Catálogo Arte na Luta

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ESTA PROGRAMAÇÃO É DEDICADA ÀS MEMÓRIAS DE FLÁVIO HENRIQUE (1968-2018) & MARIELLE FRANCO (1979-2018)


arte na lutA 1968-2018. Cinquenta anos depois dos eventos de maio de 1968 na França, A Primavera de Praga, A Passeata dos Cem Mil, o movimento dos direitos cívicos nos EUA contra a guerra do Vietnã, vamos refletir sobre o papel da arte na luta. O que incentivou Picasso a pintar Guernica em 1937? Obra máxima do cubismo, nela Picasso expõe os horrores da guerra, representando o bombardeio ocorrido na pequena cidade espanhola de Guernica, por aviões nazistas apoiados pelo ditador Franco. Dois anos antes, ele afirmou: “Não, a pintura não é feita para decorar apartamentos. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo”.

“A imaginação no poder”, “Está proibido proibir”, gritaram e picharam os manifestantes de Mai 68. Naquele ano, vários foram os conflitos que eclodiram mundo afora, opondo, nos campos de batalha da política, da cultura, das artes e das lutas, entre os mais diversos grupos, interesses e visões de mundo, dando origem à

8 projetos selecionados 1 mostra coletiva de abertura 1 exposição mensal março - dezembro 2018 contracultura. Desde então, lutas pela defesa dos direitos civis e do meio ambiente, acesso a educação, igualdade sexual e de gênero, liberdade de expressão, diversidade cultural e tantos outros ideais surgiram e continuam a cada dia sendo essenciais à sociedade. Em momentos de crise, a arte é sempre um meio de denunciar, resistir, combater, e às vezes de falar quando não há mais palavras. Ao longo do ano de 2018, através dos 8 projetos selecionados, vamos reiterar que acreditamos no poder da arte, da cultura e da educação para promover tolerância, abertura, curiosidade, diálogo, humor, igualdade, diversidade, e também para combater o ódio, o medo do outro, a ignorância, a corrupção, o racismo, a irresponsabilidade e o radicalismo. “Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Pra não dizer que falei das flores – Geraldo Vandré, 1968. Pierre Alfarroba DIRETOR ALIANÇA FRANCESA BH


POR UMA ARTE LIVRE E DEMOCRÁTICA Manifesto do coletivo Arte na Luta, formado pelos artistas participantes da ocupação da Galeria Georges Vincent - Aliança Francesa Belo Horizonte, durante o ano de 2018.

“Eu sou porque nós somos.” Marielle Franco Em meio ao conturbado momento político, econômico e social do Brasil nos últimos anos, e conscientes de que momentos como esse atingem diretamente os setores de arte e cultura, nos unimos como agentes desses setores, posicionando-nos: • Por uma batalha assídua e constante contra a censura, pelo direito de fazer arte, expressar opiniões e ocupar o espaço público; • Pela socialização/acessibilidade da arte e pela sua desmistificação como privilégio. Arte, subjetividade e pensamento crítico são direitos de todos; • Pela arte social como ferramenta essencial dos nossos tempos em defesa da democracia, do debate, da tolerância e da evolução da sociedade, valorizando a diversidade do nosso país como nossa maior força; • Pela defesa da luta feminista e da ênfase na mulher como agente fundamental na mudança de padrões que não mais condizem com a sociedade que vislumbramos, e pelo apoio à participação das mulheres na política sem que sejam perseguidas, assassinadas, destituídas, desrespeitadas, hostilizadas ou diminuídas; • Pela liberdade como essência para que seja possível criar, construir, questionar, atuar externa e internamente, desenvolver o autoconhecimento e a potência como indivíduo único a serviço do todo, se colocando no mundo com sua criatividade e transcendendo ao individualismo por meio da solidariedade, por estarmos todos interligados;

