Super Escola 20

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Uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus • Ano 6 • nº 20 • Maio / Junho / Julho

prenúncio de uma nova escola como as novas tecnologias podem ser utilizadas em favor da gestão de aprendizagem nos dias de hoje. qual o papel do professor na condução do processo?

o que responder aos pais no momento em que eles pretendem escolher a escola onde matricularão seus filhos

ctrl c + ctrl v A equação que caiu no gosto dos alunos quando o assunto é pesquisa na internet. de que forma orientá-los?

Entrevista – marcelo côrtes neri: pesquisador da FGV analisa os avanços do plano de desenvolvimento educacional (PDE) no país



Tem escolas que procuram o sucesso. nossos parceiros sempre encontram.

O sucesso educacional é alcançado sempre que uma equipe qualificada está por trás de um sistema de ensino diferenciado. Nossa proposta é tão ampla na área da educação que é impossível descrevê-la em apenas uma página. Por isso, convidamos você a agendar uma visita e conhecer tudo que o Sistema de Ensino Pueri Domus pode fazer pela escola, pelos pais, pelos alunos e pelos educadores.

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editorial

O futuro é agora

E

stamos em nossa 20ª edição, trazendo matérias especiais sobre educação. No último mês de maio ocorreu a 18ª edição da Educar, maior feira internacional de educação da América Latina, realizada durante quatro dias, no Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo com o propósito maior de refletir sobre formas de aprimorar a educação e a maneira como ela dever ser conduzida no Brasil.

além de soluções efetivas que já estão sendo implementadas e que podem auxiliar mantenedores e docentes nessa mudança de mentalidade.

É certo que, nos últimos anos, incrementamos nossos indicadores, mas o nível educacional do brasileiro encontra-se ainda em um patamar muito baixo em comparação a outras realidades internacionais: com 7,27 anos de estudo para a população com 25 anos ou mais de idade.

Por falar em olhar vanguardista, trazemos ainda uma justa homenagem à Irmã Norma Maria Ravazzi, cuja história de vida se confunde com a do Colégio Ressurreição Nossa Senhora do Calvário, em Catanduva. Falecida recentemente, Irmã Norma deixou-nos preciosos ensinamentos e projetos ligados à área de responsabilidade social, envolvedores de comunidades em torno da instituição, uma tecla em que temos “batido” com frequência nas reportagens e que pode trazer inúmeras contribuições ao processo de aprendizagem.

Apenas para ter uma ideia, o país com o pior IDH do mundo, o Zimbábue, tem exatamente a mesma escolaridade média. Ou seja, precisamos revisitar conceitos e agir prontamente, como nos indica o pesquisador Marcelo Côrtes Neri, da Fundação Getulio Vargas, entrevistado com exclusividade nesta edição.

A edição da Super Escola trata ainda sobre a pressão relacionada à cultura de alta performance e como as crianças são cobradas desde a educação infantil a mostrar bons resultados dentro e fora da sala de aula. O que isso compromete o futuro desses cidadãos principalmente no momento de escolha da carreira?

Outro tema que nos desperta o interesse é como melhor promover a gestão da aprendizagem, um dos maiores desafios para as escolas contemporâneas. Para muitos especialistas, assistiremos a uma verdadeira revolução nos próximos dois ou três anos nesse quesito e as instituições que não atentarem desde já para essa lição de casa correm o risco de correr atrás do prejuízo posteriormente.

Ainda temos estudos de caso a respeito de atividades com brinquedos, o berçário como uma unidade de negócio com vida própria nas instituições, além de um tutorial sobre a adequada condução de pesquisas escolares realizadas na internet. Enfim, prenúncios de uma nova escola que já está aí e para a qual nossos olhares estão amplamente voltados. Boa leitura! Grande abraço.

A matéria de capa da Super Escola aborda conceitos que norteiam caminhos para que tais processos de gestão sejam conduzidos com ética, transparência e eficácia,

Luis Antonio Laurelli Diretor Geral Sistema de Ensino Pueri Domus

A Super Escola é uma publicação trimestral do Sistema de Ensino Pueri Domus. www.sistemapueridomus.com.br

Conselho Editorial

Luís Antonio Laurelli - Diretor Geral Altamar Roberto de Carvalho - Diretor Pedagógico Maísa Dóris - Gerente Nacional de Comunicação Corporativa Danielle Nogueira Buna – Gerente de Educação e Formação Marcos Antonio Muniz Gonçalves – Gerente de Marketing e Vendas

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Reportagens: Adriano Zanni, Danilo Sanches e Juliana Lanzuolo Projeto Gráfico: Arthur Siqueira Design: Isac Meira Barrios Revisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion)

Coordenação Geral: Maísa Dóris (Mtb: 29.952)

Produção Gráfica: André Vieira Fotolito e Impressão: EGM Gráfica e Editora LTDA. Tiragem: 14 mil exemplares

Projeto Editorial: Trama Comunicação Diretora de Redação: Leila Gasparindo (MTb: 23.449) Editora-chefe: Helen Garcia (MTb: 28.969) Editor: Adriano Zanni (MTb: 34.799)

Publicidade e Aquisições de Exemplares Andrea Munhoz andrea.munhoz@sistemapueridomus.com.br

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sumário

Painel do Leitor superescola@sistemapueridomus.com.br

A leitura é um pilar principal no processo de formação e, consequentemente, de construção coletiva de conhecimentos. A Super Escola aborda um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais. É um instrumento que envolve ideias amplas de autoconhecimento. Quando meus filhos recebem, no Colégio Maria, a revista, com o sistema de ensino registrado na capa, já sabemos da riqueza do conteúdo, da leitura satisfatória, na qual a compreensão é alcançada. Parabéns pelo excelente sucesso da revista e maravilhoso apoio do Sistema de Ensino Pueri Domus. Alessandra Karla Ferreira Bianco

14 CAPA A gestão da

apredizagem nos dias de hoje

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ENTREVISTA Marcelo Côrtes Neri

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RADAR

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SALA DE AULA É brincando que se aprende

GESTÃO/MARKETING

Os pais em processo de escolha. O que responder a eles no momento em que têm de decidir a escola onde seus filhos estudaram

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estudo de caso Colégio Ranieri, São Paulo (SP)

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A pesquisa produtiva na internet

carinhoso e-mail e ainda mais empolgados em saber que seus filhos recebem regularmente nossa revista. A contribuição que pretendemos é exatamente esta: estabelecer uma ponte entre o universo da sala de aula e aquilo que acontece além dos muros da escola. Aliás, na edição anterior da revista abordamos justamente esse tema com o renomado pesquisador espanhol Mario Carretero. Continue a enviar suas sugestões de pauta. Grande abraço.

