Revista Alimentação Animal n.º 127

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PERSPETIVAS PARA 2024

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 1 N.º 127 JANEIRO A MARÇO 2024 (TRIMESTRAL) ANO XXXV 3€ (IVA INCLUÍDO)

TEMPOS DE INCERTEZA, TEMPOS DE MUDANÇA?

Apesar da alimentação animal ter iniciado 2024, em termos globais, com melhores produções de alimentos compostos face ao período homólogo do ano anterior e nos estarmos a deparar com uma situação climatérica bem mais favorável, a instabilidade e a incerteza continuarão a ser, tal como desde 2020, a marca de mais um ano que se inicia.

As conjunturas, nacional e internacional, assim o indicam, não existindo sinais, por enquanto, de alterações significativas, pelo contrário.

Em Portugal, no rescaldo das eleições legislativas de 10 de março, temos uma maioria frágil no Parlamento e o Governo depara-se com um “caderno de encargos” muito pesado, que vai envolver negociações e cedências. Se tivermos em conta as reivindicações que se arrastam dos professores, médicos, forças de segurança, problemas na habitação, no SNS, ou na Agricultura, seguramente que não vai haver tempo para o tradicional “estado de graça”, pese embora o excedente orçamental.

Na economia e finanças, é urgente dar sinais de uma adequação da política fiscal à competitividade das empresas, reduzir os impostos, conforme prometido na campanha eleitoral; na agricultura, reconciliar o Ministério com os agricultores e a indústria agroalimentar, valorizar a produção nacional e o mundo rural; definir estratégias para o abastecimento de matérias-primas, com destaque para o dossier da SILOPOR, e promover a autossuficiência alimentar e a soberania. Tudo isto pressupõe uma boa articulação entre os titulares das pastas da Agricultura, Ambiente e Infraestruturas.

É possível e desejável a compatibilização da produção agrícola e agroalimentar com o ambiente, pelo que deve ser prosseguida a tão desejada simplificação da legislação europeia, que tem estado em análise no Conselho e no Parlamento Europeu.

Na frente interna, é ainda relevante que o futuro Ministro da Agricultura se empenhe em Bruxelas na revisão da Estratégia “Do Prado ao Prato”, bem como em apoiar dossiers tão relevantes para a Indústria, como a desflorestação, as Novas Técnicas Genómicas, a estratégia europeia para a proteína ou a revisão do PEPAC, com destaque para a operacionalização dos ecorregimes. No quadro internacional, temos dois conflitos sem fim à vista, a guerra na Ucrânia que corre o risco de entrar numa nova escalada, com ameaças à defesa e soberania europeias, tensões entre agricultores, europeus e ucranianos, impacto no Mar Negro e no abastecimento global de matérias-primas, bem como o conflito entre Israel e a Palestina, que está a condicionar a estabilidade no Mar Vermelho, com a ameaça de um acréscimo de custos nos próximos trimestres. Rússia, China, Brasil, os BRICS, o Sul global, ameaçam o status quo internacional tal como hoje o conhecemos.

Temos ainda as eleições de junho para o Parlamento Europeu, em que podemos assistir a mudanças significativas, com um número elevado de eurodeputados radicais e extremistas, que se podem situar nos 25%, e, não menos relevantes, as presidenciais nos EUA, que podem configurar uma nova e difícil relação transatlântica. E um novo executivo em Bruxelas, numa configuração que vai ser ditada pelos alinhamentos políticos nos diferentes Estados-membros. Não vai ser possível fugir aos grandes temas da sociedade: o combate às alterações climáticas, a transição energética e digital, a biodiversidade, a saúde e bem-estar animal, a sustentabilidade, nos seus diferentes pilares. Mas é urgente exigir que esses desafios sejam transformados em oportunidades, que a segurança e a autonomia e independência alimentar assumam as prioridades que merecem, que possamos ter uma cadeia alimentar a funcionar de forma equilibrada, e que sejam exigidas às importações de países terceiros as mesmas regras que a União Europeia impõe aos seus operadores.

O setor da alimentação animal continuará certamente sob pressão, a montante e a jusante, a trabalhar numa perspetiva de Fileira, para inverter a delapidação de efetivos e de produção a que temos assistido num passado recente. Uma vez mais, vai estar à prova a nossa resiliência, mas também a otimização dos recursos e a eliminação das ineficiências, produtivas e de contexto. Esperamos assim que estes tempos de incerteza possam representar tempos de mudança numa Europa que tem de se afirmar, pelo seu reconhecimento e grandeza, pelos seus valores, na difícil geopolítica mundial.

PS: Saudamos a entrada de duas novas empresas, a DIACO e a TLH, no universo da IACA; é deste reforço associativo que precisamos para enfrentar todos estes desafios.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 3 ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 PERSPETIVAS 2024 24 SUSTENTABILIDADE 34 INVESTIGAÇÃO 44 SPMA 48 FEEDINOV 53 NOTÍCIAS 54 AGENDA

AÇÕES PREVISTAS PARA 2024

Num cenário de grande instabilidade, a braços com uma crise social, económica e energética global, de tensões entre países e blocos, novos alinhamentos políticos ao nível da União Europeia e na cena internacional (China, Brasil, EUA, Argentina, BRIC?), com os receios de uma nova escalada nas guerras em curso (Ucrânia e Médio-Oriente) e a necessidade de apoios europeus para conter eventuais desequilíbrios e uma potencial desagregação política e social, que decorre das eleições legislativas em Portugal, mas, sobretudo das europeias e, sobretudo, das presidenciais nos EUA, perspetivar o ano de 2024 é extraordinariamente difícil, como se conclui das previsões macroeconómicas avançadas por diferentes instituições internacionais (FMI, Banco Mundial, BCE) ou nacionais (Conselho de Finanças Públicas ou Banco de Portugal).

Nesta perspetiva, considerando as previsões do Banco de Portugal, mais conservadoras que as metas do Governo no Orçamento de Estado, e os últimos dados do INE, depois de um PIB de 6,8% em 2022, o ano de 2023 deverá ter crescido 2,3%, prevendo-se uma desaceleração para 1,5% em 2024, só devendo recuperar para 2,1% em 2025, ainda assim superior à média da União Europeia. Na inflação, os 8,1% de 2022 situaram-se nos 4,3% em 2023, bem melhor que o esperado, apontando-se uma redução para 3,6% em 2024 e 2,1% em 2025. No entanto, segundo as últimas previsões de inverno da Comissão Europeia, o PIB deverá crescer em Portugal 1,2% em 2024 e 1,8% em 2025, abaixo das perspetivas do Governo e do Banco de Portugal. Já na inflação, Bruxelas aponta para uma taxa de inflação de 2,3% em 2024, melhor do que o previsto pelas entidades nacionais.

Nos produtos alimentares, as tendências apontam para uma diminuição da pressão inflacionista (dos 9,0% em 2023 para 4,8% em 2024 e 2,2% em 2025), enquanto a taxa de desemprego praticamente estabiliza em torno dos 6,5 a 6,9%, pese embora a mão-de-obra seja um sério problema para o setor.

Tendo em conta cenários de abrandamento económico nos mercados europeus e mundial, e em países relevantes como Espanha ou a Alemanha, esperando-se uma desaceleração das exportações, prevê-se um ano bastante complicado. Dossiers como a habitação, a saúde e educação podem tornar-se explosivos e a perda de poder

de compra para inúmeras famílias, a braço com juros elevados e eventualmente com preços dos produtos alimentares em alta, tenderão a amplificar a crise, sendo completamente incerto o resultado das eleições em Portugal e na União Europeia, existindo sérios riscos para uma maior fragmentação e polarização.

Ainda que seja inevitável a continuidade da inflação e um forte abrandamento económico quer na Europa, quer a nível mundial, as taxas de juro em alta conduzem a outro tipo de problemas, sobretudo para um país como o nosso, fortemente endividado.

A evolução de eventuais crises sanitárias como a PSA ou a gripe aviária, restrições ambientais ou outras de natureza legislativa, constituem igualmente preocupações acrescidas.

Objetivos

Com a consciência de que 2024 vai ser mais um ano desafiante e complicado para a Fileira, em que vamos ter duas eleições, as legislativas em março e europeias em junho, os principais objetivos da IACA passam pela consolidação e reforço da atividade de representação da Indústria, a nível nacional e internacional, e na divulgação das nossas propostas para o exterior, centrados nos seguintes eixos:

Comunicação: reforçar e agilizar a ligação entre a IACA e os seus Associados, ao nível dos contactos diretos (Grupos de Trabalho com técnicos das empresas associadas), para acompanhar dossiers relevantes para o Setor e preparar posições junto das autoridades nacionais e em Bruxelas), da informação disponibilizada (Informação Semanal, Revista “Alimentação Animal”, Anuário IACA, Newsletter, Notas de Conjuntura, INFO IACA, Circulares, o website) e na resolução de problemas que se colocam a cada empresa, com temas de atualidade.

Procuraremos abordar com mais frequência as empresas, percebendo melhor as dificuldades e constrangimentos com que se deparam, por forma a dirigirmos a nossa ação com maior eficácia, poten-

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ciando o envolvimento da IACA nos projetos de investigação e desenvolvimento, com a continuada aposta na comunicação, interna e externa, explorando cada vez mais os media generalistas, como foram os exemplos de entrevistas na televisão, rádio, ou artigos em meios como o Observador, Expresso, DN ou Público.

Cooperação: reforço da Cooperação com as autoridades oficiais, designadamente ao nível da Agricultura, Economia, Ambiente, Saúde, Infraestruturas e Emprego, principais áreas com impacto para o nosso Setor, com destaques para o GPP, DGADR, DGAV, APA, ICNF, IAPMEI e DGS. No quadro da investigação, desenvolvimento e inovação, continuarão a ser privilegiados os contactos com o INIAV e as Universidades (ISA, UTAD, FMV, ESA Santarém, ESA Coimbra, Universidade de Évora, Universidade do Porto), para fazer a ponte entre a investigação e as empresas, designadamente no quadro do FeedInov. A presença da IACA, enquanto representantes da FIPA em Comissões de Acompanhamento no quadro do Ministério da Agricultura, designadamente do PDR 2020 ou da PAC, ou ainda no Conselho Agroalimentar da FIPA, potenciam essa lógica de cooperação e articulação, procurando resolver ou mitigar os problemas/ estrangulamentos da nossa Indústria.

Articulação: reforço da articulação entre a IACA e as organizações a montante e a jusante do nosso Setor, ao nível das associações agrícolas (ANPOC e ANPROMIS – de que é exemplo o Centro de Competências CEREALTECH), de comerciantes e importadores (ACICO), pecuárias (representantes dos setores das carnes, do leite e dos ovos), da FILPORC e da FIPA, consolidando a relação de Fileiras e criando um maior lobby e “massa crítica” junto das autoridades nacionais e internacionais na defesa dos interesses comuns: a defesa da sustentabilidade da produção nacional e do Mundo Rural, o equilíbrio no relacionamento com as cadeias de distribuição, a promoção da alimentação animal na Sociedade, da produção pecuária e do consumo de produtos de origem nacional, nos mercados interno e externo.

Segurança Alimentar: reforçar o controlo das matérias-primas importadas de Países Terceiros, com a continuada aposta no QUALIACA visando a sua consolidação no mercado, com

os custos a serem suportados parcialmente pelos aderentes (o restante continuará a ser assumido pela Associação), como acontece desde 2019. O Projeto tem sido bem acolhido pela Indústria e pela Fileira da produção animal, visa o reforço da qualidade das matérias-primas, complementando o Plano de Controlo Oficial, e uma estratégia que permite potenciar uma melhor relação com os fornecedores, com maiores exigências contratuais. Com um certificado anual que é emitido aos aderentes pela DGAV e IACA, é um instrumento importante no processo de auditoria das empresas e na gestão/avaliação de riscos. Tal como em 2024, as ações da IACA também se continuarão a centrar num outro eixo da segurança alimentar: o da disponibilidade de alimentos e o normal funcionamento da cadeia de abastecimento.

Filiação: tal como em 2023, pretendemos atrair mais empresas da Fileira, com a filiação de novas empresas e atividades no universo da alimentação animal – desde logo as empresas de petfood, mas também de alimentos compostos para animais de criação – na sequência da alteração dos Estatutos de 2016, que se confirmou nestes últimos 7 anos, com a entrada de mais associados. Esta estratégia reforçará o peso e o papel da Instituição como parceiro e a sua capacidade de intervenção na Sociedade, nos próximos anos, preparando-a melhor para os desafios do futuro. O Projeto SANAS, os seus resultados, nomeadamente as respostas ao Questionário, confirmam este objetivo, de reconhecimento do papel da IACA.

Relações Internacionais: consolidar a imagem da IACA e as suas posições no plano internacional, em particular no quadro da FEFAC e da FoodDrinkEurope – potenciando a representação da Indústria em fóruns de interesse para o Setor e em Grupos Consultivos da Comissão Europeia (Grupos de Diálogo Civil), no Parlamento Europeu, e junto da opinião pública, através dos media e do meio académico e universitário, intervindo em Jornadas, workshops, Seminários e Conferências, promovendo os interesses dos associados, a inovação e o conhecimento, tal como tem acontecido nos últimos anos, em que a IACA, para além da sua continuidade no Board da FEFAC, através do nosso Presidente Romão Braz, coordena Grupos de Trabalho relevantes.

Iniciativas Propostas

Para atingir estes objetivos, o Plano de Ação, que se reflete naturalmente na proposta de Orçamento para 2024, contempla um conjunto de iniciativas, das quais destacamos as seguintes:

Comunicação & Imagem

• Realização de eventos temáticos ao longo do ano, designadamente a Reunião Geral da Indústria e workshops, com o modelo de convites a representantes das autoridades oficiais que acompanham os diferentes dossiers, de forma a compreenderem melhor as posições e necessidades da Indústria e dos seus Associados.

• Face ao sucesso das edições anteriores, realizaremos, em colaboração com a SPMA, as XIII Jornadas de Alimentação Animal, uma iniciativa que já é uma referência e um ponto de encontro anual do Setor, celebrando igualmente os 30 anos de existência da SPMA.

• Presença da IACA nos fóruns nacionais e internacionais a que está diretamente ligada, designadamente, no âmbito da FIPA, GPP, DGAV, DGADR, APA, FEFAC, FoodDrinkEurope e Comissão Europeia (DG AGRI, DG SANTE, DG CLIMA, DG ENVI) e contactos ao nível da REPER, Parlamento Europeu e Comissão de Agricultura da Assembleia da República.

Cooperação & Conhecimento

• Com a Bélgica a assegurar a presidência da União Europeia no primeiro semestre e a Hungria no segundo, em plenas eleições para o Parlamento Europeu, daremos continuidade ao FeedMed, grupo de pressão constituído por IACA/EUROFAC/ASSALZOO/CESFAC, representando Portugal, França, Itália e Espanha, constituído em setembro de 2017 e perfeitamente consolidado. Recorde-se que o objetivo deste Grupo é defender em Bruxelas, nomeadamente no quadro da FEFAC, os interesses e especificidades dos países do Sul, face a pontos de vista, muitas vezes, divergentes dos blocos do Norte ou de Leste, sobretudo tendo em conta o Pacto Ecológico Europeu, nomeadamente a Estratégia do “Prado ao Prato” e as suas metas mais

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relevantes, bem como os PEPAC, os alimentos medicamentosos, aditivos, Novas Técnicas Genómicas, ou as cadeias de abastecimento livres de desflorestação.

• Continuaremos a assegurar a vice-presidência do Comité “Produção Industrial de Alimentos Compostos” e a representação da Indústria europeia nos Grupos de Diálogo Civil “Culturas Arvenses”, “PAC”, e “Acordos Internacionais da Agricultura”, no quadro da DG AGRI/Comissão Europeia, bem como a coordenação do Grupo PARE (Política Agrícola e Relações Externas) da FIPA, com participação nos Comités da FoodDrinkEurope, em particular o da Competitividade.

• Para além da presença nos Comités específicos da FEFAC, incluindo a participação no Comité “Sustentabilidade”, a IACA

continuará presente ao mais alto nível na estrutura dirigente da nossa organização europeia, num novo modelo de governação, para o qual muito contribuímos e que se iniciou a partir de junho de 2020, ano em que o Presidente da Direção assumiu um lugar no Board. Recorde-se que em 2023 foi eleito Pedro Cordero, em representação da CESFAC, para Presidente da FEFAC, num Mandato que decore entre 2023 e 2026.

• Criação de Grupos de Trabalho “ad-hoc” para a discussão de dossiers importantes para o futuro do Setor, designadamente, sobre a rotulagem verde ou Green Labelling ligados ao tema da pegada carbónica e ambiental e à sua medição através de ferramentas disponíveis, como é o caso do GFLI (Global Feed LCA Institute). De facto, este é um dos temas de maior

destaque e pretende dar a conhecer de que forma as matérias-primas para alimentação animal poderão contribuir para a sustentabilidade ambiental. Em 2024, pretendemos realizar um webinar sobre um caso prático de utilização do GFLI.

• Relativamente aos Centros Antiveneno, continua a ser um tema “residente” da SPMA na medida em que, a partir de 1 de janeiro de 2024, irão passar a ser aplicados novos requisitos quanto às informações a transmitir pelos importadores e utilizadores a jusante que colocam misturas no mercado classificadas como perigosas devido aos seus efeitos na saúde ou aos seus efeitos físicos. À data da escrita do presente Plano de Ação ainda não existe informação sobre a plataforma de notificação obrigatória: se o CIAV ou se a ECHA. De resto, a presença constante nos

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Comités Nutrição Animal, e de Pré-misturas e de Gestão da Segurança Alimentar são fundamentais para o sucesso desta estratégia.

• Continuação da dinamização da CT 37 tendo em vista um melhor conhecimento da sua atividade e da importância para a credibilidade da alimentação animal, trazendo cada vez mais laboratórios a participar nesta Comissão Técnica.

Legislação

• No quadro da Contratação Coletiva de Trabalho, os CCT foram denunciados em 2020, não sendo expectável qualquer evolução em 2024, tendo em conta as recentes decisões do Governo. Continuaremos, no entanto, a analisar eventuais alternativas, em conjunto com as empresas associadas.

• Acompanhamento do processo legislativo relativo ao dossier das Novas Técnicas de Melhoramento de Plantas, denominadas como NGT (Novas Técnicas Genómicas), que, esperamos, depois da proposta da presidência espanhola e da recusa do Conselho Agrícola, poderão ter particulares desenvolvimentos em 2024, pelo menos na presidência belga, numa colaboração ativa com o CIB, ANSEME, ANIPLA, FIPA, e outras entidades.

• Acompanhamento do PEPAC, em que os regimes ecológicos têm um papel fundamental – , bem como as propostas de negociação ou implementação de acordos comerciais, pugnando pela aplicação das mesmas regras que são impostas aos operadores da União Europeia. Participaremos igualmente, em Portugal e em Bruxelas, na discussão sobre o Plano Europeu para a Proteína, na preparação da PAC pós27, tendo em vista eventuais cenários de alargamento (Ucrânia e Moldávia) e a Estratégia de Autonomia Aberta, lançada pela presidência espanhola.

• Acompanhamento da legislação sobre as cadeias livres de desflorestação no quadro do Regulamento (UE) 2023/1115 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de maio de 2023, relativo à disponibilização no mercado da União e à exportação para

fora da União de determinados produtos de base e produtos derivados associados à desflorestação e à degradação florestal e que revoga o Regulamento (UE) nº 995/2010 (EUDR na sigla europeia), numa altura em que são mais as interrogações que as certezas.

• Monitorização e acompanhamento do Regulamento sobre os Alimentos Medicamentosos, e colaboração no Programa “Uma Só Saúde”, quer para ajudar a atingir o grande objetivo de redução e/ou utilização prudente de antibióticos na alimentação animal, quer na promoção da receita veterinária eletrónica, na defesa da utilização dos alimentos medicamentosos como um serviço de inegável valor prestado aos clientes, mas igualmente como uma ferramenta eficaz no controlo e redução do consumo de medicamentos, como uma das medidas de combate ao problema da resistência antimicrobiana.

Recorde-se ainda sobre este tema que, em 2022, foi criado o “Grupo de Trabalho – Alimentos Medicamentosos”, tendo realizado reuniões com a participação de empresas associadas e da DGAV. Em 2023, demos continuidade a este trabalho e espera-se, em 2024, combinar todas as informações e dados, bem como reunir o consenso de todas as entidades responsáveis por forma a criar uma plataforma eletrónica alternativa para a emissão de prescrições de receitas médico-veterinárias. A Comissão Europeia deverá adotar em breve novas regras sobre os limites máximos de resíduos de substâncias ativas antimicrobianas em alimentos não alvo que iremos acompanhar no próximo ano.

• Em 2023 foi realizado um curso de legislação aplicável ao setor da alimentação animal, em conjunto com a DGAV e FeedInov, existindo a possibilidade de se voltar a repetir em 2024, bem como a promoção de outras iniciativas, designadamente a ligação com as escolas.

• Acompanhamento da revisão da legislação sobre os vários temas relacionados com a alimentação animal em discussão na UE, nomeadamente o Regulamento sobre higiene nos alimentos para animais (Regulamento (CE) nº 183/2005), o REFIT nos

aditivos (Regulamento (CE) nº 1831/2003), com especial atenção às restrições de aditivos produzidos a partir de microrganismos geneticamente modificados, novos aditivos para alimentação animal e discussão novos grupo de aditivos (“melhoradores da condição de saúde” e com impacto positivo a nível ambiental).

• A revisão da legislação relativa às substâncias indesejáveis será acompanhada, a par e passo, pela IACA, nomeadamente ao nível das micotoxinas, dioxinas e PCBs, P-Fenetidina e Cravagem de centeio.

• Continuação da implementação da Visão 2030 para a Alimentação Animal e da Carta de Sustentabilidade 2030, com atenção no tema da desflorestação, aprovisionamento de soja responsável e economia circular.

Inovação e Sustentabilidade

• Presença da IACA no projeto InsectERA, que visa o conhecimento e disseminação de novas fontes de proteína para a alimentação animal (insetos), economia circular, e a utilização e valorização de coprodutos.

• Participação no projeto Living Lab e no projeto FeedValue, cujos objetivos operacionais passam por reduzir a pressão da atividade agrícola na utilização dos recursos naturais, bem como reduzir os custos de eliminação, transformando coprodutos em benefício.

• No projeto HubRAM, a IACA pretende, em colaboração com os outros parceiros, trabalhar no quadro da resistência antimicrobiana, tendo em vista a utilização responsável e a redução do consumo de antibióticos na produção animal.

Perspetivas e Desafios

Descritas as principais tarefas e objetivos para 2024, a Direção está consciente de que o primeiro ano deste novo Mandato vai ser ainda mais difícil e exigente que os anteriores, tendo em conta o contexto internacional e as incertezas que se colocam, no plano interno e externo, num cenário de inflação e taxas de juro ainda relativamente elevadas, estagnação e perda de poder de compra das famílias, com potencial quebra de consumo nos produtos de origem animal.

