Jornal Janela Aberta 009 - digital

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J AN ELA ABERTA

literatura, artes, software livre e economia solidária - ano 4 - número 9

entre você também nessa rede! editorial cristian cobra economia solidária conto: uma nova economia acontece wendy palo software livre software livre é uma questão de liberdade cristian cobra prosa garota bad trip jemima murad poema fluir alexandre stucchi de souza poema celeste alexandre stucchi de souza poema o rei sem reino alex tomé poema sem título marcos murad poema abstração ana amélia pisanelli fora do eixo letras romance desleixo prosa quatro minutos leonardo panço

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Informes

EXPEDIENTE Editor Geral Cristian Cobra Capa Melissa Conde Conselho Editorial Jemima Murad Cristian Cobra Helena Boschi Ricardo Gessner Alex Tomé Douglas Pino Wendy Palo

EDITORIAL

Rede é um lugar bom pra sonhar Se você fizer uma busca pela internet, participar de algum evento inovador ou mesmo prestar atenção nos noticiários da televisão, você irá se deparar frequentemente com o termo “rede”. Redes era o título do editorial anterior, e novamente nos vemos obrigados a focar este tema. O termo na verdade não é novo, mas começa a derivar novos sentidos, começa a ter novos usos em novos contextos. Rede, é definitivamente um conceito do presente e do futuro. Estar conectado é estar em constante troca. Não uma troca completamente disparatada, desigual, assim eram as árvores, as pirâmides, as estruturas sólidas e verticais do poder. As pirâmides eram

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organogramas fechados, era preciso criptografar hieróglifos, colocar armadilhas, obstáculos, era preciso enterrar o engenheiro junto com o Faraó. Os planos, cartesianos, eram retas e pontos riscados em folhas bidimensionais que não consideravam o verso, a mesa, o lápis, a mão. As redes são leves, intrincadas, embricadas, várias e ao mesmo tempo uma, tridimensionais, quadrimensionais, indefiníveis pois não podem ser simplificadas. As redes são maleáveis, pode-se dobrá-las e enverga-las pulando assim de uma ponta a outra. Não é competição, não é apenas cooperação, exigem juntamento e espaço, pausa e respiro, conflito, reavaliação, novas conexões. As redes podem ser nossa nova forma de entender as relações humanas e ambientais. Câmara de aceleração de partículas, cultura laboratorial de estudo, folha de rascunho. Teoria do Caos? O que você insere na rede aqui, ressoa como lá, acolá e além? Receitas colaborativas e coletivas: quando você vem pra rede, o que você traz? Uma

O Jornal Janela Aberta não possui nenhum direito sobre os textos e imagens de terceiros nele veiculados.

* As opiniões emitidas pelos textos aqui publicados não são necessariamente as mesmas de seus editores. Mesmo assim, são bem vindas todas as críticas e sugestões.

sugestão: a rede é um lugar bom pra se sonhar...

Cristian Cobra é escritor e o editor geral deste jornal. Seus trabalhos encontram-se, entre outros, no livro de poemas Guerras Contidas (2007) e em seu blogue www. excamas. blogspot. com.

Jornal Janela Aberta online! Já conheceu o site do Jornal Janela Aberta? Agora, com nosso novo site do Instituto, temos uma espaço próprio para o Jornal que, além de vincular as versões digitais deste periódico, publica notícias e informes sobre o Janela Aberta e a cultura em geral. Aproveite para conferir a versão digital do jornal que, a partir dessa edição, será expandida e irá conter os textos que acabam ficando fora por causa da falta de espaço. Visite e cadastre seu email! www.janelaaberta.art.br

Apoiadores

O que rolou no Janela Aberta: Desde a última edição do Jornal foram muitos eventos e projetos que aconteceram: vários Identidade Jazz e Identidade Hardcore, realização do Projeto Pequenas Expedições e de oficinas culturais no CEFA (Projeto SOS Bombeiros), aquisição de novos parceiros na Rede do Conto, mudança do site para uma plataforma livre (wordpress), participação na Feira de Economia Solidária do estival Contato, um novo grupo de estudos de Dança Tribal sob cuidados de Ligia Botelho, a publicação do livro Versos da Terra de José Paulo Maciel em parceria com a Prefeitura e Fundação Pró-memoria, exposição de quadros do Programa de Medidas Sócio-educativas Para Menores em Regime Aberto em parceria com o Salesianos São Carlos e outras ações que não citamos por causa do pouco espaço! O que ta rolando: Aproveite para curtir os últimos eventos do Janela Aberta nos dias 1 7, Identidade Hardcore e 1 8 Identidade Jazz. O Janela participará também do Congresso Fora do Eixo que acontece em São Paulo entre os dias 1 1 e 1 8 de dezembro (informações no nosso site). E as férias estão chegando, e aproveitamos para informar que o Janela entrará em recesso no período de 23 de dezembro a 20 de janeiro. O que vai rolar: Logo mais o Janela começará o projeto "Catira em Santa Eudóxia", premiado pelo ProAC no edital "Promoção da continuidade das culturas tradicionais". Para o ano que vem estamos aguardando também a chegada dos recursos do Ponto de Cultura, que trará melhorias à infraestrutura do Instituto e permitirá a realização de muitas outras atividades, como o lançamento de um edital para novos incubados. Aguardem!

