Revista APAVT, nº 39

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Caros colegas, ÉVORA, ALENTEJO! Finalmente, apetece dizer, o congresso da APAVT encontra Évora e o Alentejo! Naturalmente, este facto não acontece por acaso. Por um lado, insere-se coerentemente numa política de protecção e estímulo do turismo interno, protagonizada ao longo de todo o mandato desta direcção da APAVT; por outro, aproveitou-se o extraordinário dinamismo das estruturas de turismo do Alentejo, públicas e privadas, que, conjugando esforços, acreditaram ser possível realizar um evento desta dimensão. Cá estamos! Uma vez mais, o trabalho conjunto permitiu um quadro final incomparavelmente maior que a soma das partes! Chegamos, com três grandes linhas de pensamento 1. Sobre os participantes do congresso, inscritos e convidados. Estamos certos, absolutamente convencidos, de que o debate deve incluir os diversos ângulos de análise e não apenas deter-se no aquietar das preocupações meramente corporativas, ainda que absolutamente legítimas. Mais do que nunca, a resolução dos problemas exige compromissos entre os diversos stakeholders. E é este pensamento que, uma vez mais, une num congresso da APAVT, a mais ecléctica das participações, o mais variado conjunto de interesses, a mais diversa abordagem dos problemas. Em suma, o debate mais rico e consequente. 2. Sobre os temas a abordar. Estamos certos, absolutamente convencidos, de que o modelo de negócio se alterou nos últimos anos tanto como o Mundo; e de que o Mundo se alterou, nos últimos anos, como nunca antes havia evoluído, em momento algum. Deste modo, acreditamos que os temas, e a nossa atitude, devem olhar para o futuro, em lugar de se concentrarem em ajustes de contas com o passado. O que quer que seja que tenha sido o passado, o que quer que seja que se tenha alterado durante esta geração, é no futuro que está o… nosso futuro, pelo que REVISTA APAVT · Nº39 · 2014

é olhando para o amanhã que temos que concentrar as discussões do presente. O digital, a sustentabilidade, os novos modelos de relacionamento com os suppliers, a responsabilidade social, os modelos de financiamento afinal disponíveis mas pouco conhecidos, em todos os temas procurámos dar mais asas ao presente, projectando o futuro. 3. Sobre os palestrantes A dialéctica entre a tentação de dar voz aos que nos estão mais próximos, e a necessidade de aprender com novas visões, será sempre difícil de gerir e harmonizar. É um risco de cada congresso, e os riscos gerem-se tomando decisões. Teremos, como vem sendo a tendência mais recente, na qual acreditamos fortemente, um congresso cosmopolita, que acolhe líderes internacionais da opinião, das instituições e das empresas. Lars Thykier, Christoph Klenner, Michel de Blust, Shawna Suckow, Naut Kusters, Phil Weiss, são apenas alguns exemplos de personalidades que dispensam apresentações, tal a relevância dos cargos ocupados e dos trabalhos já desenvolvidos, na área do turismo. A eles se juntam importantes players nacionais, partindo de mercados e ambientes bem distintos, certamente muito contribuirão para a riqueza do debate. Finalmente, quer na abertura quer no encerramento, teremos pensadores do nível de António Vitorino e Augusto Mateus, que, juntamente com Adolfo Mesquita Nunes, nos falarão sobre os desafios e a responsabilidade de sermos portugueses. Desafios e responsabilidade. Porque só fará sentido superar desafios, se formos capazes de dar um significado ao nosso trabalho diário. Se formos capazes de perceber, todos os minutos de todos os dias, que temos uma responsabilidade a cumprir, perante os nossos colegas, perante os nossos clientes, perante a nossa família, perante as gerações seguintes, também. Desejo, pois, que superem os desafios que vos esperam. Desejo ainda que o façam com responsabilidade, preenchendo com isso o último e mais importante desafio superarem-se a vós mesmos. Sejam bem-vindos ao Alentejo, não tarda vão querer voltar!

Pedro Costa Ferreira, Presidente da Direcção da APAVT

Estamos certos, absolutamente convencidos, de que o modelo de negócio se alterou nos últimos anos tanto como o Mundo; e de que o Mundo se alterou, nos últimos anos, como nunca antes havia evoluído, em momento algum.

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Nº 39 - 2014 - WWW.APAVTNET.PT

CAPA

João Cotrim de Figueiredo:

Presidente da Direcção: Pedro Costa Ferreira Conselho Editorial: Pedro Costa Ferreira, João Welsh, Rui Colmonero, Paulo Brehm REVISTA APAVT Director Editorial: Paulo Brehm brehm@net.novis.pt Redacção: Guilherme Pereira da Silva Tel. 21 3142256 / Fax. 21 3525157 revista.apavt@net.novis.pt Colaborações: Sebastião Boavida, Silvério do Canto (Agência PressTur), Rui Colmonero Fotografia: Rafael G. Antunes, Arquivos APAVT, Turismo de Macau e arquivo Travelport, Anabela Mourato Edição Gráfica e Layout: Pedro António e Maria Duarte Publicidade: Helena Dias revista.apavt@net.novis.pt 21 3142256 Impressão e Acabamento: MX3-Artes Gráficas, Lda. Rua Alto do Sintra - Sintra Comercial Park Armazem 16 Fracção Q 2635-446 Rio de Mouro Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: APAVT

Propriedade: APAVT-Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo Rua Duque de Palmela, 2-1º Dtº 1250-098 Lisboa Tel. 21 3553010 / Fax. 21 3145080 apavt@apavtnet.pt www.apavtnet.pt

“Os quatro pilares da estratégia do Turismo de Portugal”

Fala dos quatro pilares que norteiam a sua estratégia para o Turismo de Portugal, refere que ainda vai ser feita a apresentação do plano de marketing, que em 2015 vai ser reativada a Conta Satélite do Turismo e que o instituto vai apostar na produção de melhor informação e, entre outros temas, que os fundamentos para um novo modelo de promoção turística se mantêm válidos, pelo que o processo não morreu. Pág. 14

XL Congresso Nacional

Turismo: desafios e responsabilidades

«Turismo: Desafios e Responsabilidades» é o tema do 40º congresso nacional da APAVT, e que norteará todos os debates deste fórum do Turismo Nacional, a decorrer entre 5 e 8 de dezembro na cidade de Évora, no Alentejo, destino preferido da associação em 2014. Leia aqui a agenda de trabalhos e social do principal fórum de turismo de Portugal. Pág. 26

Direitos dos passageiros

Conheça as regras comuns para a indemnização e a assistência aos passageiros dos transportes aéreos em caso de recusa de embarque e de cancelamento ou atraso considerável dos voos, num artigo assinado pelo consultor jurídico da APAVT, Rui Colmonero. Pág. 32

Provedor recebe 943 processos até final de Novembro

O gabinete do Provedor do Cliente das Agências de Viagens e Turismo recebeu 943 processos de 1 de janeiro a 27 de novembro, dos quais 824 foram reclamações e os restantes 119 foram pedidos de informação e/ou aconselhamento. A alteração ao programa foi o principal motivo de reclamação dos clientes. Pág. 35

Última Página

Agências de viagens e direitos dos consumidores Num artigo da autoria do presidente da DECO, Vasco Colaço, esta associação de consumidores defende a di¬namização de um regime de natureza mais garantística.

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Reg. no ICS como nº 122699

Nota do Editor: Os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.

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MENSAGEM DO PRESIDENTE EDITORIAL

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ESTATÍSTICA NOTÍCIAS

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Paulo Brehm

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is que a APAVT está prestes a dar início a mais um congresso, e com ele a promover um conjunto de debates sobre temas relevantes para toda a classe de profissionais do Turismo nacional, em particular dos agentes de viagens. Mais do que as sessões de trabalho, porém, este é também sempre um momento de convívio entre colegas, ocasião propícia a fortalecer laços de amizade ou a construir novas relações entre gente que partilha um gosto comum por esta atividade. Nas páginas desta edição antevemos um pouco da agenda do congresso, que se realiza pela primeira vez em Évora, cidade que integra a região que durante todo este ano foi o «Destino Preferido da APAVT». Sabemos terem sido feitos todos os esforços para proporcionar um excelente evento, a todos os níveis, e a criar as condições para que este seja uma vez mais, pela 40ª vez, o mais importante fórum de debate turístico de Portugal. Atendendo às caraterísticas da própria atividade das agências de viagens, verdadeiras pontes entre fornecedores e consumidores, há que sublinhar que os congressos da nossa associação são, efetivamente, os congressos do Turismo Português. Nestas páginas damos também voz ao presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, que em entrevista dá a conhecer aqueles que são os pilares da estratégia deste instituto público. Foi há um ano que Cotrim de Figueiredo foi nomeado pela tutela para este cargo e, é sempre bom lembrar, foi no congresso da APAVT da Terceira que, ainda sem ter tomado posse, apareceu pela primeira vez junto do setor.

Também este ano, sob a liderança de Pedro Costa Ferreira, a APAVT viu a sua candidatura à organização do congresso de 2015 da sua congénere alemã - DRV - ser aprovada para Lisboa, conforme demos já nota na última edição. Em dezembro, exatamente nos mesmos dias em que o nosso congresso de reúne em Évora, tem lugar em Abu Dhabi o congresso dos agentes de viagens alemães, onde Lisboa se faz representar e é dado o «pontapé de arranque» para a promoção do de 2015. São boas notícias, que espelham o compromisso da direção da APAVT com a promoção do nosso turismo junto dos mais importantes mercados emissores. Além da habitual estatística e de outras peças que esperamos aprecie ler, vale a pena destacar o artigo sobre o direito a uma indemnização em caso de atraso considerável na chegada ao destino final, assinado pelo consultor jurídico da APAVT, Rui Colmonero. Por último, chamo a vossa atenção para o artigo de opinião do presidente da DECO, Vasco Colaço, na nossa habitual «Última Página», onde este defende a necessidade de dinamizar um regime mais protecionista do consumidor no que diz respeito às viagens e ao turismo. Resta, assim, desejar a todos os nossos leitores e anunciantes votos de um Santo Natal e também de um Ano Novo pleno de sucessos pessoais e profissionais. Boas Leituras e melhores negócios.

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Análise Estatística

Cinco meses de estagnação em baixa ‘comem’ 29% do crescimento do BSP Dos 15,5 milhões de euros de aumento das vendas BSP das agências de viagens portuguesas que se verificavam no fim do primeiro quadrimestre, o crescimento reduz-se a 11 milhões no final de Outubro, indicam os dados a que o PressTUR teve acesso. O fulgor com que as vendas de voos regulares pelas agências de viagens IATA portuguesas começaram 2014 dissipou-se a partir de Maio, quando o mercado parecia encaminhar-se para repetir, ou pelo menos aproximar-se da marca dos 900 milhões de euros, que só por uma vez atingiu, em 2008, com 918,6 milhões de euros. No primeiro quadrimestre, com 285,8 milhões de euros de vendas de voos, as agências de viagens tiveram o segundo melhor início de ano de sempre, ficando apenas 3,9% abaixo do ano recorde de 2008. Mas ‘o vento virou’ a partir de então e o mercado apenas por uma vez esteve acima do mês homólogo de 2013 e por uns escassos 0,09%, em Junho. Em todos os outros meses até Outubro, teve sempre vendas inferiores, embora só por duas vezes com quebras acima de um milhão de euros, em Maio, com -1,6 milhões ou -1,9%, para 81,5 milhões, e em Setembro, com -1,6% ou menos 1,2 milhões, para 74,6 milhões. Em Outubro, a queda, de acordo com os dados a que o PressTUR teve acesso, foi em 0,8% ou 638,7 milhões, para 79,4 mi-

lhões, o que deixou o total de vendas dos primeiros dez anos ainda acima do período homólogo de 2013, mas apenas em 1,5% ou 11 milhões de euros, com 743,9 milhões. Fontes das agências de viagens e da aviação contactadas pelo PressTUR salientam em primeiro lugar que é preciso ter em conta que nos primeiros dez meses de 2013 o mercado cresceu 5,2% ou 36 milhões de euros face ao período homólogo de 2012, pelo que em dois anos o crescimento atinge uns ‘respeitáveis’ 6,8% ou 47,1 milhões. A questão é que o abrandamento este ano face a 2013 ocorre embora a TAP, companhia mais vendida pelas agências de viagens portuguesas, representando quase metade das vendas BSP Portugal, tenha feito a partir de Junho um aumento significativo da sua rede, com a introdução de 11 novos destinos e seis aviões. Esse facto deveria em princípio conduzir a um aumento do valor de vendas BSP, não tivessem ocorrido também fatores adversos. Um desses fatores é a maior penetração das companhias low cost no mercado português, cujas vendas, mesmo que efetuadas por agências de viagens, não são contabilizadas em BSP. Acresce, que, simultaneamente, se verificaram movimentos este ano que também influíram negativamente no BSP, como a queda da procura do Brasil, que baixou por efeito do Mundial de Futebol em Junho e Ju-

lho, e como um maior peso das emissões em Angola por parte de algumas organizações, afetando as vendas em BSP Portugal das ligações com Luanda, que são as que têm mais peso neste mercado. Outro fator apontado ao PressTUR é uma descida do preço dos voos, por força da concorrência acrescida, que é uma tendência ilustrada pelas contas dos três maiores grupos aéreos europeus, todos eles com quebras de yield (preço médio por quilómetro voado) nos primeiros nove meses deste ano. Algumas das fontes também assinalaram que este ano houve uma clara tendência do mercado português para reservar as viagens mais cedo, o que terá sido um fator a ‘puxar para cima’ as vendas nos primeiros meses e a ‘travar o crescimento’ nos seguintes. Neste quadro, dizem as fontes do PressTUR, o mercado português até está a dar “prova de grande resiliência”, designadamente quando se compara, por exemplo, com França, em que as vendas nos primeiros nove meses deste ano baixaram 4,6%, com uma queda em 3,6% no mês de Setembro. Ainda assim, como indica a edição online do “Tour.Hebdo”, em Setembro houve uma atenuação da tendência negativa, pois as vendas em Julho e Agosto tinham caíram 6,4% e 10,5%, respetivamente, levando a que nos primeiros oito meses a queda se situasse em 4,8%.

Crescimento do BSP Portugal até Outubro suportado por voos internacionais e domésticos Pela primeira vez nos últimos quatro anos o crescimento das vendas BSP das agências IATA portuguesas é suportado por aumentos tanto de voos internacionais como de voos domésticos, ainda que muito ténue. Os dados do BSP Portugal a que o PressTUR teve acesso indicam que o aumento em 11 milhões de euros (+1,5%, para 743,9 milhões) que se verifica de Janeiro a Outubro deve-se a mais 10,8 milhões de euros de vendas de voos internacionais (+1,6%, para 685,2 milhões) e a mais 0,22 milhões em vendas de voos domésticos (+0,4%, para 58,6 milhões). Porém, enquanto a progressão das vendas de voos internacionais tem sido constante, levando a que quando se compara com os primeiros dez meses de 2011 apresentem um aumento em 11,9% ou 72,7 milhões de euros, as vendas de voos domésticos têm uma queda em 34,4% ou 30,8 milhões. “As vendas de voos domésticos bateram no fundo” foi a interpretação que avançaram ao PressTUR fontes das agências de via6

gens, referindo-se ao facto de nos primeiros dez meses de 2012 terem caído 25,2% em relação ao período homólogo de 2011, seguindo-se uma queda em 12,7% de Janeiro a Outubro de 2013. Com esta evolução, nos primeiros dez meses deste ano, as vendas de voos domésticos representaram apenas 7,9% das vendas totais BSP, quando ainda no período homólogo de 2011 representavam 12,7%, baixando depois no ano seguinte para 8% e em 2013 para 8%. O aumento das vendas de voos internacionais afirmou-se desde 2011 como o ‘motor’ do crescimento do BSP, o que se continua a verificar este ano, mas com cada vez ‘menos gás’. Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que desde Maio apenas em Junho houve um ligeiríssimo aumento das vendas de voos internacionais, em 0,01%, pelo que de um crescimento em 5,9% ou 14,6 milhões de euros de Janeiro a Abril, inclusive, ‘esfriou’ para +1,6% ou mais 10,8 milhões no fim de Outubro.