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Estaremos atentos às dificuldades e aos desafios que têm caracterizado a evolução da indústria de alimentos compostos para animais e os que estão bem presentes na próxima década, numa agenda mais verde e digital, uma aposta no desenvolvimento sustentável e no combate às alterações climáticas, em que os dossiers como a saúde e bem-estar animal, ambiente, redução das emissões de GEE na pecuária, disponibilidade de proteína, segurança alimentar (cada vez mais focada na disponibilidade de alimentos) e resistência antimicrobiana são essenciais para uma imagem mais favorável do setor na opinião pública e junto dos decisores políticos, à luz de uma sociedade civil com interesses que nunca foram tão contraditórios como hoje. Quer pelos constrangimentos ao nível da produção, pelo impacto ambiental, quer pelo consumo, ao nível das dietas e consequências na saúde, sabemos que vão continuar os ataques aos produtos de origem animal, com impacto negativo na Fileira pecuária e desde logo na nossa atividade.

No entanto, as questões energéticas decorrentes dos preços dos fertilizantes, gás e eletricidade, trazidas pelo conflito na Ucrânia e a dependência da Europa em fontes alternativas, também abrem perspetivas e oportunidades para a pecuária, por exemplo, ao nível da gestão dos efluentes, já para não falar dos serviços prestados aos ecossistemas.

Nesta perspetiva, a Direção da IACA está plenamente consciente das dificuldades e das exigências, mantendo como principal objetivo a aposta continua e reforçada nas parcerias, no conhecimento científico e técnico e na dinâmica da nossa Organização, alargando a sua base de apoio e capacidade de intervenção, quer na Fileira, quer junto dos responsáveis políticos, Administração Pública e do público em geral, sobretudo com os mais jovens.

sas, bem vincada nestes três anos de enormes desafios, pela resiliência dos nossos Associados, demonstrámos que somos uma Associação com visibilidade, credível e respeitada, quer pelos nossos parceiros, quer pelas autoridades, seja em Portugal ou no quadro internacional, sobretudo na União Europeia, no Brasil ou nos EUA, com quem temos excelentes relações institucionais, nomeadamente através da USSEC (soja) e do USGC (cereais).

A consolidação e continuada aposta no FeedInov e a interação com os seus diferentes parceiros, tendo em vista dispormos de dados credíveis e conhecimento para defendermos posições com bases científicas, representa mais uma etapa na adaptação aos novos tempos, enquanto parceiros de confiança e acrescentando valor na cadeia alimentar.

A Carta de Sustentabilidade 2030 e os compromissos que assumimos, definem igualmente um nível de ambição de que não podemos abdicar.

Neste quadro de incerteza global, de grande instabilidade e volatilidade, para além da consolidação dos Projetos estruturantes (Alargamento, QUALIACA, FeedInov), e aposta continuada na Comunicação, Formação e Informação, o que continuamos a garantir aos nossos Associados é ambição e vontade, de fazer mais e melhor, com coerência e espírito de Missão, tendo em vista a coesão da Indústria e a sustentabilidade da IACA, como grandes orientações estratégicas no médio e longo prazo.

A Agenda 2030 e o reconhecimento da parte dos decisores de que a Alimentação Animal é hoje parte da solução, representa uma responsabilidade acrescida e um nível de exigência que temos de manter perante os desafios da Sociedade, que também nos abrem novas oportunidades que temos de saber construir. Como sempre, na defesa dos legítimos interesses dos nossos Associados.

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Tal como sempre, no plano nacional e internacional, com a consciência de que temos de atuar em conjunto e de forma integrada, numa estratégia proativa, agir e não reagir, com a certeza de que o futuro depende, em grande parte, de nós próprios.

Pela sua história e experiência de mais de 50 anos, pela constante capacidade de nos adaptarmos às diferentes realidades que foram surgindo e pela relação com as empre-

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UM COMPROMISSO NACIONAL PARA A INDÚSTRIA AGROALIMENTAR

De forma inesperada e contrariando as expectativas de estabilidade governativa a médio-prazo, o país viu-se envolvido num processo eleitoral antecipado que veio apresentar novos rostos governativos e que, previsivelmente, levará à redefinição de algumas políticas.

Como é habitual nestes momentos de sufrágio democrático, a FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares levou a cabo uma ronda de reuniões com os partidos candidatos e apresentou as suas linhas de força para “um compromisso nacional para a indústria agroalimentar”, salientado as medidas transversais e mais urgentes de apoio à competitividade do setor.

Uma indústria proativa e de diálogo

Se dúvidas houvesse, na conjuntura gerada pela pandemia e, posteriormente, pela guerra, a indústria agroalimentar afirmou sempre o seu papel insubstituível na dinamização da economia nacional e na garantia do abastecimento alimentar. A FIPA foi, desde a primeira hora, parceira incontornável dos órgãos decisores e dos intervenientes na cadeia de abastecimento.

Sabemos que os próximos tempos continuarão a ser marcados por uma elevada imprevisibilidade e muitos desafios se colocarão à vida das empresas.

Necessitamos, por isso, de garantir um elevado espírito de cooperação e união em prol da competitividade e da sustentabilidade da indústria portuguesa agroalimentar, nas dimensões económica, ambiental e social.

Trabalhamos, com a mesma determinação de sempre, em torno destes objetivos, traçando para isso três pilares estratégicos: 1) inovação e crescimento, 2) alimentação, nutrição e saúde, 3) economia verde. Em todos eles identificamos prioridades claras e coincidentes com a rota de afirmação do setor.

Pretendemos continuar a implementar a nossa “Agenda Estratégica 2030” e assumir um papel ativo ao nível das opções no âmbito dos mecanismos de apoio à recuperação e resiliência.

Queremos, naturalmente, continuar o caminho do diálogo junto do Governo e do Parlamento e garantir a representação do setor junto dos mais diversos parceiros e diferentes plataformas colaborativas. Estamos, ao mesmo tempo, bem cientes de toda a turbulência que não abranda. Cadeias de abastecimento estranguladas, preocupante tendência inflacionista, tensões políticas internacionais e constrangimentos energéticos são apenas os exemplos mais marcantes da conjuntura que nos acompanhará por muitos meses.

Adequação da política fiscal à competitividade

Portugal tem hoje uma das taxas médias de IVA mais elevadas da Europa sobre os alimentos e bebidas. Conta também com uma adicional e pesada carga fiscal sobre as bebidas açucaradas e as bebidas alcoólicas, por via de impostos especiais de consumo (IEC), sendo frequentes as ameaças da inclusão de novas categorias. A FIPA tem vindo a munir os decisores políticos com informação credível e apoiada na realidade do mercado para evidenciar o efeito negativo que o aumento desajustado da carga fiscal tem sobre o consumo, as empresas e o emprego. Este cenário promove a discriminação negativa de alguns alimentos e bebidas e, no caso dos IEC, coloca em causa, de forma generalizada, a reputação de um setor estratégico para a economia, promotor de altos padrões de segurança dos alimentos e com provas dadas ao nível da inovação.

Prioridades estratégicas

• Enquadrar os produtos alimentares na taxa reduzida do IVA, pugnando por um maior equilíbrio e competitividade no contexto europeu;

• Eliminar, sempre que o enquadramento legal permita, ou reduzir os impostos especiais ao consumo (IEC) e rejeitar novas iniciativas, tendo presente a evolução dos processos de inovação conducentes à reformulação nutricional de diversas categorias;

• Promover uma discussão aberta e participada da envolvente fiscal do setor com o Governo e o Parlamento, em articulação com os compromissos de reformulação nutricional;

• Defender uma política fiscal “positiva”, com medidas de apoio e deduções fiscais para empresas que façam investimentos em sustentabilidade ambiental.

Abastecimento nacional e infraestruturas

O contexto de pandemia que o mundo viveu recentemente e a guerra já duradoura originada pela invasão da Rússia à Ucrânia, a par da enorme incerteza geopolítica, têm gerado graves disrupções nas cadeias de abastecimento, com particular preocupação ao nível da alimentação humana e animal, seja pela possibilidade de escassez seja pela enorme volatilidade ao nível dos preços. Portugal necessita de ter uma visão clara para a criação de uma rede de infraestruturas sólida e competitiva, particularmente ao nível portuário, de forma a garantir o

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Pedro Queiroz

regular abastecimento de matérias-primas e o regular fluxo de exportações, e reforçar as capacidades necessárias para a criação de stocks de segurança. A redução da dependência externa no abastecimento de matérias-primas deverá ser uma prioridade. Tendo presente a sua importância estratégica para a soberania alimentar, as políticas devem ser definidas em boa articulação entre os decisores políticos e os agentes económicos.

Prioridades estratégicas

• Definir a viabilidade e operacionalidade futuras dos terminais portuários do Beato e da Trafaria, em articulação com os agentes económicos e tendo presentes o processo de liquidação que se arrasta e o término da concessão em 2025, e avaliar os investimentos necessários para ajustar as capacidades de receção e armazenamento às necessidades da indústria e do consumo nacionais;

• Garantir que aquelas infraestruturas se mantêm a laborar em níveis de competitividade similares ou superiores às suas congéneres europeias, fator critico de competitividade da indústria agroalimentar nacional;

• Reforçar a capacidade do Porto de Aveiro (permitir descargas de navios de maior capacidade facilitando o descongestionamento do Porto de Lisboa) e criar terminal cerealífero em Sines;

• Definir um modelo de interligação entre os diversos Portos nacionais, em articulação com as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, para abastecimento nacional;

• Criar incentivos ao investimento em capacidade de armazenamento na indústria e à produção de matérias-primas nacionais aumentando, por esta via, o seu grau de incorporação e o valor acrescentado nacional;

• Adotar medidas estratégicas de longo prazo que permitam a criação de stocks nacionais.

Exportação e internacionalização

A exportação da produção nacional e a internacionalização das empresas, como forma de conquista de novas oportunidades, é cada vez mais uma inevitabilidade. A qualidade dos nossos produtos, associada a um reforço das redes de contactos dentro e fora da União Europeia, revela, por si só, um enorme potencial de sucesso junto de outros mercados e permitirá, em vários casos, um ganho de dimensão do setor e da economia nacional. Importa ainda incentivar uma visão estratégica para as marcas nacionais. Durante as últimas

legislaturas, a FIPA tem sido parceira incontornável na definição das políticas nacionais para a internacionalização do setor agroalimentar, tendo apresentado aos sucessivos governos os seus “Contributos para uma Visão Estratégica”.

Prioridades estratégicas

• Utilizar Portugal como plataforma de exportação em articulação com o crescimento e sustentabilidade do mercado interno;

• Desenvolver políticas económicas e diplomáticas de incentivo à exportação com foco na promoção e afirmação das marcas;

• Implementar mecanismos uniformizados de identificação e comunicação das barreiras à exportação;

• Desenvolver ações coletivas, coordenadas e apoiadas, para a promoção externa;

• Promover linhas de financiamento de apoio à exportação, privilegiando as empresas capacitadas e evitando o desperdício de recursos.

Diálogo e equilíbrio na cadeia de valor agroalimentar

A FIPA é parceira ativa da PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Alimentar, tendo tido um papel muito interventivo na revisão do diploma legal que regulamenta as Práticas Individuais Restritivas do Comércio e sido uma das principais promotoras da criação, implementação e monitorização do Código de Boas Práticas Comerciais para a Cadeia de Abastecimento Agroalimentar. Por força da pandemia Covid-19 e da guerra na Ucrânia, integrou os grupos de acompanhamento do abastecimento alimentar. Tem também procurado promover sinergias entre os setores de base da fileira agroalimentar, para construção de uma estratégia conjunta e integrada em torno da valorização da produção nacional, assente na análise e estudo do mercado, nas necessidades do tecido empresarial e nas expectativas do consumidor. Prioridades estratégicas

• Afirmar posições, no seio da PARCA, com vista à discussão e implementação de medidas focadas na promoção da transparência, equidade e não discriminação de marcas;

• Acompanhar a implementação e monitorização eficaz do Código de Boas Práticas Comerciais para a Cadeia de Abastecimento Agroalimentar;

• Desenvolver mecanismos de mapeamento e promoção de um abastecimento com valor acrescentado nacional;

• Promover a digitalização da cadeia agroalimentar, dinamizando a partilha de boas práticas, a literacia digital e a capacitação dos recursos humanos e das empresas.

Promoção de estilos de vida saudáveis

A indústria agroalimentar foi pioneira no lançamento de iniciativas que visam a constante inovação e adequação dos produtos alimentares, uma melhor comunicação com os consumidores e, acima de tudo, a promoção de escolhas diversificadas e de uma alimentação saudável. Em 2019, a FIPA, a APED e um conjunto de associações setoriais chegaram a um entendimento com o Ministério da Saúde para o estabelecimento de metas de reformulação nutricional de várias categorias de produtos alimentares, tendo sido assinado um compromisso alargado que envolve a redução progressiva dos teores de açúcar, sal e gorduras trans Prioridades estratégicas

• Reconhecer a eficácia da autorregulação na construção de envolventes promotoras de escolhas saudáveis, nomeadamente ao nível da reformulação nutricional, da publicidade e da informação ao consumidor;

• Fazer assentar a evolução do quadro legal em evidências científicas e na preservação do mercado único (ex: esquemas de informação nutricional);

• Dar a devida evidência ao trabalho que a indústria agroalimentar desenvolve há vários anos e que se tem refletido numa oferta alimentar cada vez mais diversificada e adaptada às novas exigências dos consumidores e da sociedade em geral;

• Colocar o enfoque no facto de estilos de vida saudáveis serem compatíveis com o consumo adequado da generalidade dos alimentos, afastando de vez expressões negativas e sem qualquer suporte (ex: “alimentos nocivos”);

• Afastar perceções negativas sobre ingredientes-chave (ex: edulcorantes), quando estes estão devidamente escrutinados pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos.

Transição para a economia circular

Os modelos de crescimento da indústria agroalimentar estão cada vez mais assentes em modelos circulares, mas ainda há muito a fazer. A indústria agroalimentar tem vindo a reduzir o seu impacte no ambiente e a aumentar a reintrodução de materiais na economia. No caso particular das embalagens, tem vindo

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a trabalhar para as reduzir ao mínimo, reduzir a poluição plástica e apoiar a melhoria do design das embalagens para melhorar a sua reciclagem e reutilização – garantindo que a segurança dos alimentos nunca seja comprometida.

Prioridades estratégicas

• Identificar as barreiras à reciclabilidade e à circularidade das embalagens, nomeadamente problemas a montante;

• Implementar o Sistema de Depósito-Reembolso (SDR) assente num modelo de gestão, eficiente e eficaz, por uma única entidade licenciada para o efeito;

• Promover a reutilização de embalagens desde que num contexto de racionalidade ambiental, social, económica e científica;

• Harmonizar as instruções de triagem no âmbito da revisão da diretiva sobre embalagens e resíduos de embalagens;

• Compatibilizar as políticas ao nível das embalagens com a segurança dos alimentos e o combate ao desperdício alimentar;

• Assegurar que as políticas de transição para a economia circular estão alinhadas com a competitividade das empresas;

• Incentivar as autoridades portuguesas a investir significativamente no apoio ao desenvolvimento eficiente da capacidade de recolha, triagem e reciclagem dos resíduos, garantindo o cumprimento das metas a um custo eficiente e transparente.

Estratégia pública de incentivos à inovação

A FIPA tem vindo a assumir um importante papel enquanto dinamizadora de ambientes colaborativos e como elo agregador das prioridades do mercado e das empresas, procurando criar uma envolvente que permita concretizar um futuro sustentável, digital e inovador. Para suportar esta intervenção, elaborou a “Agenda Estratégica 2030”, traçando cenários e definindo caminhos que pretende afirmar junto dos parceiros e dos decisores, procurando mobilizar os recursos necessários à concretização dos objetivos estratégicos. Há muito que a FIPA se tem posicionado como interlocutora da indústria agroalimentar no que respeita quer à participação na definição de políticas de incentivo e apoio à investigação, desenvolvimento e inovação, quer à disseminação do conhecimento técnico-científico.

Prioridades estratégicas

• Adequar os programas de apoio – em particular o PRR e o Portugal 2030 – à atividade transformadora agroalimentar,

colocando o foco em atividades de investigação e desenvolvimento com caráter aplicado e inovador;

• Direcionar os incentivos públicos para o apoio às empresas, promovendo a compra de serviços às Entidades do Sistema Científico e Tecnológico;

• Consolidar a articulação com outras entidades de reconhecido interesse estratégico para o setor, com enfoque no apoio a projetos de IDI e de cooperação empresarial;

• Criar mecanismos para desburocratização e simplificação dos processos de candidatura, avaliação e acompanhamento, bem como de monitorização do

impacto dos resultados em conjunto com os parceiros.

Reforçar a competitividade e o crescimento do mercado nacional – assentes num quadro de reformas estruturais e políticas que promovam um ambiente de saudável concorrência – , fomentar o emprego, fortalecer a confiança dos consumidores e alavancar o crescimento externo são os principais desígnios da FIPA, enquanto representante da indústria portuguesa agroalimentar.

É tempo de afirmar uma estratégia nacional pela robustez da indústria agroalimentar que lhe permita consolidar as suas respostas aos desafios do mercado interno e do posicionamento global.

A MELHOR

SUPEROU-SE

As regras de ouro de uma fitase:

• Resultados superiores devido a uma maior atividade a pH muito baixo: poupança superior nos custos de formulação e na produção animal.

Melhorar a sustentabilidade: a sua utilização permite formular dietas sem P inorgânico.

O produto de maior termoestabilidade do mercado, que resiste a condições extremas de processamento dos alimentos.

• Disponibilização de serviços de valor acrescentado, para uma melhor otimização dos alimentos.

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FAZER DOS DESAFIOS OPORTUNIDADES

Pelo quarto ano consecutivo as previsões para o ano seguinte começam com a mesma introdução: "Face à instabilidade internacional…"

E aqui estamos, à entrada de 2024, depois de passada a pandemia e depois de sentidos os impactos da guerra na Ucrânia, a instabilidade no Médio Oriente deverá marcar a volatilidade dos mercados no ano que se inicia, associado ao evento internacional que marcará a reta final de 2024: as eleições norte-americanas, das quais dependerá diretamente o desenrolar das duas guerras.

No que diz respeito à produção suinícola, prevê-se que a trajetória europeia continue a ser descendente relativamente aos censos. A estratégia Farm To Fork tem tido um efeito na redução da produção primária mais efetivo do que se perspetivava e, no caso dos suínos, passamos de 119% de autossuficiência no espaço europeu em 2019 para os atuais 108% e com tendência a diminuir drasticamente nos próximos anos, correndo o risco de passarmos de excedentários a importadores a muito breve trecho. Já no que respeita à produção mundial, depois de dois anos de aumento significativo dos seus efetivos, a previsão é que a China recue no seu censo, cerca de 3,9%, ainda assim para níveis bastante superiores ao que registou em 2019 (310 milhões de cabeças em 2019, 435 milhões de cabeças perspetivadas a 1 de janeiro de 2024). O problema é que a redução do consumo de carne de porco na China deverá ser superior à redução da produção para o próximo ano.

Esta quebra de produção na Europa e na China vai beneficiar, sobretudo, o Brasil, Vietname e Estados Unidos que deverão aumentar a sua produção em 2024, começando o ano com preços bastante competitivos. O Brasil deverá ganhar preponderância em mercados como o Japão e o México.

No que respeita aos fatores de produção, os preços das matérias-primas foram-se moderando e a rentabilidade do setor foi melhorando em 2023. No entanto, a fraca procura interna e a falta de mercados capazes de substituir a China deverão fazer com que o setor – e sobretudo a fileira – opere uma restruturação em 2024, com as indústrias sem produção própria a terem a sua operação seriamente ameaçada.

Voltando à Europa, importa refletir sobre as medidas adotadas que nos trouxeram até aqui, podemos mencionar a retirada do óxido de zinco e a redução drástica do uso de antimicrobianos que tem resultado num aumento da taxa de mortalidade nas recrias e engordas por toda a Europa, mas também algumas políticas nacionais em países do norte da Europa, como a Holanda (subsidiação para abandono da ati-

vidade) e a Alemanha (obrigação de autoprodução de matérias-primas) que estão a ter o seu reflexo eleitoral, castigando os partidos sociais-democratas, verdes e liberais, com a Holanda a servir de tubo de ensaio identificando-se uma reação do mundo rural que a Europa, de todo, não antecipava.

E isso leva-nos à prossecução das políticas europeias. Se no início de 2023 era praticamente certo que a Europa tinha urgência em acelerar a nova regulamentação em Bem-Estar Animal respondendo à iniciativa cidadã "End Cage Age", querendo introduzir rapidamente medidas drásticas no que respeita ao fim das jaulas, ao fim do corte das caudas, ao fim da castração, à diminuição das densidades animais e aos requisitos para o transporte de animais vivos, neste momento a Comissão Europeia faz um compasso de espera para perceber qual a configuração do Parlamento Europeu depois das eleições de junho de 2024.

A sofreguidão com que o comissário Frans Timmermans quis liquidar a produção primária na Europa vai ter custos elevadíssimos para a competitividade europeia. Politicamente já teve para ele próprio, perdendo as eleições na Holanda para a extrema-direita. É urgente revisitar o Green Deal que, tal como está, tem para a Europa um impacto muito superior ao que o Brexit está a ter para a Grã-Bretanha. Timmermans tem tanta responsabilidade na degradação do projeto europeu como teve Farage. Mas para a Europa ainda não é tarde. Ainda é tempo de restabelecer metas que, simultaneamente, promovam uma transição climática justa e não nos façam perder competitividade.

No que respeita à Peste Suína Africana, não há como não perspetivar que ela continue a alastrar pela Europa, com a Itália a ser o foco de todas as atenções. A aparente liberdade de movimentos da PSA dentro do território transalpino faz adivinhar que desta vez (tendo superado a ameaça belga em 2018), a França vai ter muita dificuldade em continuar ilesa. Daí até à Península Ibérica, valham-nos os Pirinéus como não nos valeram nas invasões francesas…

No plano nacional as eleições legislativas surgem como óbvio marco do ano 2024. Os sinais que nos vão mandando as sondagens é de que pode não ser no dia 10 de março que a governação do país se defina. Com a necessidade de acordos parlamentares entre partidos que não são parceiros naturais, a estabilidade prevê-se pífia, não sendo de estranhar que estas não sejam as últimas eleições legislativas que Marcelo Rebelo Sousa vai convocar…

Naturalmente, o tumulto provocado por estas eleições antecipadas coloca algumas dúvidas relativa-

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João Bastos

mente à execução dos fundos comunitários, numa fase em que temos o novo quadro comunitário a ser iniciado e os fundos do PRR por executar.

No que diz respeito ao PEPAC, a FPAS vê com apreensão a limitação ao montante elegível dos investimentos, havendo uma clara aposta nos apoios diretos do primeiro pilar – onde pela primeira vez a suinicultura é beneficiária – e um desincentivo ao ganho de escala das empresas nacionais. Esperamos que o novo governo possa voltar a redefinir as regras do PEPAC aumentando o limite elegível de apoio aos investimentos na exploração agrícola por beneficiário (atualmente nos 170 mil euros) e ao limite elegível de apoio aos investimentos na melhoria do desempenho ambiental por beneficiário (atualmente nos 288 mil euros), caso contrário, serão mais 7 anos de estag nação de um setor que necessita desespe radamente de investir na sua modernização. Independentemente da conjuntura, a FPAS cá estará a fazer avançar os projetos do setor e a FILPORC cá estará a desenvolver projetos de relevância para a fileira da carne de porco.

