que Uma comunidade de abrangência mundial essas capacidades se intensificam, está aprimorando sua habilidade em torna-se possível integrar uma ler a sua realidade imediata, analisar variedade mais ampla de iniciativas. Com a maior amizade e em espírito perfeitamente suas possibilidades e aplicar de forma Do mesmo modo, reconhecem que fraternal, aconselhai-vos juntos e dedicai os preciosos quando uma nova característica é criteriosa os métodos e instrumentos do dias de vossas vidas ao melhoramento do mundo e à introduzida, requer uma atenção Plano de Cinco Anos. Conforme previsto, promoção da Causa d’Aquele que é o Senhor Antigo e especial por algum tempo, mas que a experiência está se acumulando mais de modo algum diminui a importância rapidamente nos agrupamentos em que Soberano de todos.” de outros aspectos de seu empenho as fronteiras da aprendizagem estão na construção de comunidades. Pois sendo conscientemente ampliadas. Em tais lugares, os meios de habilitar um número cada vez maior de indivíduos a fim entendem que para que a aprendizagem seja seu modo de funcionar, devem de fortalecerem sua capacidade para o serviço estão bem compreendidos. estar alertas para o potencial oferecido por qualquer instrumento do Plano que Um instituto de capacitação vibrante funciona como o principal esteio dos se mostre especialmente adequado para um momento específico e, quando esforços da comunidade para levar avante o Plano e, tão cedo quanto possível, necessário, investir maior energia em seu desenvolvimento; no entanto, não as destrezas e habilidades desenvolvidas com a participação em cursos do se segue que todas as pessoas devam estar ocupadas com o mesmo aspecto instituto são alocadas no campo. Alguns, através de suas interações sociais do Plano. Os amigos aprenderam também que não é necessário que o foco diárias, encontram almas abertas à exploração de assuntos espirituais numa principal da fase de expansão de todo ciclo de um programa de crescimento seja direcionado para o mesmo fim. As condições podem exigir que num determinado ciclo, por exemplo, a atenção seja fundamentalmente dirigida para convidar almas a abraçar a Fé através de esforços intensivos de ensino À medida que a experiência dos amigos se individual ou coletivo; num outro ciclo, o foco pode ser a multiplicação de aprofundou, elevou-se sua capacidade de promover um uma atividade central específica. Amados colaboradores: Este emocionante pronunciamento vem espontaneamente à mente quando vemos seus consagrados esforços no mundo todo em resposta ao chamado de Bahá’u’lláh. A esplêndida resposta aos Seus chamados pode ser testemunhada em toda parte. Aos que fazem uma pausa para refletir sobre o desdobramento do Plano Divino, tornase impossível ignorar como o poder que a Palavra de Deus possui, tem ascendência nos corações de homens e mulheres, crianças e jovens, em país após país, em agrupamento após agrupamento.

padrão de vida rico e complexo dentro do agrupamento, envolvendo centenas ou até mesmo milhares de pessoas. Quão satisfeitos estamos em ver as muitas percepções que os crentes estão obtendo de seus empreendimentos.”

Além disso, os amigos estão cientes de que o trabalho da Causa prossegue a diferentes velocidades em lugares diferentes e por uma boa razão – afinal, é um fenômeno orgânico – e toda ocorrência de progresso que percebem lhes dá alegria e encorajamento. De fato, eles reconhecem o benefício proveniente da contribuição de cada indivíduo para o progresso do todo, e assim o serviço prestado por cada um, aproveitando as possibilidades variedade de situações; outros respondem à receptividade num povoado ou criadas pelas circunstância de uma pessoa, é saudado por todos. Reuniões vizinhança, talvez por terem se transferido para a região. Um número crescente de reflexão são vistas cada vez mais como ocasiões em que os esforços da de indivíduos se levanta para ombrear responsabilidades, incrementando comunidade, em sua totalidade, são o assunto de deliberações sérias e as fileiras daqueles que servem como tutores, monitores e professores de edificantes. Os participantes se informam de tudo aquilo que foi realizado, crianças; que administram e coordenam; ou que de outras formas colaboram entendem seus próprios esforços dentro deste contexto e aprimoram seu para apoiar o trabalho. O comprometimento dos amigos com a aprendizagem conhecimento sobre o processo de crescimento, absorvendo os conselhos se expressa pela constância em seus próprios esforços e uma disposição das instituições e valendo-se das experiências dos seus companheiros de fé. para acompanhar outros nos seus esforços. Ademais, eles são capazes de ter Tal experiência é também compartilhada em numerosos outros espaços que sempre presentes duas perspectivas complementares quanto ao padrão de estão emergindo para consulta entre os amigos intensamente engajados em ação que se desenvolve nos agrupamentos: um deles, os ciclos trimestrais de esforços específicos, seja seguindo uma linha comum de ação, ou servindo atividades – a pulsação rítmica do programa de crescimento – e o outro, os em alguma parte específica do agrupamento. Todas essas percepções são diferentes estágios de um processo de educação para crianças, pré-jovens, colocadas num reconhecimento mais amplo de que o progresso é mais jovens e adultos. Enquanto entendem facilmente alcançado num ambiente claramente a relação que conecta esses imbuído de amor – um ambiente em Os amigos estão cientes de que o trabalho da Causa três estágios, os amigos estão cientes de que as falhas são desconsideradas com que cada um tem sua própria dinâmica, prossegue a diferentes velocidades em lugares diferentes tolerância, obstáculos são superados seus próprios requisitos e seus próprios e por uma boa razão – afinal, é um fenômeno orgânico – e com paciência, e abordagens testadas méritos inerentes. Acima de tudo, são abraçadas com entusiasmo. E é estão conscientes da intervenção de toda ocorrência de progresso que percebem lhes dá alegria assim que através da sábia orientação das e encorajamento. De fato, eles reconhecem o benefício poderosas forças espirituais cuja ação instituições e agências da Fé, funcionando pode ser discernida tanto nos dados em todos os níveis, os esforços dos proveniente da contribuição de cada indivíduo para o quantitativos que refletem o progresso amigos, por mais modestos que sejam progresso do todo.” da comunidade como no conjunto de individualmente, unem-se num esforço

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4 recursos humanos que ele promove. As percepções, qualidades e habilidades espirituais que são cultivadas pelo processo do instituto têm- se mostrado tão cruciais para a participação na ação social quanto para o processo de crescimento. Ademais, explica como as diferentes esferas do empenho da comunidade bahá’í são governadas por um marco conceitual comum e que se desenvolve, composto de elementos que se reforçam mutuamente, ainda Nesse panorama de florescente que assumam variadas expressões atividade, há uma possibilidade Tanto para os jovens como para os adultos, a disciplina em diferentes domínios de ação. O que merece menção especial. Na mensagem que lhes foi dirigida há cultivada por meio do processo educacional da comunidade documento a que nos referimos foi recentemente compartilhado com três anos, expressamos a esperança desenvolve a capacidade para a consulta, e surgem novos Assembleias Espirituais Nacionais, de que, em agrupamentos com espaços para conversas significativas.” e as convidamos a considerar, em programa intensivo de crescimento consulta com os Conselheiros, como em funcionamento, os amigos se os conceitos que ele explora podem esforçariam em aprender mais acerca do ajudar a aprimorar os esforços existentes modo de construir comunidades, desenvolvendo centros de intensa atividade em vizinhanças e povoados. Nossas esperanças foram superadas, pois mesmo em ação social sob seus auspícios e aumentar a consciência dessa importante em agrupamentos em que o programa de crescimento ainda não alcançou dimensão do empenho bahá’í. Isso não deve ser interpretado como um intensidade, os esforços de alguns em iniciar atividades centrais entre os chamado geral para ampla atividade nessa área – a emergência da ação social residentes de pequenas áreas, muitas vezes têm demonstrado sua eficácia. acontece naturalmente, à medida que uma comunidade em crescimento Em essência, essa abordagem é centrada na resposta aos ensinamentos de reúne força – mas é conveniente que os amigos reflitam mais profundamente Bahá’u’lláh por parte de populações prontas para a transformação espiritual sobre as implicações de seus esforços para a transformação da sociedade. promovida pela Sua Revelação. Por meio da participação no processo O aumento marcante da aprendizagem que está ocorrendo neste campo educacional promovido pelo instituto de capacitação, eles são motivados exige cada vez mais do Escritório de Desenvolvimento Social e Econômico e a rejeitar o torpor e a indiferença inculcados pelas forças da sociedade e, estão sendo tomadas medidas para assegurar que seu funcionamento evolua ao invés disso, seguem padrões de ação que se mostram transformadores proporcionalmente. da vida. Nos lugares em que essa abordagem avançou por alguns anos em alguma vizinhança ou povoado e os amigos mantiveram seu foco, gradual; Uma característica especialmente notável dos últimos doze meses foi a frequência com que a comunidade bahá’í está sendo identificada, numa ampla variedade de contextos, com esforços em prol da melhora da sociedade em colaboração com pessoas que compartilham de seus pensamentos. Desde a Uma característica especialmente notável dos arena internacional até as bases da vida nos povoados, líderes de pensamento últimos doze meses foi a frequência com que a comunidade em todos os tipos de ambientes expressaram sua consciência de que os bahá’ís, bahá’í está sendo identificada, numa ampla variedade de não somente têm amor ao bem-estar da humanidade, mas possuem uma contextos, com esforços em prol da melhora da sociedade concepção convincente daquilo que precisa ser realizado e os efetivos meios para a realização de suas aspirações. Essas expressões de reconhecimento e em colaboração com pessoas que compartilham de seus apoio são provenientes inclusive de lugares anteriormente inimagináveis. Por pensamentos.” exemplo, mesmo no Berço da Fé, apesar dos imensos obstáculos colocados pelo opressor em seu caminho, os bahá’ís são cada vez mais reconhecidos porém, incontestavelmente se evidenciam resultados extraordinários. Jovens pelas profundas implicações de sua mensagem para o estado de sua nação, são empoderados a assumir responsabilidade pelo desenvolvimento dos e são respeitados por sua inabalável determinação em contribuir para o mais jovens que eles próprios que estão a sua volta. As gerações mais velhas progresso de sua pátria. acolhem bem a contribuição dos jovens em discussões objetivas sobre os assuntos de toda a comunidade. Tanto para os jovens como para os adultos, O sofrimento suportado pelos fiéis no Irã, especialmente nas décadas desde a disciplina cultivada por meio do processo educacional da comunidade que começou a mais recente onda de perseguição, estimulou seus irmãos e irmãs de outros países a se levantar desenvolve a capacidade para a consulta, em sua defesa. Entre os inestimáveis e surgem novos espaços para legados que, em consequência de tal conversas significativas. No entanto, O sofrimento suportado pelos fiéis no Irã, resignação a comunidade mundial a mudança não se limita aos bahá’ís e especialmente nas décadas desde que começou a mais bahá’í adquiriu, mencionamos um: aos envolvidos nas atividades centrais demandadas pelo Plano, dos quais recente onda de perseguição, estimulou seus irmãos e irmãs uma impressionante rede de agências especializadas em nível nacional seria lógico esperar que com o passar de outros países a se levantar em sua defesa.” que têm demonstrado a capacidade do tempo adotem novos modos de de sistematicamente desenvolver pensar. O próprio espírito do lugar é relações com governos e organizações afetado. Uma atitude devocional toma forma em meio a uma ampla parte da população. Expressões de igualdade da sociedade civil. Paralelamente a isso, o processo dos sucessivos Planos entre homens e mulheres se tornam mais pronunciadas. A educação das tem refinado a capacidade da comunidade em participar de discursos crianças, tanto meninos como meninas, exige maior atenção. O caráter das prevalecentes em quaisquer espaços que ocorram – desde conversas pessoais relações intrafamiliares – moldadas por pressupostos centenários – muda até fóruns internacionais. Nas bases da sociedade, o envolvimento nesse tipo perceptivelmente. Torna-se predominante um senso de dever em relação de empenho constrói-se naturalmente através da mesma abordagem orgânica à própria comunidade e ao meio ambiente físico. Mesmo o flagelo do que caracteriza o firme aumento no engajamento dos amigos em ação social, preconceito, que lança sua sombra maligna sobre toda sociedade, começa a e não há necessidade alguma de uma ação especial em estimulá-lo. Em ceder ante a irresistível força da unidade. Em suma, o trabalho de construção nível nacional, entretanto, está se tornando cada vez mais o foco da atenção de comunidades no qual os amigos estão engajados influencia aspectos da dessas mesmas dedicadas agências, já em funcionamento em dezenas de comunidades nacionais, e segue seu curso de acordo com o padrão familiar cultura. e fecundo de ação, reflexão, consulta e estudo. Para aprimorar tais esforços, Enquanto a expansão e a consolidação progrediram firmemente no ano facilitar a aprendizagem nesse campo, e assegurar que as medidas tomadas passado, outras importantes áreas de atividade também avançaram, muitas sejam coerentes com outros esforços da comunidade bahá’í, recentemente vezes de forma paralela. Como um exemplo notável, os avanços testemunhados estabelecemos no Centro Mundial Bahá’í o Escritório de Discurso Público. na dimensão de cultura em alguns povoados e vizinhanças são devidos em grande parte àquilo que está sendo aprendido do envolvimento bahá’í na ação social. Recentemente, nosso Escritório de Desenvolvimento Social e Em Santiago, Chile, onde está sendo erigido o TemploEconômico preparou um documento que extrai os aspectos essenciais de Mãe da América do Sul, o trabalho de construção continua de trinta anos de experiência acumulada nesse campo desde que o Escritório foi estabelecido no Centro Mundial Bahá’í. Há entre as suas observações a de que forma acelerada. os esforços para se engajar em ação social recebem ímpeto vital do instituto de capacitação. Isso não acontece simplesmente por meio do levantamento de coletivo para garantir que a receptividade ao chamado da Abençoada Beleza seja rapidamente identificada e efetivamente estimulada. Um agrupamento nessas condições é claramente aquele onde as relações entre o indivíduo, as instituições e a comunidade – os três protagonistas do Plano – estão evoluindo de forma sadia.

