Revista Alimentação Animal n.º 121

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 1 N.º 121 JULHO A SETEMBRO 2022 (TRIMESTRAL) ANO XXXIII 3€ (IVA INCLUÍDO) COMO GERIR A INCERTEZA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO?

ALIMENTAÇÃO

MOMENTOS DESAFIANTES

Nos últimos 2 anos temos vivido tempos muito desafiantes, temos sido sujeitos e ultrapas sado adversidades que julgávamos não serem possíveis de superar.

Em fevereiro de 2020, quando surgiu a pandemia da COVID, foi para todos nós uma grande catástrofe social e acima de tudo com previsão de ter grandes impactos económicos nas empresas e respetiva sociedade.

Com início no cerco sanitário de Ovar, que era de todo impensável em pleno século XXI, vários Estados de calamidade e de emergência e dois períodos de confinamento, foram meses de muita angústia por não se saber quando iria terminar e com que consequências futuras.

Até que no passado mês de fevereiro, numa altura em que estávamos a recuperar da pande mia, surge a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o mundo ficou escandalizado por assistir a algo que as nossas gerações julgavam pertencer à história da nossa Sociedade.

Hoje falta tudo e não falta nada, a especulação é enorme e a escassez de vários compo nentes, desencadeia o aumento de outros. O Covid e a guerra são justificação para todas as subidas quando sabemos que nem sempre é verdade, são os mercados a funcionar de forma cada vez mais intensa.

A realidade é que parte dos problemas existiam antes da Guerra e a IACA já tinha alertado publicamente para esta conjuntura, a partir do primeiro trimestre de 2021.

Infelizmente estamos a fazer parte da História, todos os dias se têm batido recordes de preços que impactam diretamente com o custo de vida das populações.

Esta guerra está a trazer-nos muitos mais impactos económicos em 7 meses do que o Covid nos trouxe em mais de dois anos e meio. O mundo está louco de especulação e isto terá con sequências que serão difíceis de recuperar. Todas estas subidas repentinas e assustadoras do gás (cerca de 15 vezes mais caro), da energia (6 vezes mais cara), do ferro, do inox, dos materiais em geral, estão a ter consequências imediatas nas empresas que já se estão a refletir na diminuição do poder de compra das pessoas.

Algo terá de ser feito para inverter este cenário que está a diminuir a qualidade de vida da sociedade e colocar em causa a competitividade e viabilidade das empresas em toda a Fileira Pecuária.

Imperam cada vez mais as políticas de eficiência energética, economias de escala e reorga nização das nossas estruturas produtivas.

As alterações climáticas, com a falta de água, seja para os humanos, mas sobretudo para animais e culturas, em nada têm ajudado em toda esta crise, este fator está a alavancar ainda mais os preços das matérias-primas, impõem-se políticas fortes de poupança de água, e precisamos que o governo tenha uma palavra forte com medidas rápidas também ao nível da subsidiação das nossas Indústrias.

Necessitamos de diminuir rapidamente a nossa dependência energética, temos de produzir mais, caso contrário ficaremos para trás, deixamos de ser competitivos.

Tivemos semanas com grande dificuldade no carregamento dos cereais nos portos que nos obrigou a reformular diariamente, com custos ainda mais acrescidos, a somar a preços de matérias-primas nunca vistos, o impacto económico para as nossas empresas é muito exi gente financeiramente, adicionalmente as taxas de juro em alta, o esforço que estamos a fazer é muito grande.

É de enaltecer o trabalho da IACA nos últimos tempos, que tanto tem contribuído para ate nuar todo este ciclo negativo do setor e a forma como tem sabido comunicar para o exterior.

Para terminar, considero que as indústrias Portuguesas são muito competitivas, produzimos produtos de alta qualidade e damos garantias disso aos nossos consumidores.

Somos um setor forte e capaz de superar todas estas adversidades. Quem trabalha bem não pode ter medo da concorrência.

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ANIMAL EDITORIAL
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 21 SUSTENTABILIDADE 24 INVESTIGAÇÃO 40 SPMA 42 INOVAÇÃO 46 NOTÍCIAS 52 NOTÍCIAS DAS EMPRESAS 58 AGENDA

COMO GERIR A INCERTEZA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO

Reunião Geral da Indústria

30 de junho de 2022

Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa

Depois de dois anos em modo webinar, a IACA reto mou a realização da tradicional  Reunião Geral da Indústria, um evento de carácter mais político-eco nómico, de reflexão, num formato exclusivamente presencial, como já aconteceu em setembro com as X Jornadas de Alimentação Animal.

Para a edição de 2022, a Reunião Geral da Indús tria teve como tema dominante e atual  “Como gerir a incerteza na Cadeia de Abastecimento” e, entre outros oradores, Pedro Pimentel, da CEN TROMARCA, com a palestra  “Temporal Inflacio nista: as crises nunca são perfeitas”,  seguindo-se uma  Mesa Redonda, moderada por Vitor Andrade, jornalista coordenador de Economia do Expresso, na qual participaram os representantes da cadeia alimentar: IACA, ACICO, FEPASA, FILPORC, ANIL, CAP e APED.

Na Abertura, para além da IACA (José Romão Braz) e da FMV (Rui Caldeira), tivemos uma intervenção do Presidente da FIPA, Jorge Tomás Henriques.

A parte da manhã contou ainda com uma interven ção da USSEC sobre perspetivas dos mercados das principais matérias-primas.

O Encerramento esteve a cargo do Presidente da IACA e da Ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes.

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Jorge Tomás Henriques Pedro Pimentel Lola HerreraJosé Romão Braz Rui Caldeira

Da parte da tarde, tivemos a Sessão de Encerramento do Projeto SANAS (Alentejo 2020) em que para além dos Manuais e Fichas Técnicas, a grande novidade, foi a Apresentação de um Estudo sobre a Competitivi dade do Setor na Região do Alentejo, elaborado pela CONSULAI, o qual

permite extrapolar desafios e oportunidades não só para o Alentejo, mas também para todo o País, bem como as respetivas conclusões.

Relembramos algumas das Intervenções que aí foram apresentadas.

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Ricardo ZanattiAna Cristina Monteiro Maria João Fradinho Rita Gonçalves

DISCURSO DE ABERTURA DO PRESIDENTE DA IACA

Em nome da Direção da IACA gostaria de agradecer a presença de todos e manifestar a minha enorme satisfação por estarmos todos juntos, fisicamente, numa Reunião Geral da Indústria, evento que é um marco no nosso setor, mas que cada vez mais quere mos alargar aos nossos parceiros de fileira e cadeia de valor, desde a produção e aprovisionamento de matérias-primas, até ao consumidor, passando por todos os importantes intervenientes, com especial enfoque na alimentação animal.

Queria cumprimentar e agradecer ao Prof. Rui Cal deira ter-nos recebido, uma vez mais na FMV, deixar também um cumprimento ao Dr. Jorge Henriques da FIPA que participa nesta sessão de abertura, e um agradecimento muito especial a todos os oradores – Dra. Lola Herrera da USSEC e Dr. Pedro Pimentel, e a todos os que aceitaram participar na Mesa-Re donda, cuja apresentação ocorrerá mais tarde, mas como é do vosso conhecimento, temos a ACICO, a ANIL, a APED, a CAP, a FEPASA e a FILPORC.

Vivemos tempos muito desafiantes e gostaria de dar o mote para o nosso evento “Como Gerir a Incerteza na Cadeia de Abastecimento”, assunto para o qual não há uma solução mágica para nos ajudar, chamando a atenção para os fatores que têm influenciado esta subida de preços e as dificuldades logísticas, com impacto brutal no custo da alimentação animal, e cujas causas, anteriores à bárbara invasão da Ucrânia pela Rússia, que veio inflamar o mercado, já estavam bem presentes.

Isto significa, desde logo, que temos que fazer um esforço para estarmos mais bem preparados.

Os fatores a que me referia, na minha opinião são os seguintes:

Perceber e entender:

Os fundamentais do mercado – A oferta e a Procura E a forma como influenciam os preços, desde as questões da sementeira, o clima e, os muito impor tantes, stock-to-use ratios;

A logística, cadeias de abastecimento e geopolítica

Embora não afetando de imediato a produção ou stocks, impede o transporte e a movimentação eficiente e económica dos produtores aos consu midores, comprometendo o normal funcionamento da cadeia alimentar;

A "Financeirização" do mercado das commodities agrícolas e questões técnicas

A questão dos contratos não comerciais e a influência determinante de mercados externos na agricultura; Questões regulatórias – específicas da União Europeia Estratégia Farm to Fork (como ter 25% da área agrícola como agricultura biológica);

Green Deal – deflorestação e limitações à impor tação e os LMR's na questão dos pesticidas nos países exportadores;

Adoção da biotecnologia – novas técnicas genó micas (NTG) e OGM;

Temos de perceber se a União Europeia está cons ciente dos riscos da sua política no atual contexto mundial de dependência de algumas matérias-primas, desde logo o estrutural défice de proteína vegetal;

Há ainda que compreender:

A evolução do preço dos cereais, que sem entrar em pormenores, nos trouxe a uma duplicação no trigo e no milho face aos preços de 2020, e ter um pensamento estratégico e de médio-longo prazo, sem descurar, a urgência de medidas no curto prazo para:

Lidar com a possível escassez de cereais

Temos de diminuir a dependência exterior, ter a noção da necessidade de dispormos de stocks estraté gicos e garantir a existência de portos modernos e eficientes ao nível dos granéis.

Diversificar as fontes de aprovisionamento Lutar pelo livre comércio e oposição a tarifas e limitações à exportação

Tomada de decisões baseada em evidência cien tífica e não em ideologia ou outras razões

Defesa de todos os instrumentos e tecnologias disponíveis, com adoção aprovação sincronizada com os EUA dos novos eventos e variedades Plano para a diminuição da dependência de proteína vegetal por parte da Europa

Debater e conhecer as desvantagens e vantagens dos biocombustíveis e a questão da “alimentação vs. energia” e a promoção da economia circular Novas soluções nutricionais essenciais à alimenta ção de precisão – insetos, algas, produtos à base de plantas e outros

Ter uma estratégia coerente rumo à autossuficiên cia alimentar em toda a cadeia, ou seja, – desde os cereais ao consumidor

Promover as práticas sustentáveis da produção de alimentos – lógica da "unidade produzida / recursos consumidos"

Tantos e tantos fatores que hoje nos condicionam e que certamente irão estar bem presentes neste nosso evento de hoje, até porque seguramente irei ter oportunidade de voltar a eles durante a Mesa-Re donda, pelo que não me vou alongar mais.

Desejo uma excelente sessão de trabalho e que todos considerem bem empregues o tempo que dispensa ram para estar presentes neste evento.

Muito obrigado a todos!

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COMO GERIR A INCERTEZA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO – VISÃO DA FIPA

Exmo. Senhor Presidente da IACA Eng.º José Romão Braz, Exmo. Senhor Presidente da Faculdade de Medicina Veterinária

Professor Doutor Rui Caldeira, Exmos. Senhores Associados da IACA, Minhas senhoras e meus senhores, Gostava em primeiro lugar de felicitar a IACA, na pessoa do Sr. Presidente Romão Braz, pelo evento que hoje promove.

Quer pelo tema que traz a debate, sem dúvida de enorme pertinência e atualidade, quer pela plateia que temos hoje pela frente e que revela a forma como estamos a voltar ao contacto presencial e às conversas olhos nos olhos, esta é a forma como nos habituámos a viver enquanto seres humanos e que, sem colocar em causa as vantagens e a evolução da tecnologia, esperamos preservar por muitas gerações.

Uma segunda nota para a importância da união asso ciativa. Num mundo cada vez mais imprevisível e que coloca as empresas e os seus responsáveis perante constantes e renovados desafios, o espírito associativo deve ser elevado a níveis que permitam antecipar as mudanças de conjuntura, debater as suas implicações e encontrar soluções conjuntas que permitam apoiar os processos de decisão e reforçar a atuação das empresas nos mercados.

Não tenho dúvidas que começa nas associações a responsabilidade de promover esta dinâmica coletiva, adaptando-se às novas necessidades e procurando em permanência dar resposta às expectativas dos seus associados. A este nível tenho testemunhado o incansável trabalho realizado pela IACA, associação que muito nos orgulha ter com sócia fundadora da FIPA e atual membro da direção.

Mas o associativismo é feito de pessoas e de empre sas, pelo que é incontornável, muito particularmente no mundo atual, que o setor da alimentação animal mostre a sua capacidade de união e a disponibilidade para enfrentar em conjunto os desafios de uma cadeia de valor na qual tem um papel fundamental.

Os fatores concorrenciais, naturais e importantes em qualquer setor de atividade, não devem mitigar a coo peração ao nível das políticas e iniciativas setoriais.

A minha terceira nota vai para o tema escolhido “como gerir a incerteza na cadeia de abastecimento”.

Como todos bem sentimos, foi de forma abrupta que as economias mundiais ficaram suspensas devido a uma crise de saúde pública que jamais pensávamos viver.

Os hábitos de vida mudaram, o comércio sofreu fortes abalos e o medo instalou-se.

Mergulhadas num contexto de enorme imprevisibi lidade e excecionalidade, as empresas deram uma resposta exemplar e merecedora de um profundo reconhecimento.

Foram vários os debates em torno dos desafios e oportunidades para o setor, principalmente quando ficaram claras as suas fragilidades em virtude da pan demia, devido a fenómenos como o encerramento e controlo temporários das fronteiras, o início das difi culdades de acesso a matérias-primas e materiais de embalagens, as dificuldades logísticas e as alterações no comportamento dos consumidores.

Quando voltámos a ter sinais de alguma recupera ção, somos surpreendidos pela invasão do território ucraniano por parte da Rússia e somos, consequente mente, envolvidos por nuvens de profunda apreensão e incerteza.

Este conflito trouxe-nos uma acentuada pressão inflacionista com um aumento exponencial das maté rias-primas, do custo dos combustíveis, da energia elétrica e do gás natural, que estão a colocar em risco a sustentabilidade das empresas e a comprometer a manutenção de muitas operações, pelo que é urgente enfrentar, com medidas sérias, esta situação. Muitas respostas devem ser dadas a nível europeu, mas não podemos deixar de assinalar que os apoios internos não têm estado à altura das necessidades. Este cenário é ainda mais preocupante quando vivemos um período de seca extrema em Portugal, o que só vem agravar as dificuldades ao nível da produção agropecuária e impactar toda a cadeia de valor.

A gestão de toda esta incerteza é o tema que hoje aqui nos traz e as intervenções planeadas permiti rão certamente apontar caminhos. Não é, no entanto, demais sublinhar que o diálogo permanente, o envol vimento dos decisores políticos, a análise detalhada dos cenários e a gestão de expectativas são pilares essenciais das respostas a construir e que o papel das associações é, mais do que nunca, incontornável.

Por fim permitam-me usar a velha e conhecida expres são de que "depois da tempestade vem a bonança". É certo que as tempestades trazem estragos e deixam feridas. Estou convicto que o setor dos alimentos com postos para animais saberá dar as melhores respostas.

Mas sei também que não abdicará dos desafios futu ros. Que continuará a trabalhar no sentido da segurança dos alimentos, da nutrição animal, da inovação, da sustentabilidade dos sistemas alimentares e do bom funcionamento dos mercados.

Contem sempre com a FIPA na defesa de um setor que é basilar para a nossa alimentação.

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Jorge Tomás Henriques Presidente da FIPA

TEMPORAL INFLACIONISTA: UM FENÓMENO DE REALIDADE AUMENTADA

Se, nos finais de 2019, alguém nos dissesse que iría mos enfrentar por mais de dois anos uma pandemia que paralisaria o planeta, ou que logo depois dela se seguiria uma crise inflacionista como não assis tíamos desde meados dos anos 80 e a um conflito armado seríssimo no seio da Europa, com os ingre dientes para se converter numa guerra global, no mínimo olharíamos incrédulos para quem nos desse essa indicação, pensando se estaria sob o efeito de uma qualquer substância ou se teria saído de uma alguma convenção de ficção científica.

inflação, iria obrigar a economia a caminhar sobre brasas e a descansar em cima de camas-de-pregos.

AS CAUSAS DAS COISAS

Mas na verdade, como bem sabemos, foi exatamente isso que ocorreu e, como também sabemos, nunca, nestas últimas quatro décadas, a cadeia de abaste cimento esteve tão pressionada como nos últimos trimestres, nunca os diferentes fatores se conjuga ram de uma forma tão "alinhada" na construção duma "tempestade perfeita" e nunca a globalização, com os contornos que foi adquirindo nas últimas décadas, foi – como agora – tão fortemente colocada à prova.

Um conhecido jogador de futebol disse uma frase que ficou célebre: prognósticos só no fim do jogo. Mas, quando estamos ainda a meio de um jogo, que não sabemos quando nem com que resultado terminará, há uma pergunta que nos assalta: tudo isto é totalmente surpreendente ou, afinal, pelo menos parte do que estamos a assistir era ou não um desastre (pré) anunciado?

A eclosão, no final do Fevereiro, do conflito entre Rús sia e Ucrânia, colocou sob os holofotes os problemas de circulação de produtos e a crise de abastecimento de alguns bens básicos, mas em abono da verdade, a economia estava já bem desperta para os problemas logísticos e a vaga inflacionista que se havia começado a formar em 2021 e, muito em especial, depois do inci dente do Suez, sendo que, de facto, a guerra no leste acaba por ter costas largas e funcionar como justifica ção para factos que estavam já bem presentes antes dos primeiros tiros serem disparados.

2022, já se sabia, iria ser um ano complexo e difí cil, depois de um 2020 marcado pela pandemia e perfeitamente hipocondríaco e de um 2021 em que, entre a esperança do efeito dos processos de vacinação e a realidade das vagas da doença que se foram sucedendo, se converteu num ano bipolar. Ainda antes do conflito no Leste, 2022 adivinha -se como um ano para faquires, um ano em que a incerteza, a volatilidade, os estrangulamentos e a

Os sinais já estavam todos lá: Aumentos de custos de matérias-primas e de materiais de embalagem; aumentos de custos de energia e combustíveis; aumentos de custos laborais e dificuldades de contratação; dificuldades a nível de logística e transportes; incrementos súbitos dos níveis de encomenda... sinais que, sabia-se, fariam com que a pressão sobre a cadeia de abastecimento não cessasse de aumentar.

As causas-das-coisas tinham, em muitos casos, raízes que remontavam ao período anterior à pandemia, sejam as guerras comerciais globais (EUA/China, EUA/UE), sejam a sucessão de eventos climáticos extremos com impactos negativos em muitas pro duções agrícolas, seja o progressivo crescimento da fiscalidade ambiental e regulatória e de inúmeras alterações motivadas pela sustentabilidade, seja, muito especialmente, o esticamento, até ao limite, de um modelo económico assente em custos baixos, na redução drástica de stocks de segurança e na degra dação dos níveis de exigência na gestão de risco.

Outras surgiram ou foram agudizadas com a pande mia. Por exemplo, a complexização dos movimentos transfronteiriços, os estrangulamentos nos portos e nos transportes, a reversão e a interrupção de fluxos migratórios ou a crescente dificuldade na contratação de mão-de-obra. Para além, claro, da assimetria da velocidade de recuperação da eco nomia e do consumo em diferentes geografias e o do cada vez mais sensível grau de dependência externa do continente europeu, a que se juntaram fenómenos, aparentemente menores, como o Brexit ou o já referido incidente do canal do Suez, a que se somou, por força das circunstâncias da própria crise de saúde pública, a aceleração do online e a eclosão do chamado quick-commerce.

TEMPORAL ECONÓMICO

Contudo, quando ainda poucos meses decorreram desde o início do conflito, a realidade suplantou a imaginação e a guerra no leste assumiu o pro tagonismo, amplificando e acelerando efeitos,

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gerando uma pressão fortíssima sobre combustíveis e energia e rupturas de for necimento de matérias-primas básicas e ajudando ao desabastecimento, também agravado por uma pandemia recorrente que tarda em fazer com que economias como a chinesa retomem a sua habitual tração, à multiplicação de focos de conflituali dade social e de pressões inflacionistas e especulativas.

Apesar de alguma desaceleração sentida nas últimas semanas, os efeitos perdurarão e, muito provavelmente, agravar-se-ão ainda mais nos próximos meses. No fundo as atuais tensões exponenciam as dificuldades que já se estavam a sentir e mais do que a uma rea lidade nova, estamos perante uma realidade aumentada.

A nível logístico, por exemplo, enfrentamos uma crise, diria, inédita, com a verificação, em simultâneo, de uma forte escassez de recursos (por exemplo, viaturas e motoris tas), de prazos de entrega substancialmente mais longos, de rotas a necessitarem de ser reoptimizadas, de restrições nos fluxos de abastecimento que implicam solavancos produtivos e fluxos mais intermitentes e de multiplicação da capilaridade das entregas (muito reforçada pelo desenvolvimento do comércio online).

Sendo que estes fatores concorrem num período em que o consumidor quer, literal mente, tudo e tudo ao mesmo tempo: preço, disponibilidade e velocidade.

Tudo isto está a exigir uma acelerada reapren dizagem sobre hiperinflação, a necessidade de uma contínua reavaliação de riscos e o

reequacionamento do sourcing que utilizamos e da supply chain que temos implementada e implica, claro, um reforço da resiliência, um reforço da segurança, da proximidade e dos níveis de serviço, um reforço da visibilidade de todos os fluxos, um reforço da gestão de informação e automação e, consequentemente, um inequívoco reforço da capacidade preditiva. Estamos, pois, num momento em que mais do que o just-in-time a que nos habituamos, temos de implementar e trabalhar sob o just-in-case que as actuais circunstâncias obrigam.

HIPERINFLAÇÃO: UMA NOVA

REALIDADE

Todos os meses, quando são apresentados os dados sobre a taxa de inflação, lemos que o valor é consecutivamente o mais elevado

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desde... em Julho de 2022, desde Novembro de 1992. E não espantaria que há medida que formos avançando no calendário, o compara tivo vá continuando a evoluir e nos leve até meados da década de 80.