O Centro Tecnológico da Suinicultura verá a sua sociedade de gestão ganhar forma no início do ano. O interesse dos empresários do setor dá-nos conforto que este será um pro jeto bem-sucedido que se constituirá como uma verdadeira cantera da suinicultura que trará inegáveis mais-valias ao setor numa área tão necessitada, a dos recursos huma nos especializados.

2024 será o ano da XXVI Feira Nacional do Porco que já tem data marcada. A 16, 17 e 18 de maio o Montijo volta a ser a capital da suinicultura portuguesa, num evento que a Comissão Organizadora se tem empenhado para integrar várias novidades ao figurino e às condições infraestruturais para dotar o espaço de maior conforto e interesse, não só para os profissionais, como para o público em geral.

A Gala do Porco d'Ouro irá para a sua sétima edição que será celebrada a 28 de junho, também já com local definido. O Mosteiro de Alcobaça acolherá o evento, estando a FPAS a desenvolver esforços para captar mais aderentes ao BDporc introduzindo novos critérios, mais qualitativos e não tanto quan titativos, esperando que a Gala tenha a ver dadeira dimensão do setor, na certeza de que mais do que um concurso, este é um evento importantíssimo para a afirmação do setor a nível nacional.

No que respeita à atividade da FILPORC, começamos o ano com mais de 70% do efe

tivo suinícola nacional certificado na certificação de Bem-Estar Animal FILPORC, um número que muito nos orgulha pelo trabalho que vai sendo feito na suinicultura portuguesa. Para 2024 a aposta será na divulgação desta certificação junto da distribuição e dos consumidores para que a procura seja ainda superior à oferta.

No campo da internacionalização, têm sido tidos desenvolvimentos extraordinários com mercados como as Filipinas, Vietname, Singapura e China que só foram possíveis com a intervenção direta da FILPORC. Os efeitos práticos na economia nacional

desta tão importante estrutura, que há muitos anos fazia falta, vão ser notados muito em breve.

Este vai ser um ano (mais um) de enormes desafios, mas as oportunidades que redundarão em potencialidades não faltam. Saibamos nós agarrá-las, cada vez mais com a indispensável unidade e força da fileira, uma fileira que vale mais de 2.000 milhões anuais, um valor equivalente ao que produz a Repsol e duas vezes superior ao volume de negócios da Vodafone, só para se ter uma ideia de quão estratégica é a cadeia de abastecimento da carne de porco em Portugal.

1 05/04/2024 09:15
Vetalmex_novo.pdf

O SETOR LÁCTEO – REVISÃO DE 2023 E PERSPETIVAS PARA 2024

Em 2023, não foi novidade para o setor de lacticínios, que os diferentes elos da fileira permanecessem sob pressão. Os fatores que concorreram para este efeito, têm a sua origem na instabilidade instalada desde a crise pandémica que, sem tempo para daí recuperar, se agravaram por força das consequências advindas do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, ou seja, uma continuada crise de custos de produção, que impactam fortemente o setor de montante para jusante da cadeia. Por outro lado, foi percebido e é consensual que o comportamento do consumidor se alterou e que, como medida de poupança, centrou a sua compra nos produtos básicos e deu prioridade aos produtos da marca de distribuição em detrimento das marcas do fabricante. Apesar das condicionantes ao nível das explorações agrícolas, particularmente com os custos dos bens e serviços, das condições climatéricas menos favoráveis, 2023 foi um ano de recuperação da produção de leite, aumentando a recolha em 2,2% em relação a 2022, situando-se nas 1 831,3 mil toneladas. Em termos de distribuição da produção, a Região Autónoma dos Açores, que representa 33%, viu as suas entregas de leite aumentar em 2,3% face a 2022. No Continente, as entregas refletem um aumento de +3%.

de desaceleração, mostrando-se o preço do leite nacional superior à média europeia, de fevereiro a outubro. A diminuição foi fortemente potenciada pela inflação, pela perda de poder de compra do consumidor e pela forte concorrência dos produtos lácteos importados, que atingiram o mercado nacional a preços muito inferiores aos nacionais. No que toca à transformação de leite em leite e produtos lácteos, os dados preliminares de 2023 indicam, face a 2022, o aumento 2,7% no total de produtos lácteos.

Para este aumento contribuiu uma maior produção anual de leite para consumo (+3,0%), manteiga (+15,0%) e leite em pó (+19,8%). No entanto, o volume de queijo de vaca diminuiu (-6,7%), tendo-se ainda registado variações pouco significativas no volume de leites acidificados (+0,4%) e de nata para consumo (-0,7%).

Esta recuperação resulta pela manutenção do rebanho, um menor número de abates, mas também é resultado da recuperação do preço do leite ao produtor, de modo a cobrir os custos de produção, bem como de um conjunto de apoios extraordinários aos produtores de leite, que visaram compensar o aumento dos custos de produção e a estabilização do mercado.

Com efeito, o preço do leite evoluiu positivamente até dezembro de 2022, mês em que atingiu o valor máximo (54,85€/100litros). 2023, apresentou uma tendência

No que diz respeito ao Comércio Internacional para Leite e Produtos Lácteos, 2023, revela o aumento das exportações em valor (+ 8,4%) face ao ano anterior, atingindo 400,2 milhões de euros, +31 milhões de euros que em 2022. De igual forma, aumentaram as importações em 8,8% totalizando 798,7 milhões de euros, atingindo +65 milhões de euros que em 2022. O défice da balança comercial atinge assim o valor mais elevado, correspondendo a 398,4 milhões de euros.

As categorias que contribuem para o défice são Queijos e Requeijão (0406), com saldo comercial negativo de 291,1 milhões de euros, Iogurtes e Leites Fermentados (0403) com – 165,1 milhões de euros e Soro de Leite (0404) com – 11,7 milões de euros. As categorias, Leite e Nata não Concentrados (0401) e

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Maria Cândida Marramaque

Leite e Nata Concentrados (0402) e a Manteiga (0405) apresentam balanças comerciais positivas, registando respetivamente +15,8 +24,9 e +28,7 milhões de euros.

Com um peso de 75% das exportações em valor, o comércio intracomunitário mantém-se o mais relevante, apresentando um crescimento de 10,75%. Os destinos que mais contribuíram para este crescimento foram os Países Baixos (+63,2%), Bélgica (+17%) e Espanha (+14,4%).

As importações estão assentes no comércio intracomunitário onde Espanha, Alemanha, França, Países baixos e Itália representam 91% em valor. Este grupo de países lidera as importações da categoria Leite e Nata não concentrado (99,6%), Soro de Leite (94%) e Queijos e requeijão (90%).

Quanto ao consumo, os preços ao consumidor dos produtos lácteos apresentaram um crescimento até Abril de 2023, altura em que entrou em aplicação a medida do "iva 0%", com o objetivo de combater a inflação, que teve efeito, passando o IPC a ter tendência decrescente, mantendo-se contudo acima do nível de 2022.

Como referido, o aumento dos preços às famílias, levou a um menor consumo de leite e produtos lácteos, mas por um valor maior. Falar de expectativas para o ano de 2024, é colocar do outro lado da balança os fatores de incerteza geopolítica, a manutenção dos conflitos e a manutenção de condições que produzam um quadro de pressão sobre os fatores de produção. Relativamente à produção de leite é expectável que se mantenha nos atuais níveis de produção. Se as condições forem favoráveis, haverá tendência de ligeiro aumento. No entanto, a implementação de políticas, a nível regional de conversão de leite em carne, poderão ter reflexo na quantidade de leite produzido. No que diz respeito à transformação, as produções poderão sofrer alguma

alteração, refletindo as preferências dos consumidores e a pressão sentida dos produtos importados.

Por sua vez, da parte do consumidor, espera-se que mantenha os níveis de procura, em termos de volumes, no entanto terá tendência por manter a sua escolha em produtos mais baratos. Este facto poderá levar a distribuição a pressionar a indústria a reduzir preços, na tentativa de conquistar consumidores.

O leite e os produtos lácteos, consumidos diretamente, das formas mais básicas às mais indulgentes, como integrantes de preparações culinárias, ou integrando o canal horeca, estão ainda presentes e têm adquirido uma maior relevância no segmento dos ingredientes lácteos, enquanto elementos da indústria alimentar, dos suplementos alimentares e desportivos, e da nutrição clinica, porque desempenham um papel importante na alimentação humana.

Tal como noutras alturas, às crises, aos desafios e às preocupações constantes, o setor tem vindo a provar a sua capacidade de resiliência, pela otimização de recursos, pelo ajuste da estrutura de custos e pela eliminação de ineficiências e adaptação dos processos, enquanto trilha os caminhos da sustentabilidade.

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AINDA TEMOS A CAPACIDADE DE SER OTIMISTAS?

Viver em Portugal, hoje, significa saber conviver com a adversidade, com a falta de estratégia, com a debilidade das lideranças, com um entorno em que mais que o mérito ou a capacidade, vemos prevalecer e somos obrigados a conviver com a falta de ambição e alguma mediocridade. Exercer, de há muito, funções na área do associativismo, leva-me, demasiadas vezes, a ter que antecipar dificuldades, a definir estratégias que possam contrariar decisões políticas e administrativas com que não concordamos e a ser, repetidamente, um megafone de más notícias. Se calhar por isso mesmo, tenho um certo receio que a conjugação de sinais positivos algo dispersos que leio, alguns deles condicionados por fatores que não controlamos, me transmitam, nesta altura e erradamente, algum sentimento de otimismo. Se é incontornável que as tensões geopolíticas, a debilidade de muitas das principais economias ocidentais e os problemas que atacam a economia chinesa geram um quadro macroeconómico bastante cinzento. Se é incontornável que a economia nacional tem apresentado nos últimos anos crescimentos anémicos e que a instabilidade política nada tem de prometedor. É igualmente certo que, muito mais rapidamente do que se previa, a crise inflacionista vai sendo ultrapassada, que a escalada das taxas de juros parece ter sido contida e poderá haver uma descida de taxas lá mais para a segunda metade do ano e que já no segundo semestre de 2024 começaremos a ter sinais bastante nítidos de recuperação nas mais importantes economias mundiais, motores de crescimento e fundamentais para a redinamização das nossas exportações e reaceleração de emissões, especialmente europeias, a nível de turismo.

Assim, tenho a expectativa de que, ao contrário de uma frase que se vulgarizou há quase uma década atrás, Portugal poderá não estar economicamente melhor, mas as famílias portuguesas poderão sentir alguma melhoria no seu dia-a-dia, no seu poder de compra e na sua capacidade de escolha. E isso terá, muito provavelmente, um impacto positivo no mercado nacional na área do grande consumo.

De forma relativamente telegráfica, deixo dez pistas que podem ajudar a compreender este sentimento de otimismo, ainda que algo envergo-

nhado, que pode trazer algumas notícias positivas a famílias e empresas.

Ansiedade mais controlada: Depois de meses em que o tema da inflação e, especialmente, da inflação no universo FMCG, era motivo de notícias diárias e tópico de todas as conversas, o consumidor parece ter-se progressivamente adaptado a este novo contexto e começa a regressar, ainda lentamente, a padrões de compra anterior, com desaceleração do número de visitas às lojas, aumento da cesta a cada ida às compras e, neste último trimestre, uma menor quebra de vendas em volume.

Poder de compra com evolução positiva: Se em 2022 e 2023, a inflação e a fiscalidade ‘comeu’ amplamente os envergonhados crescimentos salariais e se o aumento das taxas de juros penalizou o orçamento disponível de muitas famílias, prejudicando fortemente o poder de compra, em 2024 poderá haver uma reversão, ainda que parcial, dessa quebra, com a inflação a aproximar-se dos valores pré-pandemia, crescimentos salariais bastante mais robustos, alguns ganhos ao nível de fiscalidade direta (em sede de IRS) e um muito provável retrocesso das taxas de juro, a partir de meados do próximo ano, permitindo alguma recuperação do poder de compra.

Turismo como âncora: Se a recuperação ultrapassou mesmo as expectativas mais otimistas que vinham do pós-pandemia, 2024, até por força dos conflitos no Leste e no Médio Oriente, pode tornar Portugal como um destino turístico ainda mais atrativo, com a distância às zonas bélicas, a segurança e a menor exposição política internacional a funcionarem como argumentos favoráveis. A própria recuperação das maiores economias europeias pode fazer crescer o número de turistas proveniente destes mercados, com forte impacto no universo FMCG, seja através das compras diretas no retalho, seja pela sustentação dos negócios a nível de hotelaria e restauração.

Recuperação do valor como foco prioritário: Depois de um período bastante largo em que a inflação e as dificuldades do consumidor empurraram retalhistas e marcas para as soluções que melhor respondiam a uma carteira mais curta de muitas famílias, alguma recuperação de poder de compra, tornará o consumidor mais exigente, mais atento a uma oferta diversificada, mais apetente

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Pedro Pimentel

à inovação, mais atraído para propostas que lhe ofereçam maior valor. Depois da resposta à ansiedade da crise inflacionista, o mercado – sejam as marcas ou os retalhistas – terá de ser capaz de melhorar sortido e valor, suportado em inovação, relevância e experiência de compra. Retalho em significativa mutação: A chegada da Mercadona à Grande Lisboa e a comunicação da aquisição do DIA/Minipreço pela Auchan marcaram o ano de 2023 na área do retalho. Menos atenção mediática (mas não menor importância) foi dada às oscilações do peso de mercado dos grandes operadores no território nacional. Para 2024, para lá da progressiva tomada de controlo das lojas Minipreço pela Auchan, poderá assistir-se a um regresso dos consumidores aos espaços de maior oferta e com propostas de maior valor e, por outro lado, uma maior saturação em relação à rotina de compra em modelos com menor diversidade. É ainda expectável que o crescimento da ‘mancha de azeite’ da espanhola Mercadona, continuando, se torne

menos exuberante, à medida que as novas aberturas ocorram ou em zonas de menor densidade populacional ou em zonas que contribuam para alguma canibalização inter-lojas. Melhoria da eficiência operacional: Melhorar a oferta, neste novo período, não poderá passar apenas por exercícios de redução de sortido e de facilitação da operação. Toda a cadeia de abastecimento terá que se tornar mais resiliente e melhorar a sua eficiência, apostando na respetiva digitalização e automatização e no recurso às possibilidades oferecidas pela inteligência artificial generativa, seja nas operações ao longo da cadeia seja na personalização da relação com o consumidor. Esta é uma necessidade acrescida em face da escassez de recursos (por exemplo, a nível de mão-de-obra) que é cada vez mais sentida. Fazer mais e melhor com menos recursos é o caminho a traçar, apenas possível com a ajuda de tecnologia adequada, bem estruturada e melhor implementada. Ultrapassar a banalização de pricing e promoção: A crise inflacionista que vivemos

nos dois últimos anos subverteu muitos paradigmas ao nível de pricing e promoção. E se é certo que os consumidores não cessam de referir que procuram os produtos mais económicos ou se as suas cestas de compras contêm uma ampla parcela de produtos comprados numa qualquer forma de promoção, na verdade hoje é cada vez mais complexo definir price points adequados ou obter verdadeiros efeitos multiplicadores de vendas a partir de ações promocionais mais ou menos standardizadas. Isso significa, muito provavelmente, fazer promoções mais cirúrgicas, mais personalizadas, capazes de captar a atenção através de outros fatores para além do preço. E se assim for, também a estrutura dos preços normais de prateleira pode ter uma diferente evolução, tornando a compra fora de promoção mais atrativa, beneficiando, também por esta via, o próprio consumidor.

Recuperar espaço no linear e a atenção do consumidor: Um maior foco, em todos os formatos de retalho, relativamente a diver-

Contacte a nossa equipa técnica para mais informações.

sidade, inovação, experiência de compra ou valor, como forma de fidelizar o consumidor, mas atrair também novos consumidores e como forma de obter uma melhor equação de rentabilidade, é importante para todos os operadores e é importante para as marcas e os shoppers. Se é verdade que todas as marcas estão a lutar para recuperar espaço para os seus produtos e para conseguir captar a atenção do consumidor, é também verdade que esse investimento e esforço obterá poucos resultados se não contar com a abertura e colaboração dos próprios retalhistas, seja na gestão dos lineares e no espaço consignado para cada marca (incluindo, obviamente, as suas próprias) e se induzem, ou não, diferenciais excessivos nos preços praticados entre as suas marcas e as restantes. Acredito, que nos próximos meses, se assistirá a um reequilíbrio entre marcas e a um esforço de vários retalhistas, de ampliar a sua oferta e se focar, de forma menos obsessiva, nas suas próprias marcas.

Dar melhor resposta aos desígnios da sociedade : De forma progressiva, as nossas compras deixam de ser um mero ato de resposta às necessidades que pretendemos satisfazer, para se tornarem também um ato de consciência social e ambiental e passamos a expressar, cada vez mais, os nossos valores, anseios e exigências, através dos produtos que adquirimos. Se estamos rodeados de focos de ativismo, com que, muitas vezes, discordamos do fundamentalismo, não deixamos, por isso, de ter uma preocupação crescente como temas como o desperdício alimentar (e não só), com os impactos ambientais do nosso consumo ou com a saúde e o bem-estar (nosso e dos que nos rodeiam). O esforço que muitas marcas e muitos retalhistas fazem hoje para, mesmo antes de quaisquer imposições legais, dar resposta positiva aos anseios dos consumidores e aos desígnios da sociedade, irá ser paulatinamente premiado e os cidadãos sentirão que, com a ajuda de marcas e retalhistas, também poderão cumprir a sua parte. Cocriar um melhor futuro para os consumidores e com os consumidores: Ter o consumidor no centro de todas as decisões ou afirmar que apenas a cooperação entre todos os elos da cadeia permite a melhor entrega de qualidade, experiência e valor

ao consumidor são, hoje, muito mais do que meros chavões. Um consumidor que quer ver as suas necessidades satisfeitas, mas que valoriza aqueles que antecipam e dão resposta a necessidades que apenas mais tarde reconhecerá. Um consumidor que quer ser mimado e surpreendido. Um consumidor que, de facto e com as suas compras diárias, suporta e alimenta o esforço, o investimento e a rentabilidade de toda a fileira. Por isso, será de apostar fortemente em soluções que resolvam as interrogações (atuais e futuras) do consumidor e o seu sucesso será tanto maior quanto mais ele for envolvido na respetiva concepção e desenvolvimento. Estas pistas e o relativo otimismo que sentimos relativamente ao corrente ano, não nos impede de perceber que há um conjunto de situações que, em muitos casos, se arrastam de há muito e que impedem que o nosso mercado seja mais fluido, mais eficiente e mais leal.

Considerando o ato eleitoral de 10 de março e a pouca atenção que o nosso setor e os seus temas merece das forças partidárias e o reduzido espaço que ocupa no espaço do debate político, tivemos o cuidado de preparar um memorando robusto que entregamos a todas as lideranças das forças com representação parlamentar.

Nele aglutinamos as principais preocupações, prioridades e propostas relacionadas com área de atividade que representamos: as empresas detentoras de marcas que atuam no denominado universo do grande consumo, focadas em temas relacionados com o Consumidor, o Mercado, a Marca, a Regulação, a Fiscalidade e a Sustentabilidade.

Assim, colocando o Consumidor no centro da análise, apontamos: Reposição do Poder de Compra: face aos incrementos de custos – preços, juros, taxas e impostos – sentidos pelas famílias nos dois últimos anos e a correspondente não atualização de rendimentos (via salários e fiscalidade), é importante reforçar efetivamente o poder de compra das famílias portuguesas; é a sua qualidade de vida, regime nutricional, saúde e bem-estar que estão em causa e que se devem reaproximar de padrões próximos dos restantes cidadãos europeus, Indução da Literação Financeira: o comportamento de compra e consumo do consumidor depende, amplamente, do maior ou menor

nível de informação a que aceder e que absorver; uma melhor literacia, especialmente a nível financeiro, contribuirá para consumo mais racional, mais adequado às suas necessidades e mais sustentável. A aposta na educação, em diferentes níveis, será sempre um caminho mais adequado do que, por exemplo, o da coerção ou da fiscalidade.

Reforço da Informação de Mercado: é essencial que autoridades, organizações e empresas acompanhem, com proximidade, as alterações de comportamento e de padrão de compra dos consumidores. A adoção de medidas desfasadas no tempo das efetivas necessidades de intervenção, são pouco eficazes e geram resultados desajustados.

Reforçar a qualidade da informação é fundamental às políticas públicas e à atuação dos operadores no mercado e ainda a

Defesa da Liberdade de Escolha: a liberdade de escolha é um valor essencial em democracia. Um mercado afunilado, de oferta pouco diversificada e que não permita ao consumidor o acesso a muitos produtos e marcas da sua preferência, é um mercado imperfeito e que cria limitações ao consumo e ao desenvolvimento económico. De forma proativa, as políticas públicas devem pugnar pelo reforço da diversidade, inclusividade e sustentabilidade.

Em relação ao Mercado chamamos especial atenção para:

Reforço da Monitorização: nunca se deve esquecer a velha asserção de que “o que não se consegue medir, não se consegue gerir”; num mercado bastante desequilibrado e construído em cima de relações comerciais permanentes, é muito difícil (e arriscada) a apresentação de queixas formais de operadores face à atuação de outros; assim, é fundamental que as autoridades realizem uma monitorização permanente do mercado, que para além da informação, gerará um efeito de dissuasão.

Operacionalização do Observatório de Preços : a constituição do Observatório de Preços Agroalimentar foi um passo importante para aquele esforço de monitorização; contudo, é relevante evidenciar que uma parcela importante dos movimentos ao longo da cadeia – aqueles que se fazem entre fornecedores e retalhistas – não são devidamente avaliados e que os problemas, no universo FMCG, não se limitam à área

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alimentar, sendo igualmente importante acautelar o seu financiamento.

Melhor Regulação dos Prazos de Pagamento: a legislação nacional, em matéria de prazos de pagamento no setor alimentar, saída da transposição da Diretiva UTP, apresenta incoerências que urge resolver, a atual discussão, na UE, sobre o novo regulamento de combate aos atrasos nos pagamentos é uma boa oportunidade de criar regras mais eficazes de ataque a uma prática desleal que repetidamente ocorre e que, com os atuais níveis de taxas de juro, tem elevado impacto financeiro e a

Avaliação do Poder de Compra e do Poder de Mercado: não obstante os diversos acertos legislativos introduzidos na última década e que contribuíram para uma maior fluidez e equidade no mercado, continua a prevalecer um forte desequilíbrio negocial ao longo da cadeia de aprovisionamento; avaliar o impacto de eventuais situações de abuso de posição dominante, mas também do excessivo poder de compra e poder de

mercado reforçará a respetiva transparência e lealdade.

A nível da Marca fizemos questão de salientar:

Defesa da Não Discriminação entre Marcas: os retalhistas possuem, na sociedade atual, uma função primordial no abastecimento das populações e reivindicam para si, como ocorreu durante a pandemia, a condição de infraestrutura essencial; no entanto, com a legitimidade própria do dono da prateleira, escolhe os produtos que pretende disponibilizar ao consumidor, sendo que há uma inequívoca (e desleal) vantagem dada aos produtos das suas marcas próprias, face aos detidos pelos seus fornecedores.

