Os Caminhos de Jacinto no Douro Verde

Page 1

DOURO P O R T U G A L

Terras de Egas Moniz, Serpa Pinto e E莽a de Queir贸s, nas Paisagens Milenares do Douro Verde

OS CAMINHOS DE JACINTO


Terras de Egas Moniz, Serpa Pinto e Eça de Queirós, nas Paisagens Milenares do ‘Douro Verde’

É uma evidência incontestável a importância

A riqueza e a diversidade do património natural

da palavra-chave “Douro” como uma verda-

e cultural podem ser simbolizadas por algumas

deira marca, referente à região abrangente de

guras incontornáveis desta região que se

todo o Vale do Douro. Mas são também muito

destacaram não só em Portugal, como noutras

evidentes as especicidades únicas desta

partes do mundo. São elas Egas Moniz, o “Aio

sub-região outrora designada por Douro inter-

Fundador”, Serpa Pinto, que atravessou a

médio ou Ribadouro.

África defendendo os interesses portugueses e

Os concelhos de Resende, Cinfães e Baião unidos pelo Douro e pelos caminhos romanos e de Santiago, constituem uma riqueza natural e cultural marcada pela ocupação humana do

trouxe contributos inestimáveis à botânica e à zoologia, até ao grande romancista, Eça de Queirós que celebrou, como ninguém, a beleza única destas paisagens.

território, que desce, em ‘unidades de paisa-

O Projecto ‘Os Caminhos de Jacinto’, pre-

gem’, desde as alturas dolménicas, passando

tende constituir uma base unicadora das

pelas marcas do romano ao românico, até à

potencialidades comuns e complementares

senhorialização das terras e à inuência do ca-

do património de cada um destes três con-

minho de ferro, nos tempos modernos.

celhos, numa estratégia de eciência colectiva ancorando outros projectos e iniciativas, em rede, gerando desenvolvimento económico, social e cultural para o que o território tem de melhor: as suas gentes.

www.oscaminhosdejacinto.pt

FICHA TÉCNICA Propriedade, Edição e Produção Associação de Desenvolvimento Regional ‘Os Caminhos de Jacinto’ Coordenação e Textos Associação de Desenvolvimento Regional ‘Os Caminhos de Jacinto’ Colaboração Município de Resende, Município de Cinfães e Município de Baião Fotografia Município de Cinfães (página 6 - vale do Bestança), Município de Baião (página 7 - vista panorâmica e pormenor do Marão, Dólmen Chá de Parada 1 e Ovil - em baixo ao centro; página 8 - vista aérea do Mosteiro de Ancede e pormenor do retábulo da Capela do Senhor do Bom Despacho; na página 9 - Bengalas de Gestaçô) e Associação de Desenvolvimento Regional ‘Os Caminhos de Jacinto’/Ricardo Alves Design e Paginação Ricardo Alves/Atelier Alves - Design e Comunicação - Março 2013.


Desembarcamos na Estação de Aregos e temos logo uma varanda sobre o rio Douro – artéria principal deste território – com vista para a outra margem, terra onde também germinou a ideia de nacionalidade, na infância do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Educado por Egas Moniz, o Aio [i], que dali governava um extenso território, o Infante havia de partir, mais tarde, para Guimarães, onde já armado cavaleiro, deu início à luta pela independência do país que somos.

EGAS MONIZ, o Aio

Apresenta-se, aqui, uma das figuras tutelares mais an gas da região, nomeadamente em Resende e Cinfães e, por isso, um verdadeiro ícone do território abrangido pelos ‘Caminhos de Jacinto’, porque, independentemente das várias e interessantes lendas a ela associadas, o facto é que se trata da personalidade histórica que nos habituámos a conhecer, desde os bancos da escola, como educador do nosso primeiro rei, daí lhe ficando o cognome. Repar a o Paço por Cárquere (Resende) e Cosconhe (Cinfães), por onde o Infante Afonso Henriques cresceu, no corpo e no carácter que o haviam de fazer Fundador de uma nova pátria.