• Pela memória e homenagem a todas as cidadãs e cidadãos que não se omitiram contra a opressão, a violência, a repressão, a desigualdade e a injustiça ao longo da história do Brasil, especialmente durante o período da ditadura militar, para que não se repita. Contra a cultura do esquecimento e pela continuação da luta de cada uma dessas pessoas, que aqui se fazem, sempre, presentes. Belo Horizonte, 5 de abril de 2018 Anna Göbel, Carolina Botura, Flávia Ventura, Gilmara Oliveira, Isabella Leite, Karine Assis, Marcel Diogo, Marina Morais, Vinícius Rezende, Zi Reis


AS EXPOSIÇÕES GALERIE GEORGES VINCENT 2018 ARTE NA LUTA DATA

ARTISTAS

TÍTULO

05 de abril - 20 de abril

Mostra Coletiva

Lançamento programação ARTE NA LUTA

26 de abril - 17 de maio

Fl ávia VENTURA

TRAMAS DA RESISTÊNCIA

24 de maio - 21 de junho

Carolina BOTURA

AMET VORTEX

28 de junho - 19 de julho

Anna GÖBEL

TERRA FÉRTIL

26 de julho - 23 de agosto

Marcel DIOGO

AQUI TUDO PARECE QUE É AINDA PARAÍSO E JÁ É INFERNO

30 de agosto - 20 de setembro

Gilmara OLIVEIRA

DO QUE O CORAÇÃO EST Á CHEIO

27 de setembro - 18 de outubro

Karine ASSIS, Marina MORAIS & Vinícius REZENDE

FEITO SÍSIFO

25 de outubro - 22 de novembro

Isabella LEITE

CORPOS POLÍTICOS

28 de novembro - 20 de dezembro

Zi REIS

E AGORA MARIA

OU SOBRE COMEÇO, MEIO E FIM


O JÚRI MIRELLA SPINELLI

AFONSO ANDRADE

Afonso Andrade é Graduado em História pela FAFICH, em 1990. Na Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais foi diretor de Arquivos Permanentes do Arquivo Público Mineiro, de 1993 a 1995; Diretor de Projetos e Atividades Especiais, de 1995 a 2002 e Diretor de Projetos Culturais, de 2003 a 2004. Na FMC de BH foi assistente de curadoria do Salão do Livro de Minas Gerais, de 2005 a 2007 e Desde 2007 é coordenador e curador do FIQ BH, o maior evento de quadrinhos no Brasil. Atualmente, além do trabalho no FIQ, é gestor cultural na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa.

REBECA PRADO

Rebeca é formada em Artes Visuais pela UFMG, com especialização em Cinema de Animação. É autora dos livros Navio Dragão e Baleia #3, ambos lançados por financiamento coletivo, e diversos fanzines. Atualmente trabalha como ilustradora, atendendo aos mercados editorial e publicitário, e é roteirista para a Maurício de Sousa Produções. Além disso, é professora da Casa dos Quadrinhos e possui diversos projetos pessoais em

andamento.como Gravura Brasileira – SP, Hangzhou Print Exchange/University Sains – Malásia, Galeria Anna Maria Niemeyer – RJ, Pinacoteca Benedicto Calixto – SP.

PIERRE ALFARROBA

Pierre é formado em Antropologia e História pela Universidade James Cook (Austrália), em Ciências da Linguagem, e com mestrado em didática e ensino da língua francesa para estrangeiros, pela Universidade Paris 5. Começou sua carreira na rede das Alianças Francesas em 2006 na cidade de Jos, Nigéria. De 2008 a 2012, foi diretor da Aliança Francesa de Malé, nas Maldivas, e posteriormente da Aliança Francesa de Porto Said no Egito. Desde 2012 é engenheiro de estudos no CNRS (Centro Nacional Francês da Pesquisa Científica), e foi secretário geral do Instituto de Ciências da Comunicação do CNRS, Paris, até 2014. É o diretor da Aliança Francesa de Belo Horizonte desde Outubro de 2014.