Combate às Cópias Parasitárias: a legislação consagra, de há muito, a proteção de marcas, modelos e produtos, no quadro da propriedade intelectual; não obstante ser uma prática repetida, há um combate desigual desenvolvido pelas autoridades em matéria de falsificação, usurpação e de contrafação; contudo, essa cobertura legal é praticamente

inexistente relativamente aos copycats ou cópias parasitárias, sendo que é necessário avançar também nesse sentido. Direcionamento de Apoios para as Marcas : os regimes de apoios às empresas, por razões históricas e atendíveis até dada altura, privilegiou o financiamento de investimentos físicos e materiais, em detrimento das despesas imateriais, nomeadamente ao nível de marcas e marketing; a construção de valor, induzida pela inovação, diferenciação e identificação deveria ser premiada e adequadamente apoiada, como caminho para uma verdadeira cultura de marca e ainda o Reforço das Marcas como Indutores de Exportação : a economia portuguesa especializou-se, em demasia, numa ótima de subcontratação e de outsourcing; são muito poucas as marcas portuguesas com reconhecimento internacional e praticamente nenhumas com impacto global, é fundamental, pois, trabalhar na internacionalização das melhores marcas nacionais, beneficiando as exportações portuguesas, mas também

na percepção de que existe um Portugal-de-Marcas.

A nível de Regulação, reforçamos as preocupações que, de há muito, vimos vincando: Limitação Temporal da Emissão de Débitos : as relações comerciais no universo FMCG, desenvolvem-se diariamente e são validadas a todo o momento, sendo que os retalhistas tendem a fazer encontros sistemáticos de contas entre os pagamentos aos seus fornecedores e os débitos emitidos por supostos serviços prestados; por isso, não há justificação, nem ética nem operacional, para reclamar aos fornecedores de supostos débitos não emitidos com muitos anos de distância dos supostos factos.

Estabelecimento de um Princípio de Pré-Aviso de Desreferenciação: a contratualização entre fornecedores e retalhistas abrange um amplo leque de produtos e um quadro temporal alargado, por vezes, os retalhistas desreferenciam produtos – deixando de os adquirir – sem qualquer indicação ou aviso prévio; essa interrupção, deveria estar legalmente prevista, pois, para além de ter implicações contratuais, pode gerar custos acrescidos, em especial quando os produtos são especificamente fornecidos àquele cliente.

Redinamização da PARCA: a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Alimentar (PARCA) foi absolutamente instrumental na concretização da legislação PIRC, na formalização do Código de Boas Práticas Comerciais ou na transposição da Diretiva UTP; no entanto, os últimos executivos têm progressivamente desvalorizado a sua atuação, sendo importante proceder à sua redinamização e à reconstrução desse espaço de diálogo.

Limitação das Restrições à Comunicação Comercial : tem-se verificado a crescente tentação de tentar resolver problemas gerados na esfera individual de cada um, com um sistemático ataque à liberdade de comunicação comercial: em diversas circunstâncias, os impedimentos legais que se promovem, geram situações de desinformação, de desconhecimento das propriedades dos produtos ou de facilitação da falsificação e contrafação, com custos reputacionais relevantes.

Em matéria de Fiscalidade, a nossa principal proposta fixa-se na:

Harmonização do IVA Alimentar: a fiscalidade, em sede de IVA, que incide sobre os produtos agroalimentares é, hoje, profundamente injusta e incoerente; a reversão da medida IVA 0% e o acréscimo de arrecadação fiscal gerado pelo período inflacionista, criam condições para uma discussão consequente sobre uma potencial harmonização da taxa aplicável a este importante universo de produtos; uma discussão que deveria ser objeto de consenso parlamentar alargado, justificável pela

Simplificação Fiscal e Não Discriminação entre Produtos: o atual formato de construção do Código do IVA e, especialmente, dos seus anexos I e II, relativos à aplicação das taxas reduzida e intermédia, favorece a dúvida e a necessidade constante de esclarecimento por parte dos operadores económicos que colocam produtos no mercado; assim, aquela harmonização favoreceria a simplificação fiscal, auxiliaria uma mais fácil atuação das autoridades e não promoveria a discriminação entre produtos. Pelo

Reforço da Competitividade Fiscal Transfronteiriça: num país que tem uma largura máxima de 200 km, a proximidade à fronteira é muito elevada e, obviamente, favorece o comércio transfronteiriço, para além de custos operacionais distintos, potenciados pelas diferenças na dimensão e localização do mercado, a penalização em termos de fiscalidade desfavorece o retalho e os fornecedores a operar em Portugal, para além – claro – da própria arrecadação fiscal nacional e ainda pela Não Penalização Fiscal da Inovação: a construção do Código do IVA, restringindo a aplicação das taxas reduzida e intermédia apenas aos produtos especificamente indicados nos respetivos anexos, é altamente penalizadora para o arrojo e o investimento implícitos em cada produto efetivamente inovador que é colocado no mercado e a que, por definição, será sempre aplicada a taxa máxima de imposto, gerando, desde logo, diferenciais de preço de 10 ou 17%.

Finalmente, a nível de Sustentabilidade defendemos a:

Regulação das Alegações Ambientais: acautelar que as definições estabelecidas na Diretiva Green Claims estejam alinhadas com

as estabelecidas na proposta Empowering Consumers for the Green Transition, permitindo capacitar os consumidores para a transição ecológica, e defender a introdução de uma nova definição de “evidências científicas reconhecidas”, bem como prever que os mecanismos de verificação sejam facilmente aplicáveis.

Limitação das Barreiras à Embalagem: garantir que na transição verde e caminho para a economia circular, são assegurados os possíveis mecanismos de redução de impacto ambiental e a máxima reciclagem possível, não esquecendo que os direitos de Design e Marcas devem ser protegidos, respeitando a sua importância económica, criativa e os requisitos de saúde que representam; não deve ser esquecido que a embalagem é um fator essencial para a segurança do produtos e um elemento de facilitação e garantia para a compra.

Reforço da Acessibilidade a Produtos Sustentáveis: na Europa discute-se o acesso à informação e a dados, o acesso a matérias-primas sustentáveis, o acesso a produtos produzidos com uma cadeia de valor que assegure os direitos humanos e sociais das pessoas que nele trabalharam, o acesso a produtos sustentáveis e que garantam a economia circular… lembremo-nos que o ponto de partida é a satisfação da necessidade do consumidor e a facilitação do acesso ao produto e ainda a

Salvaguarda dos Direitos de Propriedade Intelectual: com o desenvolvimento do digital e do comércio eletrónico, é essencial reforçar a legislação e os meios de defesa da Propriedade Intelectual nas diferentes plataformas e formatos possíveis, é fundamental que sejam assegurados os mecanismos, associados à marca, que permitam o acesso do consumidor a produtos originais, genuínos, seguros, de qualidade, sustentáveis e de origem garantida.

Este é um Caderno de Encargos amplo e relevante. Há, agora, que encontrar os interlocutores certos e a necessária abertura e boa-vontade para que estes tópicos sejam, paulatinamente, compreendidos, decididos e implementados, sabendo que nos temos que munir de uma elevada dose de persistência e de paciência e de recordar a todo o tempo que, como diz o poeta, o caminho se faz caminhando.

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ENTREVISTA A DANIEL MURTA*

De um modo geral como encara o contributo dos insetos enquanto fonte nutricional para humanos e animais?

Os insetos surgem na alimentação animal e humana como forma de enfrentar um desafio, alimentar uma população humana em crescimento num planeta em cuja área e capacidade de produção agrícola não irá acompanhar as necessidades futuras. Assim, devem ser encontradas fontes nutricionais alternativas que, mais do que substituir as atuais, possam acima de tudo somar, e, na medida do possível, aplicar princípios de economia circular, gerando mais com os mesmos recursos naturais. É com este princípio que desde 2013 que a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) destaca o uso de insetos na alimentação animal e humana. Desta forma, os insetos devem ser encarados como um solução nutricional adicional e o caminho que tem sido percorrido na última década no sentido de tornar esta hipótese numa realidade veio a demonstrar que mais do que solução adicional na nutrição, pela sua qualidade e valências, os insetos surgem ainda como um ingrediente diferenciador, adicionando valor aos produtos gerados, não somente pela sua acrescida sustentabilidade, mas acima de tudo pelo seu valor nutricional, presença de elementos bioativos, e sabor. Basicamente, e aqui mais no contexto da nutrição humana, os insetos cumprem três grandes requisitos, os nossos 3Ss, Saúde, Sabor e Sustentabilidade, sendo que o 4º S é essencial, são comprovadamente Seguros.

“…desde 2013 que a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) destaca o uso de insetos na alimentação animal e humana. Assim, os insetos devem ser encarados como um solução nutricional adicional…”

“Há que demonstrar que mais do que um produto, os insetos são uma ferramenta. Uma ferramenta natural que poderá ser controlada industrialmente para converter desafios em oportunidades."

"…o mais relevante é que estes produtos são gerados de forma segura e sustentável, permitindo gerar fontes nacionais de proteína e óleo para a alimentação animal recorrendo a matérias-primas não competitivas com a alimentação animal, nomeadamente usando bagaço de azeitona."

Qual o panorama deste setor a nível internacional? Quais os principais desenvolvimentos e desafios, inclusive a nível de legislação, para que se torne uma solução nutricional efetiva no sec. XXI?

O primeiro grande desafio deste novo setor, o setor bioindustrial dos insetos, foi a sua aceitação. Aceitar

que os insetos são uma possível solução por parte das autoridades nacionais, dos stakeholders e do público foi, e em boa medida ainda é, um desafio. Há que demonstrar que mais do que um produto, os insetos são uma ferramenta. Uma ferramenta natural que poderá ser controlada industrialmente para converter desafios em oportunidades. O meu caminho no setor dos insetos começou em 2011, focado em gerar conhecimentos básicos e gerar parcerias estratégicas. Apresentar e demonstrar um caminho de futuro onde é possível e necessário trabalhar. Criadas parcerias sólidas foi possível avançar no segundo grande desafio, o desafio legal. Enquadrar a produção, o processamento e a posterior utilização de insetos ao nível industrial a nível nacional e europeu. Para tal foi possível contar com o envolvimento da DGAV e do INIAV, tendo sido possível participar em reuniões de grupos de trabalho e participar no desenvolvimento e publicação daquele que foi o primeiro Manual de Boas Práticas na Produção Processamento e Utilização de Insetos em Alimentação publicado por uma entidade oficial de um estado-membro. Esta publicação teve lugar em 2018, sendo traduzida para inglês em 2019, e marcou o tiro de partida e a diferenciação do nosso país neste setor. Este sinal das autoridades portuguesas de que estavam atentas e envolvidas no desenvolvimento deste setor permitiu gerar a confiança junto dos investidores e operadores para que o terceiro desafio começasse a ser ultrapassado, industrializar. Entre 2011 e 2019 foi possível validar e demonstrar tanto os processos de produção como os produtos a serem gerados, criando-se conhecimentos base sólidos que permitiam saber o suficiente para industrializar a produção de insetos. Assim, 2020 foi marcado pelo primeiro grande investimento no setor em Portugal e com o início da

* Daniel Murta, natural de Portalegre, Mestre em Medicina Veterinária com Doutoramento em Ciências Biológicas e Biomédicas, sendo fundador de várias empresas na área Agroalimentar, desde o inovador setor dos insetos à produção pecuária em extensivo. É ainda Professor de Medicina Veterinária Egas Moniz School of Health and Science.

Apesar de ter iniciado o seu trabalho no desenvolvimento do setor dos insetos em 2011, inicialmente produzindo Tenebrio molitor, veio a fundar a EntoGreen apenas em 2014, dedicando-se desde 2015 à produção de Mosca Soldado Negro. Lidera vários projetos de I&D e de investimento produtivo no setor bioindustrial dos insetos, onde se destaca o primeiro projeto do género em Portugal, o Projeto EntoValor, financiado no âmbito do PT2020 em 2016. Lidera atualmente a Agenda Mobilizadora InsectERA que visiona a criação efetiva de um novo setor produtivo no nosso país e que reúne investimentos no total de 43M€ no âmbito do PRR.

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Daniel Murta

instalação de duas unidades em Santarém, industrializando-se o setor. Atualmente já são produzidas diariamente várias toneladas de produtos derivados de inseto na Unidade Fabril da EntoGreen em Santarém e o setor está comprovadamente pronto para fornecer o mercado da alimentação animal em quantidades adequadas. Porém, o mais relevante é que estes produtos são gerados de forma segura e sustentável, permitindo gerar fontes nacionais de proteína e óleo para a alimentação animal recorrendo a matérias-primas não competitivas com a alimentação animal, nomeadamente usando bagaço de azeitona. A nível internacional os desafios e progressos foram similares ao que ocorreu em Portugal. Porém, em alguns países foram mais rápidos e em maior escala. A nível internacional o primeiro grande marco que lançou o setor foi a alteração legal que permitiu a utilização de produtos derivados de inseto na alimentação de animais aquáticos, ocorrida em 2017. Esta alteração legal permitiu o investimento de várias centenas de milhões de euros em empresas na África do Sul, França e Holanda, tendo sido estas as primeiras empresas internacionais a lançarem as suas produções em larga escala. Atualmente, que seja do meu conhecimento, existem produções industriais relevantes de produtos derivados em inseto em países como os Estados Unidos, Holanda, França, Alemanha, Bulgária, Coreia do Sul e Vietnam. Porém, o número de unidades similares ou maiores que aquela que a EntoGreen detém em Santarém ainda não ultrapassa a dezena em todo o mundo, o que demonstra como o setor ainda esta na sua infância e pode crescer e maturar. Assim, atualmente o principal desafio é ganhar escala para fornecer uma procura crescente por estes produtos.

E em termos de aceitação do mercado, qual o Estado da Arte?

"…os produtos derivados de inseto têm demonstrado a presença de elementos bioativos e comprovados efeitos benéficos na produção e saúde animal, pelo que o reconhecimento e interesse tem crescido acima do esperado."

ticas e o desperdício alimentar. Tem, também, como propósito contribuir para a transação verde em direção à sustentabilidade ambiental, baseada numa economia circular. Partindo desta apresentação, pode dizer-nos como, em concreto, irá o setor dos insetos, e o InsectERA em particular, cumprir a sua missão?

Por forma a compreender verdadeiramente o potencial dos insetos há que identificar os mesmos não apenas como produto, mas essencialmente como ferramenta. Na minha visão, os insetos são uma ferramenta bioindustrial que converte de forma rápida, segura e eficiente subprodutos vegetais, que não têm aplicação alimentar, em fontes nutricionais alternativas, devolvendo à cadeia de valor nutrientes que de outra forma seriam desperdiçados.

"Na minha visão, os insetos são uma ferramenta bioindustrial que converte de forma rápida, segura e eficiente subprodutos vegetais, que não têm aplicação alimentar, em fontes nutricionais alternativas…"

"Quando atingirmos a nossa produção esperada iremos converter cerca de 40.000 toneladas de bagaço de azeitona por ano, gerando 2.500 toneladas de farinha desengordurada de inseto, 500 toneladas de óleo e 7.000 toneladas de fertilizante orgânico." "…de forma segura, industrial e controlada, os nossos insetos transformam em poucos dias um desafio num produto nutricional para a alimentação animal no centro de Portugal."

Atualmente, e no que diz respeito à alimentação animal, os produtos derivados de inseto têm uma aceitação e procura crescente, sendo o desafio atual o aumento de escala para suprir a procura. Porém, e apesar de já reconhecidamente com qualidade e valor diferenciador, os produtos derivados de inseto têm demonstrado a presença de elementos bioativos e comprovados efeitos benéficos na produção e saúde animal, pelo que o reconhecimento e interesse tem crescido acima do esperado. Os mercados mais relevantes para a proteína desengordurada de inseto são atualmente o PetFood e a aquacultura, ambos com tendência crescente e com produtos já firmados no mercado. Contudo, devido ao seu potencial efeito modelador da microbiota e da imunidade, a utilização de proteína e de óleo de inseto tem encontrado adeptos na alimentação de animais jovens, desde a nutrição de pintos nas primeiras idades, a leitões ao desmame, ou, no caso do óleo, no leite de substituição de vitelos.

"O ano de 2024 vai ser dedicado à realização de ensaios e ao arranque dos principais investimentos produtivos, devendo ser notado que está prevista a instalação de várias unidades fabris no âmbito da Agenda."

A Agenda Mobilizadora InsectERA, uma das agendas do Plano de Recuperação e Resiliência, da qual a Entogreen é líder, tem como missão trazer soluções alimentares/nutricionais alternativas que vão dar resposta às novas necessidades alimentares, designadamente, o aumento da população mundial, as alterações climá-

A missão da Agenda Mobilizadora InsectERA passa exatamente por aqui, gerar novas soluções nutricionais, idealmente locais, contribuindo para a balança económica nacional, mas sem utilizar mais recursos naturais, utilizando sim desperdícios e subprodutos de outras indústrias, idealmente subprodutos que fossem desperdiçados ou subvalorizados. No que diz respeito à nutrição animal, o setor dos insetos procura mesmo substratos não competitivos com a nutrição animal, pois o verdadeiro intuito é gerar novas fontes nutricionais e adicionar soluções e não competir com a produção animal atual, pois trabalhamos para ela. De uma forma concreta e demonstrativa podemos dar o exemplo da unidade bioindustrial da EntoGreen em Santarém. Atualmente, estando na sua fase de arranque, a unidade da EntoGreen em Santarém recebe uma média de 50 toneladas de bagaço de azeitona por dia. Este subproduto, originado da produção local de azeite, e que chega a nós já após um reprocessamento, extraindo o chamado azeite de repasso, é para o setor do azeite um enorme desafio. Desafio suficiente para parar um lagar se não houver uma solução adequada, e desafio o suficiente para ser considerado um produto ambientalmente perigoso. Não tem outro destino se não uma extração química e a queima, gerando desafios ambientais adicionais. Porém, para a EntoGreen é uma matéria-prima que vai permitir produzir diariamente mais de 2 toneladas de farinha desengordurada de inseto todos os dias, gerando ainda centenas de litros de óleo de inseto e várias toneladas de fertilizante orgânico. Quando atingirmos a nossa produção esperada iremos converter cerca de 40 000 toneladas de bagaço de azeitona por ano, gerando 2.500 toneladas de farinha desengordurada de inseto, 500 toneladas de óleo e 7.000 toneladas de fertilizante orgânico. Basicamente, e de forma segura, industrial e controlada, os nossos insetos transformam em poucos dias um desafio num produto nutricional para a alimentação animal no centro de Portugal.

O nosso país e o resto da Europa carecem de proteína e de outras fontes nutricionais. A Agenda Mobilizadora InsectERA está a multiplicar este exemplo, gerando mais soluções e reduzindo a dependência do mercado internacional.

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ANIMAL SUSTENTABILIDADE
ALIMENTAÇÃO

Quais as principais atividades já implementadas por esta Agenda?

Quais os próximos passos?

A Agenda Mobilizadora InsectERA teve o seu início em janeiro de 2023 e este primeiro ano foi dedicado ao arranque dos trabalhos, coordenando e planeando ensaios que abrangem toda a cadeia de valor. Foram estabelecidos processos de gestão e controlo do projeto, que envolve 42 parceiros e investimentos de cerca de 43M€, incluindo o estabelecimento de um software ERP para gestão, comunicação e controlo do projeto, e de sistemas de rastreabilidade e acompanhamento de amostras. Porém, o principal trabalho realizado foi o de preparação das bases para divulgar e para quebrar as barreiras de reconhecimento, aceitação e procura pelos novos produtos, processos e serviços.

O ano de 2024 vai ser dedicado à realização de ensaios e ao arranque dos principais investimentos produtivos, devendo ser notado que está prevista a instalação de várias unidades fabris no âmbito da Agenda.

mercado no final de 2025. Porém, existem já vários produtos e processos da Agenda a chegar ao nível de validação de mercado e a entrar no mercado nacional e internacional.

"A Agenda Mobilizadora InsectERA prevê a criação de mais de 100 produtos, processos e serviços. Todos eles têm de estar prontos para o mercado no final de 2025."

"…atualmente existem apenas duas espécies com nível de produção suficiente para serem consideradas em escala relevante, o Tenebrio molitor e a Hermetia illucens (Mosca Soldado Negro).”

Em quantos anos prevê que as soluções criadas estejam no mercado?

A Agenda Mobilizadora InsectERA prevê a criação de mais de 100 produtos, processos e serviços. Todos eles têm de estar prontos para o

soluções inovadoras em

nutrição animal

Serviços

Laboratoriais

Análise Nutricional

Serviços de Diagnóstico

Produtos

Pré-misturas

Alimentos Complementares

Serviços Técnicos

Veterinários

Serviços de Formulação

Assistência Veterinária

Apoio Técnico a Explorações

Especificamente no que respeita à alimentação animal, que vantagens existem na inclusão dos insetos como parte dos regimes alimentares dos animais que dão origem a géneros alimentícios? Poderão eles substituir a soja?

Atualmente os principais produtos derivados para inseto presentes no mercado são a farinha desengordurada de inseto e o óleo de inseto. Porém, há que diferenciar os produtos derivados de inseto, pois nem todos são iguais e não devem ser confundidos. Existem atualmente várias espécies que podem ser usadas para produção de produtos derivados de inseto para a alimentação animal, contudo atualmente existem apenas duas espécies com nível de produção suficiente para serem consideradas em escala relevante, o Tenebrio molitor e a Hermetia illucens (Mosca Soldado Negro). Ambas geram produtos de elevado valor nutricional e biológico, mas diferentes em termos de constituição em aminoácidos e ácidos gordos. Por exemplo, o óleo de inseto derivado de Mosca Soldado Negro tem sido muito valorizado

Qualidade

Controlo de Especi cações:

- Matérias-primas

- Pré-misturas

- Alimentos para Animais

Avaliação de Processos de Fabrico:

- Homogeneidade de Misturas

- Avaliação de Contaminações

- Monitorização de Matérias primas

- Monitorização de Alimentos para Animais

pela presença em níveis elevados de ácido laurico, um ácido gordo de cadeia curta com potencialidades relevantes na saúde animal, algo que não é reconhecido no Tenebrio molitor. Ou seja, os produtos derivados de inseto não devem ser generalizados, mas devem ser analisados espécie a espécie. Contudo, de uma forma geral, as suas principais vantagens prendem-se com a presença de elementos bioativos, o valor nutricional, o equilíbrio em aminoácidos e a sua digestibilidade. No entanto, considerando o seu valor agregado os produtos derivados de insetos não devem ser considerados um substituto total da soja, encontrando a sua aplicação em níveis de incorporação mais baixos e tendo o seu efeito associado a princípios bioativos presentes, como o ácido láurico, a quitina ou os péptidos antimicrobianos, pelo que a sua utilização se poderá centrar em fases produtivas específicas, como a nutrição de animais jovens.

"Estão atualmente a ser preparados alimentos compostos com incorporação de insetos para várias espécies animais, a serem introduzidos no mercado nacional em breve."

realização de ensaios e testes em aves, suínos, animais em aquacultura e animais de companhia. Estão atualmente a ser preparados alimentos compostos com incorporação de insetos para várias espécies animais, a serem introduzidos no mercado nacional em breve.