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5 Instaremos que ele apoie as Assembleias Espirituais Nacionais nesse campo, gradativamente promovendo e coordenando atividades e sistematizando experiências. Um progresso encorajador está ocorrendo em outras áreas também. Em Santiago, Chile, onde está sendo erigido o Templo-Mãe da América do Sul, o trabalho de construção continua de forma acelerada. A concretagem dos alicerces, do subsolo e do túnel de serviço está completo, como também as colunas que irão sustentar a superestrutura. Cresce a expectativa relacionada

Estamos satisfeitos não somente com a reação da própria juventude, mas também pelas expressões de apoio externadas por seus companheiros de crença que reconhecem como os seguidores mais jovens de Bahá’u’lláh agem como um estímulo vital para todo o corpo da Causa.” a esse projeto, e um sentimento de interesse similar está se agitando em sete países onde Mashriqu’l-Adhkárs nacionais ou locais deverão ser erguidos. Em cada um, os preparativos começaram, e as contribuições dos crentes para o Fundo dos Templos já começaram a ser usadas; no entanto, considerações práticas como localização, projeto, e recursos representam apenas um dos aspectos do trabalho que está sendo realizado pelos amigos. Fundamentalmente, seu esforço é de natureza espiritual, uma tarefa na qual participa toda a comunidade. O Mestre se refere ao Mashriqu’l-Adhkár como “o ímã das confirmações divinas”, “o poderoso alicerce do Senhor” e “o firme pilar da Fé Divina”. Onde quer que seja estabelecido, naturalmente será um elemento integrante do processo de construção de comunidades que o cerca. Nos locais em que deverá surgir uma Casa de Adoração, a consciência dessa realidade já está se intensificando entre todos os crentes, sem distinção, os quais reconhecem que sua vida coletiva deve cada vez mais refletir aquela união de adoração e serviço que o Mashriqu’l-Adhkár incorpora. Em cada frente, vemos então a comunidade bahá’í avançando firmemente, aumentando em entendimento, ansiosa por adquirir percepções das suas

O sofrimento suportado pelos fiéis no Irã, especialmente nas décadas desde que começou a mais recente onda de perseguição, estimulou seus irmãos e irmãs de outros países a se levantar em sua defesa.” experiências, pronta para assumir novas incumbências sempre que os recursos o permitirem, ágil em sua resposta a novos imperativos, consciente da necessidade de garantir coerência entre as diversas áreas de atividade em que está engajada, inteiramente dedicada à realização de sua missão. Seu entusiasmo e devoção estão visíveis no tremendo fervor gerado pelo anúncio, há dois meses, da convocação das 95 conferências da juventude no mundo todo. Estamos satisfeitos não somente com a reação da própria juventude, mas também pelas expressões de apoio externadas por seus companheiros de crença que reconhecem como os seguidores mais jovens de Bahá’u’lláh agem como um estímulo vital para todo o corpo da Causa. Estamos repletos de esperança pelas sucessivas evidências que testemunhamos da difusão da mensagem de Bahá’u’lláh, o alcance de sua influência, e a crescente consciência dos ideais que entesoura. Neste período de aniversários, lembramos daquele “Dia da felicidade suprema”, a cento e cinquenta anos deste Ridván, quando a Beleza de Abhá pela primeira vez proclamou Sua Missão aos Seus companheiros no Jardim de Najíbíyyih. Daquele santificado lugar, a Palavra de Deus foi espalhada a todas cidades e todas as terras, convocando a humanidade a um encontro com seu Senhor. E do séquito inicial dos amantes inebriados por Deus, uma comunidade plural em propósitos desenvolveuse, flores multicores no jardim cultivado por Ele. Com o passar de cada dia, números cada vez maiores de novas almas despertadas volvem-se em súplica em direção ao Seu Santuário, o lugar em que nós curvamos nossas cabeças em prece no Sagrado Limiar, em honra daquele abençoado Dia e em gratidão a toda bênção conferida à comunidade do Nome Supremo. [assina: A Casa Universal de Justiça]

Notícias Nacionais

Assembleia Nacional é eleita durante 53ª Convenção Nacional

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53ª edição anual da Convenção Nacional dos Bahá’ís do Brasil aconteceu entre os dias 24 e 26 de maio, no Centro Educacional Soltaniéh, em Mogi Mirim (SP). Nas eleições bahá’ís, cada delegado vota de acordo com a sua consciência, e busca inspiração divina para selecionar os membros mais aptos a contribuir para nos processos administrativos de toda a comunidade bahá’í nacional pelo período de um ano. O sistema bahá’í de administração é fundamentado na consulta, em que o interesse coletivo prevalesce sobre os interesses individuais. Segundo o Guardião da Fé Bahá’í, Shoghi Effendi, a Convenção Nacional é um ambiente único, pois permite “uma consulta completa, franca e desimpedida” entre a Assembleia Nacional – autoridade bahá’í suprema do país, responsável pela administração dos assuntos da Fé Bahá’í em âmbito nacional – e os delegados, fieis depositários da confiança da população do agrupamento que representam para tratar de assuntos complexos abordados naquela importante ocasião. Os principais quesitos levados em consideração são: a diversidade, o equilíbrio, a experiência em assuntos comunitários e a maturidade espiritual dos indivíduos. Todos os bahá’ís maiores de 21 anos com plenos direitos administrativos que residam no país são elegíveis.

Da esquerda para a direita: Gabriel Marques; Fariba Vahdat; Neissan Monadjen; Liese von Czekus; Catherine Monajjem; Iradj Eghrari; Heather Marques; Carlos Silva; e Foad Shaikhzadeh.

Durante a Convenção, aconteceram orações, meditações e consultas sobre temas importantes para a sociedade brasileira e o desenvolvimento da Fé Bahá’í no país. Além disso, realizou-se também a eleição dos nove membros da Assembléia Espiritual Nacional para o ano administrativo 170 da Era Bahá’í.

A primeira reunião plenária desta Assembleia aconteceu entre os dias 7 e 9 de junho de 2013, quando as funções específicas a serem exercidas pelos oficiais foram definidas. Foram designados como Coordenadora a Sra. Heather May McLane Marques; Vice-Coordenadora a Sra. Catherine May Monajjem; Secretário Nacional o Sr. Carlos Alberto Silva; Tesoureiro Nacional o Sr. Foad Shaikhzadeh. A função de Secretário Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo - SASG continuou a cargo do Sr. Iradj Roberto Eghrari. Devido às demandas do desenvolvimento do Plano de Cinco Anos, a Assembleia Nacional decidiu criar ainda a Secretaria de Acompanhamento do Plano, sendo designada a Sra. Fariba Shaikhzadeh Vahdat para acompanhar seus trabalhos. Após recente solicitação de afastamento de Neissan Monadjem devido à sua iminente mudança para outro país, os 76 delegados à 53ª Convenção Nacional foram convocados para uma eleição extraordinária de substituição. Em 31 de outubro, após apuração dos votos, com 70 cédulas válidas recebidas, o Corpo de Escrutinadores anunciou a eleição de Feizi Masrour Milani, da comunidade de Salvador (BA). Feizi passa a integrar a Assembleia Nacional até o final do ano administrativo bahá’í, em abril de 2014 (Ridván do ano 171 E.B.). Em mensagem direcionada à comunidade nacional, a Assembleia agradeceu pelos anos de serviço dedicados por Neissan a esta Instituição, “contribuindo para o seu desenvolvimento, sempre com incansável dedicação, elevada devoção, firmeza, zelo, amor e sacrifício.”

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Notícias Nacionais

Carta dos Delegados da Convenção Nacional à Casa Universal de Justiça

À amada Casa Universal de Justiça, Com um profundo amor e reverência a Bahá’u’lláh, a 53ª Convenção Nacional dos Bahá’ís do Brasil foi realizada durante o período de 24 a 26 de maio de 2013, no Centro Educacional Bahá’í Soltanieh, na cidade de Mogi Mirim, São Paulo. O evento foi agraciado pela presença da Conselheira Continental, Sra. Ingrid Conter, de 8 membros da Assembleia Espiritual Nacional, 11 membros do Corpo Auxiliar, 61 de 76 delegados eleitos, incluindo outros amigos da comunidade brasileira, totalizando 97 participantes. Os delegados foram recepcionados com uma sessão de treinamento que foi marcada pela leitura e consulta da mensagem da Casa Universal de Justiça de 16 de maio de 2013. A riqueza do conteúdo deste documento direcionado ao corpo de delegados nesta ocasião encheu de júbilo e gratidão os corações dos amigos presentes. As consultas sobre os aspectos distintivos do diálogo no mundo bahá’í contribuíram para ampliar as percepções sobre a postura a ser adotada no processo consultivo, gerando um espírito de humildade, amor e união que permearam as interações entre os amigos. Este espírito foi percebido nas contribuições para as consultas da convenção, as quais transcenderam uma tendência histórica de um enfoque excessivo na geração de moções. Em vez disso, a Convenção se transformou em um espaço para trocas de experiências onde a visão dos delegados era ampliada em relação ao processo do Plano em nosso país. As guias contidas na mensagem do Ridván 170 e no documento preparado pelo Centro Internacional de Ensino, “Percepções das Fronteiras da Aprendizagem”, foram coloridas pelos exemplos vivos apresentados no inspirador vídeo “Fronteiras da Aprendizagem”, que teve destaque especial na programação. Tais relatos fortaleceram a esperança e o entusiasmo dos amigos à medida que as experiências demonstraram que o progresso é mais facilmente alcançado num ambiente imbuído de serviço, perseverança e foco nas Guias do Centro Mundial. O espírito de regozijo que se estabeleceu entre os amigos ao visualizar as conquistas já alcançadas pelos diversos agrupamentos ao redor do globo revigorou as esperanças da comunidade nacional brasileira a avançar ainda mais na direção das fronteiras da aprendizagem. De fato, os relatos acerca da evolução do Plano nas áreas indígenas no País serviram como uma fonte de alegria e júbilo aos amigos presentes, demonstrando a capacidade inerente do povo brasileiro em contribuir para o progresso de sua comunidade. Em uma atmosfera de sublime espiritualidade foi realizada a eleição dos membros da Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil para o ano 170 E.B. com 100% dos votos enviados e nenhuma cédula anulada. Foram eleitos os seguintes membros: Sr. Foad Shaikhzadeh, Sr. Carlos Alberto Silva, Sr. Antonio Gabriel Marques, Sr. Iradj Roberto Eghrari, Sra. Fariba Shaikhzadeh Vahdat, Sra. Heather Marques, Sra. Catherine Monajjem, Sr. Neissan Monadjem e Sra. Liese Von Czékus.