• Aqui no colégio, todas as edições são distribuídas para os professores e alguns artigos e depoimentos são levados para nossas reuniões, nas quais fazemos discussões nas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), que temos todas as semanas. Posso garantir que o aproveitamento é excelente. Parabéns pelas matérias. Estamos sempre à disposição da Super Escola para colaborar com o que for preciso. Marilisa Bueno de Souza Campos

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Diretora Colégio Maria Imaculada – Jacareí (SP)

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SALA DE AULA

Redação – Olá Alessandra. Ficamos muito satisfeitos com seu

ZOOM IN história do mantenedor Irmã Norma Maria Ravazzi

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Empresária Mãe dos alunos Matheus Bianco (13) e Felipe Bianco (11) Colégio Maria – Jaboticabal (SP)

comportamento A cultura da alta performance

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indicação de leitura

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Opinião Eliane Garcia Melgaço

Redação – Querida Marilisa, obrigado pelas palavras de

incentivo. Estamos cada vez mais empenhados em levar “cases” pedagógicos e de gestão para conhecimento de nossos parceiros. Por meio de discussões formais, ou mesmo rodas de conversa, em torno dos assuntos que abordamos nas páginas da revista podemos, sem dúvida, ampliar horizontes e descobrir novos caminhos. Ficaríamos muito felizes em bater um papo com os docentes do Colégio Maria Imaculada para garimpar boas práticas de ensino que possam vir a figurar na Super Escola. Que tal a proposta? Escreva-nos! Grande abraço. SUPER ESCOLA 5


Entrevista

Marcelo Côrtes Neri

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o PAC educacional, tem promovido avanços significativos desde a implementação. Mas, para pesquisadores como Marcelo Côrtes Neri, a compreensão dos aspectos motivacionais diretamente ligados aos índices de aproveitamento escolar e evasão nas instituições públicas se faz necessária e urgente para promover benfeitorias ainda maiores no cenário Por Adriano Zanni

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ançado em março de 2007 como o PAC educacional, uma clara referência ao Programa de Aceleração do Crescimento preconizado, então, pelo governo Lula em diversas frentes, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) baseia-se em um sistema de metas com a incumbência de promover uma “virada de mesa” em relação aos níveis de aproveitamento escolar e evasão, sobretudo nas instituições públicas de ensino. Um discurso consensual entre educadores e pesquisadores é de que nada adianta metrificar, estabelecer parâmetros a serem atingidos se, em concomitância, não se educar a própria popula-

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ção sobre a importância vital da educação para o desenvolvimento sustentado do País. Nesse sentido, pais e alunos são atores importantes do processo de mudança, são os que, certamente, assegurarão o sucesso das políticas públicas. É o que defende Marcelo Côrtes Neri, economistachefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades da política educacional, como equidade e eficiência. É preciso entender como as informações chegam às pessoas e como elas transformam essas informações em decisões”, avalia o pesquisador.

Divulgação

O que o PDE tem a ver com motivação?


Em entrevista, Neri vai além e diz que é fundamental enxergar as motivações daqueles que estão fora da escola até os 17 anos de idade e iluminar o foco e o desenho das políticas a partir das necessidades e percepções de quem toma a decisão de ir, ou não, à escola. “Heuristicamente, buscamos educar gestores e analistas sobre as percepções e motivações do cidadão comum”, diz. Super Escola – Como você analisa a nova agenda de metas educacionais proposta pelo governo federal? Em que aspectos estamos avançando? Marcelo Côrtes Neri – A nova agenda de metas educacionais apresenta avanços na forma integrada em que está ocorrendo o processo. Em termos de resultados, devemos enfatizar os efeitos sobre a transparência e eficácia educacional desta nova cultura orientada por monitoramento e avaliações. Super Escola – Você acredita que sistemas de metrificação de desempenho, como Ideb e Prova Brasil, estão amplamente de acordo com as propostas pedagógicas elaboradas e executadas por grande parte das instituições de ensino, focadas mais em um processo de construção do conhecimento do que propriamente em aspectos conteudistas? Marcelo Côrtes Neri – Há algum dilema não só dos vieses introduzidos nos conteúdos pedagógicos, como da própria forma pela qual os alunos são treinados a fazer estes grandes exames de proficiência. Além disso, há um teorema explicitando que os dados obtidos por in-

defendo um aumento da jornada escolar mínima na lei de diretrizes e bases da educação de quatro para cinco horas diárias termédio destas provas perdem qualidade logo no dia seguinte em que são adotados e, principalmente, quando há incentivos pecuniários associados a desempenho para professores e alunos. Por outro lado, não dá para imaginar voltar atrás nesta nova cultura. Super Escola – De que forma a parceria de instituições de ensino públicas com sistemas privados pode trazer benefícios aos modelos de gestão e também pedagógicos? Marcelo Côrtes Neri – Existe uma revolução silenciosa acontecendo. Dei uma palestra recentemente sobre o assunto e fiquei muito surpreso com os avanços do material didático e com a ligação dele com a agenda educacional em curso no Brasil. Parcerias público-privadas em escolas e métodos estruturados de ensino são promessas efetivas, mas ainda não sabemos se serão pagas. Super Escola – Hoje, temos um contingente maior de alunos chegando às escolas. Educar tornou-se algo obrigatório na cartilha de muitos pais, principalmente após programas criados pelo governo federal para manter as crianças em idade escolar dentro das instituições. Mas até que ponto esse índices de inclusão são realmente impactantes?

Marcelo Côrtes Neri – O nível educacional do brasileiro encontrase em um patamar muito baixo em comparação a outras realidades internacionais: com 7,27 anos de estudo para a população com 25 anos ou mais de idade. O país com o pior IDH do mundo, o Zimbábue, tem exatamente a mesma escolaridade. Por outro lado, as séries apresentam movimento ascendente. Estamos andando a uma velocidade 50% mais rápida que nossa tendência histórica. Há que obviamente se considerar a qualidade efetiva dos anos de estudo adicionais obtidos. Neste aspecto, a nota média do Pisa aplicado para alunos de 15 anos é desanimadora, estamos entre os 10% piores em todos os quesitos educacionais em um grupo de 57 países. Mas, mais uma vez, a taxa de mudança coloca o Brasil em terceiro lugar no período de 2000 a 2009. Outro problema relacionado é que acreditamos que o simples fato de um aluno ficar quatro horas por dia na escola resolve todo o problema da evasão escolar. Universalizamos a educação fundamental com uma jornada claramente insuficiente. A reação tem sido abrupta; há projeto que propõe escola integral para todos. Defendo um aumento da jornada escolar mínima na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de quatro para cinco horas diárias. Isso aproveitaria a transição demográfica em curso e, mesmo se não for acompanhada por outras mudanças desejáveis, poderia gerar um sexto das mudanças de proficiência das auspiciosas metas educacionais traçadas para 2022. SUPER ESCOLA 7


Entrevista

Marcelo Côrtes Neri

Super Escola – Existe uma defasagem entre o aprendizado verificado em um adolescente que deixa o ensino médio e aquele que realmente ele deveria possuir? Por que isso ocorre? Marcelo Côrtes Neri – Existe um problema grande de conteúdo, mas o problema maior me parece ser a evasão nesta faixa etária de quem deveria estar no ensino médio. E a principal razão para esta evasão é a falta de interesse dos alunos, o que diz algo sobre a qualidade da nossa escola aos olhos dos estudantes, aspectos motivacionais que precisam ser levantados e discutidos.

Divulgação

Super Escola – Que paralelismos podemos traçar entre o incremento da renda por parte das classes sociais emergentes e o crescimento do acesso à educação? Por esse prisma, seria possível dizer que a educação tornou-se efetivamente um bem de consumo? Marcelo Côrtes Neri – Decomposições dos impulsionadores do crescimento de renda indicam que o aumento de escolaridade deveria gerar um ganho de 2,2 pontos de porcentagem ao ano em relação à ren-

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da per capita. Este patamar é ainda maior para os 20% mais pobres da população brasileira, correspondendo a 5,5 pontos de porcentagem ao ano. Isto é o que podemos chamar de bônus educacional auferido ao se abandonar o subdesenvolvimento escolar. O grande impulsionador desta nova classe média brasileira é o fato de que a criança que passou a ir à escola no Brasil, nos anos 90, chegou nos últimos dez anos ao mercado de trabalho formal. As escolas privadas abrigam 13% dos alunos com idade entre 10 e 14 anos, por exemplo. É um símbolo da nova classe média brasileira: matricular os filhos em uma escola particular que apresenta Ideb com nota 6 (nível europeu) contra Ideb com nota 3,8 das escolas públicas (nível de país subdesenvolvido). Este é o grande dilema que se apresenta para os próximos anos. Afinal, ainda hoje, quem tem dinheiro matricula o filho em escola privada que permite a esta criança ganhar maior renda no futuro e, nesse ciclo vicioso, perpetuamos a desigualdade brasileira. Super Escola – Qual a relação que pode ser traçada, nesse sentido, entre o aumento dos gastos das famílias com educação e material didático e outras questões de ordem prioritária para o desenvolvimento? Marcelo Côrtes Neri – Nos últimos seis anos, as famílias estão gastando menos, proporcionalmente à evolução da renda, com a educação de seus filhos (incluindo livros, cursos etc.). Já o Estado está gastando mais com educação em proporção ao incremento do Produto Interno