AS EXPOSIÇÕES ARTE NA LUTA

Mirella nasceu em São João del Rey, cidade histórica mineira que alimentou sua imaginação e sua criatividade. Após concluir o curso de Artes Visuais da UFMG, ela se especializou na PUC e na FUNDEP-UFMG. Como ilustradora, já publicou vários livros a vocação educativa e didática, assim como quadrinhos. Mirella também foi professora de desenho de observação e teoria da cor na FUMEC e está atualmente envolvida em vários projetos artísticos.


TRAMAS DA RESISTÊNCIA Flávia Ventura

(d e s e n h o , p i n t u r a , b o r d a d o & i n s t a l a ç ã o)

A exposição apresenta trabalhos inéditos desenvolvidos entre 2017 e 2018 com base nos acontecimentos recentes do cenário político brasileiro, sob a ótica da mulher como personagem atuante nas lutas por justiça social e liberdade de expressão. Os trabalhos passam por referências a grandes artistas e músicos que levantaram voz em momentos críticos da história política do Brasil antes e agora, como Hélio Oiticica, Rosana Paulino, Gonzaguinha e MC Carol, e trazem um caráter experimental da mistura de técnicas e materiais tradicionais da produção artística com os do universo da costura e da estética corporal. Linhas se misturam às tintas e maquiagens, tecidos se misturam aos papéis. A reconstrução e ressignificação de técnicas e materiais refletem no próprio conceito de (r)evolução social, política e de costumes que só são possíveis pela coragem de arriscar sobre novas formas de ação e pensamento. Os trabalhos abordam questionamentos que passam pela mulher silenciada e alienada pelas estruturas da sociedade, até a mulher transgressora que luta contra essas mesmas estruturas. Trazem, ainda, reflexões sobre democracia, construção coletiva e a beleza das utopias.

BIOGRAFIA

Flávia Ventura Graduada em Design de Moda (form. comp. Artes Visuais) pela Escola de Belas Artes – UFMG e graduanda em Artes Plásticas pela Escola Guignard – UEMG. Com uma pesquisa baseada na experimentação de linguagens e suportes, investiga a complexidade da representação do corpo da mulher como corpo político inserido em uma sociedade de consumo, e suas relações com o universo do vestuário e os conceitos de gênero, passando por temas como religião, família e sexualidade. Ao mesmo tempo, explora a valorização das formas de expressão tradicionalmente relacionadas ao universo considerado “feminino”, incorporando os saberes de costura e bordado às técnicas convencionais do fazer artístico. Saberes esses que carregam uma rica fatia da nossa cultura ao longo dos tempos contando histórias, e que podem ser desconstruídos, recriados e reaplicados também como uma forma de resistência, em uma sociedade onde as atividades culturalmente realizadas por mulheres são frequentemente desvalorizadas.


AMET VORTEX

Carolina Botura (a m b i a n t e ERA ELA ERA ELE O NOME DE UM ERA APENAS UM NOME PARA CHAMAR O NOME DO OUTRO ELA DISSE DIGA O MEU NOME E EU DIREI O SEU DE VOLTA

i n s t a l at i v o)

BIOGRAFIA Carolina Botura é poeta, artista plástica e performer. Graduada em Pintura e Escultura pela Escola Guignard – UEMG. Suas pesquisas envolvem tempo, natureza, animalidade, dinheiro, fogo, choque, explosão, amor, violência, magia, movimento, feminismo, noise e morte. Trabalha cruzando linguagens tendo a ação como disparadora de sua criação em diversas mídias. É co-idealizadora e locuradora da Vespa* e da Ex Tre Ma. Integra os projetos de investigação sonoplástica Karø e Basilabusi.