As quedas mais fortes destes meses foram as ocorridas em Maio, que em 2013 tinha sido o mês de mais vendas, com 76,6 milhões de euros, relativamente aos quais ficou este ano abaixo em 2,3% ou 1,7 milhões de euros, para 74,8 milhões, e em Setembro, com -1,9% ou menos 1,3 milhões, para 68,8 milhões. No mês de Outubro, com 74,3 milhões de euros, as vendas de voos internacionais ficaram abaixo do mês homólogo de 2013 em 0,7% ou cerca de 0,56 milhões, no que foi uma queda ainda assim menos forte do que a que ocorreu em voos domésticos, que decresceram 1,6% ou cerca de 80 mil euros, para 5,07 milhões. Aliás, quando se compara com anos anteriores, as vendas de voos internacionais foram este Outubro 7,6% ou 5,2 milhões superiores às de Outubro de 2012 e 15% ou 9,7 milhões superiores às de Outubro de 2011, enquanto as vendas de voos domésticos baixaram, respetivamente, 6,3% ou 340,5 mil euros e 28,4% ou dois milhões de euros. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


Análise Estatística

Turismo assegura 92,6% do aumento das exportações de bens e serviços O turismo, que representou 14,9% das exportações portuguesas de bens e serviços de Janeiro a Agosto, foi porém o sector que garantiu 92,6% do aumento homólogo verificado neste período, sem o qual o crescimento das exportações teria sido pela margem mínima, em 0,1%, em lugar de 1,6%, de acordo com dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR. Os dados do banco central permitem calcular que o turismo evitou que a degradação do saldo da balança comercial, em lugar de um decréscimo em 30,5% para um valor ainda apositivo de 1.878 milhões de euros atingisse um défice de 2.773 milhões, com um agravamento de 98,6% ou 1.377 milhões. O turismo teve de Janeiro a Agosto um aumento do excedente em 13,5% ou 554 milhões de euros, para 4.651 milhões, que não evitou uma queda do saldo positivo da balança comercial de bens e serviços em 823 milhões. A informação do banco central permite ver também que o turismo representou 45,2% do total de exportações portuguesas de serviços (15.188 milhões de euros), mais 2,5 pontos que há um ano, tendo realizado

97,55% do aumento relativamente aos primeiros oito meses de 2013, o que significa que as exportações de serviços sem turismo registaram um aumento de apenas 0,2% ou 17 milhões de euros, enquanto com turismo o aumento foi em 4,8% ou

690 milhões. A contribuir também para o aumento das exportações de serviços esteve também o transporte aéreo (passageiros e carga), com um aumento das exportações em 6,6% ou 157 milhões, para 2.542 milhões.

Turistas europeus voltam a ‘pesar mais’ nas receitas turísticas portuguesas Os turistas europeus inverteram nos primeiros sete meses deste ano a tendência de há um ano de decréscimo da sua participação nas receitas turísticas portuguesas, ‘à custa’ dos residentes em países do continente americano, que também perderam quota para africanos e asiáticos. Dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR permitem ver que os turistas europeus, com um total de gastos em Portugal os primeiros sete meses deste ano no valor de 4.166,5 milhões de euros, foram a origem de 77,9% das receitas turísticas portugueses neste período, em alta de 0,6 pontos, por um aumento em 11,1% ou 417,2 milhões. Além desta subida dos gastos, o aumento da participação dos europeus nas receitas turísticas portuguesas deve-se também ao decréscimo da participação de turistas do continente americano, em 3,1 pontos, para 10,9% do total, com 584,8 milhões de euros (-14,4% ou menos 98,2 milhões que há um ano), com reduções de 1,3 pontos da ‘fatia’ de residentes na América do Norte, para 6,5%, e de 1,9 pontos na ‘fatia’ de residentes na América do Sul, para 4,2%. Parte destes decréscimos, porém, também foram pelo aumento da participação de REVISTA APAVT · Nº39 · 2014

turistas procedentes de países africanos, em 0,5 pontos para 6,9%, por um aumento dos seus gastos em 19% ou 58,7 milhões de euros, para 367,4 milhões, que se deve ao aumento em 21,1% ou quase 60 milhões de euros dos gastos de residentes nos PALOP, para 344 milhões, que assim foram a origem

de 6,4% das receitas turísticas portuguesas, +0,6 pontos que há um ano. Igualmente em alta esteve a participação dos turistas residentes em países asiáticos, de 0,2 pontos, para 1,8%, com um aumento dos seus gastos em Portugal em 21,1% ou 16,9 milhões de euros, para 97 milhões.

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Análise Estatística

Hotelaria de Lisboa teve em Outubro 3º maior aumento da RevPAR na Europa, STR A hotelaria de Lisboa evidenciou-se em Outubro, pela primeira vez, em subida do preço médio de quartos, com a terceira maior variação relativa a nível europeu, com a qual também se cotou, segundo o STR Global, como a que teve o terceiro maior aumento da RevPAR, com +20,4%. De acordo com a consultora especializada em hotelaria, que foca a sua recolha de dados em unidades de topo de gama e em redes hoteleiras vocacionadas para o segmento corporate, o preço médio de quartos dos hotéis de Lisboa subiu 12% em Outubro, para 97,86 euros, e a RevPAR teve um aumento em 20,4%, para 83,12 euros. Nos meses anteriores, Lisboa cotou-se várias vezes entre os mercados europeus com maiores subidas de taxa de ocupação, mas não atingia a mesma posição em RevPAR, porque também não se cotava entre as que mais subiam o preço médio das diárias. Os dados de Outubro mostram assim uma evolução no sentido da recuperação do preço médio dos hotéis de Lisboa, que de forma generalizada são considerados baixos, sem que a ocupação tenha sido penalizada, pois os dados evidenciam que o aumento da RevPAR em Outubro também se ficou a dever a uma subida da taxa de ocupação, mas que o STR Global não especifica, pois apenas refere o único caso em que houve um aumento a dois dígitos, o da capital grega, Atenas, com um aumento em 18,2%, para 79,6%. Atenas foi, aliás, segundo o STR, o mercado europeu onde a hotelaria teve a maior subida da RevPAR em Outubro, com uma subida em 27,8%, para 85,01 euros, assente nesse aumento da taxa de ocupação, pois em subida do preço médio não figurou entre os sete mercados que tiveram aumento a dois dígitos. No capítulo do preço médio, a maior subida

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do mês de Outubro foi em Genebra, com +14,6%, para 243,28 euros, seguida por Manchester, com +12,9%, para 94,32 euros. Seguiu-se o aumento de 12% em Lisboa e entre os sete mercados com aumentos do preço médio das diárias acima de 10% em Outubro contam-se também Amesterdão, com +11,1%, para 161,27 euros, Paris, com +10,8%, para 295,21 euros, Budapeste, com +10,4%, para 75,37 euros, e Edimburgo, com +10,2%, para 99,14 euros. Em RevPAR, o STR indica que seis mercados europeus tiveram aumentos acima d e 1 5 % , a l é m d e A t e n a s ( + 2 7, 8 % ) e Lisboa (+20,4%), também Genebra, com +20,6%, para 173,46 euros, Madrid, com +18,3%, para 74,87 euros, Budapeste, com +18,2%, para 58,64 euros, e Manchester, com +15,3%, para 79,78 euros. A análise da directora executiva do STR Global, Elizabeth Winkle, aos resultados da hotelaria europeia em Outubro salienta que o preço médio das diárias atingiu o valor mais elevado para o décimo mês do ano da última década, com 110,42 euros. Elizabeth Winkle destaca os contributos para esse resultado da hotelaria da Europa do Norte e do Sul, salientando no primeiro caso os mercados de Dublin, Londres, Copenhaga e Edimburgo e, no segundo, Atenas, Lisboa e Madrid. Segundo o STR, em Outubro a hotelaria da Europa teve um aumento da RevPAR média em 6,9%, para 82,50 euros, por subida do preço médio das diárias em 4,5%, para 110,42 euros, e da taxa de ocupação em 2,3%, para 74,7%. Os maiores aumentos de RevPAR por regiões ocorreram na Europa do Norte, com +13,3%, para 87,91 euros, e na Europa do Sul, com +8,5%, para 77,72 euros. A subida da RevPAR na Europa do Norte foi

com aumento do preço médio das diárias em 10,3%, para 110,55 euros, e subida da ocupação em 2,7%, para 79,5%, e na Europa do Sul a subida deu-se por aumentos do preço médio em 4,4%, para 108,73 euros, e da taxa de ocupação em 3,9%, para 71,5%. Entre as quatro regiões em que o STR Global publica os dados sobre a hotelaria europeia, apenas a Europa do Leste teve queda da RevPAR em Outubro, em 8,4%, para 52,15 euros, por quedas tanto do preço médio das diárias, em 6,8%, para 79,64 euros, quanto da taxa de ocupação, que baixou 1,8%, para 65,5 euros. Um dos mercados que contribuiu para esta evolução em baixa foi a Rússia, e designadamente a sua capital, Moscovo, que teve as maiores quedas de Outubro em preço das diárias, com -21,7%, para 110,89 euros, e em RevPAR, com -29,1%, para 72,45 euros. Em moeda local, segundo o STR, a hotelaria da Rússia teve uma queda da RevPAR em Outubro em 13,5%, para 2.778,81 rublos, com descidas do preço médio das diárias em 1,6%, para 4.835,11 rublos, e da taxa de ocupação em 12,1%, para 57,5%. Além da Rússia, entre os cinco mercados “chave” europeus com dados publicados pelo STR Global, também na Alemanha a hotelaria teve queda da RevPAR, em 2,2%, para 77,14 euros, pela descida do preço médio em 3,7%, para 101,48 euros, apenas parcialmente compensada por um aumento da taxa de ocupação em 1,6%, para 76%. Espanha, por sua vez, cotou-se com o aumento do mês em RevPAR, com +11,7%, para 67,04 euros, com +6% em preço médio, para 91,68 euros, e +5,3% em taxa de ocupação, para 73,1%. Seguiram-se os aumentos em 5,9% no Reino Unido, para 72,52 libras, e em 5,6% em Itália, para 96,47 euros. A subida da RevPAR da hotelaria do Reino Unido resultou de aumentos do preço médio em 3,4%, para 88,51 libras, e da taxa de ocupação em 2,4%, para 81,9%. Em Itália, a subida resultou de aumentos do preço médio em 3,4%, para 132,93 euros, e da taxa de ocupação em 2,1%, para 72,6%. Os dados do STR Global relativos ao conjunto dos primeiros dez meses do ano indicam um aumento da RevPAR em 5,9%, para 74,89 euros, com +3,8% em preço das diárias, para 107,06 euros, e +2,1% em taxa de ocupação, para 70%. A Europa do Leste é a única com queda da RevPAR, em 11,2%, para 49,59 euros, e a maior subida é na Europa do Norte, com +12,4%, para 79,10 euros, seguindo-se Europa do Sul, com +6,6%, para 72,75 euros, e Europa Ocidental, com +2,8%, para 81,11 euros. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


Análise Estatística

Residentes em Portugal fizeram 41,7% do aumento de dormidas na hotelaria este Verão O mercado dos residentes em Portugal foi o principal impulsionador do aumento de dormidas este Verão nos estabelecimentos de alojamento turístico portugueses, tendo propiciado 41,7% do aumento total. Os dados do INE publicados hoje mostram que depois de nas épocas altas de 2012 e 2103 ter estado estagnado na ordem dos 6,4 milhões e dormidas, que era o nível mais baixo desde 2009, o mercado dos residentes em Portugal superou este Verão pela primeira vez a marca dos sete milhões de pernoitas, atingindo 7,243 milhões. Este total representa um aumento em 13% ou 834,4 mil dormidas face ao Verão de 2013 e, também, um aumento em 5,9% ou 401,3 mil dormidas em relação ao melhor Verão dos últimos anos, o de 2010, em que os estabelecimentos de alojamento turístico tiveram 6,842 milhões de pernoitas de residentes em Portugal. Ainda assim, enquanto nesse Verão as

dormidas de residentes em Portugal representaram 37,7% das dormidas totais na hotelaria, na época alta deste ano representaram 31,8%, mais quase um ponto que em 2013, mas 5,9 pontos abaixo de 2010. Os dados do INE permitem ver que o mercado dos residentes em Portugal começou o Verão em ‘toada morna’, com um aumento das dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico portugueses em 6,3%, mas depois teve aumentos sucessivos a dois dígitos, em 15,4% em Julho, em 16,1% em Agosto e em 10,5% em Setembro. Neste último mês da época alta, os residentes em Portugal realizaram 1,464 milhões de pernoitas, mais 138,9 mil que há um ano, e o mercado representou 27,8% das dormidas totais, 0,1 pontos acima de Setembro de 2013, mas aquém dos 33,5% do mês homólogo de 2010. No acumulado de Janeiro a Setembro, o mercado dos residentes em Portugal rep-

resentou 30,2% do total de dormidas na hotelaria, com 11,327 milhões, que significa que só este ano ‘bateu’ as 11,257 milhões de pernoitas dos primeiros nove meses de 2010. Relativamente a 2013, o mercado cresceu 13,3% ou 1,333 milhões de dormidas, mas em relação a 2010, que foi um ano em que por todo o mundo se fazia sentir o impacto da crise económico-financeira mundial, nomeadamente com o chamado “staycation” (tendência para fazer férias nos próprios países), o aumento este ano é de apenas 0,6% ou 70,4 mil dormidas. De acordo com os dados do INE o mercado dos residentes em Portugal cresceu sucessivamente nos primeiros nove meses de 2008 a 2010, passando de 10,46 milhões de dormidas para 11,257 milhões, em 2011 ‘abanou’, baixando para 11,108 milhões, seguindo-se quedas sucessivas, para 10,264 milhões em 2012 e 9,993 milhões em 2013,

Hotelaria portuguesa cresce este Verão com dormidas de ‘melhor qualidade’ A hotelaria portuguesa teve este Verão (Junho a Setembro inclusive) mais do que um aumento das dormidas, um aumento da qualidade das dormidas, como se pode concluir dos dados divulgados hoje pelo INE, pelos quais é possível estimar que cada ‘nova’ dormida gerou proveitos superiores em 22% aos da época estival de 2013. Os estabelecimentos de alojamento turísticos portugueses, incluindo hotéis, hotéisapartamentos, pousadas, apartamentos turísticos, aldeamentos turísticos e “outros” (pensões, motéis e estalagens), acumularam de Junho a Setembro 22,788 milhões de dormidas, +9,6% ou mais dois milhões que no período homólogo de 2013, e realizaram 1.118,4 milhões de euros de proveitos totais. Assim, é possível calcular que os estabelecimentos de alojamento turístico portugueses tiveram em média proveitos totais de 49,08 euros por dormida, 1,9% ou 94 cêntimos acima do ano passado. Essa subida, ainda que ‘magra’, também pode ter a ‘leitura’ de que os mais dois milhões de pernoitas que no Verão de 2013 geraram um aumento dos proveitos em 117,6 milhões de euros, o que significa uma média de 58,79 euros por pernoita, acima do valor do Verão de 2013 em 22,1%. Os dados, porém, não caucionam mais do que a conclusão que as ‘novas’ dormidas atraídas pelos estabelecimentos hoteleiros portugueses não foram conseguidas à conta de quebra da receita média. E nem em todo o País essa foi a tendência dominante, pois pelos dados do INE e posREVISTA APAVT · Nº39 · 2014

sível ver que a subida da receita média por dormida ocorreu no Porto e Norte de Portugal (+1,3%), Algarve (+4,4%) e Madeira (+4,4%), nos Açores o valor manteve-se estável e houve decréscimos no Centro (-0,4%), Lisboa (-2%) e Alentejo (-4,5%). Na região Norte para um aumento de 209 mil dormidas (+9,4%, para 2,426 milhões) os proveitos totais aumentaram 10,7 milhões de euros (+10,8%, para 110,3 milhões), no Algarve os proveitos subiram 59,1 milhões de euros (+14,8%, para 458 milhões) face a um aumento de 866,5 mil dormidas (+10%, para 9,52 milhões) e na Madeira subiram 6,6 milhões de euros (+5,7%, para 123,1 milhões) com um aumento de 31,8 mil dormidas (1,2%, para 2,622 milhões). Os Açores foram a única região portuguesa onde este ano os estabelecimentos de alojamento turístico tiveram quebras de dormidas e proveitos, e na mesma proporção, em 1,3%, com menos cerca de 350 mil euros de proveitos, para 26 milhões, e menos 7,9 mil dormidas, para 599,4 mil.