Bruto (PIB), embora com eficiência problemática. O Brasil ainda investe pouco em educação básica, embora seja possível notar que o aumento dos gastos com educação em função dos números do PIB, nos últimos anos, ainda está muito relacionado aos investimentos no ensino básico. Tenho percebido um movimento em direção à educação na primeira infância que parece ser a fronteira a ser explorada. Super Escola – Em escolas particulares, gestores e educadores reclamam que a educação é vista pelos pais, às vezes, como um bem de consumo, um produto que eles adquirem e, obviamente, sobre o qual cabem reclamações enquanto consumidores. Como o senhor analisa essa relação entre gestor/ mantenedor e famílias? O que mudou nos últimos anos? Marcelo Côrtes Neri – Esta relação tem um lado de serviço público, sim, que, particularmente, não tenho nada contra. E tem um lado de investimento na percepção da nova classe média brasileira. Tenho me surpreendido favoravelmente em conversas com pessoas mais carentes sobre a importância da educação dos filhos. Consolidando esta impressão, seria uma excelente notícia sobre o avanço da educação nas prioridades do cidadão comum. As pesquisas de opinião, que até recentemente indicavam a educação como a sétima prioridade em termos de políticas públicas, sugerem uma mudança de patamar para o segundo lugar, atrás apenas da saúde. É daí que virá a grande revolução do ensino brasileiro.


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Fotos: Shutterstock

RADAR

Elas são a maioria

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Gestão/Marketing Entrevista

os pais em processo de escolha

Com a lição na ponta da língua Quais as perguntas mais frequentes entre os pais no momento em que escolhem a escola de seus filhos? E o que responder a eles? Por Juliana Lanzuolo

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á dois anos, Eliana Penteado Bertoncello transferiu os dois filhos para o Colégio Maria Imaculada, em Jacareí (SP). A secretária-executiva, também formada em Magistério, já havia lecionado na escola parceira do Sistema de Ensino Pueri Domus e aprovava como os processos pedagógicos e os relacionamentos interpessoais eram conduzidos na instituição.

(Atis) faz que eles aprendam a lidar com a diversidade e tratem igualmente os deficientes visuais, auditivos e mentais, com quem dividem o mesmo espaço na sala de aula”, relata.

“A decisão pesou por causa do meu menino, que hoje está no 6º ano. A escola em que ele estava era pequena, então, achei importante que ele estudasse em um ambiente que lhe desse uma visão mais real do que será o futuro, em que ele pudesse conviver com mais crianças”, justifica Eliana.

Ao explicar o que era fidelização em sua opinião, a mãe destacou que a escola deve ter a flexibilidade de entender o momento por que passam seus alunos, sob o ponto de vista social e humano, antes de exigir desempenho ou cumprimento de tarefas. “Houve uma ocasião em que minha filha estava triste pela amiguinha que mudou de cidade. Quando comuniquei que ela poderia não render tanto, a professora respeitou e ainda me passou um retorno dizendo como a Clara havia se portado”.

Além do espaço, ela sublinhou outra questão relevante. Ao observar conhecidos e familiares que estudaram lá, Eliana percebeu que as crianças estabeleciam um relacionamento diferente do que se vê em outras escolas. “Lá os colegas mantêm uma amizade afetuosa e de respeito. O próprio projeto Aqui tem Inclusão Social

A reportagem da Super Escola levantou as principais questões que os pais de alunos da educação infantil levam à primeira reunião com a direção e coordenação, um momento crucial para demonstrar que eles fizeram a escolha correta quanto à escola dos filhos. Afinal, o que os pais querem saber?

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Como a escola garante a segurança de meus filhos? Noely Weffort de Almeida, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), selecionou esta pergunta por conta da violência que tem assolado os ambientes escolares na atualidade, principalmente, após a tragédia de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. “Cabe à direção ou coordenação apresentar a estratégia interna de liberação de alunos durante os horários de entrada e saída, além dos intervalos. Mas isso somente deve ser direcionado aos pais e responsáveis autorizados. Repassar informações sobre os sistemas de segurança e serviços de vigilância também é válido”.


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Qual é a proposta de trabalho ou a metodologia de ensino empregada? “Destrinche a corrente educacional seguida por sua instituição sem utilizar termos técnicos, mas não subestime o entendimento dos pais e não suponha que não deve se alongar na explicação. Reserve também um tempo para ouvir as preocupações e angústias dos pais, atente-se e responda a elas ponderadamente”, aconselha Ângela.

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DE

Todos os consultores são unânimes em afirmar que, além das questões suscitadas, EGRA cada escola deve levantar seus diferenciais de maneira prévia, o que englobaria projetos pedagógicos, a estrutura que embasa a prática dos docentes em sala de aula, a formação do quadro de professores, assim como os valores da própria instituição para dar visibilidade aos pais de outros aspectos importantes que devem ser considerados neste momento de decisão.

OURO

Como a escola conduz o processo de adaptação? Os primeiros dias de aula na educação infantil podem ser mais angustiantes para os pais do que para a criança, pois eles estão estendendo a responsabilidade que, até então, era só deles à escola. “Há, portanto, que se estabelecer um vínculo de confiança desde o início”, alerta Noely. A professora recomenda que o gestor apresente sua equipe de maneira a especificar treinamentos e formação de cada profissional que terá contato com o filho. Como é estabelecida a relação entre família e escola? “O gestor deve informar a periodicidade das reuniões, dizer que frequentemente escola e pais terão sua comunicação estabelecida via agenda para relatar comportamento, tarefas, entre outras particularidades do aluno. O importante é colocar-se à disposição caso os pais queiram, além dos encontros formais, recorrer à instituição”,

afirma Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sobre a parceria necessária entre os dois núcleos, a docente é categórica: “A direção deve deixar claro que os pais não farão o papel da escola nem o contrário, mas ambos terão de estar alinhados para que, dentro de suas competências, possam contribuir para a formação da criança”.

Em seguida, mostre ao pai um projeto de acompanhamento de adaptação que atenda não apenas as necessidades do aluno, mas também as dele. “Deixe as portas do colégio sempre abertas caso ele queira acompanhar o processo de adaptação, mas explique que é necessário reduzir sua estada aos poucos para que a criança se acostume com o espaço, colegas e professores”, ressalta.