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A divulgação dos nomes em si foi precedida por depoimentos comoventes dos amigos que participaram da 11ª Convenção Internacional, transportando todos os presentes àquele abençoado momento dedicado à eleição da amada Casa Universal de Justiça. Rogamos as orações do Corpo Supremo para que a Abençoada Beleza cubra de bênçãos a Instituição Nacional e a comunidade brasileira, de modo que possamos realizar nosso verdadeiro potencial. Com amor, Corpo de Delegados da 53ª Convenção Nacional dos Bahá’ís do Brasil

Resposta da Casa Universal de Justiça aos Delegados 17 de junho de 2013 À Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil Ficamos muito felizes em receber a mensagem dos delegados reunidos em sua Convenção Nacional, e que refletiu a atmosfera espiritual de auspiciosa reunião. O seu país é abençoado com diversas oportunidades para o crescimento da comunidade do Máximo Nome e por intensificar a capacidade de suas receptivas populações em aplicar os Ensinamentos de Bahá’u’llah na vida da sociedade. Que as percepções alcançadas por meio das deliberações centradas dos delegados sejam propagadas por todo o Brasil, dando um maior impulso ao progresso de um número crescente de agrupamentos ao longo do continuum de desenvolvimento. Para tal, ofereceremos nossas súplicas nos Santuários Sagrados. [Assina: A Casa Universal de Justiça]


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Refletindo sobre as mudanças

E

m meados deste ano, o Brasil foi tomado por uma série de manifestações que se espalharam pelo país, trazendo para a pauta diversas demandas populares. Diante disto, a Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil emitiu, em 19 de junho, uma mensagem que traz uma importante reflexão acerca do papel dos bahá’ís na transformação da sociedade.

Um ponto de vista bahá’í sobre as manifestações sociais em nosso país

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jovem democracia brasileira vem testemunhando, ao longo das semanas recentes, uma série de manifestações públicas, realizadas tanto nas capitais como no interior do país. Nelas, grandes números de cidadãos e cidadãs têm tomado as ruas para demonstrar sua indignação diante das disparidades e injustiças que cercam suas vidas. A luta por direitos e por qualidade de vida tem atraído indivíduos e grupos de diferentes origens e convicções, unidos em torno de um objetivo comum: promover mudanças para a melhora da sociedade. Contudo, os pontos de partida de cada uma dessas pessoas diferem. Pessoas com opiniões muitas vezes conflitantes encontram-se nas ruas, empunhando bandeiras e bradando palavras de ordem que vão desde o desejo puro e simples de sentir-se parte de um processo que reverbera nacional e internacionalmente até a defesa de agendas partidárias. De um real engajamento, passando pela ingenuidade e podendo chegar à manipulação, a linha tênue que separa os diferentes perfis de manifestantes, por vezes, sobrepõe-se às suas reais crenças e intenções. Vivemos um período histórico em que testemunhamos a desintegração de tudo aquilo que não atende mais às aspirações de uma sociedade em nítida transformação. Vivemos a falência de instituições há muito estabelecidas, a impotência de lideranças políticas diante das fraturas que se apresentam na estrutura da sociedade, o desmantelamento de determinados padrões sociais, entre outros elementos que apresentam efeitos deveras devastadores sobre todo o tecido social e político. Essas forças desintegradoras tendem a remover, como afirma Shoghi Effendi, as barreiras que bloqueiam o progresso da humanidade, abrindo espaço para um outro processo que ocorre simultaneamente, tanto em nosso país como em todos os outros cantos do mundo: a integração de forças que reorganizarão completamente todas as questões humanas, inaugurando uma era de paz universal. O esforço central de cada bahá’í, seja individual ou coletivo, deve se alinhar às ações que caracterizam esse segundo processo.

Não obstante, ao se dirigir aos bahá’ís do Irã em 23 de junho de 2009, quando a sociedade iraniana efervescia em protestos por liberdades democráticas, a Casa Universal de Justiça, Corpo Supremo da comunidade bahá’í no mundo, afirmava: “vocês não podem permanecer alheios e insensíveis ao sofrimento de seu povo”. Ao mesmo tempo, porém, aquilo que vemos como um aspecto de nosso envolvimento na vida da sociedade e de nossa contribuição por mudanças não pode contradizer nossos pontos de vista e atuação em outras arenas. Não é possível, por exemplo, estabelecer padrões de pensamento e ação que deem expressão ao princípio da unicidade dentro de uma comunidade e, em outro contexto, engajar-se em atividades que, independentemente de sua dimensão, reforcem um conjunto completamente diferente de pressupostos sobre a vida social. Neste cenário, não há lugar para que nós bahá’ís nos envolvamos em ações de cunho partidário ou que se caracterizam primordialmente por críticas diretas a governantes ou partidos políticos. É neste sentido que cada indivíduo bahá’í é convidado a ponderar a sua participação ou não nas manifestações que vem sendo realizadas em nosso país. O aumento da consciência coletiva e o desejo de promover mudanças por meio da participação nas manifestações populares devem ser vistos como apenas parte de uma caminhada que levará décadas – senão séculos – para atingir seus objetivos. É a ação consistente e baseada em princípios incorruptíveis que nos proporciona a capacidade de analisar cada situação e adotar o rumo mais adequado. O senso de propósito que nos une na Comunidade Bahá’í é o de que os movimentos de transformação que darão lugar a uma nova civilização dependem de nossa confiança e dedicação ao estabelecimento da unidade, a qual certamente será alcançada mais rapidamente por meio de atitudes de construção de uma nova sociedade, de uma nova juventude – uma juventude, conforme afirma a Casa Universal de Justiça, “...cuja consciência das falhas da sociedade os impele para o trabalho em prol de sua transformação, não para seu distanciamento dela; jovens que, a qualquer custo, recusar-se-ão a cometer iniquidade em suas muitas manifestações e, em vez disso, trabalharão para que ‘a luz da justiça possa irradiar-se sobre o mundo todo’”.

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Plano de Cinco Anos

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Avanços da Comunidade Bahá’í brasileira rumo ao ponto mediano do Plano de Cinco Anos

ois anos e meio após a inauguração do Plano de Cinco Anos no Brasil, alguns dos aspectos no avanço do Plano que mais se destacam são o crescimento e a consolidação de estruturas nos diferentes níveis – local, regional e nacional - e a conscientização por parte de todos que estão à frente das atividades em relação aos requisitos essenciais para um crescimento sustentável da Causa. Muitos têm sido os ambientes utilizados para amplo estudo das mensagens da Casa Universal de Justiça e de documentos lançados pelo Centro Mundial, seguido de reflexão, consulta, planejamento e execução de ações em todas as regiões do país, visando ampliar e fortalecer as bases da Causa.

Alguns novos elementos têm surgido ao longo do corrente Plano de Cinco Anos. Dentre eles está o esquema regional de coordenação, ou equipes regionais, cada qual composta por um membro do Corpo Auxiliar, da coordenação regional executiva do Instituto e da secretaria executiva ou adjunta do Conselho Regional. Cada equipe regional tem procurado se encontrar com frequência, consultando para traçar ações objetivas num determinado período. Também têm ocorrido encontros das equipes regionais de cada região, num esforço de fortalecer o esquema completo de coordenação. Estas equipes não são um novo elemento na administração da Fé: funcionam no sentido de melhorar a execução das ações de cada integrante, sem fragmentação. À medida que as ações avançam nesta direção, novos desafios têm surgido, como a estruturação de um esquema de coordenação no nível do agrupamento, ampliando assim a complexidade do esquema de coordenação como um todo. Da meta global de levar 5.000 agrupamentos a avançar “em qualquer nível de intensidade”, a comunidade bahá’í brasileira se comprometeu em garantir que mais de uma centena de agrupamentos estejam em algum nível de intensidade participando de um programa de crescimento², em adição aos 51 que já haviam lançado o Programa Intensivo de Crescimento – PIC no Plano anterior. Os seis Conselhos Bahá’ís já definiram e consolidaram suas metas. Um destaque é que, do total de agrupamentos sendo trabalhados no Brasil, três estão em áreas indígenas, sendo eles o Kiriri, no interior da Bahia; o Kariri-Xocó, no interior do estado de Alagoas, e o Mundurucu, no Amazonas. Atividades sistemáticas estão sendo realizadas nestas áreas para que esses agrupamentos alcancem um programa de crescimento.

Grupo de pré-jovens em Canoas - RS participa de atividade de lazer saudável.

É evidente que, em todo o mundo bahá’í, ocorre o fortalecimento de uma nova cultura “na qual a aprendizagem é o modo de funcionamento”. O Brasil tem avançado na sistematização de tal “cultura de aprendizagem”, esforçando-se cada vez mais para estabelecer um “esquema completo de coordenação” por parte de todos aqueles que estão na vanguarda do crescimento.

Uma estratégia definida para a expansão da Fé no país tem sido focar no fortalecimento do programa de pré-jovens, identificado como um catalisador do crescimento que impacta o progresso de outras atividades centrais, como as aulas bahá’ís para crianças e os círculos de estudo. A receptividade da população pré-jovem tem sido evidente. Vinte e três agrupamentos estão sendo capacitados para receberem um forte ímpeto de crescimento, a partir desse programa. Espera-se que este conjunto de agrupamentos alcance novas fronteiras de aprendizagem e consiga ultrapassar a marca de mais de 100 atividades centrais acontecendo, contemplando entre mil e dois mil participantes. A meta é de envolver entre trezentos e mil pré-jovens no programa. Para alcançar essa meta será necessário levantar e capacitar recursos humanos que possam servir como animadores dos grupos de pré-jovens, um desafio que está diante dos Institutos. Destes 23 agrupamentos, 11 estão sendo acompanhados, capacitados e orientados pelo Centro de Aprendizagem do Programa que funciona no Agrupamento Portal da Glória.

Para que este esquema possa ser fortalecido, reuniões institucionais vem sendo realizadas em diferentes níveis em cada área de Conselho Regional Bahá’í. A cada seis meses acontece uma reunião institucional abrangente, da qual participam um dos Conselheiros residentes no país, representantes da Assembleia Espiritual Nacional, membros do Conselho Bahá’í, seus secretários - executivos e adjuntos – membros da Coordenação Regional de Instituto ¹, os membros do Corpo Auxiliar que atuam na região e coordenadores regionais de instituto. Neste fórum é analisada a situação da Fé na região, como está o acompanhamento do progresso de cada agrupamento, dentre outros detalhes sobre o avanço do Plano. Tudo isso em meio a releitura constante das guias recebidas acerca de cada assunto. O resultado prático destas reuniões tem sido um rápido aumento da compreensão sobre os diferentes processos em andamento, a estreita colaboração entre as instituições e agências, o senso de trabalho coletivo, maior entusiasmo e alegria no servir. Emerge em nossa comunidade uma leitura mais apurada da realidade dos agrupamentos e da realidade regional, maior prática da consulta e reflexão sobre ações planejadas e executadas, gerando a aprendizagem necessária para se avançar mais rapidamente em outros agrupamentos, com a transferência e aplicação do aprendizado acumulado. Em Maceió - AL, crianças participam de aula de educação espiritual. 1 - As Coordenações Regionais do Instituto são responsáveis pelas atividades de capacitação continuada baseadas na sequência de livros e metodologias do Instituto Ruhi de Capacitação. Saiba mais em ruhi.org.

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Os aprendizados gerados durante os últimos dois anos auxiliaram a comunidade a melhor compreender a dinâmica do trabalho com vizinhanças. Mais de 30 agrupamentos identificaram as vizinhanças nas quais serão intensificadas as atividades, muitas das quais contam com uma equipe que inclui um integrante do Comitê de Ensino de Área, a coordenação de programas do Instituto e um membro do Corpo Auxiliar. Alguns integrantes atuam em tempo integral, como por exemplo,

2 - O programa de crescimento consiste no fortalecimento das atividades realizadas em mua região, com o aumento da qualidade e do número de pessoas envolvidas nas atividades comunitárias e de ação social.