TERRA FÉRTIL Anna Göbel (g r a v u r a

& d e s e n h o)

Num cenário caótico de um mundo em crise e em conflito com a ética, o ambiente, a economia e a política, Terra Fértil surge como uma proposta que sensibiliza o visitante para a consciência de um ser integrado, capaz de resistir e transformar processos de conflitos em soluções que mudam sua vida. Utilizando materiais como acetato, papelão, lonas, restos de EVA e tintas comuns, como látex e betume, Anna Göbel propõe uma arte inclusiva que conclama aspessoas a vivenciarem processos criativos. Mais do que isso, sugere que mesclar elementos simples em ações que incluem diversidades de seres e opiniões impulsiona a humanidade a construir sistemas análogos à natureza que remetem a solos férteis onde germinam o amor e o respeito, como no encontro do rio com o mar, que resulta em um rico mangue. O projeto lança uma luz para que as pessoas observem seu entorno e tomem atitudes propositivas rumo à transmutação de energias vitais e ao crescimento de micro e macrossistemas que alimentam as relações entre os seres. Tematizada por Sombras, Sulcos e Matrizes, a exposição Terra Fértil mostra o reencontro da artista com a gravura em preto-e-branco e o processo de transição de sua arte até que incorporasse a cor. Marlene Peret

BIOGRAFIA Anna Göbel é artista plástica, escritora, ilustradora, professora e performer que carrega dentro de si o impulso da arte social. Nascida na Espanha, mas criada entre a Argentina e a Alemanha, seu país de origem, mora no Brasil desde 1995. É formada em artes plásticas pela Universidade de Belas Artes de Buenos Aires (ARG). Participou de mais de 50 exposições individuais e coletivas, que incluem xilogravuras, pinturas, instalações e murais, na Alemanha, Argentina, Chile, Finlândia e Brasil. Publicou 15 livros autorais e ilustrou importantes autores brasileiros. Há mais de 20 anos, trabalha com o retroprojetor, ferramenta que utiliza para tecer artes interativas que dialogam com outras linguagens artísticas. Além de professora especializada na pedagogia Waldorf, realiza trabalhos educativos e sociais em comunidades rurais e indígenas brasileiras, além de intervenções artísticas urbanas, que, na maioria das vezes, inclui trabalhos coletivos e em parceria com centros de educação e saúde, associações e projetos sociais.


AQUI TUDO PARECE QUE É AINDA PARAÍSO E JÁ É INFERNO Marcel Diogo (p i n t u r a)

Em Tristes Trópicos, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss escreveu: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.” Sobre essas mesmas ideias o antropólogo acrescenta: “O Brasil corre o risco de ficar obsoleto antes de ficar pronto.” O território brasileiro apresenta-se como promessa paradisíaca desde o início de sua construção, porém, revela-se infernal em seu cotidiano desigual. A série intitulada “Aqui tudo parece que é ainda paraíso e já é inferno” reflete sobre análises antropológicas e condições antagônicas do Brasil. Nessa série o fogo é o objeto principal. As telas apresentam chamas que desenham silhuetas de automóveis incendiados. talvez o automóvel incinerado em protestos nos grandes centros urbanos represente o desejo de purgar as mazelas sociais e reascender nas cidades melhores condições de vida. Talvez as chamas possam consumir o inferno e trazer o prometido paraíso.

BIOGRAFIA Marcel Diogo, natural de Belo Horizonte, é formado em Artes Plásticas, com habilitação em Pintura e Licenciatura em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes, Universidade Federal de Minas Gerais, 2006 e 2009. Desenvolve pesquisas em diversos meios, dentre os quais, destacam-se sua produção pictórica e projetos curatoriais independentes. Coordena o Atelier do Ressaca na fronteira entre Belo Horizonte e Contagem e faz parte da iniciativa CERCA | Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas.


