Revista Baraúnas nº 06 dez/2022

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revista

DEZEMBRO, 2022. nº 6

Acessibilidade: Acessibilidade:

Mesmo com leis específicas, pessoas com deficência ainda encontram dificuldades de locomoção,no ambiente de trabalho e nas ruas das cidades Mesmo com leis específicas, pessoas com deficência ainda encontram dificuldades de locomoção,no ambiente de trabalho e nas ruas das cidades

Davi Rocha nos mostra que é preciso superar os obstáculos físicos impostos pelas cidades pensadas apenas para um grupo de pessoas e não desisitir dos seus sonhos

DEZEMBRO, 2022, Nº6.

baraúnas

revista

EXPEDIENTE

A revista baraúnas é uma publicação do Estágio Supervisionado (modalidade impresso) do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.

REITORA

Reitora: Profª. Dra. Célia Regina Diniz Vice-Reitora: Profª. Dra. Ivonildes da Silva Fonseca

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Diretor: Prof. Geraldo Medeiros Júnior Diretor adjunto: Prof. Mamadou Dieng

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Chefe: Prof. Orlando Ângelo da Silva Chefe Adjunta: Prof.(a) Maria Salete Vidal da Silva

COORDENAÇÃO DE CURSO

Coordenador: Prof. Rômulo Ferreira de Azevêdo Filho

Coordenador Adjunto: Prof. Luís Adriano Mendes Costa

PROFESSORE ORIENTADOR

Arão de Azevêdo Souza

PROJETO GRÁFICO Arão de Azevêdo Souza

FOTO DA CAPA Divulgação

REPORTAGEM E DIAGRAMAÇÃO

Brenda Cristian Soares De Sousa Daniel Ribeiro da Silva

Elisangela Andrade Venancio

Filipe Tavares Lobo do Nascimento

Geisy Mirela Rodrigues dos Santos Maria Alice Macedo Bezerra

Nayara do Nascimento Torres

Osman Cabral dos Santos

Renata Maria Nascimento Ildefonso

CONTATOS:

Departamento de Comunicação Social Curso de Jornalismo

Universidade Estadual da Paraíba -Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande-PB, CEP 58429-500

Fone/83 3344.5316 www.uepb.edu.br

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aos leitores!

Prezados leitores, é com muita satisfação que publica mos mais uma edição da Revista Baraúnas, uma publi cação do Estágio Supervisionado Obrigatório na moda lidade impresso do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.

Nesta edição, trazemos como reportagem de capa a discussão sobre acessibilidade. De um modo geral, as pessoas tendem as ver as cidades como espaços iguali tários e acessíveis a todas as pessoas, como se todos os espaços, sejam eles, públicos ou privados, fossem aces síveis a todas as pessoas. A través de a história de dois personagem cadeirantes, entedemos que, mesmo com leis, as cidades são, muitas vezes excludentes e desiguais e tornam as vidas das pessoas com necessidades espe ciais ainda mais difícies.

Convidamos você, leitor, a acompanhar esta e outras reportagens.

Boa leitura!

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17 Debaixo dos caracóis de seus cabelos 6 Debaixo dos caracóis de seus cabelos 24 Debaixo dos caracóis
seus cabelos
9 Doenças infecciosas em felinos 10 (Con)vivência entre gerações 12 Acessibilidade: a falsa realidade das leis não acessíveis 20 De quem é o lixo que está aqui? 27 Giro Baraúnas
de
sumário

perfil

“Uma mulher mais viva e sonhadora”

Mãe, avó, artesã, designer de moda e em preendedora, essa é Gecilda Pereira de Souza, 55. Formada em Sociologia pela Universidade Federal de Campina Grande, atuou como pro fessora em algumas escolas da cidade. Ela tinha um futuro à sua espera na docência, mas não era o magistério que fazia os seus olhos bri lharem. “Dei aulas e tudo, mas senti que que ria alguma coisa que me preenchesse”. Ainda na busca por algo que a realizasse, trabalhou como assessora de imprensa, mas não foi o bastante. Foi aí que encontrou o artesanato abrindo os seus olhos castanhos para o univer so glamuroso da moda. Formou-se em Design de Moda, depois se especializou em Moda Sustentável e desde então não titubeou entre as oportunidades que surgiram. Encontrou na arte e na moda a cura para a sua insatisfação com a vida. “Quando descobri o artesanato e a moda sustentável me transformei em uma mu lher mais viva e sonhadora”.

Embora o mundo da moda seja fascinante, há também desafios para serem enfrentados como o da competitividade e o de conscienti zar as pessoas que a moda ecológica é viável. Então precisaria de muito esforço e dedicação para inovar através da ‘pegada sustentável’. Como diria o rei do baião, Luiz Gonzaga, a pa raibana precisaria ser muito “muié macho sim sinhô” para ‘aguentar o rojão’. E quem disse que isso amedrontou Gecilda? Esse foi o gás necessário que a fez empreender e criar a sua própria marca ‘Via Terra'. O conceito se deu em desbravar o ‘fashionismo’ ecológico e destacar a paixão pela natureza em cada tracejo das suas produções: roupas, sandálias, bolsas e ou tros acessórios.

Foi provando que a idade e que seu quase 1 metro e meio de altura, não significava ‘prazo

de validade’ quando se trata de talento, que ela criou a sua primeira obra de arte aos 40 anos: uma sandália totalmente ecológica e antialér gica. Isso possibilitou um conforto extra aos clientes que possuem alergias ao tecido sinté tico e até mesmo ao couro. Ela se orgulha ao dizer que até hoje a sandália é um sucesso de vendas, mesmo após 15 anos de seu lançamen to. “Continua sendo uma das minhas favoritas para o mercado da moda e para a proposta de um calçado sustentável”.

Após abrir sua loja e criar a sandália, Gecil da com seus cabelos pintados de laranja e com seus sorrisos brilhantes, continuou a dizer que apesar do mundo da moda ser muito compe titivo, ela sabe “que fazer uma marca é difícil, mas… [é possível]”. Com muita garra, hoje a ar tesã comemora o marco de 15 anos da consoli dação da sua loja, localizada no chalé n° 40 da Vila do Artesão, em Campina Grande. O ateliê viabiliza toda a sua produção baseada em al godão natural colorido. Além disso, alcançou vários clientes até mesmo dos Estados Unidos, pela qualidade e propaganda do seu trabalho na vitrine virtual em seu instagram, o @viater racg.