Já em Lisboa, para mais 636,5 mil dormidas (+14,7%, para 4,979 milhões) os estabelecimentos tiveram mais 31,4milhões de euros de proveitos totais (+12,4%, para 285,4 milhões), no Centro os proveitos subiram 7,6 milhões de euros (+10%, para 84,4 milhões) face a mais 188,1 mil dormidas (+10,4%, para dois milhões) e no Alentejo o aumento de proveitos foi em 2,4 milhões de euros (+8,6%, para 30,9 milhões) face a um aumento de 77,4 mil dormidas (+13,8%, para 640,2 mil). Os dados do INE, porém, permitem calcular que via aumento das dormidas, apesar do decréscimo da receita média por pernoita, Lisboa foi uma das duas regiões que este Verão reforçou a sua ‘fatia’ das receitas totais dos estabelecimentos de alojamento turístico, ainda que pela margem mínima, em 0,1 pontos, para 25,5%. O maior reforço foi, porém, do Algarve, em 1,1 pontos, para 41%, e as maiores descidas foram da Madeira, em 0,6 pontos, para 11%, e dos Açores, em 0,3 pontos, para 2,3%. Em número de dormidas, Lisboa foi a região com maior aumento de quota, em um ponto, para 21,9% do total de pernoitas em estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal, e a Madeira teve a maior quebra, em um ponto, para 11,5%. Subidas ligeiras (0,1 pontos) tiveram também as regiões Centro, para 8,8%, Alentejo, para 2,8%, e Algarve, para 41,8%, enquanto o Porto e Norte teve uma estabilização em baixa, com 10,6%, e os Açores baixaram 0,3 pontos, para 2,6%. 9


Análise Estatística

Turistas britânicos asseguraram 29,2% do aumento das receitas turísticas portuguesas O Reino Unido, que em 2012 e 2013 tinha perdido a liderança dos emissores para Portugal em valor dos gastos turísticos dos seus residentes, ressurge este ano e com uma intensidade tal que o aumento dos gastos dos seus residentes até Julho fica próximo do aumento conjunto de franceses, espanhóis e alemães e equivale a 29,2% do aumento total, de acordo com dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR. Com 930,9 milhões de euros despendidos em Portugal de Janeiro a Julho, os turísticas britânicos foram a origem de 17,4% das receitas turísticas portuguesas, +1,2 pontos que há um ano, por um aumento em 18,5% ou 145,5 milhões enquanto aumento do total de gastos de turistas estrangeiro é de 10,3% ou 497,6 milhões, para 5.350,5 milhões. Desta forma, é possível calcular que os britânicos por si só elevaram a taxa de crescimento das receitas turísticas portuguesas neste primeiros sete meses deste ano em 1,6 pontos. Aliás, os dados do Banco de Portugal permitem também ver que o aumento em 145,5 milhões de euros dos gastos dos britânicos, não fica longe do aumento conjunto dos gastos de franceses, espanhóis e alemães (mais 159 milhões), que são as outras três principais origens das receitas turísticas e que também estão a crescer. Os dados recolhidos pelo PressTUR mostram que depois do aumento dos britânicos, os turistas que mais aumentaram os seus gastos em Portugal relativamente aos primeiros sete meses de 2013 foram os franceses, com mais 69,8 milhões (+9,1%, para 839,3 milhões), os espanhóis, com mais 62 milhões (+11%, para 623,9 milhões), os angolanos, com mais 42,7 milhões (+15,6%, para 316,1 milhões), e os belgas, com mais 29,3 milhões (+22,1%, para 161,7 milhões). Só depois surgem os alemães em valor, com mais 27,1 milhões (+5,3%, para 535,9 milhões), e a seguir irlandeses, com mais 23,6 milhões (+19%, para 147,8 milhões), chineses, com mais quase 20 milhões (+231,9%, para 28,5 milhões), holandeses, com mais 15,9 milhões (+7,5%, para 227,1 milhões), e suíços, com mais 15 milhões (+12%, para 140,7 milhões). Este ranking é elaborado a partir de 29 mercados relativamente aos quais o PressTUR tem dados que permitem calcular as 10

variações relativamente aos primeiros sete meses de 2013. Por ele também se pode ver que a maior queda é dos gastos dos brasileiros, como já se antecipava tendo em conta que o Brasil sediou este ano o Mundial de Futebol, com um decréscimo de 48,8 milhões de euros (-20,4%, para 190,6 milhões). Depois vem a queda dos gastos dos residentes nos Estados Unidos, em 39,1 milhões (-12,9%, para 264,9 milhões), apesar de alguma recuperação no mês de Julho, e seguem-se as quedas de gastos de noruegueses, em quatro milhões (-6,5%, para 57,3 milhões), Finlândia, em três milhões (-8,5%, para 32 milhões, África do Sul, também em cerca de três milhões (-16,9%, para 14,6 milhões), e Itália, em 1,7 milhões (-2%, para 85,7 milhões). Assim, relativamente aos primeiros sete meses de 2013 britânicos, franceses, espanhóis e alemães mantêm-se os mercados emissores líderes, mas este ano seguidos pelos angolanos, que ultrapassaram os norte-americanos. Depois, como 7ª maior origem de receitas turísticas portuguesas entre 49 mercados relativamente aos quais o PressTUR recolheu os dados do Banco de Portugal, surgem os holandeses, com 227,1 milhões (+7,5% ou mais 15,9 milhões), que há um ano estavam na 8ª posição, tendo suplantado os brasileiros. O Top10 fecha com os belgas, na 9ª posição

como há um ano, com 161,7 milhões de euros (+22,1% ou mais 29,3 milhões), e com os irlandeses, com 147,8 milhões (+19% ou mais 23,6 milhões), que há um ano estavam na 11ª posição, atrás dos suíços, os quais saíram do Top10 apesar de um aumento dos seus gastos em Portugal em 12% ou 15 milhões, para 140,7 milhões. Entre os 49 mercados com dados deste ano recolhidos pelo PressTUR figuram, a seguir aos suíços, os italianos, com 85,7 milhões de euros (-2% ou menos 1,7 milhões), os canadianos, com 83,9 milhões (+14% ou mais 10,3 milhões), os luxemburgueses, com 65,4 milhões (o PressTUR não pode calcular a variação) e os suecos, com 65,3 milhões (+18,3% ou mais 10,1 milhões). Depois figuram os noruegueses, com 57,3 milhões (-6,5% ou menos quatro milhões), o s r us s os , c o m 48 ,1 mi l hõ e s (+2 1,5 % ou mais 8,5 milhões), os dinamarqueses, com 48 milhões (+0,3%), os austríacos, com 40,8 milhões (+18,6% ou mais 6,4 milhões), e os polacos, com 34,8 milhões (+5,6% ou mais 1,8 milhões). Os chineses, apesar de serem a nacionalidade que tem o 8º maior aumento de gastos turísticos em Portugal nestes primeiros sete meses, com +231,9% ou mais quase 20 milhões, para 28,5 milhões, ainda não chegou ao Top20, ficando na 22ª posição, atrás dos finlandeses, com 32 milhões (-8,5% ou menos três milhões).

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Análise Estatística

Lisboa está mais longe do êxito de 2013 em passageiros de cruzeiros O Porto de Lisboa está, depois de Outubro, mais longe do êxito do ano de 2013, em que atingiu novos recordes de escalas e passageiros de cruzeiros, ao registar menos 23 escalas e menos 36,5 mil passageiros que nos primeiros dez meses do ano passado. Dados da APL - Administração do Porto de Lisboa mostram que em Outubro se ‘quebrou’ a recuperação ocorrida nos três meses de Verão e que, assim, a distância para 2013 passou de 6,1% no final de Setembro para 7,8% no conjunto dos primeiros dez meses. Em Outubro, de acordo com esses dados, o Porto de Lisboa teve 48 escalas de navios de cruzeiros, apenas menos uma que no mês

homólogo de 2013, mas com um decréscimo em 12,3% do número médio de passageiros por navio. Assim, apesar de, como em 2013, o Porto de Lisboa ter tido em Outubro o melhor mês do ano, registou uma quebra em 14,1% do total de passageiros de cruzeiros (menos 13.590), ficando em 82.671. Essa quebra decorreu de decréscimos em 14,3% ou 12.732 passageiros em trânsito, para 76.610, e em 12,4% ou 858 passageiros que iniciara e/ou terminaram cruzeiros em Lisboa, para 6.061, por menos 262 embarques (-8,4%, para 2.864) e menos 596 desembarques (-15,7%, para 3.197).

No acumulado dos primeiros dez meses do ano, com 270 escalas e 434.002 passageiros, em relação ao período homólogo de 2013 tem um ligeiro aumento em 0,1% do número médio de passageiros por navio (+0,1%), mas tem menos 23 escalas. Os dados da APL mostram que, de Janeiro a Outubro, o Porto de Lisboa tem menos 31.521 passageiros em trânsito (-7,3%, para 398.527) e menos 4.952 embarques e desembarques (-12,2%, para 35.475), com menos 1.517 embarques (-7,7%, para 1 8 . 2 1 1 ) e m e n o s 3 . 4 3 5 d e s e m b a rq u e s (-16,6%, para 17.264).

Quebra de cruzeiros em Lisboa deve-se aos quatro maiores emissores Reino Unido, Itália, Alemanha e Estados Unidos, que são a origem de 81,6% dos passageiros que visitaram Lisboa em cruzeiros nos primeiros dez meses deste ano, são também os “principais culpados” da queda do movimento neste período. Dados da APL recolhidos pelo PressTUR mostram que os britânicos, principal nacionalidade de passageiros de cruzeiros em Lisboa, representando 44,6% do total nos primeiros dez meses, são também os que tiveram o maior decréscimo, em 13,8 mil (-6,7%, para 193.534). Depois, em valor absoluto da quebra, vêm os alemães, 3ª principal nacionalidade, representando 13,2% do total de passageiros de cruzeiros em Lisboa, com menos 10,8 mil (-15,9%, para 57.384), e seguem-se, então os decréscimos de italianos, 2ª principal nacionalidade, representando 13,4% do total, com menos 9,3 mil (-13,9%, para 57.988), e de norte-americanos, 4ª principal nacionalidade, representando 10,4% do total, com menos seis mil (-11,7%, para 45.083). Holanda, Canadá e Portugal, juntamente com o conjunto de “outras” nacionalidades

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que não fazem parte do Top10 são, por sua vez, os que mais contribuem para amenizar as quebras do Top4. As “outras” nacionalidades, que representam 8,1% dos passageiros de cruzeiros que visitaram Lisboa em cruzeiros de Janeiro a Outubro, somaram mais 5,3 mil passageiros que há um ano (+17,8%, para 35.013), e ainda com aumentos superiores a mil passageiros estiveram holandeses (7ª nacionalidade, com 1,7% do total), com mais 1,5 mil (+26,3%, para 7.302), e canadianos (8ª nacionalidade, com 1,4% do total), com mais quase 1,1 mil (+20,7%, para 6.241). Em crescimento estiveram ainda os totais de portugueses (6ª nacionalidade, representando 2,3% do total), com mais cerca de 450 (+4,7%, para 10.076). Mas os restantes mercados do Top10 estão com quebras, com menos cerca de 540 franceses (-3,5%, para 14.829), 5ª nacionalidade, representando 3,4% do total, menos cerca de 1,8 mil espanhóis (-26,9%, para 5.025), 9ª nacionalidade, representando 1,2% do total, e menos 2,5 mil

brasileiros (-64,5%, para 1.397), 10ª nacionalidade, representando 0,3% do total. No mês de Outubro, a quebra foi provocada, em primeiro lugar, por quebras de britânicos, com menos cerca de 9,1mil (-18%, para 41.561), e italianos, com menos cerca de 7,8 mil (-46,4%, para 9.080). A l é m d a s “ o u t ra s ” n a c i o n a l i d a d e , d a s quais Lisboa teve um aumento de 2,2 mil (+55,8%, para 6.241), a que mais atenuou a quebra global foi a Alemanha, com mais cerca de mil (+12,9%, para 9.186), que assim praticamente anulou a quebra que ocorreu em Outubro de 2013. A subir estiveram ainda os nacionais do Canadá (+58% ou mais cerca de 620, para 1.683), Holanda (+35,9% ou mais cerca de 360, para 999), Estados Unidos (+1,8% ou mais cerca de 170, para 9.478), Brasil (+173,4% ou mais cerca de 110, para 175) e Espanha (+2,1%, para 295). Para as quedas contribuíram, além de britânicos e italianos, também os portugueses (-28,7% ou menos cerca de 590, para 1.464) e franceses (-20,5% ou menos 615, para 2.379). 11


Notícias

2ª Cimeira Mundial de presidentes de Associações de Agências de Viagens O presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, foi um dos 128 delegados à 2ª Cimeira Mundial de Presidentes de Associações de Agências de Viagens, que este ano decorreu em Zagreb, de 6 a 8 de novembro. Organizada localmente pela Associação Croata de Agências de Viagens (UHPA),

a cimeira contou com oradores como o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, Taleb Rifai, que falou sobre a liberdade de viajar e a necessidade de adoção de alterações ao regime global de vistos, e o diretor responsável pelo Turismo na Comissão Europeia, Pedro Ortun.

No evento foram abordados diversos aspetos que têm impacto na indústria do turismo a nível mundial, designadamente os desenvolvimentos tecnológicos e as relações com os fornecedores. A próxima edição deste evento terá lugar de 4 a 6 de novembro de 2015 em Bilbao, no País Basco em Espanha.

Aumenta rapidez das reservas de viagens

Travelport disponibiliza novo smartpoint A Travelport – multinacional de turismo que detém o sistema de reservas Galileo – acaba de disponibilizar uma nova versão da solução tecnológica Smartpoint, o desktop utilizado pela grande maioria das agências de viagens portuguesas. Ferramenta de gestão diária, esta solução alarga a oferta de conteúdos disponíveis para os agentes, melhora a produtividade e, consequentemente, incrementa as receitas, ao mesmo tempo que fornece elevada qualidade de serviço aos clientes. A atualização, já disponível, reforça a implementação do Rich Content and

Branding, solução de venda de produtos e serviços com diversas funcionalidades, que tornam a reserva de viagens «mais fácil e rentável para as agências e que facilita, entre outros aspetos, a venda cruzada de produtos». Esta plataforma possibilita o acesso exclusivo a imagens e informações sobre os produtos das companhias aéreas, permitindo a comparação e combinação de ofertas diferentes. Atualmente, mais de 70 companhias aéreas já integram o Rich Content and Branding. Outro dos benefícios desta atualização do Smartpoint prende-se com as melhorias

no sistema de navegação, mapeamento gráfico e ecrãs interativos, que tornam a venda de serviços adicionais – como alojamento e aluguer de carros – mais fácil e rápida. Foram também incrementadas outras funcionalidades, como a escolha de lugares no avião, serviços complementares – a nível do acesso ao lounge VIP, por exemplo –, e a possibilidade de segmentar os clientes em linha com os planos de fidelização. Além destas melhorias, os agentes vão continuar a ter acesso à marcação de voos nas companhias que já estavam no desktop, e à solução de pagamento oferecida pela eNett.