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nos agrupamentos Falcão Real (DF), Portal da Glória (RS) Cidade da Bahia (BA), Luz Verde (AM), Iranduba (AM), dentre outros. O processo de Instituto, considerado o motor do crescimento, vem ganhando ímpeto no país, sendo fortalecido no âmbito regional e de agrupamento. O número de coordenadores regionais executivos e de agrupamento tem aumentado para responder ao acompanhamento das crescentes atividades. Em alguns agrupamentos, têm sido necessário designar coordenadores para cada um dos programas do Instituto – aulas para crianças, grupos de pré-jovens e círculo de estudo, este último focado no envolvimento de um número cada vez maior de indivíduos no estudo de toda a sequência dos materiais, desde o livro 1 até o 8. Seminários de Instituto acontecem em diferentes regiões do país, voltados, principalmente, para desenvolver as habilidades necessárias para encontrar e estimular jovens em bairros, escolas e outras instituições sociais que desejem trabalhar com pré-jovens. Com isto, o número de animadores de grupos de pré-jovens aumentou, resultando em mais de mil pessoas que concluíram o Livro 5 no país até o momento. Cerca de 300 grupos de pré-jovens atendem aproximadamente três mil participantes em todo o Brasil, dos quais mais de dois mil são simpatizantes da Fé. Com a realização das duas conferências de juventude em território brasileiro no mês de julho desse ano, uma legião de jovens sentiu-se atraída a se envolver com o programa de pré-jovens. Com relação às demais atividades centrais, em maio de 2013 havia 146 aulas bahá’ís para crianças, com 1145 participantes; 285 reuniões devocionais envolvendo 1720 participantes; e 250 círculos de estudo com 678 participantes. Ao longo do corrente Plano, cerca de 200 indivíduos se declaram bahá’ís em decorrência natural de seu envolvimento em atividades bahá’ís. Para alcançar a meta do progresso de mais de uma centena de agrupamentos incipientes onde não há qualquer atividade ou Pré-jovens auxiliam turma de educação espiritual para crianças em Bauru - SP onde exista um núcleo de pessoas conduzindo as atividades centrais, um desafio é levantar um grande número de pioneiros de frente interna para se estabelecerem nesses agrupamentos para ajudar a comunidade local a se capacitar para promover o seu próprio desenvolvimento. Para isto, no corrente Plano, as Instituições estão empenhadas em estabelecer uma cultura de pioneirismo no país que inclui um programa para jovens em ano de serviço. Cerca de 50 amigos já responderam ao chamado e se levantaram para ocupar postos de pioneirismo, tanto de frente interna como internacional. Cidades como João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Petrolina (PE), Campina Grande (PB), Barra do Garças (MT), Campo Grande (MS), Presidente Figueiredo (AM) e Rio de Janeiro (R)J, dentre outras, receberam pioneiros. No campo do pioneirismo internacional a Comunidade Bahá’í Brasileira tem dado um grande apoio à nossa comunidade irmã do Chile, enviando vários pioneiros de curta e longa duração. Esforços têm sido feitos no sentido de aperfeiçoar a capacidade administrativa das Instituições, desde o nível local ao nacional, com foco em desenvolver capacidades e equipá-las para poderem melhor desempenhar suas funções e dar agilidade ao fluxo de informação, de guias e de fundos. Ênfase tem sido dada às áreas de secretariado e tesouraria, buscando aumentar gradativamente a eficiência e responder às crescentes demandas naturais do desenvolvimento da Causa. No âmbito dos Conselhos Regionais, a demanda crescente do trabalho de ensino e consolidação exigiu a nomeação de secretários adjuntos que, ao lado dos secretários executivos, atuam em tempo integral ou parcial, além de contarem com os serviço de um assistente administrativo/financeiro. Tais arranjos têm garantido visitas mais frequentes aos agrupamentos de modo a acompanhar o desenvolvimento dos Comitês de Ensino de Área, o fortalecimento das Assembleias Locais e o desenvolvimento das atividades. No nível nacional, a Assembleia Nacional criou a Secretaria de Acompanhamento do Plano, que trabalha em estreita relação com os Conselhos Regionais e o Departamento de Estatística, que deverá aperfeiçoar o sistema de coleta e análise de dados e garantir uma atualização mais frequente do programa de relatórios estatísticos (SRP - População e SRP - Instituto). Os Conselhos Bahá’ís têm dado crescente atenção ao fortalecimento das 85 Assembleias Espirituais Locais atualmente existentes. Para isso tem realizado visitas e seminários para capacitá-las no desempenho de suas sagradas funções. No centro de tal atenção tem estado o trabalho de auxiliar as Assembleias Locais a fomentarem uma vida comunitária bahá’í vibrante e a alcançarem um maior entendimento de seu papel com relação ao Plano de Cinco Anos.

Mensagem da AEN por ocasião do Naw-Rúz 170 21 de março de 2013 Aos Participantes da Celebração do Ano Novo Bahá’í Amigos ternamente amados, Com os corações plenos de extasiante alegria e amor, felicitamos a todos pela passagem do Ano Novo Bahá’í. Da mesma forma que na natureza tudo passa por mudanças e renovações cíclicas, a entrada em um novo ano representa, conforme disse ‘Abdu’l-Bahá “uma renovação espiritual e motivo de alegria e felicidade”. Esta renovação foi reforçada pelo abençoado período do jejum bahá’í que antecede a este Dia Sagrado. É nossa mais fervorosa esperança que todos estejam se sentindo revigorados, felizes e com energia para adentrar um novo ano para grandes realizações e conquistas. A Casa Universal de Justiça, numa mensagem de Naw-Rúz, transmitiu o seguinte aos bahá’ís no Irã: “Assim como o advento da primavera confere nova vida e frescor ao mundo da natureza, nesta nova era do espírito os raios da luz divina também resplandecem sobre os corações imaculados e as brisas celestiais sopram sobre o jardim da realidade íntima das almas iluminadas, despertando e iluminando as pessoas de discernimento e boa vontade. Agora que vocês receberam uma porção abundante das graças espirituais dos dias do Jejum e mais do que nunca se inebriaram com o vinho do amor de Deus, nossa esperança é que nestes abençoados dias ... vocês estarão aptos a adquirir ânimo da mensagem de júbilo e dos doces sabores de esperança trazidos pelo NawRúz e deles obter força renovada.” Nesta ocasião especial, a Assembleia Espiritual Nacional aproveita para expressar sua profunda gratidão pelos esforços que todos os amigos estão fazendo para o progresso da Causa de Deus em todas as regiões do país, ao se dedicarem, conforme disse a Casa de Justiça, “no atual padrão de atividade que se desdobra no mundo todo, propagado por jovens e idosos, por veteranos e recém-declarados, trabalhando lado a lado”, dando apoio ao processo de construção de comunidades e das estruturas da Ordem Administrativa Bahá’í, cientes que estão inseridos numa missão de natureza divina e contribuindo “para o avanço da civilização”. Quando olhamos para todos aqueles que estão se dedicando como atores deste elevado propósito, recordamos as inspiradoras palavras de Bahá’u’lláh indicando que são: “... as estrelas do céu da compreensão, a brisa que sopra ao romper do dia, as águas que fluem suavemente, das quais há de depender a própria vida de todos os homens, as letras inscritas em Seu sagrado pergaminho.” Nossos corações devem se sentir repletos de júbilo por tão gloriosa posição. Desejamos a todos, um Ano Novo repleto de felicidade e que mediante as confirmações e bênçãos divinas, seja marcado pelo esplendor da luz da unidade, pelos laços de amizade iniciados e fortalecidos, que as esperanças sejam renovadas e que todos sejam protegidos por Aquele que é o Todo Poderoso. [Assina: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil]

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Brasil realiza Conferências de Juventude Os jovens como verdadeiros protagonisas da transformção social Quando as dimensões espiritual e material estão conectadas, o jovem é capaz de direcionar os esforços de seu trabalho em ações que também ajudam a melhorar as condições de vida dos outros, como percebeu a jovem Anísa, 26, de Brasília. “Precisamos enxergar a vida como um todo. Quando comecei a estudar psicologia percebi o quanto o estudo me qualificou para o serviço e o quanto minha experiência prática me ajudava a entender os conceitos que eu aprendia”, afirma.

Canoas: Jovens do Rio Grande do Sul em momento de entusiasmo.

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o início deste ano a Casa Universal de Justiça, órgão máximo da Fé Bahá’í, convidou comunidades de todo o mundo a organizarem 114 Conferências de Juventude destinadas a jovens de 15 a 30 anos, a serem realizadas entre os meses de julho e outubro de 2013. O principal objetivo é promover o entendimento sobre a contribuição dos jovens para a construção de uma nova realidade social. No Brasil aconteceram duas Conferências: a de Brasília (DF) reuniu mais de 7 00 jovens entre os dias 19 e 21 de julho; a de Canoas (RS) contou com mais de 300 participantes entre 26 e 28 de julho. Nesse período, os jovens puderam refletir sobre diversas temáticas, entre elas, as forças que contribuem ou limitam seu desenvolvimento espiritual e social, a realidade que os cerca, como podem interagir com o mundo, além da responsabilidade no direcionamento dos pré-jovens (10 a 14 anos), que os têm como exemplo. Entre as várias reflexões resultantes das conferências, os jovens concluiram que o serviço à humanidade não é uma ação isolada, mas sim uma postura de vida que deve estar presente na vida em família, no trabalho, nos estudos e na vida social dos jovens. O apoio mútuo e o fortalecimento das verdadeiras amizades também devem permear todas essas dimensões para que exista uma coerência entre convicções e ações. Assim, os jovens desta geração poderão levar adiante a grandiosa tarefa que lhes é conferida: desencadear um grande processo de transformação social que começa dentro da própria comunidade e se multiplica pelo mundo. “Eu confio nos jovens”, diz Mateus, 26, de Blumenau (SC). “A gente tem um amadurecimento até mais precoce do que outras gerações para assumir as responsabilidades para transformar a sociedade. Um tempo atrás, por mais que os jovens começassem a trabalhar e assumissem responsabilidades familiares mais cedo, o ato de pensar na sociedade talvez surgisse mais tarde na vida. Hoje, nós jovens já pensamos nesses dois aspectos de forma conjunta. As demandas da juventude de hoje e os desafios que ela está enfrentando são diferentes dos das gerações passadas. Nossa geração tem a maturidade para solucionar os problemas de hoje”.

Brasília: Dinâmica com jovens do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul demonstra a importância do apoio mútuo para superar obstáculos.

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Outro aprendizado importante foi o de que para tornar um agrupamento uma comunidade vibrante, todos os protagonistas do processo de transformação da sociedade precisam trabalhar juntos pelo desenvolvimento material e espiritual daquele lugar. Quando os indivíduos, a comunidade e as instituições que servem a um agrupamento concentram seus esforços na promoção do bem-estar coletivo, inicia-se um processo de transformação social. As conferências auxiliaram os jovens a descobrir ferramentas poderosas para dar ímpeto a essas mudanças, tais como o serviço coletivo, a fé na ajuda divina e o aprendizado conjunto sobre os potenciais e as necessidades de suas comunidades. Agregadas às amizades, essas ferramentas os ajudam a se tornarem os verdadeiros protagonistas da transformação social. “Estamos reunidos em um só propósito”, afirma Luane, 21, vinda da capital amapaense, Macapá (Agrupamento Açaí). “Fizemos amizades verdadeiras que vão ficar para sempre. Com essa Conferência a gente achou força para seguir em frente”. A amiga Kamily, 27, também de Macapá, falou da emoção de participar desse momento tão importante. “Eu senti uma energia superior aqui. Sei que vou me lembrar desses dias para sempre. Por isso eu pretendo estar mais próxima aos jovens e ajudá-los a desenvolver suas capacidades”. “Precisamos promover o amor e a justiça para transformar a sociedade”, acredita Felipe, 26, de Canoas (RS). “Quando você enxerga o mundo todo sem distinção de países ou pessoas, você percebe que somos todos iguais e as várias culturas são um elemento de diversidade para o desenvolvimento” Outra forma de contribuição que o jovem pode oferecer para fortalecer o processo de integração é aprender a identificar suas habilidades para entender como ajudar a sociedade, principalmente para escolher uma profissão. “Na dúvida faça algo que poderá ser aproveitado pela humanidade e lembre que a sua postura dentro do trabalho também pode influenciar todo o ambiente”, conclui.

Canoas: Jovens de Santa Catarina refletem sobre as forças construtivas e destrutivas presentes na sociedade.

Brasília: Apresentação do grupo indígena das etnias Kariri Xocó, Kiriri e Mundurucu, vindos dos estado da Bahia, Alagoas e Amazonas.


