Os sete - andre vianco

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CAPITULO 31 O corpo do vampiro repousou até a noite dentro do forno metálico. Assim que o sol se escondeu no horizonte, retiraram-no do esquife improvisado. Tiago fez questão de estar presente. Quando o corpo de Miguel foi trazido para fora, cercado por soldados armados, sua pele parecia ainda mais branca, e a mão permanecia segurando a estaca. Colocaram-no sobre a maca e o encaminharam ao andar superior do IML de Amarração. Tiago soubera logo ao entardecer que as buscas efetuadas pelo grupo do tenente Brites não haviam colhido bons resultados. Não encontraram nenhuma pista dos vampiros desaparecidos. Seria bom, muito bom, que mais uma vez seus instintos o estivessem empurrando para a solução acertada. Tiago decidira aguardá-los ali mesmo em Amarração. Se Miguel tivesse dito a verdade, os demais vampiros estariam vindo direto para a caravela atracada, como abelhas indo ao mel. Brites havia posto alguns grupos de Amarração a seu dispor, para que o auxiliassem no que fosse preciso. Naquela tarde, Tiago, um pouco acanhado no início, passou seu plano ao sargento Bernardo. Sentia-se um bocado desconfortável; não estava acostumado a dar ordens, ainda mais a um bando de militares. De uma hora para outra, vira sua pacata vida à beira-mar transformar-se em algo cinematográfico com vampiros, helicópteros e tiroteio a todo instante. Com o passar das horas, acabou se acostumando. Bernardo entendeu bem o que ele queria. Iriam armar uma emboscada para os vampiros nas docas de Amarração. Se os monstros se dirigissem para lá, não haveria chance de escapar. O problema seria recuperar Eliana antes de um eventual e previsível tiroteio. A vida de sua amada não poderia correr esse risco. Sabia que ela ainda estava viva. Miguel lhe contara os propósitos de Guilherme. Eliana somente seria morta por uma bala inconveniente, não pelas presas dos vampiros. Bernardo auxiliou Tiago e Brites com explicações táticas e sobre os equipamentos disponíveis. Juntos foram visitar as docas, para que o sargento tivesse uma boa idéia de onde iriam lutar. A antiga caravela continuava flutuando, subindo e descendo ao sabor do mar. O pessoal do Departamento de História da USPA havia providenciado alguns remendos e reforços plásticos para que a velha estrutura de madeira não esfarelasse ao simples movimento de descer e subir que o mar lhe oferecia. Sem dúvida alguma, era uma peça linda... maldita e linda. Bernardo analisou as possibilidades táticas que o local da emboscada oferecia e então, seguindo o pensamento de Tiago, organizou os procedimentos. No solo usariam poucos homens, mas com armamento pesado. Longe da costa é que teriam um trunfo na manga. Se não conseguissem recuperar a


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