Octogenários em Campinas: dados do Fibra 80+ by Editora Átomo

Octogenários em Campinas Dados do Fibra 80+

Anita Liberalesso Neri Flávia Silva Arbex Borim Daniela de Assumpção (orgs.)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Octogenários em Campinas : dados do Fibra 80+ / Anita Liberalesso Neri, Flávia Silva Arbex Borim, Daniela de Assumpção, (orgs.). -- Campinas, SP : Editora Alínea, 2019. -- (Coleção velhice e sociedade) Vários autores. Bibliografia ISBN 978-85-7516-857-8 1. Envelhecimento 2. Idosos - Aspectos sociais 3. Idosos - Condições sociais 4. Idosos - Cuidados 5. Idosos - Saúde 6. Longevidade 7. Qualidade de vida 8. Terceira idade I. Neri, Anita Liberalesso. II. Borim, Flávia Silva Arbex. III. Assumpção, Daniela de. IV. Série. 18-22745 CDD-362.6981612 Índices para catálogo sistemático: 1. Estudo : Dados do Fibra 80+ : Idosos : Campinas : São Paulo : Estado : Bem-estar social 362.6981612

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Todos os direitos reservados ao Grupo Átomo e Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 / 3232.0047 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil Foi feito o depósito legal

Apoio

Coordenadora Anita Liberalesso Neri – Unicamp Membros Lucia de Figueiredo Mourão – Unicamp Marilene Rodrigues Portella – UPF Monica Rodrigues Perracini – Unicid São Paulo Mônica Sanches Yassuda – EACH-USP Sofia Cristina Iost Pavarini – UFSCar Vicente Paulo Alves – UCB

Sumário Apresentação.................................................................................................................7 Capítulo 1 O Brasil diante dos desafios do aumento da longevidade da população....................11 Flávia Silva Arbex Borim, Lucia Figueiredo Mourão, Maria da Luz Rosário de Sousa e André Fattori

Capítulo 2 Características sociodemográficas dos participantes e procedimentos do Fibra 80+....................................................................................21 Anita Liberalesso Neri e Mônica Sanches Yassuda

Capítulo 3 Fragilidade e sarcopenia.............................................................................................39 André Fattori, Juliana Carvalho Segato Maríncolo, Márcia Guimarães, Marcella Silva Ramos de Lázari e Anita Liberalesso Neri

Capítulo 4 Cognição.....................................................................................................................57 Priscila Pascarelli Pedrico do Nascimento e Mônica Sanches Yassuda

Capítulo 5 Medidas antropométricas e de pressão arterial...........................................................71 Daniela de Assumpção, Flávia Silva Arbex Borim, Ligiana Pires Corona e Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco

Capítulo 6 Doenças crônicas, problemas de saúde, uso de medicamentos e saúde bucal............81 Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, Maria da Luz Rosário de Sousa, Roberta Barros de Held e Daniela de Assumpção

Capítulo 7 Alcoolismo, tabagismo e nutrição...............................................................................99 Ligiana Pires Corona, Flávia Silva Arbex Borim, Daniela de Assumpção, Aline Elias do Nascimento Nishida e Priscila Stolses Bergamo Francisco

Capítulo 8 Desempenho funcional, mobilidade e espaço de vida..............................................113 Monica Rodrigues Perracini, Maria do Carmo Correia de Lima, Vinicius Nagy Soares e Tiemy Rosana Komatsu

Capítulo 9 Participação social, suporte social percebido, satisfação com as relações sociais e sentimentos de solidão....................................127 Juliana Martins Pinto, Carola de Los Angeles Rosas Ordoñez, Marisa Tavares Fernandes e Samila Sathler Tavares Batistoni

Capítulo 10 Saúde percebida, satisfação com a vida e sintomas depressivos..............................139 Anita Liberalesso Neri, Flávia Silva Arbex Borim, Larissa Centofanti Lemos e Priscila Pascarelli Pedrico do Nascimento

Capítulo 11 Indicadores psicológicos de qualidade de vida na velhice........................................159 Anita Liberalesso Neri, Flávia Silva Arbex Borim, Larissa Centofanti Lemos e Cristina Cristóvão Ribeiro

Capítulo 12 Experiência de eventos de vida estressantes na velhice e de riscos e adversidades na infância e na adolescência..........................................181 Arlete Portella Fontes, Larissa Centofanti Lemos e Anita Liberalesso Neri

Capítulo 13 Trajetórias de envelhecimento dos participantes do Estudo Fibra 2008-2009.........197 Flávia Silva Arbex Borim, Daniela de Assumpção, Lucia Figueiredo Mourão e Anita Liberalesso Neri