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Confira abaixo a carta da Casa Universal de Justiça aos participantes das 114 Conferências de Juventude por todo o mundo 1º de julho de 2013 Amigos ternamente amados,

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uando a excelsa figura do Báb, com apenas vinte e cinco anos de idade, levantou-Se para dar Sua mensagem revolucionária ao mundo, muitos dos que aceitaram e divulgaram Seus ensinamentos eram jovens, até mesmo mais jovens que o próprio Báb. O heroísmo de todos, imortalizado em toda a sua fascinante intensidade em Os Rompedores da Alvorada, iluminará os anais da história humana durante séculos por vir. Assim começa um padrão no qual toda geração de jovens que obteve inspiração do mesmo impulso divino para criar um novo mundo aproveitou a oportunidade de contribuir para o estágio mais avançado do processo de desenvolvimento que haverá de transformar a vida do gênero humano. Este é um padrão que não sofreu interrupção desde o tempo do Báb até o presente momento. O empenho e o sacrifício de toda uma vida dos seus antepassados espirituais muito fizeram para estabelecer a Fé em diversas terras e para apressar o aparecimento de uma comunidade global que tem propósito. Embora as tarefas que se estendem perante vocês não sejam as mesmas deles, as responsabilidades com as quais vocês estão incumbidos não são menos vitais. Depois de muitas décadas, os trabalhos de abrangência mundial desta vasta comunidade em alcançar um entendimento mais adequado da Revelação de Bahá’u’lláh e aplicar os princípios que ela entesoura culminaram na emergência de um potente arcabouço estrutural para ação, aprimorado pela experiência. Vocês são afortunados por estarem familiarizados com seus métodos e abordagens, agora tão bem estabelecidos. Com perseverança em sua implementação, muitos de vocês já devem ter visto por si próprios os sinais do poder da edificação social dos ensinamentos divinos. Na conferência da qual participam, vocês são convidados a considerar a contribuição que pode ser feita por todo jovem que deseja responder ao chamado de Bahá’u’lláh e ajudar a liberar esse poder. Para apoiá-los, foram identificados vários temas para vocês explorarem, começando com um olhar sobre o atual período de suas vidas. Dezenas de milhares de pessoas, que têm muito em comum, irão se reunir no mundo todo em numerosas conferências de juventude com o mesmo objetivo. Embora suas realidades sejam moldadas por uma ampla diversidade de circunstâncias, o desejo de criar uma mudança construtiva e uma capacidade de serviço significativo – ambas características do seu período de vida – não se limita a qualquer raça ou nacionalidade, nem depende de meios materiais. Esse brilhante período da juventude do qual vocês participam é vivenciado por todos – mas ele é curto e é afligido por numerosas forças sociais. Quão importante é, então, esforçar-se por estar entre aqueles que, nas palavras de ‘Abdu’l-Bahá, “colheram o fruto da vida”. Com isso em mente, estamos encantados em saber que tantos de vocês já estão empenhados no serviço ao conduzir atividades de construção de comunidades, bem como organizando, coordenando ou administrando os esforços de outros; em todos esses empreendimentos, vocês estão aceitando um crescente nível de responsabilidade sobre seus ombros. Não é de surpreender que o seu grupo etário esteja ganhando a maior experiên-

cia em ajudar os pré-jovens e também as crianças em seu desenvolvimento espiritual e moral, fomentando neles a capacidade para serviço coletivo e verdadeira amizade. Afinal, cientes do mundo que essas almas jovens precisarão trilhar, com suas armadilhas e também suas oportunidades, vocês prontamente perceberão a importância do fortalecimento e preparação espiritual. Conscientes como vocês são de que Bahá’u’lláh veio para transformar tanto a vida interior como as condições externas da humanidade, vocês estão ajudando aqueles mais jovens que vocês próprios a refinar seu caráter e se preparar para assumir a responsabilidade pelo bem-estar de suas comunidades. Conforme eles adentram na adolescência, vocês estão lhes ajudando a aumentar seu poder de expressão, bem como possibilitando que neles se desenvolvam as raízes de uma forte sensibilidade moral. Ao fazer isso, seu próprio senso de propósito está se tornando mais claramente definido, enquanto vocês dão atenção à injunção de Bahá’u’lláh: “Sejam atos, e não palavras, vosso adorno”. Seguir o caminho do serviço, qualquer que seja a forma de atividade, requer fé e tenacidade. Em relação a isso, o benefício de trilhar o caminho em companhia de outros é imenso. Companheirismo amoroso, encorajamento mútuo e disposição para aprender juntos são propriedades naturais de todo grupo de jovens que se esforça sinceramente para o mesmo fim e deve também caracterizar aqueles relacionamentos essenciais que aglutinam os componentes da sociedade. Por esse motivo, esperamos que os laços que vocês desenvolverem através da associação com outros participantes da conferência sejam duradouros. De fato, muito depois do término das reuniões, muitos desses laços de amizade e de vocação em comum ajudarão a lhes dar firmeza. As possibilidades apresentadas pela ação coletiva são especialmente evidentes no trabalho da construção de comunidades, um processo que está ganhando impulso em muitos agrupamentos, vizinhanças e povoados no mundo todo, os quais se tornaram centros de intensa atividade. Os jovens frequentemente se encontram na vanguarda do trabalho nesses ambientes – não somente jovens bahá’ís, mas aqueles de pensamento em comum que podem perceber os efeitos positivos daquilo que os bahá’ís iniciaram e captar a visão subjacente de unidade e transformação espiritual. Em tais lugares, o imperativo de compartilhar a Revelação de Bahá’u’lláh com corações

receptivos e explorar as implicações de Sua mensagem para o mundo de hoje é profundamente sentido. Quando uma grande parte da sociedade convida à passividade e apatia, ou pior, encoraja comportamentos prejudiciais ao próprio indivíduo e aos outros, é oferecido um evidente contraste por aqueles que estão aumentando a capacidade da população em cultivar e manter um padrão de vida comunitária espiritualmente enriquecedor. No entanto, embora muitos admirem o dinamismo e o idealismo da juventude, a verdadeira importância desses esforços é menos aparente ao mundo em geral. Porém, vocês estão cientes de seu papel num poderoso processo transformador que, no devido tempo, resultará numa civilização global que refletirá a unicidade do gênero humano. Vocês bem sabem que os hábitos mentais e espirituais que estão cultivando em si próprios e nos outros permanecerão e influenciarão decisões importantes relacionadas a casamento, família, estudo, trabalho e até mesmo onde morar. A consciência deste contexto amplo ajuda a romper as lentes que distorcem a visão onde as provações, dificuldades, reveses e desentendimentos do dia a dia podem parecer insuperáveis. E nos esforços comuns ao crescimento espiritual de cada indivíduo, a vontade requerida para progredir é mais facilmente convocada quando as energias de cada um são canalizadas em prol de um objetivo mais elevado – ainda mais quando se pertence a uma comunidade unida nesse objetivo. Todos esses pensamentos são aberturas para uma conversação inclusiva e em constante expansão que se estenderá pelas conferências e muito além delas, enquanto vocês engajam muitos outros indivíduos em importantes discussões que elevam o coração e despertam a mente para todas as possibilidades. Basear-se nas suas experiências coletivas enriquecerá ainda mais suas deliberações. Nesse período auspicioso, nossos corações estarão com vocês e, ao término de cada conferência, observaremos ansiosamente aquilo que se seguirá. Para cada reunião, estaremos suplicando ao Todo-Poderoso que conceda aos seus participantes uma medida de Sua infinita graça e, conforme o sabem, o auxílio divino é prometido a todos aqueles que se levantam para servir ao gênero humano em resposta ao chamado galvanizante de Bahá’u’lláh. [assina: A Casa Universal de Justiça]

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Compromisso com o desenvolvimento dos pré-jovens

Como ato de serviço à comunidade, Grupo de Pré-Jovens pinta bancos da Escola Germano Witrock em Canoas (RS)

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urante as consultas que aconteceram nas Conferências de Juventude, os participantes concluíram que a melhor forma de contribuir com a formação do caráter das novas gerações é a dedicação ao Programa de Empoderamento de Pré-jovens. “Quando você olha os livros do Instituto Ruhí de Capacitação, você percebe que não está salvando os pré-jovens, mas sim os empoderando”, destacou Guilherme, 28, de Bauru, SP, que está em processo de capacitação para atuar como animador de um Grupo de Pré-Jovens. O Instituto é um processo sistemático que prepara a juventude para atuar de forma positiva para o desenvolvimento moral, intelectual e espiritual dos pré-jovens, ajudando-os a se identificarem como atores importantes na construção de uma nova sociedade. Bruna Inuma iniciou essa formação aos 14 anos e hoje, aos 18, é coordenara de Pré-Jovens da Comunidade de Iranduba, Amazonas. A região conta atualmente com 12 grupos que atendem a 115 adolescentes entre 11 e 15 anos, com o apoio dedicado de 15 animadores. “O que me motivou foi o desejo de servir a minha comunidade, de colaborar para uma transformação individual e social”, relata Bruna. “Outra coisa foi acreditar no grande potencial que os pré-jovens têm para serem multiplicadores desse tão grandioso serviço. Participei do programa de Aula Bahá’í para Crianças¹, estudei durante três anos no Programa de Pré-Jovens e com 14 anos comecei a estudar a sequência de livros do Instituto Ruhi. Em um ano terminei a sequência e iniciei o meu primeiro Grupo de Pré-Jovens com 10 participantes. A partir daí, não parei mais de ser animadora. Cada vez me apaixonava mais com as realizações e resultados de transformação que os pré-jovens tinham por meio do programa”, emociona-se . As adolescentes Marta Gonçalves e Tainá Araújo, ambas de 12 anos e residentes de Iranduba (AM), também compartilham desta visão. “O que aprendi participando desse grupo é de grande importância para mim. Ser humilde, fazer amizades, fazer 1- O programa bahá’i de educação espiritual para crianças atende meninas e meninos de 5 a 10 anos de idade em todo o Brasil.

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atos de serviços, respeitar a todos, ser uma boa pessoa, mostrar para todos carinho e respeito. Isso é Grupo de Pré-jovens”, afirma Marta. “Quando eu não participava do grupo de pré-jovens, eu não ajudava minha mãe em casa, batia o pé, ficava com raiva à toa. Depois que comecei a participar do grupo desenvolvi várias qualidades. Aprendi a ajudar, compartilhar, demostrar carinho… Foi muito importante para mim ter entrado no grupo”, conclui Tainá. Essa história é compartilhada pelos membros do agrupamento Portal da Glória, que compreende as comunidades de Porto Alegre, Canoas, Esteio e Sapucaia, no Rio Grande do Sul, onde atualmente existem 40 Grupos de Pré-Jovens. Ao todo, 720 pré-jovens e 18 monitores fazem parte do programa naquela região. Lucas Conter, de 21 anos, completou até o quinto curso do Instituto Ruhi e acompanhou animadores mais experientes antes de assumir oficialmente a função. “Atuo como animador desde 2009 e agora sirvo também como coordenador do Programa de Pré-Jovens. Posso dizer que essa é uma experiência maravilhosa de aprendizagem mútua. É uma fase da vida em que muitas mudanças estão ocorrendo, em que perguntas começam a ser feitas, e de um incrível potencial. Com o programa, os pré-jovens têm um espaço onde podem tanto se expressar, como por em prática seus pensamentos para a melhora da sociedade”, conta Lucas. Após concluir o Programa de Empoderamento Espiritual de Pré-Jovens, Amanda Schirmer decidiu atuar como animadora. “O grupo de pré-jovens era um espaço onde eu e meus amigos tínhamos liberdade para expressar aquilo que sentíamos e pensávamos”, relata Amanda. “Nosso pensamento estava constantemente direcionado a todas as vitórias e dificuldades que cercam o cotidiano. Ali sempre fomos encorajados a buscar melhores formas de lidar com tais situações, não pensando apenas em nós, mas também em todos os que estão a nossa volta. A cada lição, eu sentia que de alguma forma minha compreensão havia se ampliado, pois todos sempre tínhamos algo para compartilhar e enriquecer o estudo”.


13 Internacional

Comunidade Bahá’í do Brasil participa da Campanha Cinco Anos – Basta!

