Boletim do Kaos 13

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DISTRIBUIÇÃO & Redação

EDITORIAL

Salve leitores do Boletim do Kaos.

O ano chegando ao final e você lê agora a edição de numero 13 do nosso Jornal Boletim do Kaos. A volta (foram 4 edições em 2013), se deu graças a parceria entre Suburbano Convicto Produções e Uninove. Foi bom circular de novo pela cidade com nosso jornal cultural, distribuído gratuitamente. Além de agradecer a UNINOVE pela confiança a gente comemora a continuidade dos projetos no ano de 2014. Aos nossos leitores queríamos desejar BOAS FESTAS, um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, saúde e conquistas. Alessandro Buzo Editor ERRATA: Na ultima edição do Kaos (Novembro/2013), saiu o numero #11 e na verdade era a edição numero #12

Qualquer pessoa ou entidade interessada em distribuir o Boletim do Kaos na sua quebrada (ou não), pode retirar em quantidade (50, 100, 200 ou pacote com 400 exemplares) na nossa redação. É grátis.... querendo agendar, email abaixo. Ou vá às terça-feira, das 20h às 22h durante o SARAU SUBURBANO. LIVRARIA SUBURBANO CONVICTO Redação do Boletim do Kaos Rua 13 de Maio, 70 - 2o andar Bela Vista São Paulo - SP - CEP: 01327-000 (11) 2569-9151 suburbanoconvicto@hotmail.com

Pontos de Distribuição O Boletim do Kaos é encontrado em diversos endereços nas periferias de São Paulo, de eventos culturais ao comércio local. Matilha Cultural Rua Rego Freitas, 542 - Centro (Prox. Pça Roosevelt) Ação Educativa Rua General Jardim, 660 Vl Buarque Escola de Samba Unidos de Santa Bárbara Rua José Cardoso Pimentel, 1-B Centro do Itaim Paulista

Jornal Boletim do Kaos Alessandro Buzo Editor e repórter Jessica Balbino Reportagens Alexandre de Maio Diagramação Suburbano Convicto Produções - Distribuição Rua 13 de Maio, 70 2o andar - Bela Vista - São Paulo SP - Cep: 01327-000


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA no Anhangabaú Fotos: Marilda Borges

Por: Alessandro Buzo Aconteceu nos dias 19 e 20 de Novembro de 2013 o evento CONSCIÊNCIA NEGRA EM SÃO PAULO. O cenário, Vale do Anhangabaú no centro da cidade. Além dos Shows no palco principal, como Dexter, Emicida, Aláfia e outras atrações de peso, teve ainda um espaço de expositores e um segundo palco com atividades como Rinha do Mc´s e Sarau Suburbano. Além da tradicional MARCHA da Consciência Negra, agora 20 de novembro tem também a festa, que é organizada pela Secretaria da Igualdade racial da PMSP, que tem a frente o vereador e cantor Netinho de Paula. O dia 20 de novembro traz reflexão e coloca ZUMBI DOS PALMARES, Lider Negro do Quilombo dos Palmares em destaque. Mas o dia da consciência negra precisa ser todo dia.

Sarau Suburbano

Único Sarau da programação, o Sarau Suburbano teve 2 edições, dias 19 e 20. Alessandro Buzo e Tubarão Dulixo monstraram e representaram, junto dos poetas e mcs, a poesia da periferia. Ano que vem tem mais.


Foto: Fábio Terral Indo pro terceiro ano “apenas” de liberdade, após mais de uma década privado da sua liberdade, Dexter se encontra num ótimo momento. Trabalhando bastante, viajando pelo Brasil e preparando seus novos trabalhos, CD e DVD. Para 2014 tem ainda a continuidade do projeto “Como Vai Seu Mundo” que ele executa em parceria com Eduardo Bustamente e Jayme Garcia Jr, na Penitenciaria semi aberto José Parada Neto, justamente de onde conquistou sua liberdade. “Poder voltar para levar esperança para aqueles e aquelas que se encontram privados de sua liberdade é sempre muito gratificante. Tenho prazer em ver as pessoas alimentando sonhos. Ser um condutor dessa realização,me faz feliz”, diz ele. Nesta entrevista exclusiva ao Boletim do Kaos, Dexter nos fala disso e muito mais.