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ECONOMIA SOLIDÁRIA

Conto: uma nova economia acontece!

destacados: o primeiro é o fato de ser uma moeda ligada à cadeia produtiva da arte e da cultura, o que aquece o mercado não só para os artistas, mas também para os produtores de bens e prestadores de serviços ligados aos fazeres artísticos; o segundo é o fato de envolver empresários locais que nunca tinham vivenciado a lógica da economia solidária, e em menos de seis meses de moeda já vemos alguns comerciantes recebendo contos além de suas cotas para poder utilizar em outros estabelecimentos. Assim, o valor da moeda não está nela própria, mas no trabalho que faz para produzir bens, serviços e saberes. O valor está na troca dos produtos e serviços por outros produtos e serviços, sendo a moeda a mediadora dessas trocas. Não está ligada a nenhuma taxa de juros, por isso não interessa a ninguém guardá-la, mas trocá-la continuamente por bens e serviços que venham a responder às mais diferentes necessidades. O resultado é que o integrante da rede gasta menos com a moeda corrente, pois substitui estes gastos por trocas. São ao mesmo tempo consumidores e produtores destes bens e serviços. O Conto não é a única moeda social que circula em São Carlos, também existem o Marciano e o Contato, desenvolvidos respectivamente pelos coletivos Casa Fora do Eixo Sanca e o Festival Contato. E estamos sempre na expectativa do surgimento de novas moedas, pois elas são elaboradas a partir da solidariedade de grupos, criando uma reflexão de como cada pessoa que está excluída do mercado convencional pode trocar os seus produtos, conhecimentos, serviços, trabalhos e cultura. Trata-se de um instrumento de uma nova economia verdadeiramente humana para que se possa compartilhar e melhorar a qualidade de vida. Uma outra economia acontece, compartilhe desse ideal!

Um dos primeiros depoimentos que ouvi sobre o conto foi: “que legal, funcionou como dinheiro mesmo, eu paguei a conta toda com os contos”. São recorrentes os relatos como este, repletos de admiração ao poder gastar os contos adquiridos através do trabalho artístico. Com a grande concentração de renda que o mundo convive hoje, o dinheiro está ficando cada vez mais escasso e se concentrando nas mãos de poucas pessoas. O Instituto Cultural Janela Aberta com certeza não faz parte desse pequeno e seleto grupo, já que um dos grandes problemas enfrentados pela entidade sempre foi a falta de recursos para poder contratar o trabalho dos artistas, ou remunerá-los por alguma contribuição dada ao Janela. Oferecíamos orientação e infraestrutura, mas encontrávamos dificuldades no sentido da geração de renda direta. O fato era: não havia dinheiro! Então precisávamos descobrir o que já havíamos conseguido para tentar solucionar o problema. E percebemos que tínhamos algo bem valioso: uma grande abertura no diálogo com comerciantes locais, sendo que alguns, inclusive, já nos apoiavam com alguns produtos e serviços. Em cima de um mapeamento de todas as ferramentas que possuíamos em mãos e do que podíamos oferecer a partir delas, começamos a desenvolver nossa moeda social e seu sistema de circulação. Depois de quase um ano de trabalho – estudando, pesquisando outras moedas e sistemas de trocas, quebrando a cabeça para a escolha do melhor nome – surgiu o Conto. A genialidade de uma moeda social está na forma como se dá o intercâmbio socioeconômico, no mecanismo multi-recíproco utilizado para fazer as trocas; não se trata de um sistema alternativo, e sim complementar Wendy Palo é atriz, produtora cultural, militante política e uma otimista à economia. No caso do Conto, existem dois pontos primordiais a serem inveterada

SOFTWARE LIVRE

Software Livre é uma questão de liberdade

torno dos programas, o que torna todo usuário um colaborador potencial do desenvolvimento de tal software. O avanço que esse modelo de trabalho representa vê-se em programas como os Libre/OpenOffice.org, que são recentes e já se encontram em nível igual ou próximo do clássico Microsoft Office (que já possui 23 anos), ou o caso do navegador Firefox que já superou em muito o Internet Explorer no quesito segurança. É claro que esse novo modelo de criação, gestão, venda e distribuição de SL também tem seus problemas, seus desafios e obstáculos (como a falta de colaboração por parte das grandes empresas que dominam o mercado de software e especialmente de hardware) mas parte do princípio de que a liberdade de entender, modificar e compartilhar um programa, é mais producente que restringír esses direitos. Coletivamente, esse modelo do SL traz outras vantagens, como a democratização dos meios digitais, diminuindo custos dos governos, empresas e dos usuários domésticos. E destaco aqui a importância de entender esse processo como uma cultura. Não se trata apenas de melhor tecnologia, trata-se de barateamento de tecnologia, democratização do acesso e liberdade criativa. Uma cultura que possui similaridades com outros movimentos/filosofias como a Economia Solidária, a democracia participativa, o ativismo-ambientalista, etc. Nós, do Janela Aberta, acreditamos que a filosofia do compartilhar é mais eficiente que a filosofia da competição. Esse é o motivo primeiro que nos motiva a escolher sempre o Software Livre.

No penúltimo texto desta coluna escrevi rapidamente sobre algumas vantagens de ser um usuário Linux. Gostaria de voltar a tratar aqui com mais detalhes um daqueles tópicos: a liberdade, considerado pela maioria dos usuários como o mais importante. No senso-comum as pessoas entendem que um Software Livre (SL) é um programa gratuito. Isso não é verdade, essa definição cabe aos programas Freewares. Um programa, resumidamente, são várias linhas escritas em alguma linguagem de computação que podem ser facilmente copiadas e alteradas. Um software tradicional tem essas linhas codificadas, para impedir que outra pessoa use-as e faça seu próprio programa. É uma forma de preservar o "direito autoral" de quem programou. Isso significa que um programador precisa começar seu trabalho do zero, pois não pode utilizar de algo já "escrito", já programado. O SL, ao contrário, permite que um programador altere o programa já existente, melhorando-o ou atribuindo novas funções criando assim um outro programa. E isso não é um problema, pois os códigos dessa nova versão também podem ser alterados e redestribuido-os. Isso proporciona uma melhor evolução tecnológica pois impede que as pessoas tenham sempre que começar um trabalho do zero. Esses programadores podem ganhar dinheiro mesmo assim, ou ainda vender publicidade em seu programa, vender suCristian Cobra é aluno da Pós-Graduação em Linguística (UFSCar) e dsenvolporte técnico etc, sem restringirem os códigos de seus programas. ve pesquisa sobre Software Livre, direito Isso gera, ao mesmo tempo, uma comunidade de usuários no enautoral e cultura digital.