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Campanha Cinco Anos - Basta! foi promovida pela Comunidade Internacional Bahá’í, entre 5 e 15 de maio, e seu objetivo foi marcar o aniversário de cinco anos desde a prisão das sete lideranças bahá’ís e pedir sua libertação imediata e de todos os demais prisioneiros de consciência no Irã. Além do Rio de Janeiro, diversas cidades pelo mundo se uniram aos protestos, como Washington, nos Estados Unidos; Haia, na Holanda; Paris, na França; Londres, no Reino Unido; e Toronto, no Canadá. O Brasil abriu a campanha no domingo 5 de maio. As areias de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro receberam um banner de 10 X 15 metros com uma imagem criada pelo artista plástico Siron Franco. A obra de arte representa um pássaro e lembra a detenção das sete lideranças bahá’ís, além de centenas de outros prisioneiros de consciência existentes no Irã. Aproximadamente 30 membros da Comunidade Bahá’í do Brasil distribuíram folhetos e conversaram com a população chamando a atenção da comunidade internacional para o tema.

nidades. Por favor se expressem, porque isso pode ajudar as pessoas que são perseguidas no Irã”, pediu emocionado. Siron Franco não pôde comparecer à manifestação, mas, por telefone, ressaltou a representatividade da imagem. “A situação dos bahá’ís no Irã é muito preocupante. Acredito que os seres humanos devem ser livres como pássaros e esse é o objetivo da minha obra: defender a liberdade desses indivíduos”. Segundo Mary Aune, representante da Comunidade Bahá’í do Brasil, é preciso aumentar o clamor internacional. “Presos de consciência são aqueles perseguidos apenas por acreditar em algo. No caso dos bahá’ís do Irã, por professar uma fé que não é a do Estado Iraniano. E é a pressão internacional que pode promover a mudança desse quadro”, afirmou.

A programação começou às 10h da manhã e contou com a presença da Anistia Internacional, representada por seu assessor de política externa e direitos humanos, Dr. Maurício Santoro; da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro, representada por Cláudio José Miranda; da Sociedade Brasileira de Médicos pela Paz, representada por Farhad Shayani; além do babalaô Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas. “Anistia Internacional surgiu para defender presos de consciência”, lembrou Maurício. “O caso das lideranças bahá’ís não é uma exceção. Há pelo menos mais 170 bahá’ís presos, além da perseguição a outras minorias. A história dos Direitos Humanos é inseparável da liberdade religiosa”, enfatizou. O bahá’í iraniano Ramim Shams contou ao público presente que teve que deixar seu país natal devido às perseguições que sofreu. “Desde 1979 os bahá’ís são perseguidos. Minha casa foi invadida. Meus amigos foram perseguidos. Então, com 17 anos não pude entrar na faculdade por ser bahá’í. Tive que deixar meu país para buscar oportu-

Banner de Siron Franco pede liberdade aos prisioneiros bahá’ís no Irã.

Jovens brasileiros dedicam sua arte aos bahá’ís no Irã

Além da obra de Siron Franco, a Campanha contou também com a exposição de dois poemas escritos por bahá’ís Heróis da Verdade

Há corações ali

Lucas Rodrigo Dos Santos Silva é estudante de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB) e tem 19 anos. Nascido no Piauí, passou toda a infância com a família em Timon (MA). De origem evangélica, abraçou a Fé Bahá’í há seis anos, após ter contato com as atividades de transformação social promovidas em sua vizinhança. Aos 18 anos, após terminar o ensino médio, decidiu servir como pioneiro, levando os ensinamentos que marcaram sua vida para as cidades de Caldas Novas (GO) e, posteriormente, São Sebastião, nos arredores de Brasília (DF), onde vive atualmente. “É preciso conscientizar os brasileiros dos motivos que levaram ao encarceramento das lideranças bahá’ís no Irã”, ressalta o jovem estudante.

Há corpos sujos no meio sustentando uma mente limpa e regozijante vertendo em lágrimas as lembranças Há olhos molhados que lhes afetam a cada instante Há sentimentos por que há corações, e ninguém consegue ouvi-los chorar? Talvez por que a canção que entoa em seus corações seja mais alta que qualquer choro. Há sonhos frustrados Há sorrisos calados Há uma voz silenciada que dentro desses corações trancafiados Há alegrias violadas e mortas Há um desejo de liberdade E há pessoas que esqueceram onde se pensou que pulsassem Na realidade pulsam almas tinta vermelha e água

Aos 23 anos, Nader Shaikhzadeh Vahdat vem de uma família bahá’í e é formando em Administração de Empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado de São Paulo. Após voltar de um ano de serviço voluntário nos Lugares Sagrados Bahá’ís na Terra Santa, conheceu mais profundamente o que se passava no Irã. Em 2011 sentiu a necessidade de externar suas impressões por meio da poesia. Nader acredita que é preciso conscientizar a sociedade sobre a situação dos bahá’ís no Irã. “Resolvi expressar minhas ansiedades e pensamentos para que outras pessoas também parem para pensar e refletir sobre a importância de buscar soluções, mesmo que indiretas, para a eliminação do preconceito religioso”, afirma.

Brilham os olhos quando eles entram em ação O sentimento de irmandade firma em nosso coração Grita o sentimento de liberdade Tudo porque o mundo quer esconder a Verdade Energia e esperança é algo que se espanta O mundo vibra e se encanta Condições de defesa não há No momento, somente Deus o fará Batalhar por moral e princípios Focando no direito e na justiça Que a humanidade deixou de lado Que tem sido tão falados Importância alguma é mostrada pelo governo Aprisionar e tirar pertences materiais não fará Deles pessoas piores e ficar longe do Lugar Apenas aumentara a força que a humanidade Supremo declara Unidade na Diversidade é o lema Eliminação de preconceitos é o tema Amar e prosperar é o que queremos São os bahá’ís do Irã por quem iremos Abra os olhos e venha Fazer parte desta campanha De dignidade e veracidade aqueles que amam a humanidade

BAHÁ’Í BRASIL


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Casa de Bahá’u’lláh em Bagdá é destruída Histórico da propriedade é apresentado pela Casa Universal de Justiça Aos bahá’ís do mundo Amigos ternamente amados,

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á um século e meio, Bahá’u’lláh partiu de Sua Casa em Bagdá rumo ao jardim de Najíbíyyih, onde Ele pela primeira vez revelaria abertamente Sua missão profética. Ele deixou para trás um edifício de sacralidade incomparável que O abrigou durante sete anos. Esta residência santificada, à qual a Abençoada Beleza nunca mais retornaria, foi por Ele intitulada “A Casa Excelsa”; juntamente com a Casa do Báb em Shiraz, designada como lugar de peregrinação bahá’í; e referida pela Pena Suprema nessas palavras inspiradoras: Testifico que és a cena de Sua transcendente glória, Sua santíssima morada. De ti emanou o Alento do Todo-Glorioso, um Alento que foi emitido sobre todas as coisas criadas, enchendo de júbilo os peitos dos devotos que habitam nas mansões do Paraíso. No entanto, em Seu próprio tempo de vida, a Casa de Bagdá foi submetida a maus tratos e a propriedade do edifício foi temporariamente usurpada de Seus seguidores. Bahá’u’lláh predisse, em termos pungentes, a degradação adicional que sobreviria à Sua Casa. “Não é esta a primeira humilhação infligida à Minha Casa. Em dias passados, a mão do opressor amontoou sobre ela indignidades. Verdadeiramente, será tão rebaixada nos dias vindouros que fará lágrimas manarem de todos os olhos discernentes. Nós assim te revelamos coisas ocultas além do véu, inescrutáveis a todos, salvo a Deus, o Onipotente, o Todo-Louvado.” Durante os últimos cento e cinquenta anos, eventos confirmaram aquilo a que Bahá’u’lláh havia aludido. A Casa de Bagdá foi adquirida para Seu uso cerca de vinte e cinco anos após sua construção, o que se cogita ter ocorrido em 1830. No início dos anos 1900, ela caiu em ruína total. Quando as condições foram propícias, ‘Abdu’l-Bahá providenciou sua completa reconstrução desde suas fundações. Quando a obra estava perto de ser completada, intensificaram-se os esforços dos opositores da Fé de se apossar do prédio, culminando em uma alegação completamente falsa de direito à propriedade, injustamente endossada pelo judiciário. Novamente, a Casa Excelsa foi tomada dos bahá’ís. Com o passar dos anos, os crentes, sob a direção de Shoghi Effendi, fizeram sucessivas tentativas de reassumir o controle da propriedade. O caso foi finalmente assumido pela Liga das Nações, que condenou plenamente a injustiça impingida à comunidade bahá’í; mas nem isso resultou em qualquer reparação. No entanto, o confisco da Casa Abençoada e a reação dos amigos levaram a outro acontecimento significativo, conforme o relato de Shoghi Effendi em A Presença de Deus. “Basta dizer que — a despeito desses intermináveis atrasos, protestos e subterfúgios e, apesar do fato de não haverem as autoridades envolvidas executado, evidentemente, as recomendações feitas pelo Conselho da Liga, bem como pela Comissão Permanente de Mandatos — a publicidade obtida para a Fé por meio desse memorável litígio, e a defesa de sua causa — a causa da verdade e da justiça — pelo mais alto tribunal do mundo, foram tais que maravilharam seus amigos e consternaram os inimigos.” Agora não é ocasião para explorar os detalhes desse “memorável litígio”, no entanto, uma extensa descrição foi feita pelo Guardião em seu inigualável relato do primeiro século bahá’í. Apenas acrescentamos que desde aquele tempo, a Casa Excelsa não se encontra em posse dos bahá’ís, tendo, ao invés disso, se tornado uma dotação religiosa xiita. Devido à situação altamente delicada no Iraque na última tumultuada década, não foi possível aos amigos reivindicarem essa propriedade sagrada. No entanto, as instituições da Fé naquele país e indivíduos bahá’ís permaneceram vigilantes quanto a quaisquer acontecimentos relacionados à segurança da Casa Excelsa e tomaram todas as medidas que lhes era possível para sua proteção e preservação. Os próprios iraquianos, embora em geral não estivessem cientes do significado especial com o qual a propriedade foi investida por Bahá’u’lláh, não estavam inconscientes de seu valor histórico e arquitetônico.

Nº 36 - Novembro/2013

Há apenas um ano, o Departamento de Antiguidades publicou no diário oficial do governo um decreto que visava proteger o prédio contra toda ação que pudesse danificá-lo, um decreto investido com a força da lei. De fato, no início dos anos 1980, as autoridades haviam reconhecido a Casa como um refinado exemplo de arquitetura de período no Iraque, ainda em boas condições, e a haviam designado como patrimônio histórico. Assim, foi com total espanto e aflição desoladora que em 26 de junho os bahá’ís de Bagdá descobriram que a “excelsa habitação” de Bahá’u’lláh havia sido praticamente arrasada para dar lugar à construção de uma mesquita. Agora foi confirmado que o trabalho foi feito sem permissão legal. Soube-se que a destruição da propriedade havia sido planejada há algum tempo, mas a maior parte da ação foi feita em apenas três dias e noites, de 24 a 26 de junho, com o uso de máquinas pesadas. Entendemos que o Departamento de Antiguidades, que anteriormente esteve se preparando para reformar a propriedade, já está tomando medidas para determinar precisamente o que levou à demolição, tentar impedir qualquer construção no mesmo local e punir os responsáveis. No mundo tornaram-se costumeiros golpes de tal severidade impingidos a locais sagrados para provocar uma reação agressiva. Os bahá’ís do Iraque, orientados pela mão da Beleza de Abhá, naturalmente continuarão a ser a incorporação da bondade e paciência, esperançosos de um final justo. Eles não têm nenhuma ilusão em relação à magnitude da perda que, em nome da comunidade mundial bahá’í e além dela, estão sendo obrigados a suportar. Mas sua avidez por prestar serviço à sua sociedade não será diminuída por esta calamidade, nem estarão menos conscientes da urgente necessidade para que toda a humanidade se familiarize com os ensinamentos de Bahá’u’lláh. Pelo contrário. Para perceber qual o verdadeiro significado da Casa Excelsa – na verdade, para entender melhor o transcendente significado de peregrinação àquele edifício sagrado – só é preciso observar a reação dos seguidores de Bahá’u’lláh em todo o mundo à sua destruição: magnanimidade, serenidade, confiança em Deus. Seu foco primário é abrir os corações às implicações da mensagem da Abençoada Beleza; os acontecimentos de Bagdá só servirão para aumentar o senso de urgência com o qual este trabalho é feito. Neste momento, quando a série de conferências da juventude que agora se inicia está por impulsionar o estágio atual do desenvolvimento do Plano Divino, suplicamos ao Todo-Poderoso que graciosamente conceda aos amigos, em todos os lugares, determinação resoluta. Bahá’u’lláh previu que a Casa Excelsa seria submetida a terríveis indignidades, mas Ele afirmou também que, não importa que adversidades acontecessem, a Causa estava divinamente protegida. Que todo crente se encoraje. Numa invocação comovente àquela Casa, a Beleza Antiga afirmou: “Deus te adornou, no mundo da criação, com a joia de Sua lembrança. Tal ornamento não poderá jamais ser profanado por homem algum”. Ele fez também a promessa de que a despeito de tudo que viesse a acontecer à Abençoada Casa, a futura glória daquele lugar santificado estava assegurada: “Na plenitude do tempo, pelo poder da verdade, o Senhor haverá de exaltá-la aos olhos de todos os homens. Fará que se torne o Estandarte de Seu Reino, o Santuário em redor do qual circulará a assembleia dos fiéis.” [assina: A Casa Universal de Justiça]


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Assassinos de bahá’í iraniano devem ser levados à justiça, diz a Comunidade Internacional Bahá’í

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Ataollah Rezvani

crime aconteceu no sábado, 24 de agosto. Ataollah Rezvani era um conhecido bahá’í i e foi encontrado morto com um tiro na parte de trás da cabeça em seu veículo, perto da estação ferroviária nos arredores da cidade de Bandar Abbas, onde residia com a mulher e dois filhos, a aproximadamente 1.200 quilômetros da capital do Irã, Teerã. Rezvani vinha sendo pressionado por agentes do Ministério da Inteligência do país para deixar a cidade e recentemente começara a receber ameaças telefônicas anônimas.