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Sala de aula

é brincando que se aprende

o lúdico com seriedade

Brinquedos ajudam na socialização do aluno. Mas o que eles têm a oferecer em termos de aprendizagem e como incorporar elementos lúdicos às atividades corriqueiras de classe? Por Juliana Lanzuolo

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m outubro de 2010, parte do estacionamento do Colégio Pueri Domus, unidade Aldeia da Serra, em São Paulo, ficou tomada de triciclos dos alunos da educação infantil. O veículo, até então inusitado em ambiente escolar, foi imprescindível para que as professoras conduzissem a atividade dirigida sobre regras de trânsito. “Para simular uma situação rotineira nas ruas, confeccionamos o semáforo e algumas placas e posicionamos próximo à faixa de pedestres. Mas a ideia de incluir o brinquedo à atividade foi essencial para atingirmos o objetivo de trabalhar o cuidado ao atravessar a rua, a importância de respeitar o pedestre e obedecer às cores do semáforo, por exemplo”, conta Mariluce Lourenço, diretora do Colégio. A prática de incorporar elementos lúdicos às propostas pedagógicas é bastante frequente e conhecida, principalmente entre os que lecionam para a educação infantil. Maria Ângela Barbato Carneiro,

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de mil pais e crianças de 6 a 12 anos e 95% delas responderam que o espaço no qual elas mais brincam é a escola. “É fácil compreender esse índice, uma vez que, há alguns anos, os espaços públicos ficaram comprometidos pela violência e os quintais das casas foram também reduzidos. Daí a responsabilidade da escola em explorar seu espaço físico também para esse fim”, interpreta Maria Ângela.

coordenadora do Núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar e da Educação Infantil, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que as crianças aprendem por meio da experiência; portanto, a brincadeira é a melhor maneira de fazê-las trabalhar novos conceitos e lapidar conhecimentos. Em 2007, a marca de sabão em pó Omo, em parceria com a Unilever, divulgou um estudo que revelou a relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil, do qual Maria Ângela participou como consultora. Foram entrevistados cerca

Ideias para compartilhar Uma boneca ou um carrinho podem originar dinâmicas que trabalhem noções de limites, de troca, de colaboração e regras entre os alunos. “Mas não reconheço que o brinquedo comprado pronto seja de fato a fonte de trocas principais. Muitas vezes, espalhamos propositalmente em sala de aula objetos como palitos, lenços, entre outros, que podem incitar um brincar mais interessante e com resultados mais significativos”, argumenta Sandra Mara de Ramos da Silva, coordenadora da Educação Infantil e do 1º ano do ensino fundamental do Pueri Domus. Sandra conta que, certa vez, as professoras deixaram caixas de papelão no bosque do Colégio. Rapidamente, as crianças estavam usando o material para escorregar nos pequenos morros e, em seguida, o grupo já se organizou e inventou regras para uma sequência de brincadeiras que elas mesmas criaram. Ainda com uma caixa de papelão em tamanho gigante, Sandra incitou que as crianças brincassem de “casinha” e aproveitou a situa-

ção para desenvolver temáticas de trabalho a partir da iniciativa dos pequenos. “Ao fechar a porta da casinha, ficava escuro e os alunos simulavam o período da noite. Assim, diziam que aqueles que não tivessem medo da noite poderiam entrar na casa. Em pouco tempo, mesmo os que temiam o escuro se sentiram estimulados a participar e a professora aproveitou o gancho para trabalhar o dia e noite com o maternal”. Maria Ângela Barbato lembra-se de uma ocasião em que estava com crianças de três anos da rede pública e elas descobriram o tatu-bolinha no jardim durante o recreio. “Eles ficaram entretidos um bom tempo, descobrindo cada detalhe do animal. Aproveitei para explicar que há vários bichinhos que moram no jardim, que removem a terra ou se alimentam dela, interagindo uns com os outros. A partir daí, houve um interesse muito grande das crianças em conhecer melhor as características desses bichos. Essa situação é um exemplo de que, às vezes, o projeto pode advir dos alunos e que devemos incorporar o conhecimento da criança a este, partir de seus conhecimentos prévios e auxiliar a ampliá-los”, ressalta a docente. Para a educadora, quando a criança é desafiada por meio da brincadeira e consegue aprender, o conteúdo em questão adquire significado. “O aluno irá se lembrar disso com mais facilidade e será capaz de utilizar esse conhecimento em outras situações de sua vida”, enfatiza.

A pesquisa deu origem ao livro A descoberta do brincar no qual Maria Ângela Barbato e Janine J. Dodge apresentam aos docentes e pais o brincar como ferramenta capaz de atingir os pilares apontados pela Unesco como princípios de educação neste século: o aprender, o conhecer, o fazer, o viver e o ser. (Editora Melhoramentos, 255 páginas)

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capa

a Gestão da aprendizagem

Prenúncio de uma

nova escola Crescente uso da tecnologia na sala de aula aponta para um cenário onde o tempo de resposta às dificuldades do aluno cai drasticamente e as diferenças entre os dois mundos vivenciados por professores e estudantes deixam de ser um fator de desmotivação no processo de aprendizagem Por Danilo Sanches

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e no cenário educacional não há necessariamente um consenso entre linhas pedagógicas ou entre métodos educacionais, por outro lado, as escolas convergem sem exceções quando o assunto é demanda por tecnologia. Isso porque o mundo avança mais rapidamente que a escola, e qualquer mudança no processo de educação envolve simultaneamente três gerações: a que forma os educadores, a que educa e a que aprende. O fato é que há uma mudança em curso e esta envolve o uso da tecnologia como principal fator de otimização do processo educacional. O modelo de educação vigente é o mesmo que existia no século 19, ou seja, a escola educa hoje como educava durante a Revolução Industrial. E este é o princi-

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A gestão da aprendizagem

pal paradigma que deve ser rompido para que as grandes potencialidades dos jovens possam ser amplificadas pelas instituições no papel de educar para a sociedade contemporânea, segundo José Tadeu Terra, diretor de Mídias Digitais da Pearson. “Hoje, nós estamos vivendo a revolução da educação, ou seja, este modelo não atende mais; ele não forma mais as pessoas para o mundo que nós temos”, afirma Terra. “No século 19, formar pessoas para reproduzir comportamentos era ótimo; era o que se precisava na Revolução Industrial. Hoje, precisamos de uma pessoa que tenha múltiplas formas de linguagem, uma pessoa que tenha uma capacidade colaborativa muito grande e velocidade, que possa aprender sem precisar que alguém ensine.” E o papel do professor neste caso é fundamental, segundo o executivo, uma vez que ele deve estar atento e integrado às diferentes linguagens. Por outro lado, segundo Terra, o grande trabalho a ser feito é preparar este professor para um cenário que ainda pode parecer amedrontador à maioria dos profissionais. “Até porque a maior parte é de uma geração migrante digital, eles não são nativos, então eles têm uma dificuldade muito grande com a tecnologia ainda”, afirma. O futuro é agora Atrair a atenção e o interesse dos jovens pela escola é o grande desafio em um mundo onde a oferta de informações é predominantemente voltada para o entretenimento. A escola deve acompanhar as demandas dos novos alunos e para isso tem de

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Nós percebemos, para todo lado, que a escola está malacomodada. Várias pesquisas relatam o desconforto de professores e alunos, o que aponta claramente a necessidade de uma nova escola Gilberto Lacerda, professor da UnB

amparar-se em infraestrutura tecnológica, profissional e de criatividade. Além disso, parte do desafio é também conseguir transformar o processo de ensino, que antes era generalizado, em um processo de avaliação individualizado e com tempos de resposta cada vez menores, a fim de conferir precisão e eficiência à escola. “Os sistemas de gestão do conhecimento permitem muitas formas colaborativas de produção e que se tenha um acompanhamento de portfólio. Dificilmente, em um universo não digital, você teria a possibilidade de acompanhar todas as versões de um trabalho desenvolvido por um aluno”, pontua o executivo. “Digitalmente, é possível acompanhar como professor e aluno construíram o resultado. Isso é extremamente forte do ponto de vista de gestão e permite uma mudança de visão do processo: o que era antes unidirecional, hoje passa a ser multidirecional”, avalia Terra. O ganho em relação ao tempo de

resposta no processo do aluno ou de uma turma deve-se ao fato de ser possível acompanhar as produções em tempo real. “Antigamente, a gente dependia de uma série de processos e, normalmente, só se podia perceber a dificuldade de um aluno depois de dois ou três meses de aula. Com a tecnologia, a partir do momento que se criam mecanismos de avaliação pertinentes, é possível avaliar desempenhos individualmente e com tempo de resposta muito menores”, afirma. Apesar dos largos esforços, a aplicação de tecnologias voltadas a este fim depende de adesão dos professores. E a adesão a esta nova ideia depende do apoio institucional que os profissionais recebem. “Normalmente, em qualquer escola em que se implementam projetos digitais, no início, temse a adesão de 20% a 30%. E isso vai crescendo ao longo de um ou dois anos até atingir 80% ou 90%. Tudo depende de como se trabalha a tecnologia dentro da instituição e de como é feita a formação deste professor. É preciso criar uma estrutura de treinamento e de subsídio para que ele possa migrar neste processo, com segurança”, explica o diretor. O executivo ainda afirma que já é possível prever resultados efetivos da implementação da tecnologia nas escolas para um futuro próximo. “É um processo irreversível”, afirma. Por outro lado, a formação de educadores em universidades tam-