Amadeus lança solução para gestão de atrasos e cancelamentos de voos A Amadeus, empresa tecnológica que gere o GDS com o mesmo nome, anunciou o lançamento da «primeira solução da indústria» que permite às compan-

hias aéreas gerir melhor os atrasos e cancelamentos de voos. O «Amadeus Personal Disruption Companion», cuja primeira versão promo-

Salário mínimo atualizado O Decreto-Lei n.º 144/2014 de 30 de Setembro atualizou o salário mínimo nacional para o valor de 505.00 Euros. Esta atualização aplica-se a todos os contratos de trabalho em vigor, assim como às convenções coletivas de trabalho das quais conste, atualmente, um valor inferior, entre as quais a subscrita pela APAVT - Contrato Coletivo de Trabalho celebrado pela Associação Portuguesa 12

das Agências de Viagens e Turismo e o sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca. Deste modo, a todas as categorias profissionais que, nos termos da tabela salarial constante da Convenção Coletiva acima referida, corresponda um salário inferior ao salário mínimo nacional, deverá ser aplicado o valor atualizado.

cional estará disponível no início de 2015, em associação com a transportadora brasileira TAM, é uma solução que utiliza uma estratégia de gestão de incidentes focados nos clientes e dá controlo total ao passageiro em caso de atraso ou cancelamento de voos. Funciona através da análise e compreensão das características dos passageiros e do seu destino, combina essas informações com outras preferências, como modo de linguagem ou contato. Essas informações devem ser totalmente personalizadas através do itinerário específico de cada passageiro e o histórico de compras de serviços complementares e outras preferências pessoais indicadas ou armazenadas. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


Notícias

Macau na lista da Lonely Planet das 10 regiões a visitar em 2015 Todos os anos, a Lonely Planet, a maior editora de guias de viagem do mundo, apresenta um ranking de recomendações com 10 países, regiões e cidades a visitar no ano seguinte. Quem tiver dificuldade na escolha, em face da enorme quantidade de destinos oferecidos pelo mercado, pode orientar-se por recomendações deste tipo, que são um excelente apoio à decisão.

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ara 2015, a lista das 10 regiões a visitar inclui Macau, por múltiplas razões. O território celebra o seu 15º aniversário como Região Administrativa Especial da China. Neste curto espaço de tempo teve um crescimento como poucos lugares no planeta. No entanto, ao mesmo tempo soube balançar a herança mista de duas culturas diferentes e juntar o brilho de néon e a agitação do século XXI ao charme dos testemunhos do passado. Para além do rico património, parte do qual foi considerado Património Mundial da UNESCO em 2005, de cariz único em solo chinês, Macau tem primado, nas

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duas últimas décadas, no campo da arquitectura moderna, com construções como o Centro Científico de Macau, a Torre de Macau e numerosos edifícios de design arrojado, com particular destaque para os grandes hotéis e resorts de luxo que dominam a skyline, superandose em extravagância. A isso há a acrescentar a construção de uma das mais longas pontes do mundo, com cerca de 50 quilómetros, que em 2016 ligará Macau a Hong Kong e à China Continental. Outro dos aspectos sedutores de Macau é a sua rica gastronomia. Das variadíssimas cozinhas da Grande China às asiáticas como a japonesa, coreana, tailandesa e indiana, às europeias, em Macau há do melhor das respectivas vertentes gastronómicas. De destacar ainda a cozinha portuguesa e macaense, sendo a última uma das primeiras cozinhas de fusão do mundo com pratos únicos a lembrar as viagens dos Descobrimentos dos portugueses. Nela encontra-se uma mistura harmoniosa de ingredientes e modos d e c o z i n h a r, r e s u l t a n d o em pratos tão saborosos quanto as próprias designações dos mesmos, tal como “Porco bafa-assa”, “Galinha chau-chau pari-

da” ou “Minchi”. A herança e as tradições de duas culturas distintas também são refletidas no seu rico calendário de eventos. Os destaques para Dezembro são a Maratona Internacional de Macau (7.12.), o “Desfile por Macau, Cidade Latina” (14.12.), este ano com a participação dos Pauliteiros de Miranda, o Dia Comemorativo do Estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (20.12.), o Natal e a passagem de ano, geralmente festejados em grande estilo. Em Fevereiro de 2015 é a vez do Ano Novo Chinês, cuja celebração se estende ao longo de uma semana. 13


Fala dos quatro pilares que norteiam a sua estratégia para o Turismo de Portugal, refere que ainda vai ser feita a apresentação do plano de marketing, que em 2015 vai ser reativada a Conta Satélite do Turismo e que o instituto vai apostar na produção de melhor informação e, entre outros temas, que os fundamentos para um novo modelo de promoção turística se mantêm válidos, pelo que o processo não morreu. João Cotrim de Figueiredo, presidente do Turismo de Portugal, em discurso direto à Revista APAVT.

João Cotrim de Figueiredo:

“Os quatros pilares da estratégia do Turismo de Portugal” Entrevista: Paulo Brehm - Fotos: Rafael G. Antunes 14

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Entrevista

Creio que terá já tido tempo para conhecer esta casa, quais são as suas prioridades como presidente do TdP? Estes meses permitiram-me concluir que há aqui quatro pilares onde deve assentar o desenvolvimento do Turismo de Portugal. O primeiro é o da afirmação do setor. A afirmação do turismo enquanto um setor importantíssimo para a economia, muito transversal para a economia, e que daí resulte a consciencialização de todos os decisores, quer privados quer públicos, de que isto é um setor para levar muito a sério, e que a atenção e os recursos que a ele são dedicados têm de ser proporcionais a essa importância e a esse relevo. Em segundo… Em segundo lugar, estimular a procura. De uma forma mais eficaz, mas também mais inteligente, utilizando as ferramentas que hoje estão disponíveis para quem pretenda fazer este tipo de atividade. É isto que temos já feito e com resultados que nos animam, mas que também nos obrigam a pensar e perceber como é que vamos continuar nesse caminho e aumentar a procura da oferta turística portuguesa. Há uma vertente de curto prazo, mais orientada para a venda, e uma componente de mais médio e longo prazo, mais orientada para a marca, onde também as componentes on-line são cada vez mais importantes. Terceiro… Terceiro pilar, o da gestão da oferta. Aqui temos alguns instrumentos, que não são imensos, do tipo financeiro e regulamentar, que nos permitem fazer isso. Mas também não acreditamos que o instituto deva ter um papel de player direto no mercado, não somos estatistas nesse sentido. Para além dos instrumentos, e mais importante que isso, temos uma obrigação de prestar ao setor uma informação estrategicamente relevante para que as decisões de quem investe possam ser, do lado da oferta, cada vez mais bem tomadas, cada vez mais bem-sucedidas. E finalmente… Em quarto lugar, uma preocupação importante, a de qualificar todo o setor de uma forma geral - e incluo aqui o Turismo de Portugal - tornando-o cada vez mais pro-

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“Nós investimos, ou estamos a pensar que este ano vamos investir um total de cinco milhões de euros no marketing on-line” fissional, mais competente, prestando-lhe informação não só do ponto de vista estático mas também do ponto de vista das melhores práticas que estão a funcionar em cada uma das vertentes do mercado e usando a nossa rede de escolas e as nossas parcerias com as universidades para qualificar o setor de uma forma generalizada. O que já foi feito no sentido de dar corpo a esta estratégia? Em cada um dos pilares têm sido dados passos importantes. Na afirmação do setor acho que é evidente, para todos quantos acompanham esta atividade, que o destaque que lhe tem sido dado e as recentes proclamações públicas de pessoas com responsabilidades nesta área, de que o turismo é a atividade que em Portugal mais tem contribuído para a recuperação económica e mais pode estar na primeira linha da criação de emprego e do desenvolvimento económico futuro, são já reflexo de um esforço continuado e de um trabalho consistente de colocar exatamente o turismo nessa frente. Mas que consequências tem isso na prática? Por vezes são apenas palavras… Sim, às vezes são apenas palavras. O que eu gostaria que acontecesse, como já disse, é que isto se refletisse numa muito maior atenção e sobretudo numa muito maior dedicação de recursos ao desenvolvimento do turismo em Portugal. Estamos aqui a falar da importância que o turismo tem de ter nos regulamentos dos programas operacionais dos fundos comunitários, no relevo que o turismo tem de ter na presença nos fóruns onde são tomadas as decisões de política económica, transversalmente, estamos a falar da representação externa dos interesses

turísticos portugueses. Em todas as frentes têm sido conseguidas algumas coisas e estou convicto que continuaremos a ter resultados palpáveis nos próximos meses. Estimular a procura, falamos também de promoção, que é um tema que suscita sempre muitas paixões. No entanto o setor não conhece o que se faz, qual o trabalho do TdP, qual é o plano de marketing… É uma crítica razoável. Acho que temos de fazer um trabalho melhor na nossa própria comunicação interna e nesse sentido eu espero que, a muito breve prazo, possamos fazer exatamente isso, uma apresentação do plano de marketing e da estratégia global do Turismo de Portugal, de uma forma pública, participada, para que as pessoas possam saber o que está aqui a ser feito. Porque algum do desconhecimento que refere está na base, de facto, de faltas de entendimento e de coordenação entre os vários agentes. Vão comunicar tudo em pormenor? Como toda e qualquer medida de comunicação, o teor será adequado à audiência. Portanto, em função do momento e do contexto em que decidirmos fazer essa apresentação, o conteúdo será adaptado. Não acredito muito em dar de tal forma detalhe, especialmente numa área em que toda a gente acha que tem uma opinião a dar. No entanto, acho importantíssimo que as pessoas saibam quais são as prioridades que estão a ser adotadas e o peso que está a ser posto por detrás de cada uma. Nesse sentido vamos dar o detalhe suficiente. Mas os empresários precisam saber, até para poderem eventualmente alinhar os seus próprios planos… Para isso haverá, de certeza, dados suficientes. Fizeram a apresentação da vossa aposta digital. Será que faz sentido meter todos os ovos no mesmo cesto? Mas não há ovos todos no mesmo cesto. O que transpareceu da apresentação foi que, do ponto de vista daquilo que era a promoção no sentido da publicidade, tinha havido uma deslocação substancial, quase

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Entrevista

total, do off-line para o on-line. Isso sim, do ponto de vista da publicidade. Mas o orçamento da promoção vai muito além da publicidade. Mas mesmo na publicidade… Há mercados, como o alemão, onde os turistas compram muito off-line… Isso é comercialização. A gestão da motivação não tem nada que ver com a gestão da compra. E é na gestão da motivação que a publicidade age. É na criação da vontade, na procura. Criar pelo on-line procura na cabeça de um alemão, que depois se desloca ao seu distribuidor ou à sua agência de viagens local para fazer a compra, é um processo tão eficaz e tão lógico como aqueles que compram diretamente on-line depois de terem criado essa vontade também online. Aí não vejo que seja ineficaz de todo. Acho que o que é importante perceber é que as campanhas off-line, para fazer exatamente o mesmo tipo de impacto, são incomensuravelmen16

“Não estamos particularmente satisfeitos com a forma como estamos estruturados para tratar a Meeting Industry” te mais caras e incomensuravelmente mais difíceis de medir em termos de retorno e hoje em dia muito menos eficazes. Estas são campanhas maioritariamente b2c. Qual o tipo de promoção que fazem junto dos canais de distribuição? Continuamos e reforçámos aquilo que eram já atividades bastante frequentes e intensivas de contato com operadores e de workshops entre empresas nacionais e operadores e agentes dos mercados que são prioritários. Essas atividades, mais b2b, continuam e foram reforçadas. Fa-

zem parte do orçamento, uma parte quase tão importante como a aposta no on-line. Qual o orçamento para estas ações? Nós investimos, ou estamos a pensar que este ano vamos investir um total de cinco milhões de euros no marketing on-line, e essa atividade de vário tipo de apoio a operadores, contatos, educacionais e workshops com operadores e agentes, aproximar-se-ão dos quatro milhões e meio. Essa verba inclui os apoios diretos que fazem a operações? Também. Há muitas dessas operações em marcha? Há constantemente contatos, uns dos quais recebemos e outros que provocamos nós próprios, sendo que em algumas operações conseguimos chegar a acordo e noutras não. Mas em 2014 teremos mais REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


Entrevista

ações, com um valor superior ao que tivemos em 2013. E no que diz respeito ao segmento MI? Não estamos particularmente satisfeitos com a forma como estamos estruturados para tratar a Meeting Industry. É um produto turístico muitíssimo importante, dos mais interessantes do ponto de vista do retorno direto, e achamos que aquilo que temos dentro de casa talvez não seja o mais produtivo do ponto de vista da captação de eventos. Há um fundo de captação de congressos também a funcionar, mas com verbas relativamente baixas para o nível de necessidades que alguns desses eventos podem precisar. Resumindo, tenho a intuição de que não será neste momento a melhor estrutura e é possível que no Turismo de Portugal queiramos ter em relação ao Meeting Industry uma atitude mais proactiva e mais estruturada. Mas desde já que fique claro. É uma atividade onde há muita concorrência, incluindo concorrência entre cidades dentro do mesmo país. O papel do Turismo de Portugal não pode ser arbitrar entre localizações alternativas de eventos em Portugal. Tem de ser o de criar condições para que os promotores desse tipo

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de eventos melhor possam competir e mais vezes possam ganhar nessa mesma captação. Como disse, acho que podemos fazer mais, estamos atentos a isso e, provavelmente num futuro próximo, teremos novidades a esse propósito. Sobre o PENT, que se lhe oferece dizer? Iniciámos, em setembro, algo que considero importante, que foi um conjunto de conferências que designámos Turismo 2020, para colar com a designação Portugal 2020 que é a designação com que vai ficar este próximo Quadro Comunitário. Nestas cinco conferências iniciámos um processo de discussão estratégica, paralelo ao início da revisão do PENT. E que aparentemente não é consensual… As pessoas querem colocar no documento várias utilidades e, como tantas vezes acontece, quando algo serve para muita coisa raramente é excelente nalguma delas. É preciso que se defina rapidamente para que é que se quer ter o plano estratégico e como. Reconheço sobretudo a importância de preparar um plano estratégico, pois obriga a pensar estrategicamente. Às vezes o processo é

“Acho que os fundamentos da intenção de ter um novo modelo de promoção mantêmse intactos” muito mais interessante que o documento, sobretudo pelas participações e opiniões que pode reunir. Este ciclo de conferências do turismo 2020 teve essa preocupação estratégica mas teve sobretudo a preocupação de chegar ao fim com uma consensualização, também ela estratégica, entre as entidades todos do setor, regionais, nacionais, públicas, privadas, políticos e empresários, sobre a estratégia do turismo e aforma como ela se insere nos quadros comunitários. Relativamente à rede externa. Qual a sua visão? Cada mercado é um mercado e mais importante que dizer quem é que desempenha as funções, é perceber quais as funções que, nesta delegações, devem ser desempenhadas. A primeira das quais é fornecer ao Turismo de Portugal, sede, mas também ao setor, especialmente a este, informação sobre o que se passa

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Entrevista

nesses mercados. Do ponto de vista da própria procura, e da concorrência a que o destino Portugal está sujeito nesses mercados emissores. Essa é a função mais nobre, mais rica e mais válida dessas equipas. Depois têm uma função igualmente importante mas já de segunda derivada que é facilitar o acesso, aos agentes privados portugueses que nesses mercados queiram desenvolver os seus negócios. Abrir portas, voltar a dar informação de base, aí já mais fina, e facilitar os contatos que sejam necessários para que esses negócios se verifiquem. As equipas de turismo no Turismo de Portugal têm tido uma vida relativamente atribulada porque estão hoje em dia inseridas nas delegações do AICEP, têm um reporte duplo às missões diplomáticas e à casa mãe e isto é algo em que estamos a trabalhar, é um processo mais lento mas vamos, também até ao fim do ano, fazer algumas alterações. Preconiza uma alteração de tutela? Não me faz muita diferença como é que a tutela está definida. O que faz total diferença é a forma como os objetivos dessas equipas estão definidos, quem os controla e que tipo de consequências é que os sucessos ou insucessos na obtenção desses objetivos têm. O que quero garantir é que o Turismo de Portugal possa atribuir a essas equipas e aos delegados de turismo em cada país objetivos claros, quantificados, os recursos para os poderem atingir e, no caso de ser necessário reforçar recursos, justificar porquê, ou, no caso de não atingirem objetivos, explicar porquê e que isso tenha consequências na forma de gerir as equipas. Isso é o que eu quero garantir, independentemente da tutela ser dupla ou singular. Trata-se afinal de assegurar uma maior