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garota bad trip eu voltava pra casa a pé, como de costume. tinha sido um dia cheio - casa, banco, papelada, trabalho trabalho trabalho. foi aí que eu resolvi passar na frente da casa dela. afinal, era caminho. eu passava lá na frente mesmo sabendo que ela não morava mais lá, eu passava lá na frente mesmo ela não sendo mais minha vizinha. não cruzava mais com ela na rua correndo pra faculdade enquanto eu corria pro trabalho. ela foi a primeira menina legal que deu bola pra mim. meus colegas deram uma empurrada, claro, mas cara, ela tinha namorado, isso era fo-da. pra ela, ela não estava nem aí. ela me queria justamente porque não queria o namorado. ela me queria porque queria se livrar do namorado por outro. era isso que eu achava. eu traí todas as minhas ex-namoradas por ela. ela também. foi assim que começou. eu, ela e as amigas bêbadas dela. ela estava lá por outro - eu só estava lá por ela. os dezesseis anos dela me fascinavam, ela falava bonito, cantava pra mim, tinha aqueles olhos grandes cor de licor de chocolate, os cabelos dela tinham várias cores. foi um dia de sol, sol, sol, lago e floresta. ela tinha medo das árvores, do vento, de tudo, e nada ao mesmo tempo, ela me botava medo e isso era só mais uma parte do charme. eu nem sei quantas vezes eu a beijei, nem sei se foi no bosque, na beira do lago, na praça, na rua, na escada... na esquina da casa dela. logo depois terminou a primavera bonita, começou o verão veio janeiro e as chuvas. e ela voltou. sozinha, de vinho, bebendo frisante em garrafa de cerâmica. pra mim, três dias, três noites. ela me deu minha primeira noite. eu fui o primeiro dela, mas e daí? ela só estava lá pra curtir. eu fui lá e me derramei sobre ela, e ela me deu as costas, fria, esvoaçante. aquela garota é uma bad trip - que eu não canso de tentar repetir. ano após ano eu a encontro, ano após anos nós nos encontramos. feito conjunção de planetas. mas é que às vezes a face dela está voltada para o outro lado. todo ano ela é minha, todo ano ela me escapa, todo ano eu me afasto dela. todo ano ela é minha. Jemima Murad é graduanda em Gestão Ambiental, gosta de cantar, tocar, dançar e escrever, mas dizem que ela não é artista.

Quer publicar seus textos ou imagens no Jornal Janela Aberta? Envie seu material pelo correio eletrônico instituto@janelaaberta.art.br ou pelo nosso s ítio www.janelaaberta.art.br Os textos serão selecionados pelo nosso conselho editorial levando-se em conta critérios técnicos, temáticos e ideológicos, além do espaço disponível. Todo material selecionado será publicado na seção Página Aberta da próxima edição ou guardado para edições subsequentes.

Fluir serei areia a salgar água, estrela do mar. mirar o fundo do mar e lá serei a morar.

Celeste Céus! Meu lençol azul que o diga. Alexandre Stucchi de Souza tem 23 anos, mora em jaboticabal e cursa agronomia. Planta e escreve para quem sabe um dia colher.

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O Rei Sem Reino

Sem título

Tenho um corpo e tudo o que eu fizer é a continuação do meu começo. Não chegarei ao fim sem ritmar caminhos, Bolotinha gania para um canto do quintal. isto é, manipular caminhos, Se sacudia e ameaçava aquela parte obscura de seu reino. isto é, pular caminhos: A parte de seu mundo que só lhe chegava o cheiro. traçado aos trancos e barrancos coisas que fiz e só fui entender mais tarde. Marcos Murad é graduando em arquitetura, abstracionista Abismo-me, e artista. pernambuco-me nesta estória. História sobre o desejo de reprimir o desejo. Não sei se continuo nesta chama que me chama e queima. Vou e volto em sucessivos súbitos abertos. Sei que complico os fatos, ora os fatos são o começo das coisas e a incapacidade de contar uma história principia no buraco da voz, A vida se resume a um enorme picadeiro ou melhor, Que na base do improviso a incapacidade de contar uma história começa no fato de relatarmos Eu faço meu carnaval sem enredo [a todo o momento que vamos contar uma história. Toco meu samba sem pandeiro. Descanso. Os olhos como os livros, fechados: guardando ideias, palavras, sonhos, dor. Sou uma artista desconhecida, Eu sou a arte, Alex Tomé é escritor, cineasta e militante político. Tudo faz parte, Do coração partido até meu riso.

Abstração

Maria Lúcia Maria Lúcia tem medo do escuro. E é desorganizada também. Estas características marcam a sua personalidade, regram sua vida. Nunca fica sozinha. Quando acontece de seu marido sair com as crianças, vai para a casa de sua mãe. Isso, com 40 anos! Este fato acaba colaborando com a sua desorganização. Nestas horas ela poderia estar pondo em ordem a casa, com sossego. Acho que ela não gosta de ver as coisas ordenadas. [por ser muito longo, confira o restante do texto na versão digital do Jornal em www.janelaaberta.art.br] Josette Monzani é professora de cinema dos Mestrados em Imagem e Som e em Estudos de Literatura da UFSCar.

Nesse imenso picadeiro, Com uma platéia nula, Que mal sabe o que está acontecendo, De tão absurda sua hipocrisia Não enxerga o espetáculo da vida. A mente vazia se limita abstraindo o entendimento do todo Que no meio do meu improviso, Do meu carnaval sem enredo e Do meu samba sem pandeiro A vida brota no meio deste caos, Reproduzindo a arte como meu espetáculo final.

Ana Amélia Pisanelli não é Ana, não é João! Não é viado, lésbica ou sapatão! É sua felicidade e o que mais quiser ser, ama seus amigos e seus amores que jamais vai esquecer.

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Sem título Se a cada passo Cada rasgo Se opusesse a razão? Não NÃO O NÃO Mas e se fosse o não a ânsia que consome? Ou que move Que força E dá força. Mesmo assim E de vez em quando? Por um momento o controle Não, o medo de se possuir De ter o Poder de Si Questionando e Jogando, O peso dos dois lados Contrapondo-se Superpondo-se Porque o ser humano é um fardo Uma doença E ao mesmo tempo uma Dança Ou mesmo crença Ou Felicidade

Não ter você Não ter você É apagar a luz e sentir seu cheiro É sentir as lágrimas rolarem pelo rosto É quando todas as músicas se transformam em canções de amor.