Esta nova realidade, para que todos acorda mos nos últimos meses – a da hiperinflação –era algo que, no caso dos mais velhos, estava há décadas guardado no baú das memórias, e no dos mais novos, constava dos manuais escolares (para quem os usou) e nunca tinha sido efetivamente vivenciada.

Mas, de facto, o fenómeno extravasou já – e de forma definitiva – o conjuntural, convertendo -se em estrutural, havendo amplas discussões sobre o período em que, globalmente, afetará a economia. E, ao mesmo tempo, sabemos que os aumentos nas estruturas de custos ultrapassam amplamente o que é acomodável pelas empresas e, finalmente, que o mercado português é um "tomador" de preços com pou cos ou nenhuns mecanismos para controlar ou alterar a sua evolução Julgo que ninguém terá dúvidas que a tempes tade inflacionista que estamos a enfrentar, é um fenómeno que está a atacar a economia à escala global e é, pelo menos nos seus pri meiros estádios, um fenómeno autofágico. A inflação gera inflação. O que eu compro mais caro obriga-me a vender mais caro e apesar de, como já referido, se sentir que, nas últimas semanas, a curva de aceleração dos preços internacionais de energia, petró leo ou das principais commodities está a achatar, dificilmente haverá condições para controlar internacionalmente o fenómeno, sem que o conflito no Leste cesse, sem que os países exportadores de petróleo decidam reincrementar as suas produções, sem que os fornecimentos de gás natural voltem a norma lizar, sem que os fluxos logísticos readquiram fluidez, sem que economias exportadoras, como a chinesa, voltem a ter tração.

Por isso, ter a presunção de que em Portugal ou a partir de Portugal se consegue contro lar a inflação é, obviamente, um erro, muito embora haja sempre, da parte do poder polí tico, uma tentativa de maquilhar ou desvalo rizar o problema ou de apresentar medidas curtas e avulsas como formas de controlar o fenómeno. Esta evolução avassaladora, inusitada e repentina, está a ter impactos negativos em todos os setores da economia, embora

obviamente mais nos que dependem de commodities afetadas pelas cotações inter nacionais e que tenham associados circuitos de abastecimento longos, do que naqueles mais focados no aprovisionamento e no for necimento à escala mais local. E impactos negativos em todas as franjas da população, mas que, também aqui, se fazem sentir mais nas que veem afetado mais fortemente o seu poder de compra. Como sabemos, quando a inflação "ataca" os bens mais básicos, é mais penalizadora para as famílias com menos recursos e, por isso, não é descabido afirmar que a inflação é um ‘imposto’ que incide maio ritariamente sobre os mais necessitados.

O setor transformador está prensado entre uma tempestade que agrava diariamente todas as suas linhas de custos e um consu midor que começa a sentir, dia após dia, a diminuição do seu poder de compra. E se, num primeiro momento, pode sentir que a inflação gera algum empolamento das suas vendas (e, eventualmente, das suas margens), sabe que, mais cedo ou mais tarde, o ‘mau tempo’ chegará e que um consumidor com uma car teira mais curta e um retalho que tentará, até ao limite, manter a sua rentabilidade, irão ter um forte impacto na sua operação e nas suas margens.

Por isso, há que tentar, de forma proativa e sensata, enfrentar os efeitos da inflação, seja balizando a forma como o agravamento das estruturas de custos afeta os seus preços de venda, seja avaliando a elasticidade dos seus preços e da exposição concorrencial dos seus produtos, seja analisando da competição e do gap dos seus preços face às marcas próprias, seja pela contrapondo os seus PVP e os seus Preços Médios, seja verificando consecutiva mente as melhores dinâmicas promocionais. E tendo plena consciência que as reações dos consumidores aos necessários aumentos de preços serão sempre negativas, que a inflação vai encurtar o mercado e aumentar a pressão concorrencial, que deve fugir das desneces sárias trocas de acusações sobre culpas do agravamento de preços, que nunca deve cor rer o risco de ser acusado de aproveitamento da conjuntura para escalar a rentabilidade e que – de forma mais institucional – deve pres sionar a implementação de uma forte solida riedade, ao longo da cadeia, na acomodação dos sobrecustos.

Nunca esquecendo a imagem do cobertor: se taparmos demasiado os pés (transferindo integralmente os agravamentos de custos para os preços), destapamos a cabeça (per dendo o consumidor que poderá não ter poder de compra suficiente para fazer face a esses incrementos)... e vice-versa.

IMPACTOS NO MERCADO A CURTO PRAZO

Parece, pois, evidente que estamos a enfren tar um contexto económico que sucessiva mente se vem agravando e que tem todos os ingredientes para se converter, em poucos meses, numa profunda recessão. Um con texto que afeta o rendimento e a confiança e que, passada a euforia gerada pelo impacto da inflação na arrecadação fiscal (em 2023, as taxas de inflação serão necessariamente mais baixas e o crescimento da receita fis cal também) irá também afetar a fiscalidade (que irá sofrer uma pressão adicional por via do agravamento internacional das taxas de juro). Nesta equação "safa-se" atualmente o emprego, já que a pressão demográfica e as limitações à mobilidade geradas pela pan demia geraram uma situação, embora algo artificial, próxima do pleno-emprego.

Mas se o emprego resiste, se a poupança ainda respira o valor acumulado em 2020 e 2021 e se o turismo recupera para níveis que já superam os da pré-pandemia, o impacto da subida das taxas de juros e das taxas de inflação irão fazer-se sentir. Muito provavel mente, de forma bem sensível já no último trimestre de 2022.

No caso concreto do setor do grande con sumo, não se deve esquecer que há o conhe cido fenómeno do desfasamento, no tempo, das curvas de impacto em relação ao que ocorre na generalidade dos restantes seto res da economia: no universo FMCG a crise começa a sentir-se e agrava-se um pouco mais tarde e, no momento de recuperação, também é mais tarde que aí chegam os sinais que os restantes setores, entretanto, já receberam.

Neste universo, os principais desafios para os próximos meses passam pela gestão con junta dos fenómenos da inflação e da disrup ção das cadeias de abastecimento e, noutro plano, pelo enfrentamento e tensão a nível de prateleira entre os produtos das marcas

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dos fabricantes e os produtos das marcas dos seus clientes retalhistas.

A isto junta-se, claro, a alteração das roti nas de compra e dos hábitos de consumo de uma parcela significativa dos consumi dores, a avaliação da sensibilidade às varia ções de preços por parte desses mesmos consumidores, a definição das estratégias promocionais mais eficientes, num mer cado simultaneamente promodependente, mas também em que a saturação e a eleva díssima maturidade do fenómeno impede expectativas de forte impulsionamento das vendas por esta via, e, ainda, as dinâmicas dos principais retalhistas na escolha dos seus sortidos.

IDEIAS SIMPLES PARA PROBLEMAS COMPLEXOS

Obviamente, problemas complexos exigem soluções bem ponderadas e equilibradas e não se compadecem com respostas simples. Ainda assim, deixo algumas Verdades de La Palisse, com o único intuito de contribuir, ainda que modestamente, para a elaboração de algumas daquelas soluções. Desde logo que Valor Acrescentado é, de forma simplista, o que sobra da venda depois de deduzidos os custos, que Valor não é mais do que aquilo que o consumidor está disponível a pagar e que tal não tem que ter uma associação direta ao custo do produto e que Valor não é um dado ou uma definição administrativa, mas uma construção que envolve ingredientes como a qualidade, a naturalidade, o posicionamento, a reputação, a comunicação, a inovação, a sustentabili dade, o packaging, o nível de serviço, a efi ciência da supply chain, a responsabilidade e, obviamente, a Marca.

Que sustentabilidade e segurança alimentar deverão ser encarados como pré-requisitos e como objetivos comuns a um setor ou a uma fileira, independentemente de cada entidade ter de os considerar sobre o seu foco individual. E que indicadores como os de autossuficiência ou de soberania alimen tar, apesar de relevantes para cada país, não podem, pelo menos no caso português, ser estabelecidos, a não ser numa perspetiva europeia e enquanto objetivos quantificáveis pela União Europeia e para o conjunto dos países que a integram. Não esquecendo que

na construção desses indicadores há que con siderar o que as estruturas representativas de cada setor e de cada país têm a defender e a acrescentar.

E que as estratégias, fundamentais, do prado ao prato, apenas terão condições de atingir o seu alvo último – os consumidores – se forem completadas por iniciativas do prato ao prado, iniciativas que aproximem o con sumidor do produtor, iniciativas que levem o urbano ao rural.

Pelo que:

Há que passar do foco da produção para o foco no consumo e no consumidor.

Há que passar de uma estratégia de gestão de quantidades, para uma outra de gestão de necessidades.

Há que passar para de uma filosofia de pro duto, para uma filosofia de serviço.

Há que negar a gestão abusiva da inflação e pressionar uma acomodação solidária de sobrecustos.

Há que abandonar a gestão da abundância, para aprimorar a gestão da escassez Nunca esquecendo que é sempre o consumi dor que, no fim do dia, paga a conta e que o consumidor é bem mais do que um cidadão munido de carteira.

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COMO GERIR A INCERTEZA NA CADEIA DE ABASTECIMENTO? – VISÃO DA ANIL

A atual situação conjuntural traz enormes preo cupações, não só ao nível da sustentatibildade e da subsistência da indústria de lacticínios, mas muito concretamente da preservação da fileira láctea em Portugal.

exportadora é em parte limitada e porque um dos atributos o consumidor associa e privilegia no leite e produtos lácteos é a sua origem.

Enfrentam-se hoje, e não só na nossa atividade, desafios sem precedentes, que não poupam qual quer elo da cadeia por mais atenção, planeamento, previsão ou sentido de antecipação que se consiga empregar para evitar ou atenuar consequências e atenuar sentimentos menos positivos relativa mente a dificuldades e incertezas de um futuro muito próximo.

O setor leiteiro vem de uma situação de desgaste prolongada no tempo e a atual conjuntura atira -nos para uma já muito evidente degradação ao longo da fileira.

Temos por certa, até à data, a relevância da indús tria láctea, não só como elemento relevante da economia nacional, mas como determinante na entrega, de forma acessível, de produtos cuja matriz nutricional é única e se encontra asso ciada a resultados positivos para a saúde, por isso constantes das recomendações alimentares nacionais, onde a sua integração perfaz 18% do dia alimentar.

O leite e produtos lácteos estão presentes na quase totalidade dos lares nacionais, seja de forma direta ou de forma indireta, considerando que o leite e os produtos lácteos são parte inte grante de um leque muito alargado de produtos alimentares.

Podemos estar confiantes quanto à continui dade do seu consumo, acautelando alterações nos padrões de consumo face à conjuntura que presentemente vivemos, e que se tem feito refletir no aumento repentino e acentuado da inflação, impactando as atuais e futuras esco lhas do consumidor.

Nos últimos tempos com frequência são referi dos os conceitos de autoaprovisionamento de autoabastecimento e autossuficiência, aliados ao dos sistemas alimentares sustentáveis e de proxi midade. Conceitos estes, que estão estreitamente ligados ao setor leiteiro nacional, onde o fator proximidade é chave, dada a rápida degradação da matéria-prima, por ser o mercado nacional o destino de excelência, uma vez que a capacidade

Assim, falar em gerir a incerteza no seio da fileira do leite, obriga considerar que a reserva estra tégica de leite não consiste em ter leite armaze nado, mas sim em manter a máquina produtiva em funcionamento.

Apesar da atual redução da produção de leite em natureza, tendência não só nacional, mas também europeia, a perda de capacidade ins talada de produção de leite em natureza é uma ameaça. Esta debilidade é imposta pelo constante aumento dos fatores de produção, ao nível da produção primária e para os quais não é possí vel antever um fim.

De igual forma a indústria de lacticínios que regista também uma muito significativa esca lada de custos, também estes sem fim à vista e que são sobejamente conhecidos. No entanto, reconhecendo a necessidade capital de proteger o setor primário, a indústria tem vindo a atuali zar progressivamente a remuneração do leite à produção, registando-se já uma variação média de 35% face a Julho de 2021 e que sabemos vai aumentar.

Falta agora o verdadeiro compromisso do elo da cadeia a jusante que permita melhorar a capaci dade de remunerar todos os “atores” da fileira. Necessitamos do envolvimento responsável, ativo e solidário da distribuição na valorização do setor. Que o leite e demais produtos lácteos deixem de ser produtos bandeira, com as quais as diferentes insígnias pretendem atrair e con quistar consumidores, através de estratégias de “preços baixos”, nas quais os preços da marca de distribuidor são por regra significativamente mais económicos que a marca de fabricante.

A subsistência e a sustentabilidade do tecido industrial lácteo, a continuação da disponibili zação de leite e produtos lácteos portugueses no mercado nacional, em quantidade e de irre preensível qualidade, requer o estabelecimento de equilíbrios potenciadores de acordos comer ciais justos, desprovidos de ameaças e pressões, atualizáveis em tempo útil, que viabilizem o largo esforço suportado pela indústria independente mente da sua dimensão.

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CONJUNTURA ATUAL E PERSPETIVAS DO SETOR DA SUINICULTURA

Sendo verdade que, a nível europeu não temos falta de cereais, é também verdade que houve, no último ano, um enorme desafio de logística, resultante da necessidade de mudança dos fluxos de abastecimento para diver sificação das origens das matérias-primas. Por outro lado, assistimos a um aumento dos custos de produção como não havia memória e que começou muito antes da guerra na Ucrânia, apesar de se ter agravado com ela; vinha desde o impacto da crise da energia e da disrupção da cadeia de logística mundial. Depois foi a tempestade perfeita: a quebra das exportações para a China e a Peste Suína Africana na Alemanha levaram a um excesso de produção na Europa que provocaram a queda acentuada de preços da carne de suíno. Com os preços em baixa e os custos em alta, a viabilidade económica de muitas explorações foi ameaçada.

No último trimestre de 2021 registou-se uma quebra de 40% do preço pago ao produtor contrastante com o aumento de mais de 30% dos custos com a alimentação animal.

Esta situação é particularmente grave, pois para além das famílias que dependem destes rendimentos, o eventual encerramento de explorações ou redução de produção e efetivos coloca em causa o caminho que o setor tem vindo a fazer de aumento do autoapro visionamento nacional, que é hoje já de 80%. Esta questão, associada a outras, como o licenciamento das explorações e a questão dos efluentes pecuá rios, são problemas estruturais que têm décadas e que são urgentes resolver para que o setor possa crescer sustentadamente e criar riqueza, no territó rio e para as famílias que trabalham e vivem desta atividade tão nobre.

As questões do licenciamento pecuário são particu larmente gravosas. O procedimento conducente ao licenciamento das explorações precisa de uma urgente e importante reforma estrutural que torne o processo mais ágil e flexível. Não há nenhum setor económico que possa ser viável se o processo de licenciamento da sua atividade demorar anos para ser concluído.

Tendo em conta o horizonte desta legislatura, com as condições de governabilidade oferecidas a este executivo e havendo vontade política, há todas as con dições para definir como meta a resolução definitiva dos constrangimentos sentidos no procedimento do licenciamento da atividade pecuária. Os sucessivos regimes jurídicos não dirimiram a situação que se arrasta há vários anos e não devemos esperar mais quatro para a resolver.

Neste particular importa que sejam ultrapassados impasses com a tutela do ambiente cuja ingerência nas competências dos organismos do Ministério da

Agricultura tem sido manifesta, a exemplo da interpre tação criativa sobre o conceito de capacidade instalada ou a proibição da valorização agrícola de efluentes pecuários em vastas zonas do território português. A manterem-se os atuais procedimentos adminis trativos nestes domínios, torna-se contraditório o compromisso assumido pelo Estado Português com a estratégia do Prado ao Prato, nomeadamente no que se refere ao bem-estar animal e à economia circular. Por outro lado, temos consciência de que a fileira tem de organizar para negociar melhor com a grande distribuição, construindo parcerias que reforcem e valorizem toda a cadeia de valor. Defendemos a exis tência de um fator distintivo da produção nacional que permita que o fator preço não seja o mandatório no ato da compra. A certificação de bem-estar animal é um desses exemplos, que a FILPORC desenvolveu e sobre a qual tem trabalhado com a distribuição. A sustentabilidade poderá também ser outra mensagem distintiva a passar ao consumidor e para a qual esta mos interessados e disponíveis para desenvolver no âmbito desta parceria.

Para a valorização da cadeia de valor, julgamos que poderá ser um contributo importante a criação do Observatório de Preços já anunciado pela Senhora Ministra, mas que deverá ter, em nosso entendimento, o envolvimento de toda a fileira para além da própria administração, para que seja fidedigno e permita per ceber onde estão as margens. Só dessa forma cada elo desta cadeia pode realmente ter a justa retribui ção pelo seu trabalho e só assim poderemos tomar as melhores decisões e partilhar, responsavelmente, ganhos e perdas.

Não podemos ignorar que os drivers das tendências de consumo são muito complexos e afetam a quantidade e o tipo de consumo de carne de forma diferente nas várias zonas do globo de acordo com a maior ou menor influência de cada uma, e que, nos últimos anos, temos assistido já a uma ligeira quebra do consumo de carne na Europa. No entanto, os estudos mais recentes da FAO e OCDE para a próxima década estimam um crescimento da procura global de alimentos de cerca de 1,3%/ano, impulsionada essencialmente pelo crescimento da popu lação e do rendimento per capita, variável obviamente de acordo com o tipo de alimentos e a região do globo. No caso da carne essa procura aumentará cerca de 14% e a carne de porco representará 33% desse aumento. Esta é uma oportunidade que temos de aproveitar e para a qual temos trabalhado muito intensamente nos últimos tempos, para a diversificação dos mercados de exportação, em particular da ásia, que tem grande tradição de consumo de carne de porco.

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David Neves Presidente da FILPORC

CONJUNTURA ATUAL E PERSPETIVAS DO SETOR AVÍCOLA

O setor avícola, à semelhança de outros setores de atividade, tem vindo a ser afetado pela crise económica e social que vivemos. Atravessamos um período de grande instabilidade e incerteza para todos, obrigando o setor a reinventar-se e a buscar novas fórmulas para os desafios que lhe são apresentados.

A pressão que os elevados custos de produção (matérias-primas, energia, mão-de-obra, etc) têm colocado no setor obrigam os seus intervenientes a procurar soluções. Estas passam por procurar a maior eficiência produtiva, apenas obtida através de uma combinação entre várias medidas, como por exemplo:

• utilização racional e responsável das energias nas explorações: implementação de painéis fotovoltaicos, biogás ou outras fontes de energia renováveis, piso radiante e outras boas práticas de uso eficiente de recursos;

• substituição de equipamentos antigos, grandes consumidores de energia, por técnicas mais recentes e de menor utilização energética;

• procurar reduzir o índice de conversão na produção, isto é, reduzir os kgs de ração necessários por kg de carne obtido no final da produção;

• apostar fortemente em medidas de biossegu rança que garantam a melhor saúde animal e consequente menor utilização de antibióticos;

• potenciação das vantagens da economia cir cular do setor avícola, por exemplo atra vés da utilização de unidades de compos tagem ou unidades de transformação Cat.3 que assegurem a Reutilização / Valorização de subprodutos, resíduos e efluentes num esquema circular.

Pese embora a importância de todas as medidas anteriormente mencionadas, o incremento de custos de produção é uma realidade e por isso a subida dos preços de venda ao consumidor final é fundamental para o equilíbrio da balança.

A grande distribuição, pelo peso que tem na cadeia de fornecimento, tem feito uma grande pressão para

“segurar preços” e não passar a subida de custos de produção ao consumidor. Por isso mesmo, a inflação em Portugal em Março 2022, quando os custos de produção animal já superavam subidas na ordem dos 30% e a inflação média europeia rondava os 8%, a nacional mantinha-se apenas nos 5%.

No entanto, a subida de preços ao consumidor final foi inevitável sob pena de ficarmos sem produto nas prateleiras pois em alguns casos os custos de produção já quase superavam os preços de venda ao público, e embora “comedida” a subida de preços foi sendo feita ao longo deste primeiro semestre de 2022, chegando no final de Maio 2022, a uma taxa de inflação nacional na ordem dos 8%.

Uma vez que os custos das matérias-primas con tinuam a subir ou em muitos casos mantêm-se elevados, acreditamos que uma nova subida em preços será inevitável até ao final do ano e até a situação internacional de cadeias de fornecimento se estabilizar.

Por sua vez, e por forma a atenuar o impacto no consumidor final todos os restantes intervenien tes da cadeia de valor no setor alimentar devem também assumir uma posição de utilização mais eficiente dos recursos. Sabemos a importância do princípio de “produzir mais com o menor custo possível”, e atualmente eu diria mesmo que seria “produzir mais com a menor quantidade de recursos possível”. A potencial escassez das mais variadas matérias-primas que fazem parte do processo pro dutivo, levam a que todos os intervenientes nesta cadeia de fornecimento sejam responsáveis por melhorar o seu processo reduzindo a necessidade de incrementar preços.

Sabemos que um aumento de preços, numa econo mia de baixo poder de compra, reduz imediatamente o consumo e por sua vez impacta negativamente a produção das empresas. Por isso, a responsabilidade é geral, desde o fornecedor do grão, ao agente dis tribuidor do produto ao supermercado.

Mas em tempos de inflação, é expectável a pre ferência do consumidor por produtos de menor valor. O frango é como sabemos, tradicionalmente a proteína cárnica mais barata à disposição do consumidor no supermercado. Por sua vez, tam

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Mariana dos Santos Presidente da FEPASA

bém beneficia de um conjunto de vanta gens para a saúde muito preconizado por desportistas, médicos e especialistas de saúde. Ou seja, é um setor que em tempos de crise tende a registar um aumento nas vendas, beneficiando o setor quando com parado com outros. Desde 2020 que o con sumo humano de carne de aves per capita, ultrapassou todas as restantes espécies de carne situando-se em 44 kgs/hab, o que nos demonstra efetivamente a crescente prefe rência do consumidor pelas carnes brancas.