DO QUE O CORAÇÃO ESTÁ CHEIO OU SOBRE COMEÇO, MEIO E FIM Gilmara Oliveira

(p i n t u r a & p e r f o r m a n c e)

A mostra apresenta trabalhos inéditos desenvolvidos no ano de 2017 baseados no cenário sociopolítico brasileiro contemporâneo, sobre o olhar feminino empoderado contra a violência, pela valorização do sagrado e do direito de fala e mobilidade. Mulheres invisibilizadas, menstruação que se torna azul em comerciais de TV e rótulos que se tornam naturais a todas aquelas que fogem ao padrão imposto pela sociedade patriarcal e as entendem como merecedoras de abuso. Partos, escolhas e imposições. Mulheres enquanto provedoras do Universo, sagrada e profana, amada e odiada pelo simples fato de ser ou não ser. A liberdade feminina de escolher os próprios rumos e apreciar o caminho sem preocupação com o destino. Sentimento e entendimento das feridas expostas de outrora. Orgasmo e ejaculação feminina. Tudo isso costurado a ações performáticas, que podem vir a surgir no decorrer, como reforço da luta.

BIOGRAFIA Gilmara Oliveira é graduada em Escultura pela EBA - UFMG (1998). Integrou coletivas no Brasil (2009 a 2013 e 20162017), em Portugal (2010), Alemanha (2010), Porto Rico (2010) e França (2011), com trabalhos bidimensionais; e desenvolve performances enquanto poética, desde 2012, pesquisando a ruptura da lógica cotidiana social como estratégia de partilha de reflexões acerca da banalização da violência entre gêneros e do feminicídio, utilizando o espaço urbano como local para as ações de quebra, sensibilização e fomento. Além dos trabalhos solo, dedica-se a projetos colaborativos horizontais pela VESPA, em parceria com Carolina Botura e pelo Ateliê Pé Vermelho, em parceria com Zi Reis. Suas mais recentes participações são: (Des)encontros - Lugar Onde Me Encontro Pelo Erro (2018), com a ação Até Que Um BASTA Nos Separe, no Teatro 171 (Belo Horizonte MG); e a Mostra Coletiva Mulheres a Caminho (Campinas SP) com a ação Pílulas do Esquecimento (2017), sobre a curadoria de Fausto Gracia e Cecília Stelini.


FEITO SÍSIFO

Karine Assis, Marina Morais & Vinícius Rezende (f o t o g r a f i a Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948

Diante de uma realidade cada vez mais latente de desamparo social, o ensaio fotográfico feito sísifo propõe olhar de perto o cotidiano laboral de trabalhadoras e trabalhadores que, por não terem autonomia diante do trabalho, repetem, diariamente, esforços para uma sobrevivência ainda que em condições adversas. As séries Estes ossos do ofício/quando pesa este corpo; mães solos; das adversidades; e anônimos são alguns dos recortes que sensibilizam para o trabalho sem finitude ou sem circunstâncias mínimas. Acreditamos que pessoas são dotadas de dignidade humana por terem valor em si mesmas. Há poder no sensível e no encontro como ativadores de poéticas e engajamentos. Na convivência e na representação, buscamos uma co-elaboração da imagem: os personagens, aqui, são representados da forma como o permitem ser. Entrar em convívio com o outro, com suas lutas e tensões, transpor a linha de si, e, então, poder retornar com um espírito de revisão e reconstrução frente às condições políticas do presente¹, é, para nós, desestruturar estados de anestesia do mundo contemporâneo. ¹ (BHABHA, 1998, p. 22)

& i n s t a l a ç ã o)

BIOGRAFIA Marina Morais é graduada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade. Tem experiência em várias áreas da criatividade e da comunicação visual. Hoje estuda processos criativos e economia colaborativa. Trabalha como fotógrafa e gestora de marcas com propósito. Acredita na criatividade, na troca e no aprendizado constante. Karine Assis nasceu na periferia de Belo Horizonte, é formada em Letras e produz, na cidade, encontros de literatura, mostras de cinema, educação e cultura da infância. É também mãe e acredita no trabalho cooperado e nas trocas afetivas. Também experimenta o trabalho com o corpo e a palavra. Vinícius Rezende é formado em Comunicação Social e trabalha com cinema desde 2011, como produtor, pesquisador, continuísta e assistente de direção. Roteirizou e codirigiu 2 curtas metragens, Carga Viva e Entre Portas e Escadas. Seu interesse pela imagem encontra-se com poéticas e questões periféricas e marginalizadas. Atualmente estuda antropologia.