Ph.D. em Educação (Informática aplicada) pela Universidade Laval, Canadá


No século 19, formar pessoas para reproduzir comportamentos era ótimo; era o que se precisava na Revolução Industrial. Hoje, precisamos de uma pessoa que tenha múltiplas formas de linguagem Tadeu Terra, Diretor de Mídias Digitais da Pearson

bém carece de uma visão pragmática da aplicação da tecnologia em sala de aula, segundo Gilberto Lacerda, professor e especialista em Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Brasília (UnB). O docente afirma que, na universidade onde leciona, uma das maiores do País, as aulas referentes ao uso de tecnologia na educação – nos cursos de Pedagogia – não fazem parte da grade curricular obrigatória dos futuros educadores.

Dois universos A introdução de um novo paradigma no processo educacional depende essencialmente de tempo, de acordo com o professor da UnB. Segundo ele, o trabalho a ser feito para que a tecnologia que torna o mundo contemporâneo tão dinâmico se aproxime da escola – que ainda engloba processos mais lentos – é o trabalho de aproximar dois universos. “Esta demanda existe e é clara. Ela está em cada criança que assiste à aula, calada, e quando chega em casa tem mil possibilidades a sua disposição; e também está em cada professor que é um cidadão de dois mundos: na escola ele dá aula seguindo um livro didático, seguindo um roteiro, e fora da escola ele fala em ciências sociais, ele é um cidadão do mundo que está aí”, explica Lacerda. O especialista ainda afirma que, no contexto brasileiro de um modo geral, todas as escolas estão envolvidas com este problema. A dicotomia entre um mundo que vive uma euforia tecnológica e uma escola que se encaminha lentamente para uma adaptação pouco proativa neste sentido é o que gera desconforto para alunos e professores, segundo Lacerda. O professor ainda explica que, neste quesito, não existe diferença objetiva entre escolas públicas e privadas.

Em última análise, segundo ele, a diferença é quantitativa e não qualitativa no uso de tecnologias para integrar as linguagens do cotidiano dentro e fora da escola. “Nós percebemos, para todo lado, que a escola está mal-acomodada. Várias pesquisas relatam o desconforto de professores e alunos, o que aponta claramente a necessidade de uma nova escola”, enfatiza. O cenário para o qual o País aponta, no sentido de fomentar iniciativas que promovam a universalização do acesso às novas tecnologias, é o pano de fundo para a criação desta nova escola. Segundo o professor, é incontornável que a escola integre, em médio prazo, os aparatos tecnológicos tanto físicos quanto de linguagem com os quais a sociedade já vem lidando. “Na forma pela qual nós funcionamos atualmente, em termos de sociedade, é natural se esperar que, cedo ou tarde, a escola se acomode ao modo de funcionamento que a sociedade demanda. Então, nós estamos vivendo em uma sociedade que avança para um funcionamento iminentemente baseado em tecnologia. Não somente na tecnologia material, mas também das linguagens que decorrem dela”, finaliza.

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Estudo de caso

Colégio Ranieri, são paulo (SP)

Um novo mundo a cada dia O “slogan” é um convite ao descobrimento. Na verdade, transformou-se em missão do Colégio Ranieri, instituição parceira do Pueri Domus e que enxergou na ampliação das atividades pedagógicas oferecidas pelo berçário uma oportunidade para fidelizar pais e alunos Por Adriano Zanni

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que de início poderia ser encarado apenas como mais um diferencial em um rol de serviços oferecidos por instituição de ensino tornou-se unidade com vida própria e estruturação diferenciada. Não é de hoje que algumas escolas, após abrirem as portas aos alunos dos ensinos infantil, fundamental e médio, decidam canalizar esforços para oferecerem um novo serviço: berçário para alunos a partir de seis meses de vida. Uma atividade que pode gerar bons frutos, sobretudo em grandes centros urbanos, mas que requer visão administrativa diferenciada e altas doses de sensibilidade por parte de mantenedores e gestores. Apostar no papel da escola como guardiã da vida

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destes pequenos, desde os primeiros passos, pode ser uma boa alternativa, inclusive em termos de negócio, uma vez que muitos pais precisam retomar o ritmo de suas atividades profissionais e, neste momento, deparam-se com a difícil tarefa de deixar os filhos aos cuidados de terceiros. Foi com esse olhar que o casal de educadores Janaína Rangel Jordão e Kleber Jordão decidiu diversificar as atividades do Colégio Ranieri em 2001. A instituição, fundada em dezembro de 1995, oferecia, até então, apenas turmas de educação infantil, ensino fundamental e médio. No entanto, a dupla percebeu que muitos pais os procuravam, até mesmo com base na experiência que tinham com filhos mais velhos lá matriculados,


que, além da elaboração e adequação dos cardápios, orienta crianças e educadores. O lactário é outro aspecto que encanta os pais durante as visitas. O espaço foi construído seguindo à risca padrões hospitalares, além de abrigar lactarista responsável em tempo integral.

Fotos: Divulgação

“Um pediatra também foi contratado e os pais veem alto valor agregado no serviço que estamos propondo, pois, nessa fase de vida da criança, mais importantes que o método pedagógico adotado pela escola, são as estruturas oferecidas, o conforto e a segurança”, destaca Janaina Rangel Jordão, diretora pedagógica.

para encontrar um local seguro e adequado onde pudessem “deixar” os caçulas. “A demanda começou a crescer pela percepção da própria comunidade em torno das melhorias de infraestrutura que havíamos realizado e porque sempre olhamos para estas questões do ponto de vista dos próprios pais. Essa proximidade com eles ajudou na estruturação do projeto”, relembra Kleber Jordão, diretor administrativo do Ranieri que, hoje, possui cerca de 900 alunos, 60 deles somente no berçário. A estrutura oferecida apresenta diferenciais importantes como a presença diária de uma nutricionista

Divisor de águas Os diretores do Ranieri apontam que 2004 foi o ano de maior propulsão nas atividades do Colégio, quando passaram de 125 a 240 alunos. Nesse instante, foi preciso reunir recursos financeiros para construir novas estruturas físicas, ampliar a equipe de trabalho, dar treinamento e criar uma rotina de procedimentos internos. “A gente sempre costuma usar o senso de administrador ao tomar decisões como esta, mas o diferencial é priorizar o viés educacional, exercer a sensibilidade. Ir além é olhar para as vidas que você tem em suas mãos e saber o que você pode fazer de melhor por elas”, diz Kleber Jordão. Detalhes como atentar para o fato de a criança estar vindo à escola pelo terceiro dia consecutivo com resfriado ou febre, alertando os pais, além da realização periódica de

reuniões particulares com eles para comentar em que se nível encontra o desenvolvimento do aluno são algumas das medidas necessárias, garante o diretor administrativo. A documentação pedagógica é outro tema encarado com extrema seriedade, já que todos os dias são emitidos relatos que os pais podem levar para a casa, explicitando as ações feitas com as crianças e anotações sobre seu comportamento na escola. “Dessa forma, evitamos que as reuniões gerais de pais sirvam apenas para exposição de problemas. Nelas desempenhamos discussões mais pedagógicas, específicas, tentando explicar a eles sobre a importância de determinadas ações. Os pais são de outra época, têm outra concepção de ensino e por isso mesmo precisam estar esclarecidos acerca das tendências e métodos que empregamos”, avalia Janaína, esclarecendo que a parceria com o Sistema de Ensino Pueri Domus auxilia muito nesse sentido. Trazer a família para dentro da instituição novamente é o grande desafio, segundo o casal de educadores. “Muitas vezes, a criança tornou-se o centro das atenções no lar. Os pais perderam autonomia e nesses encontros e atividades que temos com eles damos orientações sobre como resgatar esse papel de autoridade. É uma realidade dos tempos de hoje que, se trabalhada desde cedo, estreita relacionamento e faz que estes pais se sintam confortáveis em conferir a nós a missão de acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos até o término do ensino médio”, conclui Kleber.