É pensar em você no café no almoço e no jantar É ver a estrada logo cedo e sentir

Criamos essa versão digital ampliada com o intuito de poder contemplar todos os textos enviados, incluindo aqueles que não foram selecionados pelo Conselho Editorial para a versão impressa por critérios técnicos, estéticos, ou devido às limitações do espaço impresso. Procuramos assim ampliar o máximo possível o espaço e a circulação dos autores locais que colaboram com o Jornal.

um aperto no peito e um nó na garganta.

Esperança É tudo a minha volta ter lembranças suas desde a palavra falada uma só vez até a repetida mais vezes

Os lugares nas ruas, os bancos da praça, as cadeiras do shopping,

Eu vestido todo de cinza. Me olhas. Trespassa e sabes que folhas e coração meditam. Num vermelho paixão.

e os carrinhos do mercado.

Bocejo Tudo, tudo me lembra você E não ter você só faz com que cada vez mais o peito fique apertado,

Marcos Murad é graduando em arquitetura,

os olhos marejados,

abstracionista e artista.

os pensamentos distantes

Amor de manhã. Uma nuvem de passarinhos Levou meus sonhos Pra chover na praia.

E o lápis trabalhando a escrever no papel toda a falta que você me faz quando eu não tenho você. Fabiana Ribeiro é formada em Letras, aficcionada por poesia e cinema.

Alexandre Stucchi de Souza tem 23 anos, mora em jaboticabal e cursa agronomia. Planta e escreve para quem sabe um dia colher.

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Maria Lúcia

por diante.

I

Mas, como afirmei anteriormente, ela é avoada e se esquece de tudo o que guardou.

Maria Lúcia tem medo do escuro. E é desorganizada também. Estas características marcam a sua personalidade, regram sua vida. Nunca fica sozinha. Quando acontece de seu marido sair com as crianças, vai para a casa de sua mãe. Isso, com 40 anos! Este fato acaba colaborando com a sua desorganização. Nestas horas ela poderia estar pondo em ordem a casa, com sossego. Acho que ela não gosta de ver as coisas ordenadas.

Pobre Homero! Maria Lúcia está fazendo escola. Suas filhas, grandinhas, estão indo pelo caminho da mãe e contribuem bastante com a bagunça geral. Cadernos, livros, canetas, lápis de cor, mochilas, tudo fica estacionado em cima da mesa da sala de jantar. Aliás, lugar de se fazer as lições de casa. De nada adiantou Homero ter comprado uma escrivaninha para cada uma. Adiantar até que adiantou, as escrivaninhas são excelentes lugares para se largar os uniformes usados e os estojinhos de maquiagem.

Meias, fraldas, roupa de cama, shorts, toalhas, tudo por passar a ferro na sala de TV. A mesa da copa é um brechó: chaves, papel de presente, pratos usados, bolsa, Nescau, sucrilhos e pão. As camas eternamente por fazer. O banheiro, sem comentários. Nem as tampas ficam nos lugares corretos. Mas Maria Lúcia é feliz assim. Homero é quem sofre. Capricorniano, gosta de tudo arrumadinho. Que fazer! Maria Lúcia não consegue ser diferente. Nos primeiros tempos de casados, essa sua característica não era tão marcante. Acho que ela se continha. Depois, com a vinda das crianças e a soltura decorrente da convivência, a bagunça começou a tomar corpo.

Diomar, minha secretária extremamente lúcida (ela é capricorniana, feito Homero) diz que o problema de Maria Lúcia é ser psicóloga. - Todo psicólogo é assim. Têm essa mania de liberdade para si e para os filhos. Deus me livre de trabalhar na casa deles. Maria Lúcia não enxerga a bagunça e transita feliz em meio àquela desordem. A única coisa a tirá-la do sério é o escuro. Ela compra velas em profusão. Tem uma bela e possante lanterna e um lampião. E tem, por medida de segurança, o que gera ódio profundo em Homero, três cachorros vira-latas que servem para nada em termos de proteção, já que são dóceis e tranqüilos. Aliás,

Ela adora fazer compras vantajosas. Gosta de liquidações e compra por antecipação. Ela comenta:

servem para aumentar a bagunça que, por intermédio deles, alcança também o quintal.

- Que maravilha! Estes sapatinhos ficarão ótimos na Thelma quando ela calçar 35, o que deve faltar só um ano, um ano e meio

II

para acontecer. Roupas de inverno por este precinho? Vou levar e guardar.

No auge da confusão, Maria Lúcia toca teclado. Ela não canta bem,

E é isto o que sempre acontece. Só que ela acaba se esquecendo do que comprou. Às vezes, Homero dá uma busca nos armários e fica escandalizado com o tanto de quinquilharias que encontra. Ele sempre sugere fazerem uma boa limpeza e darem o excesso para os pobres. Maria Lúcia acaba achando uma desculpa para guardar tudo de volta.

complexo que carrega desde menina. Quem um dia já não sonhou cantar na bandinha da escola (que era mista, por sinal, enquanto as classes eram separadas) ou no coro da igreja? Cantar nas festinhas também. Era algo que ela não podia jamais fazer, com o risco de comprometer suas paqueras. Hoje, depois de anos de análise, ela se permite cantar, baixinho, em público. Mas, em casa, ela já se liberou e canta feliz ao teclado. Bee Gees, Beatles, Ronnie

Outra grande mania de Maria Lúcia é a de manter muita coisa usada que, eventualmente (sublinhado), ainda possa ter alguma serventia no futuro. Um bom par de tênis de Thelma poderá servir para Thaís, é claro. As roupas de Jr. servirão para o possível bebê de Maria Emília, sua irmã mais nova. As roupas de gravidez ainda terão uma função (alguma amiga sempre poderá precisar). E assim

Von, todos os sucessos da sua adolescência são agora revividos. Ao lado do samba que Maria Lúcia, com o tempo, aprendeu a gostar. Ela anda até pensando em voltar a estudar inglês, ela que nunca dera muita bola para esse idioma. - Para cantar em inglês é preciso conhecimento das letras e da pronúncia, senão fica cafona, ela diz.

