Letras Taquarenses n83 Dez 2019 * Antonio Cabral Filho - RJ

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Ano XIII Nº83dez2019 - Distribuição Gratuita - Editor: Antonio Cabral Filho Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro – RJ Cep 22780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br https://letrastaquarenses.blogspot.com.br https://blogdopoetacabral.blogspot.com.br Filiado à FEBAC Mandem haicais, trovas, aldravias, poetrix, sonetilhos, palíndromos, ecosys, tercetos e poemas piadas.

### HAICAIS ## Replanto glicínias – Os sonhos de meu avô No cheiro da terra. Teruko Oda – SP

Se já não for tarde espero trazer da tarde o nosso anoitecer. Lina Ramos . PI

Estou armada até aos dentes De palavras afiadas que cortam a pele –E rompem correntes. Danita – SP

Dias mais compridos, Amo o horário de verão: Sonhos renascidos. Auri Antonio Sudati – RS

Um grito ecoa A vida em movimento : Sapo na lagoa J Estanislau Filho – MG

Um mosteiro de Lamas Com jardins suspensos – Pinturas de batalhas. Tomas Transtromer – Suécia

Envelhecimento Do passar, do resgatar Um novo momento. Francisco de Assis – GO

Sorrindo no olhar, contente prossigo sim: Esvaziando-me! Jani Brasil – SP

Que coisa estranha – Como é que a mosca aceita O abraço da aranha? Jidddu Saldanha – RJ

Bauínias floridas Em um chão todo nevado – Pétalas caindo. Humberto Del Maestro – ES

Fresca madrugada Fevereiro que se vai Nas aguas de março Ziro Roriz – SP

Tenor no jardim. Peito inflado a me encantar. Versos no papel. Oliveira Caruso – RJ

Manto rubro negro, Por tapete da rainha: Joaninha feliz. Antonio Cabral Filho – RJ

Era uma tarde qualquer Até que a borboleta Incendeu por um instante. Edil C – AL

Luto em Brumadinho Rompimento de barragem Crime ambiental Isac De Melo-Rio Branco Acre

Laser malvado Catarata disse: fui! Olhar límpido. Lucy Almeida – AL

Vivi de ilusão Esperando teu amor: Foi só decepção . José Carlos de Arruda . Rj

fujo para mim mesma Sempre que é preciso encontros ha buscas e encantos Lina Ramos – PI

A noite chegando Com o céu todo nublado -Prenuncio de chuva Sebastião Vasconcelos – PB

Sapos escondidos nos riachos das verdes matas sonham pererecas. Messias da Rocha - JFora.MG

Muitas brincadeiras Dia de comemoração E viva São João! Luzia Rodrigues – AL

Ah! quanto veleiro! Salvador, o mar em flor: dois de fevereiro. Uaçaí Lopes.BA

Comparou-se a lua Naquele escuro cenário – O clarão da rua. Claudia Lundgren – RJ

Pipoca e quentão quadrilha muito animada salve São João! Ester Figueiredo - Rj


### TROVAS ###

ETERNOS TROVADORES ************************ Quando eu sair desta esfera Livre do NÃO e do SIM, Na dor de quem tudo espera O nada espera por mim. http://pedrogiusti.blogspot.com/ Pedro Giusti – MA Vem, Maria, ao meu amor, Que, com jeito, a gente arranja Botar no congelador Tuas flores de laranja. Carlos Guimarães – RJ Você agora me pertence Sou o meu rival no mundo. Eu quero que saiba e pense No meu amor tão profundo. Laís Costa Velho – RJ As mágoas chora em surdina Bendizendo o teu sofrer. Quem nunca molha a retina Raramente sabe ver. Mariinha Mota – SP Eu quis foi sujar a fonte, E olheiro, disse, sem medo: Olhe moça, não apronte, Que o sujo fica em seu dedo Heliana Barriga – PA Saudade vem, de mansinho, A sublimar corações. É um fogo lento, baixinho, Que acende recordações. Antonio Bispo dos Santos – RJ Pela Terra a alma que traça Seu destino à luz do Bem, Além do estado de graça, Terá as graças do Além. Belmiro Braga m- MG

MEUS IRMÃOS TROVADORES

....................VERSOLIVRE..................

No canteiro dos carinhos

PENITÊNCIA

Uma rosa colorida Semeou, mas só espinhos Brotaram n’alma dorida. Henny Kropf – RJ

Este tumulto De ser Monta E desmonta Uma grande ilusão Sem eira Nem beira Vive-se a sofrer Driblando a verdade Tentando esquecer

Com toda sabedoria O poder do Criador Fez com bastante alegria O homem repleto de amor. Poeta Lázaro – MA Cada um tem sua mácula, Como condição história, Mas tal qual o Conde Drácula, Inútil qualquer retórica. Antonio Cabral Filho – RJ Mesmo na maturidade Sou uma eterna criança: De achar a felicidade Nunca perco a esperança. Alba Valéria – GO Presa às fronteiras do nada, Vivo o drama de Jesus: Só não fui crucificada, Mas também levo uma cruz. Maria Nascimento – RJ Desce a noite de veludo, O dia esmorece calmo, E um vento chega miúdo Trazendo as vozes de um salmo. Humberto Del Maestro – ES A neve cobrindo o campo É um tapete de algodão, É tão solitário e branco Tal minha alma-solidão. Ivone Vebber – RS Neste mundo passageiro, É, talvez, mais importante Ter coração de cordeiro Que memória de elefante. José Fabiano – Aveiro.PT