Em sua rede social, mostra aos seus segui dores o leque de produtos que fabrica, atri buído de muita personalidade, qualidade e conforto. Todos os públicos são atendidos de acordo com a sua necessidade, seja feminino, masculino e até mesmo infantil. Há calçados antialérgicos ou feitos sob medida. Ela também produz camisetas personalizadas sobre o Nor deste, calças, roupas íntimas, acessórios e até mesmo artigos de decoração.

Além de agregar valor à moda e ao merca do, a artesã ama desafios. Começou a produzir absorventes ecológicos com e sem abas, mes

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dezembro, 2022 | baraúnas | 7 FOTO: GEISY MIRELA

ARTESANATO | Em preendedora no mundo da moda sustentável, Gecilda produz e fabríca produtos ecológicos feitos de algodão colo rido, peças que são importantes para o meio. ambiente

mo sabendo que o material requer bastante atenção e cuidado por ser uma peça íntima. "Colocamos no mercado e foi um sucesso de vendas”, ou seja, nenhum empecilho se tornou páreo para a fazer desistir.

Da Rainha da Borborema para o exte rior, o ‘Via Terra’ encontrou espaço em di versos corações pelo mundo. "O artesanato não é aquela peça simplória… é uma arte, uma inspiração, e foi dentro desse contexto sustentável que eu decidi seguir”, enfatiza a designer.

Como se não bastasse a difícil prática da sustentabilidade no ramo da moda, vis to que é um setor de grande importância para o meio ambiente… O que fazer então quando não se encontra matéria prima para produzir? A designer de moda sofreu por um determinado tempo devido à ausência do algodão colorido na lavoura paraibana, ocasionada pela grande demanda de ex portações.

Após tanta ‘peleja’, ela decidiu expandir seu negócio e começar a cultivar seu pró prio algodão colorido na cidade de Santo André, região do Cariri paraibano. Com isso, resolveu agregar pessoas que estavam interessadas na área da agricultura, gerando empregos e renda familiar para várias pes soas da região. Através da empreendedo ra, hoje há uma cadeia produtiva onde eles plantam e colhem algodão colorido natural, fabricando tecido, malha, rendas e crochê, propiciando beleza às suas peças.

Com o seu enorme entusiasmo, Gecilda alcançou os olhares e parcerias de diversas instituições como a Embrapa para dar as sessoria técnica na produção, o Senai para fazer o tecido e, com o Sebrae a disponi bilização de cursos de reciclagem, possibi litando conhecimentos para a designer. Do agricultor que planta o algodão à costureira com toda a sua equipe, ela expõe que a de finição de moda é a fé em si, e comenta que [sem isso] “a gente não trabalha… [e tam bém] a gente tem que acreditar no que faz”.

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Doenças infecciosas em felinos

Você já ouviu sobre a FIV e a FELV? Conhecidas popularmente como “AIDS” e “leucemia” felina, es sas doenças virais podem assustar os tutores, mas, com alguns cuidados, é possível ajudar os gatos a terem uma boa qualidade de vida.

A FIV é a doença causada pelo vírus da imunodeficiência felina, que compromete o sistema imune do gato de forma parecida com o que o vírus HIV faz com seres huma nos, por isso se dá o nome popular de AIDS felina.

Já a FELV é conhecida como a leucemia Felina, são doenças que não tem cura, mas tem tratamento.

Como descobrir se meu gato é positivo para FIV ou FELV?

São sintomas inespecíficos, e po dem ser assintomáticos, mas vale fi car atento, pois o caso da FIV ele vai baixar a imunidade do gato fazendo com que ele adoeça mais facilmente e com mais frequência, como exem plo, de gripe, e ferimentos na boca, já no caso da FELV além da imuni dade, também vai provocar tumores em vários órgãos do animal, então é comum que o gato que positive pra a FELV desenvolva tumores no tórax, intestino, e nos olhos.

É transmissível para humanos e como funciona o tratamento?

Não, não é uma doença trans missível para o ser humano, é uma doença específica do gato, e eles vão transmitir de gato para mesma espécie, através de secreções como sangue, lambida, e na mordida.

Esses vírus vão se acoplar as células do gato, e quando as célu

las começam a se replicar, elas não conseguem mais se livrar desse vírus, então o gatinho vai carregar esse ví rus para toda a vida. O tratamento vai consistir em solucionar, e ameni zar os sintomas, causados por essas duas viroses.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, tanto testes rá pidos quanto exames específicos de PCR pra ser identificado o DNA do vírus no gato.

Qual a melhor forma de prevenção?

A melhor forma da prevenção é evitando que o gato tenha contato com gatos que tenha testado posi tivo, uma vez que a transmissão é muito por mordida ou lambedura, é importante que o gato não tenha acesso a rua pra evitar brigas, princi palmente pensando na FIV e no caso da FELV além manter o gato dentro de casa, mais isolado, tem as vacinas que são muito importantes também. A FIV infelizmente não tem vacina no Brasil, mas a FELV é possível utilizar a vacinação como um meio para pre venção da doença.

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DAYARA VILAR| Manter o cuidado com os pets são essenciais
Entrevista

(Con)vivência entre gerações

IDOSOS, PODEM APRENDER UMAS COM AS OUTRAS. A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E SOLIDÁRIA

Avosidade: uma função determinada na estrutura ção psíquica do sujeito, a qual a transmissão entre as gera ções ocorre por processos psíqui cos inconscientes constituintes de subjetividades por meio simbólicos, linguísticos e também nas dimen sões do imaginário e do real e nos vínculos geracionais familiares.

Tanto maternos, quanto pater nos, os avós possuem fundamental importância na hierarquia familiar e são considerados patriarcas e matriarcas da família, que contri buem com os seus valores e cren ças transgeracionais, influenciando na criação dos netos, passando os seus valores de pais para filhos e assim sucessivamente perpetuando as tradições e crenças familiares.

Na estrutura familiar brasileira é muito comum vermos netos que são criados pelos avós, seja porque a mãe não tinha condições de criar ou porque os pais trabalham e pre ferem deixar a criança com a avó do que deixar com uma babá ou outro parente familiar.

No caso de Maria de Fátima, que tem 74 anos, 7 filhas, 13 netos e 3 bisnetos, a mesma criou 2 netos desde bebês: a Samara e o Samuel, pois sua filha não tinha condições psicológicas de cuidar das crianças.