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Maria Lúcia tem medo de ser considerada cafona. A causa disso devem ser os seus cabelos. Eles são extremamente crespos. Na juventude de Maria Lúcia o ideal era ter cabelos lisíssimos. O que ela sofreu por esta razão! Ela vivia alisando os cabelos com todas as porcarias que a revista Capricho anunciava. Sim, Maria Lúcia lia, quinzenalmente, essa revista. Uma bíblia! Bem, voltando à música, Maria Lúcia também não dançava bem. Acho que sua timidez a atrapalhava muito. Hoje em dia, após a terapia já comentada, ela se soltou: e dança. Ou melhor, até gosta de dançar. Homero gosta de dormir cedo, mas precisa acompanhá-la nas festas. Ela adora um baile de carnaval, uma boite ou mesmo uma reuniãozinha dançante com os amigos. (Ela se tornou sociável, quem diria). Sempre dá festas, especialmente nos aniversários. Dado o seu modo de ser, ela é péssima na organização que uma festa exige. O bolo sempre é pequeno demais para os convidados, faltam refrigerantes, a previsão de cervejas falha, as lembrancinhas das crianças nunca são ordenadas com antecedência, a pipoca é pouca, o molho das salsichas sai salgado demais. Apenas que todos ficam à vontade e acabam por se divertir. É claro que nessas ocasiões Maria Lúcia resolve novamente ser econômica. -Ah! esse patê até que não está velho e pode ser aproveitado. - Dona Benedita pode fazer os salgadinhos, que saem muito mais em conta do que aqueles feitos pela Sueli, com sua mania de exagerar nos recheios. - Salsicha da promoção também é gostosa. E faz o mesmo efeito. Criança nem percebe! Maria Lúcia parece feliz!

Josette Monzani é professora de cinema dos Mestrados em Imagem e Som e em Estudos de Literatura da UFSCar.

Mulher Seria simples meu Deus O pão de cada dia As horas a regar as plantas Os anos a ver os frutos crescendo A felicidade nas pequenas coisas O aroma na cozinha Daquele que fica na memória De quem passou a infância a senti-lo O prazer de quem passou pela vida para propiciar O chão brilhando As camisas bem passadas As crianças enfeitadas, (coitadas) As comidas prediletas A casa arrumada E o tempo para bordar Seria tão simples meus Deus... Sem aspirações Inquietações Se toda mulher fosse assim Nesse cotidiano, feliz... Onde tudo cabe E se tem tudo que cabe Seria tão simples...

Povo Penso , precipito Penhascos, pontes, precipícios Paredes, poeira Prazer, paladar, palavras Percorro paisagens, planos Plaino Pequenos poderes Prisões Profetizo, purifico Por que? Gisele de Carvalho.

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Joca Tijó

temporário em um projeto de uma construção civil na grande

Frio, matuto, distante, não muito sociável. Assim era o pós

meses em anos anteriores, mas dessa vez queria levar o

selva de pedra, onde já havia morado e trabalhado por uns

adolescente de tipo físico sofrido, cabelos precocemente ralos, como suas atitudes perante a vida em comparação aos pouquíssimos amigos de mesma idade, e pele típica de habitantes de Novo Triunfo, cidadezinha próxima a Antas, no

sobrinho, Tião, para ajudá-lo na labuta e, quem sabe, colocar o jovem grandalhão e com cérebro por desenvolver em dias mais produtivos do que aqueles que sempre juntava pedaços de revista amassados, catados no lixão de Novo Triunfo,

interior da Bahia, onde morava.

brincando de criar uma novela de papel.

De família triste, na míngua e de predicado italiano por terem

Joca não teve uma primeira reação positiva, afinal estava

antecessores vindos da Europa, João Carlos suspirava sonhos pelos cantos silenciosos e escuros daquela casa em que vivia desde seu nascimento. Como todos os outros de sua região, desejava conhecer um horizonte que lhe mostrasse além dos secos campos que o cercava.

despertando e tentara raciocinar o que Tião, de pés descalços e com algumas gotas de suor caindo de seu rosto devido ao calor e a sua ânsia de estar junto com seu melhor e único amigo fazia ali na porta de sua casa. –“Vamo Joca, leva aquela sua chutera que tu ganho do seu pai quando ele jogava no amador.”- exclamou Tião.

Não havia miséria no sentido real da circunstância, mas Joca almejava uma vida um pouco diferente, queria ter o que alguns amigos seus tinham e que ele só podia desfrutar nas tardes de Domingo, quando Iranildo, seu melhor amigo emprestava a televisão e sua sala acanhada para ver os jogos de futebol dos times da capital. Não era só por isso que Iranildo era seu confidente, mas pelo fato de ser mais baixinho, franzino e pouco atraía olhares das moças quando

Com audição apuradíssima, avental amarelado, o qual usava vinte horas por dia em volta de um corpo roliço, porém forte e sadio, Dona Marta vociferou mais do que depressa, fez sombra no filho que titubeava em responder algo ao amigo que ali estava e como sempre com vergonha de pedir um copo d’água para aliviar o calor conseqüente dos doze quilômetros que correu ansioso em contar a novidade para o

andavam juntos pelas ruas da cidade.

colega de escola: – “Arruma tuas coisas menino, é sua grande

De tanto sonhar, mas também rezar todo sábado na igreja mal

a vida com Genésio, seu marido, a ofereceu desde que se

chance.” – ordenou quando enxugava as mãos calejadas que

acabada que havia ali, próximo à sua casa, Joca sentia que algo iria mudar em sua vida. E não é que poderia mudar mesmo? Numa certa tarde de quarta-feira, enquanto dormia, o que era raro, pois sempre procurava, mesmo que fosse a mais

inútil

ocupação

ou

passatempo,

como

amassar

tampinhas de garrafas de bebida para parecerem um time de botão, Joca recebeu um tapa na cabeça, era sua mãe, que o acordara para atender um amigo mais velho esperando-o na

casaram. Num caminhar sem muita vontade, três dias depois estava Joca, na principal estrada de terra que o levaria ao ponto de embarque, onde ficou combinado de se encontrar com Tião e o tio. Mala surrada, pesada e de alça escorregadia em uma mão, uma pequena sacola com alguns trocados e moedas dadas pelo pai na outra, avistou Jacinto e seu sobrinho, o

porta.