Ano em que a antiga Escola de Educação Infantil Acalanto passou a denominar-se Colégio Ranieri. Site: www. colegioranieri. com.br

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Sala de aula

A pesquisa produtiva na internet

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Das enciclopédias para o Google! Quando a pesquisa escolar encontrou na internet uma importante aliada, rompeu paradigmas e criou também novas problematizações pedagógicas. Especialistas afirmam que não há diferenças entre copiar da antiga enciclopédia ou de um website. O importante é rever a metodologia de ensino Por Danilo Sanches

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e fato, as pesquisas escolares mudaram muito desde a época do papel almaço. Debruçar-se sobre pilhas de livros em uma biblioteca ou copiar trechos e colar figuras fotocopiadas para compor um belo trabalho já não faz mais parte da realidade da grande maioria dos estudantes no País. O que mudou mesmo, segundo especialistas, foi apenas o cenário onde se desenrolam as pesquisas, que agora dispensam as silenciosas bibliotecas escolares para se aventurarem firme no universo dinâmico da internet. Ao contrário do que possa parecer, pesquisar pela internet, copiar trechos de sites, editar artigos já publicados ou até mesmo reproduzir trabalhos inteiros hospedados na rede não difere muito, em relação ao método de pesquisa, do que já era feito na época dos trabalhos a caneta esferográfica, segundo o professor José Carlos Antonio, físico e autor de material didático para ensino médio. O docente, que também é especialista em tecnologia para educação, afirma que há muito mais para ser mudado na forma de ensinar e fazer pesquisas escolares que apenas uma alteração no suporte de conteúdo de onde se retiram as informações. Segundo ele, se o aluno debruçava-se sobre um livro para copiar seu conteúdo, hoje copia o conteúdo digital da mesma obra disponível na internet. Ou seja, o fato de o estudante do passado reproduzir tudo e entregar o trabalho redigido à mão pouco difere do uso das famosas teclas de atalho Ctrl+C e Ctrl+V

(comandos de copiar e colar no computador). “A diferença é que hoje é ainda mais fácil. O papel do professor não é o de dificultar a cópia do conteúdo”, alerta. Por mais chocante que possa parecer, o que Antonio está ressaltando é que “alguns professores, por não saberem pesquisar, acabam usando como solução alternativa a exigência de que os alunos entreguem os trabalhos de forma manuscrita, ainda que copiados da internet”. Antonio afirma que o papel da pesquisa não é o de reproduzir conteúdo, mas ampliar o paradigma da criança e do adolescente, usando para isso a pesquisa como método. “A tecnologia deve trazer um novo prisma e não reforçar um conceito antigo”, afirma o professor. Segundo ele, o uso dos recursos tecnológicos na escola deve criar uma nova visão de mundo, uma nova forma de ver e fazer educação. Principalmente, quando o assunto é pesquisa escolar. Um dado importante é que a realidade que limita o uso das pesquisas à mera reprodução de conceitos não é exclusividade das escolas públicas. Na rede privada de ensino, o uso da tecnologia ainda não desempenha sua finalidade mais nobre na sala de aula. “Mesmo nas escolas particulares, há uma infinidade de professores que acham que resolvem o problema da pesquisa na internet apenas exigindo que o aluno entregue o trabalho escrito à mão. Um grande equívoco”, afirma.

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Sala de aula

A WikipÉdia é uma enciclopédia multilíngue on-line, livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. Por ser livre, entendese que qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modificado e ampliado, desde que preservados os direitos de cópia e modificações. O nome vem de wiki-wiki, termo havaiano que significa ‘veloz, célere’. A Wikipédia, criação dos norteamericanos Jimmy Wales e Larry Sanger, já reúne mais de 3,1 milhões de artigos em 205 línguas e dialetos.

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A pesquisa produtiva na internet

Talvez, o grande legado da internet em relação aos trabalhos escolares esteja no uso equivocado da rede, deixando ainda mais evidente uma falha na metodologia de pesquisa utilizada nas escolas. Segundo Antonio, o problema está na má formulação. “O grande entrave não é a tecnologia em si, mas a pedagogia, uma vez que as pesquisas já são formuladas e sugeridas como uma cópia”, explica. No caminho contrário a essa tendência, a pesquisa deveria sugerir que o aluno relacionasse conceitos e avançasse sobre o que o material-base propõe. Pesquisa produtiva Com 21 anos em sala de aula, o professor Paulo Roberto de Oliveira, coordenador educacional da área de História, encontrou uma possibilidade bastante prática de lidar com as pesquisas feitas pela internet. O docente aponta que as dificuldades acontecem porque não é possível avaliar trabalhos copiados da rede. Para lidar com isso e aproveitar o conhecimento depositado na internet

– ainda que este seja superficial – as atividades produtivas são feitas todas em sala de aula. “Não existe pesquisa na internet. Existe cópia da internet. Por isso, eu peço para os alunos coletarem dados da rede, com citação de fonte, e a produção dos trabalhos é feita em sala de aula”, explica Oliveira. Segundo ele, esta é a única forma de avaliar um trabalho cujas fontes são da internet. Em sala, as atividades produtivas são desenvolvidas em conjunto ou individualmente. O professor avalia o desempenho dos alunos por meio de discussões, comparações ou textos produzidos com base em tudo aquilo que foi lido e coletado. Apesar de indicar com ênfase o uso de bibliografias de autores, o professor ainda orienta que os alunos busquem dados em sites de universidades ou mesmo de pesquisas acadêmicas, como em artigos ou teses publicadas na rede. “Mas eles acabam retirando material da

Wikipédia mesmo”, afirma Oliveira que avalia o conteúdo da enciclopédia colaborativa da internet como superficial, apesar de ser o site mais acessado por seus alunos. “É uma questão de geração. Estes jovens da geração pós-ditadura militar têm interesses mais evasivos em relação às coisas. Às vezes, para poder ter o interesse deles e discutir as relações políticas do império romano, preciso começar abordando como era a vida sexual na época”, explica. Oliveira finaliza dizendo que a grande manobra para conseguir extrair produtividade em qualquer atividade escolar, mesmo em pesquisas cuja fonte de dados seja a internet, está na percepção que o professor tem a respeito de seu papel na sala de aula. “A internet é um recurso de fundo. A produtividade das atividades se dá quando o professor enxerga que sua contribuição maior está em promover os debates e a produção de conteúdo próprio pelos alunos”, completa.