CORPOS POLÍTICOS Isabella Leite (f o t o g r a f i a)

O Projeto Expositivo consiste na exibição de três séries fotográficas produzidas como forma de registro dos eventos: Gaymada, Duelo de Vogue e 20º Parada do Orgulho LGBT, eventos públicos, realizados em 2017, que utilizam linguagens artísticas para construção e afirmação de identidade. Desde o início da década atual, esses movimentos culturais surgem no cenário LGBT em Belo Horizonte, ganhando força e destaque. As estéticas contida nas expressões, gestos, maquiagens, acessórios, linguagens verbais específicas, entre outros elementos, são utilizadas como formas de significação corporal e política, possibilitando uma construção de caráter fortificador. Tanto para os grupos que se apresentam como para o público. O Projeto “Corpos Políticos”, objetiva uma reflexão em torno da diversidade a partir da apresentação de grupos socialmente engajados nas questões de gênero e suas várias formas de manifestação. A exposição carrega o desejo de inserir o visitante nos eventos retratados a partir das imagens, com o intuito de despertar os mais variados sentimentos que possam direcionar o olhar também para uma reflexão em torno das diferenças, das autonomias e ainda, possibilitar diálogos entre o público e a cidade, entre a obra e suas implicações. Nesse sentido, a fotografia é apresentada como elemento fortificador da imagem e de sua potência no campo do

corpo e da política. Forma-se nesse lugar, um cenário propício para pensar a reconstrução do olhar, onde seja contemplado o olhar para si a partir do exercício de olhar para o outro.

BIOGRAFIA

Fotógrafa desde 2013, a Mineira Isabella Leite é fruto da promissora cena artística belo-horizontina que efervesce a capital neste início de década. Na solidez e desenvolvimento de sua formação, frequentou cursos livres e Escolas, com destaque a Escola Guignard, Escola de Imagem, Metrópole e Estúdio Figa. Observadora íntima e sensível dos espaços humanos e de seus personagens, a fotógrafa explora a dialética entre o espaço e seus seres, posto que através de suas fotos documentais e portraits nos revela claramente sua identidade artística em seu delicado registro do grito e da evolução social deste tempo. Seu trabalho objetiva a possibilidade de capitar a totalidade do espaço e dos sujeitos na perspectiva de apresentar para além da imagem, as coisas que nem sempre os olhos conseguem enxergar.


E AGORA MARIA Zi Reis (t é c n i c a

m i s t a)

Palavra pequena é mundo – Palavra grande é mulher. A exposição E agora, Maria? reflete sobre o corpo feminino enquanto espaço efetivo de resistência, insubmissão e transgressão. Sobre a violência doméstica e o feminicídio, sobre os trabalhos de cuidado no lar e com a família. Provoca reflexões sobre os padrões de beleza muitas vezes impostos aos corpos femininos, apresenta memórias pictóricas e autobiográficas. As obras que apresento nesta exposição são compostas por pinturas, instalações, vídeos, fotografias, frames de vídeo e poesia. Há muito tempo as mulheres vem se organizando e lutando para que seus direitos sejam reconhecidos. Desde a luta pelo direito ao voto, a luta para poder ingressar em escolas e universidades e para decidir sobre seu próprio corpo. O meu trabalho é atravessado por estas questões. Sobre o que é ser mulher, sobre a violência e a dor, sobre os laços de família e sobre o empoderamento feminino.