No entanto, a maior procura atual vem do mercado internacional. A maior parte da produção da EntoGreen encontrará o seu destino na Europa central e do norte, fornecendo essencialmente o mercado de PetFood.

"…a maior procura atual vem do mercado internacional. A maior parte da produção da EntoGreen encontrará o seu destino na Europa central e do norte, fornecendo essencialmente o mercado de PetFood."

Tem encontrado resistência na Indústria em Portugal para a inclusão de insetos na alimentação animal? Também se verifica a mesma situação a nível internacional?

Não me posso queixar do interesse da indústria dos alimentos compostos para animais em Portugal. O interesse pela incorporação destes ingredientes na alimentação animal em Portugal tem sido frequente e patente quase desde o início do projeto e o apoio de entidades como a IACA tem sido muito relevante. A primeira vez que apresentei o projeto e conceito para um público profissional na área da nutrição animal foi no âmbito da Reunião Geral da Indústria promovida pela IACA em 2017

Na altura o conceito e visão criou estranheza, mas foi o tiro de partida para a geração de parcerias que já permitiram a

Como pode desmistificar essas resistências?

Felizmente, na indústria dos alimentos compostos para animais e nos produtores de animais geradores de géneros alimentícios, não temos encontrado muita resistência à utilização de produtos derivados de inseto. Encontrámos sim alguma estranheza inicial ou surpresa, a qual após demonstração e comprovação, se transforma em interesse.

"…não temos encontrado muita resistência à utilização de produtos derivados de inseto."

"A principal mensagem a deixar à Indústria Portuguesa de Alimentação Animal é que o setor bioindustrial dos produtos derivados de inseto é um aliado que procura contribuir para adicionar soluções para a alimentação animal e que foi pensado para servir o setor dos alimentos compostos para animais.”

Existe alguma mensagem que considere relevante deixar à Indústria Portuguesa de Alimentação Animal?

A principal mensagem a deixar à Indústria Portuguesa de Alimentação Animal é que o setor bioindustrial dos produtos derivados de inseto é um aliado que procura contribuir para adicionar soluções para a alimentação animal. Atualmente a produção de insetos tem escala apropriada para servir o setor nacional da alimentação animal, assegurando os padrões de qualidade e segurança adequados e o fornecimento estável necessário à inclusão desta nova solução nas dietas dos nossos animais.

Unidade Fabril da EntoGreen em Santarém. Exemplo de automação na unidade fabril da EntoGreen em Santarém, ilha de paletização da inoculação. Insetos adultos de Hermetia illucens (Mosca Soldado Negro). Larvas de Tenebrio molitor. Fertilizante orgânico gerado com excrementos de Tenebrio molitor. Fertilizante orgânico gerado com excrementos de Hermetia illucens. Proteína Animal Processada de larvas de mosca soldado negro.

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MAIS-VALIAS

EXPERIMENTAIS E ANALÍTICAS PARA A ALIMENTAÇÃO E PRODUÇÃO ANIMAL

Ana Rita Mendes, Beatriz Tavares, Cátia Falcão Martins, Miguel Pedro, Obete Madacussengua, João Pedro Bengala Freire, Madalena Lordelo, André M. de Almeida

LEAF—Linking Landscape, Environment, Agriculture and Food Research Center, Associate Laboratory

TERRA, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349017 Lisboa, Portugal

Correspondência: Prof. André M. de Almeida, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal.

Email: zootecnia.animais@isa. ulisboa.pt

Introdução

O Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa é a mais antiga e prestigiada escola de agricultura de Portugal. Com efeito, com origens que remontam ao século XIX, o ISA encontra-se na sua localização atual, na Tapada da Ajuda em Lisboa há mais de 100 anos, ocupando uma área superior a 100 hectares. Desde então ocorreram muitas mudanças a nível social e político, mudanças essas naturalmente acompanhadas por alterações profundas no ensino das ciências agrárias em Portugal que incluem a abertura de estabelecimentos de ensino universitário e politécnico um pouco por todo o país ao longo dos últimos 50 anos. No decorrer deste período, o ISA tem mantido a sua matriz identitária com um forte compromisso com a qualidade de ensino e de investigação nas diversas dimensões das ciências agrárias: agronomia, zootecnia, florestal e alimentar. Tais qualidades são amplamente reconhecidas a nível nacional e internacional. Acresce que a Universidade de Lisboa se encontra entre as 300 melhores universidades do mundo e entre as 100 melhores em agricultura.

As principais áreas de investigação da equipa de Engenharia Zootécnica do ISA centram-se fundamentalmente no estudo de matérias-primas alternativas para a alimentação animal, com uma ênfase particular na sustentabilidade. O grande objetivo destes estudos é averiguar o efeito destes novos ingredientes na performance e fisiologia animal e na qualidade dos produtos, carne e ovos. Nos últimos anos, a maior parte da investigação tem sido direcionada para três tipos de matérias-primas em particular: algas, microalgas e mais recentemente insetos, havendo igualmente outras áreas de interesse, com particular destaque para a suplementação com aminoácidos. Tal investigação é fundamentalmente aplicada, sendo financiada tanto por fundos públicos nacionais e europeus como por empresas privadas. De salientar que as instalações experimentais, assim como todos os estudos de investigação conduzidos no ISA são devidamente aprovados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária de acordo com legislação vigente.

A área disciplinar de Engenharia Zootécnica do ISA é forte e atrativa na sua componente científica e académica, compreendendo numerosos estudantes de doutoramento e mestrado e captando substancial financiamento público e privado, destacando-se as instalações experimentais, particularmente apetrechadas para trabalhar com suínos, frangos de carne, galinhas poedeiras e coelhos. Possui igualmente uma fábrica de rações que tem a capacidade não só de produzir alimentos compostos para as mais diversas espécies pecuárias usadas nos ensaios de experimentação do ISA, mas também de produzir alimentos para outras instituições de investigação ou empresas que procurem rações em quantidades relativamente pequenas, com características nutricionais particulares e com uma elevada precisão na sua composição. Adicionalmente, o ISA tem um laboratório de nutrição animal, o laboratório Pais de Azevedo, com várias valências, mas com particular destaque para a caracterização nutricional de matérias-primas e de alimentos compostos.

As infraestruturas e equipamentos do ISA, a seguir descritos, trazem uma contribuição importante para o setor pecuário nacional e internacional, em prol de uma alimentação animal mais sustentável do ponto de vista económico e ambiental.

Fábrica de Alimentos Compostos

A fábrica de rações do ISA, foi desenvolvida especificamente para produção dos regimes alimentares utilizados nos ensaios experimentais conduzidos na secção de produção animal. Porém, a sua utilidade estende-se a colaborações com outras instituições que procuram produzir lotes pequenos de alimentos com elevado grau de precisão nas suas composições e formulações. A fábrica de alimentos compostos dispõe de balanças de precisão, moinhos de martelos com uma gama alargada de malhas de crivos, misturadora horizontal com fita em espiral e granuladora (figura 1). Com matrizes com orifícios de diversos diâmetros, a granuladora tem capacidade para produzir alimentos de diferentes granulometrias destinados às espécies animais de acordo com as suas necessidades ou com as exigências das atividades experimentais. Na

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fábrica de rações do ISA fazem-se principalmente alimentos compostos para suínos, frangos e galinhas poedeiras. Mediante solicitação, fabricam-se também alimentos compostos para outras espécies pecuárias ou para outros animais de experimentação como roedores e lagomorfos.

Infraestruturas para suínos

As instalações para estudos com suínos, consistem em dois pavilhões que permitem efetuar ensaios distintos, reunindo condições específicas e necessárias para desenvolvimento de projetos complementares. O pavilhão suínos A permite estudos de metabolismo e de digestibilidade com leitões (figura 2) e possui 24 caixas metabólicas individuais. Estas caixas têm dimensões de 100 x 50 x 48 cm, com um bebedouro chupeta e comedouro individuais, bem como a capacidade de recolha de excreta com separação de urinas e fezes. O pavilhão é ventilado naturalmente por fresta de cumeeira e janelas laterais reguláveis bem como por extração vertical forçada. Esta última é ainda controlada por sistema automático, permitindo um maior controlo do espaço. O conforto térmico é também garantido por lâmpadas de infravermelhos em cada caixa metabólica e por meio de uma unidade de ar condicionado.

O pavilhão suínos B (figuras 3 e 4) contempla uma situação experimental que se assemelha a um contexto produtivo e onde se realizam ensaios zootécnicos. Aqui, os leitões são albergados em parques que possibilitam trabalhar até ao final da fase de pós-desmame. Dá-se ainda a possibilidade de realizar estudos em que os animais têm maior capacidade de expressar comportamentos naturais de grupo, uma maior área de movimento com menor stress. O pavilhão B está equipado com 20 parques, com dimensões de 200 x 100 cm, piso de estrado em plástico, com um bebedouro de chupeta por parque e comedouro à largura, removível, permitindo a sua pesagem e também o acesso aos parques. O pavilhão possui ventilação horizontal e tal como o anterior pavilhão, o conforto térmico é garantido por lâmpadas de infravermelhos.

Infraestruturas para frangos de carne

As infraestruturas destinadas à experimentação animal com frangos de carne compreendem 2 pavilhões distintos. O pavilhão frangos A (figura 5) apresenta um total de 40 unidades experimentais, cada uma com 50 cm de largura por 56 cm de comprimento e uma altura de 60cm, com abeberamento por meio de 2 pipetas e com comedouros de calha individuais. Esta configuração permite um controlo exato da ingestão de alimento, da produção de excreta e outras métricas vitais para a investigação em nutrição animal. A temperatura deste pavilhão é cuidadosamente regulada através de um sistema de ar condicionado, que pode ser acedido remotamente. Conta também com lâmpadas de aquecimento e ventilação controlada por extrator, garantindo o conforto e bem-estar dos animais. Com uma plataforma tecnológica de última geração, permite uma monitorização contínua e imediata dos parâmetros essenciais.

O pavilhão frangos B (figura 6) consiste em 24 parques com 2,30 x 0,9 m cada, no solo e que se destina à realização de ensaios de performance produtiva com frangos em ambiente semelhante a uma situação industrial. Este pavilhão pode igualmente ser usado para ensaios com patos ou com frangos de estirpe de crescimento lento e mesmo codornizes. A temperatura neste pavilhão é monitorizada automaticamente e controlada através de lâmpadas de aquecimento e ventiladores extratores. O fotoperíodo é regulado automaticamente.

Adicionalmente, existem equipamentos e estruturas adjacentes, como material para insensibilização dos animais, caldeira de imersão elétrica e depenadora, que permitem o abate e a recolha de amostras, gerando um fluxo de trabalho contínuo e uma avaliação mais completa dos resultados.

Infraestruturas para galinhas poedeiras

As instalações para galinhas poedeiras do ISA consistem num total de 48 unidades experimentais, onde cada compreende uma área de 1,1 x 0,5 m, e está equipada com um bebedouro de pipeta, um comedouro e um

ninho individual. Esta configuração permite um controle preciso da ingestão de alimentos, produção de ovos e outras métricas vitais para a investigação em nutrição de galinhas poedeiras. Esta infraestrutura foi projetada para fornecer um ambiente controlado e propício à realização de estudos de investigação com galinhas poedeiras. Está equipada com um sistema de controle de iluminação automatizado, permitindo definir o fotoperíodo adequado em função da fase produtiva dos animais. A temperatura e humidade são monitorizadas e a ventilação da sala é garantida por meio de um extrator, proporcionando conforto e bem-estar às aves.

Infraestrutura para coelhos

No ISA existe também uma sala onde é possível realizar ensaios com coelhos em diversas fases produtivas. Nesta sala existem 50 gaiolas multifuncionais, que se adaptam consoante a fase produtiva dos animais. Desta forma, é possível colocar um ninho para os nascimentos dos láparos e retirá-lo quando não for necessário ou colocar uma divisória de forma a dividir a gaiola em duas menores. Cada gaiola apresenta 1,76 m de comprimento, 0,41 m de largura e 0,33 m de altura e está equipada com 2 bebedouros e um comedouro amovível. Cada uma das gaiolas pode alojar um coelho macho ou uma coelha gestante ou em lactação ou vários coelhos em engorda.

Laboratório de nutrição animal

As atividades desenvolvidas no Laboratório Professor Pais de Azevedo concentram-se em análises químicas clássicas, como a determinação de matéria seca, cinza, valor calórico, proteína bruta, gordura bruta, fibra bruta, fibras detergentes neutra e ácida e lenhina detergente ácida. Estas análises são aplicadas a matérias-primas, alimentos compostos, forragens verdes/conservadas e excretas de animais, proporcionando a obtenção da composição química das amostras. Adicionalmente, o laboratório possui todo o equipamento necessário para determinação da viscosidade de matérias-primas, alimentos compostos e dos conteúdos intestinais. Num âmbito mais vasto, são também realizadas

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 31

ALIMENTAÇÃO

análises físicas e químicas para aferição da qualidade dos ovos.

Quanto aos equipamentos, o Laboratório dispõe de diversos recursos como, estufas, liofilizador de grandes dimensões, muflas, calorímetros (figura 8), unidades de extração de gordura e fibras, digestor e destilador de Kjeldahl, colorímetro, viscosímetro, entre outros. A diversidade de instrumentos e a sua manutenção para um adequado desempenho viabilizam a condução das análises mencionadas, culminando na obtenção de resultados fidedignos e que podem ser usados tanto pela comunidade académica e científica, como pela indústria.

Notas finais

O ISA destaca-se pelas suas instalações e equipamentos com fortes valências, únicas no país, para a realização de atividades experimentais na área da alimentação animal, especificamente alimentação de monogástricos e com relevo para frangos, galinhas poedeiras e leitões na fase do pós-desmame. Complementarmente, O ISA possui uma fábrica de alimentos compostos e um laboratório de nutrição animal, fortalecendo ainda mais o alcance da sua investigação. O ISA trabalha tanto em projetos de dimensão académica, como em projetos desenhados para responder às necessidades específicas de empresas portuguesas e estrangeiras em prol da alimentação animal e da zootecnia portuguesa, europeia e mundial. As instalações, equipamentos, valências laboratoriais e know-how de várias décadas representam a identidade de uma instituição com uma longa tradição no contexto agrícola e pecuário português, mas que tem sobretudo um olhar voltado para o futuro e a ambição de responder às contínuas e crescentes necessidades da fileira da alimentação animal por forma a contribuir para a contínua melhoria deste setor estratégico e de importância fundamental para a sociedade. O Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa convida os associados da IACA e todos os interessados nesta temática a visitar o ISA e a considerar esta instituição para uma parceria em investigação e desenvolvimento.

Figura 1 – Granuladora experimental da fábrica de alimentos compostos. Este equipamento possui a capacidade de granular pequenas quantidades de alimento composto. É ideal para estudos pilotos e fabrico de dietas experimentais e com uma composição variada.

Figura 2 – Pavilhão suínos A para ensaios com leitões na fase pós desmame em caixas metabólicas.

Figura 3 – Pavilhão suínos B de ensaios zootécnicos para leitões em crescimento. Esta instalação permite a realização de ensaios produtivos com leitões com um total de 20 parques para um total de 60 a 80 leitões.

Figura 4 – Pormenor de ensaio zootécnico com leitões no pós-desmame no pavilhão suínos B.

Figura 5 – Pormenor de ensaio experimental no Pavilhão frangos A.

7 –

Figura 6 – Pavilhão frangos B para ensaios zootécnicos com frangos de carne.

8 –

Parr

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ANIMAL SUSTENTABILIDADE
Figura Pormenor das instalações para galinhas poedeiras com destaque para ninho e bebedouro individuais. Figura Bomba calorimétrica 6400, a mais recente aquisição do laboratório de nutrição animal do ISA.

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Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer.

Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação.

Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio.

Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade.

De Heus, ao serviço da nutrição dos seus animais.

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CALSEG, O PARCEIRO QUALIACA

A CALSEG, tem desenvolvido a sua atividade na fileira dos cereais, nomeadamente como laboratório acreditado para amostragens e análises, atuando como parceiro da indústria no programa QUALIACA. Atualmente, está a passar por um processo de atualização e reestruturação, tendo mudado as suas instalações e alargado o âmbito da sua especialização.

Para o sucesso da empresa, muito têm contribuído os elementos da sua equipa, nomeadamente Filipa Fernandes, responsável Técnica e Gestora da Qualidade, e Miguel Coelho, técnico de amostragem, que realiza e supervisiona todas estas ações de amostragem.

Numa época de incerteza internacional, que condiciona fortemente as trocas comerciais de matérias-primas cereais e a economia no seu todo, apresentamos de viva-voz o que pensam estes dois responsáveis acerca das mudanças e desafios que agora se lhes colocam.

Quais os desafios ao longo dos anos para o laboratório?

Filipa Fernandes (FF): O que temos procurado fazer, e creio com sucesso, é manter o nível das acreditações que nos permitem efetuar não só as amostragens, bem como outras análises especificas da fileira dos cereais, o que em conjunto dota a CALSEG de uma resposta única em termos de serviços prestados à indústria. Tendo em conta todos os procedimentos e custos associados à manutenção destas acreditações, estes são, sem dúvida, os nossos principais desafios.

O que diferencia a CALSEG como laboratório?

FF: A CALSEG desde cedo se posicionou no setor dos cereais e alimentação animal, fornecendo análises específicas do setor, mas também se especializando na amostragem de bens agroalimentares na Indústria, armazenamento e movimentação de produtos, bem como nas cargas e descargas de navios.

Fomos o primeiro laboratório português com a amostragem acreditada pela norma ISO 24333:2009 e pelos Regulamentos europeu nº. 691/2013 e 401/2016, cientes que a amostragem é uma etapa crucial e importantíssima na análise dos produtos. Um bom resultado analítico começa numa amostragem representativa.

O que significa uma amostragem representativa?

Miguel Coelho (MC): Para uma amostragem ser correta e representativa de um lote, as amostras elementares têm de ser retiradas de forma regular, com uma determinada frequência e sempre que possível de forma dinâmica (com o produto em movimento), pois só assim podemos afirmar com segurança e rigor que a amostra final é representativa de todo o lote amostrado. Para isso a CALSEG implementa as melhores práticas de amostragem, através da sua acreditação, utilizando equipamento especializado e adequado para cada tipo de colheita, seja o produto transportado a granel, em sacos ou em big-bags. Podemos ter os melhores métodos de ensaio com a melhor tecnologia laboratorial, mas se a obtenção da amostra a analisar não cumprir com os métodos explícitos nos regulamentos sobre os quais se realizam as ações de amostragem, os resultados não irão corresponder ao lote em análise.

Acha que a indústria do setor está consciente para esse facto?

MC: Atualmente as empresas estão mais conscientes para a segurança e para a qualidade do produto que comercializam, basta ver o exemplo da implementação do programa QUALIACA. Porém, ter como base somente este programa é manifestamente insuficiente, dado que a quantidade amostrada de cereal, em 2022, foi de apenas 4%, face à quantidade importada. Isto significa, que a maior parte das matérias-primas usadas pela indústria ao longo do ano, chegaram aos seus destinatários sem uma amostragem e análises prévias, as quais lhes poderiam ser bastante úteis na prevenção de danos por não qualidade. Por isso, é nossa convicção, que a indústria teria visíveis ganhos de qualidade se aumentássemos o número de amostragens por ano às matérias-primas que necessita, bem como abranger as trocas intracomunitárias, o que, aliás, já está previsto, como recomendação, na legislação da UE.

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O protocolo QUALIACA existe desde 2016, qual o papel da CALSEG?

MC: A CALSEG tem contribuído para a manutenção deste projeto, desde o início, aceitando todos as solicitações de amostragem e elaborando os serviços com o mesmo rigor segundo o Regulamento UE nº 691/2013, para o qual é acreditada.

O Protocolo QUALIACA subscrito pela DGAV e IACA é um sistema de controlo da qualidade das matérias-primas, provenientes de Países Terceiros, e que complementa o Plano Nacional de Controlo Oficial no âmbito da alimentação animal (CAA).

Esta cooperação foi reforçada pelo subprotocolo, em que a DGAV delega competências à CALSEG, para a colheita de amostras na chegada dos produtos, sejam matérias-primas ou outras, de forma a poderem ter livre prática e resultados analíticos o mais cedo possível.

Todos os anos têm sido realizadas 40 ações de controlo, em navio ou contentor, a produtos como o milho, soja, bagaços e aditivos para a alimentação animal. As análises efetuadas são as micotoxinas, salmonela, pesticidas, metais pesados, Dioxinas e PCB's.

O laboratório da CALSEG efetua as análises às micotoxinas, utilizando o método ELISA. As micotoxinas analisadas são Aflatoxina B1, Fumonisinas, Desoxinivalonol, Ocratoxina A e Zearalenona.

Quais as perspetivas futuras para o laboratório?

FF: O setor das análises e laboratórios de alimentos apresenta desafios e oportunidades que devem ser olhadas em consonância com a evolução do mercado. As demandas dos consumidores cada vez mais conhecedores e exigentes requerem um controlo de qualidade igualmente exigente. O rigor e transparência, são sem dúvida, os pilares do nosso trabalho, os quais são suportados pelo cumprimento das normas em vigor e pelo acompanhamento

técnico-científico da legislação nacional e europeia. Conseguimos dar respostas analíticas rápidas, fiáveis e reconhecidas. Um dos desafios do laboratório é aumentar as acreditações nos parâmetros de interesse, nomeadamente, para a fileira dos cereais, como micotoxinas e alergéneos.

E quais as novidades para o ano 2024? FF: Para além da mudança de instalações, a CALSEG está em processo de finalização da acreditação de mais ensaios. Os ensaios a acreditar são as micotoxinas Aflatoxina B1 e Ocratoxina A pelo método ELISA, sendo esta uma oportunidade para expandir o negócio ligado aos cereais e alimentação animal e, ao mesmo tempo, um reconhecimento do serviço prestado. Gostaríamos igualmente que o protocolo QUALIACA conseguisse controlar uma maior quantidade de produtos, uma vez que entram por via marítima grande parte das matérias-primas para alimentação animal e a percentagem controlada é baixa. Seria muito mais seguro para a alimentação animal e representativo se o número de ações subisse para, pelo menos, 60 por ano. Marketing e Comunicação Calseg

HEPATOPROTEÇÃO EM GALINHAS POEDEIRAS

Principais funções do fígado

O fígado é um órgão que atua como pedra angular do metabolismo, tornando possível os mecanismos que sustentam a vida e as funções fisiológicas.

Suas funções vão desde as digestivas, como a produção de bile, o metabolismo das gorduras (a maioria das quais é metabolizada a nível hepático) ou a regulação da composição do sangue.

Mas sobretudo, destacam-se as funções metabólicas relacionadas ao anabolismo, como a produção de triglicerídeos ou colesterol, ou a gluconeogênese.

Outra função muito importante a destacar é a detoxificação, por exemplo, através da via da glucoronocunjugação ou pela conversão de amônia em ureia. Portanto, é fácil deduzir que uma disfunção hepática pode afetar não apenas a capacidade produtiva do animal, mas também pode reduzir consideravelmente sua vida produtiva e aumentar a mortalidade.

Fatores-chave que contribuem para a disfunção hepática em aves poedeiras

As aves poedeiras são animais sujeitos a um alto estresse produtivo, o que implica um aumento anabólico considerável sobre o fígado.