“Não há dúvidas de que o assassinato do Sr. Ataollah Rezvani foi motivado por preconceito religioso”, disse Bani Dugal, a principal representante da Comunidade Internacional Bahá’í junto às Nações Unidas. “Portanto, é essencial que os mais altos níveis de governo realizem investigações, sem demora, com base nos compromissos internacionais do Irã”, afirmou. Desde 2005, pelo menos nove bahá’ís foram assassinados e outros 52 sofreram ataques físicos, tanto por agentes governamentais quanto por pessoas à paisana - e todos permanecem impunes. No Brasil, o Congresso Nacional está chocado com a violência enfrentada pelos bahá’ís no Irã. Em 28 de agosto, o Deputado Federal Walter Feldman (SP) fez um pronunciamento pedindo a libertação dos presos de consciência do Irã e condenando o assassinato do Sr. Rezvani (veja box ao lado).

Pronunciamento do Sr. Walter Feldman, Deputado Federal Senhor Presidente, Sras. e Srs. Deputados, O mundo passa por um momento turbulento em que a disputa pelo poder sobrepõe o amor ao próximo. Guerras anunciadas ou não declaradas, ataques terroristas ou assassinatos por encomenda. Vivemos ou estamos apenas passando pela vida? Precisamos cultivar o sentimento e a prática da cultura da paz. Falo isso, devido aos últimos acontecimentos no Irã. Não podemos compactuar com os ataques por motivo de intolerância religiosa. Desta vez, a vítima foi o Sr. Ataollah Rezvani – membro da comunidade bahá’í iraniana, que foi morto no último sábado (24) na cidade portuária de Bandar Abbas – região sul do Irã. Rezvani havia sofrido ameaças por elementos fanáticos entre as autoridades da cidade. A Comunidade Bahá’í no Brasil - é composta por cerca de 65 mil indivíduos e trabalha para promover a unidade entre os povos, oportunidades para todas as pessoas e o desenvolvimento moral, espiritual e social das comunidades em que estamos inseridos. Ou seja, busca a IGUALDADE. No Irã, há ainda 7 líderes do Bahá’i que estão presos há mais de cinco anos e o temor é que todos possam morrer. Em maio, o relator especial sobre a situação dos direitos humanos no Irã, Ahmed Shaheed, em um comunicado à imprensa pediu à comunidade internacional, incluindo líderes de fé mundiais, que se juntassem ao apelo. Ele disse: “O governo iraniano deve demonstrar seu compromisso com a liberdade de religião, através da liberação incondicional e imediata desses presos de consciência”. Temos que despertar a liberdade em toda a plenitude da palavra. Como judeu, quero registrar que não podemos aceitar as perseguições por intolerância religiosa no Irã e em qualquer lugar do mundo. HARMONIA, RESPEITO e LIBERDADE para todos. Só assim, a humanidade conseguirá VIVER em PAZ. Muito obrigado

Fé Bahá’í na Internet

Coordenação de Internet registra crescimento no número de conteúdos bahá’ís em lingua portuguesa Postagens na Internet devem refletir os mesmos princípios praticados no dia-a-dia

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presença bahá’í na Internet tem ganhado valiosas contribuições de indivíduos e comunidades em todo o mundo. No Brasil, o movimento de criação de conteúdos que trazem ensinamentos e notícias sobre atividades bahá’ís tem gerado um grau de visibilidade inédito, com histórias de sucesso que se espalham por todo o país. Blogs, redes de comunicação social, apresentações multimídia, grupos de discussão e outras ferramentas da Internet oferecem maneiras criativas de compartilhar a compreensão individual acerca dos ensinamentos de Bahá’u’lláh e relacioná-los às questões centrais do bem-estar individual e social. O grande desafio, porém, está em encontrar formas de expressão que demonstrem coerência entre as crenças espirituais dos indivíduos que se relacionam nesses espaços e as suas práticas exercitadas via Internet.

A Coordenação Bahá’í na Internet no Brasil (CBIB) é o órgão da Assembleia Espiritual Nacional responsável pela orientação de indivíduos e comunidades que desejam promover conteúdos bahá’ís de qualidade na Internet no Brasil. Para tanto, baseia-se em guias recebidas diretamente do Centro Mundial Bahá’í e da Agência Bahá’í de Internet (BIA). Segundo a CBIB, vem sendo registrado um aumento significativo no número de iniciativas de inspiração bahá’í nos espaços virtuais. Em sua base de dados estão registradas 19 páginas e blogs criados por indivíduos bahá’ís em várias partes do país para abordar temas diversos - desde religião comparada até meio ambiente e sustentabilidade. Além disso, pelo menos seis agrupamentos também utilizam ferramentas de blogagem para relatar e divulgar suas atividades locais. Algumas das iniciativas mais frequentes estão localizadas nas redes sociais, em especial no Facebook. De um total de aproximadamente 20 perfis, páginas e grupos criados ao longo dos últimos três anos, 12 datam de 2013 - demonstrando um interesse cada vez maior em ocupar esse espaço.

BAHÁ’Í BRASIL


16 Esses números se referem exclusivamente às iniciativas que foram relatadas à Assembleia Espiritual Nacional. A maioria dessas iniciativas já estão linkadas na página http://sasg.bahai.org.br - que é o veículo oficial de comunicação da Comunidade Bahá’í do Brasil. Ainda existem outros sobre os quais não há informações disponíveis, e o processo de criação de conteúdos é contínuo - assim como o aprendizado de como melhor aproveitar as oportunidades de interação.

Confira aqui algumas orientações para interações na Internet: Como na vida comunitária, o objetivo central das redes sociais é o desenvolvimento de comunidades - seja em torno de temas de interesse comum ou de pessoas com as quais temos afinidade. As mesmas orientações que recebemos das instituições para o fortalecimento da vida comunitária -- visitas frequentes, disposição para fazer novos amigos, acompanhamento e apoio mútuo -- podem ser adaptadas para este microcosmo.

Devemos acolher de bom grado um exame franco e construtivo dos ensinamentos de nossa Fé nos ambientes da Internet, mas é importante evitar o envolvimento em formas de intercâmbio ou apresentação de natureza separatista ou contenciosa. Ao mesmo tempo, é importante não hesitar em responder, em espírito de cortesia e imparcialidade, às graves distorções que possam surgir.

A abordagem de assuntos polêmicos pode gerar reações fortes por parte de nossos leitores. Da mesma forma como em outros aspectos da vida cotidiana, a melhor estratégia segue sendo a consulta com outros indivíduos (ou mesmo com as instituições, caso necessário) antes de postar sobre temas complexos.

Nossa atuação no mundo virtual deve ser coerente com nossas crenças e atitudes no mundo real. Uma postura de cortesia aliada a postagens que promovam a amizade e o respeito e valorização da diversidade são essenciais para lidar com as interações realizadas online.

As imagens de pessoas envolvidas nas atividades locais são uma parte essencial de qualquer página, pois por meio delas é possível transmitir sensações de pertencimento, de acolhimento, de humanidade -- tão necessárias para que a experiência dos usuários seja positiva e que se sintam atraídos à mensagem que queremos transmitir.

O uso de imagens das Figuras Centrais da Fé Bahá’í deve ser realizado com reverência e parcimônia. A edição 35 do jornal Bahá’í Brasil trouxe um artigo completo sobre este tema, que pode ser utilizado como referência.

Tudo o que é postado na Internet (incluindo e-mails particulares, comentários e postagens em blogs, páginas ou redes sociais, etc) fica registrado em algum servidor ao redor do mundo e poderá, em algum momento, ser resgatado por indivíduos, organizações civis ou governamentais. Moderação e coerência são essenciais em todas as nossas interações.

O Centro Mundial Bahá’í e as instituições tem a prerrogativa de criar páginas, portais e perfis oficiais da Fé Bahá’í. Recomenda-se que os indivíduos utilizem abordagens que possam ser descritas como de “inspiração bahá’í” -- algo que deve ficar claro para os leitores a fim de evitar deduções de oficialidade.

Para páginas e outras ferramentas que abordem aspectos comunitários, sugere-se manter uma perspectiva local, oferecendo links com a página oficial daquele agrupamento, comunidade local ou nacional para que os internautas possam ter acesso direto às informações oficiais.

A administração de um perfil/ página oficial de um agrupamento ou comunidade bahá’í local deve ser confiada a um grupo de pessoas que possam manter as informações e notícias atualizadas, garantindo que o interesse de seu público alvo seja mantido. É essencial que este grupo seja formado de indivíduos conscientes da responsabilidade que esta exposição representa, uma vez que se trata de uma ferramenta institucional.

Huqúqu’lláh

O Direito de Deus - Um teste incomparável Em uma de Suas Epístolas, o amado Mestre‘Abdu’l-Bahá equipara o pagamento do Huqúqu’lláh a um teste aplicado pelo Todo-Misericordioso a Seus servos e servas: “Ó meus amigos celestiais! É certo e evidente que o Incomparável é sempre louvado por Sua riqueza absoluta, distinguido por Sua misericórdia que a tudo abarca, caracterizado por Sua graça eterna e conhecido por Suas dádivas ao mundo da existência. Apesar disso, de acordo com Sua sabedoria inescrutável e a fim de fazer um teste incomparável que permite distinguir o amigo do estranho, Ele prescreveu o Huqúq para Seus servos, tornando-o obrigatório...” Uma possível interpretação desta passagem permite considerar o estranho como sendo aquele que ignora, que esquece, ou que encontra desculpas para evitar a observância desta sagrada obrigação. Por outro lado, o amigo faz o máximo esforço para obedecer, para agradar, e agir de acordo com as determinações do Amigo Incomparável. A Epístola prossegue abordando as bênçãos celestiais destinadas aos que observam esta injunção divina: “Aqueles que têm observado esta importante determinação têm recebido bênçãos celestiais e, em ambos os 1 - As Palavras Ocultas, Parte II – Do Persa, nº 262

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mundos, suas faces têm brilhado radiantemente, e suas narinas são perfumadas pelos doces aromas da terna misericórdia de Deus. Um dos sinais da Sua rematada sabedoria é que o pagamento do Huqúq capacitará os doadores a se tornarem firmes e constantes, e exercerá grande influência sobre seus corações e almas”. Na obra As Palavras Ocultas, a Abençoada Beleza, Bahá’u’lláh, também faz referência aos termos estranho e amigo: “Ó Meu Amigo só na Palavra! Pondera tu um pouco. Já ouviste dizer que amigo e inimigo devessem morar em um só coração? Expulsa pois o estranho para que o Amigo possa entrar em Seu lar.”¹ Alguém pode perguntar: “Mas se Deus conhece a nossa verdadeira natureza, aquilo que no nosso íntimo carregamos, sendo Onisciente, qual a necessidade de que venha a testar Seus servos?”. Uma possível resposta a essa pergunta seria que tais provas que nos são destinadas durante esta nossa jornada terrena são, antes de tudo, uma oportunidade que nos é dada para mensurarmos o grau de nosso amor pelo Criador, e um meio para reforçarmos a nossa fé de modo que possa vir a se tornar uma fé cada dia mais forte, sincera e verdadeira. O caminho do desenvolvimento interior é o caminho

do amor, da compaixão, da paciência. A cada novo dia temos a oportunidade de renovar e fortalecer a medida do nosso amor por meio da observância das leis divinas. Ademais, o mais admirável é que a colocação em prática da abençoada Lei do Huqúqu’lláh depende tão somente da vontade e resolução individual de cada bahá’í. É um ato íntimo e profundamente espiritual entre cada indivíduo e seu Criador. Ninguém pode exigir de outrem o pagamento do valor devido. Ninguém irá averiguar se a contabilidade realizada –as despesas e receitas utilizadas a fim de se determinar o valor devido do Direito de Deus– foi efetuada de modo apropriado. Ninguém irá visitar a casa de um bahá’í para exigir a realização deste pagamento. Isto porque o pagamento do Direito de Deus é um gesto de amor e íntima comunhão espiritual entre cada criatura e o seu Criador, entre aquele que verdadeiramente busca e o Objeto Supremo de toda busca. É, portanto, um “teste incomparável” que toma lugar no coração de cada dedicado bahá’í, consciente de seus deveres espirituais, e do seu papel na construção do tão sonhado estabelecimento do Reino de Deus na terra.