Buzo: Sai junto, CD e DVD ? Dexter: Não, primeiro o DVD e depois o CD

Alessandro Buzo: O que seu público pode esperar do novo trabalho “Flor de Lótus” e o significado desse nome pra quem não sabe? Dexter: Flor de Lótus é uma flor que só nasce no lodo, metaforicamente me vejo como um flor de lótus, assim como vejo também todos aqueles que tiveram grandes chances de serem apenas mais um e se tornaram um a mais. Quanto aos novos trabalhos, a essência será a mesma, porque ainda vejo as mesmas coisas, claro que mudanças aconteceram, porém ainda são poucas. Teremos algumas participações que pra mim serão mais que especiais, entre eles meu irmão, meu parceiro, Edi Rock. Aguardem....

Buzo: Como será esse DVD ? Dexter: O DVD foi gravado no dia em que completei dois anos de liberdade, terá como título “Dexter & Convidados” e subtítulo “A liberdade não tem preço”, gravamos no Carioca Club em Pinheiros. E foram várias participações, Mano Brown, Edi Rock, Thaíde, Ao Cubo, DJ Hum, DJ Cia, Dj Kl Jay, Terra Preta e Rodrigo Teaser. Neste dia, consegui colocar em prática, uma festa da música, já que alguns dos meus convidados cantam outros estilos, pra mim foi importante mostrar, que o rap também é música. E que grandes nomes da MPB, do Samba, também veem dessa forma. Estou falando de pessoas como

Péricles, Pinha (ExaltaSamba), Guilherme Arantes, Paula Lima e Seu Jorge. Todos eles estiveram conosco naquela noite e nos presentearam com suas lindas vozes, carisma e respeito. Passou da hora da indústria musical respeitar o rap, como música, já não somos mais crianças e desenvolvemos um trabalho adulto. Buzo: E o CD “Flor de Lótus”, previsão pra quando, só inéditas ? Dexter: O CD vem até o meio do ano de 2014. Algumas músicas que estarão inseridas no CD já estão na internet, porém a maioria está muito bem guardadas e sendo feitas como muito amor, carinho, respeito e responsabilidade. Tenho certeza que será um grande trabalho.


Buzo: Ainda hoje as “autoridades” confundem as coisas, recentemente você teve um problema numa ação social, que era uma partida de futebol na cidade de Botucatu (SP), como foi isso? Dexter: Chegando na cidade, tive uma surpresa, fui avisado de que o campo onde fariamos o futebol, havia sido lacrado por ordem do juiz da cidade, alegando que o futebol seria uma reunião entre integrantes do PCC e não uma ação beneficente, o que é um absurdo. Partindo do princípio que minha facção é o hip-hop, sou obrigado a dizer que esse juiz nada mais é do que uma pessoa ignorante e que não conhece o que é o hip-hop. Além do campo, eles também impediram a realização do show, alegando que o funk contribui para a degeneração dos jovens. Mais uma vez fica provado sua ignorância, eu não canto funk, eu canto rap. De qualquer forma, nos aliamos e mostramos a nossa força, conseguimos executar o futebol em outro lugar e o show na cidade vizinha de São Manoel. Buzo: Isso prova o despreparo de pessoas que estão no poder e não entendem de juventude, cultura e crime? Dexter: Sem dúvida. Buzo: O que você pode nos destacar de positivo no hip-hop, desde quando voltou as ruas ? Dexter: O que destaco de fato é que graças a Deus estamos vivos, o hip-hop está vivo. Buzo: E o que você acha que poderia melhorar? Dexter: Tenho uma leve impressão de que algumas pessoas do hip-hop tem única e exclusivamente objetivo de ganhar ibope e dinheiro, acho que essas pessoas deveriam melhorar o seu conceito a respeito de uma cultura que salva vidas. Buzo: Você participou algumas vezes do meu quadro no SPTV e foi em outros veículos da mídia, como vê essa “difícil” relação entre rap e mídia ?

Eu nunca disse que não devemos ir a mídia, eu sempre disse que devemos escolher onde queremos ir, é diferente. Vejo da seguinte forma, se o apresentador ou entrevistador tem seriedade em seu trabalho ele também vai deixar apresentar o meu trabalho com seriedade, pra mim esse é o ponto. Dexter:

Buzo: Nesses 2 anos e sete meses que você ganhou as ruas e voltou a trabalhar com força total, onde você já teve a oportunidade de estar. Dexter: Já conheci vários lugares como Maceió (AL), Salvador (BA), Curitiba (PR) além de muitos outros estados, também tive a rica oportunidade de cantar em Lisboa, em Portugal. Foi uma experiência maravilhosa, poder ver os irmãos e irmãs de outro país, cantando as minhas músicas, do começo ao fim, foi gratificante ao extremo e também uma grande emoção. Buzo: Como você avalia a confiança do Jayme (juiz corregedor da vara de execução de Guarulhos), no seu trabalho ? Dexter: O Dr Jayme é um ser humano impar, ele faz questão de sair do seu gabinete e vai ter com os reeducandos pessoalmente, pra mim isso é inédito, e quando se tem essa oportunidade, só dependente de quem está privado de sua liberdade conquistar a confiança, foi exatamente o que fiz. Hoje posso dizer que somos muito mais do que reeducando e juiz, somos amigos.