Além disso, esse metabolismo aumentado resulta em um aumento natural de espécies reativas de oxigênio durante a produção de energia nas mitocôndrias. Moléculas que, em grande parte, são metabolizadas no fígado.

Se adicionarmos a isso uma dieta que cause fermentação intestinal, com um alto nível de micotoxinas ou gorduras oxidadas, podemos aumentar ainda mais a pressão sobre o fígado.

Por último, também devemos considerar os tratamentos antibióticos que são processados pelo fígado.

Como se manifesta a disfunção hepática nas poedeiras

Quando o metabolismo hepático colapsa com funções de desintoxicação, a capacidade anabólica diminui, resultando na redução da produção animal.

O fígado prioriza a manutenção da vida, tornando os processos anabólicos um luxo e reduzindo a produção de ovos, o que também diminui o consumo de alimento, além de reduzir a capacidade digestiva das gorduras devido ao impacto na produção e qualidade da bile.

Além disso, se a pressão oxidativa ou tóxica persistir sobre os hepatócitos, eles esgotam todas as reservas de glutationa, bloqueando a atividade da glutationa peroxidase, e eventualmente, o hepatócito acaba morrendo, o que pode diminuir permanentemente a capacidade hepática.

No entanto, para ter certeza de uma afetação hepática de 100%, é necessário avaliar os níveis das seguintes enzimas hepáticas: Fosfatase Alcalina, Alanina Aminotransferase, Aspartato Aminotransferase e Gama-Glutamil Transferase.

Parámetro analítico Unidades Valores de referencia

FA Fosfatasa Alcalina U/L 20-100

GLT/ALT Alanina

Aminotransferasa U/L 35-60

GOT/AST Aspartato

Aminotransferasa U/L 12-200

GGT

Gamma-Glutamil Transferasa U/L < 25

Práticas que os produtores adotam para garantir a saúde hepática e o bem-estar geral das poedeiras

Devido à alta pressão produtiva imposta aos animais, o problema inevitavelmente ocorrerá, mas podemos reduzir sua incidência seguindo algumas diretrizes claras, algumas das quais não exigem grandes investimentos.

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Nelson Santos Xavier Córdoba

• Manter um ambiente que reduza o estresse ambiental, uma vez que o cérebro do animal o interpreta como uma ameaça real, liberando cortisol e adrenalina, sobrecarregando o fígado com processos catabólicos inúteis, principalmente devido ao catabolismo dos triglicerídeos para obter glicose rápida a partir das moléculas de glicerol.

• Controlar os níveis de substâncias tóxicas nos alimentos e na água, como por exemplo, micotoxinas.

• Controlar os níveis de proteína não digestível na dieta que possam fermentar na forma de amônia.

• Tentar reduzir o número de infeções para diminuir o uso de antibióticos, lembrando que a maioria deles é neutralizada no fígado pelo processo de glucoronocunjugação, gastando as preciosas reservas de glutationa do animal.

• Reduzir outras fontes de estresse oxidativo, como aquelas causadas por altas temperaturas. Este tema é extenso para explicar, então deixaremos para outro artigo.

• Por último, adicionar aditivos que tratem o problema de forma natural, abordando-o holisticamente.

Papel dos aditivos alimentares e suplementos na promoção da saúde hepática em poedeiras

Todos eles são focados em reforçar o metabolismo hepático, como a colina que participa no metabolismo das gorduras, ou os antioxidantes naturais como o hidroxitirosol ou a vitamina E, que ajudam a neutralizar moléculas oxidadas que, de outra forma, seriam metabolizadas no fígado.

No entanto, provavelmente os aditivos mais importantes são os antioxidantes naturais que têm afinidade pelo fígado, ajudando a reabastecer as reservas de glutationa do hepatócito. Um exemplo claro é a silimarina, extraída do cardo-mariano, ou a cinarina, também extraída de outra planta conhecida como alcachofra.

Recordar que a glutationa é crucial para que a molécula mais importante no metabolismo antioxidante, a GPTx (Glutationa Peroxidase), possa funcionar.

Outros aditivos que também se mostram úteis são os captadores de toxinas, que reduzem a carga hepática a nível intestinal, e os regeneradores celulares, que auxiliam na multiplicação celular dos hepatócitos, evitando que, após sua morte, sejam substituídos por tecido adiposo ou conjuntivo.

A proposta da NutriBioGenics

O tratamento holístico do problema é a chave.

Na NBG, desenvolvemos o NBG HepatoShield, que atua holisticamente em 4 níveis, podendo ajudar a:

• Reduzir a absorção de toxinas a nível intestinal, tanto de amônia quanto de micotoxinas.

• Neutralizar algumas moléculas oxidadas antes de chegarem ao fígado com antioxidantes naturais ativados com a tecnologia NBG Bioboost.

• Reabastecer as reservas de glutationa do hepatócito para que este possa lidar de forma mais bem-sucedida contra o estresse oxidativo causado por micotoxinas, antibióticos e vários radicais livres.

• Para este fim, trabalhamos com NBG Syl, que é Silimarina potencializada com nossa tecnologia NBG Bioboost, e NBG Protect.

• Regenerar o tecido hepático danificado.

Dessa forma, os resultados podem ajudar a:

• Aumentar a produção.

• Reduzir os períodos de anorexia após intoxicação por tratamento antibiótico, ingredientes rançosos ou ingredientes com micotoxinas.

• Reverter a sobrecarga hepática com uma redução de até 43% nos níveis das enzimas hepáticos FA, GLT, GOT e GGT.

• Reduzir a incidência de fígado gorduroso.

• Prolongar a vida produtiva dos animais.

Niveis de FA e GOT em galinhas poedeiras afetadas por fígado gordo pré e pós tratamento com NBG HepatoShield, Solagro & NBG, 2023

Niveis de FA e GOT em galinhas poedeiras afetadas por fígado gordo pré e pós tratamento com NBG HepatoShield, Solagro & NBG, 2023

Niveis de GPT e GGT em galinhas poedeiras afetadas por fígado gordo pré e pós tratamento com NBG HepatoShield Solagro & NBG 2023

Niveis de GPT e GGT em galinhas poedeiras afetadas por fígado gordo pré e pós tratamento com NBG HepatoShield Solagro & NBG 2023

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0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 FA GOT/AS T
78 st 84 st 0 10 20 30 40 50 60 GPT/ALT GGT
78 st 84 st 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 FA GOT/AS T
78 st 84 st 0 10 20 30 40 50 60 GPT/ALT GGT
78 st 84 st

INFLUÊNCIA DOS ÁCIDOS RESÍNICOS NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS INTESTINAIS

Tornam-se evidentemente necessárias novas estratégias nutricionais e de aditivos se os agricultores quiserem manter a sua competitividade económica no quadro da legislação europeia. A suplementação de dietas animais com matérias-primas para alimentação animal naturalmente ricas em compostos bioativos está a emergir como uma área crítica a ser avaliada. A maioria destes materiais centra-se na obtenção de um equilíbrio entre o hospedeiro, a microbiota intestinal, a integridade do intestino e uma absorção adequada dos nutrientes. Isto tornou-se ainda mais importante desde a redução do uso de antibióticos e a proibição do uso terapêutico de doses elevadas de ZnO em leitões.

Sabe-se que a manutenção da integridade do trato gastrointestinal pode melhorar a absorção de nutrientes. No entanto, fatores como o stress, os componentes da dieta ou as práticas de gestão da exploração podem perturbar a barreira intestinal, conduzindo a um aumento da inflamação e da permeabilidade intestinal. Esta condição é habitualmente designada por síndrome do intestino permeável. A inflamação intestinal tem sido amplamente estudada para melhor compreender as consequências deste processo. Ela promove alterações drásticas na morfologia intestinal e perdas significativas na produção animal através da redução da digestibilidade dos nutrientes, perda de fluidos e diarreia. Além disso, a inflamação estimula uma resposta sistémica exigente em termos energéticos, o que resulta numa diminuição ainda maior do desempenho animal. A tentativa de encontrar formas de atenuar o efeito da inflamação torna-se assim relevante na indústria animal.

As resinas de coníferas são fitoquímicos, utilizados na medicina humana tradicional desde a antiguidade. Nos seres humanos, estes produtos à base de resina são utilizados principalmente para tratar feridas, úlceras de pressão e uma variedade de outros problemas de pele. Pensa-se que os efeitos dos ácidos resinosos das árvores se devem ao seu cocktail caraterístico de terpenos (incluindo os ácidos abiético, desidroabiético, neoabiético, isopimárico, levopimárico e palustérico), que demonstraram atividades antimicrobianas. Nos últimos anos, os óleos com elevada concentração de ácidos resínicos têm sido explorados como matérias-primas para melhorar e manter a saúde intestinal dos animais devido aos seus efeitos anti-inflamatórios no trato gastrointestinal.

Várias investigações têm tentado compreender os mecanismos dos processos inflamatórios intestinais e a forma como estes podem ser modulados. O epitélio intestinal é constituído por uma camada de células ligadas à membrana basal rica em colagénio. Um dos processos durante a inflamação envolve o aumento da produção de enzimas colagenolíticas específicas denominadas metaloproteinases da matriz (MMPs). Estas MMPs são conhecidas por degradar o colagénio e outras moléculas estruturais da matriz extracelular, danificando a integridade epitelial.

Os investigadores demonstraram que os ácidos de resina derivados de árvores coníferas na dieta podem inibir a expressão da atividade colagenolítica das MMPs associadas à inflamação. Através destes mecanismos, a degradação do colagénio na parede intestinal pode ser reduzida, melhorando assim a barreira e a integridade intestinal, para uma melhor absorção dos nutrientes. Além disso, os ácidos resínicos também demonstraram modular a resposta imunitária sistémica numa direção anti-inflamatória, como a redução do número de linfócitos T inflamatórios no tecido do intestino delgado. Através destes mecanismos, os ácidos resínicos podem reduzir o estado inflamatório no trato gastrointestinal. Além disso, os ácidos resínicos demonstraram uma modulação benéfica da microbiota intestinal, favorecendo os produtores de butirato e reduzindo o crescimento de agentes patogénicos Gram-positivos.

Imagem 1: Mecanismo de ação de um produto à base de resina

O efeito dos ácidos resínicos na alimentação foi estudado através da análise da expressão de MMPs no tecido do íleo e jejuno de frangos alimentados com uma dieta tratada com ácidos resínicos (265 g/tonelada de ácidos resínicos) versus um controlo (sem ácidos resínicos). A expressão de MMPs colagenolíticas específicas foi reduzida em cerca de 36% no jejuno e 75% no íleo quando os frangos

38 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

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foram alimentados com uma dieta enriquecida com ácidos resínicos (Kettunen et al. 2019). Isto sugere que, quando incluídos na alimentação, os ácidos resínicos podem apoiar a integridade da mucosa do intestino delgado. O efeito pode ser especialmente benéfico durante as fases com maior prevalência de processos inflamatórios, como o stress térmico, a fase de pré-inicialização e/ou desafios de coccidiasina.

Diarreia após o desmame (7W), %

Peso corporal dos leitões, g

Gráfico 1. O efeito dos ácidos resínicos na taxa relativa de expressão de MMP. Para verificar se o efeito observado em frangos de carne também seria replicado em leitões, foi realizado um ensaio, envolvendo 285 leitões após o desmame. Entre eles, 135 leitões foram alimentados com uma ração de controlo (C) sem ácidos resínicos, enquanto os restantes 150 leitões foram alimentados com uma dieta contendo Progres, um produto comercial à base de ácidos resínicos (AR) na dose de 1 quilograma por tonelada tratada, com uma concentração de ácido resínico de cerca de 9%. Às sete semanas de idade, os leitões alimentados com ácidos resínicos apresentaram um aumento de peso corporal (+1,66 quilogramas) em comparação com os do grupo de controlo. Além disso, os leitões que receberam ácidos resínicos registaram uma menor incidência (-12,3%) de diarreia após o desmame e uma menor mortalidade (-4,89%). Além disso, o nível de mieloperoxidase fecal (que é um biomarcador da inflamação do tecido intestinal) foi medido, revelando um nível significativamente mais baixo nos animais alimentados com ácidos resínicos em comparação com o grupo de controlo (748 ng/mL vs 923 ng/mL; p < 0.05), (Uddin et al. 2021).

Este estudo fornece mais provas de que a suplementação em dietas pós-desmame pode reduzir a incidência de diarreia pós-desmame, melhorar o desempenho do crescimento e diminuir os níveis de mieloperoxidase fecal em leitões após o desmame, indicando uma melhor funcionalidade intestinal.

Para além dos ensaios acima mencionados, a investigação demonstrou melhorias em diferentes espécies. Nas aves de capoeira, os ácidos resínicos demonstraram melhorar o desempenho, a qualidade da cama, atenuar os problemas de dermatite das patas, apoiar a integridade do tecido gastrointestinal e melhorar a qualidade da casca do ovo. Do mesmo modo, nos suínos, os ácidos resínicos foram associados a uma redução do número de leitões nados-mortos, a uma diminuição da incidência de diarreia neonatal dos leitões, a um aumento do número de leitões desmamados e a pesos de desmame mais elevados. No caso das porcas, verificou-se que os ácidos resínicos contribuem para uma redução do tempo de parto, um maior rendimento de colostro e um aumento da concentração de imunoglobulinas no colostro. Conseguir o controlo nutricional da inflamação intestinal em animais de criação continua a ser um desafio significativo. No entanto, os avanços na compreensão das complexidades da fisiologia gastrointestinal, da microbiota e das respostas imunitárias locais proporcio-

Gráficos 1, 2 e 3. Peso corporal dos leitões ao longo das diferentes semanas de vida. Diarreia após o desmame às sete semanas e mortalidade após o desmame em percentagem às sete semanas, respetivamente.

naram conhecimentos valiosos. Com base nestes conhecimentos, os ácidos resínicos oferecem uma solução promissora para reduzir o estado de inflamação fisiológica do trato gastrointestinal dos animais de criação, no âmbito de uma abordagem holística para manter o desempenho global dos animais. Além disso, a utilização de ácidos resínicos nos alimentos para animais demonstrou efeitos positivos em vários parâmetros, sugerindo que poderiam fazer parte de uma estratégia eficaz para manter a integridade intestinal de forma natural, sem recurso a antibióticos ou a ZnO medicinal.

Bibliografia

Estudo 1 (expressão de MMPs): Kettunen et al. 2019. Kettunen, H., Vuorenmaa, J., Vienola, K., Valkonen, E., Apajalahti, J. e Vartiainen, S. (2019) A composição de ácidos resínicos reduz a expressão intestinal de metaloproteinases da matriz degradadoras de colagénio em frangos de carne. Em: 6ª Conferência Internacional sobre Saúde Intestinal de Aves (IHSIG 2019), Roma, Itália, 3-5 de abril de 2019.

Estudo 2. Uddin et al. 2021.

Uddin, M.K., Hasan, S., Mahmud, M.R., Peltoniemi, O. e Oliviero, C. (2021) A suplementação na alimentação de composição enriquecida com ácido resinoso modula a microbiota intestinal, melhora o desempenho do crescimento e reduz a diarreia após o desmame e a inflamação intestinal em leitões. Animais 11: 2511.

40 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
30.0 17.7 10.0 20.0 30.0 40.0 Diarreia
% C RA 9.33 4.44 0 5 10 Mort a lity p ost -wean ing (7W ) Mortalidade após o desmame (7W), % C RA2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000 16,000 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 1,534 1,410 BW 0W 8,764 9,008 BW 4W 13,066 14,688 BW 7W
C R A Relative rate of expression Control -36%, p < 0.01 -75%, p < 0.05 MMP-2 in jejunum MMP-7 in ileum4.44
após o desmame (7W),
30.0 17.7 10.0 20.0 30.0 40.0
C RA 9.33 4.44 0 5 10 M Mortalidade após o desmame (7W), % C RA2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000 16,000 0.2 0 1,534 1,410 BW 0W 8,764 9,008 BW 4W 13,066 14,688 BW 7W Peso corporal dos leitões, g C R A Relative Control MMP-2 in jejunum MMP-7 in ileum4.44 30.0 17.7 10.0 20.0 30.0 40.0 Diarreia após o desmame (7W), % C RA 9.33 4.44 0 5 10 M
C RA2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000 16,000 1,534 1,410 BW 0W 8,764 9,008 BW 4W 13,066 14,688 BW 7W Peso corporal dos leitões, g C R A4.44 30.0 17.7 10.0 20.0 30.0 40.0 Diarreia após o desmame (7W), % C RA 9.33 4.44 0 5 10 M Mortalidade após o desmame (7W), % C RA2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000 16,000 1,534 1,410 BW 0W 8,764 9,008 BW 4W 13,066 14,688 BW 7W Peso corporal dos leitões, g C R A4.44
Mortalidade após o desmame (7W), %

LYSOFORTE® EXTEND MELHORA O CRESCIMENTO

DOS

FRANGOS DE CARNE, RESULTANDO NUM MAIOR RENDIMENTO EM RELAÇÃO AO CUSTO DA RAÇÃO DURANTE O STRESS TÉRMICO.

Frederika Somers

Diretora Comercial de Nutrição Monogástrica, KAE

Resumo e principais conclusões

Um ensaio com frangos de carne foi conduzido na exploração de investigação de frangos de carne Tests & Trials (Espanha) para investigar o benefício do LYSOFORTE® EXTEND dry no desempenho de frangos de carne durante um desafio de stress térmico. Os resultados demonstram que a suplementação com LYSOFORTE® EXTEND (LEX) dry melhorou o peso corporal final (PC) aos 42 dias (+61 g) e o ganho médio diário (GMD) (+1,5 g/d) em comparação com o controlo.

LYSOFORTE® EXTEND proporcionou um Melhor Rendimento Sobre o Custo da Ração (MRSCR) de 43 €/1000 aves. Extrapolando para uma empresa avícola que produz 100 milhões de frangos por ano, isto significaria um rendimento adicional sobre o custo da ração de 4,3 milhões de euros por ano.

INTRODUÇÃO

O stress térmico é um problema recorrente que continua a desafiar a indústria avícola. A ausência de glândulas sudoríparas nas aves faz com que a termorregulação seja bastante difícil para as mesmas. Assim, quando confrontadas com o stress térmico, as aves desviam a energia das reações de crescimento e defesa, em favor da manutenção da homeostase termorreguladora. Reduzem igualmente a ingestão de ração para reduzir a quantidade de calor endógeno que produzem pela digestão. A combinação destes mecanismos para lidar com a situação resulta em perdas dispendiosas no desempenho das aves. Este problema é ainda agravado pelas melhorias na genética das aves. As aves crescem agora mais rapidamente e têm taxas metabólicas mais altas, o que resulta na produção de mais calor corporal, tornando-as cada vez mais propensas ao stress térmico. Além disso, o aumento das temperaturas ambiente, como um dos efeitos mais imediatos e óbvios do aquecimento global, juntamente com densidades populacionais mais elevadas, contribuem também fortemente para a ocorrência frequente de stress térmico.

Como tal, realizou-se um estudo para avaliar o benefício da adição de LYSOFORTE® EXTEND na dieta

de frangos de carne que enfrentam um desafio de stress térmico, para apoiar o seu desempenho e a rentabilidade da produção.

MATERIAL E MÉTODOS

• Ensaio conduzido na exploração de investigação de frangos de carne Tests & Trials, Huesca, Espanha

• Duração: 42 dias.

• Um total de 640 frangos de carne Ross 308, machos, com um dia de idade, foram alocados aleatoriamente a dois tratamentos experimentais consistindo em 16 baias (2,3 m2 cada) de 20 aves cada:

– Controlo: dieta de milho, soja e trigo formulada para cumprir as recomendações nutricionais da FEDNA 2021 para frangos de carne

– LEX: controlo + 500 ppm de LYSOFORTE® EXTEND dry

• As dietas foram produzidas na forma farelada e fornecidas em 3 fases: dieta Starter (de 0 a 15 dias), dieta Grower (de 15 a 30 dias), dieta Finisher (de 30 a 42 dias).

• Desafio de stress térmico: do dia 21 ao 35 do estudo, das 10h00 às 20h00 a temperatura foi de 30ºC e das 20h00 às 10h00 diminuiu para 25ºC. Nos últimos 7 dias do ensaio (do dia 35 ao 42 do estudo) a temperatura foi de 30 ºC durante as 24 horas.

• Todas as aves foram pesadas à sua chegada da incubadora e aos 15, 30 e 42 dias.

• Os sacos de ração, bem como a ração restante nos comedouros, foram pesados ao mesmo tempo para calcular a ingestão de ração e a taxa de conversão alimentar (CA).

• Os galinheiros foram monitorizados diariamente quanto à mortalidade.

• Os dados foram analisados utilizando o software estatístico (R v.4.0.3) considerando a baia como unidade experimental. Todos os parâmetros produtivos foram analisados utilizando um Modelo Linear Geral (MLG) e as médias foram separadas com teste de comparação post-hoc de Tukey. Diferenças significativas foram declaradas quando p<0,05, ao mesmo tempo que foram consideradas tendências quando 0,05 ≤ p ≤ 0,10.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 41

Tabela 1. Ingredientes e composição de nutrientes das dietas experimentais

Ingredientes (%)

KEMZYME PLUS P

Pré-mistura de vitaminas

(calculados)

Nutrientes (analisados)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 2 apresenta o efeito da suplementação de LYSOFORTE® EXTEND dry no desempenho de crescimento de frangos de carne. O desafio do stress térmico não pareceu afetar os frangos de carne como esperado porque o desempenho alcançado por ambos tratamentos estava em linha com os objetivos de desempenho (Aviagen Ross 308 2022 Performance Objectives), essencialmente porque a ração foi colocada à disposição na forma de farelo e com especificações de nutrientes mais baixas em comparação com Ross 308 (Aviagen Ross 308 2022 Nutrition Specifications). A taxa de mortalidade geral no estudo foi de 5,14%, em linha com a taxa de mortalidade regular para frangos de carne (Ross 308) criados até aos 42 dias (5%). Não foram encontradas diferenças significativas na taxa de mortalidade entre tratamentos.

O peso corporal inicial confirma a homogeneidade dos grupos experimentais, pois não foi observada significância estatística no PC inicial entre tratamentos. No fim da primeira fase de alimentação (0-15 dias), as aves do grupo LEX tenderam a ter maior peso corporal (p=0,0985) do que as aves não alimentadas com LEX, um resultado também observado no fim do ensaio. Após 42 dias, as aves alimentadas com LEX tenderam a apresentar maior peso corporal (p=0,058) do que as aves do grupo CONTROLO. O GMD foi significativamente maior para as aves LEX (p=0,0172) durante a 3ª fase de alimentação (d30-d42)

Tabela 2. Resultados de desempenho.

PC3 dia 0,

PC dia 15, g

6,580 0,0985

PC dia 30, g 1800 1823 14,80 n.s

PC dia 42, g 3033 3094 18,20 0,0580

GMD4 0-15 d, g/d 31,9 32,8 0,497 n.s.

GMD 15-30 d, g/d 84,9 85,2 0,971 n.s.

GMD 30-42 d, g/d 100

GMD 0-42 d, g/d 69,9 71,4 0,611 0,0610

IMDR5 0-15 d, g/d 50,2 50,1 0,639 n.s.

IMDR 15-30 d, g/d 108 111 1,170 0,0760

ADFI 30-42 d, g/d 186 188 2,190 n.s.