“Meus netos são minha alegria”

disse ela sobre seus 13 netos. Fáti ma convive com a doença de dia betes há alguns anos e por causa dela perdeu uma de suas pernas, mas encontra na família a alegria de viver. “Gosto do barulho, da casa cheia”.

Todas as pessoas, sejam crian ças ou idosos, podem aprender umas com as outras. A construção de uma sociedade mais justa e so lidária, com valorização do ser hu mano, depende do aumento das relações intergeracionais, pois a troca de informações, mensagens e vivências faz bem para ambas as partes.

Samara, neta de Maria de Fá tima descreveu um pouco da sua relação com a avó: “Uma relação tranquila e aberta a opiniões, mes mo sendo uma senhora de idade está sempre sintonizada com meu universo. Uma mulher forte, aco lhedora, autêntica, que ama e cuida da sua família, e que sempre está mais confortável no seu próprio es paço.”

A mesma continua afirman do que a realidade de vida de sua avó, é muito diferente da que ela tem hoje: “uma pessoa com expe riência difícil, que enfrentou e su perou muitas dificuldades, sempre me ensina a valorizar o conforto que é ter um apoio, e os benefícios

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que tenho, que não existia no seu tempo. A história dela, me ensina a ter dignidade e ser comprometi da com minhas responsabilidades, a amar e valorizar a comunhão em família e enfrentar as adversidades da vida com fé.”

A convivência de pessoas de di ferentes faixas etárias previne pre conceitos, promovendo tolerância e respeito, além de ressignificar alguns papéis. O idoso, em especial, volta a adquirir a sua função de transmitir vivências e conhecimentos adquiri dos ao longo de suas vidas.

Cleonice Rodrigues, psicóloga clínica, afirma que essa relação de avosidade é benéfica para todos os envolvidos. O amor e o carinho estimulam no idoso a memória, a autoestima, confiança e a comu nicação. Enquanto para os mais jovens desperta a curiosidade e o posicionamento na sociedade.

Apesar do choque entre as gerações, é preciso que haja, so bretudo, respeito no processo de envelhecimento e valorização da

pessoa idosa. Cada pessoa tem seu modo de enfrentar a terceira idade e fatores como histórico familiar, e o comportamento de convívio com eles durante esse momento é mui to importante para todos.

De acordo com dados do IBGE, a população do Brasil está mais ve lha.

Entre 2012 e 2021, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade no país caiu 5,4%, enquan to houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período. Com isso, pessoas de 30 anos ou mais passaram a represen tar 56,1% da população total em 2021. Esse percentual era de 50,1% em 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Característi cas Gerais dos Moradores.

Dados que mostram que além de todos os cuidados no envelhe cimento saúdavel, os idosos estão cada vez mais ativos consigo mes mos e com suas famílias, e conse quentemente, vivendo ainda mais.

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FAMÍLIA | Maria de Fátima tem na família um exemplo de que o ca rinho e o cuidado entre eles fazem toda a diferença na vida saudável

Acessibilidade: A FALSA REALIDADE DAS LEIS NÃO ACESSÍVEIS

MESMO

NHECIDA COMO MO DERNA E INOVADORA, CAMPINA GRANDE CO LOCA EM XEQUE TAIS TÍTULOS QUANDO O ASSUNTO É ACESSIBI

LIDADE, UM DOS PRIN CIPAIS ELEMENTOS DA MOBILIDADE URBANA

Aexclusão social é um agra vante que vem se esten dendo por décadas na sociedade. Ela é resultado do dis tanciamento de pessoas que este jam em situação de vulnerabilidade em relação aos demais indivíduos e grupos sociais. Por muito tempo, pessoas cujas as condições físicas ou econômicas eram desfavorá veis, permaneceram em silêncio em relação aos seus direitos como seres humanos, porém, com o pas sar dos anos e o aumento do índice dessas condições, muitos começa

ram a mostrar voz na sociedade e ir em busca de uma qualidade de vida melhor. A acessibilidade em espaços públicos foi uma das requisições feitas pelo povo, espe cialmente por pessoas com defici ência, e que no ano 2000 se tornou lei.

Acessibilidade é a condição de alcance para utilização, com segu rança e autonomia, dos espaços mobiliários e equipamentos ur banos, das edificações, dos trans portes e dos sistemas e meios de comunicação. A lei nº 10.098, de

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Osman Cabral e Brenda Cristian

dezembro de 2000, garante isso para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Porém, mesmo com a lei sancionada, ain da vemos diversos espaços públi cos e até mesmo privados, bur lando esse direito, e a quantidade de deficientes que sofrem com as consequências vem aumentando a cada dia.

A falta de atenção para esses detalhes e a negligência com a acessibilidade, acabam por afas tar esse grupo de pessoas dos ambientes sociais, e faz com que muitos optem por frequentar lu gares privados, como por exemplo os shoppings, para evitarem cons trangimentos. Muitas vezes a famí lia acaba optando, mesmo incons cientemente, pela “super proteção”, e por isso as pessoas com deficiên cia param de circular nos diversos espaços sociais.

Parque da Criança

O Parque da Criança foi funda do em 1993, no dia das crianças

(12 de outubro), e tem uma área de 6.700 m2, além de possuir di versas áreas de lazer, como pis tas de cooper, academia popular, quadras para basquete, futsal e vôlei, e brinquedos infantis. O lo cal sempre conta com comemo rações abertas, e uma delas é o programa idealizado pela prefei tura “Mexe, Campina”, que sempre realiza atividades esportivas gra tuitas. O espaço é bem arejado e possui uma extensa área verde, o que atrai diversos visitantes além de ser também um dos cartões postais da cidade.

Em contrapartida, mesmo com tantos recursos, o parque da crian ça ainda possui “deficiências” na acessibilidade, visto que, mesmo após obras de revitalização, o es paço ainda continua apresentando problemas, como a falta de ba nheiros devidamente equipados, a inexistência de brinquedos adapta dos, e rampas de acesso mal pro jetadas.