“…a resolução dos problemas de sazonalidade nunca pode ser só assegurada pelas autoridades de turismo, mas tem de ser uma solução integrada” 18

gestão das equipas de turismo que, em muitos casos, têm muita dificuldade em assumir o seu próprio papel. Dar também muito mais uniformidade ao trabalho das várias equipas. Os mercados são todos muito diferentes entre si, mas a forma de medir sucesso ou insucesso em cada um é muito mais similar do que as caraterísticas de base que podem ser diferentes em cada mercado. Ou seja, uma pessoa tem um objetivo de crescimento num determinado mercado, esse objetivo é definido tendo em conta o ponto de partida e tendo em conta as condições que podemos gerar para que se verifique. Este raciocínio é igual para todos os mercados. É isto que queremos uniformizar também, dando portanto uma muito maior noção de acompanhamento e de propósito a essas equipas. Creio que ainda em 2014 poderão haver alterações nesse sentido, ou no início de 2015. O recurso a empresas locais de representação é uma opção? Por vezes é uma alternativa que nos surge como mais conveniente, ou porque o conhecimento dessas entidades é superior aquele que poderemos obter nomeando alguém de Portugal, ou porque, no caso concreto de um mercado, os recrutamentos que necessitamos fazer não são possíveis a partir de Portugal por motivos que hoje em dia são conhecidos na contratação pública e de pessoas para a função pública. Não é uma tarefa nem rápida nem simples. O Turismo de Portugal está muito espartilhado pelas regras da contratação pública? Não só o Turismo de Portugal mas todas as entidades públicas. Mas eu não sou pessoa de me queixar, pelo que não vou dizer que no Turismo de Portugal, nesse ponto de vista, seja pior que em outras instituições que estão sujeitas às mesmas regras. O que digo é que o Turismo de Portugal é, talvez a par do AICEP, mas ainda mais no nosso caso, a entidade que mais contratos faz fora do País, que maior valor de contratos faz fora do País, que maior número de pessoas precisa de recorrer, quer próprias, quer contratadas fora do País, e com necessidades de ur-

“Posso anunciar aqui que a partir de 2015 vamos reativar a Conta Satélite” gência e de velocidade que também não são similares à maior parte das instituições e agências públicas em Portugal. Portanto, o impacto que essas medidas e esses constrangimentos têm hoje em dia na atividade corrente do Turismo de Portugal é mais lesivo no nosso caso do que noutras agências. É esse trabalho também eu temos feito junto das tutelas políticas para que percebam que, se o Turismo tem importância e se precisa de mover a determinada velocidade, não pode estar permanentemente limitado por procedimentos que não se adequam à sua atividade. E tem tido sucesso? Temos. Não tanto como gostaríamos, como sempre, mas já conseguimos acelerar alguns processos que no passado não conseguíamos. Uma das premissas do cargo para o qual foi eleito era preparar o Turismo de Portugal para uma maior participação dos privados. Nesse âmbito, existiram diálogos com a CTP para a criação de um novo sistema de promoção. Qual o status e a sua visão sobre este tema? Eu sempre disse que um dos motivos pelos quais esse processo não teve resultados tão rápidos quanto se gostaria foi porque se falou cedo demais. Por isso não vou correr o mesmo erro e não vou fazer autópsias de um processo que, para mim, não está morto de todo. Pelo contrário. Acho que os fundamentos da intenção de ter um novo modelo de promoção mantêm-se intactos. Maior participação dos privados, melhor utilização de fundos, independência dos ciclos políticos e aumentar o profissionalismo e a eficácia da promoção. E esses critérios, esses objetivos, mantêm-se integralmente intactos. Acho que vai acontecer uma maior participação dos privados e uma maior independência das decisões de

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Gabinete Jurídico

promoção em relação aos ciclos políticos e isso vai acontecer num contexto em que eu espero poder contar com recursos maiores dos que tivemos no passado. Em que modelo? Resta a questão do modelo e do formato propriamente dito, da estrutura. Estou muito mais preocupado com o resultado final do que propriamente com a institucionalização do processo. E portanto, também aí, gostaria de até ao final do ano poder dizer que temos aqui uma solução que, não sendo aquela que se calhar em termos públicos foi debatida nalguns fóruns, a meu ver precocemente, repito, é uma solução que cobre os principais objetivos e é sobretudo um princípio de um processo que esteve demasiado tempo parado, de reaproximação entre interesses públicos e privados, na promoção externa do destino Portugal. Então será ainda este ano… É, porque tem que ver com a forma como fica desenhado também o Quadro Comunitário de Apoio e, portanto, se esse fica desenhado até ao fim do ano, esta solução faz parte deste processo. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014

Permanece, todavia, um enorme desfasamento entre a apresentação dos vossos planos e os timings de orçamento das empresas… Acho bem que me faça essa pergunta porque é preciso pôr aqui uma qualificação. Eu não tenho ainda, enquanto presidente de um instituto público, a informação e a orientação de qual é o meu orçamento para 2015. Portanto, aquilo quer vamos poder apresentar - e que achamos que é conveniente que seja apresentado, - terá de estar sempre sujeito a essa última, eventual, indicação ou alteração. Mas independentemente disso, ou até por isso, como há pouco referia que os pormenores finos não são o mais importante, o importante é apresentar as prioridades com detalhe suficiente para que as pessoas que estão a ouvir possam dar a sua opinião e possam adaptar os seus planos a esse enquadramento. Mas sim, temos de facto algumas limitações, algumas próprias, outras que são do próprio orçamento de Estado. Estar sempre à espera do OE dificulta a gestão… É verdade, em tese, mas também devo dizer que o orçamento do Turismo de Por-

tugal já foi reduzido em praticamente 30% nos dois últimos exercícios, e não foi por isso que investimos menos em promoção. Saberemos, certamente, reorientar os nossos recursos para que aquilo que achamos que é essencial não seja prejudicado. Há coisas que ficarão para trás por fazer, mas não tem sido a promoção, e como referi antes, ao falar do estímulo da procura e a eficácia da promoção como um dos quatro pilares fundamentais, não será aí que os cortes se farão sentir na sua plenitude, embora não possa garantir que não haja reajustamentos. O atual modelo de contratualização irá, assim, permanecer em 2015… Sim, por impossibilidade de tempo, sim. Mas talvez num outro entorno em que seja possível muito maior coordenação não só entre as entidades que já hoje contratualizam mas também com outras que ainda estão fora desse processo mas que possam, do lado da iniciativa privada, participar mais diretamente. Como por exemplo? As empresas privadas que não fazem parte das ARPTs mas que possam ter interesse 19


Parceiros

em participar nos planos que virão a ser contratualizados. Para mim seria também um excelente sinal, além de que seria muito mais lógico de gerir, que as associações empresariais das várias fileiras do turismo tivessem cada vez mais representatividade e cada vez mais capacidade de chegar junto do Turismo de Portugal e propor soluções. Era muito mais eficiente do ponto de vista dos resultados turísticos que poderíamos obter.

como consegue, depois, cativar pessoas para o visitar. Depende das atividades que tem todo esse território, o próprio ou os limítrofes, para oferecer às pessoas que o visitam. O truque vai ser conseguir dar à indústria do Turismo uma lógica territorial integrada e coordenada – não tem de ser nacional, mas tem certamente de ser trans-regional – para que possa encaixar naquilo que é a filosofia deste novo Quadro. É nisso que estamos a trabalhar.

O novo Quadro Comunitário terá uma linha para o turismo? Está ainda em curso, não vou dizer o que já foi conseguido, mas posso dar uma pista. Este Quadro Comunitário tem, em relação a outros, uma diferença que pode ter alguns impactos substanciais que é uma muito maior influência da base territorial das estratégias que vão ser apoiadas. Isso para o turismo só podem ser boas notícias, porque o Turismo é uma indústria de base territorial. Existe, frutifica, é bem ou mal sucedido em função do território que ocupa, da forma como o ocupa e da forma

Haverá, contudo, verbas próprias para o Turismo? Não é, propriamente, nossa preocupação que haja verbas exclusivamente afetadas ao Turismo. Não acho que isso seja o mais importante. Até porque há várias indústrias que não têm verbas diretamente afetadas e fazem muito boa utilização delas. O truque está em conseguirmos posicionar-nos, quer do ponto de vista dos projetos que submetemos, quer da forma como nos articulamos, neste caso, entre as empresas – portanto, cooperação em rede – e o território – portanto, as várias regiões. Os

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planos operacionais regionais continuam a ser muito importantes no contexto do Quadro Comunitário, é este o truque para conseguir maximizar o apoio. E estou muito confiante de que vamos conseguir verbas, não garantidas à partida, mas efetivamente despendidas e desembolsadas na prática, ao longo do Quadro Comunitário, se formos inteligentes na forma de nos posicionar – estamos a tentar sê-lo do ponto de vista regulamentar – mas depois caberá às empresas privadas, às associações e às suas várias formas de cooperar, garantir que conseguem aproveitar o máximo. Qual o papel financeiro do TdP? Temos na nossa função financeira duas grandes áreas. Aquela que é, no fundo, a administração dos fundos comunitários, dos sistemas de incentivos, diretos às empresas, e temos as nossas próprias linhas de apoio. Em cada um deles estamos em permanente avaliação sobre se estamos a conseguir funcionar da forma como gostaríamos, se estamos a conseguir chegar às empresas, se estamos a conseguir colocar REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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Entrevista

o dinheiro. No caso do Quadro Comunitário, este está em transição, aguardemos para ver como é que o sistema de incentivos vai ficar regulado, mas tenho esperanças que fique mais finamente regulado que no passado, de forma a poder encaixar uma série de projetos que no passado não era possível. Mas aqui temos sempre a limitação de haver áreas do território que já estão fora do objetivo I e que portanto têm sempre muito maior limitação. Até por isto, temos as nossas próprias linhas de apoio para requalificação da oferta, para apoio à tesouraria e para a consolidação financeira, para que as empresas possam também recorrer diretamente a fundos do Turismo de Portugal. Nesse particular, num passado não muito longínquo, tomámos a decisão de nos associarmos ao sistema bancário, para que sejam eles a fazer a avaliação de crédito e, portanto, introduzir aqui uma lógica de mercado nos projetos que são submetidos.

intervenção estimuladora,

Num outro tema, a sazonalidade, preocupa-o? O tema da sazonalidade é talvez aquele que, do ponto de vista quer teórico, quer prático, mais dificuldades traz. É de facto um problema muito difícil de resolver e é daqueles onde, eu estou hoje convencido, mais importante se torna a noção de transversalidade da atividade turística. O Turismo não existe numa bolha isolada do restante da economia, do restante da sociedade e das atividades económicas que têm lugar em cada território. É verdade que quanto mais o território cresce, do ponto de vista turístico, na sua época alta – e todos a têm – maior é o risco de aumentar o fosso entre a ocupação da época alta e a ocupação da época baixa, aumentando o risco da necessidade de encerramentos e esse iô-iô muito preocupante do ponto de vista da atividade, do ponto de vista do emprego. Quando é que isto não acontece? Quando há atividade económica e procura de residentes suficientemente forte nas épocas baixas para as sustentar. Diria que a resolução dos problemas de sazonalidade nunca pode ser só assegurada pelas autoridades de turismo, mas tem de ser uma solução integrada. Mas temos de fazer alguma coisa.

antes pelo contrário.”

O mercado nacional não é suficiente…

Estamos a falar dos protocolos? Sim, temos protocolos com todo o sistema bancário português. Os empresários que tenham nisso interesse candidatam-se a esse fundos, sendo que a análise de risco é feita pelos bancos que são quem tem competência e quem reflete no mercado o real risco das situações, dando nós a nossa opinião técnica sobre a valia e o mérito de cada projeto e depois assegurando metade dos fundos que estão em causa, com condições, obviamente, muitíssimo mais favoráveis que aquelas que os bancos fazem normalmente. Exigindo-se rácios por vezes difíceis de assegurar no setor… Não faria sentido um instituto público não ter as mesmas regras de risco. Daqui a uns anos estariam a perguntar porque é que esses fundos não tiveram o retorno que

“quer no Algarve como no resto do País, não temos tido qualquer espécie de

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deviam ter tido, e porque é que haveria situações de incumprimento ou imparidade relativamente a essas situações. Não sendo a situação ideal, sobretudo pelo momento que se viveu, do ponto de vista do sistema financeiro, é a forma lógica de atuar. Mas essas linhas têm de estar orientadas para o consumidor, neste caso, o utilizador do financiamento e se elas por algum motivo – e é o caso, por exemplo, da linha de apoio à tesouraria – têm uma utilização inferior aquela que nós consideraríamos normal, porque há empresas com necessidade de apoio à tesouraria, sobretudo nas épocas baixas, haveria que saber porquê. Nessa avaliação contínua de que já falei, estamos a tentar perceber se é um desenho da própria linha, se é um problema comercial, do conhecimento sobre a linha chegar aos eventuais interessados. E se for essa a conclusão, vamos naturalmente torna-las mais visíveis.

“As equipas de turismo no Turismo de Portugal têm tido uma vida relativamente atribulada porque estão hoje em dia inseridas nas delegações do AICEP” Nunca foi e temos de ter consciência que a oferta, o produto turístico, não independe da época do ano. Um produto pode ser excelente numa época do ano e pouco atrativo noutras. Portanto, isso é um dado do problema que, para quem trabalha o consumidor, tem de ser visto adequadamente. Não é alterável por decreto nem por milagre. Tendo esta dificuldade – e é uma das minhas preocupações, porque é uma daquelas em que o relevo e a importância do turismo, a sua transversalidade e o reconhecimento disso por parte dos decisores, pode levar, espero eu que ainda durante o nosso mandato, a que haja uma vontade de olhar para este problema com uma noção muito mais alargada e integrada. O Turismo de Portugal tem também influência, em todo o caso, na oferta… Sim, e como sabe, em relação à oferta de novas camas, quer no Algarve como no resto do País, não temos tido qualquer espécie de intervenção estimuladora, antes pelo contrário. Mas há que dizer que não somos estatistas nem queremos intervir no mercado ao ponto de proibir ou evitar a iniciativa privada. Houve de facto iniciativas no sentido de mitigar o problema da sazonalidade, de vários tipos, a mais recente, no Algarve, diz respeito a fomentar a existência de novos lugares em companhias aéreas para chegar lá com mais facilidade durante o inverno, com resultados que não são extraordinários mas também não são negativos. Aprendemos alguma coisa na forma de o fazer, vamos insistir nessa solução para o inverno 2014-2015, mas será sempre uma solução relativamente menor para a dimensão do problema. Por muito que funcione. No ano passado colocámos à disposição, nesse tipo de acordos e iniciativas, cerca de 29.000 lugares, portanto REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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se conseguirmos fazer melhor e chegarmos aos 40-50.000, durante a época baixa, é pouco para aquilo que o Algarve precisaria. E mesmo assim não tivemos ocupação plena desses lugares e com reflexos em dormidas e em gastos um pouco díspares entre mercados de origem. Aprendemos com essas disparidades, vamos corrigir alguns aspetos, intensificar os que funcionaram. Isto passa, sobretudo, pelos acordos com os operadores. Por falar em transversalidade, foi anunciada há já bastante tempo, a criação de um conselho interministerial de orientação estratégica para o turismo. Que reflexos teve? Não tenho conhecimento de qualquer reflexo, portanto provavelmente nem o setor turístico nem os setores que com o turismo deveriam cooperar deram suficiente importância ao assunto. É ainda um desafio por concretizar. Qual a sua visão sobre organismos regionais, ERTs, ARPs? Há quem mantenha que são demasiados… Não tenho nenhuma opinião sobre se são muitas ou poucas e a Lei 33 é relativamente recente. Independentemente do número de entidades, o que eu acho é que a coordenação é muito deficiente. Alguns dos problemas de coordenação derivam da própria estrutura da Lei, mas é ainda muito recente. Mas uma coisa terá sempre de haver, que é as pessoas preocuparem-se mais com aquilo que são os resultados práticos de captação de turistas e desenvolvimento das suas regiões, do que com projetos de poder pessoal, ou de destaque, ou de intervenção, que acabam depois por impedir que haja a tal cooperação e o trabalho em rede que há pouco referia a propósito dos fundos comunitários. Isso também é um aspeto importante. Se conseguirmos que as regiões colaborem mais entre si, teremos muito mais facilidade de ter acesso a recursos. Outra problema com que o setor se depara é a falta de Estatísticas. Que está a fazer nesse sentido? Eu não quero falar de estatísticas, quero falar de informação, na qual as estatísticas têm um papel importante. As estatísticas