No entanto temos vindo a assistir a um comportamento de troca por outros bens

sucedâneos, em que o consumidor por exemplo reduz o número de vezes por semana que come carne optando por outros regimes alimentares alternativos, o que por sua vez atenua o efeito do aumento das vendas.

O que podemos verificar é que o consumidor altera o seu padrão de consumo dentro da categoria de aves. Se antigamente comprava uma cuvete de peito de frango e uma de asas, hoje com a subida de preços, procura o artigo de menor valor, e por isso abdica da conveniência e compra um frango inteiro em substituição das partes, reduzindo por

isso as vendas dos artigos de maior valor acrescentado.

Os desafios para o setor avícola, quer nas aves quer nos ovos, são como vemos vários e multiplicam-se diariamente. O futuro reves te-se de uma enorme incerteza o que obriga a olharmos para o presente com cautela e a atuarmos sempre de uma forma sustentada na nossa atividade. Assegurar a alimentação humana é uma enorme responsabilidade e por isso todos os intervenientes da cadeia de valor devem, com as ferramentas que dispõem, garantir uma produção segura, saudável e sustentável.

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ALIMENTAÇÃO

A CADEIA ALIMENTAR COMEÇA NO CAMPO

No passado dia 30 de Junho, nas instalações da Faculdade de Medicina Veterinária, tive o grato prazer de participar numa mesa redonda a encerrar o seminário ali levado a efeito pela IACA para debater “ A Incerteza na cadeia de abastecimento ”, uma ansiedade que se mantém latente desde a eclosão da guerra na Ucrânia, em finais de Fevereiro.

Como é sabido, o País atravessa desde o último tri mestre do ano passado uma seca com característi cas muito violentas, pois para além de persistente, trouxe-nos uma longa semana de calor extremo, com a temperatura a aproximar-se dos 50º vários dias seguidos, noites muito quentes sempre acima dos 30º e níveis de humidade anormalmente baixa. Esta onda de calor, em pleno período estival e em ambiente de seca prolongada, resultou num fenó meno com resultados catastróficos para muitas culturas, anuais e permanentes, agravando em muito as enormes dificuldades que todo o setor agro -pecuário vem atravessando desde o início do ano. Falta de comida para os animais no campo, falta de água para as culturas regadas, falta de chuva para as pastagens e para o ciclo das culturas e florestas, solo e ar demasiado secos, tudo o que caracteriza a palavra Seca, severa ou extrema.

Num quadro assim, o surgimento da guerra na Ucrâ nia, arrastando para um beco sem saída a economia global, causou uma disrupção imediata no fluxo de abastecimento dos fatores base em que assenta a vida humana no planeta: alimentação e a energia.

De um dia para o outro o Mundo, e a Europa em particular, que apostou nas últimas décadas no processo de globalização, foi surpreendida por algo que acreditou não ser possível voltar a acontecer. Dependência. De repente vê-se a braços com uma situação de dependência em energia e fatores de produção fundamentais, os quais eram, e são ainda, produzidos – em enorme percentagem das necessi dades do bloco europeu – em dois países apenas e que são exatamente os dois beligerantes. Energia, combustíveis, fertilizantes e matérias-primas para o seu fabrico, cereais e oleaginosas, são exemplos das produções e exportações regulares da Rússia e Ucrânia para os países europeus. Como agir?

Como remediar?

Retirando desta análise quaisquer análises políti cas (passo a redundância), estamos perante uma situação de emergência com enormes dificulda des de resolução em tempo útil. Mudar produções, intensificar processos, procurar fontes alternativas,

nada tem de fácil e menos ainda de simples. É a tempestade perfeita.

Como gerir esta ansiedade e esta incerteza para as quais nenhum país estava minimamente preparado?

Só de uma maneira. Com objetividade, cabeça fria, conjugação de esforços e dinheiro, exatamente tudo o que faltou em Portugal no que toca ao setor Agro.

Dito de outra forma, uma absoluta ausência de estratégia concertada entre o Ministério da Agri cultura e o próprio setor, que enquadrasse todos os fatores e componentes deste verdadeiro imbróglio em que a conjugação da seca com a guerra nos está a mergulhar.

Recordo que a CAP vem reivindicando desde o primeiro trimestre do ano um conjunto vasto de medidas de mitigação dos efeitos da seca, com destaque para apoios dirigidos ao setor pecuá rio, desde muito cedo confrontado com falta de alimentos no campo. O mesmo aconteceu sobre medidas de apoio às dificuldades acrescidas tra zidas pela guerra.

Cedo a CAP se predispôs a discutir essas medidas e a “acertar agulhas”, que com os instrumentos financeiros à disposição do governo e comunitários, evitassem um mais que provável colapso de várias explorações ou subsetores. Os responsáveis políti cos, na “espectativa” de que a chuva chegasse e a guerra acabasse, levou a um adiamento sucessivo das decisões e nada de concreto aconteceu. O que aconteceu foi sim a mistura explosiva dos efeitos da seca com os da guerra, que se intensificaram, apoderando-se do discurso político um verdadeiro desnorte e até insensibilidade.

Vieram então as promessas. Milhões, dezenas de milhões, para isto, para aquilo, para baixar o preço do gasóleo (um desconto de 3 cêntimos e depois de seis – em Espanha 20), ajudas da Reserva de Crise, do Orçamento de Estado, antecipação de parte dos pagamentos da PAC, enfim, milhões, muitos milhões. Só que das promessas e dos compromissos à dis ponibilização do dinheiro, apenas as datas foram sendo sucessivamente adiadas e ninguém recebeu ajuda nenhuma. Passaram-se seis meses.

Foi neste ambiente de tensão que participei no seminário da IACA, a 30 de Junho, o dia em que mais um comunicado da CAP alertava para esta incongruência. Pela terceira vez o adiantamento prometido era adiado. Não se compreende e menos ainda se aceita.

Com o setor agrícola asfixiado em custos em cons tante subida, produtos a escassearem, culturas

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ANIMAL TEMA DE CAPA
Eduardo de Oliveira e Sousa Presidente da CAP

perdidas, explorações pecuárias a diminuírem efectivos – ou mesmo a fechar – água insu ficiente para a rega e abeberamento, fruta, vinha e produtos hortícolas queimados pelo sol, não é razão suficiente para a criação de um gabinete de crise que gizasse um plano de ataque a este drama?

Em simultâneo com esta angustiante situação o setor dos alimentos compostos, a braços com falta e agravamento dos preços das matérias-primas, instabilidade dos mercados e dos transportes marítimos, fazendo “das tripas coração” para que não faltassem pro dutos, juntava-se à indignação generalizada pela forma como a falta de objetividade das decisões políticas ocorria.

Por tudo isto é tão difícil responder à pergunta da IACA, – como gerir a incerteza na cadeia de abastecimento?

O abastecimento da cadeia alimentar tem início com a produção dos produtos, no campo. Seria desejável uma atenção redo

brada às consequências de tudo o que está a acontecer: guerra, seca, energia, falta de matérias-primas. Com vontade, objetividade, meios complementares e ajudas concretas, em cooperação com as organizações do setor, estou em crer que seria possível a construção de um caminho que nos leve à saída desta profunda crise.

A vida não pára. Há pouco mais de dois anos a Europa definiu objetivos ambiciosos no âmbito do Green Deal e da descarbo nização. Aprovou uma nova PAC e entrará dentro de pouco tempo em funcionamento a sua última revisão, o nosso PEPAC, que à semelhança do resto foi muito pouco discutido com os representantes do setor, insistindo-se no erro. São instrumentos e ambições que porão à prova a capacidade de resistência e adaptação do setor produtivo.

Num ambiente de grande competitividade e desigualdade de recursos face aos seus concorrentes mais próximos, os agricultores

portugueses encontram-se numa situação de grande incerteza.

Os agricultores são isso mesmo, agricultores. Para que possam continuar o seu trabalho o País tem de olhar de frente vários assuntos que são, nos dias de hoje, insistentemente e demagogicamente transformados em dogmas. Está o Ministério da Agricultura verdadei ramente ciente da gravidade do que temos por diante?

Como exemplo destaco a questão da água e a gestão integrada dos recursos hídricos. Numa região do globo como aquela em estamos integrados, com as alterações climáticas a trazerem-nos uma realidade dramática de avanço da desertificação, se a questão da água não for transfor mada num verdadeiro Desígnio Nacional, o desastre será inevitável. A acontecer, será então fácil encontrar resposta para a tal pergunta da IACA. No meu caso, recu so-me a aceitá-la.

www.tecnipec.pt /tecnipec

O MUNDO EM GERAL E A NOSSA INDÚSTRIA EM PARTICULAR CONTINUA A VIVER MOMENTOS MUITO ATRIBULADOS

Há cerca de dois anos e meio tivemos de responder a uma crise sanitária para a qual ninguém estava real mente preparado. E fizemo-lo com brio e responsabi lidade. As cadeias de abastecimento agroalimentares e agropecuárias puderam continuar a funcionar adap tando-se a uma nova realidade. Todos os operadores destas cadeias redobraram esforços quer logísticos como financeiros para que nada faltasse ao consu midor. Esta situação fez-nos dar mais valor a algo que era uma evidência para o operadores do nosso setor, a importância de ter uma sólida indústria local de produção de bens alimentares.

Quando em fevereiro fomos surpreendidos com a invasão da Ucrânia pela Rússia voltamos a ser confrontados com um desafio que, tal como foi com a pandemia, muitos de nós nunca tínhamos vivido. Uma situação de guerra na Europa que para além do terrível impacto humano afetaria os fluxos comerciais dos bens básicos de consumo.

Como todos sabemos a Rússia e a Ucrânia são o celeiro da europa, os desenvolvimentos produ tivos que estes 2 países tiveram nos últimos 20 anos foram fenomenais e colocaram-nos entre os principais produtores mundiais de muitos cereais e oleaginosas.

No caso do trigo por exemplo a Rússia é o 4º maior produtor mundial, mas é responsável por 20% das exportações mundiais. A Ucrânia é o 6º maior pro dutor de milho, mas tinha um 15% das exportações mundiais. No caso do girassol a situação é ainda mais grave, Ucrânia e Rússia produzem mais de 55% da produção mundial de semente e são responsáveis por 80-85% das exportações de óleo de girassol.

O desafio para a nossa indústria foi poder encontrar alternativas de maneira célere, economicamente sustentáveis e obviamente respeitando todos os parâmetros de qualidade e segurança alimentar aos quais estamos vinculados na europa.

E mais uma vez o nosso setor está de parabéns. Não obstante as dificuldades de abastecimento no

mar negro com algumas situações de defaults, um quebra-cabeças logístico, alternativas de abasteci mento com parâmetros de qualidade ligeiramente distintos dos requisitos europeus e necessidades de fundo de maneio extremadas, não faltou pro duto para satisfazer as necessidades do consu midor português.

E todo este esforço tem sido suportado pela nossa indústria sem qualquer ajuda governamental. Por exemplo a indústria do biodiesel continua a não poder operar plenamente devido aos benéficos atribuídos à importação de produto acabado e maioritariamente à base de óleo ou resíduos da produção de óleo de palma, não permitindo desta maneira a produção nacional de farinhas de colza e reduzindo a competitividade deste produto incor porado na cadeia agropecuária.

E hoje com a situação dos preços de energia extre mamente preocupante, a nossa indústria enfrenta um novo desafio que muito provavelmente será fatal para muitos operadores caso não haja uma política de apoio adequada

Os custos de produção na europa multiplicaram -se, mas geografias como os Estados Unidos ou a América do Sul continuam a ter custos energéticos muito inferiores aos nossos. Esta desvantagem competitiva não é sustentável para a economia europeia. Com uma inflação tremenda e uma redu ção efetiva do poder de compra do consumidor não nos podemos permitir reduzir ou parar a produção nacional de bens alimentares. Todos nós, incluindo os nossos governantes, deveríamos lembrar-nos da lição da pandemia e valorizar a cadeia de abasteci mento nacional como o pilar da economia agroali mentar e agropecuária. Para além de beneficiar a balança comercial nacional permite reduzir o risco de desabastecimento dependendo menos de impor tações incertas.

Haja apoio político porque vontade de continuar a sustentar o mercado nacional todos temos.

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O CONTRIBUTO DA PRODUTIVIDADE ANIMAL E DA DIETA PARA UMA PRODUÇÃOLEITEIRA SUSTENTÁVEL

CITAB – Centro de Investigação e Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A produção animal e, em particular, a produção de ruminantes utiliza maioritariamente recursos alimentares em não competição com os humanos, quer por esses recursos serem produzidos em solos que não são utilizáveis para culturas aráveis, quer por serem recursos alimentares (subprodutos) não valorizáveis na dieta humana. Devemos ter presente que, ao nível mundial, apenas uma fração dos solos existentes apresentam aptidão para culturas ará veis importantes para a dieta do homem, como as de cereais ou de proteaginosas. Apenas 1/3 da área mundial com culturas forrageiras e pratenses pode ser convertida para culturas agrícolas, represen tando essa conversão apenas 14% da área agrícola mundial existente (Mottet et al., 2017). A produção de forragens e pastagens ocorre assim maioritaria mente em solos sem aptidão arável ou em culturas que integram rotações agrícolas, aqui com o objetivo de proporcionar maior sustentabilidade aos ecos sistemas agrários. A utilização dessas forragens e pastagens para a alimentação de ruminantes e a subsequente obtenção de produtos animais, con tribui assim para a obtenção de mais alimentos para uma população humana mundial que se estima possa atingir cerca de 11 mil milhões de pessoas até ao final deste século (UNDESA, 2021). Por outro lado, considera-se que da totali dade dos alimentos consumidos pelos animais de produção (suí nos, aves, ruminantes e outros), apenas 14% desses alimentos são edíveis para o homem (Mot tet et al., 2017). Por outro lado, os 86% de recursos não direta mente edíveis para o homem são convertidos em produtos animais com elevada valorização na dieta humana.

Os sistemas de produção ani mal permitem assim converter a energia, a proteína e outros nutrientes contidos na biomassa

não edível para o homem (forragens, pastagens e subprodutos) em produtos vantajosos para a dieta humana. As vantagens não são só interes santes do ponto de vista de valor nutritivo, mas são-no igualmente do ponto de vista ambiental e da eficiência de utilização de recursos para a população humana se compararmos a disponibi lidade de proteína e energia naqueles recursos não edíveis e os valores de proteína e energia no leite e carne obtidos através dos animais. Devido às especificidades do sistema digestivo dos rumi nantes, com a microflora do rúmen que permite digerir fibra e sintetizar proteína a partir de azoto (N) não proteico, estes animais podem produzir mais nutrientes edíveis para o homem do que os nutrientes edíveis que consomem. Em contraste com o conceito de Eficiência Global de Conversão de Proteína da dieta (EGCP), que calcula a razão entre a quantidade de proteína produzida e a quantidade de proteína total ingerida pelo animal, o conceito de Eficiência Líquida de Conversão de Proteína (ELCP) foi desenvolvido para avaliar a competição entre a dieta animal e a dieta humana relativamente à proteína edível, sendo definido como a razão entre a proteína edível produzida pelo animal e a proteína edível consumida pelo animal na sua dieta. A Figura 1 ilustra estes parâ metros para um grupo de sistemas de produção animal verificando-se que as vacas leiteiras, em particular, se destacam pela elevada eficiência de conversão dos constituintes da sua dieta, podendo

Figura 1 – Eficiência global de conversão de proteína e Eficiência líquida de conversão de proteína* em diferentes sistemas agropecuários de ruminantes: DC1 – vacas leiteiras com dieta à base de milho silagem; DC2 – vacas leiteiras com dieta à base de pastagem; BC1 – bovinos de carne com dieta rica em milho silagem e concentrados; BC2 – bovinos de carne com dieta rica em pastagem; Sh1 – ovinos com elevado consumo de concentrados, e Sh2 – ovinos com baixo consumo de concentrados. adaptado de Laisse et al., 2018).

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 21 ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE
A problemática da produção animal no contexto atual da agricultura, dos recursos alimentares mundiais e do ambiente
Eficiência
Global de Conversão de Proteína da dieta Eficiência Líquida de Conversão de Proteína Eficiência proteica (kg/kg) Fração edível da dieta humana

ALIMENTAÇÃO

contribuir positivamente para suprir as necessidades proteicas de humanos através da conversão de alimentos grosseiros da dieta e de subprodutos não edíveis em proteína no leite, apresentado valores de ELCP entre 1 e 2,5, o que significa que são produtores líquidos de proteína edível (Laisse et al., 2018)

A produtividade da vaca leiteira e o impacto ambiental por litro de leite obtido É frequente a ideia de que os animais mais produtivos, em geral asso ciados à produção mais intensiva, são mais poluentes e conduzem a impactes ambientais mais elevados. Esta ideia é incorreta quando se considere a poluição causada por unidade de produto animal obtida. A Figura 2 mostra a relação entre a ingestão de proteína numa dieta equilibrada, a exportação de N no leite, a excreção total de N nas dejeções e a excreção de N por litro de leite produzido em vacas leiteiras com diferente produtividade. A diluição das necessidades de proteína para manutenção dos animais com o aumento do nível produtivo resulta na redução da excreção de N expressa por litro de leite produzido. Concretizando com um exemplo numérico baseado nos dados da Figura 2: a ingestão de proteína (azoto) para a produção de 32 kg de leite comparativamente à produção de 16 kg, elevou-se 65%, enquanto a exportação de N no leite duplicou e a excreção nas dejeções apenas cresceu 56% e, assim, a excreção por kg de leite obtido decresceu 22%. Ora os efeitos ambientais são proporcionais à excreção de azoto pelo que podemos concluir que animais mais produtivos com uma dieta otimizada conduzem a menores efeitos ambientais na obtenção da quantidade de bens alimentares necessária.

atenção aspetos como o seu nível produtivo e a fase de lactação. Os sistemas de estabulação permanente, como o que prevalece no continente português, apresentam vantagens nessa gestão indivi dual por facilidade de avaliação de diversos parâmetros animais pelo emprego de sensores e também pelo facto do valor nutritivo da dieta ser constante (silagens conservadas) e de fácil monitori zação laboratorial. Os sistemas baseados em pastoreio em geral apresentam menor nível de sensorização animal e a dieta é muito irregular, pela variabilidade temporal e espacial do valor nutritivo da erva de pastagem.

O valor azotado da dieta deve permitir atingir a completa produti vidade animal, mas devemos evitar um excesso dessa componente nutritiva da dieta. O excesso de proteína na dieta é excretado funda mentalmente através da urina, a fração dos dejetos em que as perdas por emissões gasosas são mais difíceis de controlar, particularmente em animais estabulados. O aumento da excreção na urina, resulta do excesso de proteína degradável no rúmen aumentar excessivamente a concentração de amónio e, consequentemente, elevação dos níveis de ureia no sangue, os quais são controlados pela excreção na urina. Acresce que a o mecanismo de excreção da ureia apresenta um custo energético para o animal.

Em geral, a perda de azoto da urina por emissão de gases representa, nas instalações, mais de metade do N contido nesse dejeto, enquanto que, em animais em pastoreio as perdas são inferiores a 1/5 do N da urina. Esta situação, reduz as vantagens dos sistemas de estabulação permanente relativamente ao binómio otimização da dieta e impacte ambiental. Dietas com excesso de proteína comparativamente ao valor energético reduzem a eficiência reprodutiva das vacas.

Em todos os sistemas de produção leiteira, sejam os baseados em pastoreio ou os de estabulação permanente, a utilização de alimentos concentrados é uma prática fundamental para a obtenção de níveis de produtividade animal elevados bem como para a manutenção do equilíbrio entre o teor energético e teor proteico das dietas de vacas leiteiras. O seu uso deve ser efetuado cada vez mais considerando cada animal individualmente e a sua função pode vir a incluir para além dos fatores nutritivos abordados neste texto, o complemento da dieta animal em constituintes tais como aditivos para a redução de emissões de metano (inibidores) ou o ajuste do perfil de aminoá cidos, entre outros, contribuindo assim para a sustentabilidade da produção animal.

Figura 2 – Relação entre as necessidades azotadas de manutenção e totais, N exportado leite e N excretado nas dejeções em função da quantidade de leite produzido por uma vaca leiteira. As unidades de proteína e azoto foram removidas para clareza do gráfico.

Referências

Laisse, S. et al., (2018). The net contribution of ruminant production to the protein supply for humans. In: 27th EGF General Meeting on “Sustainable Meat and Milk Production from Grasslands” Grassland Science in Europe, Vol. 23: 718.

A otimização da dieta das vacas leiteiras relativamente ao equi líbrio entre o seu teor energético e seu teor azotado (proteico) é um fator importante na eficiência digestiva e fundamental para o impacte ambiental da atividade. Na zootecnia de precisão, a gestão deste equilíbrio da dieta deve ser efetuada, sempre que possível, ao nível do animal individualmente, ou seja, tendo em

Mottet, A. et al., (2017). Livestock: On our plates or eating at our table? A new analysis of the feed/food debate. Global Food Security, 14:1–8.

United Nations Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2021). Global Population Growth and Sustainable Develop ment. UN DESA/POP/2021/TR/NO. 2. (disponível online em https:// www.un.org/development/desa/pd/ )

22 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL
N a n m a l 1 d i a 1 Excreção
A otimização da dieta de vacas leiteiras – zoo tecnia de precisão
ANIMAL SUSTENTABILIDADE
ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 23

DEFININDO

Introdução

A adição exógena de fitase aos alimentos já está em prática há mais de 25 anos. É utilizada para libertar fósforo (P), ao ligar-se ao fitato presente nas matérias -primas, originando uma redução no custo da alimentação através da redução da quantidade de P inorgânico adicionado, ao mesmo tempo que reduz a concentração de fitato, um conhecido fator anti -nutricional. Por outro lado, a sus tentabilidade ambiental é melho rada, uma vez que a excreção de P no ambiente é reduzida, e cresce a consciência de que as fontes de P inorgânico não são inesgotáveis, originando consistentes aumentos no seu preço. Uma vez que estão comercialmente disponíveis diferentes fitases, é importante com preender que critérios são mais relevantes para se fazer uma boa escolha.