Buzo: Como é contar com uma produtora, no caso a Bóia Fria Produções, pra tocar sua carreira? Dexter: Tudo é uma questão de profissionalismo, como disse numa resposta anterior, já não somos mais crianças, é necessário termos essas pessoas nos auxiliando e nos ajudando de uma forma bem profissional, a alcançarmos nossos objetivos, a Bóia Fria Produções está de parabéns. Buzo: O que pode dizer aos seus fãs e seguidores, nesse final de ano e o que esperar de 2014 ? Dexter: Desejo a eles, muita paz, saúde, amor, além de um Feliz Natal e um ano de 2014 repleto de harmonia, sabedoria, liberdade e trabalhos novos. Contato para show: (11) 3294-9757 Rede Sociais... Twitter: @dexteroitoanjo INSTAGRAM: @dexteroitoanjo FanPage Facebook: Dexter, oitavo anjo oficial.


Sarau Suburbano é 10 ! Nas Unidades Uninove. Por: Alessandro Buzo

Fotos: Marilda Borges O ano de 2013 trouxe a parceria entre Suburbano Convicto Produções e Uninove. Além de oficinas de hip hop no primeiro semestre e a viabilização da volta do Jornal Boletim do Kaos que você lê agora, teve ainda 8 edições do SARAU SUBURBANO é 10! Foram 4 edições (Memorial, Vila Maria, Santo Amaro e Vergueiro) em cada semestre, sucesso absoluto. O evento é uma edição especial do Sarau Suburbano que acontece toda terça-feira no Bixiga. Apresentado por Alessandro Buzo e Tubarão Dulixo, conta com poetas convidados e alunos Uninove.

Os alunos não só assistem como participam e muitas vezes surpreendem pelo talento. Pra quem é acostumado a frequentar sarau é fácil, mas os alunos muitas vezes declamam pela primeira vez. As fotos são da ultima edição do ano, dia 27 de novembro de 2013 no Campus Vila Maria. 2014 tem mais.....

Aluno Uninove

Poetas dessa edição, Augusto Oliveira, Akins Kinte, Carlos Galdino, Alessandro Buzo e Costa Senna. Abaixados: Tubarão Dulixo e Ni Brisant

Aluna Uninove



- Lembro sim. O que manda? - Perguntei. - Quero pegar o endereço do show do RZO, vou gravar. - Vai mesmo ? – questionei, incrédulo. - Não falei que ia ? – respondeu. Ele foi, filmou, editou e me deu umas 20 fitas VHS editadas. Não acreditei. Com isso, conheci a DGT FILMES e o Toni Nogueira, sócio do Kim, que ainda era no Itaim Bibi, depois veio pro Bixiga, onde hoje tem a Livraria Suburbano Convicto. Minha amizade era com o KIM, no Itaim Paulista ele virou DOUGLAS SKIN, depois de um porre de cerveja Skin. Anos depois o Douglas mudou de vida, sumiu, opção dele, respeito. Deixou de herança.... TONI NOGUEIRA. Um dia eu estava no Rio de Janeiro, fazendo uns corres culturais, trabalhava ainda vendendo alimentos. Toni me ligou, ele queria fazer um documentário do meu livro: O TREM. Acabou não dando certo, porque a CPTM não liberou e fazer tudo clandestino não daria. Mas, viramos grandes amigos.