As maiores reclamações são

devido à má execução das obras, já que mesmo com o cumprimento da lei, os idealizadores do projeto não se preocuparam com a co modidade e conforto das pessoas com deficiência, apenas executa ram uma ordem. Os banheiros, por exemplo, não possuem fraldeiros adequados para a higienização de crianças com deficiência, e a difi culdade para trocá-las acaba se tornando constrangedora. Além disso, as portas são estreitas e de difícil entrada para cadeiras de rodas, sem contar que esses ba nheiros muitas vezes são utilizados como depósitos de material de limpeza.

As rampas para cadeirantes devem obter corrimões, de modo que eles consigam se apoiar ao su bir e ao descer delas, e o grau de inclinação também deve garantir a segurança para fazer o mesmo, e além disso, outra exigência é o piso tátil para deficientes visuais e piso antiderrapante para evitar aci dentes.

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Porém, as rampas do parque da criança não cumprem com essas normas, pois possuem um nível de alta inclinação, colocando em risco o acesso de pessoas com cadeira de rodas, a ausência de corrimões e um piso com muitos espaçamen tos. Tudo isso apenas dificulta ain da mais o acesso dessas pessoas ao parque.

Você conhece a Lei de Acessibili dade? Em vigor desde 2000, ela tem como principal objetivo eliminar as barreiras que as pessoas com defi ciência (PCDs) e mobilidade reduzi da enfrentam em seu cotidiano, de maneira a promover a autonomia.

seu Luiz, 65, pai de uma crian ça com paralisia cerebral, diz que o problema poderia ser resolvido com um “disque acessibilidade”, um serviço público que seria utilizado com a finalidade de denunciar ou cobrar acessibilidade em lugares públicos. Outra observação do pai é a falta de trocadores adequados nos banheiros, o que o fez ter que trocar seus filhos no chão por di versas vezes, colocando em risco a saúde da criança, e além também da falta de opções de lazer para seu filho, que também o deixa mui to incomodado.

O parque da criança é um am biente agradável e muito visitado todos os dias, porém a necessi dade de melhorias na locomoção de pessoas com deficiência é algo visível e que deve ser providencia do com urgência. A acessibilidade é uma lei que deve ser cumprida, e a falta dela pode acarretar em multas para os responsáveis de determinados locais, porém essa não deve ser a motivação para que

CONQUISTA | Davi Rocha: “vivo com a alegria meu sonho de adolescente com 16 anos fui estagiário da caixa, 20 anos depois re tornei como empregado para lembrar que os sonhos se realizam”

haja diligência na execução de tais obras, mas a consciência humana e respeito por cada cidadão.

Convivendo com a deficiên cia física, a recepcionista Gilmara Carliany, 31, já nasceu com uma deficiência congênita nas pernas, e por isso é obrigada a fazer uso de cadeira de rodas todos os dias. Dentro de casa ela se sente mais confortável para se locomover sem a cadeira, porém na rua o uso dela é necessário e por muitas vezes a jovem passou por situações difíceis de lidar devido as dificuldades de locomoção.

Deficiência congênita

A Deficiência Congênita é aquela que existe no indivíduo ao nascer e, mais comumente, antes de nascer, isto é, durante a fase in trauterina.

Gilmara trabalha na recepção da TESS, em Campina Grande, e todos os dias utiliza transporte pú blico para chegar até lá, ela diz que dos ônibus que passam no ponto, apenas a metade tem elevador que funciona de forma improvisada, e o tempo que ela gasta para chegar até o trabalho é muito longo, já que são necessários 2 ônibus para a ida.

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SUPERAÇÃO | Gilmara: “mesmo com todos os obstáculos enfrentados por ser cadeirante vivo com toda intensidade todos os momentos que me são proporcionados”

As rampas de acesso ao termi nal de integração estão fora das normas prescritas por lei, e isso di ficulta ainda mais a locomoção para as calçadas de embarque. Sempre é preciso que alguém a ajude a subir para que não haja o perigo da ca deira virar para trás, já que o grau de inclinação da rampa é grande.

As reclamações são diárias, po rém a dificuldade de acesso à secre taria de serviços urbanos da cidade faz com que as pessoas se calem e apenas aceitem uma dura realidade. “diz Gilmara.

David Rocha, 38, convive com

uma deficiência física há 9 anos, causada por uma Mielite Transversa, o que causou esquistossomose, e desde então teve que aprender e se adaptar a uma nova rotina de vida. David chegou a participar de um grupo de pessoas com deficiência o qual promoveu alguns protestos em prol da acessibilidade. Parque da Criança, Açude Velho, e o shopping center, em Campina Grande, foram os pontos principais que receberam esse alerta, porém, apenas o sho pping aderiu de fato as normas da acessibilidade e promoveu melhorias nos espaços internos e externos.

Mielite Transversa

É uma inflamação que afeta a medula espinhal em toda sua largu ra (transversal) e, assim, bloqueia a transmissão dos impulsos nervosos que vão para cima e para baixo da medula espinhal.

Hoje, mesmo diante de tantas di ficuldades, David encontrou diversas atividades em que é possível parti cipar mesmo usando uma cadeira de rodas, umas delas é o atletismo, o qual ele participa no Centro Paralí tico Brasileiro (CPB).

As dificuldades não param. David faz fotografias, produz e compõe músicas. “A acessibilidade deve ser uma reivindicação de todos, não só de quem tem deficiência, mas todos que reconhecem que um dia tam bém podem precisar daquilo”, diz.

A Lei da Acessibilidade já prevê a existência de vagas de garagem específicas para pessoas com de ficiência, acesso com rampa e ba nheiro acessível, porém, o avanço não faz parte da realidade de muitos na cidade e a construção de espa ços para troca de fraldas de pessoas com deficiência e idosos ainda é um problema corriqueiro.

Cabe a secretaria de serviços urbanos dar mais atenção e tornar mais acessível o contato da popu lação, pois o ir e vir na cidade é direito e dever de todos. A socie dade precisa mudar sua forma de enxergar pessoas com deficiência, pois o mundo em que estamos in seridos é repleto de pessoas com características diversas e é isso que o torna tão rico, pois aprender a li dar com as diferenças deveria estar no currículo escolar e de vida de cada um.