E A OTIMIZAÇÃO

Phytase 1 Phytase 2

Km

Concentração de fitato

do fitato durante a digestão baixando os seus níveis

Fig. 1: A velocidade de degradação do fitato por 2 fitases mostrando a mesma

máxima (Vmax) mas uma afinidade diferente (Km) para o fitato.

Fig.

Perfil de pH e resistência da fitase à pepsina

Estes critérios já são utilizados há muito tempo como uma primeira seleção rápida das fitases. É do conhe cimento geral que o fitato deve estar em solução para permitir que a fitase exógena hidrolise os seus grupos fosfatos. O fitato é largamente solúvel a níveis de pH inferiores a 4 (moela) enquanto a níveis de pH mais elevados forma complexos com iões de carga positiva e até aminoácidos, tornando-se insolúvel e indisponível para hidrólise pela fitase. Portanto, uma fitase com uma actividade elevada na totalidade do intervalo de pH ácido, que varia de pH 2 a 4, demons tra a sua superioridade. Como as fitases funcionam na moela/estômago, a seleção por uma fitase que não seja suscetível de degradação pela pepsina é também um parâmetro importante a considerar.

Velocidade de hidrólise do fitato e afinidade para o fitato

Um critério chave para a seleção é a velocidade de hidrólise do fitato. O objetivo é ter uma velocidade máxima alta para que a degradação do fitato seja rapidamente alcançada. Isto não só proporciona uma alta libertação de P em pouco tempo, como também a destruição do fitato leva à libertação de micro-minerais e proteínas (aminoácidos) complexa

dos por ele, aumentando a sua digestibilidade. Esta velocidade máxima (Vmax) é determinada através da conhecida equação cinética de Michaelis-Menten, na qual a velocidade de degradação do fitato é medida in vitro com níveis crescentes de fitato (Fig. 1). Con tudo, como indicado na Fig. 1, duas fitases com uma Vmax semelhante, podem ter uma velocidade de ação mais baixa quando os níveis de fitato diminuem devido à ação da própria fitase. Isto deve-se a uma diferença na afinidade (Km) da fitase para o fitato. A afinidade indica por quanto tempo esta velocidade alta pode ser mantida quando a concentração de fitato está a diminuir. Uma afinidade elevada é um benefício importante de uma fitase, uma vez que, por consequência, conduzirá a valores mais eleva dos da matriz de P.

Procurando uma fitase intrinseca mente estável ao calor

As primeiras fitases comercializadas há 20-30 anos eram bastante sensíveis ao calor durante a peletização, mesmo quando revestidas, exigindo a sua aplicação líquida pós peletização (PPLA). Além do custo de instalação de PPLA, o risco de mau funcionamento estava sempre presente, exi gindo um elevado nível de manutenção e controlo de qualidade, o que constituia um elevado encargo para o diretor de produção e técnicos das fábricas produtoras de alimento.

Nesta perspetiva, a termoestabilidade intrínseca de uma fitase tem ganho cada vez maior relevân cia. Um aumento da termoestabilidade intrínseca, que permita uma peletização até pelo menos 85°C, foi um elemento tranquilizador para um fabrico em condições normais de peletização. Quando, através de técnicas de revestimento da fitase, a termoesta bilidade pode ser aumentada para 90°C (ou mesmo

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A FITASE IDEAL
DA SUA UTILIZAÇÃO NO ALIMENTO Lode Nollet MSc., PhD. Huvepharma NV* Global Product Manager Enzymes Phytase 2 Phytase 1 Phytase 2 0 0 0 1 10 25 2 19 56 3 31 73 4 44 80 5 53 87 6 60 94 7 69 99 8 79 100 9 81 100 10 85 100 11 88 100 12 92 100 13 95 100 15 99 100 14 100 100 15 100 100
1: The speed of phytate degradation by 2 phytases showing equal maximal speed (Vmax) but a different 16 100 100 17 100 100 18 100 100 19 100 100 20 100 100 Velocidade
Degradação
Vmax Vmax/2 Km
velocidade
* Uitbreidingstraat 80, 2600 Antwerp, Belgium.

95°C), estamos na presença de uma alternativa consistente à aplica ção de fitase líquida através de PPLA.

No período 2017-2020, foram realizados múltiplos ensaios de pele tização na Europa (5 locais de ensaio diferentes) e nos EUA (5 locais de ensaio diferentes) para avaliar a termoestabilidade intrínseca de uma fitase recentemente desenvolvida (OptiPhos® Plus), não revestida (granular), bem como a versão revestida. Foi decidido que a realização destes ensaios deveria ocorrer em diferentes locais, de modo a que a fitase fosse testada sob uma grande variedade de diferentes condições de peletização (incluindo fatores influentes como o equipamento utilizado, composição do alimento, velocidade de arrefecimento e outros). Como a definição universal de estabili dade afirma que “a estabilidade é alcançada quando a recuperação da substância ativa é > 80 % do valor original”, foi possível confir mar que esta fitase recentemente desenvolvida, podia reclamar uma estabilidade térmica intrínseca a 85°C (Fig. 2) quando aplicada na forma granular (G), enquanto a sua versão revestida (CT) pode suportar temperaturas de granulação até 90°C, ou mesmo 95°C, com perdas de atividade aceitáveis (Fig. 2).

desempenho produtivo dos animais. Nesse caso, o prejuízo financeiro será certamente muito superior à poupança no custo da formulação. Por conseguinte, é mais seguro confiar nos valores médios da matriz de P de todos os ensaios realizados, e não apenas nos melhores.

Espécies Ensaios Valor aP Poupança (€/T)* Potencial poupança extra (€/T)

Aves

Média de todos os 12 ensaios 1,76 10,90

Média de apenas os 6 melhores 1,95 12,10 1,20

Média de todos os 11 ensaios 1,75 10,80

Suínos

Média de apenas os 3 melhores 1,85 11,40 0,60 * assumindo um preço de fosfato monocálcico de 1300 €/T, com um Valor aP de 21

Tabela 1: Impacto económico nos custos da alimentação de frangos de carne e suínos, quando se utilizam valores de matriz (1000 FTU/kg) derivados de todos os ensaios realizados ou apenas dos melhores ensaios seleccionados

Necessidade de valores de matriz de P fiáveis

Não é só a estabilidade térmica inadequada de uma fitase que pode levar a deficiências de P no campo. Também uma sobreavaliação do seu valor de matriz de P pode ser um problema, em particular hoje em dia, uma vez que devido aos preços elevados das fontes inorgânicas de P, o nutricionista tende a formular com um intervalo de segurança menor.

Os valores da matriz de P fornecem ao nutricionista a informação necessária sobre quanto P inorgânico pode ser substituído pela incor poração da fitase no alimento. Para fornecer valores de matriz fiáveis, é necessário realizar múltiplos ensaios. No caso do OptiPhos® Plus, todos os ensaios realizados para o registo desta enzima, foram consi derados para calcular os valores da matriz, apesar do facto de alguns destes ensaios não terem dado uma resposta tão elevada como a que se esperava. Se utilizássemos apenas os ensaios “bons”, que mostram a melhor resposta sobre a libertação de P do fitato, poderiam ser cal culados valores mais elevados da matriz de P (Tabela 1). Isto propor cionaria poupanças adicionais de 1,2 euros e 0,6 euros por tonelada de alimento, no caso de frangos de carne e suínos, respetivamente. Estas diferenças podem levar os fornecedores de fitase a cair na tentação de utilizar apenas os melhores ensaios para estabelecer os valores da matriz de P, de forma a que se possam destacar como a melhor opção de compra. No entanto, isto aumenta o risco para o nutricionista de que possam ocorrer problemas de deficiência de P, levando a um menor

Com os atuais preços elevados das fontes inorgânicas de P, faz sen tido formular a um nível de inclusão mais elevado de fitase. A tabela 2 mostra um cálculo da poupança de custos de alimentação através da redução do fosfato monocálcico (preços fixados em 1.300€/T) adi cionando OptiPhos® Plus de 500 a 2000 FTU/kg, num alimento para frangos de carne. Pode-se observar que uma dose mais elevada dá um benefício financeiro adicional. No entanto, em muitos alimentos como os utilizados para frangos de carne em fase de crescimento ou acaba mento, mas também em alimento para suínos de engorda, podemos obter dietas isentas de fosfatos inorgânicos. Ambos os parâmetros (alta termoestabilidade e valores de matriz fiáveis) são, neste caso, da maior importância para assegurar que não haverá deficiências de P na produção animal.

Dose (FTU/kg)

0 500

Custo alimento (€/T) 421,6 410,7 409,8 409,4 409,2 Poupança (€/T) vs 0 FTU/Kg 10,9 11,8 12,2 12,4 Poupança extra (€/T) vs 500 FTU/kg 0,9 1,3 1,5

Tabela 2: Aumentar a dosagem de OptiPhos® Plus reduz o custo da alimen tação substituindo o caro fósforo inorgânico

Conclusão

A par com a selecção para características bioquímicas óptimas de uma fitase, como o perfil de pH, a resistência à pepsina e a velocidade/afini dade, a termoestabilidade intrínseca tornou-se um pré-requisito essen cial para uma fitase, permitindo-lhe manter uma estabilidade térmica até 85°C, e mesmo até 95°C quando devidamente revestida. Isto assegura ao nutricionista que terá os níveis adequados de fitase no alimento, tal qual como os contabilizou durante a formulação do mesmo. Além disso, o nutricionista também precisa de ter a certeza de que os valores de matriz fornecidos para P são fiáveis e não sobrestimados. Estas duas últimas garantias, reduzem substancialmente qualquer risco de deficiência de P, e por consequência, perdas financeiras a nível da exploração agrícola.

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Plus CT Fig. 2: Average recovery of pelleting studies ran with a granular and coated intrinsic heat stable phytase (2017 to 2020, EU and the USA data) 0 20 40 60 80 100 70 75 80 85 90 95 Recuperação (%) Temperatura (°C) OptiPhos® Plus G OptiPhos® Plus CT Fig. 2: Recuperação média dos estudos de peletização realizados com uma fitase intrinsecamente termoestável, na sua forma granular e na sua forma revestida (2017 a 2020, dados da UE e dos EUA)
Reduzir o risco de deficiências de P quando se caminha para uma alimentação livre de fosfatos inorgânicos
1000 1500 2000

O DESAFIO DA DESMEDICALIZAÇÃO NA PRODUÇÃO LEITEIRA MODERNA

Os antimicrobianos são regularmente utiliza dos na nutrição animal por razões terapêuticas ou ainda como promotores de crescimento em alguns Países. O uso excessivo de medicação está a contribuir para a resistência antimicro biana (RAM) que afeta diretamente a saúde pública. A tendência mundial de regulação do uso de medicação conduz os atores da nutrição animal na busca de soluções e produtos alterna tivos, para uma produção animal mais resiliente e um futuro mais sustentável.

abordagem nutricional completa e soluções alter nativas mais naturais.

Prevenção das doenças respiratórias

Guillaume Olivier

Diretor Marketing & Mercado Ruminantes – NEOVIA, ADM Group

Artigo disponibilizado por ADM Portugal, SA

Um dos principais desafios à redução do uso de antibióticos é a manutenção da saúde dos seus animais e a competitividade da sua exploração de produção. O uso de antibióticos na alimenta ção animal como promotores de crescimento foi completamente abolido na União Europeia desde 2006. Em 2020 na China, foi banida a adição de antibióticos à alimentação animal pelo Ministro de Agricultura Chinês. Em fevereiro de 2021, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abasteci mento (MAPA) do Brasil proibiu três promotores de crescimento (tylosina, tiamulina e lincomicina) para suinicultura. Para enfrentar este problema complexo, é necessária uma aproximação global e completa. Estão identificados quatro problemá ticas principais, para um programa de redução de medicação na produção leiteira.

Problemas técnicos a abordar

Substituição dos promotores de crescimento O incremento dramático das resistências antimi crobianas a nível global tem conduzido à abolição do seu uso como promotores de crescimento em muitos países e a uma procura acrescida de alternativas eficientes e cost-effective . Os pro motores de crescimento de bovinos dividem-se em diversos grupos: antibióticos, ionóforos, hor monas e beta-agonistas. Alguns deles são ainda permitidos em alguns países para melhorar a eficiência alimentar e aumentar a taxa de cres cimento dos animais. O desafio chave é suportar e garantir as performances dos animais com uma

As doenças respiratórias em ruminantes são bastante frequentes e dispendiosas, causadas por múltiplos fatores de forma isolada ou con junta. Afetam o trato respiratório, inferior i.e., pulmões (pneumonia) ou superior (rinite, traqueíte, bronquite). A doença respiratória afeta principal mente ruminantes jovens e animais em fase de adaptação e agrupamento para engorda; ocorre principalmente em situações de stress ambiental e fisiológico. O desafio chave é a implementação de soluções preventivas e uma aproximação global aos fatores de risco da doença, de modo a limitar o uso de antibióticos.

Prevenção de Mastites

A mastite é uma infeção do úbere causada pelo acesso de patógenos através do esfíncter do teto.

A infeção desencadeia uma reação inflamatória associada a um influxo de células brancas san guíneas (leucócitos) para o úbere, aumentando o número de células somáticas no leite. A mastite ainda é sistematicamente tratada com antibióti cos e permanece a principal causa de utilização de antibióticos na bovinicultura de leite. O desa fio chave é abordar a causalidade multifatorial das mastites que requer soluções de maneio na exploração, em conjugação com produtos solução selecionados.

Prevenção do parasitismo

Muitos tipos de parasitas (vermes, coccídeas, etc.) podem afetar os animais e causar diferen tes doenças como Coccidiose, Cryptosporidiose e Babesiose. Os parasitas requerem a utilização de fármacos não antibióticos, mas sim de antiparasi tários, que podem igualmente causar o desenvol vimento de resistências. Afetam particularmente animais jovens pois os animais mais velhos vão desenvolvendo uma resposta imunitária mais forte tornando-se menos suscetíveis. O desafio chave é a adoção de uma aproximação preventiva, que permite a redução do uso de moléculas químicas,

26 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Simplifique!

de “desmedicalização” personalizado

A Wisium está a adotar uma abordagem holística para responder à crescente tendência de redução de medicamentos.

O novo conceito P4L baseia-se em três pilares com um programa dedicado para cada espécie animal. Esta resposta inclui um completo conhecimento nutricional, combinado com uma vasta gama de produtos inovadores e soluções de gestão das explorações.

Seja um parceiro Wisium no objetivo de uma produção animal mais resiliente.

Representação exclusiva ADM Portugal, SA Zona Industrial de Murtede

Telefone : 00351231209900

3060-372 Murtede

Cantanhede

: geral.portugal@wisium.com

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 27
[Programa
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

com o objetivo de reduzir a indução de resistências parasitárias e otimização de performances dos animais.

Uma aproximação global

A desmedicalização assenta numa estratégia multifatorial, na qual soluções com base isolada no “produto” não podem ser eficien tes para obter resultados concretos. São identificados três eixos principais para o desenvolvimento de um programa de redução global de medicação:

Estratégia nutricional

É primordial que primariamente se trabalhe numa nutrição de maior precisão, para suprir com exatidão os requerimentos nutri cionais dos animais. Tal permitirá a otimização da performance e a minimização de perturbações metabólicas. Um profundo e robusto conhecimento dos requerimentos dos ruminantes, dos ingredientes, forragens e análises, e uma elevada especialização em formulação, são fundamentais para esta aproximação. Algumas ferramentas digitais e software de formulação são muito úteis para um maneio nutricional exato. Pode ser realizada uma auditoria às rações (rações, matérias-primas, pastagens, TMR…) para melhor identificação de oportunidades nutricionais.

Maneio da exploração

Um forte pilar para o sucesso de um programa de desmedicalização é o melhoramento do maneio da exploração (higiene, infraestruturas, maneio de manjedouras, análise de dados de produção…). Podem ser implementadas auditorias dedicadas e procedimentos específi cos estandardizados, para obter o melhor retorno do investimento.

Soluções produto

A retirada dos antibióticos pode comprometer a saúde animal e a produtividade devido ao aumento da inflamação intestinal. O trato gastrointestinal é a superfície do organismo mais exposta e con tinuamente sujeita a microrganismos potencialmente patogénicos e toxinas. Investigação recente realça o papel da inflamação nas doenças infeciosas e sugere que a inflamação está envolvida tam bém nas doenças metabólicas (Bradford, 2019). Adicionalmente, a inflamação crónica consome nutrientes e energia em detrimento das performances zootécnicas (incluindo crescimento, reprodução, eficiência alimentar e produção de leite). A modulação da infla mação tem um elevado potencial na gestão efetiva da saúde dos ruminantes, reduzindo o uso de antibióticos e contribuindo para a performance zootécnica.

Várias soluções estão há muito tempo disponíveis no mercado, mas estudos recentes têm demonstrado que ingredientes ati vos de extratos de plantas parecem ser soluções sustentáveis. O Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Wisium desenvolveu o POWERJET ®, uma combinação patenteada de três moléculas ativas provenientes de duas plantas reconhecidas pelas suas capacidades de modulação da inflamação da mucosa intesti nal e do stress oxidativo associado.

Foco nos extratos de plantas

Um ensaio universitário realizado em Beauvais (França) permitiu a avaliação do efeito de POWERJET ® no processo inflamatório. Célu las humanas de colon foram cultivadas e posteriormente estimula das com um modelo de inflamação severa ( cocktail de citoquinas).

Durante o estudo a secreção de Interleucina 8 (IL-8) foi medida de modo a refletir o nível de inflamação (marcador pro-inflamatório).

Como representado na Figura 1, a secreção basal de IL-8 aumenta em resposta ao desafio inflamatório, o que significa que o estí mulo inflamatório resulta (Controlo). A combinação de extratos de plantas (POWERJET ®) reduz significativamente a secreção basal de IL-8, quando comparada com o Controlo, demonstrando a sua capacidade de limitar a sobre ativação do sistema imunitário, após um desafio inflamatório.

P<0.05

0 100 200 300 400 500 600

secreção de IL 8 Control POWERJET®

Before inflammatory challenge After inflammatory challenge Concentração Basal de IL 8 (pg/ml)

Figura 1: Impacto de POWERJET® no processo inflamatório

P<0.05

0 100 200 300 400 500 600

secreção de IL-8 Control POWERJET®

Before inflammatory challenge After inflammatory challenge Concentração Basal de IL 8 (pg/ml)

Um segundo estudo foi conduzido com o objetivo de medir a atividade antioxidante de POWERJET®. O ensaio foi realizado no período peri-parto, que é especificamente reconhecido como stressante para a vaca de leite e caracterizado por um aumento da inflamação intestinal e do stress oxidativo. O ensaio incluiu 25 vacas Holstein que foram divididas em dois grupos. Um grupo Controlo (com alimentação à base de silagem de milho) com 12 animais e um grupo Teste de 13 animais que receberam a combinação de extratos de plantas (incorporado no alimento concentrado três semanas antes do parto e durante a lac tação). Foram recolhidas amostras de sangue a todos os animais de ambos os grupos uma semana pré – e uma semana pós-parto, para medição da enzima Super Óxido Dismutase (SOD), cuja atividade é

SOD (U / g d'Hb)

0.231

Control

SOD (U / g d'Hb)

0.231

Figura 2: Efeito do POWERJET® na atividade da enzima SOD no sangue das vacas.

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241 1
Negative Control POWERJET 240%
241 1
Negative
POWERJET 240%

positivamente proporcional à sua capacidade antioxidante. Como apresentado na Figura 2, observou-se um forte incremento na ati vidade da SOD, o que demonstra que a combinação dos extratos de plantas reforça a capacidade oxidativa dos animais.

As ações de POWERJET ® capacitam os animais para uma melhor resposta aos processos inflamatórios e oxidativos em torno de períodos stressantes e sensíveis.

Enfrentar o desafio da desmedicalização

A desmedicalização é um desafio complexo para a produção ani mal em geral e deve ser enfrentado numa aproximação holística e global. Os consumidores procuram produtos lácteos mais segu ros e adequados, e os produtores devem ser assessorados na implementação desta abordagem. A Wisium está a abordar este desafio através da oferta de um programa de desmedicalização dedicado e adaptado ao cliente: P4L ( Partner for Life – Parceiros para a vida) é um programa destinado a animais e especialmente para a produção leiteira oferecendo numa parceria desti nada a suportar os nossos clientes nesta exigente mudança do mercado.

Para mais informações, contactar: Adérito DUARTE

Diretor Marketing & Mercado Ruminantes ADM Portugal Tel. 231 209 900 | geral.portugal@wisium.com

Sobre a Wisium

Wisium é a marca internacional de premis turas (Premixes) e serviços da ADM, um dos maiores players globais na nutrição animal, há mais de 60 anos. A Wisium oferece a fábricas, integradores e produtores, uma parceria forte e dedicada com o enfoque único de promover a sua qualidade, produti vidade e rentabilidade. Para qualquer espé cie, os técnicos Wisium providenciam solu ções personalizadas combinando produtos e serviços de valor acrescentado. A nossa equipa mundial deseja partilhar o espírito Wisium: temos o objetivo comum de, con juntamente com cada cliente, ir mais além. É esse o espírito Wisium! Dar-lhe o poder de estar um passo à frente. www.wisium.com

Sobre a ADM

Na ADM, libertamos o poder da natureza para proporcionar o acesso à nutrição em

todo o mundo. Com inovações industriais, um portefólio completo de ingredientes e soluções para atender a todos os gostos e, um compromisso com a sustentabilidade, oferecemos aos nossos clientes vantagens para resolver os desafios nutricionais de hoje e de amanhã. Somos líderes mundiais em nutrição humana e animal e a primeira empresa agrícola mundial de produção e de transformação de matérias-primas agrícolas. A nossa amplitude, profundidade, perceções, facilidades e experiência logística fornecem-nos recursos incomparáveis para responder às necessidades alimentares, bebida, saúde e bem-estar, e muito mais. Desde a ideia original até ao desenvolvimento da solução, enriquecemos também a qualidade de vida em todo o mundo.