3

D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal

E assim, na pele de 'Quixote’ ou de ‘Sancho’, como quisermos (que também andaram à procura da beleza destes caminhos, pela mão de Eça), partimos à aventura e à descoberta de um Portugal genuíno e com raízes ancestrais, nomeadamente pré-históricas, romanas e medievais, mas também com novas surpresas para nos conquistar.

Os Caminhos de Jacinto


TEMPLO DE CÁRQUERE Refere-se com especial destaque este templo, pela sua evolução histórica, pela arquitectura, pelas lendas com ele relacionadas e pela raridade que cons tui a imagem de Nossa Senhora de Cárquere denunciando ‘pelas suas formas e expressões ser do séc. VII (visigó ca)’. Trata-se de uma miniatura de marfim, com 29 mm de altura e 14 mm de base, que representa a Senhora com o Menino sentado sobre o seu joelho esquerdo, de coroa den culada, o Menino segura um livro com a mão esquerda e abençoa com a direita tal como a Senhora de Cárquere. CAPELA E TERMAS DE AREGOS A Capela e as Termas de Aregos são dois edi cios que juntam a história medieval e a modernidade, já que as Caldas de Aregos são um dos espaços termais mais reconhecidos no norte do país. As águas sulfúreas, bicarbonatadas, sódicas e fluoretadas que aqui se captam estão indicadas para o tratamento de doenças reumá cas, dermatoses, problemas das vias respiratórias e afecções ginecológicas. No século X I I , D. Mafalda, rainha de Portugal, mandou ali construir uma Albergaria, percursora dos diversos balneários termais que se sucederam ao longo dos tempos. O actual balneário foi integralmente reconstruído na década de 1990. (site oficial do Município)

Para além das magnícas paisagens milenares que descem do Montemuro – enriquecido com os vários conjuntos megalíticos, testemunhos da ocupação por população durante a pré-história, e curiosos aoramentos geológicos – ao Douro, onde se abrigam memórias, monumentos e sítios de natureza religiosa e secular, como o Templo de Cárquere [i], a Igreja de Barrô, a Igreja de S. Martinho de Mouros e a Capela e Termas de Aregos [i]. Capital da cereja, cujo festival decorre em Maio, Resende oferece muito mais, como as famosas e deliciosas cavacas, disponíveis todo o ano, mas também com a sua festa, a acontecer em Abril. Termas de Aregos

Cavacas de Resende

4


SERPA PINTO Serpa Pinto, nascido em Cinfães, Tendais, em 20 de Abril de 1846, é das personalidades mais marcantes da história portuguesa, já que, na sua missão de reconhecimento dos territórios do interior do con nente negro, ultrapassou os obje vos patrió cos desta missão, com o seu desejo de atravessar a África, da qual resultou o livro, ilustrado pelo próprio, ‘Como Eu Atravessei a África’, contribuindo, assim também para o melhor conhecimento da fauna e flora daquele con nente. Pode assim, do mesmo modo, incluir-se, na ‘literatura de viagens’ e integrar a vertente literária do património comum desta região. Dá nome ao Museu Municipal. BOVINOS DA RAÇA AROUQUESA A Raça Arouquesa é das raças autóctones mais apreciadas pelos conhecedores. Povoa a paisagem de toda esta região, sendo importante pelas suas caracterís cas de trabalho e pela qualidade da sua carne. A Associação Nacional de Criadores da Raça Bovina Arouquesa e as Câmaras Municipais, muito têm contribuído para a sua preservação. MOSTEIRO DA TAROUQUELA A Igreja românica de Santa Maria Maior de Tarouquela, está classificada como monumento nacional desde 1945. Data da segunda metade do século XII e é considerada uma das mais representa vas deste es lo, em toda a região, com caracteríscas muito específicas, a merecer uma visita.