TONI NOGUEIRA, O INCANSÁVEL Por: Alessandro Buzo Antes de entrevistar o Toni Nogueira, queria contar como o conheci. Na verdade tudo começou (sem ele), na redação da Revista Caros Amigos, na Vila Madalena. Marilda (minha esposa) e eu saímos da quebrada, várias conduções até lá pra prestigiar o lançamento de um livro do Guilherme Azevedo, jornalista que anos antes (2000) havia escrito a matéria comigo: “O POETA PEGA O TREM”, falando do meu primeiro livro e viramos amigos. Ele me ajudou num momento muito difícil da minha vida. Precisava prestigiar ele. Lá ficamos numa mesa, estava rolando uns coquetéis de whisky, bem lokos, várias breja... Guilherme Azevedo sentava sempre com a gente, colou o fotografo Marcelo Min e certa hora colou um japonês (na verdade, filho de coreano), mas oriental pra mim era tudo japonês. O Marcelo já era oriental, chegou o Douglas Kim. Ele era sócio do Toni Nogueira na DGT Filmes. Papo vai, papo vem, breja vai, breja vem...... batida de whisky pra cá, pra lá. Disse que faria um show do RZO pra arrecadar fundos pra lançar meu segundo livro. Tinha data e tudo, era verdade. O show aconteceu na quadra da Escola da Samba Unidos de Santa Barbara no Itaim Paulista. Foi histórico, teve Dina Di, Negra Li e a banda toda de Pirituba. O Douglas Kim disse: - Eu vou filmar esse show, editar e te entregar em Fita VHS. Eu: - Da hora. Imagina se a palavra de um japonês bêbado, na Vila Madalena, falando que gravaria, editaria e publicaria meu show no Itaim Paulista iria valer? Nem levei em conta. Na semana do evento o telefone de casa (que a telefônica estava louca pra cortar por falta de pagamento) tocou.... - Buzo? - Sou eu. Quem é? - O Douglas Kim, lembra... o japonês lá da Caros Amigos, lançamento do Guilherme Azevedo.

Com a DGT FILMES cheguei à TV, eles criaram o quadro do BUZÃO - CIRCULAR PERIFERICO para o Programa Manos e Minas na TV Cultura, além de juntos termos feito, sem captar um único real, o filme PROFISSÃO MC. Agora, vamos saber mais desse ilustre paulistano nessa entrevista exclusiva. Alessandro Buzo: - Quem é o Toni Nogueira por ele mesmo ? Toni Nogueira: Difícil falar em causa própria, mas vamos lá. Um apaixonado por tudo que faço, não sei pegar leve...a alma as vezes quer sair pelo peito!!! Buzo: Lembra do dia que almoçamos pra falar do documentário do trem que nunca saiu ? Toni Nogueira: Lembro bem. Foi na Zona Cerealista, eu te liguei pra falarmos de um projeto de documentário baseado no livro “O Trem”, primeira edição. Era pro DocTv da Cultura, e contava a estória fantástica dos vagões das galeras. Buzo: Conte-nos sua trajetória ? Cineasta, músico? Toni Nogueira: Esse papo é meio longo. Comecei com a fotografia e a bateria mais ou menos ao mesmo tempo, com uns 10 anos. Meu irmão mais velho tocava jazz e eu estava aprendendo, ouvindo Jorge Ben e Oscar Peterson na vitrola enquanto tocava. Uns caras de uma banda de rock procuraram meu irmão pra entrar no grupo e ele disse que não era a praia dele e me indicou, comecei imediatamente e aos 13 anos era baterista profissional com a banda “Os Lunáticos”, a gente tocava rock


instrumental e por isso começamos a acompanhar os grandes nomes da época, Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléia, Tony e Cely Campelo e aí vai...além disso fazíamos os famosos “mingaus” da época, bailes matinês aos domingos no Paulistano, Pinheiros, Ipê, Transatlântico e outros. Ganhei a maior grana na época. A banda também abria shows noturnos no Urso Branco pro Ronnie Von. Já o cinema veio mais tarde, na época da ditadura os milicos que governavam o Brasil lançaram um slogan logo na época em que o Caetano e o Gil foram exilados que dizia “Ame-o ou deixe-o” e eu deixei, me auto exilei...fiquei 21 anos fora do Brasil !!! Em Londres conheci o pessoal do cinema “Udigrudi”, que era na época o cinema de vanguarda brasileiro acontecendo no exílio e através do Guará Rodrigues, que virou um grande amigo depois, comecei a fazer still pros filmes que estavam sendo rodados na época, era muito louco fazíamos dois longas por semana, o Julio Bressane filmava de manhã e o Neville D’Almeida a tarde, mesma equipe e mesmos atores só mudava o filme, o Julio filmava “Crazy Love” e o Neville “Os 7 Gatinhos” Depois disso fui morar em Nova Iorque, onde fiquei por 10 anos e voltei a ser músico profissional, lá fundei a Escola de Samba Empire Loisaida no East Village da qual fui presidente por 6 anos, chegamos a fazer um desfile com mil pessoas. Toquei com muita gente da cena musical em Nova Iorque nessa época. Arto Lindsay, John Lurie, Naná Vasconcelos e abrimos pro Duran Duran no Madison Square Garden pra 25 mil pessoas, nesta época o Samba tomou Nova Iorque de assalto. A Elza Soares fazia show semanal na quadra da Escola. Buzo: Quantos anos você completou dia 19/11/13? De onde vem tanta energia pra nadar, pedalar, andar de caiaque ? Toni Nogueira: Bem, completei 66 anos, quer dizer estou vivendo meus 67 anos, vale lembrar que é o Dia da Bandeira. A energia vem principalmente da cabeça, descobri, numa viagem que fiz em 2000 que quando a gente põe na cabeça que vai fazer alguma coisa é só cumprir tabela a cuca manda, foi uma pedalada animal de Ubatuba até a Bahia com o coreano Douglas kim da história que você contou lá em cima. Foram 1100 quilômetros em 11 dias... depois disso não parei mais, costumo dizer que prefiro remar do que rezar!!! Hoje em dia estou surfando, aprendi aos 65 anos. Acabo de fazer Recife/ Natal de bike pelas praias 400 quilômetros. Buzo: O que é a DGT FIlmes ? Toni Nogueira: A DGT é um sonho que está se tornando realidade, depois de 15 anos trabalhando e aprendendo muito começamos agora a vislumbrar uma possibilidade de sucesso. Este mês lançamos no circuito comercial nosso longa documentário “Qualé o Teu Negócio? No Espaço Itaú de Cinema. É um filme que mostra a força dos microemprendedores das periferias de São Paulo e Rio de