Saiba mais em www.ADM.com

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15073_anuncio_205x228.pdf 1 30/03/22 11:46

ANÁLISE DE PRODUÇÃO DE RAÇÃO ANIMAL: BIG DATA IS NOT ENOUGH

Se os dados são o novo petróleo, a informação contextual e o conhecimento do processo são o motor e o sistema de navegação para transformar os conhecimentos em ação e criar valor sustentá vel para o cliente

Nos últimos anos, a digitalização passou de uma palavra-chave para aplicações de Internet of things (IOT), com casos de utilização económica em cons tante expansão. O ponto de viragem tem sido os desenvolvimentos nas tecnologias de micro-pro cessamento e de sensores. Os microchips e sen sores têm aumentado em desempenho, diminuído em custo e melhorado em robustez e fiabilidade para aplicações industriais. O desafio de hoje não é recolher dados, mas sim colocá-los num contexto significativo e transformá-los em informação valiosa e resultados viáveis.

Exploração de fontes de dados

As fábricas de rações produzem tanto grandes quan tidades de rações como dados não estruturados. Uma parte importante destes dados depende do processo e pode ser extraída da tecnologia da informação (TI) ou da tecnologia de operações (OT), tais como sistemas de planeamento de recursos empresariais ou unidades de controlo de máquinas e linhas de processo. As fontes de dados secundárias provêm de matérias-primas de deteção, estados do equi pamento e condições ambientais. Semelhante a um ser humano que utiliza os cinco sentidos para adquirir dados, vários tipos de sensores executam esta tarefa numa instalação industrial. Os sensores infravermelho-próximo (NIR) podem detetar parâ metros do produto tais como humidade, gordura ou conteúdo de proteínas em grãos; ou um sensor que utiliza tecnologia de dispersão de laser pode analisar a composição física de um produto, tal como a dis tribuição granulométrica da ração após o processo de moagem. Normas de dados definidas são pré -requisitos para permitir a interoperabilidade entre sistemas IT/OT e sensores e evitar silos de dados, alavancando assim todo o potencial de ligação de dados de sensores, ambiente e processo.

O Contexto importa

Uma vez que os dados são uma informação isolada, mas muitas vezes numérica, é necessário limpá-los e depois colocá-los num contexto relevante para que se tornem significativos e valiosos. Parece trivial, mas na prática, não o é. Por exemplo, uma sequência de leituras de tamanho de partícula não tem significado sem a correlacionar com os dados do processo. O processo de juntar diferentes conjuntos de dados leva não só os dados, mas também a experiência para corresponder ao contexto correto. Uma amostra de

alimento moído com uma leitura de tamanho médio de partícula com uma mediana (D50) de 612 microns significará coisas diferentes em contextos diferen tes. O operador da fábrica pode querer aumentar a dimensão média das partículas para reduzir o con sumo de energia elétrica. Contudo, o proprietário da exploração animal pode querer diminuir o tamanho da partícula para melhorar a conversão das rações em peso animal. Conflitos de interesses são aparentes. Mas mesmo a otimização de um alvo isolado pode ser um desafio. Uma vez que a influência do tamanho das partículas na saúde e desempenho dos animais está sujeita a múltiplos parâmetros, tais como espé cies, genética, ou matérias-primas e composição das rações, não existe um tamanho de partícula universal “ótimo” – é inteiramente dependente do contexto. O conhecimento profundo, e muitas vezes interdiscipli nar, do processo é fundamental para o desenvolvi mento de um modelo robusto, considerando as múl tiplas variáveis. Finalmente, informação relevante e indicadores-chave de desempenho (KPI’s) precisam de ser reunidos num painel de controlo intuitivo do utilizador para auxiliar a tomada de decisões huma nas, ou – num cenário avançado – estabelecer as bases para operações auto-otimizadoras e fábricas autónomas.

Embora os circuitos de processo auto-controlados, tais como a regulação da humidade dos pellets, já sejam tecnologicamente viáveis e suportados por casos de utilização económica, as fábricas operadas de forma totalmente autónoma com base em KPI’s predefinidos estão ainda mais longe. Estes últimos requerem uma grande quantidade de dados qualifi cados e diversificados para imitar a experiência a longo prazo de operadores bem treinados. O maior desafio na indústria atual é desenvolver a lógica do modelo de dados e processos semânticos, descre vendo as dependências das variáveis de entrada, e

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Os algoritmos são apenas tão inteligentes quanto os seus desenvolvedores
Responsável do Segmento de Mercado Feed Milling & Premix da Bühler *
ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

selecionando conjuntos de dados apropriados para treinar e testar o algoritmo. Uma vez que os ingredientes das rações são produtos agrícolas, estão expostos a muitos fatores de influência como o clima ou as condições de transporte e armazenamento, aumentando o desafio. Em contraste, dados de processo e etiquetas de dados derivados de sistemas IT/ OT – carga do motor, temperaturas dos rola mentos, vibrações das máquinas, intervalos de manutenção, etc. – têm menos volatilidade e mais estrutura. Tais dados são hoje utilizados para monitorizar a saúde e o estado de equi pamentos de processo. Métodos estatísticos tais como modelos de regressão, em combina ção com análise de séries temporais, podem fazer previsões precisas sobre o desgaste de componentes de máquinas, tais como rola mentos, permitindo uma manutenção preditiva e levando assim a uma maior disponibilidade das instalações.

Interpretar estes dados e desenvolver algo ritmos para manutenção preditiva requer não só perícia na ciência dos dados, mas tam bém experiência de processo a longo prazo e conhecimentos de aplicação. É uma tarefa multidisciplinar, exigindo peritos de várias disciplinas tais como ciência de dados, tecno logia de processos, operações, manutenção, e mesmo ciência da nutrição. Por exemplo,

o consumo do motor de uma granuladora não é apenas determinada pela receita, mas também relacionada com condições de pro cesso tais como velocidade de alimentação ou parâmetros de condicionamento – que estão inter-relacionados com a formulação, como a forma como as proteínas ou o amido são modificados durante o condicionamento. Dadas estas dependências, a questão é onde definir o valor limite da carga do motor para evitar danos na máquina ou um bloqueio da linha de granulação. O imperativo é evitar o sobre ajuste (paragem da máquina em con dições não críticas) ou o SUB ajuste (nem todos os cenários críticos são refletidos) do modelo para evitar perdas de capacidade de produção. Quanto maior e mais diversificado for o conjunto de dados subjacentes, mais fiá veis se tornam as previsões e os circuitos de controlo auto-reguladores.

Obviamente, a qualidade do conjunto de dados também cresce com o número de conjuntos de dados do mundo real, pelo que o valor adicional pode ser alavancado através da exploração de dados de equipamento de processo de diferentes locais de instalação. As soluções em nuvem são a ferramenta de escolha para agregar os dados e colocá-los num contexto significativo, permitindo aos moleiros de alimentação aferir indicadores de desempenho em múltiplos locais de produção ou mesmo com os pares da indústria. A gestão de fábricas em KPI’s, tais como despesas opera cionais (OPEX), utilização da fábrica, emissões de gases com efeito de estufa, ou qualidade do produto, pode mesmo desencadear modelos de negócio novos ou mais flexíveis. Finalmente, con duzir as margens dos produtores de ração animal num mundo já não alimentado pelo petróleo, mas sim por dados, informação contextual e conheci mento são as chaves do sucesso.

Sobre o autor

* Stefan Hoh é Responsável do Segmento de Mercado Feed Milling & Premix da Bühler. Tem uma profunda experiência na gestão e digitalização global de produtos e trabalha na indústria da alimentação animal há mais de 10 anos. Stefan possui mestrados em Ciência e Economia Alimentar, bem como estudos contínuos em Estratégias de Digitalização.

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COMO MITIGAR O AUMENTO DA VISCOSIDADE E A OXIDAÇÃO ASSOCIADOS AOS CEREAIS RECÉM-COLHIDOS

New Grain Syndrome (Síndrome do cereal recém-colhido)

O trigo e a cevada, embora utili zados há décadas na alimentação de monogástricos, são altamente variáveis em termos de valor nutri cional. Em alguns países, podem contribuir com até 60% do teor total de energia dos alimentos para monogástricos. Ambos os cereais se caracte rizam por um teor relativamente alto de arabinoxi lanos e beta-glucanos solúveis em água. Estes são componentes de polissacarídeos não amiláceos (PNA) com uma capacidade de retenção de água muito ele vada, o que pode levar a uma maior viscosidade do trato digestivo, associada a fezes e camas húmidas. Portanto, a alimentação com altos níveis de trigo e cevada em dietas de monogástricos requer a utiliza ção de xilanases e beta-glucanases para diminuir a viscosidade do trato intestinal. Consequentemente, o valor nutricional de ambos os cereais torna-se mais consistente, reduzindo também o risco de cama húmida e os problemas associados.

Muitas vezes, os cereais recém-colhidos apresentam uma viscosidade mais alta em comparação com os grãos armazenados durante mais tempo. Os altos níveis iniciais de viscosidade nos cereais implicam um menor valor nutricional devido ao seu impacto nega tivo na viscosidade do trato intestinal. Poderíamos então prever o efeito das enzimas NSP, com base nos valores de viscosidade inicial do trigo e da cevada de diferentes origens?

Também se relata na literatura e por parte de agricul tores que alimentar as aves com cereais recém-co lhidos pode ter efeitos prejudiciais no crescimento e na eficiência alimentar. Quando o cereal é colhido, vários processos biológicos continuam, incluindo reações enzimáticas como a atividade da enzima lipoxigenase que promove reações oxidativas.

Ao moer os grãos, a enzima é libertada e fica ativa. Assim, quando se alimentam porcos ou aves com este cereal recém-colhido, isso pode causar pro blemas, resultando numa produtividade significa tivamente menor.

Curiosamente, esse fenómeno parece desaparecer se o mesmo cereal colhido for armazenado por um período de, pelo menos, 1 a 3 meses (Cadogan et al., 2002). Devido a isto, os produtores geralmente arma zenam os cereais antes de os usarem na produção de alimentos compostos para animais. No entanto,

isto nem sempre é viável devido à falta de disponibi lidade ou fundos para o armazenamento. Já em 1968, Connolly e Spillane relataram que os porcos irlande ses enfrentavam doenças e perda de produtividade depois de terem sido alimentados diretamente com cereal colhido durante os verões húmidos, quando as condições de secagem eram más. No entanto, existe uma escassez de informações sobre a origem do pro blema e grande parte das informações existentes são pontuais, na forma de relatos de agricultores afetados. O impacto negativo da “síndrome do cereal recém -colhido” pode ser substancial. Além de comprometer o bem-estar animal, muitas vezes, são necessários cuidados veterinários para os animais afetados ou inclusivamente podem ocorrer perdas associadas a uma maior mortalidade e uma redução da produtivi dade. Os agricultores têm então de comprar rações complementares para apoiar a produção até que o cereal da nova colheita seja seguro para alimentar o gado. Também é provável que a “síndrome do cereal recém-colhido” tenha um impacto negativo na pegada ambiental da produção, pois os agricultores podem necessitar de comprar rações ou cereais importados que, geralmente, são menos sustentáveis.

A aplicação de antioxidantes nos alimentos pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o risco de efeitos prejudiciais da alimentação com cereais recém-colhi dos e os relatos pontuais sugerem que isto é eficaz. Assim, realizou-se um estudo que investigou a diferença no estado oxidativo e na viscosidade de cereais recém-colhidos, em comparação com cereais da colheita do ano anterior, e avaliou a capacidade do KEMZYME® PLUS dry, um complexo multienzi mático, e do Paradigmox® White Dry, uma combina ção sinérgica de butilhidroxitolueno, propilgalato e ácido cítrico (Kemin Europa N.V.), para controlar res petivamente a viscosidade e a oxidação em cereais recém-colhidos e cereais da colheita anterior.

Material e métodos

Ensaio de redução de viscosidade

Um total de 20 amostras de cevada e 19 amostras de trigo, de diferentes origens europeias, foram ana lisadas no Customer Laboratory Service da Kemin na Bélgica. As amostras misturadas com 0 g/t (controlo), 500 g/t ou 5000 g/t KEMZYME® Plus Dry foram incu badas durante 1 hora a 40 °C com agitação contínua. Os extratos foram centrifugados e mediu-se a viscosi dade dos sobrenadantes (Método LB-IV-20/119-E)*. A viscosidade foi expressa em centipoises (cP).

32 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

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resultados deste estudo, sabe-se que a

aumentar os valores de peróxidos (Ishibashi et al., 2017). A oxidação dos cereais observada neste estudo é significativa e é muito provável que tenha implicações no desempenho da produção quando se utilize para alimentar o gado (dados internos da Kemin).

entanto, mesmo na dose muito baixa de 100 ppm, a utilização de Paradigmox

White conseguiu demonstrar reduções significa tivas no índice de peróxidos. Demonstrou-se que a utilização de antioxidantes fornece um retorno substancial do investimento, mitigando as perdas de rendimento e prevenindo a degradação do valor nutricional (dados internos da Kemin) e, portanto, deve equacionar-se para manter um desempenho e uma rentabilidade da produção ótimos.

Conclusões

Os resultados deste estudo indicam que o potencial do KEMZYME® Plus dry para reduzir a viscosidade em trigo e cevada é maior no caso de cereais recém-colhidos, que é quando é mais necessário. A redução da viscosidade pode contribuir para: (1) um menor crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado e subsequente desconjugação dos sais biliares, o que evita a redução da eficácia da emulsificação de lipídicos; (2) aumentar o contacto entre o alimento e as enzimas digestivas, melhorando assim a digestibilidade dos nutrientes (principalmente amido, proteínas e lípidos); (3) na prevenção do aparecimento de fezes húmidas e pastosas e, conse quentemente, problemas de saúde e desvalorização das carcaças; e, em última análise, (4) melhores parâmetros de desempenho de produção, como a eficiência alimentar e a velocidade de crescimento. Além disso, é provável que os efeitos prejudiciais observados quando se alimenta as aves de capoeira com cereais recém-colhidos estejam relacionados com as reações de oxidação. O Paradigmox® White dry é uma solução nutricional eficaz para reduzir o nível de oxidação que ocorre nos cereais recém-co lhidos. Como tal, a utilização rotineira de um antioxidante na ração é uma estratégia de gestão de risco recomendada, em particular quando se inclui trigo e cevada recém-colhidos, com o fim de prevenir a “síndrome do cereal recém-colhido” e salvaguardar a rentabilidade da produção.

Autores: Ellen Nobels1 , Dr. Alexandra Desbruslais2, Dr. Alexandra Wealleans3, Karen Bierinckx4, David González Sánchez5 (1 –

Research Associate , 2 – Product Manager Monogastric Nutrition, 3 – Innovation Project Leader, 4 – CLS Manager, 5 – Sr. Technical Service Manager)

CLS
0 5 10 15 20 0 1 2 3 4 5 valor de peróxidos (meq/kg) Tempo (semanas) Control 100 ppm Paradigmox White 0 5 10 15 20 0 1 2 3 4 5 valor de peróxidos (meq/kg) Tempo (semanas) Control 100 ppm Paradigmox White Figura 5. Valores comparativos de peróxidos de cevada de inverno de nova colheita com ou sem 100 ppm Paradigmox® White dry mada com os
lipoxigenase pode
No
®

O FOCO NA ALIMENTAÇÃO PARA REDUZIR O IMPACTO DA PROIBIÇÃO DO USO FARMACÊUTICO DO ÓXIDO DE ZINCO

Introdução

Os leitões sofrem de stress considerável quando são desmamados da progenitora e fazem a tran sição para uma dieta sólida, ficando suscetíveis a distúrbios gastrointestinais. Principalmente durante as duas primeiras semanas após o des mame, é provável que sofram de diarreia pós -desmame (DPD). Atualmente, a DPD é uma das questões mais relevantes em termos económicos na produção de suínos, devido ao custo dos tra tamentos, à diminuição das taxas de crescimento e ao aumento da mortalidade de até 20 a 30%. O principal agente causal é a Escherichia coli enterotoxigénica (ETEC), o que justifica o outro nome dado à DPD: colibacilose pós-desmame. Durante muitos anos, o óxido de zinco (ZnO) foi amplamente utilizado em doses terapêuticas, para controlar infeções pela variante K88 da E. , normalmente presente na colibacilose. O ZnO é barato e está disponível em muitos países da União Europeia (UE).

Como resultado, a utilização de níveis elevados de ZnO (2000 ppm ou mais) em rações para lei tões tornou-se mais habitual, e era considerada prática habitual na suinicultura. Demonstrou ser uma ferramenta eficaz e relativamente pouco dispendiosa para a prevenção e controlo da DPD, com melhorias subsequentes na ingestão de ali mentos, digestão e desempenho de crescimento dos leitões. Embora o modo de atuação preciso do ZnO contra a DPD em leitões desmamados não seja ainda totalmente entendido, pensa-se que esteja relacionado com uma melhoria signi ficativa tanto da morfologia intestinal (ou seja, melhor estrutura e função) como da digestão e absorção de nutrientes. As estratégias para melhorar a disponibilidade de zinco (Zn) nas die tas, tais como a utilização de uma dose mais ele vada de fitase (sobredosagem) ou melhorias no desenvolvimento do microbioma fibrolítico com o objetivo de fermentar fibras, começam a ser realmente importantes e podem ajudar a satis

fazer as necessidades de Zn dos suínos quando a utilização farmacológica do Zn é interdita.

Interdição na UE de óxido de zinco de uso farmacológico

Em junho de 2022, entrou em vigor na UE uma interdição ao ZnO, proibindo a utilização de doses terapêuticas de ZnO em rações para animais para controlar a DPD em leitões. Embora o ZnO ainda possa ser utilizado como aditivo alimentar após esta data, só será permitido até à taxa de dose máxima autorizada de 150 ppm de zinco dietético total. As preocupações ambientais significativas devido à poluição por zinco são o motivo princi pal para a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter concluído, em 2017, que os benefícios de prevenir a diarreia nos suínos não superavam os riscos do ZnO. Na sua decisão, o Comité dos Medicamentos para Uso Veterinário da EMA também realça o risco de que a utilização de ZnO possa promover o desenvolvimento de resis tência aos antimicrobianos. Doses elevadas de suplementação com Zn demonstraram aumentar a proporção de  E. coli  e  Salmonella , multirresis tentes, dois dos patogéneos mais importantes na produção de porcos e também relevantes para a saúde humana.

Até junho de 2022, todos os estados-membros da UE tiveram de retirar as autorizações de intro dução no mercado dos medicamentos para uso veterinário que contenham ZnO. Quando isto foi anunciado, há cinco anos, a procura de alternativas intensificou-se, sendo propostas várias aborda gens em toda a indústria. Não é provável que um só produto possa substituir o ZnO farmacêutico, mas há várias opções em aberto para melhorar a resiliência de leitões e reduzir o impacto da DPD.

Novas alternativas

A procura de alternativas ao ZnO leva-nos ao início: o desafio no trato gastrointestinal dos leitões. A diarreia pós-desmame é uma conse

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Diego Parra Gerente Técnico, EMEA Gerente Técnico, Suínos, Global

quência da disbiose intestinal, a qual, por sua vez, é induzida pelas alterações alimentares, sociais e ambientais durante o des mame. O controlo da DPD sem a utilização de ZnO e sem utilizar regularmente antimicrobianos tem de ser alcançado através de uma combinação de fatores de gestão e nutricionais, como, por exemplo, garantir a ingestão suficiente de colostro, proceder a alterações de ração graduais e manter uma higiene meticulosa da maternidade. É fundamental que a dieta de desmame promova de forma ideal a saúde intestinal. Soluções inteligentes de aditi vos na ração (bem como ingredientes alimentares de qualidade e uma conceção adequada das rações) podem diminuir o nível do pH intestinal, reforçar a integridade da parede intestinal, minimizar o crescimento microbiano patogénico e promover um microbioma saudável.

Fitato e fibra como antinutriente relacionado com a redução de absorção de zinco

O fitato, a forma de armazenamento do fósforo em ingredien tes de origem vegetal, pode ligar-se a minerais, incluindo ao Zn. Está bem descrito na literatura publicada que o fitato tem o potencial de se ligar ao Zn, reduzindo a absorção de Zn no intestino delgado do animal. Foi demonstrado que, em leitões a receber níveis farmacêuticos de ZnO, as concentrações séri cas de Zn aumentam, melhorando potencialmente o estado dos animais quanto ao Zn. A sobredosagem com fitase é agora uma aplicação habitual em rações iniciais para leitões. A sobredo sagem com fitase é o conceito que implica suplementar com uma dose de fitase 3 a 5 vezes superior à dose padrão, para uma destruição quase completa do inositol 6-fosfato (IP6) e isómeros IPx mais baixos (IP5–IP2), uma vez que até pequenas quantidades de fitato ou isómeros demonstraram fortes efei tos antinutricionais na biodisponibilidade de proteínas e iões de metais bivalentes. Quando comparada com uma dieta sem fitase, a sobredosagem de fitase em doses de 2500 FTU/kg em suínos no pós-desmame teve como resultado um aumento no Zn sérico (Walk et al., 2013). Isto indica uma melhoria na utili zação do Zn pelo animal com sobredosagem de fitase e pode, em parte, explicar o benefício no desempenho de crescimento.

A diarreia pós-desmame foi reduzida em 10% nos suínos ali mentados com fitase em níveis de superdose, quando foram acrescentados 1750 ppm de Zn, ou em 20%, quando foi admi nistrado um suplemento com uma dose superior (3500 ppm) de Zn. O nível menor de diarreia também pode ser consequência da melhor utilização de nutrientes da dieta com a sobredosagem de fitase, melhorando particularmente a digestão de proteínas, resultado da redução do fitato, com menos proteína não dige rida a entrar no trato intestinal inferior, limitando o fluxo de nutrientes para o trato intestinal posterior para ser utilizado como substrato para fermentação microbiana.