Autores......................................................................................................................213

Apresentação Anita Liberalesso Neri

Estudos demográficos e econômicos mundiais vêm chamando a atenção dos cientistas, dos governantes e dos gestores dos sistemas de saúde para o expressivo crescimento da população de idosos muito idosos, nome que se dá aos que ultrapassaram os 80 anos. Formada por um número crescente de sobreviventes bem-sucedidos, graças aos progressos sociais e científicos, esse segmento convive com uma ainda numerosa população de longevos doentes e dependentes, mas com tendência ao declínio, na medida em que ocorrerem mais melhorias nas condições de vida das populações em geral e das populações de idosos em particular. A pesquisa gerontológica tem um papel importante a desempenhar na geração de conhecimentos sobre como conciliar as aspirações individuais e sociais ao prolongamento das condições de saúde e bem-estar que caracterizam a velhice inicial com as condições de fragilidade e dependência que ocorrem na velhice avançada. No momento, delineia-se um novo paradigma para as ciências e a clínica do envelhecimento, no qual saúde, longevidade, bem-estar psicológico, vulnerabilidade, afastamento e fragilidade tendem a ser considerados condições concorrentes, mas não opostas. Graças à tradição de pesquisa sobre velhice estabelecida na Universidade Estadual de Campinas nos últimos 20 anos, existe uma considerável quantidade de dados sobre a saúde e o bem-estar dos idosos da cidade. Como ainda ocorre em todo o mundo, nesse universo predominam estudos que englobam pessoas na casa dos 60 ou 70 anos, mas são escassos os dados a respeito de idosos com 80 anos ou mais. A percepção de que é importante começar a superar essa escassez para acompanhar as novas necessidades da população idosa e para o avanço da pesquisa em âmbito mundial nos levou a planejar um estudo com idosos octogenários. Não se trata de um

8 Anita Liberalesso Neri estudo isolado, uma vez que, desde 2006, nós estamos envolvidos com um estudo populacional e multicêntrico com idosos de 65 anos e mais. Por injunção das normas do Edital MCT/CNPq/MS-SCTIE-DECIT/CT-Saúde nº 17/2006, nesse ano nós nos juntamos com colegas de outras três universidades brasileiras (Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Estadual do Rio de Janeiro) em uma rede de pesquisas à qual demos o nome de Rede Fibra (Fragilidade em Idosos Brasileiros). No início de 2018, meta-análise publicada no British Medical Journal (BMJ Open) veiculou dados obtidos pelos quatro polos da Rede Fibra, em um contexto de comparação com os obtidos em outros países pobres e em desenvolvimento (89 estudos, envolveram 122.435 participantes).1 Para atender às normas do edital do CNPq que lhe deu origem, a Rede Fibra organizou-se em polos para os quais foram atraídos grupos de pesquisa de outras universidades localizadas de Norte a Sul do País. No polo Unicamp, reuniram-se grupos sediados em Belém do Pará, Parnaíba-PI, Campina Grande-PB, Poços de Caldas-MG, subdistrito de Ermelino Matarazzo em São Paulo, Ivoti-RS e Campinas-SP (Processo CNPq nº 55.5082/2006-7). As pesquisas realizadas pelos parceiros acadêmicos dessas sete cidades envolveram 3.478 idosos de 65 anos e mais, que foram entrevistados nos anos de 2008 e 2009. Os resultados foram veiculados por cerca de uma centena de artigos publicados em periódicos nacionais e estrangeiros e por duas coletâneas de textos, uma de 2011, com dados de Campinas (n = 900) e a outra de 2013, com dados das sete localidades do polo Unicamp. Os dados veiculados na coletânea que ora estamos apresentando se referem à subamostra dos idosos octogenários (n = 475) do seguimento do Estudo Fibra Campinas realizado em 2008 e 2009, com idosos de 65 anos e mais (n = 900). Em 2013, houve o atendimento de um novo edital de pesquisa (Edital Capes/Procad nº 71/2013), mediante um projeto de colaboração acadêmica entre os programas de Pós-graduação da Unicamp, da Universidade de Passo Fundo (RS) e da Universidade Católica de Brasília (Convênio Capes/Procad 2972/14, projeto nº 88881.068447/2014-1). Planejamos um estudo comparativo entre octogenários recrutados na comunidade (Campinas), em ambulatório de Geriatria (Brasília) e em instituições de longa permanência (Passo Fundo). A subamostra derivada do estudo de 2008 e 2009, que se faz presente neste livro, representa os idosos da comunidade. Para completar o número de 300, com o qual nos comprometemos ao planejar o estudo comparativo com octogenários de três diferentes contextos, vamos incluir dados de seguimento dos octogenários do subdistrito de Ermelino Matarazzo. Um novo desafio diz respeito à realização de um estudo de seguimento que envolve a totalidade dos idosos de Campinas e de Ermelino Matarazzo entrevistados em 2008 e 2009. Para tanto, vamos entrevistar 425 idosos de 73 a 79 anos em Campinas e organizar os dados já coletados em Ermelino Matarazzo (91 idosos