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FISIOTERAPIA | Desenvolvimento da coordenação motora, ao passo que contribui para uma vida melhor do paciente

INCLUSÃO SOCIAL das pessoas com deficiência

A INCLUSÃO SOCIAL SE APRESENTA EM VÁRIAS ESFERAS DA SOCIEDAE E TRÁS NA SUA COMPOSIÇÃO O PRINCIPAL BEM PARA QUEM PRECISA DELAS QUE É A CHANCE DE ESTÁ INSERIDO NOS MAIS DIVERSOS MEIO

De acordo com as Nações Unidas, “a inclusão social é o processo pelo qual são feitos esforços para garantir a igual dade de oportunidades, que todos, independentemente de sua origem, possam alcançar seu pleno poten cial na vida”. Na sociedade, ela se apresenta em diversos níveis, como: inclusão da pessoa com deficiência, do negro, do índio, da mulher, das pessoas em situação de rua, etc. Isso significa que cada pessoa deve compartilhar do sentimento de pertencimento onde vive. Ser aceita em diferentes papéis na co munidade e está envolvida em ativi dades com base nas suas preferên cias e escolhas pessoais, bem como experienciar relações sociais saudá veis e ter seus direitos garantidos. Nesse caso, os esforços são mútuos, tanto das pessoas que serão incluí das quanto de toda a sociedade.

Com os avanços da civilização, vieram as leis que reivindicam o di reito à inclusão da pessoa com de ficiência, que é destinada a assegu rar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

São inúmeros avanços signifi

cativos, como por exemplo, a lei de inclusão da pessoa com deficiência nas empresas; educação inclusiva com conteúdos técnicos e materiais didáticos pensados especialmente para auxiliar no desenvolvimento de projetos pedagógicos inclusivos na sala de aula e em toda a comu nidade escolar.

Lei da Inclusão Social

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), ou lei 13.146/2015 – Lei da Inclusão Social, foi regulamentada em 2015. Esta lei tem por objetivo promover, em condições de igualdade, o exer cício dos direitos e das liberdades fundamentais, visando à sua inclu são social e cidadania. Ela é base ada nos Direitos das Pessoas com Deficiência, sendo a LBI o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Apesar dos avanços da in clusão social, ainda há inúmeras problemáticas em volta. A inclusão social é um conjunto de ações e medidas que priorizam a igualdade de direitos para todos. Assim, tem seu começo primordial na primei ra infância e pressupõe que todas as crianças e alunos tenham uma resposta educativa num ambiente regular que lhes proporcione o de senvolvimento das suas capacida

des. Este princípio vem expresso na Declaração de Salamanca (UNES CO, 1994).

Segundo o advogado Kennedy Gonçalo, no Brasil, a inclusão social é uma política extremamente im portante, com milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade, seja por deficiência física ou mental, cor da pele ou condição financeira, ela é fundamental para oferecer opor tunidades iguais de acesso a bens e serviços a todos. Kennedy ain da ressalta que “todos nós somos iguais perante a lei mas não esta mos inseridos igualmente na socie dade”. Algumas pessoas estão dis tantes dessa lei, são os chamados grupos sociais vulneráveis que são desrespeitados em seus direitos e deveres.

É daí que vem a importância e a necessidade da inclusão social, provocando um equilíbrio nessas pessoas para que assumam um pa pel atuante e com isso tenham uma vida digna.

Inclusão Social escolar

A inclusão social aborda ques tões como respeito às diferenças e à participação igualitária dos ci dadãos. No caso de crianças com necessidades especiais, a inclusão

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Nayara Torres

abarca sua participação na socie dade em geral e, particularmente, em instituições de educação regu lar (inclusão escolar). Para as crian ças que têm alguma deficiência é necessário um suporte maior para atender com mais atenção e en tender os graus de aprendizado. Assim, desenvolver e aperfeiçoar um trabalho para alcançar o desen volvimento de cada criança e suas necessidades, através da inclusão escolar é essencial.

A inclusão escolar é fundamen tal pois o desenvolvimento que a criança consegue ter ainda na pri meira infância se torna crucial para atingir papéis importantes dentro da sociedade. E um dos ambien tes que a pessoa com deficiência procura se inserir quando atinge 18 anos é no ambiente de trabalho. Mostrar que está apto para geren ciar funções e realizar tarefas, é a forma mais pertinente de dizer que é igual a qualquer pessoa, assim, o trabalho se torna fundamental para o desenvolvimento da pessoa com deficiência.

Mercado de trabalho

A inclusão social procura se fa zer presentes em todas as esferas da sociedade, e no ambiente de trabalho ela é fundamental para as pessoas que têm algum tipo de de ficiência ter a oportunidade de levar uma vida normal. A Lei 8213/1991, é uma lei extremamente impor tante para as pessoas com algum tipo de deficiência, essa lei oferece empregabilidade para as pessoas que buscam ocupar essas vagas no mercado de trabalho.

Ela também é conhecida como Lei de Cotas, onde estabelece que de 2% a 5% das vagas de empre go devem ser destinadas ao grupo de PCD. Além disso, os reabilitados pela Previdência Social também têm direito e por isso podem fazer parte desse grupo, para poder pre

encher as vagas em empresas com 100 colaboradores ou mais.

Davir Rocha, bancário, concur sado pela Caixa Econômica Federal, é deficiente físico, onde teve sua vida modificada após uma mielite transversa que o acometeu a pa ralisação dos membros inferiores e hoje convive em uma cadeira de rodas. Davir relata que a lei da inclu são social foi fundamental para ele conseguir voltar ao mercado de tra balho, pois foi através da lei de co tas que fez toda diferença para ele conseguir através do concurso uma vaga para trabalhar como bancário. Para ele, o que faz mais diferença no ambiente de trabalho com in clusão social é a forma de entrar e as necessidades de adequação, tor nando possível seu desenvolvimen to no ambiente de trabalho.

Inclusão nas telas

E na busca por representativida de, um dos locais que vem ganhan do destaque é o cenário artístico,

onde atores e atrizes com Síndrome de Down têm ganhado espaço. Um exemplo é o filme “Down Quixote”, uma produção nacional que tem um elenco 100% composto por ato res com Síndrome de Down. O filme se destaca pela trama envolvente e emocionante. O destaque bacana é o fato de não mascarar que são atores com Síndrome de Down fa zendo os papéis.