ADFI 0-42 d, g/d

n.s.

TCA6 0-15 d, ração:ganho 1,57 1,53 0,022 0,0983

TCA 15-30 d, ração:ganho 1,27 1,30 0,013 n.s.

TCA 30-42 d, ração:ganho 1,85 1,80 0,022 0,0412

TCA 0-42 d, ração:ganho 1,55 1,54 0,007 n.s.

Mortalidade (%) 4,74 5,54 0,334 n.s.

Notas: 16 repetições por tratamento (20 aves por repetição). 1Média do mínimo quadrado; 2EPM: Erro padrão da média; 3PC peso corporal médio/ave 4GMD: Ganho Médio diário corrigido pela mortalidade; 5IMDR: Ingestão Média Diária de Ração corrigida pela mortalidade; 6TCA Taxa de Conversão Alimentar corrigida pela mortalidade. Médias separadas por Tukey (MLG) com diferença significativa quando p≤ 0,05.

42 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
Starter
Grower (15-30
Finisher (30-42
(0-15 dias)
dias)
dias)
CONTROLO LEX CONTROLO LEX CONTROLO LEX Milho 46,00 45,98 48,89 48,86 54,45 54,42 Trigo 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 Farinha de soja 47% PB 36,90 36,90 34,50 34,50 29,40 29,40 Óleo de soja 2,70 2,70 3,10 3,10 3,00 3,00 FM 1,08 1,08 0,88 0,88 0,58 0,58 Bicarbonato de Sódio 0,27 0,27 0,20 0,20 0,17 0,17 Calcário 1,13 1,10 0,86 0,84 0,90 0,88 Cloreto de
0,26 0,26 0,28 0,28 0,28 0,28 DL-Metionina 0,38 0,38 0,32 0,32 0,30 0,30 L-Lisina HCl 0,29 0,29 0,19 0,19 0,20 0,20 L-Treonina 0,15 0,15 0,10 0,10 0,10 0,10 L-Valina 0,08 0,08 0,02 0,02 0,02 0,02
0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
0,50 0,50 0,40 0,40 0,40 0,40 Maxiban 0,06 0,06 0,06 0,06 -LYSOFORTE EXTEND - 0,05 - 0,05 - 0,05 Nutrientes
AME (kcal/kg) 2965 2965 3030 3030 3085 3085 Proteína bruta (%) 22,50 22,50 21,44 21,44 19,50 19,50 Gordura (%) 4,54 4,53 5,08 5,07 5,09 5,09 Fibra bruta (%) 2,78 2,78 2,77 2,77 2,69 2,69 Lisina digestível (%) 1,26 1,26 1,15 1,15 1,02 1,02 Cálcio (%) 0,95 0,95 0,86 0,86 0,78 0,78 Total P (%) 0,66 0,66 0,59 0,59 0,51 0,51 P digestível (%) 0,45 0,45 0,40 0,40 0,34 0,34 Sódio (%) 0,19 0,19 0,17 0,17 0,16 0,16
Humidade 10,90 10,70 10,30 10,20 11,50 11,60 Proteína bruta (%) 23,70 23,50 20,70 21,50 20,70 20,30 Gordura (%) 4,60 4,90 5,20 5,40 4,90 5,00 Fibra bruta (%) 3,90 4,10 3,80 3,90 4,40 4,00 Cinzas (%) 6,00 5,90 5,20 5,10 4,70 4,60
Sódio
CONTROLO1 LEX SEM2 Valor-p
41,5 41,7 0,300 n.s.
538
524
105 1,550 0,0172
109 110 1,010

e durante todo o estudo tendeu a ser maior (p=0,0610) para aves alimentadas com LEX em comparação com aves não suplementadas. Em relação à TCA, após os primeiros 15 dias, as aves alimentadas com LEX tenderam a apresentar uma TCA mais baixa (p=0,0983) do que as aves do grupo CONTROLO, uma tendência que se tornou significativa dos 30 aos 42 dias (p=0,0412).

ECONOMIA

Para avaliar o impacto económico da suplementação de LYSOFORTE® EXTEND dry nas dietas de frangos de carne que enfrentam um desafio de stress térmico, foi feito um cálculo com base nos dados de desem -

Tabela 3. O impacto do LYSOFORTE® EXTEND (LEX) dry no rendimento global sobre os custos de ração (MRSCR).

Ingestão Ração Total dia 0-15 (méd. g/ave) 753 751,5

Ingestão Ração Total dia 15-30 (méd. g/ave) 1620 1665

Ingestão Ração Total dia 30-42 (méd. g/ave) 2232

Peso Corporal final (méd. g/ave) 3033 3094

Preço frangos de carne (€/kg) 1,35

(€/1000 aves)

Custo ração* (€/1000 aves)

Rendimento sobre custo ração (€/1000 aves)

RSCR adicional para aves alimentadas com LEX vs. Controlo (€/1000 aves) + 43

* com base na ração padrão Starter para frangos de carne = 417,88 €/ton; Ração padrão Grower para frangos de carne = 406,21 €/ton; Ração padrão para frangos de carne Finisher = 379 €/ton (preços da semana 43-2023)

penho, na média ponderada do custo da ração com base no consumo real de ração, nos preços médios europeus do mercado de rações, e um preço convencional de peso vivo de frango de carne de 1,35 €/kg (semana 43, 2023). A análise económica é apresentada na Tabela 3.

CONCLUSÕES

Estes resultados indicam que a adição de LYSOFORTE® EXTEND dry às dietas de frangos de carne criados em condições de stress térmico proporcionou um ganho médio diário mais alto (+1,5 g/d) em comparação com aves alimentadas com uma dieta padrão não suplementada. Isto resultou para aves alimentadas com LEX num maior peso corporal final aos 42 dias (média de +61 g/ave). Incluindo os custos de ração, LYSOFORTE® EXTEND proporcionou um melhor Rendimento Sobre o Custo da Ração (RSCR) de 43 €/1000 aves. Extrapolando estes resultados para uma empresa avícola que produz 100 milhões de frangos por ano, isso implicaria um lucro extra de 4,3 milhões de euros no total.

REFERÊNCIAS

1. TD-23-9225.

2. https://www.fundacionfedna.org/sites/default/files/NORMAS_FEDNA_ AVES_2018v.pdf

3. https://aviagen.com/assets/Tech_Center/Ross_Broiler/RossxRoss308-BroilerPerformanceObjectives2022-EN.pdf

4. https://aviagen.com/assets/Tech_Center/Ross_Broiler/Ross-BroilerNutritionSpecifications2022-EN.pdf

CONTROLO LEX
2256
Rendimento
4094,55 4176,9
1,35
1818,65 1858,02
2275,90
2318,88

SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

RESUMO RELATÓRIO ESVAC 2022

Foi publicado, pela Agência Europeia do Medicamento, o último relatório ESVAC sobre as vendas de antibióticos nos 31 países europeus em 2022

Highlights sobre os dados europeus:

• Para os 25 países europeus (incluindo Portugal) que reportam informação continuamente entre 2011 e 2022, as vendas de antibióticos na Saúde Animal baixaram 53% neste período, passando de 161,2 mg/PCU para 75,8 mg/PCU, respetivamente;

• Relativamente aos antibióticos da Classe B (classificados como Críticos – Restringir o seu uso), verificou-se uma significativa redução em:

1 49% nas Cefalosporinas  3ª e 4ª geração;

2 24,7% nas Fluorquinolonas;

3 81% nas Polimixinas (Colistina).

• As medicações de antibióticos por via oral representam 85% do total de antibióticos administrados, sendo que a utilização de Ali-

mento Medicamentoso baixa para cerca de 15% do total;

• Recorde-se que o objetivo da Estratégia “Farm to Fork” passa por reduzir 50% do uso de antibióticos em Saúde Animal, em 2030, face aos valores de 2018 (o que significa a UE, em média, deverá atingir 59,2 mg/PCU em 2030).

Highlights sobre os dados de Portugal:

• Dos 25 países que reportam estas estatísticas de forma contínua, a nível europeu, 24 deles diminuíram as vendas de antibióticos, sendo que Portugal foi, inclusivamente, o país com a maior redução percentual em 2022;

• Portugal reduz o consumo de Antibióticos em Saúde Animal em 48,5 %, em 2022, face a 2021, passando de cerca de 150 mg/PCU para 77 mg/PCU  (próximo da média dos 31 países europeus 73,9 mg/PCU);

• Foi superado o target de baixar a Colistina (Polimixina) até  5 mg/PCU: o valor de colistina atingido, em Portugal, foi de 1,8 mg, o que está

44 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL
ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

abaixo da média europeia (2,1 mg/PCU), sendo que a via Alimento Medicamentoso representa menos de 40 % do total de Colistina;

• O consumo, via Alimento Medicamentoso, reduz em Portugal de 55% para cerca de 29% do total de vendas  (recorde-se que a média europeia é apenas cerca de 15%). Estes dados confirmam o estudo da IACA realizado sobre a produção de Alimento Medicamentoso em 2022;

• Os Antibióticos de Classe B diminuíram em Portugal para 9,4 % do total em Saúde Animal (7,2 mg/PCU).

A significativa e importante redução de Antibióticos, em Saúde Animal, resulta de um conjunto de fatores: nova legislação do Medicamento Veterinário e do Alimento Medicamentoso; implementação do modelo de prescrição eletrónica; campanhas de sensibilização sobre a RAM (Resistência Antimicrobiana) e sobre o uso responsável de antibióticos; programas do Uso responsável e do " One Health”  promovido pela autoridade nacional DGAV com o apoio dos diferentes stakeholders do setor; e ainda, implementação de programas voluntários de redução de antibióticos, como foi o caso da colistina.

WEBINAR | REACH, CLP E TRANSPORTE ADR

No passado dia 2 de fevereiro, a IACA organizou um webinar que contou com a presença da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI).

Foram mais de duas horas de partilha de conhecimentos divididas em duas apresentações e, numa última fase, na colocação de questões, as quais foram respondidas pelos oradores.

A IACA decidiu organizar este webinar na sequência de várias dúvidas colocadas pelos seus Associados, pretendendo, desta forma, esclarecer sobre os requisitos da legislação relativa às substâncias e misturas de substâncias classificadas como perigosas, bem como sobre os requisitos da legislação relativa ao transporte terrestre de mercadorias perigosas, ambos no âmbito da alimentação animal.

No que se relaciona com o transporte terrestre, rodoviário e ferroviário de mercadorias perigosas, existe um acordo com regras comuns a nível internacional (ADR) – pese embora não se aplique a nível mundial – e que é revisto a cada dois anos. A última revisão foi feita em 2023 Trata-se de Regulamentação Técnica extensa, dividida em nove partes, nomeadamente: 1) Disposições gerais; 2) Classificação; 3) Lista das mercadorias perigosas, disposições especiais e isenções relativas às quantidades limitadas e às quantidades excetuadas; 4) Disposições relativas à utilização das embalagens e das cisternas; 5) Procedimentos de expedição; 6) Prescrições relativas à construção das embalagens, dos grandes recipientes para granel (GRG), das grandes embalagens e das cisternas e aos ensaios a que devem ser submetidos; 7) Disposições relativas às condições de transporte, carga, descarga e manuseamento; 8) Prescrições relativas à tripulação, ao equipamento, à operação e à documentação dos veículos; e 9) Prescrições relativas à construção e aprovação de veículos.

A legislação ADR pressupõe a definição de mercadoria perigosa, assim como as matérias e objetos cujo transporte é proibido ou autorizado apenas nas condições aí previstas. É possível consultar as classes de perigo – da responsabilidade do expedidor – , o grau de perigo, o número ONU e as embalagens permitidas e respetivas condições de utilização, sendo que qualquer embalagem utilizada para acondicionar uma matéria perigosa tem de ser aprovada, apresentando um código. É importante ressalvar que as empresas cuja atividade inclua operações de expedição ou transporte de mercadorias perigosas por estrada, ou operações de embalagem, de carga, de enchimento ou de descarga ligadas a esses transportes, devem nomear um ou vários conselheiros de segurança para o transporte de mercadorias perigosas, encarregados de colaborar na prevenção de riscos para as pessoas, para os bens ou para o ambiente, inerentes aquelas operações.

A apresentação relativa aos Regulamentos REACH e CLP também se revelou da maior importância devido ao facto de, desde 1 de janeiro de 2024, ser obrigatória a comunicação ao Centro de Informação Antivenenos (CIAV) de misturas de substâncias colocadas no mercado classificadas como perigosas para o manipulador.

De facto, o principal objetivo destes Regulamentos passa por garantir que as substâncias fabricadas, colocadas no mercado e utilizadas não afetam a saúde humana ou o meio ambiente (REACH). Para tal, há que determinar quais as propriedades das substâncias e misturas que deverão conduzir à sua classificação como perigosas enquanto perigos físicos, perigos para a saúde humana e perigos para o ambiente, incluindo perigos para a camada de ozono (CLP).

Já na parte do debate, deu-se espaço para serem colocadas questões:

Questão Resposta

Se a pré-mistura (PM) está notificada na ECHA, por outro Estado-membro, é necessário o importador que coloca o produto, em Portugal, notificar no CIAV?

Quem deverá notificar o CIAV no caso de uma PM fabricada no mercado nacional, mas cuja responsabilidade da etiqueta e colocação no mercado seja diferente do fabricante?

Como podemos confirmar se os produtos estão a ser notificados por outro país da comunidade?

É obrigatório indicar o número UFI na etiqueta dos produtos ou somente na Ficha de Dados de Segurança (FDS)?

Sim, caso o fornecedor não o tenha feito diretamente no Centro Antiveneno do País no qual o produto está a ser distribuído, no caso de Portugal, CIAV, uma vez que é esta entidade que dá resposta em caso de emergência médica.

Quem tem a obrigação legal de notificar ao CIAV é o fabricante, i.e., a designação do fabricante identificada no rótulo do produto.

É necessário submeter informação sobre o pH na notificação à ECHA?

Não podemos. Eventualmente, será possível se essa informação for dada diretamente pelo fornecedor. No site da ECHA e do CIAV, esta informação é confidencial.

No caso de pré-misturas para uso industrial, o UFI pode constar apenas na FDS. Alerta-se para o facto de que a partir de 01/01/2025, a colocação no mercado de uma mistura destinada a utilizações em ambientes industriais, cuja notificação foi efetuada antes de 1 de janeiro de 2024, obriga a nova notificação. Uma mistura, à qual o período de transição se aplique, e que tenha sido disponibilizada a um distribuidor antes de 1 de janeiro de 2025, pode continuar a ser colocada no mercado, não tendo necessidade de ser novamente rotulada para incluir o UFI, desde que o distribuidor não efetue qualquer alteração que obrigue a atualização da notificação.

Sim, na notificação através do portal da ECHA são exigidas informações sobre as propriedades físico-químicas da mistura, entre as quais, o pH. Existem três opções: 1) assinalar o pH como não relevante para a sua mistura e providenciar justificação; 2) indicar o valor preciso do pH; 3) indicar o valor do pH dentro de um intervalo específico.

Relembramos que estas e outras questões, juntamente com as apresentações realizadas pela ANTRAM e pelo IAPMEI, foram divulgadas por todos os Associados, através de um e-mail enviado a 12/02/2024 Não obstante, a IACA poderá reenviar estes documentos de trabalho e encontra-se, como sempre, à disposição para o esclarecimento de qualquer questão.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 45

PLENÁRIO DA SPMA – Resumo das Principais Matérias abordadas

No passado dia 22 de março de 2024, realizou-se mais um Plenário da Secção de Pré-misturas e Aditivos, que contou com a presença de membros de praticamente todas as empresas associadas da Secção, quer nas instalações da IACA, quer virtualmente. Esta é, como sempre, uma excelente oportunidade de se fazer o ponto de situação das principais matérias, no âmbito da alimentação animal, em termos de legislação aplicada e outros assuntos relevantes.

Começou-se por recordar o "Grupo de Trabalho – Alimentos Medicamentosos" criado com a aplicação do Regulamento (UE) 2019/4 relativo ao fabrico, colocação no mercado e utilização de alimentos medicamentosos para animais até porque, com este Regulamento, passou a haver a possibilidade do fabrico e utilização de alimentos medicamentosos para animais de companhia.

Não obstante a sua aplicação desde 28 de janeiro de 2022, permanece por fechar três questões determinantes: Decreto-Lei nacional de implementação do Regulamento europeu; estudos concluídos, pela EFSA, relativos aos níveis máximos de contaminação cruzada da totalidade das substâncias ativas antimicrobianas (24) em alimentos para animais não visados; adoção de um Ato Delegado, pela Comissão Europeia (CE) com estes níveis máximos de resíduos.

À data da escrita da presente notícia, e com respeito à última questão suprarreferida, é conhecido que deverá ser adotado, pela CE, um Regulamento Delegado para complementar o Regulamento (UE) 2019/4 no estabelecimento de limites máximos de contaminação cruzada das 24 substâncias ativas em alimentos não alvo, e nos métodos de análise das substâncias ativas antimicrobianas nos alimentos para animais, tal como proposto pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia.

Espera-se que este Regulamento Delegado seja adotado, pela Comissão, a partir do 2º trimestre de 2024.

Com respeito aos Comités de Nutrição Animal e de Pré-misturas e Alimentos Mine -

rais, da FEFAC, abordou-se os principais temas, nomeadamente, o relacionado com as alterações que irão ocorrer na Diretiva 2002/32/CE relativa às substâncias indesejáveis:

Micotoxinas

Foi colocada em cima da mesa uma proposta de serem definidos novos valores de recomendação e, para além disso, estes valores passarem a limites máximos legais nos alimentos compostos, permanecendo recomendações nas matérias-primas.

Sabe-se que esta proposta não irá avançar nestes moldes, pese embora se deva passar a aplicar valores de orientação com um caráter juridicamente vinculativo.

Relativamente à cravagem do centeio, os Limites Máximos de Resíduos (LMR) irão diminuir, sendo aplicado diferentes limites no caso de matérias-primas e alimentos compostos para animais com cereais não moídos, e no caso de matérias-primas e alimentos compostos com centeio. Perspetiva-se que os novos valores entrem em aplicação a 1 de julho de 2025.

Dioxinas e PCBs

Para esta secção, as alterações deverão incidir, maioritariamente, em matérias-primas derivadas de peixe, tais como o óleo de peixe e as proteínas de peixe hidrolisadas. No caso dos alimentos compostos, as alterações aos LMR serão aplicadas aos animais de companhia e aos peixes.

Impurezas Botânicas Prejudiciais

Uma das alterações nesta secção irá ocorrer na terceira coluna da tabela dos LMR que passará de "Limite máximo em mg/kg (ppm) de alimentos para um teor de humidade de 12%" para "Limite máximo em mg/kg (ppm)”. Tal deve-se ao facto de as impurezas botânicas terem, geralmente, o mesmo teor de humidade que os alimentos em que estão presentes, pelo que se considerou adequado que as impurezas botânicas expressem o seu teor máximo sem correção da humidade.

Além disso, o LMR da Datura sp. irá sofrer uma diminuição.

Novas entradas

Outra novidade relativamente à Diretiva 2002/32/CE é a entrada de três novas substâncias indesejáveis.

A p-Fenetidina é uma impureza do aditivo Etoxiquina, sendo considerada um agente mutagénico. Apesar de este aditivo não estar autorizado na União Europeia, a sua utilização é permitida em países terceiros, pelo que não é de descartar a possibilidade de contaminações cruzadas. Desta forma, a p-Fenetidina será incluída na secção VIII "Outras substâncias indesejáveis" para a qual será estabelecido um LMR para matérias-primas, aditivos, pré-misturas e alimentos compostos de 125 ppt.

Uma outra substância indesejável a ser incluída será o níquel, concretamente, na secção I "Contaminantes inorgânicos e compostos azotados", sendo que será atribuído um LMR de 20 ppm para ácidos gordos esterificados com glicerol, mono di e triglicéridos de ácidos gordos, sais de ácidos gordos, ácidos gordos brutos, sal de lactilatos de ácidos gordos, ácidos gordos puros destilados, glicerina bruta e glicerina.

Outra novidade será a Delta-9-Tetrahidrocanabinol com uma proposta de inclusão, na secção III "Toxinas vegetais inerentes”, dos seguintes LMR: 3 ppm (sementes de cânhamo e bagaço da semente de cânhamo), 7,5 ppm (óleo de semente de cânhamo, farinha de cânhamo e fibra de cânhamo) e de 0,5 ppm nos alimentos completos.

Seguiram-se outros temas, nomeadamente, sobre a revisão da legislação relativa aos aditivos (REFIT) em que se esperava, inicialmente, que a Comissão divulgasse uma proposta do novo regulamento no primeiro semestre de 2022. Contudo, é expectável que tal apenas aconteça em 2025.

Neste dossier, ressalvamos o Regulamento de Execução (UE) 2023/1173 que retira do mercado determinados aditivos para a alimentação animal. No caso da vitamina B12,

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este Regulamento revoga todas as autorizações, exceto a vitamina B12 produzida pela Ensifer adhaerens CNCM I-5541. Serão aplicadas as seguintes medidas transitórias de autorização para colocação no mercado: a) até 6 de julho de 2024 está autorizada a utilização dos stocks de aditivos; b) até 6 de outubro de 2024 está autorizada a utilização de pré-misturas que contenham esses aditivos; c) até 6 de julho de 2025 está autorizada a utilização de alimentos compostos e matérias-primas produzidos com os aditivos ou com as pré-misturas que contenham esses aditivos.

À semelhança da maior parte das vitaminas utilizadas na alimentação animal, existe uma enorme dependência de um único país, a China, o que poderá provocar sérios constrangimentos.

Outro assunto abordado foi o relativo à 5ª atualização do Catálogo de matérias-primas para alimentação animal, que poderá sofrer

alterações, tanto na lista das próprias matérias-primas, como no glossário de processos. Contudo, ressalve-se as seguintes premissas: a) apenas as matérias-primas colocadas no mercado, i.e., listadas no "Registo" podem ser transferidas para o "Catálogo"; b) sempre que possível, dever-se-á atribuir um nome genérico; c) não é possível incluir marcas; d) não incluir matérias-primas apenas com expressão local.

Houve ainda tempo para revisitar, de forma sumária, o Regulamento relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH), e o Regulamento relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas (CLP), bem como as questões colocadas e as respostas dadas aquando do webinar organizado pela IACA sobre estes temas, a 2 de fevereiro de 2024. Relembramos que, desde 1 de janeiro de 2024, que passou a ser obrigatória a comunicação, aos Centros Antiveneno, das

misturas de substâncias colocadas no mercado e que sejam classificadas como perigosas. No caso de Portugal, esta comunicação deverá ser feita ao CIAV – Centro de Informação Antivenenos.

Por fim, abordou-se o tema da rotulagem verde (green labelling) a propósito do novo Plano de Ação para a Economia Circular e da Diretiva relativa à fundamentação e à comunicação de alegações ambientais explícitas, publicados pela CE, em março de 2020 e em março de 2023, respetivamente. A FEFAC viu uma janela de oportunidade de criar um modelo voluntário de rotulagem ambiental, especificamente no setor da alimentação animal, e num regime B2B (business to business). O Guia de Orientação foi enviado à DG SANTE, a 29 de fevereiro, aguardando-se por respostas.