Figura 1. Pontuação

de leitões (21 a 31 dias) alimentados com uma dieta com diferentes níveis

Geralmente, a fibra não é claramente definida e, na prática, não há nenhuma recomendação quanto aos níveis de fibra mínimos ou máximos nas dietas dos leitões. A fibra bruta (FB) subestima os níveis de fibra na dieta em 70 a 80%. A fibra neutro detergente (FND) é uma medição-padrão em suinicultura mas, sendo um método empírico, não identifica claramente as frações de fibra medidas. Atualmente, através dos métodos químicos mais avançados, a fibra alimentar total (FAT) pode ser determinada, o que inclui os polissacarídeos não amiláceos insolúveis (PNAi) e polissacarídeos não amiláceos solúveis (PNAs) mais a lignina, proporcionando uma compreensão mais completa dos componentes das fibras. No entanto, estas medições não estão amplamente disponíveis e podem ser bastante caras. Felizmente, a utilização da espectros copia de infravermelho próximo (NIR) facilita o acesso a estas medições, através de meios rápidos e economicamente acessíveis. Com este conhecimento, pretendemos caracterizar melhor o perfil de fibras e relacioná-lo com a sua função no intestino ou com o modo como pode ser utilizado pelo animal. Portanto, um melhor conhecimento da composição da fibras poderia permitir a utiliza ção de estratégias nutricionais para estimular a fermentação da fibra pela microbiota intestinal, influenciando assim positivamente o metabolismo, e desenvolvendo o microbioma para bactérias mais adaptadas e com mais capacidade para fermentar fibras.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 37
fecal
adicionados de ZnO e fitase (Quantum Blue, AB Vista) a bc abc cd ab bcd d bcd 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1 8 0 1250 2500 3750 P on t u a çõe s f ec a i s Phytase (FTU/kg) 1750 ppm Zn 3500 ppm Zn 7 0 10 0 13 6 15 5 9 6 0 9 1 9 3 2 3 7 2 0 6 1 8 1 10 4 11 8 7 6 0 0 2 0 4 0 6 0 8 0 10 0 12 0 14 0 16 0 18 0 Corn Wheat Barley Soyben Meal Starter feed Perfil de PNA Total NSP Soluble NSP Insoluble NSP Pontuação fecal. De 1 (dura) a 3 (mole) a bc abc cd ab bcd d bcd 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1 8 0 1250 2500 3750 P on t u a çõe s f ec a s Phytase (FTU/kg) 1750 ppm Zn 3500 ppm Zn 7 0 10 0 13 6 15 5 9 6 0 9 1 9 3 2 3 7 2 0 6 1 8 1 10 4 11 8 7 6 0 0 2 0 4 0 6 0 8 0 10 0 12 0 14 0 16 0 18 0 Corn Wheat Barley Soyben Meal Starter feed Perfil de PNA Total NSP Soluble NSP Insoluble NSP Resultados médios de previsão de espectros de NIR submetidos ao AB Vista Feed Quality Figura 2. Perfil de PNA em matérias-primas e ração inicial para suínos (%). Concentrámo-nos nas oportunidades para utilizar de forma positiva frações de fibra para estimular o desenvolvimento do microbioma, tanto pelo aumento do nosso conhecimento sobre

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

as frações de fibra nas matérias-primas como pelo desenvolvi mento de aditivos orientados especificamente às fibras e que estimulam o microbioma. Estes tipos de aditivos podem modi ficar as características físico-químicas das frações de fibra dos ingredientes da ração, afetando assim a sua degradabilidade. Desta forma, a fermentabilidade dos PNA e, por conseguinte, a sua potencial utilização energética, poderiam ser melhoradas. Uma das soluções propostas pela AB Vista inclui o desenvolvi mento de um microbioma intestinal fibrolítico positivo através de uma melhoria na fermentação de fibras, aumentando a nossa com preensão sobre que estruturas das fibras podem ser fermentadas e como acelerar o processo. Esta poderia ser uma das soluções para amortecer os efeitos da proibição do ZnO, dentro de uma abordagem holística como a explicada. Embora a fibra alimentar em geral aumente o fluxo de hidratos de carbono para o intes tino grosso, estimulando assim a atividade de toda a população microbiana e baixando o pH, só há alguns polissacarídeos de fibras alimentares com a capacidade específica de estimular os grupos microbianos benéficos.

Com base neste conhecimento, foi desenvolvido um novo con ceito, denominado estimbiótico, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de um microbioma capaz de decompor fibras, permitindo a fermentação de certas fontes de fibra que, caso contrário, permaneceriam não digeridas, e melhorando o grau de digestibilidade de fibras mais cedo no ciclo de vida monogástrico. Foi observado que há uma ligação entre a produção de certos produtos de decomposição das fibras, o microbioma intestinal e um melhor desempenho do animal. Sabe-se que determinados xilo-oligossacarídeos agem como ‘sinais’ para as bactérias intes tinais desenvolverem uma capacidade de degradação de fibras mais eficaz com o tempo.

Estudos demonstraram que alguns fatores conseguem acelerar o estabelecimento de um microbioma capaz de decompor fibras mais rapidamente, permitindo alcançar mais cedo os efeitos benéficos da fermentação de fibras. De facto, suplementar com um produto estimbiótico irá acelerar e aumentar a capacidade de fermentação do microbioma intestinal e poderá reduzir a prevalência de diarreia.

Num estudo de investigação, animais foram submetidos a más condições sanitárias (instalações não limpas), para simular os pro blemas que podem ocorrer numa exploração comercial e para ver de que forma um estimbiótico (Signis, AB Vista) pode funcionar em condições de exploração desafiantes, em comparação com um grupo de controlo (sem o produto).

Os leitões

animal comprometido e atividade de fermentação no intestino grosso, associados a uma maior incidência de diarreia.

suplementação com o estimbiótico reduziu o impacto das más

condições sanitárias igualando o desempenho dos leitões em boas condições sanitárias.

Além disso, em boas condições sanitárias, o produto estimbiótico foi capaz de melhorar o desempenho bem como reduzir a frequên cia de diarreia e aumentar a proporção VFA:BCFA, sugerindo um aumento da fermentação de hidratos de carbono e uma diminuição da fermentação de proteínas. Resumindo, estratégias como a de acrescentar níveis elevados de fitase, denominada sobredosagem, e/ou a de utilizar produto estimbiótico para melhorar o microbioma fibrolítico de forma a melhorar a fermentação das fibras a partir de idades precoces, podem ser utilizadas dentro de uma abordagem holística, apresen tando soluções para a indústria alinhadas com a nova legislação de diminuição de ZnO em posologias terapêuticas.

Para mais informações, visite www.abvista.com ou entre em con tacto com emea@abvista.com

diarreia e proporção

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submetidos a más condições sanitárias apresentaram desempenho
A
21 9 23 0 20 1 22 1 18 0 19 0 20 0 21 0 22 0 23 0 24 0 Control Stimbiotic Control Stimbiotic Good Sanitary conditions Poor Sanitary conditions k g Peso corporal (Kg) ab c ab 11 1 17 9 9 5 18.5 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Contro l Stimbio tic Contro l Stimbio tic Go od San itary c ond itions Poo r Sanitary con ditio ns VFA:BCFA b b aa 20 8 16 7 37 5 29.2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Control Stimbiotic Control Stimbiotic Good S anitary conditions Poor Sanitary conditions % Frequência de diarreia a Figura 3. Peso corporal médio (Kg), frequência de
VFA:B CFA em leitões em boas e más condições sanitárias suplementados com um produto estimbiótico (Signis, AB Vista) versus grupo controlo.
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SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

XI JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Com um Auditório praticamente esgotado, realizaram-se no dia 22 setembro 2022, na EZN, as XI Jornadas de Ali mentação Animal, dedicadas ao tema Green Feed e Inovação – Como podemos medir a pegada ambiental na área da alimentação animal. Não obstante as Jornadas irem ser objeto de publicação de artigos sobre as apresentações rea lizadas, na próxima edição da “AA”, gostaríamos de deixar aqui os motivos para a escolha do tema.

O Porquê das Jornadas:

Sendo certo que o quadro legislativo sobre o Green Feed está previsto apenas para 2024, entendemos que é oportuno preparar e sensibilizar os desafios futuros (e também presentes) que o Pacto Ecológico Europeu levanta, nomeada mente os objetivos fixados para a área ambiental com a redução de 55% dos GEE para 2030 e de 30% para o metano. Não obstante os enormes desafios que a conjuntura internacional atualmente nos coloca, com a guerra na Ucrânia e as tensões políticas e económicas entre as grandes potências mundiais, constitui compromisso na nossa Indústria olharmos para o futuro e sermos parte da transformação com a responsabilidade ambiental que pretendemos assumir.

Assim são 3 as razões que nos levaram a assumir o programa destas Jornadas: Compromisso – a questão do Green Feed, a Sustentabilidade e a Inovação fazem parte do Plano de Ação que a SPMA tinha definido para o presente mandato. Quisemos assim dar corpo ao nosso programa.

Consistência – o objetivo é mantermos a nossa visão de futuro e darmos sequência ao que está estabelecido na Carta de Sustentabilidade da FEFAC, da qual a IACA é também subscritora, no seu Objetivo número um ao afirmar o nosso contributo para o equilíbrio climático neutral da produção de proteína animal através da sua alimentação.

Liderança – a Indústria da Alimentação Animal tem sido um player pioneiro na Economia Circular ao reaproveitar e valorizar energeticamente e em termos nutritivos para os animais mais de 60 milhões de toneladas na Europa de subprodutos ou coprodutos que, de outra forma, teriam que ser destruídos, com os custos energéticos e ambientais que tal significaria. Da mesma forma, a Indústria de Alimentação Animal assume o seu papel fundamental para poder contribuir positivamente para responder às necessidades crescentes da Sustentabilidade Alimentar face às previsões do aumento de cerca de 60% o consumo da proteína de origem animal para 2050. Da mesma forma, a Indústria de Alimentação Animal pretende dar as respostas necessárias, através de ferramentas de monitorização e rastreio, para assumir um papel de liderança e exemplo na Sustentabilidade Ambiental, aplicando a inovação disponível e futura investigação para contribuir com os objetivos ambientais propostos.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

RESUMO DO 123º COMITÉ DE NUTRIÇÃO ANIMAL

No passado dia 10 de março foi realizado, em for mato híbrido, o 123º Comité de Nutrição Animal, sob a presidência de Peter Radewahn. No início da reunião, foi referida a candidatura de Uwe Bornhold apoiada pela DVT, para o cargo de Presidente do Comité, na sequência da anunciada reforma de Peter Radewahn no final de 2022, sendo que as eleições terão lugar na próxima reunião do Comité marcada para 5 de outubro, em regime híbrido.

Um dos temas ao qual foi dado seguimento foi o relativo à aplicação de limites máximos auto rizados em aditivos nutricionais, para o alimento composto no seu todo, mesmo quando estes aditivos não eram nele incorporados. Devido à controvérsia gerada por esta proposta – não só por ir contra o objetivo da economia circular, como por impossibilitar a utilização de novas matérias -primas concentradas em determinados nutrientes – , o SCoPAFF acabou por definir esta restrição apenas ao iodo, o que não deixa de poder abrir um precedente perigoso se aplicada a todas as substâncias autorizadas como aditivos e presen tes naturalmente nas matérias-primas. Foi abordado um outro assunto do momento, o dos níveis máximos de contaminação cruzada de substâncias ativas antimicrobianas em alimentos para animais não visados. De facto, os valores definidos para as seis das 24 substâncias que a EFSA conseguiu concluir inviabilizam a produção de alimentos compostos, uma vez que os mesmos se encontram apenas num intervalo entre ppb. Desta forma, incentivou-se a coordenação com outros parceiros da cadeia para procurar estabelecer limites máximos viáveis nas atuais condições de fabrico. A propósito deste assunto, os peritos solicitaram à FEFAC a reativação da Task Force de Alimentos Medicamentosos por forma a analisar o projeto de Regulamento Dele gado da CE – o qual deverá estar disponível no segundo trimestre de 2022 – , e para se analisar questões sujeitas a diferentes interpretações do Regulamento, nomeadamente:

• Haverá incompatibilidade de funções pelo facto de um veterinário responsável pela pres crição de alimentos medicamentosos ser con comitantemente responsável pelo fabrico desses alimentos medicamentosos?

• Alínea d), ponto 2, artigo 5º do Regulamento 2019/4 referente ao fabrico, colocação no mercado e utilização de alimentos medica mentosos – O operador de uma empresa do setor dos alimentos para animais que fabrica os alimentos medicamentosos para animais ou produtos intermédios deve assegurar que os medicamentos veterinários incorporados nos alimentos para animais se combinem com eles e formem uma mistura que se mantenha está vel até à data de durabilidade dos alimentos medicamentosos para animais e respeite o prazo de validade dos medicamentos veteri nários, como indicado no artigo 10º, nº f), do Regulamento (UE) 2019/6, na condição

de que os alimentos medicamentosos para animais ou produtos intermédios sejam ade quadamente armazenados e manuseados. Tal significa que, por exemplo, um medicamento veterinário cujo prazo de validade expira a 01/05/2022, não poderá ser incorporado no alimento medicamentoso após essa data, mas o próprio alimento medicamentoso pode ser utilizado após essa data? Ou tal significa que o alimento medicamentoso deverá ter como prazo de validade 01/05/2022 não podendo ser utilizado posteriormente?

Quanto ao tema das substâncias indesejáveis, nomeadamente as micotoxinas, foi salientado que a CE considera estabelecer limites máximos em alimentos compostos para animais, mas também medidas de acompanhamento para reequilibrar a responsabilidade ao longo de toda a cadeia, i.e., estabelecer dois limites máximos diferentes dependendo se os alimentos compostos contêm,

ou não, redutores de micotoxinas, assim como estabelecer valores de orientação para estas substâncias indesejáveis em matérias-primas. A CE pretende publicar, brevemente, um documento que servirá de base para futuras discussões com os EM, por forma a finalizar o procedimento até ao final do presente ano.

Por fim, foi também abordado o tema da rotulagem verde (green labelling) cuja Task Force ocorreu a 23 de fevereiro, tendo sido aprovado a realização de um workshop com peritos técnicos para debruçar sobre certas questões pendentes, nomeadamente, as expectativas dos produtores relativamente aos termos de rotulagem, a conversão dos resul tados PEFCR em pormenores de rotulagem, os requisitos em termos de qualidade e validação dos dados e como minimizar custos, entre outras questões. De facto, é reconhecida a importância de uma abordagem na UE com uma aplicação de regras harmonizadas e consistentes de partilha de informação ao longo de toda a cadeia.

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SETEMBRO REABRE NOVA TEMPORADA DE EVENTOS CIENTÍFICOS COM O FEEDINOV CoLAB

Participação FeedInov no EAAP2022, um dos mais importantes eventos de divulga ção de ciência animal, cuja 73ª edição teve lugar no Porto; no 31º Congresso Mundial de Buiatria, que decorreu em Madrid entre 4 e 8 de setembro; e no Workshop Anual do Programa Doutoral em Ciência Animal 2022 do ICBAS-UP.

FeedInov em destaque na maior reunião mundial de ciência animal Portugal acolheu, de 5 a 9 de setembro de 2022, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, o 73º Congresso da Federação Europeia de Ciência Animal (EAAP2022) Evento organizado pela Associação Portu guesa de Engenharia Zootécnica (APEZ), e que teve o apoio do FeedInov, como um dos patro cinadores, bem como do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, IP) e do Ministério da Agricultura. Importante iniciativa para a proximidade do FeedInov à indústria da alimentação animal e da pecuária, concretizada através da partilha e transferência de conhecimento e experiência, de soluções inovadoras e multidisciplinares, num contexto de reflexão acerca dos desafios atuais e futuros do setor. Sinergias de mais -valia para o FeedInov e seus associados, cuja prioridade se mantém alta para responder aos objetivos, prioridades e metas traçadas no seu plano estratégico.

Organizadora e Comissão Científica, deste fórum tão importante para a discussão e troca de informações sobre a Ciência Ani mal, e um dos mais influentes do mundo. De salientar que esta 73ª edição se desta cou pelo grande número de congressistas – cerca de 1400 participantes e mais de 60 nacionalidades representadas – e foi considerada a segunda maior em termos de submissão de apresentações e posters científicos, tendo sido apenas superada pela 72ª edição.

variabilidade das emissões gasosas, suge rindo que as estratégias de mitigação devem ser adaptadas aos sistemas de produção, ao nível da exploração. Ana Raquel Rodrigues, atualmente a finali zar o doutoramento no Programa Doutoral em Ciência Animal SANFEED, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da UP, desenvolveu nos últimos anos trabalho de investigação na valorização de subprodutos industriais como estratégia para alimenta ção animal, e na caracterização e mitigação de emissões de gases com efeito de estufa em ruminantes.

Ana Sofia Santos, Head of Research and Innovation do FeedInov, presidiu à Cerimó nia de Abertura e Entrega de Prémios, na qualidade de Presidente da Comissão

O FeedInov, presente no evento também com um stand informativo, contribuiu para a discussão e troca de informações sobre a Ciência Animal no EAAP2022, com 3 apre sentações orais e 3 posters científicos. No primeiro dia, destaque para a apresentação do trabalho “Greenhouse gases and ammonia emissions: a holistic approach towards dairy production sustainability”, pela investigadora Ana Raquel Rodrigues, realizado no âmbito do seu Doutoramento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (UP).

O setor da produção de leite enfrenta novos paradigmas e desafios para redu zir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e amoníaco (NH3) em direção às metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. O trabalho de PhD apresentado por Ana Raquel Rodrigues analisa a sustentabili dade do setor da indústria leiteira por tuguesa, numa abordagem holística. Uma investigação que nos confronta com a

O 2º dia do EAAP2022, foi marcado pela Ses são Plenária e Sessões das 11 Comissões da EAAP, seguido do evento social “Noite Portu guesa”. No arranque deste dia, Nuno Canada, Presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veteriná ria (INIAV), associado do FeedInov, destacou os principais desafios da produção animal, agenda de iniciativas de inovação no setor, estratégias de network, e o papel do FeedI nov CoLAB nas estratégias inovadoras para a alimentação animal e produção sustentável. Regressamos também neste 2º dia à apresen tação, partilha e discussão das temáticas em destaque no 73º Congresso da Associação Europeia de Ciência Animal, nomeadamente com a exibição do poster científico intitulado “Assessment of active substances’ cross-con tamination in non-target feed in Portugal”, por Ana Cristina Monteiro, Science Manager do FeedInov. Um poster que é fruto da ava liação de contaminações cruzadas de medi camentos de uso veterinário em alimentos

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Sessão Inaugural EAAP2022, Ana Sofia Santos, Head of Research and Innovation FeedInov Stand FeedInov Ana Raquel Rodrigues, Investigadora FeedInov

para animais não destinatários dos mesmos (não visados). Os dados obtidos no estudo permitem contribuir para o estabelecimento de níveis aceitáveis ou máximos específicos, bem como avaliar medidas de mitigação de possíveis contaminações cruzadas em alimen tos para animais não visados.

No regresso às apresentações científicas e um poster, integrados no programa do dia 7 de setembro, a investigadora Ana Raquel Rodri gues apresentou os seus resultados da inves tigação intitulada “Greenhouse Gases and ammonia emissions from naturally ventilated dairy buildings of NW Portugal”. Realizado, também, no âmbito do seu doutoramento no programa doutoral em ciência animal SAN

FEED, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (UP), o trabalho executado em contexto industrial efetuou-se em parceria com a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e a AGROS. Per mitiu, assim, monitorizar durante dois anos, com medições em todas as estações do ano, a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e amoníaco (NH3) em 3 vacarias comerciais de vacas de leite, no NW de Portugal. Também Myriam Taghouti, do FeedInov (inves tigadora na área de Integrated Production Systems), trouxe à discussão a apresenta ção científica intitulada “Biorefineries and livestock: an uncommon match made in heaven”. No âmbito das parcerias do FeedI nov, surgiu a necessidade de perceber mais sobre as biorrefinarias como oportunidade de valorização de diversos co-produtos da atividade agropecuária. Tendo presente que a produção animal fornece proteína de alta qualidade para consumo humano e, simulta

neamente, gera resíduos que podem ser utili zados como matéria-prima para os processos de biorrefinaria e produção de energia verde, a pecuária apresenta-se como um elo crucial para estabelecer um modelo de bioeconomia circular sustentável.

Por sua vez, o investigador Jorge Matos apresentou o seu Poster Científico dedi cado ao tema: “Antibiotic resistant bacteria in organic poultry meat: is this possible?”. A Resistência Antimicrobiana (RA) é hoje uma das principais preocupações da OMS. O fenómeno da RA é agravado pelo abuso de drogas antimicrobianas tanto na saúde humana quanto na veterinária. Nesse con texto, o objetivo do presente estudo foi investigar a presença de genes de resistên

Ana Cristina Monteiro, Science Manager FeedInov Myriam Taghouti, Investigadora FeedInov Jorge Matos, Investigador FeedInov

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INOVAÇÃO

cia em diferentes espécies bacterianas em carne de frango orgânica, uma vez que ainda existe escassez destes dados. A pecuária biológica alega o uso de melhores práticas de biossegurança, menos medicamentos e as melhores práticas de bem-estar animal, no entanto, mesmo a carne de aves de produção biológica pode conter bactérias resistentes a uma infinidade de antibió ticos. O estudo, a partir de recolhas num supermercado de vários lotes de frangos inteiros congelados, encontrou 28% das bactérias isoladas com resistência a pelo menos uma classe de antibióticos.

Ana Cristina Monteiro voltou a apresentar ao congresso, no dia 8 de setembro, um novo póster científico intitulado “Valorisation of effluents from pig Production”. Considerando o impacto ambiental da produção animal, polí ticas recentes visam melhorar os sistemas alimentares e diminuir o uso de antibióticos e fertilizantes sintéticos. Entre os desafios que se colocam nessa redução do impacto ambiental, os efluentes da suinicultura são uma parte importante do “problema”, sobre o qual importa avaliar.