No filme, o elenco contracena com desenvoltura mostrando suas limitações na fala como sendo natu ral, fazendo com que o espectador sinta a trama e não observe que os mesmos possuam tais dificuldades. Conforme ressalta o diretor e rotei rista, Leonardo Cortez, em entrevis ta ao site XXXXX, ele buscou “colo car honestidade naquilo retratado, preservei algumas gaguejadas e o tempo das caminhadas, por exem plo. Isso não é uma necessidade só deles, é uma necessidade do mun do. Está na hora da gente desace lerar, ver mais, refletir mais, a gente

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EQUOTERAPIA | Cavalos são ultilizados para melhorar a cordena ção motora das crianças que fazem acompanhamento semanal

pode chorar, pode rir. Eu acho que essas coisas as pessoas com Síndro me de Down estão ensinando para a gente’’.

Outra história marcante, e que foi representada de forma a entender como muitas vezes a so ciedade trata a pessoa com algum tipo de deficiência, foi na novela Páginas da Vida (2006) da Rede Globo, onde retratava a história de Clara representada pela atriz com down, Joana Mocarzel, que ao nascer junto com seu irmão numa gravidez gemelar foi desco berto que ela tinha síndrome de down e sofreu muito preconceito por parte de sua avó, interpretada por Liliam Cabral. A novela teve bastante impacto, pois retratou a vida como ela é, e como pessoas com down muitas vezes começam a sofrer preconceito dentro da própria casa por parte da família.

Dessa maneira, o papel da inclusão social se torna funda mental para ajudar na vida do ci

dadão a partir do momento que ele é incluído e aceito da forma que é, ele se torna parte de uma sociedade com direitos e deveres que faz dele um ser humano com total condição de quebrar barrei ras impostas.

Apae transformando vidas

Thalita Alves, 32, portadora de síndrome de down, sabe bem a importância da inclusão social em sua vida, ela foi uma das primei ras assistidas que teve a oportu nidade de passar pela APAE-CG, apesar da instituição oferecer o aprendizado escolar, sua família sempre buscou através da inclu são social inserir Thalita em so ciedade da forma mais normal possível. Frequentando a Apae no contraturno período das ativida des regulares da escola, sua mãe, Iraquitania Alves, por trabalhar na Apae, sempre levava a filha para ser atendida pelos profissionais e

assim ter um maior desenvolvi mento. Atendida por psicólogos, fonoaudiólogos e fazendo várias atividades, entre elas, aula de dan ça, Thalita cresceu como qualquer criança deveria crescer.

Hoje, formada em educação física pela FIP de Patos-PB, Thalita voltou a APAE-CG como professo ra voluntária, onde passou a mi nistrar aulas de danças. Para sua mãe, a Apae foi fundamental na caminhada e no desenvolvimento da filha.

Hoje, a Apae é uma instituição referência em atendimento, de sempenhando seu principal papel que é construir uma inclusão so cial com acolhimento e dignidade aos seus assistidos.

A vida de Thalita, por ter síndrome de down, foi de muito aprendizado tanto da parte fami liar quanto em sociedade e apesar de levar uma vida normal algumas vezes foram de superação no âm bito escolar onde todos aprende ram junto. Iraquitania ainda conta que a inclusão social sempre se fez presente na vida de sua filha e até mesmo durante o curso, a faculdade buscou se adaptar e en tender os anseios da estudante.

A psicóloga Valéria Peque no, atua na APAE-CG desde 1993, e conta que o objetivo maior das APAEs é procurar um tratamento para cada criança de acordo com suas necessidades, para elas se rem incluídas principalmente na rede regular de ensino, mas para isso precisa haver uma abertura da parte dos pais que muitas ve zes não acreditam na inclusão so cial para seus filhos e buscam na APAE-CG um refúgio para os filhos estudarem e fazerem tratamento durante a vida toda na instituição, e não é isso que a apae busca tra balhar, mas sim atender, tratar, e incluir o aluno na sociedade para que levem uma vida normal.

2022 | baraúnas | 19
dezembro,
UNIÃO FAMILIAR | Thalita e Iraquitania, mãe e filha unidas pelo laço do amor, companheirismo, e busca pela inclusão social

DESCARTE INADEQUADO DE RESÍDUOS PROVOCA PROBLEMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA

Estudo realizado pelo Panorama dos Resí duos Sólidos no Brasil 2020 evidencia que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano, ou seja, mais de 1 kg por dia. Os dados são frutos de pesquisa rea lizada e publicada pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Propícios para o acúmulo de lixo e en tulhos, os terrenos baldios tornam-se, dia após dia, um problema ambiental e de saú de pública, na cidade de Campina Grande. O

despejo indevido de todo tipo de sobra tem prejudicado famílias que vivem nos arredores desses locais, e dificulta o acesso de quem precisa transitar próximo a essas áreas.

Essa é a realidade de um trecho no bairro do Santa Rosa, precisamente na rua Henrique Sales Monteiro. A localidade tem se tornado um depósito para pneus velhos, lixo domés tico, comidas fora da validade, entulho, ár vores cortadas, móveis e eletrodomésticos inutilizáveis. Além do odor provocado por essa prática criminosa, os pedestres precisam

Alice Bezerra LIXO | TERRENOS BALDIOS COM LIXO TEM JUNTADO URUBUS NO BAIRRO DO SANTA ROSA FOTOS: ALICE BEZERRA

5 mil toneladas DE LIXO

arriscar-se caminhando pela pista, pois o acostamento fica repleto por uma grande quantidade de lixo, in viabilizando a passagem.

Geuza Macêdo, que mora no bairro há mais de 13 anos, precisa passar pela região diariamente e conta o quanto isso é desagradá vel.

“Esse lixo é frequente aqui, a prefeitura vem e recolhe de manhã, e de tarde já tá cheio de lixo de novo. As pes

soas colocam restos de comida, e isso atrai urubu, barata, rato, até na casa da gente entra barata que vem desse lixo acumulado”. Relata a dona de casa.

Geuza conta ainda, que além dos insetos e do mal cheiro que o lixo acumulado causa, outro gran de problema é a segurança: “Todos os dias eu tenho que passar por esse trecho, dividindo a pista com os carros. Não conseguimos usar a calçada porque as pessoas co locam lixo. Eu mesma já presenciei uma amiga ser atropelada por uma moto, porque ela tinha que desviar do lixo e o rapaz da moto a atrope lou. Estamos correndo risco todos os dias”.

A cena se repete em um terreno privado no bairro do Monte Santo, onde a população insiste em fazer o descarte de todo o material que não tem mais serventia, além de entulhos e resto de

material de construção. O mora dor da rua, Lucas Araújo, relata que essa realidade sempre existiu, e que já presenciou diversas vezes o descarte indevido nesse terreno.