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só por si são estáticas, olham para trás, e nós precisamos muito mais de informação dinâmica e de também poder olhar para a frente. Os quatro pilares, todos eles, sem exceção, beneficiam enormemente da qualidade e profundidade da informação que estiver ao dispor do setor e de todos os seus agentes. O Turismo de Portugal tem a obrigação de ser o sítio onde essa informação está disponível, fidedignamente e atempadamente disponibilizada. É por termos essa consciência que vamos iniciar, no Turismo de Portugal, um projeto de alguma dimensão, de criação de um sistema de business intelligence que possamos colocar ao dispor do setor. Dentro deste objetivo, a primeira preocupação foi garantir que na informação que é produzida por entidades públicas, INE e Banco de Portugal, voltássemos a ter o nível de informação que já tivemos no passado. Posso anunciar aqui que a partir de 2015 vamos reativar a Conta Satélite. É natural que este hiato de quatro ou cinco anos possa necessitar de afinações metodológicas que nos impeçam de usar a conta logo nos primeiros meses, mas temos de recomeçar. Mas repito, a estatística, sendo importante, é apenas uma das componentes da informação que, como um todo, precisamos prestar ao setor. E digo mais, a informação é importante, quer do ponto de vista das decisões que tomamos aqui em Portugal, quer do ponto de vista da comparação que fazemos com outros mercados, sejam eles concorrentes, sejam emissores. Nesse sentido, esta tem sido uma matéria que temos discutido aprofundadamente na OCDE, na OMT e na European Travel Commission porque sabemos que eles têm problemas similares aos nossos e diferenças metodológicas que não se justificam. Temos de ser muito mais rigorosos e muito mais exigentes com a informação que utilizamos e que produzimos. Sobre eventos, a decisão sobre o Rally de Portugal e outros eventos é política? Não, é técnica. O dinheiro que teríamos de utilizar para apoiar o Rally de Portugal teria de sair doutras ações que, para nós, têm mais retorno. Tout court. Independentemente do local. Já deixamos

de apoiar outros eventos, a Volvo Ocean Race, o Ténis. Percebo que a decisão seja desagradável, mas e legitima. Como qualifica a sua relação com a APAVT? Confesso que as minhas relações com a APAVT foram as primeiras relações com o setor e tenho particular carinho por elas. Lembro que ainda não estava em funções quando fui convidado a estar presente no congresso em dezembro do ano passado, nos Açores. Apercebi-me então, não só da importância do congresso, no calendário das atividades do setor, mas da importância de charneira das agências de viagens em toda esta atividade. Com uma caraterística, para mim particularmente importante e interessante que é o fato de ser o ponto de valor da cadeia da oferta turística que mais está a evoluir do ponto de vista da sua inserção, que mais tem tido que se reinventar. Tem sido capaz – porque aí estão os resultados para o provar, a par da subsistência de muitas e até do desenvolvimento de muitas agências no nosso mercado – de dar ao consumidor valor além daquele que poderá ter perdido para as reservas diretas on-line um pouco por esse mundo fora. As pessoas substituíram o papel das agências em parte das suas necessidades, mas não passam sem as agências, e estas souberam-se tornar indispensáveis para os consumidores, sejam individuais sejam corporativos. Isso é um esforço de adaptação e de flexibilidade estratégica e de resiliência que acho deve ser um exemplo para todos. Como a APAVT representa essas caraterísticas tenho particular carinho por ela. Por outro lado, sei que muitas vezes a primeira imagem do destino Portugal é feita por agências portuguesas que dão aos seus parceiros estrangeiros a confiança suficiente de que vão estar a colocar um produto que tem qualidade e que vai agradar aos seus consumidores locais. Isso é inestimável para a indústria e tenho a certeza de que está também na base dos números bons que temos obtido no passado recente. Vai estar no congresso deste ano? Com certeza, passarei lá o máximo de tempo possível. É o sítio onde o setor está presente.

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Associativismo

XL Congresso Nacional

Turismo: desafios e responsabilidades «Turismo: Desafios e Responsabilidades» é o tema do 40º congresso nacional da APAVT, e que norteará todos os debates deste fórum do Turismo Nacional, a decorrer entre 5 e 8 de dezembro na cidade de Évora, no Alentejo, destino preferido da associação em 2014.

O

Vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, é o governante que este ano preside à abertura do congresso, agendada para as 15h30 de sexta-feira, 5 de dezembro. A cerimónia conta também com intervenções do presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, e do presidente do Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, e terá lugar na sala de plenário do Évora Hotel. Esta é a segunda vez que Paulo Portas preside a um congresso da associação, depois de Coimbra, em 2012, quando e ra e n t ã o m i n i s t ro d e E s t a d o e d o s Negócios Estrangeiros, durante o mandato de Cecília Meireles como secretária de Estado do Turismo. A ORDEM DE TRABALHOS A primeira sessão de trabalhos do congresso tem lugar imediatamente após a cerimónia oficial de abertura, contando com intervenções do advogado e exComissário Europeu António Vitorino, que foi também ministro da Presidência e da Defesa no gove r no de Ant ó nio Guterres, e de Adolfo Mesquita Nunes, igualmente advogado e atualmente secretário de Estado do Turismo. Ambos os políticos foram desafiados para falar sobre a sua opinião acerca dos desafios e responsabilidades de se ser português, numa perspetiva económica, sociológica, histórica, bem como a sua visão de futuro. Uma sessão inédita que reúne duas gerações e duas sensibilidades diferentes, embora inquestionavelmente prometedoras. 26

d a s p eç a s d e a r tes a n a to p rod uzid as na Quinta do Feijão. Paralelamente, será feita uma entrega, à Escola secundária André de Gouveia, de Évora, dos livros que os associados da APAVT adquiriram para o efeito, em resposta a uma circular enviada.

RESPONSABILIDADE SOCIAL Tendo como pano de fundo o tema da Sustentabilidade, o sábado vai começar com uma ação de Responsabilidade Social para a qual todos os congressistas são desafiados a participar. Esta ação vai decorrer na Quinta do Feijão, espaço da Cercidiana, cooperativa para a Educação, Reabilitação e Inserção de Cidadãos Inadaptados de Évora, e são muitas as atividades para os quais os participantes são chamados a colaborar, e a aprender com os utentes desta instituição. Desde a produção de artesanato, até à cozedura de pão, passando pela tecelagem e pela agricultura, o objetivo maior desta ação é permitir todos reconheçam que a inclusão é simplesmente um direito. Os congressistas terão posteriormente a possibilidade, no hotelsede do congresso, de adquirir algumas

SUSTENTABILIDADE NO TURISMO: DESAFIOS E RESPONSABILIDADES A primeira sessão da tarde de sábado é dedicada ao tema da Sustentabil i d a d e n o Tu r i s m o, q u e r n a p e r s p e tiva dos destinos turísticos como no das pr ópr ias empres as . Tendo c omo o ra d o r e s N a u t Ku s t e r s , r e s p o n s á v e l pela área de operadores turísticos e agências de viagens da Travelife, organização internacional que se ocupa a ajudar a criar viagens e férias mais sustentáveis, Nikki White, a gestora de Destinos e Sustentabilidade da nossa congénere britânica ABTA, e de Marta Cabral, coordenadora do projeto Rota Vicentina, esta sessão, moderada por Paula Alves (APAVT/Traveltailors), pretende explorar até que ponto a sustentabilidade é, crescentemente, importante no desenvolvimento do negócio turístico para Portugal e para as nossas empresas. DESAFIOS DA DISTRIBUIÇÃO AÉREA O presidente da Confederação Euro p e i a d a s A s s o c i a ç õ e s d e A g ê n c i a s d e V i a g e n s e O p e ra d o r e s Tu r í s t i c o s (ECTAA), Lars Thykier, o secretárioREVISTA APAVT · Nº39 · 2014


Associativismo

geral da Associação Europeia de Empresas de Serviços de Turismo e Tecnologia (ETTSA), Christoph Klenner, e o diretor europeu da IATA (Associação I n t e r n a c i o n a l d e Tr a n s p o r t e A é r e o ) para o NCD-New Distribution Capability, são os oradores do segundo painel da tarde de sábado, agendado para ter início às 17 horas, sob a moderação do secretário-geral da ECTAA, Michel De Blust. O estado das relações entre as agências de viagens e a IATA, as tendências e os desafios que se avizinham, são os grandes temas desta sessão, que se espera de muito interesse para a generalidade da audiência.

MARKETING DIGITAL O Marketing Digital domina a primeira s e s s ã o d a m a n h ã d e d o m i n g o, l o g o às 9h30. As razões por detrás da est ra t é g i a , a s o p o r t u n i d a d e s , p o s s i b i lidades e os desafios que se colocam aos destinos e às empresas do setor. Para o debate deste relevante tema da atualidade, o congresso convidou o especialista e autor Philip Weiss, a par do presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, do CEO da Viatecla, Pedro Seabra, e do Partner da Lxconsult, Raul Gonçalves. MI-MEETINGS AND INCENTIVES Logo de seguida, ainda na manhã de domingo, é tempo de debater os desafios da Meetings Industry em Portugal. Os fatores de atratividade do destino, o combate à sazonalidade, e as estratégias de venda e promoção,

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são alguns os tópicos de uma apresentação de Shawna Suckow, especialista e autora norte-americana, bem como do presidente da Visabeira Turismo, Frederico Costa, com a moderação de Eduarda Neves (APAVT/Portugal Travel Team). DESAFIOS E RESPONSABILIDADES DE SER PORTUGUÊS Na segunda-feira, último dia do congresso (e, acrescente-se, feriado), a manhã será preenchida com a intervenção do economista e ex-ministro da Economia Augusto Mateus, que na linha do que fizeram no primeiro dia António Vitorino e Adolfo Mesquita Nunes, vai falar sobre a sua visão sobre os desafios e responsabilidades de ser Português. Logo de seguida, terá lugar uma sessão de superação conduzida por Pedro Tânger, que irá claramente demonstrar a cada um dos congressistas que a perceção dos limites individuais pode ser sempre ultrapassada. A manhã termina com a cerimónia oficial de encerramento do congresso, embora os trabalhos prossigam, para associados, da parte da tarde. FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS As linhas de apoio ao financiamento das empresas: Oportunidades para as Agências de Viagens, é o tema de uma apresentação do administrador do Turismo de Portugal, Jorge Abrantes, a todos os Capítulos Setoriais da ass o c i a ç ã o, a g e n d a d a p a ra a s 1 5 h d e segunda-feira. REUNIÕES DOS CAPÍTULOS Às 1 6 h o ra s , in i c i a m- s e a s re u n i õ e s dos Capítulos da Distribuição, Operadores e Incoming. Com agenda própria, refira-se que os Operadores terão a oportunidade de assistir a uma apresentação do Guia de Experiências Enogastronómicas, por Ana Barbosa, antes dos temas mais específicos à sua a t i v i d a d e , e n q u a n t o o s m e m b ro s d o capítulo de Incoming poderão voltar a ouvir Shawna Suckow, desta vez sobre vendas e redes sociais.

PROGRAMA SOCIAL Nem tudo é trabalho nos congressos da APAVT e o convívio entre colegas e amigos constitui uma importante componente da agenda oficial. Assim, logo no dia da abertura, a 5 de dezembro, os congressistas vão usufruir de um jantar oferecido pelo Turismo do Alentejo e Ribatejo-ERT no Convento do Espinheiro, animado pelo Grupo de Cantares Alentejanos Rastolhice. No sábado, depois da ação de Responsabilidade Social na Quinta do Feijão, os congressistas são convidados para u m a l m o ç o d e Pe t i s c o s A l e n t e j a n o s n o É vo ra H o t e l , q u e c o n t a r á c o m a colaboração de alguns elementos da

Cercidiana. Nesse mesmo dia, a noite é da Travelport Portugal, que oferece um jantar na Pousada de Beja, animado com espetáculo de Luis Sequeira-The Voice. No Domingo, o almoço cabe ao Turismo de Macau, e tem lugar também no Évora Hotel. A última noite do congresso cabe à TAP Portugal, que oferece jantar no Jardim do Paço, animado com um espetáculo de Cuca Roseta. VIVER O ALENTEJO: 20 SÉCULOS A PÉ, COM PRÉMIOS No domingo à tarde, é tempo de conhecer Évora e os usos e costumes da região alentejana. O programa 20 séculos a pé consiste num conjunto de atividades que permitirão aos congressistas participar num animado desafio, por equipas, com a TAP Portugal a oferecer o primeiro prémio. A não perder!

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Associativismo

Ex-presidentes marcam presença no 40º Congresso da Apavt João Passos (2006-2011), Vitor Filipe (2002-2005), Atílio Forte (19951997), Duarte Machado (1992-1994), Carlos Luís (1986-1991) e Albino André (1969-1974), são os ex-presidentes da associação que vão estar presentes no congresso. «É uma parte importantíssima da História da nossa associação que muito nos honra acolher em Évora, verdadeiros exemplos de serviço aos agentes de viagens portugueses e à causa do Turismo Nacional, muitos dos quais, felizmente, ainda no ativo», afirma a propósito Pedro Costa Ferreira, o atual presidente da associação. «Desde Albino André que, enquanto presidente do então GNAVT-Grémio Nacional das Agências de Viagens e Turismo, foi o percursor dos nossos congressos com o lançamento do 1º fórum, em 1969, na então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, até ao meu antecessor João Passos, todos têm muitas histórias para contar, histórias que, unidas ao longo dos anos, constituem uma excelente montra da perenidade da nossa associação”

Onde ficar alojado? No congresso deste ano há opções de alojamento para todos os gostos. Desde logo, no Évora Hotel, unidade de 4-estrelas onde vão decorrer os trabalhos, que dispõe de 170 confortáveis quartos, com vista para a planície alentejana, jardim ou piscina. Com um jardim de dois hectares, duas piscinas exteriores e uma interior aquecida, health & fitness club, bar e os restaurantes Sol Poente e o Lounge Natural Living, é uma excelente escolha para quem goste de estar à distância de um passeio de corredor do local onde quase tudo acontece. D a m e s m a c a t e g o r i a , o E c o r k- É vo ra Suites & SPA oferece 20 suites, com 7 0 m 2 c a da . S e n d o u m d o s ma i s re centes 4-estrelas superior na região, esta unidade tem um design moderno e contemporâneo inserido no montado alentejano, recorrendo à cortiça no exterior do edifício principal, o que permite um isolamento térmico e acústico excecional, além de maior eficiência energética. O hotel dispõe de piscina interior, SPA e ginásio, bar e o restaurante Cardo. O M ’A r d e A r M u ra l h a s , t a m b é m d e 4-estrelas, dispõe de 91 quartos e destaca-se pela sua localização, no centro histórico de Évora, a apenas cinco minutos da praça do Giraldo, enquadrado pelas muralhas que lhe dão o nome. O hotel tem piscina, ginásio, bar e o restaurante Sabores do Alentejo, sendo ideal para quem prefira estar mais perto

Regiões marcam presença no congresso da APAVT As cinco regiões de turismo do continente, bem como as duas insulares, também são presenças confirmadas no 40º Congresso Nacional da APAVT, que irá decorrer em Évora, de 5 a 8 de dezembro. António Ceia da Silva (Alentejo e Ribatejo), Melchior Moreira (Porto e Norte de Portugal), Pedro Machado (Centro de Portugal), Vitor Costa (Lisboa), De-

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sidério Silva (Algarve), Cristina Ávila (Aç ore s ) e C a r m o Fo n t e s ( M a d e i ra ) , asseguraram já a sua inscrição no principal fórum de debate turístico nacional. Também os dirigentes de várias ARPTs, designadamente Vitor Silva (Alentejo), Carlos Luís (Algarve) e Francisco Gil (Açores), são presenças confirmadas no mais importante fórum de debate turístico nacional.