Maria do Socorro C.Xavier-PE ANTA Anos sessenta Pra falar de flores, Dylan, Joplin, Hendrix... Vietnã, França, Cuba, Israel, pra não dizer que não falei de mísseis. Anos setenta Terror, a Copa, Warhol e a Cola. Geração Perdida, Anos oitenta, E a vida segue louca e ciumenta. Ela, mistura de mulher e santa; Eu, uma anta. Massilon Silva - AL massilonsilva00@gmail.com Em Teutônia Vi cores que brotavam do chão Vi flores como estrelas do céu Vi mãos sujas de barro Limpas pelo trabalho Vi brilho de luz em cada pétala Em cada olhar vi esperança Senador Paulo Paim – PT / RS


POEMA PERTO DO FIM A morte é indolor. O que dói nela é o nada Que a vida faz do amor. Sopro a flauta encantada E não dá nenhum som. Levo uma pena leve De não ter sido bom. E no coração, neve. Thiago de Mello – AM

Conhecendo nosso medo, Arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”

Dom Pedro Casaldáliga – MT

Eduardo Alves da Costa – SP

Cigana

EXORTAÇÃO

A CULTURA DO MEDO Se fizeres amor, terás AIDS. Se fumares, terás câncer. Se comeres, terás colesterol. Se beberes, terás acidentes. Se respirares, terás contaminação. Se leres, terás confusão. Se pensares, terás angústia. Se sentires, terás loucura. Se falares, perderás o emprego. Eduardo Galeano – Uruguai NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI “ Na primeira noite eles se aproximam E roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem Pisam as flores, matam nosso cão E não dizemos nada. Até que um dia, O mais frágil deles Entra sozinho em nossa casa, Rouba-nos a luz, e,

Ao ver-te os lábios súplices abertos, Na ânsia de pedir mais outros beijos, Possa eu com os lábios sequiosos Exaurir a seiva do teu ser. E com o mesmo ardor dessa paixão Tu sorvas do meu ser a força viva. Esgotemos um ao outro a taça do viver E que depois de mortos de amor, Possamos pelo amor de novo reviver. Carlos Marighela – BA À SAGA DO CONSELHEIRO No rumo do Belo Monte, Um povo livre e romeiro Descobre seu horizonte. No açude Cocorobó, Nem afogado nem só. Canudos, sangue fecundo! Nós passaremos teu nome Da “Guerra do Fim do Mundo” Pra guerra do fim da fome.

Preenches minha solidão. Em teu corpo o sol tem mais energia, Aquece e queima, noite e dia. Se tu olhas é como se eu Já tivesse entendido, E a estrela maga dos ciganos Ilumina teu semblante Que tudo aceita. Nua sob a cachoeira fria ou Bem vestida e comportada Exalas sensualidade, morena rainha De reinos quase extintos. Eduardo Waack – SP Narguile Tal qual um beijo O fornilho adentra minha boca: Lábios de água perfumados, Pelo qual passa A flor da fumaça. Claudia Brino – SP VIR / AÇÃO Se virar A noite inteira Na esteira poída No chão frio De terra batida Nas noites de insônia Nos atos de amor Nos braços amigos


Se virar O ano inteiro Pra brincar o carnaval Fantasiado de som Cantando o samba da cor Num imenso porre de suor Se virar, se virar A vida Vira Tudo Antonio Cabral Filho – RJ

PALÍNDROMOS(*) ###############

LETRAS

RESMUNGOS

Depois de dormido o dia apagado, Sonhar com o amanhã novo, Repouso, em vôo baixo, Toda a carga oprimida das letras. O teclado é imenso. (1982)

Resmungos Rés Musgos Ao rés do nada... Estalactites catatônicas Nos ouvidos da vovó,

Francisco de A. Nascimento – GO

Não falam de horizontes rubros Nem de fumaças atômicas Nas nuvens que cortam o céu

QUERÊNCIA Na grama azul Eles rodopiam, se cheiram, Erguem caudas multicores – Se amam na grama azul... Tristemente eu sei Que são sonhados Os meus cavalos. Nos pampas azuis Verdes cavalos correndo Arqueando os dorsos, Cavalos verdes sob a brisa. Eva Bán – RS

Hélvio Lima – MG

Antonio Cabral Filho – RJ Amar de todas as maneiras amo o amor que fica amo o amor que parte o amor que edifica amor que reparte pão e poesia amor que se identifica com a magia da arte e em tudo se aplica na vida ou na morte na tristeza e n'alegria

ESTRANHA TOPOGRAFIA Grafo nas abas do tempo Sinais que vão logo embora Albergue do corpo Tampouco me interessam Flores rasas no vaso Fixo outros momentos Não importa, se perenes Por ali madrugadas, Escorrem lentas Somem meras ilusões Pretérito passado Silvos, O comboio passa

São só reminiscências mortas Que ela confere no rosário Enquanto bate beiços Sentada no tamborete Com os olhos no infinito.

amo o pássaro no ninho cuidando com carinho do filho que vai nascer amo a terna companheira que zela pelo bem-querer

*Colaborações para próxima edição: letrastaquarenses@yahoo.com.br*

amor que não discrimina prepara o amanhã de paz e gotas de chuva de sol que se assanha por uma lua tamanha J Estanislau Filho – MG


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