“As pessoas jogam muito entu lho e restos de comida. Junta ba rata e rato, e o odor é muito desa gradável. A prefeitura sempre faz a limpeza do terreno, mas as pessoas continuam jogando, infelizmente.” Conta o morador da rua Francisco Calixto.

Além desses transtornos o acú mulo de lixo pode ocasionar diver sas doenças, prejudicando ainda mais a população que mora nos arredores desses ambientes. O Agente de Vigilância Ambiental especializado em combate de en demias, Wellington Marcus, rela ta que a necessidade de informar para a Sesuma sempre que alguém se depara com essa situação pela a cidade, pois esse lixo potencializa o aparecimento de doen ças e endemias.

baraúnas | dezembro, 2022 22 |

“O saneamento básico é importan te e quando as pessoas descartam baldes, tampinhas e até mesmo casca de ovo, é prejudicial. Isso se intensifica no período de chuva, pois é quando mais se proliferaram os Aedes aegypti e aumentam os casos de Dengue, Zika e Chikun gunya. Também aparecem ratos, escorpiões e baratas, que invadem as residências próximas. A limpeza é feita pela prefeitura, mas as pes soas têm que ter consciência de que não pode ser jogado lixo em terrenos abandonados, de que essa realidade prejudica a eles mesmos”.

Lucas Araújo conta que no pe ríodo de inverno toda a sua família foi diagnosticada com a Chikun gunya e questiona se o lixo que fica próximo da sua residência pode ter sido a causa da doença. “Meu irmão pegou chikungunya e logo depois minha família inteira teve: minha tia, eu e minha avó de 86 anos. Ela já tem dificuldade para andar, pela idade avançada, e depois da chi kungunya reclama

diariamente de dores nas articula ções. Nós buscamos fazer a nossa parte, sempre fazemos o descarte correto, limpamos os locais com água, mas infelizmente esses terre nos ficam cheios de lixo e objetos que acumulam água parada”.

Mas afinal, de quem é o lixo que se acumula nos terrenos abando nados da cidade? De acordo com o site oficial da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesu ma), Campina Grande possui 960 terrenos em situação de abandono. Neles, pessoas fazem o descarte de lixo de todo tipo, e a prefeitura se encarrega de limpar mensalmente.

A limpeza desses locais tem um custo de aproximadamente R$400 mil para os cofres públicos e o Se cretário da pasta, Geraldo Nobre, afirma que esse dinheiro poderia estar sendo utilizado em outros se tores, como saúde e educação.

Há informações, ainda, de que a Sesuma retirou cerca de 5 mil tone ladas de lixo na última limpeza feita em terrenos baldios e áreas públi cas na cidade. No entanto, poucos

dias após a limpeza desses locais, já era possível encontrar um ce nário parecido com o de antes da limpeza.

Geraldo Nobre utiliza os veícu los oficiais da secretaria para alertar a população para a necessidade de manter a cidade limpa e enfatiza que esse é um dever de toda a po pulação, que precisa agir com bom senso e zelar pelo próprio ambien te. Wellington Marcus concorda que a população precisa abrir os olhos: “O problema é a falta de consciência ambiental e educação. É preciso entender que o lixo pro duzido tem um local correto para coleta. A prefeitura tem por obri gação limpar o espaço, mas é a po pulação que precisa conservar esse ambiente limpo”.

As denúncias sobre descarte irregular de resíduos podem ser feitas pelos telefones 3310-6115 ou 3310-6125, nesses números as pes soas podem também solicitar a lim peza desses locais.

dezembro, 2022 | baraúnas | 23

Empreendedorismo

Sustentável’

GERADOR DE RENDA E UM CAMINHO PARA UM FUTURO DE SUCESSO, JOVENS DA CIDADE DE AREIA DESENVOLVEM AÇÕES QUE GERAM REN DA E PRESERVAM O MEIO AMBIENTE

Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, por ano no Brasil são gerados mais de 82 milhões de toneladas de lixo, e pouco mais de 2% são reci clados. A previsão é que até 2040 os resíduos orgânicos produzidos pela população tenham seu índice de reciclagem elevado para 13,5%, podendo ser utilizados como fontes de energia e geradores de emprego e renda através do empreendedo

rismo.

Segundo o IBGE o Brasil conta com mais de 215 milhões de habi tantes, que produzem diariamente cerca de 98% de resíduo orgânico, cuja destinação poderia ser a reci clagem.

Na comunidade Chã de Jardim, zona rural da cidade de Areia-PB, a 128 km da Capital, João Pessoa, vem sendo desenvolvido o projeto Composteca, uma iniciativa da ecó

baraúnas | dezembro, 2022 24 |
Daniel Ribeiro e Sabrina Cabral

loga e mestre em Ciência e Tecnolo gia Ambiental pela UEPB, Cristiane Ribeiro. O projeto é realizado em parceria com Felipe Oliveira, gradu ado em Ciências da Computação e atuante na área da Robótica. Juntos, buscam dar destino correto a uma parte do resíduo orgânico produzi do pela fábrica de polpa de frutas Doce Jardim, localizada na comuni dade de Chã de Jardim.

“No mestrado eu tive uma ex periência direta com tratamento do resíduo domiciliar. Na época, o material era coletado no bairro das Malvinas, em Campina Grande, e levavamos para montar o experi mento na UEPB”, disse Cristiane .

Seus olhos se voltaram para o lugar onde mora e observou a ne cessidade de cuidar ainda mais do

meio ambiente. Foi quando teve a ideia de tratar parte do resíduo gerado na produção da Fábrica de Polpa de Fruta Doce Jardim. Ela percebeu que uma parte do resíduo era destinado para alimentação ani mal, e a outra, recolhida pela cole ta municipal e levado para o aterro sanitário. “Sabemos que o resíduo orgânico tem um potencial muito grande e é rico em matéria orgâ nica, foi quando eu pensei: Porque não aplicar aqui a experiência que eu tive na Universidade?”, ressaltou.

Inicialmente, Cristiane e Felipe investiram R$900,00 no projeto da composteira, que teve início em 2014. Mensalmente são coletados 250 kg de resíduos para transfor mar em adubo. A média é feita a partir dos recipientes utilizados para transporte da matéria-prima.