Janeiro. Fizemos também recentemente um filme com a direção da Helena Ignez e o Ney Matogrosso como ator que está fazendo sucesso nas mostras e festivais, “Poder dos Afetos”. Finalmente a parceria com a Suburbano Convicto gravando o quadro Cultura da Periferia pro SPTV da Globo com a apresentação do Buzo, quadro que é um privilégio estar fazendo há 5 anos, contando o Buzão Circular Periférico e o Cultura de Periferia. Buzo: Porque aceitou fazer Profissão MC ? Toni Nogueira: Em primeiro lugar porque você ficou no meu pé uns 2 anos falando que queria fazer o filme, na verdade achei que era no momento certo, eu estava tranquilo na DGT e há muito queria fazer o filme. Foi uma experiência fantástica, o pessoal da favela, nossos amigos atores, o convívio com o Criolo, foi tudo mágico e rápido. Sem um tostão pra produção e parecia Hollywood!!!

Buzo: O que te deixa feliz ? Toni Nogueira: Câmera na mão, estar com os amigos, tocar um pandeiro, remar em alto mar, dar umas boas pedaladas, pegar umas ondas e ficar com a minha família linda!!! Esqueci...uma geladinha que ninguém é de ferro né? E fazer planos. Buzo: A DGT Filmes acaba de lançar QUALÉ O SEU NEGÓCIO, sucesso hein? Fale disso? Toni Nogueira: Até eu que sou um otimista incurável me surpreendi com o sucesso do filme antes mesmo de ser lançado!!! Produzimos o filme certo na hora certa, tanto que está sendo lançado exatamente na semana do empreendedorismo. O filme ficou muito legal, os personagens dão depoimentos emocionados, tem uma trilha genial e uma pegada artística industrial. Buzo: 2014, Planos do Toni e da DGT Filmes

pro futuro ? Toni Nogueira: Gostei da pergunta, dá pra filosofar um pouco. Praia, praia e praia...que mais??? Fazer uma grande viagem de bike em 2015 e pra DGT estamos com o gás no máximo, meu parceiro e grande amigo Gag finalmente ficou meu sócio e está com a corda toda escrevendo roteiros e projetos, dirigindo e montando filmes, acrescente a chegada do Melloni na administração e negócios. Estamos fazendo o que gostamos vendo a luz no meio do túnel, tá chegando...

Quadro SP CULTURA do SPTV da Globo. Alessandro Buzo apresenta o quadro SP CULTURA aos sábados no SPTV 1a edição de Rede Globo. Há 2 anos no ar, levando a cultura da periferia pro grande público. Não me orgulho de ter chego a Globo e sim de ter levado a periferia junto. Alessandro Buzo


Tramas Urbanas: a coleção literária que garante a voz urbana e das periferias brasileiras Heloísa Buarque de Hollanda fala sobre os 30 volumes que narram histórias sociais e culturais pelo país Por Jéssica Balbino*

Em cada livro uma história e desde que surgiu, a coleção Tramas Urbanas, da editora Aeroplano que desde 2008 já lançou 30 volumes com vivências periféricas e de transformação espalhadas pelo Brasil. São grupos musicais, coletivos culturais, iniciativas próprias e singulares, que transformam as quebradas do país. Por trás delas, a escritora, crítica literária e professora Heloísa Buarque de Hollanda, que nos anos 1960 descobriu o movimento da poesia marginal, feito por Chacal e a chamada ‘geração mimeógrafo’ e no século XXI conseguiu mapear e registrar, historicamente, o movimento urbano brasileiro.