BIOGRAFIA Zi Reis é artista visual, poeta, produtora cultural e arte educadora. Graduada em Artes Visuais | Habilitação em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG; formada em técnico de vídeo – Direção e Produção Audiovisual pela Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum! BH. Sóciofundadora da produtora audiovisual Placa Provisória Filmes. Seu trabalho transita por múltiplas áreas, especialmente a fotografia, o cinema, a pintura, a arte urbana e a escrita literária. Desde 2015 é gestora e coordenadora do espaço Cultural Ateliê “Pé Vermelho”. Localizado no bairro Nacional – Contagem - MG. O espaço é um ateliê aberto de criação, oferece oficinas de arte a comunidade, além de eventos, exposições, residências artísticas e cineclubes.


EQUIPE REALIZAÇÃO

ALIANÇA FRANCESA BELO HORIZONTE Vânia Carvalho Jacques Lévy Thierry Carré Lydia Muzzi CONSELHO DIRETOR Mirella Spinelli, Afonso Andrade, Rebeca Prado Pierre Alfarroba JÚRI / CURADORIA

Criada em 1883, a Rede das Alianças Francesas constitui a maior ONG cultural no mundo, com 814 unidades em 134 países e mais de 500.000 alunos. A Aliança Francesa de Belo Horizonte é uma associação brasileira sem fins lucrativos, fundada em 1944 com o incentivo do prefeito da época, Juscelino Kubitschek. Tem como principais objetivos ensinar e promover a língua francesa e as culturas francófonas, desenvolver intercâmbios culturais entre o Brasil e os países francófonos, e valorizar o território e os artistas locais. A Associação segue as diretrizes estabelecidas pela Fondation Alliance Française em Paris, através da Delegação Geral das Alianças Francesas no Brasil. Respeitando as especificidades locais, a Aliança Francesa de Belo Horizonte é um polo de referência para as outras Alianças Francesas e Centros Correspondentes do estado de Minas Gerais. Em 2015, a Aliança Francesa BH criou o seu departamento de português do Brasil para estrangeiros, com a ambição de promover e desenvolver a atratividade internacional da cidade de Belo Horizonte. Hoje, ela está situada em um belo casarão na região da Savassi e conta com uma estrutura moderna e um ambiente muito agradável. Agradecemos a todos os artistas que responderam ao edital, aos nossos parceiros, a nossa equipe, ao conselho diretor, aos nossos alunos e a todos que fazem viver a Aliança Francesa em Belo Horizonte. Merci!

Pierre Alfarroba DIRETORIA Helga Rodrigues, Giovani Marques ADMINISTRAÇÃO Mariana Lataliza COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Sandra Furtado, Leonardo Ferreira Leandro, Soraia Mouls, Amandine Cholez, Tainá Nunes Ferreira, Isabel Mendes Pinheiro, Luciana Esteves, Ana Luiza Lisboa, Andrea Ferraz, Luana Lins, Lucas Eugênio, Samuel Menezes, Hugo Gusmão, Lise Duval CORPO DOCENTE Juliana Castro, Karina Mitalle MEDIATECA Lucas Moraes Costa SERVIÇO CULTURAL Kelly Santos, Larissa Lara SECRETARIA Ylgner Gomes COMUNICAÇÃO Manoel Alves, Márcia Costa, Sílvia Maria de Oliveira, José Rodrigues Sobrinho, Carlos Roberto Reis SERVIÇOS GERAIS Alexis Néhout ESTAGIÁRIO RELAÇÕES PÚBLICAS & PARCERIAS


REALIZ AÇÃO E IDEALIZ AÇÃO

APOIO

APOIO CULTURAL

APOIO INSTITUCIONAL

RUA TOMÉ DE SOUZA, 1418 - SAVASSI. TEL.: (31) 3291-5187 afbh@aliancafrancesabh.com.br | aliancafrancesabh.com.br | facebook.com/aliancafrancesabh


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