Tendo em conta a importância económica, alimentar e ambiental do setor agrope cuário e os desafios que este enfrenta, o projeto desenvolvido no âmbito do grupo operacional "Go Efluentes" coordenado pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), pretende criar opor tunidades de implementação de soluções concretas para reduzir efeitos ambientais, promover a economia circular e valorizar os efluentes na produção de suínos. No sentido de procurar novas alternativas de gestão de efluentes, os objetivos deste pro jeto visaram a otimização do uso de efluentes como matérias-primas secundárias; a contri buição para a intensificação sustentável da pecuária e planeamento da paisagem, para enfrentar as mudanças climáticas e a escassez de recursos; e o estabelecimento de um guia de gestão de efluentes – com inclusão de um portfólio de tecnologia – tendo em conta as várias restrições agrícolas e regionais.

O último dia do 73º Congresso da Associa ção Europeia de Ciência Animal foi dedi cado às visitas técnicas. Para o FeedInov, a participação ativa no programa cientí fico do EAAP2022 foi um marco impor tante, assim como o partilhar e adquirir novos conhecimentos, estabelecer novos contactos.

integrou, ainda, a mesa-redonda na sessão de “Imunologia e Vacinação”, juntamente com os oradores principais.

FeedInov presente no Workshop Anual do Programa Doutoral em Ciência Animal 2022 do ICBAS-UP Investigadora FeedInov, Ana Rita Pedro, participa no 31º Con gresso Mundial de Buiatria e vence bolsa “WAB Scholarship”

No âmbito do 31º Congresso Mundial de Buiatria (WBC), que decorreu em Madrid entre 4 e 8 de setembro, Ana Rita Pedro apresentou o trabalho intitulado “ Assess ment of in vivo immune and health status parameters in Holstein-Friesian calves fed milk replacer supplemented with microal gae displaying in vitro macrophage-stimu latory activity” , no âmbito do seu Douto ramento em Ciência Animal (Programa de Doutoramento FCT, em ambiente empre sarial, SANFEED), do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, da Universi dade do Porto. Os trabalhos realizados no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S-UP) e no LAQV/REQUIMTE, com os parceiros industriais Cooperativa Agrícola de Vila de Conde e ADM Portu gal (WISIUM), visaram avaliar o efeito da suplementação alimentar na saúde e na resposta imunológica de vitelos. A recria de bovinos representa, ainda, um desafio do ponto de vista de saúde animal, sendo marcada por elevada incidência de patolo gias infeciosas, nomeadamente intestinais e respiratórias. Ana Rita Pedro, Médica Vete rinária e investigadora do departamento de Health and Biotechnology, do FeedInov CoLAB, tem vindo a estudar de que forma a suplementação alimentar pode estimular o sistema imunológico em bovinos e assim diminuir a incidência de patologia infeciosa na fase de recria.

No âmbito da apresentação deste trabalho ao congresso, Ana Rita Pedro foi premiada com a bolsa “WAB Scholarship”. A investigadora

A programação, que ocorreu presencialmente e virtualmente (ZOOM), incluiu duas sessões plenárias com peritos de renome (David Yane z-Ruiz e Margareth Øverland), bem como uma mesa-redonda destinada a desenvolver o tema “Global Changes and Animal Nutrition”. Participaram desta mesa-redonda Ana Sofia Santos, Head of Research and Innovation do FeedInov, membro também do júri das ses sões, e a investigadora Ana Raquel Rodrigues, entre outros.

No decorrer do programa do evento, desta camos ainda as apresentações científicas das investigadoras do FeedInov, Ana Raquel Rodri gues e Ana Rita Pedro, relativas aos trabalhos de investigação realizados no âmbito do seu Doutoramento em Ciência Animal (Programa de Doutoramento FCT, em ambiente empre sarial, SANFEED) no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto.

Para mais informações, visite o site: https:// linktr.ee/workshop.ciencianimal

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FeedInov CoLAB Ana Rita Pedro, Investigadora FeedInov

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ASSEMBLEIA DA FEFAC

A FEFAC e a Nevedi, representando respetivamente a indústria de rações europeia e holandesa, foram as coorganizadoras da 66ª reunião anual pública da FEFAC em 2 de junho de 2022 em Utrecht, durante a VICTAM/VIV Europe Expo.

O tema principal da reunião anual pública incidiu sobre a “autonomia de alimentos e rações da UE em tempos de crise geopolítica / Plano de Resiliência da UE e o Acordo Verde”.

Apresentamos o Discurso de Abertura do Presidente da FEFAC, Asbjørn Børsting:

“Bom dia caros delegados, minhas senhoras e meus senhores, É para mim um grande prazer receber-vos aqui em Utrecht no cen tro de conferências Jaarbeurs para participarem na nossa Reunião Anual Pública conjunta NEVEDI/FEFAC. Tenho realmente muito gosto em conhecer-vos “pessoalmente” pela primeira vez enquanto Presidente da FEFAC após a eleição em junho de 2020, que aconte ceu na fase inicial da Pandemia de CORONAVÍRUS. Também dou as boas-vindas aos nossos delegados virtuais, pois estamos a realizar a nossa reunião pública pela primeira vez como um evento híbrido. A situação europeia alterou-se drasticamente em fevereiro deste ano com a invasão russa da Ucrânia. Estamos a assistir a uma guerra terrível e quero expressar uma esperança muito forte para que a paz seja estabelecida.

Ainda estamos a enfrentar os graves efeitos económicos da pandemia. Nos mercados globais, temos agora uma situação muito difícil após a invasão russa da Ucrânia, isolando efetivamente a região do Mar Negro como um grande exportador mundial de cereais e oleaginosas. Vimos igualmente grandes impactos nos mercados globais de energia. Por estes motivos, concordámos em conjunto com os nossos mem bros e coanfitriões dos Países Baixos focarmos o impacto da guerra da Ucrânia na segurança alimentar da UE e na resiliência do setor dos alimentos compostos como nosso tema principal.

Estou, portanto, muito honrado e satisfeito por receber o Dr. Wolfgang Burtscher, Diretor-Geral da DG AGRI, Comissão Euro peia, como nosso orador principal na sessão de hoje sobre este importante tema e também o Sr. Guido Landheer, Sub-Di retor-Geral do Ministério da Agricultura dos Países Baixos. Pessoalmente, concordo inteiramente com as observações finais do Dr. Burtscher na 1ª Reunião Europeia de Preparação e Gestão de Cri ses de Segurança Alimentar, realizada a 8 de março, quando instou os Estados-Membros e as Partes Interessadas a “não se oporem à segurança alimentar e à sustentabilidade dos sistemas alimentares”, uma vez que a mitigação das alterações climáticas irá continuar a ser um desafio crucial para todos os parceiros da cadeia agroalimentar. Posso garantir-lhe que os membros da FEFAC permanecem totalmente comprometidos em cumprir os nossos compromissos com sistemas ali mentares sustentáveis como parte da nossa Carta de Sustentabilidade Alimentar 2030. Como tal, escolhemos a recente proposta da Comissão Europeia relativamente a uma cadeia de abastecimento livre de des

florestação como tema principal para nosso segundo painel, que será aberto pelo Sr. Rasmus Prehn, Ministro da Agricultura da Dinamarca e presidente do Grupo da Declaração de Amsterdão sobre Desflorestação. Convido todos os nossos especialistas e delegados do painel a contri buírem ativamente para as nossas sessões de dois painéis e gostaria de aproveitar a ocasião para agradecer a todos os nossos patrocinadores por apoiarem a nossa Reunião Pública Anual conjunta aqui em Utrecht".

Fotografia: Jeanette Speksnijder (Agribusiness Service)

Fotografia: Jeanette Speksnijder (Agribusiness Service)

Fotografia: Jeanette Speksnijder (Agribusiness Service)

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66ª
Fotografia: Jeanette Speksnijder (Agribusiness Service)

LABORATÓRIO COLABORATIVO INAUGURADO EM ELVAS

Ensino Superior, Elvira Fortunato, da minis tra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, do secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, e do vereador da Câmara Municipal de Elvas (C.M. Elvas), Hermenegildo Rodrigues, que esteve em representação do Presidente da C.M. Elvas.

O novo espaço do InnovPlantProtect (InPP), que envolveu um investimento de 2,8 milhões de euros, foi esta quinta-feira, dia 28 de julho, pelas 14h30, oficialmente inaugurado no edi fício do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) – Polo de Elvas, em Elvas, com a presença de 120 convidados.

A sessão de inauguração contou com a pre sença da ministra da Ciência, Tecnologia e

Ana Abrunhosa começou por felicitar e agra decer a toda a equipa do InPP pelo trabalho que tem desenvolvido e realçou que “para fazer investigação de qualidade, em qualquer lugar e não apenas nas geografias tidas como as mais habituais, é necessário providenciar a disponibilidade de recursos humanos alta mente qualificados nas áreas a investigar, instalações adequadas, equipamentos de ponta e tecnologia de última geração” e, de

acordo com a ministra, “o InPP apresenta todas estas condições”.

A ministra da Coesão Territorial sublinhou o papel das “condições de trabalho e de salá rio justas”, como fatores adicionais que con tribuem para que o InPP seja um projeto de “excelência”, que “tem tudo o que é preciso para realizar as suas aspirações científicas” e alertou ainda para a “importância que os fun dos europeus têm tido e têm que continuar a ter para projetos como este: um projeto de desenvolvimento regional que se baseia num casamento que queremos que seja feliz entre o conhecimento, a investigação, as empresas e a comunidade”.

Elvira Fortunato evidenciou a relevância do InPP e da sua missão de “trabalhar ativamente para encontrar soluções práticas, inovadoras e sustentáveis numa área tão importante e vital

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

como é a da agricultura e da preservação do ambiente e dos recursos naturais” no atual contexto nacional e mundial e acrescentou ainda que o InPP “trata-se de um encontro de vontades de vários interve nientes nacionais e internacionais, de fazer mais e melhor ciência, de oferecer à sociedade mais tecnologia e inovação e de transformar o conhecimento em soluções práticas que melhorem a vida das pessoas.”

“Precisamos de todos os atores, de todos os investigadores e de todas as instituições como as que se juntam hoje em torno deste laboratório colaborativo”, salientou a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e concluiu a sua intervenção com uma mensagem de força para toda a equipa do InPP: “Que esta seja uma casa onde o vosso trabalho se consolide e fortifique por muitos anos. O vosso sucesso será o sucesso de todos”.

Já Isabel Ferreira destacou a importância das áreas de atuação do InPP, sobretudo no “contexto que vivemos pandémico e de uma guerra que mostrou cada vez mais a importância do setor agroalimentar, como resposta às situações de emergência e de crise. E, portanto, esta abordagem que o InPP faz de focalizar a sua intervenção numa fase anterior ainda à própria produção, e assumir este papel funda mental de trazer conhecimento científico de excelência que existe nestas temáticas, e sobretudo neste tema da luta contra pragas e doenças que afetam as maiores e mais importantes culturas agrícolas.”

A secretária de Estado do Desenvolvimento Regional desejou um “caminho de sucesso” e sublinhou a importância do financiamento, nomeadamente o “financiamento competitivo, de prestação de ser viços, para que os CoLABs sejam cada vez mais autossustentáveis”.

Rui Martinho destacou o trabalho que tem sido desenvolvido pela equipa do InPP, nomeadamente no controlo e erradicação da  Xylella fastidiosa e na mitigação do efeito do fogo bacteriano, que “consti tuem ameaças muito significativas para a nossa atividade produtiva”.

“Estamos perante uma organização [o InPP] que tem um papel central no desenvolvimento da agricultura, no desempenho económico e ambiental das nossas explorações agrícolas e, pela sua composição, assegurará a necessária transferência de conhecimento para o setor e para as empresas e entidades com intervenção no processo produtivo”, afir mou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural.

Por último, Hermenegildo Rodrigues, começou a sua intervenção expressando o “orgulho do Município em fazer parte deste projeto, como parceiro privilegiado, reconhecendo as mais valias que traz para esta região, essencialmente agrícola, e simultaneamente permitir através do conhecimento científico, dar-nos a conhecer ao mundo”.

O vereador da C.M. Elvas assinalou ainda, com “enorme satisfação e orgulho”,  o primeiro pedido provisório de patente submetido no passado dia 21 de julho pela equipa do InPP, que considerou “um passo de enorme missão deste laboratório que tenho a certeza que será apenas o primeiro de muitos”. Após a sessão de inauguração, foi realizada a apresentação do CoLAB por parte de Margarida Oliveira, presidente do Conselho de Adminis tração do InPP, e de Pedro Fevereiro, diretor executivo.

Pedro Fevereiro começou por agradecer a todos os convidados pre sentes e congratulou os associados pelo “caminho percorrido”, con siderando-os mesmo como “a alma da instituição”, sem os quais, de acordo com o CEO, “não seria possível construir o que construímos”. O diretor executivo agradeceu ainda às entidades financiadoras e promotoras, a toda a equipa, bem como aos clientes do InPP “pela confiança demonstrada”, e às instituições que aceitaram fazer par cerias e colaborações com o CoLAB.

Segundo Pedro Fevereiro, o InPP “tem de desenvolver inovação, tem de protegê-la e de entregá-la a quem seja capaz de a colocar no mercado”. Um dos objetivos estratégicos do InPP passa por criar propriedade industrial, através do desenvolvimento de produtos novos que sejam patenteáveis e, posteriormente, entregues às empresas e colocados no mercado, permitindo assim gerar valor.

Durante a sua intervenção, o diretor executivo referiu ainda o financia mento inicial de cerca de sete milhões de euros, dos quais 2,8 milhões foram utilizados para modernizar as infraestruturas e os equipamen tos, que “dão a oportunidade de desenvolver produtos inovadores”, e destacou os 110 mil euros que resultaram da atividade do InPP em 2021, um valor que será “largamente ultrapassado” em 2022.

Pedro Fevereiro terminou a sua intervenção com os olhos postos no futuro. De acordo com o CEO, o futuro da instituição passará por manter a equipa, garantir a sustentabilidade financeira do InPP e atrair financia mento público e privado para o CoLAB e criar serviços que vão de encon tro às necessidades dos clientes e que solucionem os seus problemas.

O evento terminou com uma visita às novas instalações.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 49 biochem.net O sistema imunitário dos animais recém-nascidos da maioria da espécie mamífera é transmi�do e desenvolvido apenas pelo colostro. O B.I.O.Ig, um producto concentrado de colostro bovino, consegue fornecer as substâncias bioa�vas necessárias como as imunoglobulinas e os fatores de crescimento. Devido à nossa tecnologia avançada, todos os ingredientes são preservados ficando totalmente disponíveis. Cien�ficamente provado em diversos ensaios clínicos, o B.I.O.Ig ajuda a imunidade e o desempenho dos animais nos primeiros dias de vida. Contacte-nos: João Maria Barreto · Technical Sales Manager · +351 910 884 754 · barreto@biochem.net Concentrado de Colostro 100% Natural. Imunidade e Desempenho.

ALIMENTAÇÃO

ESPANHA ATRIBUI MEDALHA DE MÉRITO AO SECRETÁRIO-GERAL DA IACA

além de outras referências que sempre são exacerbadas nestes momentos, foi destacado aquele que é e sempre será o ADN da IACA: a cooperação e construção de pontes, a defesa dos valores em que acreditamos. Neste caso, das relações entre os dois países, as posições assumidas em Bruxelas e nos fóruns internacionais, tendo como objetivo a competitividade da Fileira da Alimentação Animal e o seu desenvolvi mento sustentável.

A CESFAC, organização congénere da IACA, a Fundação CESFAC e o Ministério da Agri cultura, Pescas e Alimentação de Espanha, atribuíram uma série de Medalhas de Mérito, destinadas a premiar diversas personalida des em áreas relevantes da alimentação animal, tendo distinguido com a Medalha de Personalidade do Ano pelos serviços prestados na defesa de interesses e cau sas comuns junto da União Europeia e nos fóruns internacionais, o Secretário-Geral da IACA, Jaime Piçarra.

Retiramos o seguinte excerto das Notas da Semana de 8 de julho em que Jaime Piçarra agradecia a atribuição desta Medalha: “ Gostava de agradecer publica e humilde mente à CESFAC, e muito em particular aos seus Presidente Fernando Antunez, Dire tor Pedro Cordero e Diretor-Geral Jorge de Saja, o prémio que me concederam, que muito me honra, tanto mais que, para

Representar tão importante setor não é, não pode ser, um ato isolado ou volun tarista. Tem muito de missão de serviço público, só possível pela qualidade e exi gência dos Associados que representamos, pelas sucessivas Direções com quem temos trabalhado, lideradas pelos Presidentes Jaime Lança de Morais, Alberto Campos, Pedro Corrêa de Barros, Cristina de Sousa e José Romão Braz, sem esquecer o meu ante cessor, que muito me ensinou, sobretudo a dignificar o cargo que hoje ocupo com muito orgulho, Comendador Luís Marques, a uma Equipa que comigo trabalha diariamente na IACA, e a uma Família que me tem permi tido dedicar a esta Instituição, um trabalho de paixão e entrega. Um agradecimento igualmente à FEFAC e ao seu incansável Secretário-Geral Alexander Döring.

Todos confiaram em mim, permitiram-me crescer como pessoa e profissional, estiveram sempre quando era (e é) preciso, também é deles este prémio que apenas me foi confiado e que tentarei dignificar e estar sempre à altura do que ele representa: a cooperação e cumplicidade entre organizações, entre povos irmãos, na procura de um bem comum."

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ANIMAL NOTÍCIAS
Fernando Miranda entrega a Medalha a Jaime Piçarra Os Medalhados com os respetivos padrinhos e Dirigentes da CESFAC Jorge de Saja, Jaime Piçarra e Pedro Cordero

Projeto N.º:

O ECO-PIG é um projeto financiado pelo Fundo Euro peu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Competitividade e Interna cionalização (POCI), e desenvolvido por um consórcio composto por duas entidades empresariais – D.I.N. Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A e Rações Santiago, Lda – e duas instituições de ensino superior – Universidade de Évora e Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra.

Num contexto regulamentar cada vez mais exigente do bem-estar animal, na União Europeia, nomeada mente em relação à castração cirúrgica de leitões e visando o aumento da sustentabilidade na produção de suínos, sentiu-se a necessidade de elaborar um novo alimento composto completo para a engorda de suínos das duas principais raças autóctones por tuguesas, a raça Alentejana e a raça Bísara.

A engorda ao ar livre de machos inteiros, destas duas raças, com um alimento composto que incorpore matérias-primas produzidas localmente e subprodu tos agroindustriais, poderá constituir uma alternativa sustentável a implementar em anos pouco favoráveis (baixa produção de bolota ou castanha e/ou custos elevados de alimentos compostos).

A escolha dos ingredientes da ração para engorda destes machos inteiros deverá ser criteriosa e incidir sobre aqueles que, segundo a literatura científica disponível, podem ter um efeito redutor na deposição de androstenona e escatol, os dois principais compostos responsáveis pelo “odor e sabor a macho” característico na gordura de machos não castrados, quando abatidos após a puberdade.

Constituem objetivos do projeto:

1. O estudo da disponibilidade, em mercados de pro ximidade, de culturas vegetais e de subprodutos agroindustriais com boa qualidade nutritiva para suínos e que possam valorizar as suas dietas de acabamento;

2. Analisar composição bioquímica destes subpro dutos e integrá-los numa mistura equilibrada e inovadora;

3. Propor soluções alimentares para o acabamento ao ar livre de machos inteiros autóctones quando, por falta de alimento habitual (bolota ou castanha) são mantidos em sistemas de baixa rentabilidade;

4. Avaliar a eficiência ambiental, a sustentabilidade e a qualidade dos produtos cárneos para um ali

mento alternativo de acabamento de machos Alentejanos e Bísaros.

Através dos resultados obtidos pretende-se:

a) Promover a utilização de culturas locais e o apro veitamento de subprodutos do ramo alimentar, contribuindo para a redução do desperdício;

b) Promover uma economia circular e reduzir custos de produção, contribuindo para a sustentabili dade dos sistemas de produção agroalimentares;

c) Inovar na produção nacional de carne de suínos de raças autóctones sem recurso à castração cirúrgica ou imunocastração, promovendo o bem -estar animal.

O projeto teve início no dia 31 de dezembro de 2020 e terminará em junho de 2023.

Deste trabalho surgirão diversas publicações téc nicas e científicas e participação em eventos cien tíficos e feiras.

Consórcio ECO-PIG eco-pig@outlook.com

Co-financiado por

- DESENVOLVIMENTO DE MISTURA ALIMENTAR INOVADORA PARA ACABAMENTO AO AR LIVRE DE MACHOS DE RAÇAS SUÍNAS AUTÓCTONES, COM ÊNFASE NA QUALIDADE
DA CARNE E NA SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA
POCI-01-0247-FEDER-072226
Contacte a nossa equipa técnica para mais informações.

ALIMENTAÇÃO

HRV COMEMORA 40 ANOS

A HRV, especialista na conceção, instalação e manutenção de processos industriais para os segmentos dos alimentos compostos para animais (convencionais, peixe e pet), biomassa (energia, carvão vegetal e composto orgânico) e química (sólidos e polvorosos), iniciou, no passado dia 28 de maio, as comemorações do seu 40.º aniversário, com um evento para todos os colaboradores e familiares, que permitiu estreitar laços e reforçar o espírito de equipa. Durante o evento foram plantadas 40 árvores, um gesto simbólico que intenta fazer refletir a comunidade HRV sobre a temática da sus

tentabilidade, uma das grandes preocupações do Grupo. Estas árvores pretendem, ainda, ser o símbolo da força, perseverança e resiliên cia do Grupo, que espera acompanhar o seu crescimento e vê-las dar frutos.

Conta-se que até ao final do ano mais eventos se realizem, assinalando a data e fomentando o espírito de equipa.

O grupo HRV vislumbra um futuro promissor, mantendo as suas principais bases: a qua lidade e rigor dos serviços, o investimento em inovação e o máximo respeito pelo Meio Ambiente.

www.hrv.pt

SOJAGADO ORGANIZOU JORNADAS TÉCNICAS DE RUMINANTES DO SUL

Especialistas debateram o futuro da alimentação animal

A SOJAGADO realizou no passado dia 8 de julho, as Jornadas Técnicas de Ruminantes do Sul, na Quinta do Castelo da Gravia, em Beja. O evento contou com a presença de cerca de 100 convida dos e foram apresentados temas contemporâneos sobre o setor.