“A coleção é uma parte da história cultural dessas últimas décadas, contada pelos protagonistas dos projetos, ações e movimentos que fizeram a diferença no panorama social e cultural das cidades brasileiras”, resume Heloísa. Histórias sobre a Cooperifa, o evento Favela Toma Conta de São Paulo, o Cine Mate com Angu do Rio de Janeiro, o Bagunçaço em Salvador, Memórias de Vigário Geral, poesias revoltadas, coletivos de graffiti, de motoboy, a grife Daspu, o movimento hip-hop, o technobrega, a literatura marginal, dissertações de mestrado e teses de douto-

rado ganharam vida, cores e fotografias nas páginas dos volumes publicados e que ocupam mais do que mentes acadêmicas, trazem anônimos como protagonistas de suas vivências. Houve, segundo Heloísa, a tentativa de sair do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, embora nem sempre tenha sido fácil. Existem histórias contadas a partir de Pernambuco, Minas Gerais e Bahia, sem falar na pesquisa do mexicano Alejandro Reyes, que discorre sobre a cena da literatura marginal tanto no Brasil como no México, mas ainda há muito fora da Tramas


Urbanas e que poderia virar livro. Contudo, para quem está envolvido, mesmo que não nas histórias que se tornaram livros, o momento é de comemoração. “Orgulho de fazer parte dessa história. Peguei o projeto já rolando, mas de todos os títulos, fiz 25. Ô sorte! Ler estes livros mudou minha percepção sobre as coisas. Sem papo clichê, na boa, mudou mesmo. Pessoas incríveis com histórias avassaladoras. Afinal, não é sempre que você conhece gente assim: de verdade, gente como a gente. A sensação que eu tenho ao fazer os livros é essa: que eu sei daquela pessoa mais do que na verdade sei. Que eu aprendi alguma coisa que seja sobre a vida, ou algumas, vai. E só tenho a agradecer ao destino/ao acaso/ à vida/ ao que quiserem chamar, por este encontro lindo, lindo!”, pontua Camilla Savoia, a coordenadora editorial da coleção. Questionada sobre o momento e o que as obras representam, Heloísa revela que pensou menos em literatura e mais em história quando organizou a coleção, que foi viabilizada com recursos da Petrobras. “O efeito colateral do projeto foi irrecusável. Surgiram escritores que perderam o medo do papel e já estão escrevendo novos livros sem a responsabilidade de se ater aos seus projetos. Sem dúvida, desse conjunto nasceram e nascerão escritores que vão inovar por seu ineditismo e sua dicção particular”. Um exemplo disso é Marcus Faustini, que incentivado pelo curador da coleção, Écio Salles, escreveu o Guia Afetivo da Periferia e no último mês passou a assinar uma coluna no jornal O Globo, onde conta, em doses semanais, um pouco da periferia fluminense e já prepara um novo livro. Contudo Heloísa reconhece que tem estudado desde o início dos anos 1990 a ascensão da cultura da periferia e que se impressiona com o vigor, com as novas linguagens e novas políticas. Para ela, a voz que emerge das periferias e dos centros urbanos do país merecia continuar própria e não ser curvado a mais estudos acadêmicos ou jornalísticos, daí surgiram os convites a diferentes homens, mulheres e coletivos para que reportassem as próprias histórias e foi criada a Tramas Urbanas. “A coletânea reinventa as formas narrativas da periferia, das cenas urbanas, do Brasil como um todo, ao resgatar momentos e movimentos que acontecem em diferentes partes e transformá-los em uma coleção tão peculiar, tão única. É impossível ler um volume só. A medida que você vai conhecendo as histórias, vai ficando ansioso para ler as outras”, disse o artista Danilo Prates, que coleciona os volumes da Tramas Urbanas. Ponto mais uma vez para Heloísa Buarque de Hollanda, que para os próximos anos tenta conseguir a publicação de pelo menos mais 10 novos volumes. Serviço – Outras informações sobre a coleção podem ser acessadas no site www.aeroplanoeditora.com.br/categoria/tramas-urbanas/ *Jéssica Balbino é jornalista