menino grande na frente, todo sorridente, com o velho

Ofegante e alegre pelo recado e boa notícia que tinha a

depois óbito de sua esposa por desnutrição, vindo de duas

gritando atrás, este com a única roupa limpa que possuía

passar para Joca, o amigo mais fiel, porém menos ponderado dos arredores contou sobre a chance de pegar uma carona com seu tio Jacinto para São Paulo naquele próximo final de semana. O tio havia recebido uma proposta de trabalho

quadras dali. Longos dias e intermináveis noites na rota do “melhorar de vida” pelas estradas clandestinas, as quais o motorista não tinha de pagar pedágio quase até o destino final da maioria

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prosa & verso

dos ocupantes daquele ônibus não muito bem conservado

E assim Joca foi convidado por Osmar, o chefe de Jacinto, a

que rodava Brasil abaixo no sentido do mapa.

trabalhar como almoxarife na grande obra. Era natural que o jovem recém chegado do sertão ia desenvolver outras funções

Nos primeiros dias na capital dormiram em um quarto sem

no auge de sua juventude e energia de viver, afinal não

energia elétrica, pensão lotada de pessoas com caras de

assinara

intenções pouco amigáveis, próxima ao monte de pedras,

encarregados de obras impunham aos que ali faziam valer

areia e madeiras que seriam usadas pelas mãos de Jacinto e

cada gota de suor para pagar cada colherada de comida.

nenhum

contrato,

situação

comum

que

os

um grupo enorme de trabalhadores de função braçal no mais audacioso projeto de arranha-céu já elaborado na terra da

Deu-se início a uma nova história com Joca começando sua

garoa.

vida em um trabalho remunerado. Estava feliz, apesar de não

Mas Joca levou consigo a grande capacidade de disciplina e

saber que muitas atividades que viriam futuramente o

organização que herdara do pai na maneira de arrumar e

deixariam indignado, até em algumas ocasiões revoltado, pois

controlar todas as ferramentas de Jacinto num pedaço coberto

não era pago para certos trabalhos. Porém isso ele esquecia

à margem da construção, que estava a todo vapor. Ele havia

toda vez que entrava em uma cabine, antes de esperar

percebido que o tio era remunerado por metro quadrado

pacientemente

levantado e lembrando de muitas prateleiras que aprendeu a

trabalhadores braçais, onde recebia um pagamento. Não era

confeccionar com o pai, conseguiu deixar as tralhas do

muito dinheiro, mas contava e dobrava cada uma das cédulas

pedreiro aposentado de forma que o velho ganhasse tempo

de real para guardar num envelope velho e rasgado que havia

em vir buscar qualquer um de seus instrumentos de trabalho.

deixado embaixo de seu minúsculo colchão onde dormia

no

meio

de

uma

fila

kilométrica

de

apenas algumas horas. Não demorou mais que duas semanas para aparecer ali no pequeno espaço coberto, onde ficavam passando o tempo

Meses se passaram adentro daquela rotina cansativa, mas de

dividindo milímetros com

as caixinhas de madeira e

sensação de vida nova, pessoas novas, um degrau pequeno

prateleiras arquitetadas por Joca a fim de organizar as coisas

em seu aprendizado por dia. Sem margens de dúvida

do tio, um sujeito de ar rude, cabelos, barba, sobrancelhas e

compensadora, porque para quem não ganhava um centavo

bigode e brancos, trajando roupas novas, mas tomadas pelo

sequer para lavar os pratos do almoço da família ou ajudar o

pó da construção que chefiava, a fim de saber como Jacinto

pai no preparo de algumas tarefas nada prazerosas como tirar

lidava de forma tão rápida com as inúmeras paredes que

a terra das enxadas e dar banho em seu meio de transporte,

erguia ao longo daqueles dias barulhentos e frios da cidade.

um cavalo velho, Joca se sentia como nunca havia se sentido:

- “Você me parece ter futuro garoto. Tem uma qualidade que

era alguém na vida. Mesmo em meio a uma multidão que

nenhum de seus irmãos do nordeste têm quando chegam

vive correndo de um lado para outro, bem diferente das

aqui para tentar a sorte” – deduziu com veemência o velho

pessoas que ele estava acostumado a ver diariamente em sua

que sempre mantinha a mão sob o marca passo grudado no

terra, quando resolvia dar uma simples volta no quarteirão da

seu peito, vítima de três operações cardíacas.

construção gigante.

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Mas Joca deu certo. Desenvolveu uma fantástica habilidade

credibilidade

em

tudo,

pelo

fato

de

perceberem

com trabalhos manuais, conseqüência das muitas noites que

imediatamente que se tratava de um jovem de confiança,

gostava de rabiscar algumas formas e linhas em alguns

honesto e dedicado ao extremo.

espaços em branco de revistas velhas, debruçado em sua cama quando ainda dividia o quarto com seus pais. Sua

A missão do tio de Tião já havia terminado na grande

obstinação era notável por todos em sua volta. Era o melhor

metrópole, precisava voltar com o “fruto colhido” para o

entre os aprendizes. Tanto que acabou por receber mais

norte. Por isso, um dos dias mais difíceis de sua vida quando

trabalho, mais afazeres, novos desafios. Destes adorava

já era gerente de projetos da construtora que não parava de

escrever tão certinho o nome das peças que ele controlava na

crescer foi o qual se despediu de seu melhor amigo e o tio,

obra, fazia com tanto capricho e zelo que mais uma vez o

homem que o trouxe para viver agora essa vida inédita, mas

observaram com outros olhos bem intencionados.

cheia de esperanças e planos.