Zoom superescola@sistemapueridomus.com.br

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Marcella Bellodi Gerbasi, 17 anos, ex-aluna do Colégio Maria, em Jaboticabal (SP), tem motivos de sobra para comemorar. Ela foi aprovada em 14º lugar no processo seletivo para o curso de Arquitetura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru (SP). Sem precisar frequentar cursinho pré-vestibular, Marcella, formanda da primeira turma do ensino médio do Colégio Maria, atribui seu bom desempenho à bagagem cultural e conhecimentos que adquiriu na escola. Pelo segundo ano consecutivo, o curso de arquitetura do campus de Bauru é o terceiro mais concorrido do vestibular da Unesp. No processo seletivo de 2011, a relação era de 40 candidatos por vaga.

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Esforço recompensado

Entre as melhores do Brasil No dia 20 de abril, foi realizada a cerimônia de premiação do concurso “Pelo direito de ser criança”. A ação, fruto de uma parceria entre a marca OMO (Unilever) e o Instituto Sidarta, contou com a participação de mais de 4 mil escolas de todo o País que relataram atividades que inserem no dia a dia das crianças experiências sustentáveis. Boas notícias chegam de Bragança Paulista, já que a Escola Viverde, após processo seletivo que contou com diversas etapas, obteve premiação máxima na categoria “Melhores práticas de brincar”, sendo classificada entre as três melhores instituições de ensino no Brasil. “Receber este prêmio significa estar em primeiro lugar no que diz respeito à educação por princípios. Significa que

a Viverde investe na formação de seus educadores e busca sempre estar em consonância com as melhores práticas e teorias educacionais”, diz Maria Regina Zago Leite da Silva, diretora da escola. Além do selo do concurso, a Viverde recebeu um parque com brinquedos modulares, feito de materiais sustentáveis. A instituição de Bragança Paulista ainda indicará uma escola pública do município para receber a mesma estrutura. A Escola Portal do Saber, em Atibaia (SP), também ficou entre as 18 finalistas na categoria “Aqui se brinca” para a qual apresentou o Recicriar, um projeto em que os alunos da educação infantil confeccionaram brinquedos a partir de material reciclável. Parabéns às escolas parceiras!

Engajados com o mundo O trabalho desenvolvido por professores e alunos da escola Pueri Domus no Fórum FAAP 2010 rendeu bons frutos. A instituição foi selecionada para participar do International Model United Nations Summer, organizado pela Unesco Center for Peace, nos Estados Unidos. De 17 a 30 de julho, alunos de todas as nações frequentarão fóruns de discussões sobre os maiores desafios pelos quais passa o mundo atualmente. Temas como:

direitos humanos, paz entre os homens, segurança e economia estarão em pauta para o debate de jovens de 14 a 24 anos. A indicação reafirma os pressupostos pedagógicos da instituição em desenvolver habilidades que permitam a construção de novos saberes e reforça o lema do educador José Pacheco: “Escola forte é aquela comprometida com a formação de ‘gente forte em conhecimento, em competências, em responsabilidades”.

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história do mantenedor

Irmã Norma Maria Ravazzi

Caminhos que levam à Norma No início dos anos 50, ela era apenas uma aluna interna do Colégio Ressurreição Nossa Senhora do Calvário. Tempos depois, entraria para a ordem cristã e iria se tornar uma das responsáveis pela missão de conduzir os rumos da instituição que sempre a acolheu Por Juliana Lanzuolo

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história de Norma Maria Ravazzi confunde-se com a do Colégio Ressurreição Nossa Senhora do Calvário, localizado em Catanduva, interior de São Paulo. Desde os 11 anos, como aluna da instituição fundada em 1932 pelas irmãs calvarianas, a menina já deixava evidente seu encantamento pela leitura. “Coisa mais comum era vê-la pelos corredores, sempre com um livro nas mãos. Ainda pré-adolescente, ela costumava ler uma obra por dia”, relembra Nara Maria Ravazzi da Cruz, irmã biológica de Norma e atual diretora do “Colegião”, como é conhecida a instituição na cidade. Disciplinada e aficionada pelos estudos, Norma dedicou-se à docência, cursando posteriormente mestrado e doutorado em Linguística e Literatura pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara (SP). Durante o mestrado,

inclusive, colaborou para a publicação do Dicionário Contemporâneo de Português, de Maria Tereza Camargo Biderman (Editora Vozes, 1992), cujo exemplar autografado é guardado com muito saudosismo por Nara. “Quando minha irmã iniciou o curso de mestrado, ela já lecionava e, durante as aulas com Maria Tereza, comentou que havia notado a dificuldade que as crianças tinham em manusear dicionários. Foi a partir dessa troca de ideias que a professora da Unesp decidiu dar início à obra”, lembra Nara. Ainda em fase escolar, e diferentemente das outras colegas que voltavam para casa aos fins de semana, Norma conviveu quase integralmente com as irmãs da congregação. Paralelamente aos estudos, ela foi deixando aflorar outra vocação complementar à pedagogia. “Nós sempre fomos muito devotos da re-

Envie a sugestão de sua história para o e-mail: superescola@sistemapueridomus.com.br

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ligião católica e ela se envolvia frequentemente com assuntos relacionados à Igreja, chegando a assumir a coordenação da pastoral, inclusive. Então, Norma esperou apenas que eu concluísse os estudos para seguir de fato na congregação religiosa”, relembra. Foram poucos anos como professora de Língua Portuguesa em seu antigo colégio de formação para que sua liderança e vocação a levassem até a direção do Ressurreição Nossa Senhora do Calvário. A partir desse momento, Irmã Norma demonstrou ser uma profissional visionária e à frente de seu tempo ao promover mudanças significativas nos processos pedagógicos. Nara, que também seguiu carreira pedagógica, destaca a adesão ao material do Sistema de Ensino Pueri Domus como uma das principais contribuições que ela deixou. Nara conta que, nos anos 90, quando sua irmã assumiu o posto, coincidentemente eram propostos novos caminhos para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e, no início, foi um tanto desafiador instituir um material moderno e com propostas diferentes daquelas a que os pais estavam acostumados. “Aos poucos, o método novo, sem ‘decoreba’ e tendo o aluno como protagonista do conhecimento foi conquistando a comunidade. Os pais entenderam que os filhos não seriam tão dependentes deles na hora do estudo, pois a praticidade como o material é ordenado faz que


Colégio fundado em 1932 é um dos pioneiros, no interior paulista, na adoção da teoria construtivista como metodologia de aula

O tempo escreve histórias como um mestre compositor de destinos. A nós, o tempo reservou a missão de educar

A solidariedade como legado Irmã Norma e as irmãs da Ressurreição assumiram alguns projetos sociais em benefício de comunidades carentes. Um deles foi realizado no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Nara Maria Ravazzi da Cruz, irmã de Nora

“Elas começaram com doações de voluntários e hoje mantêm uma casa de idosos e um lar acolhedor de crianças abandonadas. Além disso, temos pais de alunos que lançam mão de sua profissão para ajudar a população local. Para se ter uma ideia, a primeira campanha que fizemos foi para arrecadar lápis de cor, pois muitas crianças de lá jamais tiveram acesso a esse material”, conta Nara.

A escolha pelo material do Pueri contribuiu também para que fossem adotados os jogos de Piaget no dia a dia das crianças. “Nosso pensamento vai ao encontro da linha pedagógica do Pueri Domus que preconiza o aluno como protagonista do conhecimento. Além disso, sabemos da importância do lúdico para o desenvolvimento da aprendizagem. Portanto, desde a década de 1990, implementamos os jogos de Piaget em nossa grade, incluindo a caixa amarela, jogos corporais e outros recursos recomendados por este grande educador”, destaca a diretora.

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o aluno se envolva e faça sozinho. Em contrapartida, os pais não deixam de se sentir parte do processo, já que participam por meio de entrevistas ou pesquisas, acompanhando de perto o desenvolvimento dos filhos”, diz.