5

Transpondo o rio Cabrum, continuamos o périplo à sombra da memória e território de Egas Moniz, ao encontro de outro vulto da história portuguesa – personagem de grande relevância diplomática, cientíca e literária – Serpa Pinto [i]. Desde o alto do Montemuro onde pastam, por entre a continuação dos monumentos megalíticos, os pachorrentos e pacícos bovinos da Raça Arouquesa [i], deparamo-nos com uma paisagem deslumbrante e diversicada onde também não faltam manifestações da presença do homem a nível artístico, espelhadas nos ricos e valiosos monumentos como o Mosteiro da Tarouquela [i] – monumento nacional classicado – as igrejas de S. João Baptista de Cinfães, S. Cristóvão de Nogueira e a Igreja Matriz de Escamarão. Um território cruzado pelas vias romanas e medievais, com as suas aldeias típicas e com o seu artesanato.


O Museu Serpa Pinto convida a uma visita para melhor conhecer a região, onde se diz que também tinha ‘Paço’ Egas Moniz, e onde Afonso Henriques deu alguns dos primeiros passos.

Não faltará certamente apetite para degustar uma suculenta Posta Arouquesa ou um apetitoso Arroz de Aba. Na procura de espaços frescos e de lazer, o Vale e o rio Bestança [i] brinda-nos com uma fauna e ora ímpar e atravessamos, novamente, sobre o Douro, a ponte de Porto Antigo e de Mosteirô para Porto Manso, entrando em Baião.

VALE DO BESTANÇA O Vale do Bestança – Tendais e o Vale do Ardena – em Nespereira, que acompanham os rios com o mesmo nome, recebem os ribeiros da Serra que, durante anos, foram u lizados pelos moinhos de água que faziam farinha e moldavam o linho. Hoje, são pontos picamente rurais que, em espaços repletos de trilhos pedestres, complementam a biodiversidade única dos recantos protegidos à invasão. São também fortes des nos etnográficos, com as mais diversas tradições culturais e de artesanato. (site oficial do Município)

6


DÓLMEN CHÁ DE PARADA 1 O Dólmen de Chá de Parada 1, monumento nacional desde 1910, data dos meados do IV milénio A.C. Tem a par cularidade de conservar um corredor que nos leva ao interior onde, nos seus esteios, se podem ver algumas gravuras.

Sempre acompanhados pelas paisagens milenares, que se entrelaçam e sobrepõem, na unidade destas duas margens, também aqui os monumentos megalíticos da Aboboreira [i] – principal contraforte do Marão [i] – transportam-nos aos primórdios da presença humana nesta paisagem imortalizada por Eça de Queirós, António Mota e outros escritores.

SERRA DO MARÃO O grande maciço xistoso da Serra do Marão é pontuado por afloramentos rochosos cujos solos são reves dos por matos, onde surgem a queiró, a torga e a carqueja. As manchas de vegetação arbórea abrigam uma avifauna diversificada: o cartaxocomum, o chapim-real ou ‘verdilhão’.

7

Os Caminhos de Jacinto


MOSTEIRO DE SANTO ANDRÉ DE ANCEDE Fundado nos inícios do séc. XII, o Mosteiro de Santo André de Ancede adquire o seu couto a D. Afonso Henriques em 1145. A aposta na produção de vinho, desde a Idade Média, permi u a entrada nos circuitos comerciais da cidade do Porto, negociando não só com a urbe, como também com cidades estrangeiras. No séc. XV está documentada a existência de uma Nau que transportava o vinho para a Flandres (principal porto mercan l da época) e para a Andaluzia. De especial singularidade e interesse é a Capela do Senhor do Bom Despacho que encerra exemplares únicos de retábulos barrocos representando os ‘Mistérios do Rosário’ e um fresco de tecto. Fundação Eça de Queiroz

Muito antes da visita do autor de 'A Cidade e as Serras', hoje perpetuada pela Fundação com seu nome e por aquele romance, os castros, caminhos romanos e medievais, igrejas, mosteiros como Ancede [i] e casas senhoriais, foram deixando a sua marca patrimonial. Casa de Cabeção. Uma das diversas casas senhoriais da região.