do coração da zona classificada como Património Histórico da Humanidade. De arquitetura sofisticada e algo arrojada, o Vitória Stone Hotel é uma unidade de 4-estrelas onde o recurso à pedra domina a decoração. Situado na cidade, oferece 48 quartos, uma piscina exterior panorâmica, ginásio e SPA, bares e o restaurante 5 Amêndoas. Trata-se de outra excelente opção a considerar, para os que, como no caso anterior, prefiram estar no centro da cidade, ainda que a uma curta distância do hotel-sede. O Best Western Plus Hotel Santa Clara é uma unidade de 3-estrelas, igualmente localizada no centro histórico de Évora, a poucos metros da Sé Catedral, e que dispõe de 41 quartos, tendo sido recentemente renovado. O hotel B&B Évora arvora o conceito e c o n o - c h i c B & B e , n o l o c a l q u e e ra uma praça de touros de cuja fachada mantém uma parte, a três minutos da praça do Giraldo, dispõe de 80 quartos. A decoração dos quartos é minimalista e esta unidade, conquanto assegure pequenos-almoços, não dispõe de restaurante. Para os congressistas que procurem uma categoria superior, o hotel Convento do Espinheiro é uma das alternativas a considerar. Localizado num edifício conventual do século XV, oferece 92 requintados quartos, dois restaurantes, o Divinus e o Claustrus, três bares, piscina exterior e interior aquecida, e um SPA. Outra opção de 5-estrelas, o hotel M’Ar de Ar Aqueduto é a única unidade desta categoria na cidade de Évora, estando l o c a l i z a d o n o C e n t ro H i s t ó r i c o. Uma adaptação de um antigo palácio quinhentista, o hotel oferece 64 quartos, um SPA, o restaurante Degust’Ar, bar e piscina exterior. Com 36 quartos, a Pousada de Évora, C o nve n t o d o s L ó i o s , c o n s t i t u i o u t ra opção de elevada qualidade. Situada no centro da cidade, entre a Catedral e o Templo de Diana, esta pousada histórica, no antigo mosteiro de São João Evangelista, oferece 36 quartos, piscina interior e exterior, bar e um restaurante. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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Tecnologia

Turismo e tecnologia: para onde nos levam? Os paradigmas da indústria de viagens mudaram e a antecipação das necessidades de clientes e parceiros é essencial para quem pretende deixar um marco no setor. Quem não fizer check-in está alertado: vai perder este “voo”.

A

ssistimos diariamente ao impacto da mudança dos paradigmas de negócio do setor do turismo, resultante da evolução tecnológica e social, cujo ritmo alucinante implica uma proatividade nunca antes vista. O “boom” da Internet, que permite um acesso rápido a um variado leque de propostas, a proliferação de smartphones e aplicações, bem como o crescimento do segmento low cost (refletido na hotelaria e na aviação de forma incontornável) são apenas algumas das muitas variáveis que obrigam a que todos os agentes da indústria de viagens promovam novas estratégias e antecipem as necessidades de consumidores e parceiros de negócio. Há já mais dispositivos Android ativados do que nascimentos de bebés. Em média, cada pessoa olha para o telemóvel 150 vezes por dia. Em 2017, haverá mais smartphones do que pessoas. Em 2020, teremos 50 vezes mais informação digital da que temos hoje. Interessa, por isso, perceber de que forma os diferentes players do setor têm sabido ou têm tentado adaptar-se à atual conjuntura e às transformações em curso. Um dos exemplos está nos resultados apresentados pela IATA, segundo os quais em 2014 os serviços auxiliares das companhias aéreas, até aqui provavelmente menos considerados no que toca ao retorno que podiam proporcionar, vão representar ganhos na ordem dos 13,93 euros por passageiro. 87 por cento dos ganhos em serviços auxiliares derivam do online. No entanto, 60 por cento da receita das companhias aéreas continua a resultar das reservas através dos GDS’s. Aliás, de acordo com uma pesquisa da Travelport, 84 por cento dos agentes de viagens continuam a ver muito mais vantagens em aceder e vender conteúdos através dos GDS’s. Este dado prova que os sistemas de distribuição global não estão offline, ao contrário do que muitos vaticinaram. No caso da Travelport, a palavra de ordem é “redefinir” de forma a encontrar novas propostas de valor. A multinacional assume-se hoje como uma 30

plataforma de distribuição que tem como objetivo redefinir o comércio de viagens, deixando em desuso a mera classificação de sistema de distribuição global, conceito assumido há 40 anos, quando a empresa foi criada com o foco apenas nos processos básicos de transações de viagens. As soluções inovadoras eNett, que permitem pagamentos eletrónicos seguros entre agências de viagens e fornecedores; a expansão dos conteúdos no segmento hoteleiro – com a possibilidade de fazer reservas em tempo real para mais de 580.000 hotéis –; e o merchandising diferenciado para companhias aéreas, permitindo que as transportadoras se conectem à Travelport e distribuam todos os seus produtos, bem como serviços auxiliares e tarifas são outros desenvolvimentos em destaque que ultrapassam, em larga escala, o papel de um GDS. Nos últimos três anos, a Travelport investiu 400 milhões de dólares/ano na plataforma de comércio de viagens. A multinacional de turismo garante o armazenamento de 8 milhões de gigas de dados, processa 42 mil mensagens por segundo, dois mil milhões por dia, 730 mil milhões por ano. Diariamente, são criados 1,2 mil milhões de itinerários. Além da aposta permanente no incremento da capacidade de processamento de dados, o lançamento de soluções

A cada três minutos:

- São criados 2.425 sites. - Os utilizadores do Facebook partilham cerca de três milhões de conteúdos. - O Google terá resolvido mais de 8.500.000 pedidos de pesquisa. - É efetuado o download de mais de 199 mil aplicações da Apple. - Mais de 867 milhões de e-mails são enviados. - 15.300 fotos são partilhadas no Instagram. - A Travelport efetuou mais de 225 mil pesquisas nos diferentes segmentos (900 por segundo).

inovadoras que possam ir ao encontro das necessidades dos agentes de viagens e dos restantes parceiros, abarcando os vários segmentos de negócio, é uma prioridade da Travelport. TECNOLOGIA CEM POR CENTO NACIONAL JÁ ESTÁ EM 180 MERCADOS Um dos exemplos desse objectivo da Travelport na disponibilização de tecnologia de ponta é o Travelport Mobile Agent, solução que permite o acesso, através do smartphone ou tablet, a toda a oferta do sistema Galileo. A aplicação foi desenvolvida em parceria com a empresa portuguesa TTS – Travel Technology & Solutions, companhia especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a indústria do turismo. Lançado em 2011, o Travelport Mobile Agent já foi descarregado mais de 50 mil vezes em todo o mundo e está disponível em 180 mercados. A versão 3.0 está disponível desde julho e inclui novidades implementadas a partir das opiniões dos utilizadores, integrando alterações também a nível de design. Além de continuar o suportar as características do software original – incluindo a integração total da plataforma Galileo para os sistemas iOS e Android –, a versão 3.0 do Travelport Mobile Agent dispõe de novos gráficos e uma interface melhorada, oferecendo uma navegação mais fácil e acesso rápido à informação. Os agentes que utilizam a plataforma podem, inclusivamente, visualizar mensagens privadas no ecrã. Outra das novidades é o acesso a uma newsfeed com artigos sobre viagens e turismo. Com o TMA 3.0, os agentes de viagens podem ainda dar uma resposta rápida aos clientes através de comandos, criar atalhos personalizados e aceder a uma cloud – sincronizada e acessível em vários dispositivos – com histórico e registos de passageiros. A nova versão está também integrada com a Travelport ViewTrip, ferramenta que cria acesso a itinerários. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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Gabinete Jurídico

O direito a uma indemnização em caso de atraso considerável na chegada ao destino final Texto: Rui Colmonero A e vo l u ç ã o do Re gula me nt o C o muni t ár io n .º 2 6 1 / 2 0 0 4 de 11 de Fe ve re i ro e m v i r t u de da s re c e nt e s de c is õ e s do TJ UE . Nos últimos anos o uso do avião c o mo m e i o fre qu e n t e de t ra ns po r t e , seja a título de lazer seja a título profissional aumentou, tendo tal a um e n t o s i d o re fo rç a d o pe lo a pa re c ime nt o das c o m panhia s a é re a s Lo w Co s t . Com a necessidade de clarificar e re fo rç ar a l e gi s l a ç ão e m v igo r a níve l de D ire i t o s do s pas s a ge iro s de Tra ns p o r t e A é r e o , f o i c r i a d o o R E G U L AM E N TO ( C E ) N . º 2 6 1 / 2 0 0 4 D O PA RLAME N TO E UROP E U E D O C O N S E LH O de 1 1 de Fe ve re i ro d e 20 04 que ve io estabelecer regras comuns para a indemnização e a assistência aos p a s s a g e i r o s d o s t ra n s p o r t e s a é r e o s e m c as o de re c u s a de e mba rque e de c a nc e l am e n t o o u at ra s o c o ns ide r á ve l dos vo o s , re vo ga n do o, a t e e nt ã o e m v igo r, Re gu l am e n t o n.º 295/ 91 de 4 de Fe ve re i ro de 1 9 91 que , de ixo u de pre e n c h e r as n e c e s s ida de do c ida dã o utilizador do avião como meio de t rans po r t e . O Regulamento Comunitário n.º 261/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de Fevereiro é vulgarmente denominado como “ D e ni e d B o a rd C o m p e ns a t io n Re gula t io n” po i s ve i o de fo r ma c la ra de f inir e estabelecer quais os direitos que assistem a um passageiro em caso de : (i) Ca n c e l a m e n t o de um vo o ; (i i) Re c u s a de E m ba rque ( O ve r bo o king) c o n t ra a s u a vo nt a de ; (i i i) At ras o de vo o. 32

E aplicar-se-á em qualquer voo partir de qualquer aeroporto da UE ou com destino a um aeroporto da UE com uma companhia aérea de um país da UE ou da Islândia, da Noruega ou da Suíça. O regulamento (CE) nº 261/2004 veio definir que, em caso de cancelamento de voo ou recusa de embarque c o n t ra vo n t a d e , o s p a s s a g e i ro s t ê m direito a uma indemnização que varia consoante a distância do voo e que poderá ir de € 250,00 a € 600,00 por passageiro, nos seguinte termos: i ) € 2 5 0 , 0 0 p a ra t o d o s o s vo o s a t é 1500 quilómetros; ii) € 400,00 euros para todos os voos intracomunitários com mais de 1500 q u i l ó m e t r o s e p a ra t o d o s o s o u t r o s voos entre 1500 e 3500 quilómetros; iii) € 600,00 para todos os voos não abrangidos pelas alíneas i) ou ii). Na determinação da distância a considerar, deve tomar-se como base o último destino a que o passageiro chegará com atraso em relação à hora programada devido à recusa de embarque ou ao cancelamento. Adicionalmente, no Acórdão do Tribunal de Justiça de 19 de Novembro de 2009 “Sturgeon contra Condor Flugdienst GmbH”(C-402/07 e C-432/07) , o Tribunal de Justiça considerou que os passageiros de voos atrasados podem s e r e q u i p a ra d o s a o s p a s s a g e i ro s d e voos cancelados no que diz respeito ao direito a indemnização. Assim, o Tribunal de Justiça decidiu que se os passageiros de um voo atrasado chegarem ao seu destino final três horas ou mais após a hora de chegada inicialmente prevista, podem

pedir uma indemnização à companhia aérea a menos que o atraso se deva a circunstâncias extraordinárias. Ta l e n t e n d i m e n t o f o i r e f o r ç a d o n o Acórdão proferido nos casos conjunt o s : ( a ) N e l s o n c o n t ra L u f t h a n s a e ( b ) t h e Q u e e n / T U I Trave l / I ATA / B r i tish Airways/easyJet contra CAA ( Tribunal de Justiça) quando o Tribunal de Justiça da União Europeia ( TJUE), decidiu que, caso um voo chegue ao destino com um atraso igual ou superior a três horas, os passageiros têm direito a uma indemnização, excepto se o referido atraso se ficar a dever a circunstâncias extraordinárias. No acórdão em causa, o Tribunal de Justiça confirma a sua interpretação do direito da União que defendeu no acórdão Sturgeon, realçando que o princípio da igualdade de tratamento exige que os passageiros de voos com atraso devem ser considerados como estando numa situação comparável à dos passageiros de voos cancelados «à última hora» no que diz respeito à aplicação do direito à indemnização, uma vez que esses passageiros sofrem um transtorno semelhante, isto é uma perda de tempo. Assim, como os passageiros de voos cancelados têm direito a uma indemnização quando a sua perda de tempo é igual ou superior a três horas, o s p a s s a g e i r o s d e v o o s c o m a t ra s o podem igualmente invocar esse direito quando sofram, em razão de um atraso do seu voo, a mesma perda de tempo, ou seja, chegam ao seu destino final três horas ou mais após a hora de chegada inicialmente prevista pela transportadora aérea. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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Esta evolução na aplicação do Regulamento Comunitário n.º 261/2004 de 11 de Fevereiro não ficou por aqui, pois, mais recentemente, em Fevereiro de 2013 no caso Air France contra Heinz Gerke Folkerts, o TJUE declarou que se um passageiro estiver num voo de ligação com um atraso inferior a três horas mas ainda assim chegar ao destino final com um atraso superior a três horas, então também está habilitado a reclamar uma indemnização sob o

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Regulamento (CE) nº 261/2004. Sucede porém que, não estando esta situação devidamente contempladas no texto original do Regulamento Comunitário, diversas questões se têm levantado quanto aos termos em que é devida a indemnização prevista no Regulamento numa situação de atraso considerável, sendo uma dessas questões o conceito de “Hora de chegada” ao destino final. O TJUE foi consultado para saber se os

artigos 2.°, 5.° e 7.° do Regulamento n.° 261/2004 devem ser interpretados no sentido de que o conceito de «hora de chegada», utilizado para determinar a extensão do atraso que os passageir o s d e u m vo o s o f r e ra m , d e s i g n a a hora a que as rodas da aeronave tocam na pista de aterragem do aeroporto de destino, ou no sentido de que esse conceito designa a hora a que a aeronave chega à posição de estaciona mento e os travões de estacionamento são engatados, ou colocados os calços, no sentido de que o referido conceito designa a hora da abertura da porta da aeronave, ou no sentido de que o mesmo conceito designa a hora definida pelas partes de comum acordo. O Acórdão proferido pelo TJUE no passado dia 04 de Setembro no processo C- 4 5 2 / 1 3 e n t r e a c o m p a n h i a a é r e a Germanwings e Ronny Henning, veio proceder à interpretação do conceito de «hora de chegada» na acepção dos artigos 2.°, 5.° e 7.° do Regulamento (CE) n.° 261/2004, relevante para

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efeitos de determinação do direito à indemnização contemplada no supra referido diploma. Conforme consta do texto do Acórdão, o Regulamento n.° 261/2004 não define “hora efectiva de chegada”. Por outro lado, dec or re das e xigê ncias tanto da aplicação uniforme do d i re i t o d a U n i ã o, c o m o d o p r i n c í p i o da igualdade de tratamento, que os termos de uma disposição do direito da União que não contenha nenhuma remissão expressa para o direito dos Es t ado s ‑ Me mbro s pa ra de t e r m i n a r o seu sentido e o seu alcance devem ser o b j e c t o, e m t o d a a U n i ã o E u ro p e i a , de uma interpretação autónoma (v., neste sentido, acórdão Ekro, 327/82, EU:C:1984:11, n.° 11). Como tal, o conceito de «hora efectiva de chegada» deve ser interpretado de modo a ser aplicado uniformemente na União. Como fundamento da posição que veio a tomar, o TJUE considerou que, durante o voo os passageiros permanecem num espaço fechado, sob as instruções e o controlo da transportadora aérea, onde, por razões técnicas e de segurança, as suas possibilidades de comunicação com o mundo exterior são consideravelmente limitadas. Nessas condições, os passageiros não podem conduzir continuadamente os seus assuntos pessoais, familiares, sociais ou profissionais. Só podem retomar as suas actividades habituais quando o voo terminar. Ora, se tais contrariedades devem ser consideradas inevitáveis quando o voo não exceda a duração prevista, a situação é diferente em caso de atraso, uma vez que o tempo passado, nas condições descritas no número precedente, para além da duração prevista de voo, representa um «tempo perdido», tendo também em conta o facto de que os passageiros em causa não o podem utilizar para realizar os objectivos que os levaram a deslocar‑se, à hora pretendida, ao destino da sua escolha. Só no momento em que os passageiros são autorizados a sair do aparelho e é dada, para esse efeito, a ordem para abrir as portas da aeronave é que