"Alimentação Animal: contexto político e evolução futura" foi um dos temas abordados no evento e coube a Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA (Associação Portuguesa dos Industriais de Alimen tos Compostos para Animais) fazer uma reflexão sobre o tema, sem esquecer o impacto do conflito na Ucrânia ou a inflação, questões que tanto preo cupam o setor.

"A guerra trouxe importantes desafios, desde logo o aumento dos preços e de toda a logística, com a Indústria a encontrar alternativas noutros mer cados como o Brasil, Argentina ou África do Sul, mas os preços das matérias-primas têm sido muito elevados e assim deverão continuar, com grande volatilidade e especulação, não sendo de esperar

grandes alterações até final do ano. Se existir uma retirada de cereais da Ucrânia, é provável que os preços tendam a baixar, mas a conjuntura é muito incerta e com elevada instabilidade. A inflação preocupa igualmente a Indústria pela potencial redução do consumo e a falta de apoios públicos, bem como a gestão das expectativas, gera desi lusão, desânimo e receamos que venham a existir abandonos, redução de efetivos e maior depen dência", referiu o responsável, considerando que: "Temos de apostar na qualidade, na sustentabili dade, no bem-estar animal e na criação de valor”.

Pedro Santos Vaz, Secretário-Geral da Aberden -Angus Portugal, abordou a "Sustentabilidade na Produção de Bovinos de Carne", referindo que este é um assunto "quase omnipresente”. “Infeliz mente, na grande maioria das vezes, é apresentado de forma incompleta e apenas ligado à com ponente ambiental que, sendo de extraordinária importância, é apenas um dos três pilares do conceito que não pode ser defi

nido sem a inclusão das componentes económica e social”, acrescentou. “Ninguém melhor do que os bovinicultores têm a consciência da necessidade de preservação dos recursos naturais. Obviamente há espaço e necessidade de evolução na gestão do solo, da água e dos efluentes, do maneio animal e das condições higieno-sanitárias das explora ções, mas os meios técnicos, o conhecimento, a tecnologia e as boas práticas implementadas têm permitido uma evolução significativa com vista a uma maior sustentabilidade ambiental da bovinicultura de carne”, afirmou Pedro Santos Vaz. O representante não tem dúvidas: "O futuro da produção de bovinos de carne joga-se ao nível da sustentabilidade económica e social. O setor desempenha um papel de enorme importância na ocupação do território, fixação da população, pro dução de alimentos, equilíbrio da balança comercial e inúmeros serviços ecosistémicos”.

As jornadas contaram ainda com a intervenção de Rui Alves, Diretor Comercial da SOJAGADO, que abordou a "Nutrição de Ruminantes na conjuntura atual", e o encerramento coube a António Isidoro, CEO do Grupo Soja de Portugal.

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ALIMENTAÇÃO

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COMPLEXO AGROAVÍCOLA DA HERDADE DA DAROEIRA

ambiental; c) pela proximi dade dos aviários de frangos relativamente ao matadouro, instalado também na Her dade da Daroeira;

Esta unidade agro-pecuária foi instalada por iniciativa da Família Santos, detentora do Grupo Valouro, tendo para o efeito adqui rido em 1996 a Herdade da Daroeira, sita em Alvalade do Sado, concelho de Santiago do Cacém. Posteriomente foram adquiridas mais duas herdades contíguas, perfazendo uma área total de 2400 ha.

O projeto foi concebido e orientado pelos líderes do referido Grupo, António José e José António dos Santos, e executado sob a responsabilidade do Engenheiro Civil Abel Coelho Santiago no que à construção civil diz respeito e do Engenheiro Agró nomo Manuel Chaveiro Soares no âmbito agro-pecuário.

O projeto ora em apreço decorre da ativi dade avícola que a Família Santos iniciou em 1875, a qual sofreu um forte impulso por iniciativa da terceira geração da Família e atuais líderes do Grupo, quando na década de 1960 a moderna avicultura dá os primei ros passos em Portugal.

Em 1996 os líderes do Grupo Valouro conce beram o complexo agroavícola da Herdade da Daroeira, que se revela pioneiro no setor zoo técnico e antecipa o futuro, nomeadamente ao ter em conta preocupações que viriam a assumir crescente importância no século XXI, designadamente:

• Biossegurança, decorrente principal mente da inexistência de outros aviários na região alentejana em causa;

• Bem-estar animal, proporcionado: a) pelas características das construções, em betão com isolamento ao meio; b) por um adequado condicionamento

• Economia circular que inclui: a) o caroço de azeitona, uti lizado como combustível no aquecimento dos pisos radiantes; b) os estrumes de aviários, aplicados na fertilização das parcelas ocupadas com milho-grão; c) os estrumes de aviários compostados, desidratados, esterilizados e granulados em instalações existentes na Herdade; d) tratamento térmico dos subprodutos do matadouro de frangos, para utilização na alimentação de animais de companhia e de peixes;

• Pegada de carbono, minimizada devido à proximidade dos principais segmen tos da fileira do frango de carne, dado que estão instalados na própria Her dade da Daroeira: grão de milho (prin cipal componente da dieta das aves e em grande parte produzido na Herdade – beneficiando da existência de três barragens com uma capacidade total de 8 M m³, reforçadas a partir de um

adutor da EDIA – ou nas suas proximi dades), cinco silos com capacidade para 32,5 t, fábrica de alimentos compostos para frangos; os estrumes aplicados na Herdade vão contribuir, designa damente para a elevação do teor de matéria orgânica dos solos, base da sua fertilidade e importante sumidouro de carbono que, juntamente com três centrais fotovoltaicas (1,75 MW) ins taladas na Herdade, concorrem para o decréscimo da pegada de carbono inerente à produção de 15 milhões de frangos de carne por ano.

Adicionalmente, foi construído um hotel rural, plantado um olival com 80 ha e construído um lagar de azeite, com linha de engarrafamento. Investimento, efetuado durante 10 anos, com capitais próprios: 133 M €.

Número de postos de trabalho criados: 150 Vendas anuais das produções: 50 M €

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ANIMAL

VALORGADO VENCE PRÉMIO INOVAÇÃO COM PROJETO DE MELHORIA DA EFICIÊNCIA HÍDRICA

A exploração suinícola Herdade do Pesse gueiro da empresa Valorgado, integrada no agrupamento de produtores Aligrupo foi galardoada com o Prémio Inovação Zoetis na V Gala de Entrega dos Prémios Porco D’Ouro. A exploração, localizada no conce lho de Salvaterra de Magos, desenvolveu um projeto que visa reduzir a sua pegada hídrica.

A procura de soluções sustentáveis e o com promisso na melhoria contínua dos procedi mentos que conduzam a uma produção ani mal responsável, perseguindo a melhoria de desempenho no que respeita à responsabili dade social, ao meio ambiente, à segurança alimentar e ao bem-estar animal, com ganhos na eficiência e competitividade da exploração foi o objetivo que levou a empresa Valorgado a adotar medidas que visam a poupança, retenção e reaproveitamento da água para reutilização na exploração.

Numa altura em que o país atravessa um período de seca extrema, o projeto foi dis tinguido como exemplo de uma entre muitas boas práticas que o setor da suinicultura tem vindo a adotar no âmbito da promoção da economia circular, da racionalização de recur sos e do combate às alterações climáticas.

Foram contruídas na exploração três charcas coletoras das águas pluviais recolhidas pelas coberturas dos edifícios da exploração, cap tando ainda as águas residuais resultantes de escorrimentos do solo envolvente. A partir destas charcas foi introduzido um sistema de bombagem e canalização com vista a utilizar a água na lavagem e limpeza da exploração.

Para além da economia de recursos, a explo ração estima ter uma poupança económica na ordem dos 5.000€ por ano em energia que poupa abdicando do anterior sistema de captação de água do subsolo.

As charcas servem ainda de reservatório e apoio à proteção civil no combate a incên dios florestais.

A escassez de água tem sido uma preocupa ção crescente do setor da suinicultura que,

nos últimos anos, tem introduzido alterações no sentido de diminuir o consumo deste recurso cada vez mais finito. A otimização genética e a adoção de sistemas que pos sibilitam uma utilização mais eficiente da água, como as lavagens dos pavilhões com máquina de pressão negativa, possibilitaram uma grande redução de água nos últimos anos, o que resulta que, em termos médios, um suíno na fase de engorda consuma cerca de 700 litros de água, ou seja, 6 litros por dia, o equivalente a metade de uma descarga de autoclismo.

Por outro lado, a decantação de efluentes pecuários através da utilização de múltiplas lagoas de armazenamento de efluentes, pos sibilita a reutilização da água da última lagoa na primeira lavagem dos pavilhões.

A tecnologia e o design dos bebedouros tam bém têm vindo a ser melhorados no sentido de os animais gastarem somente a água que consomem, diminuindo o desperdício.

O Prémio Inovação Zoetis reconhece e pre meia anualmente o mais destacado exemplo de inovação na produção suinícola, incenti vando os produtores à contínua melhoria e aposta na inovação aplicada como elemento básico para a evolução das explorações e do setor como um todo.

São avaliados a criatividade dos projetos a concurso, a resposta a uma ou várias neces sidades setoriais, a aplicabilidade e replica ção noutras explorações e o benefício do projeto sobre os resultados económicos das explorações.

Vítor Menino, administrador da Valorgado, realça a importância deste Prémio referindo que “a Valorgado tem implementado nas suas explorações iniciativas que vão ao encontro dos conceitos da economia circular. Procura mos continuamente soluções que tornem o nosso método de produção mais sustentável”.

Para além de suínos, a Herdade do Pesse gueiro produz ainda bovinos e forragens, tendo instalado um sistema de bombagem sobre boiador em lagoa de efluentes, com

sistema de filtragem de sólidos e injeção a 30% do efluente em dois pivots, para fertir rigação de prados permanentes destinados a pastoreio de bovinos.

Vítor Menino assinala as vantagens pro dutivas e económicas da utilização de um recurso mineral muitas vezes erradamente entendido como um resíduo: “Aumentamos a produção de forragem da propriedade signi ficativamente, o que nos permitiu produzir em pastoreio direto mais 80 vitelos por ano. Reduzimos a utilização de adubos sintéticos, de mão-de-obra, de maquinaria, assim como o consumo de combustível de forma signifi cativa. Estimamos um ganho anual a rondar os 20.000 euros.”

Para além de projetos na área da recupera ção hídrica, a Herdade do Pessegueiro fez investimentos na área energética. A Herdade apostou recentemente na instalação de pai néis para a produção de energia elétrica a partir de tecnologia fotovoltaica.

“Este investimento permitiu reduzir o con sumo energético da exploração em 25%, correspondente a 15.000 euros por ano. Com este projeto evitamos ainda emitir para o ambiente 35 toneladas de CO2 por ano, um ganho que consideramos bastante relevante”, refere Vítor Menino.

A suinicultura tem vindo a racionalizar o consumo de energia, economizando e melho rando a eficiência energética das explora ções. É aliás, um setor de referência inter nacional na investigação energética.

Em Portugal, existem várias explorações de suínos que já operam com energias renová veis, como a solar térmica e fotovoltaica, que permitem reduzir o impacto ambien tal, nomeadamente os níveis de metano e o CO2 produzido e também sistemas de monitorização automática permanente de gases que permitem otimizar a ventilação nas instalações, reduzindo assim o investimento em ventilação forçada, sendo privilegiados os sistemas de ventilação natural.

Fonte: Let’s talk about Pork from Europe

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ALIMENTAÇÃO

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA DO CONDE, CRL INAUGUROU FÁBRICA DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS

No dia 22 de julho, a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, CRL, inau gurou a nova unidade de fabrico de alimentos compostos complemen tares para animais, localizada no parque industrial da União de Fregue sias de Bagunte, Ferreiró, Outeiro Maior e Parada, em Vila do Conde. Este projeto resulta de um investimento de 10 milhões de euros, apre senta uma capacidade de produção de 38 ton/hora e foi concebido numa lógica de “produção à medida” de acordo com as necessidades de cada exploração. A unidade fabrica e comercializa alimentos com postos complementares certificados para explorações de produção de leite, de recria e de engorda com o nome da marca Agrivil. Os principais segmentos de fabrico são os alimentos compostos complementares farinados, expedidos em big-bags ou granel e alimentos compostos complementares granulados expedidos em granel, big-bag, e sacos de 25 kg. Atualmente, a unidade funciona de segunda a sexta-feira com apenas um turno. Fechou o mês de junho com a produção de 4300 ton, mais 2100 ton que o ano anterior.

A administração orgulha-se da trajetória deste projeto e ambiciona continuar a ser referência no mercado da região. Em conjunto com as várias equipas envolvidas encontra-se em constante procura e análise de estratégias que melhorem a eficiência produtiva da unidade. Mais, a cooperativa mantém a aposta na proximidade com os produtores atra vés do trabalho de campo realizado pelas diferentes equipas técnicas que se distinguem pelo desenvolvimento de estratégias que colmatem as necessidades das explorações.

Na cerimónia de inauguração, o presidente da administração da coope rativa, António Balazeiro, aproveitou para deixar a mensagem de que acredita que o empenho, disponibilidade, profissionalismo e capacidade em inovar empregues neste projeto são a chave para o desenvolvimento sustentado da cooperativa e do setor leiteiro. Durante a visita guiada à unidade, elevou que o facto de os sócios nunca terem baixado os braços aos desafios impostos no setor agrícola, em particular, no setor leiteiro e de reconhecerem a importância da continuidade da produção de ali mentos compostos complementares Agrivil foram as duas principais fontes de encorajamento para a execução deste projeto.

O presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dr. Vítor Costa prestou uma homenagem aos agricultores do concelho e à equipa

administrativa da cooperativa, realçando a importância e força do setor agrícola no concelho bem como, salientou a importância da construção da unidade, fundamental para o progresso local e regional. A Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte, Eng. Carla Alves, na sua alocação também realçou a proximidade e o impacto económico que a nova unidade criou para os agentes económicos locais e regionais, assim como aproveitou a oportunidade para incentivar os agricultores a candidatarem-se aos vários apoios de financiamento para combater a crise provocada pela atual escalada nos preços dos fatores de produção. A unidade foi benzida pelo Arcebispo de Braga e Primaz das Espa nhas, Dom José Cordeiro e após os discursos de inauguração foi projetado um vídeo que apresentou as diferentes fases do processo da construção da unidade. Por último, realizou-se um almoço conví vio que juntou centenas de sócios e convidados num dia histórico para a cooperativa. Nestes tempos atípicos, a coragem e a persistência dos agricultores, aliado ao empenho e profissionalismo da equipa CAVC permitem que a cooperativa se afirme como uma das maiores do país!

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Visita à unidade fabril no dia da inauguração. Da esquerda para a direita, Carla Alves Diretora Regional da Agricultura e das Pescas do Norte, Vítor Costa, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dom José Cordeiro, Arce bispo Primaz de Braga, António Balazeiro, Presidente da Administração da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde. Brinde comemorativo com todos os membros do conselho de administração da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, CRL e respetivos convidados.
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LANÇAMENTOS: VISITA VIRTUAL E NOVA GAMA - JACKPET

Apesar dos desafios deste ano, no mundo e no setor, a petMaxi não deixa de trazer novidades.

PETMAXI À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE EM VR.PETMAXI.PT

Quer conhecer uma fábrica de alimentos para cães e gatos? Já pode visitar a petMaxi sem sair de casa, através do endereço vr.petmaxi.pt. Nas últimas maiores feiras do setor pet, Zoomark e Interzoo, os visitantes demonstraram bastante interesse na visita 3D à fábrica através de uns ócu los virtuais. Nesse sentido, a petMaxi decidiu avançar com uma visita virtual, sempre disponível através qualquer computador ou telemóvel, nos idiomas Português e Inglês.

JACKPET – UM JACKPOT DE BENEFÍCIOS PARA O SEU PET

Jackpet é uma gama do segmento económico para cães e gatos, com a garantia de qualidade petMaxi. Apresenta as seguintes referências: Gato Adulto; Cachorro; Cão Adulto e Cão Alta Performance.

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A petMaxi é uma empresa 100% portuguesa, localizada em Ferreira do Zêzere (Santarém), que fabrica alimentos para cães e gatos. Inaugurada em fevereiro de 2015, a petMaxi está vocacionada sobretudo para o fabrico de alimentos premium e super premium, com introdução de ingredientes frescos.

Com o slogan “Feeding Happiness”, tem como principal preocupação ajudar a garantir a saúde e bem-estar dos animais e dos seus tutores. A petMaxi é certificada pela IFS Food desde 2017, tendo vindo a renovar esta certifi cação anualmente com a nota mais alta – Higher Level. Com apenas 7 anos no mercado, exporta para mais de 30 países e conta com 54 colaboradores.

Marcas: happyOne Mediterraneum; happyOne Premium; happyOne; Domus; EnergyPet;Campeão e Rufia

Uma nova marca, a qualidade de sempre.

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FICHA TÉCNICA

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Revista

TRIMESTRAL

COORDENAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO, SEDE

REDAÇÃO

Associação

GRÁFICA

Animais

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

JULHO

de Produtores de Leite, Alcobaça

SETEMBRO

Sersilito - Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia

PROPRIETÁRIO

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO

N.º

De

25/05/2018,

AGENDA DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO PARA A

ALIMENTAÇÃO

da

AGROINDUSTRIA

com

direito à privacidade e proteção dos dados pessoais,

para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca

e-mail

privacidade@iaca.pt

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da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411
‑ ANO XXXIII Nº 121 Julho / Agosto / Setembro 2022 DIRETOR José Romão Braz CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares Rui Gabriel
Jaime Piçarra Amália Silva Serviços IACA
DE
E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 EMAIL iaca@iaca.pt iaca.revista@iaca.pt SITE www.iaca.pt EDITOR
Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para
– IACA EXECUÇÃO DA CAPA Salomé Esteves EXECUÇÃO
NA ALÍNEA A) DO
1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
acordo com o RGPD, de
a IACA reconhece e valoriza o
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serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um
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Data
01 • Encontro Nacional
06 • Assembleia-Geral da CESFAC, Madrid 08 • Jornadas de Ruminantes do Sul, Sojagado, Beja 11 • Fórum de Secretários-Gerais da FIPA, Lisboa • Reunião CT 37 13 • Reunião de Direção da FIPA 14 • Reunião da Comissão Executiva da IACA 15 • Reunião Câmara de Comércio Portugal-Cuba, Lisboa • Reunião da Direção da SPMA (virtual) 18 a 22 • Missão do Uzbequistão a Portugal 22 • Inauguração da unidade fabril da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde 25 • Reunião da Comissão Executiva da IACA 28 • Reunião da Task Force da FEFAC “Emerging feed supply chain security threats” (virtual) • Inauguração do InnovPlantProtect CoLAB, Elvas 29 • Reunião do Grupo Informal “Abastecimento de Cereais” (virtual) Data AGOSTO 02 • Reunião com FEDIAF (virtual) 05 • Reunião com Presidente da Câmara de Comércio de S. Tomé e Príncipe 14 • Reunião CT 37 30 • Comité de Alimentos para Peixes da FEFAC Data
01 • Reunião do FeedInov (virtual) • Reunião do Board da FEFAC, Bruxelas 02 • Reunião conjunta do Board e Diretores-Gerais da FEFAC, Bruxelas 06 • USSEC Country Meeting Portugal (Hotel Myriad, Lisboa) 07 • Grupo Diálogo Civil “Culturas Arvenses”, da DG AGRI (virtual) 08 • Evento Agritalks Lisboa 2022 sobre a sustentabilidade da agropecuária em Por tugal e no Brasil (APEX/Embaixada do Brasil) • Comité de Alimentos de Aleitamento da FEFAC (virtual) 09 • Reunião da Comissão Executiva da IACA (virtual) 12 • Reunião de candidatura a projeto na
SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA,
E
(virtual) • Reunião de preparação das Jornadas de Alimentação Animal
os oradores (virtual) 13 • Encontro do InovMilho em Coruche 14 • Comité Gestão da Segurança Alimentar
FEFAC (virtual) • Reunião de Direção da FIPA 15 • Reunião Direção IACA • Reunião do Projeto PRR “CircularFeedPT” (virtual) 16 • Reunião do Projeto “Agricultura Circular” (virtual) 19 • Reunião FeedInov (virtual) • Comissão de Acompanhamento da PAC, com a Ministra da Agricultura e Alimentação 20 • Reunião Técnica do IPQ 22 • XI Jornadas de Alimentação Animal "Green Feed & Inovação: A medição da Pegada Ambiental na Indústria de Alimentação Animal” (EZN, Santarém) 27 • Reunião do Comité de Sustentabilidade da FEFAC (virtual) 28 • Reunião com GPP sobre os regimes ecológicos (PEPAC) 29 • Reunião FeedInov, na EZN, Santarém
ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 59 MAXIBAN. A ESCOLHA DE ELANCO, SEM SURPRESAS. Porquê correr riscos, quando há Maxiban, Elanco e a barra diagonal são marcas registadas de Elanco ou suas filiais.©2020 Elanco Animal Health, Inc. ou suas afiliadas. PM-PT-20-0109
60 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL© Kemin Industries, Inc. and its group of companies 2022. All rights reserved. ® ™ Trademarks of Kemin Industries, Inc., U.S.A. Certain statements, product labeling and claims may differ by geography or as required by government requirements. kemin.com/kemzyme Para saber mais contacte com o representante local da Kemin: 214 157 500 Campo Grande 35 8ºD, 1700-087 Lisboa, Portugal KEMZYME® PLUS dry leva a digestibilidade um passo mais à frente Uma solução multi-enzimática* para leitões e aves, concebida para: Adaptar-se a qualquer tipo de substrato de alimentação Ser ativa em todo o trato intestinal Promover uma ótima saúde e desempenho animal Economizar significativamente nos custos de alimentação * 3 NSPasas: xilanasa, celulasa, beta-glucanasa, 1 amilasa e 1 proteasa    
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