8


CASTA AVESSO A casta Avesso, considerada pelos enólogos como uma das melhores e mais apreciadas de toda a Região dos Vinhos Verdes, pelas suas caracterís cas próprias, aliadas a um solo e um microclima únicos, está na origem de um vinho branco harmonioso e frutado, que dá nome a toda uma sub-região.

Toda esta longa herança, aliada ao engenho dos herdeiros de tantas memórias, traduziu-se em peças de artesanato tão únicas e genuínas como as Bengalas de Gestaçô, as Cestas de Giesta de Piorna de Frende e os mosaicos romanos, bem como os sabores irresistíveis do Anho Assado com Arroz do Forno, acompanhado pelo vinho ou espumante da casta 'Avesso' [i], sem esquecer o famoso Biscoito da Teixeira, presente nas romarias de norte a sul de Portugal. Biscoito da Teixeira

Tomado este 'aperitivo', liberte-se de amarras e parta à descoberta deste ‘Douro Verde’ pelos 'Caminhos de Jacinto'.

9

Os Caminhos de Jacinto


Amarante

Terras de Egas Moniz, Serpa Pinto e Eça de Queirós, nas Paisagens Milenares do ‘Douro Verde’ Marco de

Teixeira

Loivos do Monte

Teixeiró

Ovil

Campelo

Canaveses

Variz

Gestaçô

Baião

Mesão Frio

Tresouras Valadares Grilo

Santa Marinha do Zêzere Frende

Gôve

Mesquinhata Santa Leocádia

Porto

Sta. Cruz do Douro

Covelas S. João de Fontoura

Ancede

Ribadouro

Anreade

Miomães

Oliveira do Douro

Tarouquela

Castelo de Paiva

Resende

Barrô

S. Mar nho de Mouros

Cinfães

Espadanedo

Souselo

Peso da Régua

Loivos da Ribeira

São Cristóvão de Nogueira

San ago de Piães

Ferreiros de Tendais

Moimenta

Romão Cárquere Freigil deS.Aregos S. Cipriano Felgueiras

Ramires

Paus

Ovadas Feirão

Travanca Panchorra

Fornelos Nespereira

Tendais

Bustelo Gralheira Alhões

Castro Daire Castro Daire

Associação de Desenvolvimento Regional

OS CAMINHOS DE JACINTO T +351 254 882 525 F +351 254 882 525

geral@oscaminhosdejacinto.pt www.oscaminhosdejacinto.pt

Estação de Aregos 4640-435 Sta Cruz do Douro - Baião

Município

Município

Município

RESENDE

CINFÃES

BAIÃO

T +351 254 871 031 geral@cm-resende.pt www.cm-resende.pt

T +351 255 562 406 turismo@cm-cinfaes.pt www.cm-cinfaes.pt

T +351 255 540 562 turismo@cm-baiao.pt www.cm-baiao.pt

41º 6' 21'' N | 7º 57' 52'' W

41º 4' 18'' N | 8º 5' 23'' W

41º 9' 42'' N | 8º 2' 8'' W

10


Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava: – Que beleza! E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava: – Que beleza! Eça de Queirós, A Cidade e as Serras


Terras de Egas Moniz, Serpa Pinto e Eça de Queirós, nas Paisagens Milenares do ‘Douro Verde’

Associação de Desenvolvimento Regional

OS CAMINHOS DE JACINTO

> t +351 254 882 525 > geral@oscaminhosdejacinto.pt > oscaminhosdejacinto.pt

Município

RESENDE

> cm-resende.pt

> cm-baiao.pt

> cm-cinfaes.pt


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.