Nelson Mandela vive! Nelson Rolihlahla Mandela é um importante líder político da África do Sul, que lutou contra o sistema de apartheid no país. Nasceu em 18 de julho de 1918 na cidade de Qunu (África do Sul). Mandela, formado em direito, foi presidente da África do Sul entre os anos de 1994 e 1999. Luta contra o apartheid O apartheid, que significa “vida separada”, era o regime de segregação racial existente na África do Sul, que obrigava os negros a viverem separados. Os brancos controlavam o poder, enquanto o restante da população não gozava de vários direitos políticos, econômicos e sociais. Ainda estudante de Direito, Mandela começou sua luta contra o regime do apartheid. No ano de 1942, entrou efetivamente para a oposição, ingressando no Congresso Nacional Africano (movimento contra o apartheid). Em 1944, participou da fundação, junto com Oliver Tambo e Walter Sisulu, da Liga Jovem do CNA. Durante toda a década de 1950, Nelson Mandela foi um dos principais membros do movimento anti-apartheid. Participou da divulgação da “Carta da Liberdade”, em 1955, documento pelo qual defendiam um programa para o fim do regime segregacionista. Mandela sempre defendeu a luta pacífica contra o apartheid. Porém, sua opinião mudou em 21 de marco de 1960. Neste dia, policiais sul-africanos atiraram contra manifestante negros, matando 69 pessoas. Este dia, conhecido como “O Massacre de Sharpeville”, fez com que Mandela passasse a defender a luta armada contra o sistema. Em 1961, Mandela tornou-se comandante do braço armado do CNA, conhecido como “Lança da Nação”. Passou a buscar ajuda financeira internacional para financiar a luta. Porém, em 1962, foi preso e condenado a cinco anos de prisão, por incentivo a greves e viagem ao exterior sem autorização. Em 1964, Mandela foi julgado novamente e condenado a prisão perpétua por planejar ações armadas. Mandela permaneceu preso de 1964 a 1990. Neste 26 anos, tornou-se o símbolo da luta anti-apartheid na África do Sul. Mesmo na prisão, conseguiu enviar cartas para organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação racial no país. Neste período de prisão, recebeu apoio de vários segmentos sociais e governos do mundo todo. Mandela morreu em dezembro de 2013




Como nasceu o Boletim do Kaos de fanzine a jornal Por: Alessandro Buzo

Em dezembro de 2000 eu lancei meu primeiro livro: O Trem - Baseado em Fatos Reais. Quinhentos exemplares... naquele tempo não existia essa cena de saraus de hoje.Depois que lancei, por pura falta de experiência, na véspera do Natal, o que fazer com os outros 490 exemplares? Entre doados e vendidos foram uns 10 nesse dia. Internet ? Blog, Twitter, Facebook ? Não tinha nada disso naquele tempo no Itaim Paulista, eu duro, devendo o livro. Pela manhã, meu primo Magú, que era pichador, pichava FOTS (Formação Organizada Tinta Spray), ele é pai de gêmeos e trabalhava (ficou nesse trampo mais de 10 anos) na Avenida Paulista. Magú passava em casa e a gente ia junto, a pé, pra Estação Itaim Paulista, pegar o trem. No caminho mil ideias na mente. O Magú, no trampo dele, tinha acesso a internet e contava que o barato iria ser o futuro e passou a me ajudar divulgar meu livro. Apesar de vender pouco no lançamento, depois vendi bastante livro no meu trabalho (empresa Super do Brasil, que bancou 1/3 do valor) e teve uma mídia. Saí no dia do lançamento (24/12/2000),em meia pagina no Jornal da Tarde, no mês do lançamento 2 paginas na Revista Caros Amigos e fui ao programa Musikaos da TV Cultura. Em 2001, livro pra vender e muita dívida pra pagar... Nas conversas entre mim e Magú, ele falou: - Sabe o que é um fanzine ? Respondi: - Não. Ele sacou um fanzine punk, me disse que era uma revistinha em fotocópia e propôs que fizéssemos um e em todas as edições a gente falaria do livro, anunciaria a venda. O nome? Boletim do Kaos, com “K”. Influência do programa Musikaos, que eu tinha participado, o Magú tinha ido no dia. Era gravado no Sesc Pompeia. A gente fazia, textos, poesias, anúncio do livro e colagens.O Magú fazia umas 50 cópias no trampo dele, fez por muito tempo. Saía quando dava, quando era possível fazer as cópias. Muitas edições eu paguei do meu bolso. Depois que o Magú não pode mais fazer - nem o jornalzinho comigo e nem as Xerox -assumi sozinho. Era mais de vez em quando ainda, alguns com tiragens pequenas de 30, 50 exemplares.