Em seu primeiro aniversário na capital Joca Tijó já havia

Nunca na vida Joca desfrutava de tanta privacidade, sensação

comprado

incomuns

de poder e ter, não observava mais os valores dos itens que

guloseimas, aquelas mesmas que ele só via nas propagandas

colocava no carrinho quando ia ao supermercado, tinha

de televisão em Novo Triunfo, melhorado a aparência, estava

praticamente o que queria, mas ainda não conseguira se

até mais vaidoso.

desvencilhar da solidão naquele apartamento frio em um dos

algumas

roupas,

degustado

de

melhores bairros da cidade. Em uma certa sexta-feira, apontou próximo ao departamento onde Joca trabalhava, um outro homem, este já de trajes

Mais uma vez João Carlos havia se tornado um dos melhores

sociais, olhar concentrado em detalhes, fixo nos armarinhos

em sua área de atuação. Tanto que as cobranças seguiram

que Joca havia cuidadosamente pregado na parede. Em meio

essa tendência. As horas extras já faziam parte de sua carga

a quinze minutos de conversa com o chefe de setor,

de trabalho semanal como se fosse absolutamente normal

aproxima-se de Joca e diz: - “Jovem, você gostaria de ter um

ficar até altas horas da noite dentro de seu escritório. Ele se

emprego na construtora dessa obra?”.

doou cento e cinqüenta por cento em relação à sua capacidade de produzir. Exigiram dele mais. Contribuiu com

Naquela noite Joca não deu sossego ao sono de Jacinto e seu

duzentos por cento do que podia. Pediram que fizesse ainda

sobrinho, Tião. Falava nas possibilidades, no dinheiro que iria

mais. Conseguiu dar-se de si o que estava além de seu limite

ganhar, nas atividades que ia se comprometer a fazer, mas já

físico, emocional e até racional.

sabia com qual roupa e sapato iria usar na manhã seguinte para falar o decidido “sim” ao homem que lhe dera um

Havia um encorajamento natural, adquirido pela experiência

cartão com o endereço da tal empresa.

dos anos que se passavam, para encarar novos desafios em sua vida. Falar com várias pessoas estranhas que nunca

Não foi fácil se adaptar ao novo trabalho. Joca teve muitos

costumara ver na frente já não era mais um sacrifício

obstáculos a superar: deixar de ser um “bicho-do-mato”, por

causador dos momentos em que suas mãos suavam perante a

exemplo, foi o mais terrível de todos, pois as pessoas eram

grande preocupação que carregava desde menino: a de ser

diferentes, falavam uma “outra língua”, era tudo muito

rejeitado por qualquer atitude que tivesse. Incluído num

assustador, mas ao mesmo tempo fantástico para sua mente

ambiente pobre de amizades verdadeiras, que ele mesmo

e olhos.

descrevia como uma “atmosfera podre” e de propósitos não compatíveis ao seu caráter granjeado de berço, Joca também

Seu desenvolvimento profissional era tão admirável e veloz

aprendia muitos truques até ilegais com uma sociedade de

que recebeu convites para cursos de especialização, uma

pouquíssimos idôneos, de pensamentos opostos à sua

bolsa para estudar em

propensão natural, sobre como sobreviver empregado e

uma universidade.

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prosa & verso

inserido no grupo.

aconteceria ou deixaria de acontecer para o destino de um quase trintão, a fim de ter a inteira e absoluta segurança de

As escassas horas de mordomia e prazer que tinha quando

não tomar a decisão errada.

usava seu dinheiro, objeto que até sobrara em sua conta bancária há meses, o faziam esquecer um pouco os

Foi quando Joca, com ares de um homem firme em seus

momentos de correria, do nível máximo de cansaço e pressão

pensamentos, mas sabendo que chegara a hora do início de

moral que sofria no emprego de salário gordo.

mais um dia repleto de muito trabalho, saiu do banho, vestiu

Carregando dias assim, e achando que tais sensações eram

os mesmos trajes que usara para ocupar seu cargo, agarrou

resultado de uma simples gripe de cidade grande ou até

com brevidade sua mala e deu sequência aos passos de seu

mesmo da fadiga diária que já se acostumara, perdurou em

cotidiano modo de viver.

continuar sua rotina acordando sempre no mesmo horário e delineando o análogo caminho ao seu trabalho, quando ligava

Eram dez da manhã quando Marcelo notou um bilhete em vez

o rádio para ouvir notícias matinais a bordo do carro que

do computador portátil que todos os dias escondia o rosto de

tanto se orgulhava de ter conquistado.

seu amigo mais estreitamente ligado, sobre a mesa da sala ao lado. De imediato clamou por sua amiga de repartição que já

Mas em uma determinada tarde de segunda-feira seu corpo o

chegara cruzando as mãos e Marcelo, desabotoando a gravata

avisou: havia desenvolvido a tal espécie de pânico de viver,

e com a sensação de não acreditar que se tratava de

medo de sair de casa, chorava por horas antes de começar

nenhuma brincadeira do amigo, começaram a ler juntos:

mais um dia de trabalho. Estava desorientado e atordoado. “Caros amigos e amigas de trabalho: Parte do salário já estava destinada há alguns meses para

Como não suportaria fazer uma despedida como teria de ser,

consultas no médico que seu amigo de setor, Marcelo, o

resolvi escrever este bilhete que está em suas mãos para

recomendara e também para comprar remédios que só

agradecer aos bons momentos que dividimos aqui nesta

amenizavam sua angústia de não saber como decidir entre:

empresa. As amizades, os desafios e as turbulências que

parar para viver um pouco, mas perder todo um crescimento

enfrentamos juntos. Turbulências essas que me fizeram

profissional e realização financeira que o iria aplacar no

enxergar lá trás, quando eu era menino e talvez não soubesse

futuro,

resignação,

o que viria pela frente. Mas mesmo assim encarei com

excelentemente

competência e coragem tudo o que era diferente para mim.

remunerada que havia conquistado com muita luta, mas que

Caí, levantei, curei dentro de mim uma pessoa que era cega,

o estava deixando doentio.

não via em ninguém uma intenção aprovadora de minha

ou

dar continuidade

desprazimento

com

uma

aos

dias

ocupação

de

pessoa, pode ser devido à criação que tive em casa. Mas isso Depois de refletir sozinho, em uma cadeira na varanda de seu apartamento

naquela

rumorosa

madrugada

afora,

é passado.