Compostagem

Os resíduos são colocados na

composteira desenvolvida espe cialmente para o projeto junto com outros materiais orgânicos. A decomposição é feita pelas bactérias aeróbicas, que necessi tam do oxigênio para decompor o material. O equipamento con tém uma caixa de engrenagens que faz toda a mistura de forma manual.

Segundo Felipe, para manter o processo equilibrado foi cria do um controle de temperatura. “Com a robótica foi possível ino var nisso também. Agora pode mos fazer a medição usando um sensor de temperatura e os da dos são enviados por wireless em tempo real, podendo ser acessa dos de casa, sem precisar estar lá na hora, medindo.”

Explicou também como fun ciona o sistema robótico que está desenvolvendo. “Esse é um siste ma de monitoramento de tem

| baraúnas | 25
dezembro, 2022
FOTO: DANIEL RIBEIRO
INOVAÇÃO | Algumas iniciativas fazem toda a diferença para ser um empreendedor sustentável

peratura da composteira. É feito por uma placa microcontroladora que vai receber os dados através de um sensor tipo sonda. Que será colocado na composteira. Também está em fase de desen volvimento um site, que vai rece ber esses dados por wi-fi.”

A composteira conta com a “internet das coisas”. Ela se comu nicará com um sistema mecânico de reviramento automático e de temperatura. Ativará o sistema de irrigação acoplado a bombas que irão manter a umidade do material. Essas são as inovações tecnológicas a serem implantadas na chamada Composteira Inteli gente.

Qualidade do adubo

Após 3 meses no processo de compostagem um teste de fitoto xicidade é feito para ver se ele está mesmo maturado e no ponto ideal para aplicar nas plantas. Depois de aprovado, o composto orgânico é peneirado, ensacado em sacos de 1Kg e de 4Kg e destinado para ven da na Bodega Vó Maria, localizada na loja da comunidade com preços que variam entre R$5,00 e R$20,00 reais. O projeto que iniciou com um investimento de R$900,00 traz agora um retorno de em média R$200,00 por mês, com a comer cialização do produto.

Os recursos adquiridos com a venda dos adubos são destinados para melhoria do projeto como: a participação em eventos para di vulgação das idéias, que tem como objetivo incentivar outras pessoas a transformarem a realidade local.

Quando questionados se existe alguma metodologia de dissemi nação do projeto na comunidade responderam que a questão da

sensibilização e da produção de compostagem na comunidade é feita em eventos da própria comu nidade, isso acontece através de oficinas anuais, ministradas para uma média de 100 participantes da capoeira que inclui pessoas de vá rias idades, moradores da própria comunidade.

Divulgação

O projeto tem sido divulgado nas redes sociais (@composteca) e em vários eventos, como a “Mostra Chã de Jardim” que é realizada na Cidade de Areia, onde toda a po pulação é convidada a conhecer as atividades desenvolvidas. Esse mo delo de divulgação proporciona o

contato com o público em geral, fazendo com que conheçam o de senvolvimento regional e sustentá vel e como se dá a produção de compostagem. Promovendo sensi bilização, a fim de que futuramente possam implantar essa prática no seu dia a dia.

O projeto está há oito anos dando um destino certo ao ma terial que antes iria para o aterro sanitário e que agora, volta para a prateleira como produto gerador de renda. A ideia de Cristiane e Fe lipe vem ganhando cada vez mais destaque com o Projeto Compos teca, pois são pioneiros nesse for mato de empreender no Brejo pa raibano.

baraúnas | dezembro, 2022 26 |
TECNOLOGIA | Algumas iniciativas fazem toda a diferença para ser um empreendedor sustentável

baraúnas

Identidade Cultural

O governo da Paraíba instituiu o dia 26 de novembro ao Dia do Orgulho Brejeiro. O projeto tem a autoria do deputa do Raniery Paulino e foi sancionada pelo governador João Azevedo em 2022. Agora, a data faz parte do calendário de eventos do estado, podendo ser desenvolvidas diversas ações de incentivo e desenvolvimento da região pelas Se cretarias Estaduais de Educação, Desenvolvimento Humano, Cultura, Turismo, Ciência e Tecnologia. (Daniel Ribeiro)

Luz Negra

Projeto estimula o combate ao racismo através da fotografia, em Campina Grande. A Iniciativa do professor de jornalismo da UEPB tem levado oficinas fotográficas e debatido a cons ciência negra com estudantes da rede municipal de ensino. O Luz Negra é um projeto de extensão do curso de jornalismo da UEPB idealizado por Rostand com outros professores e estudantes universitários. A iniciativa começou as atividades em 2018. (Elisangela Andrade)

Parque Dinamérica

A obra do Parque Linear do Dinamérica está em fase final e a população já está desfrutando do maior projeto e interven ção urbana em área de esporte e lazer da história da cidade de Campina Grande-PB. O investimento total da obra é de R$ 21 milhões e contará com 70 mil m² de área, cerca de 8 hectares. (Maria Alice)

Turismo e Viagem

A praia de Sancho, em Pernambuco, foi eleita a melhor do Brasil, segundo pes quisa da agência de turismo Booking. A praia faz parte do Parque nacional Mari nho, em Fernando de Noronha, a praia é conhecida pela calmaria e cenário para disíaco é frequentada por uma quantida de mínima de pessoas. Líder no ranking nacional também já foi eleita cinco ve zes a melhor do mundo, em eleição do site internacional de viagens Trip Advisor. (Nayara Torres)

Meio Ambiente

A poluição, que no Brasil é agravada pelas queimadas florestais e pelos com bustíveis fósseis em áreas urbanas, tem efeitos cientificamente comprovados na saúde, devido a problemas respiratórios por conta da poluição. São muitos os cenários desoladores que as crianças e adolescentes enfrentarão nas próximas décadas em meio às mudanças climáti cas. Segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 40 milhões de meninas e meninos no Brasil já estão expostas a mais de um ris co climático ou ambiental, o que corres ponde a 60% das crianças e adolescentes brasileiros. (Geisy Rodrigues)

Abandono de animais

O abandono de animais domésticos é um problema frequente nas cidades, princi palmente em áreas públicas, como praças e parques. Além de ser considerado crime ambiental (Lei Federal nº 9605/1998), é um ato de crueldade contra a vida. Os animais abandonados sofrem com sede, fome, do enças e maus-tratos. Além disso, podem causar uma série de problemas ambientais e de saúde pública. (Renata Maria)

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