17 Fundos Bahá’ís

“Aumento das Atividades exigem crescentes contribuições aos fundos” Assembleia Nacional ressalta a necessidade de um esforço individual de cada membro da comunidade para aumentar recursos financeiros para realizar e manter atividades bahá’ís no país. 8 de setembro de 2013 Queridos amigos, Dirigimo-nos à querida comunidade bahá’í brasileira num momento de grandes alegrias e bênçãos impulsionadas pelas Conferências de Juventude recém realizadas em Brasília e Canoas e que seguem através de outros países do mundo. O perceptível crescimento faz emergir novas demandas em várias áreas da Causa, sendo uma delas o necessário aumento dos fundos – o sangue vital da Causa - e da concomitante educação dos amigos para o hábito da regularidade na contribuição e sacrifício no montante a ser contribuído deve estar sempre na consciência de cada um de nós. Nesse momento, trazemos à atenção de cada membro da comunidade do Máximo Nome em nosso país um dos desafios enfrentados pela Assembleia Nacional: como administrar o aumento de atividades que requerem fundos crescentes, quando o nível das contribuições dos amigos – únicos que tem o privilégio de ombrear esta abençoada Causa –tem permanecido no mesmo patamar há alguns anos? A cada mês o Fundo Nacional recebe cerca de R$ 95.000,00 em contribuições,

mas precisa apoiar cerca de R$ 165.000,00 de responsabilidades já compromissadas e inadiáveis. Considerando-se a ajuda mensal recebida do Centro Mundial, ainda permanece um déficit de cerca de dez mil reais a cada mês gregoriano, que tem sido coberto com a venda de patrimônio. Quando pensamos que não tem havido um crescimento nominal das contribuições ao Fundo Nacional e a seus braços regionais, mesmo com uma inflação acumulada de cerca de 25% nos últimos quatro anos, torna-se evidente a necessidade de que cada amigo bahá’í reflita sobre seu papel como membro ativo de uma comunidade à qual foi dada o privilégio único de construir uma nova ordem mundial capaz de banir o flagelo da miséria e degradação humanas. A Assembleia Nacional sente que é chegada a hora de novamente encorajar os amigos a demonstrarem, cada um na sua medida pessoal, a sua imediata prontidão no atendimento das necessidades da Causa no Brasil. Que recordemos as palavras do amado Guardião Shoghi Effendi: “... nossas contribuições à Fé são o modo mais seguro de remover de uma vez e para sempre a so-

Fundo Internacional (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 10248-2) Fundo Continental (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 1220-3) Fundo Templo do Chile (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 9229-0) Fundo Dotações (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 16709-6) Fundo Novos Templos (B. Itaú: Agência: 0198 – c/c 04214-5)

brecarga de fome e miséria da humanidade, pois é somente por intermédio do Sistema de Bahá’u’lláh - de origem divina - que o mundo pode se manter sobre seus pés e eliminar necessidade, medo, fome, guerra, etc. Não-bahá’ís não podem contribuir para a nossa obra ou fazê-la por nós; assim, realmente, nossa primeira obrigação é apoiar nosso próprio trabalho de ensino, pois isto levará ao restabelecimento das nações.” “Agora é o tempo” – é o chamado de ‘Abdu’l-Bahá para os amigos – “de vos tornardes semelhantes a cálices de graças, transbordantes, e, assim como os ventos revivificadores que sopram do Paraíso de Abhá, deveis espargir a fragrância de almíscar por toda essa terra. Libertai-vos da vida deste mundo e, a cada etapa, almejai a inexistência; pois quando regressa ao sol o raio é obliterado, e quando a gota chega ao mar, desaparece, e aquele que ama verdadeiramente rende a alma quando encontra o Bem-Amado.” Recebam nossas carinhosas saudações. [Assina: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil]

Fundo Nacional Banco do Brasil: Agência: 3129-1 – c/c: 9791-8 Banco Itaú: Agência: 0198 – c/c 48809-0 Banco Bradesco: Agência: 1990 – c/c: 900-8

Aprofundamento

A força e o vigor da juventude a favor da transformação da sociedade Em sua música “Tocando em Frente”, Almir Sater afirma que “cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz”. O desenvolvimento desta capacidade, da potencialidade da felicidade, depende do quanto buscamos atingir o duplo propósito moral de nossas vidas, buscando não apenas nosso desenvolvimento material e espiritual quanto o da inteira humanidade. É no serviço ao próximo que esse processo ganha expressão e força, que crescemos como pessoas e aprendemos a viver em sociedade. No momento em que os jovens começam a se deparar com as exigências da fase adulta, estão preocupados em ingressar na universidade e procurar o primeiro emprego, suas potencialidades são testadas e precisam consolidar a decisão tomada no início de sua juventude - fazer a diferença e trilhar um caminho de serviço à humanidade. O programa bahá’í de empoderamento de pré-jovens apresenta-se, então, como uma grande oportunidade, um campo em que jovens dedicam-se a servir às gerações mais novas em um ambiente de perfeita simbiose, no qual amigos se apoiam e crescem juntos. Nesse espaço, composto pela realização de consultas sérias, diversões saudáveis e atos de serviço, estabelece-se um campo fértil para o desenvolvimento espiritual e intelectual, tanto dos jovens animadores quanto de cada pré-jovem participante. Aqui, cada um e cada uma conseguem se perceber como protagonistas da mudança social. Servindo neste campo, cada animador encontra um programa cujas características distintivas de sua geração são aproveitadas e fomentadas, tanto em si, quanto naqueles que ainda se encontram nos anos imediatamente anteriores à idade da maturidade. No texto abaixo, ‘Abdu’l-Bahá descreve essas características e oferece uma visão do jovem que transcende absolutamente qualquer expectativa que a sociedade possa oferecer, consolidando-se como um farol de luz para essa geração:

Ó Amados de ‘Abdu’l-Bahá! A vida do homem tem sua primavera e é dotada de glória maravilhosa. O período da juventude é caracterizado por força e vigor. E se destaca como a época preferida da vida humana. Assim, deveis vos esforçar dia e noite para que, dotados de força celestial, inspirados por motivos brilhantes e ajudados por seu poder celestial e graça divina e confirmação, possais vos tornar os ornamentos do mundo da humanidade e destacados entre aqueles que estão iniciados na verdadeira aprendizagem e no amor de Deus. Deveis vos distinguir entre os homens por sua santidade e desprendimento, elevado propósito, magnanimidade, determinação, nobreza de mente, tenacidade, suas qualidades espirituais e pela elevação de seus propósitos; que vos torneis os meios de exaltação e glória para a Causa de Deus e os lugares de alvorecer de Suas bênçãos celestiais; que possais vos conduzir em conformidade com os conselhos e exortações da Abençoada Beleza – que minha vida seja oferecida por Seus amados – e por refletir qualidades e atributos bahá’ís, possais vos distinguir dos demais. ‘Abdu’l-Bahá ansiosamente almeja que cada um de vós possa vir a ser como um destemido leão movendo-se pelos pastos da perfeição humana e uma brisa almiscarada soprando nos prados da virtude. Para saber mais sobre o programa de empoderamento de pré-jovens e sobre as demais atividades promovidas pelos bahá’ís em sua região, escreva para info@bahai.org.br ou entre em contato com as instituições locais. O Bahá’í Brasil tem a alegria de lançar sua mais nova editoria: Aprofundamento. A cada edição, publicaremos um texto inspirador que terá por objetivo auxiliar a comunidade nacional a refletir e aumentar sua compreensão sobre um determinado tema. Se você tem sugestões de assuntos sobre os quais gostaria de aprofundar seu entendimento, escreve para: ascom@bahai.org.br . Suas contribuições serão muito bem-vindas!

BAHÁ’Í BRASIL


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Editora Bahá’í

Conheça os lançamentos da Editora Bahá’í Lançado durante a Conferência Regional de Unidade do Sudeste, o livro Fortalezas de Luz - Vislumbres nas vidas das Mãos da Causa de Deus retrata cada uma das 50 pessoas que tiveram a responsabilidade de proteger e propagar a Fé Bahá’í em seus primórdios, incluindo relatos pessoais. Este breve ensaio proporciona um mergulho nas vidas deste pequeno grupo de indivíduos: as primeiras Mãos da Causa de Deus foram designadas por Bahá’u’lláh.

Em O Príncipe da Paz, o autor apresenta Bahá’u’lláh, o Fundador da Fé Bahá’í e seu paralelo com Cristo, por meio de uma extensiva análise da Bíblia. Trata-se de um estudo aprimorado de Seus volumosos Escritos, cada um descrito como um tratado sobre o melhoramento moral e material do mundo e seus povos, nos quais constantemente chamam a atenção ao poder curador de Seus Conselhos e apresentan Sua Mensagem de esperança e encorajamento repleta de boas-novas.

Em Mullá Husayn - Discípulo na Alvorada, o leitor poderá conhecer a história de um jovem estudante de teologia que havia acabado de chegar a Shiráz e foi convidado para as orações do final do dia. O estudante era Mullá Husayn; seu Anfitrião: o Báb. O autor coletou informações de várias fontes - publicadas e não publicadas - para contar a história de Husayn desde a infância e educação escolar, seu estudo dos ensinamentos de Shaykh Ahmad e Sayyid Kazim, sua conversão à Causa do Báb, seus notáveis esforços ao ensinar a causa, até os levantes de Mazandarán, quando participou da batalha no Tabarsi e foi martirizado. Esta é a primeira publicação dessa história em língua ocidental.

O livro Orações Bahá’ís - Edição Luxo é uma seleção de 294 orações reveladas por Bahá’u’lláh, o Báb e ‘Abdu’l-Bahá, distribuídas em 384 páginas. A edição luxo possui acabamento em capa dura e foi impressa com letras maiores para facilitar a leitura. Esta reedição contém 3 novas orações e foi revisada conforme o novo acordo ortográfico da língua portuguesa.

Onde Brilha a Luz - A Fé Bahá’í na América Latina conta a história de três latino-americanos seguidores da Fé Bahá’í que decidiram participar da construção do último Templo Continental Bahá’í, em Santiago no Chile, conhecido como Templo-Mãe da América do Sul. Como o título indica, a luz da espiritualidade brilha no coração daqueles que estão conectados a Deus. Essa luz emana de qualquer atividade executada por pessoas que buscam o bem comum.

Jovens e adultos em cidades e vilas de todo o mundo estão participando de um processo de construção de comunidades, inspirados nos conceitos dos Ensinamentos Bahá’ís. O documentário Fronteiras da Aprendizagem Aprendizagem, preparado para a 11ª Convenção Internacional Bahá’í, capta as percepções e experiências de crianças, pré-jovens, jovens e adultos - na Colômbia, República Democrática do Congo, Canadá e Índia - cujos esforços para construir comunidades vibrantes estão na vanguarda da transformação social.

Fundada em 1957, a Editora Bahá’í do Brasil tem como principal objetivo tornar as Escrituras Sagradas da Fé Bahá’í acessíveis ao público de língua portuguesa. Entre os anos 2000 e 2012 foram mais de 270 títulos publicados, número que não para de crescer. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: vendas@editorabahaibrasil.com.br ou pelo telefone: (19) 3806 9220.

Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil Caixa Postal 7035 – CEP 71635-971 – Brasília-DF IMPRESSO

Nº 36 - Novembro/2013


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