Joca

começou a recolher do chão uma porção de pedaços de

Vocês não precisavam chegar a mim e dizer uma só frase. Eu

papel. Eram

percebia no dia a dia que todos me adoravam, apesar de

os quais fazia contas, cálculos do que

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estarmos sempre competindo nesse mercado de trabalho.

voltando não faria sentido eu sequer ligar o rádio ou abrir o

Gostei de todas as semanas, meses e anos que me dediquei a

teto solar no meio de tanta aridez, falta de asfalto.

esta empresa que me abriu horizontes. Por isso decidi desejar a vocês grandes conquistas e que Todavia esse ritmo e sistema de correr contra o tempo,

sejam os profissionais mais felizes, mais realizados e bem

refazer o que já estava bom, lutar para conseguir melhores

pagos do mundo! Porque amanhã de manhã eu vou começar

produtos do que dos concorrentes e seguir praticamente uma

a resgatar, mesmo que seja moroso, um pouco da felicidade

seita que prega a redução de custos e o melhor em menor

que eu tinha e da simplicidade de viver que perdi me

tempo, entre outras ideologias que eu não suportaria mais

dedicando a somente fazer números em minha conta no

um dia em seguir, decidi por voltar de onde vim. Viver minha

banco e não encontrar nesses anos que passei longe de mim

vida simples, sem o luxo que eu tinha, talvez até sem o carro

mesmo, um sentido de vida”.

que eu comprei de imediatismo, afinal eu tinha um bom salário. Lembram a primeira vez que saímos com ele,

Gustavo Veronési

estávamos todos juntos a caminho daquele bar onde nos divertimos à farta? Pois é. Na terra onde nasci e estou

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FORA DO EIXO LETRAS

Romance Desleixo

Quatro Minutos

Temos um caso, desses mais vagabundos, com a palavra, dessas mais sorrateiras. Somos a FEL - Fora do Eixo Letras - e se for para nos envolver, que seja com a palavra perdida, a palavra secreta, aquela que não está nos livros, aquela que se deseja intensamente, mas não se sabe como, ou onde, exteriorizar. Através de tecnologias que ressignificam a cadeia produtiva literária, a FEL flerta com as mais plurais linguagens artísticas. Saraus, Debates, Videopoemas, Turnês de autores, Varais da Arte, Editora, Publicações Impressas e on line são alguns dos encontros antropofágicos da palavra-homem com a FEL, frente temática do Circuito Fora do Eixo*. Traímos o formato tradicional de produção, circulação e distribuição de obras literárias e propomos aos escritores independentes novos “romances” com o fazer diário da produção editorial e intercâmbio de autores. E a partir

Eu não fiz nada por quatro minutos, apenas fechei os olhos e pensei em coisas que nunca vão acontecer. Faço isso o tempo todo. Cruzei as pernas, quando já deitado, e em seguida fiz o mesmo com as mãos sobre o peito. Como um morto que aproveitasse o sol em uma praia agradável. Lembrei, ou inventei, não tenho certeza, de que cruzar as pernas assim, dá problemas de coluna. Descruzei e cruzei novamente. É mais forte do que eu. Sempre cruzo as pernas. É automático, sabe? Apreciei a brisa do ventilador, que sopra mesmo sendo inverno. Me sinto sufocado sem o vento ali. Um dos cachorros esbarrou na porta do quarto onde eu fazia nada por quatro minutos. Acho que foi a que não enxerga. Às vezes ela esbarra em coisas, já que não enxerga. Também esbarro em coisas, estabanação ao que me parece. Saí do torpor dos quatro minutos sem fazer nada, pisei no chão frio, abri a porta e nenhum cachorro estava por detrás. Dormiam todos. Todos os 20. Abri a porta da sala que vai para o quintal para fazer um teste, uma oferta para que o xixi fosse feito do lado de fora e não na minha cozinha limpinha. Não fui em que limpei. Alguns olharam de rabo de olho, outros nem acordaram com o barulho das chaves na madeira. Nenhum se animou ao exercício e ficou muito claro que pela manhã eu precisaria de um mocambo que limpasse minha cozinha novamente.

de agora, contamos com uma parceria com o Janela Aberta, em um namorico de palavras que promete, literalmente, dar o que falar. Isto porque mais que canônicos “imortais”, nosso flerte é com a linguagem viva, pulsante, que segue em um movimento horizontal, coletivo e ansioso pela revolução do pensamen-

Leonardo Panço é músico do hardcore há mais 1 4 anos, integrando, entre outras, as bandas Soutien Xiita e Jason. É também fundador da Tamborete Entertainment, por onde lançou CDs de muitos artistas e seus três livros: Jason 2001 - Uma Odisséia na Europa (2005), Caras Dessa Idade Já Não Leem Manuais (2008) e Esporro (201 1 ).

to humano usando signo, significado, significante e (re)significador de uma sociedade livre.

Fora do Eixo é uma rede de trabalhos colaborativos que ecoa nos mais de 1 00 pontos de articulação e linguagem no Brasil e América Latina. Esta edição do jornal teve sua circulação veiculada através de uma parceria nascida entre FEL e Janela Aberta para o IV Congresso Nacional Fora do Eixo, em São Paulo em dezembro de

rede Conto

Panço esteve em novembro em São Carlos quando conheceu o Instituto Cultural Janela Aberta. Foi apresentado pela Casa Fora do Eixo Sanca onde gravou um programa do Observatório Fora do Eixo com Alex Tomé e Cristian Cobra discutindo tópicos sobre literatura. O autor circulava pelo Brasil divulgando seus livros, os quais foram trocados por produtos da Loja do Janela Aberta e lá estão a venda.

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desenvolvendo diversas atividades em parceira com o Janela, como oficinas de teatro para crianças e jovens, oficinas de Yoga e Estudos Expressivos do Corpo, produção de espetáculos (Antúrio, Todas as Vidas e Chapeuzinho Amarelo) e redação de projetos para editais de financiamento

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cultural. Busca desenvolver um trabalho de criação que esteja intimamente ligado ao corpo, aos seus fluxos energéticos, às suas cargas tensivas e à força que habita o inconsciente, criando uma proposta poética.

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