Circulou por muitos anos, no Itaim Paulista, nos trens lotados (espalhando assim pra São Miguel, Itaquaquecetuba e região), muita gente pedia: - Cadê o jornalzinho, a revistinha? Comecei, anos depois a fazer uns corres no Fábricas de Cultura do Governo do Estado, era o início do projeto que culminou com os prédios do Fábricas que existe hoje, no primeiro ano foram oficinas culturais nos bairros que anos depois receberiam os prédios. Eu fazia literatura numa Ong no fim da rua da minha casa no Itaim Paulista, já era um pouquinho mais conhecido. Com essa aproximação na Secretaria de Estado da Cultura e a amizade do Pádua. Passei a fazer o Boletim do Kaos semanal e as fotocópias eu fazia lá. Passou a ser 200 exemplares por semana. Brincava que o Kaos era igual a Veja: semanal. O fanzine se espalhou e ficou famoso. Lá na frente, eu fazia matéria pra Revista Rap Brasil, eu e o Alexandre de Maio, escrevemos a Revista Literarua, que nunca chegou a ser publicada... não achamos editora. O projeto da revista e as matérias escritas, com Lourenço Mutarelli, Ferréz, Sérgio Vaz e outros estavam guardadas, engavetadas. Fui a uma reunião no Itaú Cultural pedir apoio financeiro pra projetos que estavam acontecendo. Nessa reunião sugeri que o Itaú Cultural patrocinasse o Jornal Boletim do Kaos, evolução do fanzine que teve 151 edições. As matérias do primeiro jornal estava prontas. Era a Revista Literarua (depois o Toni C. pegou esse nome pra ele). O Itaú Cultural disse que bancaria 3

meses. Abril a Junho de 2009. Com a repercussão, acabou renovando por mais 6 meses, de julho a dezembro.Eles sempre disseram que o apoio não seria permanente, achavam que sobreviveríamos de anúncios, mas isso não rolou. O Kaos parou e o povo pedia, queria. Muita gente mandou e-mail, sendo solidários, declarando apoio ao KAOS. Com tudo isso ficamos sem publicar por 3 anos e meio. Só em julho de 2013, com a parceria firmada entre Suburbano Convicto Produções e Uninove, o jornal voltou às ruas, 20 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em São Paulo. Essa é a história. Boa leitura.


Célia Nogueira e Emicida que foi lançar CD na Livraria Suburbano Convicto

Poetisa Patrícia Candido e sua filha Dandara.

Sarau Portas Abertas.... você se sente “em casa”. Por: Alessandro Buzo

No bairro das Pimentas em Guarulhos-SP, acontece um SARAU diferente de todos os outros. Conheço Sarau em Biblioteca, livraria, boteco e outros lugares, mas a pergunta que não quer se calar. - Você faria um sarau na sua casa ? É justamente isso que a poetisa Patrícia Cândido e sua filha Dandara fazem. O Sarau Portas Abertas acontece na cozinha da casa delas. A casa oferece além do acolhimento, um delicioso Hot Dog e refri. Os poetas que um a um vão chegando, são convidados a trazer um prato, como diz a Patrícia: - Cheio. Assim aparece salgadinho, bolo, vinho. Todo mundo sai alimentado de comidinhas e muita poesia. Patrícia conheceu um Sarau na Penitenciária Feminina do Butantã, onde cumpria pena. Prometeu que assim que ganhasse a liberdade, iria atrás dos Saraus que acontece nas quebradas, ela tinha visto um na TV, ainda presa. Quando saiu, cumpriu o prometido e passou a frequentar os saraus, fez amigos e recebe eles em sua casa pro SARAU PORTAS ABERTAS, uma vez por mês. A edição de dezembro vai ser dia 14/12/13, a partir das 14h30. Serviço: Rua Lago de Pedra, 409 - Pimentas Guarulhos - SP ENTRADA: Gratís * Leve um pratinho, cheio. E bom sarau.

Akins Kinte e Tubarão Dulixo na Uninove Vila Maria

Vera Campos e Xantilee no Sarau Suburbano

Clicando o Movimento Fotos de Marilda Borges

A fotógrafa Marilda Borges da Suburbano Convicto Produções a mais de uma década clica o movimento Hip Hop e a Literatura Marginal, a partir dessa edição do Boletim do Kaos vamos sempre ter a coluna “Clicando o Movimento”, com fotos dela.



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