Estes são temas que, certamente, iremos continuar a acompanhar e a dar a conhecer aos nossos Associados.

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NOTÍCIAS

#Partilhando Sucessos

FeedInov destaca-se como Parceiro Estratégico no Projeto Europeu STEP UP para a Inovação nos Sistemas Pecuários

E m Dublin, a 7 e 8 de fevereiro de 2024, os parceiros do STEP UP discutiram ativamente as práticas de sustentabilidade relativas aos Sistemas Europeus de Produção Pecuária. Martin Heydon, ministro-adjunto do Ministério da Agricultura, Alimentação e Pescas, lançou este projeto inovador focado no aumento da eficiência, redução do impacto ambiental e melhoria do bem-estar animal.

A TEAGASC, a Autoridade de Desenvolvimento Agrícola e Alimentar da Irlanda, apresentou oficialmente, a 7 e 8 de fevereiro passado, o projeto STEP UP, uma ambiciosa iniciativa de quatro anos financiada pelo programa Horizonte Europa da União Europeia. O ministro-adjunto do Departamento de Agricultura, Alimentação e Pescas, Martin Heydon, lançou o projeto em Dublin, reunindo um consórcio de 16 organizações em representação de 10 países europeus.

O FeedInov CoLAB destaca-se como um parceiro estratégico em Portugal, contribuindo significativamente para o sucesso do STEP UP.

A CEO do FeedInov CoLAB, Ana Sofia Santos, expressou entusiasmo pela colaboração, afir -

mando: “O FeedInov CoLAB tem orgulho em fazer parte do projeto STEP UP, colaborando com a TEAGASC e outros parceiros de renome. O nosso compromisso com a inovação na produção pecuária está alinhado com os objetivos do projeto, e estamos ansiosos para contribuir com insights valiosos para criar práticas sustentáveis em Portugal e além.”

O STEP UP visa modernizar os tradicionais sistemas de produção pecuária europeus, aumentando a eficiência, reduzindo o impacto ambiental e melhorando o bem-estar animal. Através da colaboração com os 16 parceiros, incluindo a FeedInov CoLAB em Portugal, o projeto pretende fornecer uma base de dados robusta para apoiar a inovação na produção pecuária europeia. Através de métodos de investigação de vanguarda e de uma ligação profunda e eficaz das partes interessadas, o STEP UP fornecerá uma plataforma abrangente para envolver os decisores políticos europeus com base em evidências científicas sobre os impactos e externalidades dos Sistemas de Produção Animal, integrando-os no ecossistema alimentar e no ecossistema em geral.

O Professor David Kenny, Diretor do Departamento de Investigação Animal e Biociências na TEAGASC e coordenador do STEP UP, destacou a importância da colaboração, afirmando: “Acreditamos que, ao unirmos esforços com parceiros estratégicos, seremos capazes de oferecer insights e dados valiosos que impactarão positivamente a produção pecuária europeia.”

O Ministro Heydon reconheceu o papel vital da pecuária nas zonas rurais da Irlanda e de muitos países da UE, enfatizando a importância da investigação e inovação na promoção de práticas sustentáveis.

O STEP UP seguirá uma abordagem sistemática para cocriar ELPS adequados às necessidades futuras da sociedade. O projeto identificará lacunas de dados, documentará sistemas inovadores de produção pecuária, mensurará o seu impacto e usará abordagens inovadoras de modelação de dados para a construção de possíveis cenários. O objetivo é estabelecer conhecimentos baseados em evidências científicas que apoiem o desenvolvimento de políticas informadas.

O conceito de colaboração é fundamental para o STEP UP, com parceiros como a TEAGASC – the Agriculture and Food Development Authority, o National Research Institute for Agriculture, Food and The Environment – INRAE, o European Forum of Farm Animal Breeders – EFFAB, a Queen’s University of Belfast, entre outros. O projeto envolverá ativamente agricultores, instituições de investigação e inovação, decisores políticos, a Comissão Europeia e outros atores-chave da indústria agroalimentar.

Na sessão de encerramento da Reunião de Kick-Off do projeto, o Professor Frank O’Mara, Diretor da TEAGASC expressou o com -

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promisso da organização em fortalecer a sustentabilidade dos sistemas de produção pecuária europeus por meio do STEP UP.

Financiado pela Comissão Europeia por meio do Programa Horizonte Europa, o STEP UP possui um orçamento total de €4,7 milhões.

Iniciou-se em 1 de janeiro de 2024 e terá duração de quatro anos.

Para obter mais informações sobre o projeto visite o site oficial: https://horizon-stepup.eu/.

FeedInov e FMV-ULisboa: Parceria Estratégica para Impulsionar Inovação na Ciência Animal

Protocolo impulsiona significativamente relação entre entidades e visa novos avanços na Produção Animal em Portugal. Oficializado a 14 de dezembro de 2023, durante o 2º Encontro Colaborativo do FeedInov, este representa o reforço de uma aliança e da excelência científica e inovação sustentável possível para a nutrição e alimentação animal.

A 14 de dezembro de 2023, o Laboratório Colaborativo FeedInov e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-ULisboa) oficializaram um Protocolo de Parceria Estratégica para impulsionar, no ano de 2024, novos projetos de inovação no domínio da Ciência Animal em Portugal. Este marco ocorreu no 2º Encontro Colaborativo do FeedInov – Annual Summit, iniciativa que reuniu, no Auditório B da FMV-ULisboa, as 19 entidades parceiras deste Laboratório Colaborativo.

A assinatura do Protocolo teve a participação do Eng.º José Romão Braz, Presidente da Direção do FeedInov/IACA, da Dr.ª Olga Moreira, Vice-Presidente da Direção FeedInov/Iniav e do Professor Rui Caldeira, Presidente da FMV-ULisboa. Mais do que uma formalidade, a iniciativa simbolizou o fortalecimento de uma aliança estratégica, reforçando o compromisso conjunto em impulsionar a excelência científica e a inovação sustentável no campo da Ciência Animal.

2º Encontro Colaborativo do FeedInov

O 2º Encontro Colaborativo do FeedInov – Annual Summit foi palco, neste mesmo dia, de uma agenda participativa e dinâmica, iniciando-se com a apresentação do FeedInov à FMV-ULisboa, conduzida por Ana Sofia Santos, Diretora para a Ciência e Inovação do FeedInov.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 49

A tarde foi marcada pela sessão sobre “Desafios e Oportunidades para a Ciência Animal”, apresentada por Ana Cristina Monteiro, Gestora para a Ciência do FeedInov, seguida da apresentação do Plano Estratégico de Comunicação para 2024, por Magda Teixeira, Coordenadora do Departamento de Comunicação, Marketing & Gestão de Projetos deste CoLAB.

O momento de networking que se seguiu proporcionou um maior fortalecimento de laços e o explorar de colaborações entre as 19 entidades associadas do FeedInov.

# Jornadas Formativas

Webinar “New Bioindustry: The future has already begun” revela potencial inovador da InsectERA no setor agroalimentar

No passado dia 29 de janeiro, o mundo agroalimentar teve a oportunidade de mergulhar no universo revolucionário da bioindústria no webinar “New Bioindustry: The future has already begun” Promovido no âmbito do projeto InsectERA, a iniciativa visou a temática da industrialização e comercialização de produtos inovadores baseados em insetos.

O evento destacou o eixo InBiorremediation, com foco na biorremediação inovadora. Dentro dos temas apresentados, destacamos a participação do Investigador do FeedInov CoLAB, Tiago Mariano, que abordou o tema “Potencial da utilização de baratas na biorremediação”. O projeto InsectERA tem como objetivo abraçar diversas áreas, desde alimentação animal e humana até cosmética, bioplásticos e biorremediação. A bioindústria baseada em insetos representa uma abordagem sustentável e inovadora, promovendo soluções para desafios contemporâneos.

A iniciativa representou uma excelente oportunidade para uma atualização informativa sobre as tendências mais recentes no setor agroalimentar, e de que forma os insetos podem desempenhar um papel crucial na construção de um futuro mais sustentável e inovador.

“Nutrição de Cães e Gatos” no Instituto Politécnico de Santarém

A 13 de dezembro de 2023, o Instituto Politécnico de Santarém recebeu com entusiasmo uma aula esclarecedora sobre “Nutrição de Cães e Gatos”. A sessão, ministrada pela investigadora do FeedInov CoLAB Shirley Motta, proporcionou o enriquecendo do conhecimento dos participantes.

A aula contou com a participação ativa de 40 alunos, distribuídos entre três turmas distintas: Tesp de Zootecnia, Tesp de Cuidados Veterinários e Licenciatura em Zootecnia. A diversidade de perspetivas trouxe uma riqueza adicional à discussão, proporcionando uma experiência de aprendizagem verdadeiramente enriquecedora.

Com uma duração média de aproximadamente 2 horas e meia, a sessão abordou aspetos cruciais da nutrição específica para cães e gatos. A investigadora destacou a importância de uma abordagem cuidadosa e personalizada para garantir o bem-estar desses adoráveis companheiros de quatro patas.

De salientar a presença entusiástica dos alunos e participação ativa durante a iniciativa. O FeedInov CoLAB reforça, assim, o seu compromisso contínuo com o ensino, promovendo o entendimento aprofundado e prático em áreas relevantes como a nutrição animal.

# Insights Científicos

Presença do FeedInov CoLAB na “3rd International Electronic Conference on Antibiotics”

A Equipa do FeedInov CoLAB, liderada pelos investigadores Marcelo Leitão, Jorge Sarraguça, Myriam Taghouti, e pela Gestora de Ciência Ana Cristina Gonçalves Monteiro, assinalaram a aprovação do seu artigo científico no âmbito “3rd International Electronic Conference on Antibiotics”.

Intitulado “Challenges and obstacles for data collection for an ‘One Health’ European goal to

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address antimicrobial resistances,” o artigo quis proporcionar uma perspetiva técnica sobre métricas, estratégias políticas europeias e sua influência nos resultados a longo prazo relacionados com a resistência a antibióticos. Uma contribuição importante que aprofunda a discussão sobre esta questão decisiva!

Sob o tema “Rise of Antibiotic Resistance: Mechanisms Involved and Solutions to Tackle it,” a Conferência destacou, nesta edição de 2023, desafios cruciais, incluindo “Desafios Sociais e Estratégias Políticas para Prevenir a Resistência a Antibióticos". A iniciativa decorreu de 1 a 15 de dezembro de 2023, com o artigo do FeedInov em destaque no site do evento, arquivo que pode consultar através do link: https:// sciforum.net/paper/view/16430

+ Leitura integral do documento disponível em https://sciforum.net/ manuscripts/16430/manuscript.pdf

#SABER MAIS

ARTIGOS FEEDINOV/CEVA

Explorando os 10 Principais Países Produtores de Carne de Vaca em Todo o Mundo!

Aprofunde-se no fascinante mundo da produção de carne de vaca com o artigo mais recente de Ana Vanessa Dias Sousa, investi -

gadora do FeedInov CoLAB, no âmbito da nossa parceria com a Ceva Ruminants. Descubra o papel dinâmico que a carne de vaca desempenha no comércio global, sua importância e o impacto na economia mundial.

Insights sobre os maiores produtores:

Os EUA lideram o ranking com 12,89 milhões de toneladas, consolidando-se como um gigante global na produção de carne de vaca. Em segundo lugar, o Brasil, destacando-se também como exportador mundial de carne de vaca. Neste ranking, segue-se a China pelo rápido desenvolvimento na indústria da carne de vaca, produzindo 7,18 milhões de toneladas e detendo o título de maior consumidor mundial deste produto. Já, na Europa, a França surge em oitavo lugar, sendo a maioria dos seus animais criados extensivamente em pastagens.

Leia o artigo completo em: https://ruminants.ceva.pro/beef-producing-countries

“Dairy Cow Diet: Current and Future Trends”

Atualize ainda a sua leitura com informações especializadas sobre nutrição, dicas para aumentar a produção de leite e práticas sustentáveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O artigo FeedInov CoLAB / Ceva Ruminants, de autoria de Ana Sofia Santos, Diretora para a Ciência e Inovação do FeedInov, explora a importância de compreender as necessidades alimentares dos ruminantes.

Artigo completo “Dairy Cow Diet: Current and Future Trends” disponível em: https://ruminants.ceva.pro/cow-diet

Transformação Digital: o Elo Final?

O mundo está em constante evolução, e a revolução tecnológica não deixou de lado a indústria pecuária. Este artigo, de autoria do investigador Marcelo Leitão (FeedInov), mergulha no universo da produção animal, destacando como a tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial (IA), está a remodelar este setor crucial.

Uma das áreas chave exploradas no artigo é a nutrição animal, onde a tecnologia desempenha um papel vital. O artigo destaca ainda a necessidade de aproveitar o poder da tecnologia para impulsionar a saúde animal. De que forma a IA se torna um catalisador na tomada de decisões informadas?

O influxo de dados é avassalador. Então como processá-los de forma a transformá-los em conhecimento? Ao transformar dados em ação, a Inteligência Artificial emerge como o elo final na transformação digital da criação de gado, promovendo não apenas eficiência, mas também sustentabilidade nas práticas agrícolas?

Artigo disponível em: https://ruminants.ceva.pro/cattle-farming-digital-transformation-artificial-intelligence

#Datas Internacionais em Destaque

Celebrando o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: Dados Promissores para a Equidade de Gênero na União Europeia

No último dia 11 de fevereiro, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data estabelecida pela UNESCO e ONU Mulheres, celebrámos não apenas as conquistas extraordinárias, mas também a diversidade e igualdade no campo

científico. Os dados divulgados pelo Eurostat – Estatísticas europeias – oferecem motivos para otimismo, revelando que, na União Europeia, 40.9% dos cientistas e engenheiros são mulheres.

Particularmente encorajador é o facto de que esta proporção global ultrapassa os 50% em Portugal. Esses números sinalizam um progresso significativo em direção a um futuro mais equitativo e diversificado no campo científico.

O FeedInov CoLAB, comprometido com a promoção ativa da igualdade de gênero nas carreiras profissionais, destaca-se como uma entidade defensora do talento feminino na ciência. Acreditamos que, ao apoiar mulheres e meninas em suas jornadas científicas, contribuímos para a criação de um mundo onde suas descobertas e inovações moldem positivamente a sociedade.

Neste caminho para a equidade, continuaremos a incentivar e inspirar a próxima geração de mulheres na ciência, reforçando a importância de suas contribuições e celebrando as suas realizações.

A busca pela igualdade não é apenas uma aspiração, mas uma jornada contínua, e estamos comprometidos em percorrê-la, lado a lado, com mulheres incríveis que moldam o futuro da ciência.

#SABIA QUE

No passado dia 8 de dezembro de 2023, os membros do Conselho Consultivo Europeu do projeto EUnetHorse reuniram-se pela primeira vez em Lyon?

Nesta reunião identificaram-se necessidades cruciais na Europa para orientar o projeto, tais como:

• Melhorar a imagem global da indústria equina

• Elevar o bem-estar dos cavalos na Europa

• Melhorar a saúde e prevenção de doenças em cavalos

• Melhorar as condições de trabalho no setor equino

• Entre outros temas…

52 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL FEEDINOV

JORNADAS DE CUNICULTURA NANTA

No passado dia 17 de janeiro, realizaram-se as Jornadas de Cunicultura da Nanta, em Vila Real, um evento dedicado à partilha de conhecimentos e experiências no setor. O evento, que contou com a presença de cerca de 70 participantes, incluiu palestras proferidas por destacados profissionais e uma mesa redonda que abordou a viabilidade da cunicultura como atividade de futuro.

Os temas abordados pelos palestrantes foram os seguintes:

Prof. Dr. Paulo Martins da Costa (ICBAS): Abordou a importância da água de bebida em cunicultura, quais os parâmetros de qualidade e apresentou resultados de campo.

Dr. André Pinto de Carvalho (Nanta Portugal): Continuou a discussão sobre a qualidade da água nas explorações, apresentando soluções para desinfeção da água de bebida.

Dr. Manuel Marco Laguna (Nanta Espanha): Explorou a evolução da redução do uso de

antibióticos na cunicultura e apresentou a nova gama de produtos Harvey.

Eng. Rita Gonçalves (IACA): Apresentou o Qualiaca, um sistema complementar de controlo da qualidade das matérias-primas, provenientes de Países Terceiros, e que entram em Portugal por via marítima, num Protocolo de cooperação entre a IACA e a DGAV. Após as palestras, o Eng. Jaime Piçarra (IACA) moderou a mesa redonda, intitulada “Cunicultura, uma Atividade de Futuro?”. Neste debate foram abordados temas como a implementação no terreno da nova lei dos medicamentos, bem-estar animal e a importância da classe política na União Europeia.

Os participantes da mesa redonda foram: Dra. Inês Almeida (DGAV): Falou sobre a implementação do regulamento (UE) nº 2019/04, abordando a metafilaxia vs profilaxia e a maneira correta de utilização de fármacos, para uma produção rentável, sustentável, prevenindo as antibioresistências, tema transversal a toda a apresentação.

Dr. Thomas Sanchez (COPA-COGECA): Abordou os vários níveis de decisão no Parlamento Europeu sobre bem-estar animal,

“The end of the cage age” e sobretudo de termos uma classe política que realmente invista na Agricultura e Pecuária.

Prof. Dr. Divanildo Monteiro (UTAD): Refletiu sobre as dificuldades e desafios do setor pecuário, tendo em conta que um setor tão pequeno como a cunicultura tem de ser lembrado em todas as negociações respeitantes à pecuária.

Produtores Carlos Alexandre e Dinis Arribas: duas vozes fortes da cunicultura em Portugal, onde um representa a experiência e outro a juventude, mostraram-nos que, apesar desta diferença, as perspetivas e visões que ambos têm para o setor coincidem.

O evento foi encerrado com um delicioso prato de coelho estufado preparado pelo Chef da Quinta do Paço, proporcionando um momento de convívio entre os participantes. Uma experiência a repetir, enriquecendo o conhecimento e fortalecendo a comunidade cunícola.

COMISSÃO EXECUTIVA VISITA EMPRESAS NO ÂMBITO DA InsectERA

A Agenda Mobilizadora InsectERA, liderada por Daniel Murta, Presidente da Comissão Executiva da Agenda e CEO da empresa Ingredient Odyssey (EntoGreen) tem como objetivo explorar o potencial de insetos como ferramenta bio-industrial, abrangendo todo o ciclo de inovação, desde a Investigação e Desenvolvimento, ao fabrico e comercialização de produtos no mercado,

estabelecendo uma nova cadeia de valor acrescentado.

A Comissão Executiva da Agenda, visitou os parceiros IACA, IST e IST-ID. Nestas reuniões presenciais nas sedes dos parceiros, foi possível conhecer melhor a estrutura de funcionamento e o envolvimento existente.

Em 26 de janeiro a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compos-

tos para Animais,através de Jaime Piçarra e Rita Gonçalves, receberam a CE. Conscientes dos desafios ambientais e das questões da segurança alimentar, a Missão da IACA é trabalhar em prol da Indústria dos Alimentos Compostos, para que esta seja cada vez mais reconhecida como um setor de confiança e um pilar na produção pecuária de Portugal.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 53 ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

FICHA TÉCNICA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411

TRIMESTRAL ‑ ANO XXXV Nº 127

Janeiro / Fevereiro / Março 2024

DIRETOR

José Romão Braz

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO

Ana Monteiro

Jaime Piçarra

Pedro Folque

Manuel Chaveiro Soares

Rui Gabriel

COORDENAÇÃO

Jaime Piçarra

Amália Silva

Serviços IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE

(incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos)

IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 LISBOA

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SITE www.iaca.pt

EDITOR

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA

Salomé Esteves

EXECUÇÃO GRÁFICA

Sersilito - Empresa Gráfica, Lda.

Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia

PROPRIETÁRIO

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

REGISTO

EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

JANEIRO

De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt Data

08

09

10

17

• Reunião do Fórum das Associações da FIPA (virtual)

• Webinar Execução Financeira – Pedido de Pagamento (InsectERA), virtual

• Evento APORMOR sobre Produção Animal: Inovação e Comunicação no setor em Portugal, Montemor-o-Novo

• Jornadas Cunicultura da NANTA, Vila Real 18

• Reunião do Conselho Fiscal, IACA 19

• Reunião preparação Webinar IACA/IAPMEI/ANTRAM 22

• Conselho Agroalimentar da CIP, Lisboa 24

• Conferência USSEC/IACA sobre Sustentabilidade & Desflorestação, Lisboa

• Reunião de Direção

•Assembleia-Geral da IACA 26

29

05

06

07

15 e 16

• Agenda InsectERA: Visita de trabalho da Comissão Executiva, IACA

• Reunião sobre o ecorregime "Eficiência Alimentar"

• Projeto FeedValue – 2ª reunião do Consórcio, virtual

• Webinar IACA/IAPMEI/ANTRAM sobre CLP/REACH e Transporte ADR

• Workshop da Comissão Europeia sobre Segurança Alimentar, Bruxelas

• Evento Lisbon Food Affair, Lisboa

• Comité de Produção Industrial de Alimentos Compostos, virtual

• Reunião dos Diretores-Gerais da FEFAC e Presidência belga da UE, Bruxelas 20 e 21

• Conferência da CIP, Alfandega do Porto 21 e 22

26

28

29

01

• Congresso do Milho, Lisboa

• Comité de Alimentos para Peixes, virtual

• Escritura da nova sede da IACA

• Projeto HubRAM – reunião do Consórcio, virtual

• Comité de Alimentos de Aleitamento, virtual

• Conferência USSEC/CESFAC/IACA em Madrid

• Conferência USSEC/CESFAC/IACA em Madrid

• Projeto HubRAM – Reunião com DGAV, FeedInov e FMV, virtual 06

• Comité de Pré-Misturas da FEFAC, virtual

07

• Comité de Nutrição Animal da FEFAC, virtual 11

• Projeto InsectERA – Reunião do Eixo InFeed, virtual 15 e 16

19

20

21

• XII Jornadas Internacionais de Suinicultura, UTAD

• Comité de Sustentabilidade da FEFAC, híbrido

• Assembleia-Geral da FIPA, Lisboa

• Webinar – Redução Inteligente de Custos Energéticos na Alimentação Animal, virtual 22

26

27

• Plenário da SPMA, Lisboa

• Reunião da FEFAC de preparação da missão UE/US a Washington (8 e 9 de abril)

• B-RURAL: Comunicar a Agricultura a Uma Só Voz, Lisboa

• Reunião de Monitorização do Projeto HubRAM (virtual)

• Projeto InsectERA – Assembleia Geral Extraordinária, virtual

54 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL
25
31
Data FEVEREIRO
02
Data
MARÇO

Questão de peso

Conversão alimentar optimizada graças à proteção intestinal que oferecem

Maxiban e Monteban.

Maxiban, Monteban, Elanco e a barra diagonal são marcas registadas da Elanco ou suas filiais. © 2023 Elanco.
PM-PT-23-0031.
56 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL © Kemin Industries, Inc. and its group of companies 2022. All rights reserved. ® ™ Trademarks of Kemin Industries, Inc., U.S.A. Certain statements, product labeling and claims may differ by geography or as required by government requirements. Optimizing nutrient digestibility and enzyme activity for greater cost savings kemin.com/ nutrient-absorption
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