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os passageiros podem, em princípio, retomar as suas actividades habituais sem ter que sofrer essas limitações. Das considerações que precedem decorre que os artigos 2.°, 5.° e 7.° do Regulamento n.° 261/2004 devem ser interpretados no sentido de que o conceito de «hora de chegada», utilizado para determinar a extensão do atraso sofrido pelos passageiros de um voo, corresponde ao momento em que pelo menos uma das portas da aeronave se abre, considerando‑se que, nesse momento, os passageiros são autorizados a sair do aparelho, ao invés das regras da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que adoptam c o n c e i t o d i fe re n t e q u e é s u p l a n t a d o pela interpretação do TJUE. Assim conforme Acórdão do passado dia 04 de Setembro de 2014, entende o TJUE que os artigos 2.°, 5.° e 7.°, do Regulamento n.° 261/2004 devem ser interpretados no sentido de que o conceito de «hora de chegada», utilizado para determinar a extensão do atraso sofrido pelos passageiros de um voo, designa o momento em que pelo menos uma das portas da aeronave se abre, considerando‑se que, nesse momento, os passageiros são autorizados a sair do aparelho. Ora, tendo em consideração que o Regulamento n.º 261/2004 Do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 De Fevereiro de 2004 não afecta os direitos conferidos aos passageiros no âmbito da Directiva que regula a venda de pacotes turísticos, aplicando-se assim, também, à venda de viagens organizadas (refirase apenas que, no caso de pacotes turísticos o presente regulamento não se aplica nos casos em que a viagem é cancelada por outros motivos que não s e ja m o c a n c e l a m e n t o d o vo o ) d e ve existir por parte das Agências de Viagens cuidados adicionais na sua relação com as companhias aéreas. Com efeito, ainda que, seja claramente definido pela Jurisprudência Nacional, pelo Provedor do Cliente e pela Comissão Arbi tral do Turismo de Portugal, que a indemnização prevista no Regulamento Comunitário n . º 2 6 1 / 2 0 0 4 d e 1 1 d e Fe v e r e i r o é

uma obrigação que recai unicamente sobre a companhia aérea operadora (nesse sentido veja-se a sentença emitida pelo 7.º Juízo do Tribunal de Pequena Instância Cível de Lisboa no proc. 4988/06.YXLSB, ou as várias decisões do Provedor do Cliente e da Comissão Arbitral), é de reconhecer q u e d e ve m a s A g ê n c i a s d e V i a g e n s precaver a sua posição na relação com as companhias aéreas contratadas garantindo que estas reconhecem as suas obrigações ao abrigo do Regulamento n.º 261/2004 de 1 1 d e Fe ve r e i r o, n o m e a d a m e n t e a s d e c o r r e n t e s d a i n t e r p r e t a ç ã o a g o ra vertida no acórdão em análise. No nosso entendimento, esta decisão e os fundamentos que a sustentam vão ao encontro da cada vez maior atenção que é dada aos direitos dos consumidores, máxime na sua relação com as companhias aéreas. Na verdade, é do conhecimento público que as companhias aéreas nem sempre pautam a sua actuação no sentido de acautelar os interesses dos seus clientes (excepto, como é óbvio, no que se refere à segurança) e daí a necessidade que tem sido sentida um pouco por toda a Europa de apertar as regras de exercício da actividade, nomeadamente no que se refere a atrasos e cancelamentos de voos. A s d e c i s õ e s d o TJ U E n o s e n t i d o d e equiparar atraso superior a três horas a situações de cancelamento, são, no nosso entender, a resposta do poder judicial a uma menor assertividade da Comissão e dos Governos dos Estados Membros em relação às companhias aéreas e ao cumprimento efectivo das normas que regem a actividade, vis-àvis os clientes e a distribuição. A APAVT tem conhecimento que, existem várias questões pendentes no TJUE relativas à interpretação e aplic a ç ã o d o Re g u l a m e n t o C o m u n i t á r i o n.º 261/2004 de 11 de Fevereiro, pelo que não deixará de acompanhar estas decisões, alertando os seus associados para eventuais situações que possam influir tanto na sua actividade directa com o seu cliente, como na relação com os seus fornecedores.

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Provedor do Cliente

Provedor recebe 943 processos até final de Novembro O gabinete do Provedor do Cliente das Agências de Viagens e Turismo recebeu 943 processos de 1 de janeiro a 27 de novembro, dos quais 824 foram reclamações e os restantes 119 foram pedidos de informação e/ou aconselhamento. A alteração ao programa foi o principal motivo de reclamação dos clientes. Este número de processos ultrapassou já o total recebido em 2013, que foi de 941.

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o total de reclamações recebidas, 271 foram indeferidas, a maioria das quais (99) por se referirem a agências de viagens não associadas da APAVT, mormente agências online sediadas fora do País. «Este tipo de reclamações (sobre agências online) têm vindo a aumentar nos últimos dois anos, representando a quase totalidade de reclamações referentes a agências não associadas», afirma a propósito fonte do gabinete do Provedor do Cliente. Ta m b é m a s r e c l a m a ç õ e s r e l a t i va s a questões fora do âmbito da competência do Provedor tiveram alguma expressão (89). São estes os casos de reclamações contra serviços adquiridos diretamente às companhias aéreas (60%), bem como reservas efetuadas diretamente junto de empreendimentos hoteleiros (35)%. «Estas situações acabam por ter uma consequência que se traduz na impossibilidade de atuação do Provedor do Cliente e da Comissão Arbitral do Turismo de Portugal, e consequente acionamento do Fundo de Garantia de Viagens e Turismo», refere a mesma fonte. Em suma, convém alertar os clientes para as vantagens de recorrerem a agências de viagens associadas, expondo os riscos decorrentes de fazerem as suas reservas em sites e portais sediados fora do País ou diretamente a fornecedores. As reclamações apresentadas fora de prazo (56 neste período) não podem também ser apreciadas. Recorde-se que os clientes dispõem de 30 dias após o fim da viagem para o fazer. RECLAMAÇÕES APRECIADAS Foram apreciadas, no período em análise,

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553 reclamações. Destas, 449 deram origem a uma decisão, 27 resultaram num acordo entre as partes e 77 foram arquivadas, nomeadamente por desinteresse do reclamante, por falta de apresentação de documentos ou simples desistência. TIPOLOGIA DAS RECLAMAÇÕES As alterações aos Programas, designadamente no que diz respeito a horários de voos, itinerários, excursões não realizadas ou mudança de hotel, constituíram a primeira razão das reclamações recebidas no gabinete do Provedor do Cliente, motivando 153 processos. Logo de seguida, as más condições de alojamento (135) foram a segunda causa de reclamação. Neste conjunto, destacam-se as queixas

sobre falta de condições de higiene e conforto, bem como deficientes serviços de restauração. Os atrasos dos voos sem prévio aviso (71), os cancelamentos das viagens (28), e a falta ou deficiente acompanhamento de guia (18), são alguns dos outros motivos que levaram clientes a apresentar reclamações junto do Provedor do Cliente. SENTIDO DAS DECISÕES Das 449 decisões tomadas até à data, apenas 13 foram na íntegra favoráveis ao cliente. 170 foram, no entanto, parcialmente favoráveis, ou seja, são casos em que foi reconhecida alguma razão ao cliente, 94 foram totalmente desfavoráveis e encontram-se ainda 172 pendentes, em fase de apreciação. 35


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Hotel Tryp Lisboa Aeroporto

Eventos, reuniões e congressos, à porta da capital Com 1.500 metros quadrados de espaços para eventos, reuniões e congressos à porta da cidade, o hotel Tryp Lisboa Aeroporto, de 4-estrelas, é a mais recente opção para quem procura na capital um centro de congressos, ou simplesmente um escritório temporário, em ambiente moderno e com boa qualidade de serviços. A localização, a escassos 100 metros do aeroporto internacional de Lisboa e junto a uma das entradas da cidade, é absolutamente única e uma das suas grandes mais-valias para a realização de eventos que reúnam gente de todas as origens, cheguem por via aérea, por comboio, de metro ou de automóvel, dispondo para estes últimos de parque de estacionamento. Depois, é novo – tendo aberto há cerca de seis meses – e está bem equipado em matéria de equipamentos

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audiovisuais, bem como de Internet WiFi, gratuita, resolvendo o que muitas vezes constitui uma «dor de cabeça» para os organizadores. É generoso na oferta de espaços, com opções variadas até cerca de 400 pessoas. Finalmente, dispõe de um restaurante e cozinha com capacidade para dar resposta a todas as solicitações de catering para eventos. Não esqueçamos, porém, que o Tryp Lisboa Aeroporto é, antes de mais, um hotel. De design moderno, a decoração

divide-se entre a inspiração aeronáutica, com uma réplica do primeiro avião que, em 1910, voou nos céus de Lisboa, tapetes que imitam uma pista de aeroporto ou com a projeção na parede por cima da receção, em tempo real, do quadro de partidas/chegadas do aeroporto ali perto, e a cidade onde se localiza, com cada andar inspirado num bairro alfacinha. Oferece 167 quartos, incluindo uma suite executiva e uma presidencial. A oferta é complementada com um SPA e Health

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Club, piscina interior e exterior, jacuzzi, sauna, banho turco, ginásio e até tratamentos de beleza e massagens, além de um restaurante (Rossio) com opções de buffet ou à la carte e capacidade até 180 pessoas, dispondo também de uma sala mais «privada» para 24 pessoas, e de um bar. QUALIDADE DO SERVIÇO RECONHECIDA Em junho foi, «simplesmente», a melhor unidade de toda a cadeia Tryp, a nível mundial, em termos de satisfação geral do cliente. O Tryp Lisboa Aeroporto apresentou 87,5% de satisfação geral, mais 0,2% do que o segundo classificado, o Hotel Tryp de Buenos Aires. Apesar de jovem, os elevados padrões de funcionamento e qualidade foram assim já reconhecidos pelos clientes, o que oferece mais garantias ainda para quem procure alojamento ou apenas espaço de reuniões e congressos. CENTRO DE CONGRESSOS Tem entrada independente da entrada principal do Hotel, embora também possa ser acedido internamente, e divide-se por três pisos. No primeiro, as Salas Alfama I e Alfama II – podem funcionar de modo independente ou, para grandes eventos, podem funcionar como uma só sala com capacidade até 350 pessoas em plateia. No mesmo piso, têm igualmente acesso ao Lounge Portela, um espaço dedicado ao serviço de coffee breaks, cocktails de boas-vindas ou mesmo para secretariado de eventos. No segundo piso estão as salas Chiados, num total de cinco, separadas por paredes amovíveis, que permitem oferecer uma maior flexibilidade de espaços ao cliente de acordo com as necessidades de cada grupo/reunião. Finalmente no terceiro piso, a Rua Augusta dispõe de várias salas com capacidades diversas, com a vantagem de poder usufruir de um terraço com vista para o rio Tejo. E todas, registe-se, com luz natural. Sem dúvida, uma opção a considerar! Hotel Tryp Lisboa Aeroporto Aeroporto de Lisboa, Rua C Tel. 218 425 000 Email: tryp.lisboa.aeroporto@meliaportugal.com

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Agências de Viagens e Garantias dos Consumidores Com a massificação do turismo, as agências de viagens têm assumido um papel cada vez mais primordial para os consumidores. Na verdade, se nos primeiros tempos, o papel do agente de viagens consistia em, pontualmente, vender um bilhete de transporte ou efetuar uma reserva num estabelecimento hoteleiro em nome do cliente, o certo é que, progressivamente, as agências de viagens têm alargado o seu âmbito de competências, acompanhando os desenvolvimentos do mercado e as necessidades do consumidor. Hoje em dia, a agência de viagens planeia, dirige e executa as viagens dos consumidores, acompanhando-os em todo o seu percurso no destino, tendo o dever de salvaguardá-los de eventuais violações dos seus direitos. No entanto, se é certo que a agência assume um papel cada vez maior enquanto garante do consumidor, também é certo que o desenvolvimento da tecnologia e dos produtos trouxe maior complexidade a este mercado, criando áreas cinzentas para as quais o legislador ainda não encontrou uma resposta. A DECO realizou durante os meses de junho e julho uma análise dos sítios de internet de cinco companhias aérias low cost a operar em Portugal, em concreto, a Ryanair, a EasyJet, a Transavia, a Vueling e a Condor, bem como quatro agências de viagens em ambiente digital, a Rumbo, a Edreams, a Logitravel e a NetViagens e ainda, para melhor comparação, uma companhia aérea nacional, a TAP Portugal, no sentido de aferir o conteúdo e modo de prestação de informação, nomeadamente, no que diz respeito aos direitos dos passageiros e à transparência de preços. Os resultados vieram comprovar que a atual fiscalização e legislação não se adequam às novas exigências do turismo português e internacional. À exceção da TAP Portugal, as restantes transportadoras, ora prestam pouca informação ora omitem, por completo, qualquer in38

Vasco Colaço Presidente DECO formação relativa aos direitos legais dos passageiros. Quanto às agências de viagens, objeto desta análise, mais grave foi a falta de rigor na informação prestada, em especial, em matéria de direitos dos passageiros e preço total do transporte aéreo, acrescida de uma total fragilidade da maioria dos serviços de apoio ao cliente, os quais, muitas vezes se resumem apenas a contactos telefónicos pagos ou a serviços cuja língua de comunicação não é portuguesa. Este estudo demonstra claramente as fragilidades da legislação e das entidades fiscalizadoras face à proteção dos consumidores no que concerne aos agentes e operadores em linha, fragilidades essas que nem tão pouco são resolvidas pela nova proposta de revisão da anterior Diretiva relativa às viagens organizadas e que se encontra, atualmente, em discussão. A introdução de novos conceitos como “serviços combinados de viagem” e o facto de o legislador diferenciar as

agências de viagens tradicionais dos retalhistas online, diminuindo a responsabilidade relativamente a estes últimos, constitui claramente um entrave aos direitos do consumidor, como, aliás, evidenciado pelo nosso estudo. Na verdade, hoje em dia, e tendo em conta as relações de grupo existentes entre algumas empresas no setor turístico, é muito difícil ao consumidor conhecer se se encontra a celebrar contratos separados ou se os prestadores de serviços de viagem são, efetivamente, distintos. Por isso é fundamental, principalmente quando estejamos perante retalhistas que atuem maioritariamente em linha, e que, conjunta ou separadamente, comercializem viagens que incluam transporte e alojamento, sejam os mesmos diretamente responsáveis perante os consumidores, independentemente de o dano ser causado por terceiros. Por outro lado, paralelamente à legislação, é importante que as entidades fiscalizadoras e as organizações do setor atuem diretamente no terreno, sancionando os agentes infratores e protegendo o consumidor, enquanto turista, das práticas comerciais desleais que venham a ocorrer. Desde há muito que a DECO reivindica uma atuação mais célere e eficaz por parte das autoridades, monitorizando a atuação das empresas e impedindo que os consumidores venham a ser prejudicados, não só por falta de informação e transparência dos canais de comunicação das empresas, mas também pela publicidade enganosa ou pela venda de produtos legalmente gratuitos, como sejam os seguros que cubram as mesmas indemnizações que as previstas pela legislação. Neste contexto urge promover-se a dinamização de um regime mais garantístico e impulsionador do turismo, garantindo que os consumidores, à semelhança de outros setores, não sejam meros destinatários de uma atividade, mas sim, verdadeiros players no mercado. REVISTA APAVT · Nº39 · 2014


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