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de 73 a 79 anos e 65 de 80 anos e mais em 2016, mais 60 idosos falecidos entre 2008 e 2016). Novos convênios de pesquisa celebrados pela Profa. Dra. Mônica Sanches Yassuda, da Escola de Ciências, Artes e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP) com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e com o CNPq darão suporte à nova empreitada. Do breve relato apresentado sobre a linhagem e a trajetória do Estudo Fibra Polo Unicamp, das quais deriva o Estudo Fibra 80+, pode-se depreender que os estudos com octogenários incluídos nesta coletânea (Capítulos 2 a 13) podem ser classificados como descritivos, de corte transversal (sem manipulação experimental, com medidas realizadas em uma única ocasião). Como implicam comparações dos valores de variáveis dependentes conforme sexo, idade, escolaridade e renda, podemos adicionar o adjetivo comparativo à tipificação de seu delineamento. No capítulo 13, nós vamos comparar dados dos idosos hoje octogenários nas medidas de linha de base realizadas em 2008-2009 com seus dados nas mesmas variáveis medidas no seguimento realizado em 2016 e 2017. O objetivo é saber se, em que e o quanto eles se mantiveram iguais, pioraram ou melhoraram. Nesse caso, estaremos diante de um delineamento longitudinal e descritivo. Outra possibilidade é a adoção de análises prospectivas, que consistem em investigar a magnitude dos efeitos dos valores de medidas obtidos em linha de base sobre os valores das medidas de variáveis observados no seguimento. Não faremos isso neste livro. Almejamos que, no futuro, seja realizado esse tipo de análise, assumindo fragilidade, cognição e mortalidade como variáveis dependentes e as demais variáveis como independentes ou de exposição, e como variáveis mediadoras ou moderadoras. Há muito que fazer. Um dos objetivos desta coletânea é atrair estudantes em vários momentos de sua formação, assim como atrair jovens pesquisadores para estudar a velhice e a grande longevidade. Igualmente, queremos chamar a atenção de colegas pesquisadores da nossa área e de áreas afins e motivá-los a unir seus esforços aos nossos. Para cumprir nossa missão pedagógica e de cidadãos comprometidos com o bem comum, queremos divulgar nossos primeiros dados à população e aos profissionais da atenção básica à saúde. Esperamos conseguir fazê-lo de forma leve e inteligível. Esta é uma obra coletiva, para cuja elaboração contribuíram docentes e alunos do Programa de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, que assinam os capítulos deste livro. Todos os alunos-autores trabalharam na coleta de dados. Flávia Silva Arbex Borim trabalha no Fibra desde 2008-2009 e empresta sua experiência de coleta de dados e seus conhecimentos de metodologia e de estatística aos novos esforços do Fibra. Daniela de Assumpção é pós-doutoranda em nosso Programa e contribuiu com a construção das tabelas e figuras e a apresentação dos resultados de todos os capítulos.

10 Anita Liberalesso Neri Agradecemos a inspiração constante proveniente dos colegas do PPGG/FCM/ Unicamp e a colaboração duradoura e responsável dos nossos alunos que atuaram como entrevistadores; os digitadores, pelo cuidado; o suporte técnico do Comitê de Ética da Unicamp e o apoio estatístico constante e confiável com o qual contamos. Somos gratos ao suporte das agências de fomento e à ajuda pontual e informal de um pequeno grupo de agentes comunitários de saúde, na localização dos idosos. Devemos imensa gratidão ao idosos pelo acolhimento e pela disponibilidade com que receberam as equipes de pesquisa. Bom proveito a todos os leitores!

Referência 1

Siriwardhana DD, Hardoon S, Rait G, Weerasinghe MC, Walters KR. Prevalence of frailty and prefrailty among community-dwelling older adults in low-income and middle income countries: a systematic review and meta-analysis. BMJ Open 2018;8:e018195. doi:10.1136/bmjopen-2017-018195