No início de 2011, Norma, então madre superiora da Congregação Irmãs da Ressurreição, faleceu vítima de câncer, deixando nas mãos da irmã e da equipe de coordenação do colégio a tarefa de seguir seus passos no auxílio ao desenvolvimento cognitivo e social dos alunos da entidade. “O tempo escreve histórias como um mestre compositor de destinos. A nós, o tempo reservou a missão de educar”, encerra Nara. SUPER ESCOLA 25


Comportamento

A cultura da alta performance

Quando o ótimo é inimigo do bom A cultura da alta performance, muito presente em escolas de todo o mundo, pode colocar em xeque os fundamentos da educação e do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, segundo especialistas Por Danilo Sanches

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mundo corporativo precisa de bons líderes. Esta é uma premissa que não pode ser facilmente negada. No entanto, as consequências desta afirmação podem se estender para além dos muros das empresas e atingir as crianças e suas rotinas, desde o início da infância.

O alerta é da educadora e consultora educacional Sheila Sgambatti. “A cultura da alta performance está ainda muito presente nas empresas e isso faz que os pais continuem com estas ideias”, afirma a consultora. Segundo ela, os pais que cobram que as escolas usem a quantidade de atividades para mensurar o processo de aprendizagem contribuem para um desgaste (estresse) natural dos alunos. Por outro lado, a consultora deixa claro que não critica o método. “Eu não sou contra a cultura da alta performance; eu sou contra massacrar o aluno. É importante ver como este conhecimen-

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to está sendo passado e cobrado do estudante, seja em que nível de ensino for”, afirma Sheila. A consultora ainda afirma que a concepção da cultura que exige altos desempenhos dos alunos visando ao ingresso nas melhores universidades “tem aspectos muito interessantes, mas a forma pela qual os professores atuam sobre este aluno, a forma pela qual a instituição cobra e como os pais cobram: é o conjunto que torna a situação muito negativa para esta criança”. Pensando nisso, é que a psicóloga e coach individual de carreira Vera Pugliesi avalia a questão como um desvio de foco. Segundo a profissional, o desenvolvimento dos alunos deve ser holístico, ou seja, não deve eleger ou priorizar um aspecto da formação em detrimento de outros. “Quando a escola prioriza o desenvolvimento do aluno com foco no vestibular ou no mercado de trabalho, outros campos do desenvolvimento muito importantes acabam ficando de lado”, explica.

Segundo a psicóloga, a formação como um todo fica defasada. “Quando a escola se preocupa com o desenvolvimento da criança, ela vê este aspecto como um todo. Outros campos como o emocional, o social e o sexual também não podem ser esquecidos”, pontua. Quantidade x qualidade A ideia de que o desenvolvimento profissional depende do esforço e da quantidade de atividades e treinamento do aluno mantém uma lógica competitiva que acaba por orientar os estudantes, já na fase de escolha de uma faculdade ou de uma carreira, para profissões onde tal cenário desbravador e de competição se repete. Vera explica que não há relação comprovada entre a quantidade de atividades ou a quantidade de cobranças e o aumento do desempenho. Ao contrário, a psicóloga diz que as situações podem levar a um desgaste. “A educação tem de ser levada a sério, mas isso não tem a ver com a quantidade de exercícios ou de cursos em que este estudante está envolvido”, explica. Para ela, o acompanhamento da família é essencial. Em uma família onde não há interação ou uma convivência pacífica, a cobrança não fará a diferença ou papel motivador. “Claro que é importante fazer bons cursos e ter boas notas; claro


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A cultura da alta performance

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Comportamento

que é importante ser bem colocado profissionalmente e poder se destacar, mas o desenvolvimento emocional é muito importante e, neste caso, é o que mais contribui para balancear o desenvolvimento do aluno como um todo”, conclui. Ciclo vicioso Os dados mais recentes do Censo do Ensino Superior, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o número de vagas ociosas em universidades públicas vem aumentando desde 2008. Só em 2009, mais de 39 mil vagas ficaram sem ocupação nestas instituições. “Dentro da ideia de que é preciso ser melhor que o outro, e que é preciso superar-se dia após dia, a pessoa escolhe um curso com foco em mercado, em retorno financeiro e em reconhecimento social”, explica Solange Aparecida Emílio, especialista em Psicologia Educacional, do Departamento de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP). “As pessoas vivem à base do ‘salve-se quem puder’, mas, muitas vezes, a competição é para garantir condições mínimas de sobrevivência, o que é contraditório”, afirma. Segundo ela, a postura que exige a alta performance faz parte de um ciclo vicioso no qual as escolas são estimuladas por uma lógica de mercado que está acima das próprias instituições, o que gera um vazio de realizações sociais e de convívio. Ao mesmo tempo, a grande maioria das instituições foca a formação de melhores profissionais. “A proposta da

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competitividade estimula o individualismo e cada vez menos o companheirismo, o compartilhamento, o que é prejudicial”, afirma.

nas por uma nota, sem considerar o contexto, premiando professores que têm os alunos com as notas mais altas nos exames”, enfatiza.

Solange diz que algumas instituições importam modelos de sistemas de ensino que acabam por reproduzir uma lógica onde não há oportunidade para todos. “E isso gera o desgaste. Quem vive esta realidade pode parecer um privilegiado, mas é muito comum apresentarem casos de depressão e até chegarem ao suicídio por terem de corresponder a expectativas que, nem sempre, são as deles”.

De acordo com Solange, a ideia da meritocracia que estimula a competição tem respaldo em exemplos como aquele conhecido nos Estados Unidos por “self-made man”. Traduzindo: alguém que superou obstáculos e chegou a uma posição de destaque sozinho, por conta própria. Para Solange, indivíduos talentosos têm seu espaço, mas no mundo atual as oportunidades são restritas para a grande maioria das pessoas e isso gera frustração.

A solução, segundo a entrevistada, depende de políticas públicas de educação abrangente. A psicóloga critica a ideia de que a escola deva formar pessoas com o senso de que elas precisam ser as melhores naquilo que fazem. “Quanto espaço há para os melhores?”, questiona. “As próprias políticas públicas, atualmente, são equivocadas nesse sentido ao avaliarem o aluno ape-

“Esta é a lógica do isolamento”, afirma. Apesar de amplamente difundida, segundo ela, o avanço da cultura da alta performance deve esbarrar na necessidade natural do ser humano de compartilhar. “Mas esse choque de posicionamento deve levar três gerações inteiras para acontecer. Isso se começarmos agora”, finaliza.


indicação de leitura

disciplina em sala de aula

VIOLÊNCIA ESCOLAR: CAMINHOS PARA ENTENDER E ENFRENTAR O PROBLEMA Autor: Maria Auxiliadora Elias Editora: Ática Nº de páginas: 96 Preço: R$ 19,90

INSTANTÂNEOS DA ESCOLA CONTEMPORÂNEA Autor: Julio Groppa Aquino Editora: Papirus Nº de páginas: 128 Preço: R$ 33,50 A obra trata de um aspecto contemporâneo que merece atenção: nas últimas décadas, passamos da sociedade disciplinar à sociedade de controle. E como isso afeta a escola? O conjunto de textos busca mapear as alterações mais importantes que vêm ocorrendo nas práticas escolares, assim como alguns de seus desdobramentos. O leitor encontrará registros expressionistas de tópicos como indisciplina, avaliação, formação continuada, papel docente, entre outros. Leitura essencial para uma reflexão em perspectiva sobre a participação de cada um de nós na realidade educacional do País.

COMO ADMINISTRAR A SALA DE AULA – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS Autor: José Florêncio Rodrigues Junior Editora: Vozes Nº de páginas: 112 Preço: R$ 19,00 Este manual é resultado de anos de estudo, observação e pesquisas do autor. A sala de aula é, de fato, um espaço desafiador e não se pretende torná-lo um canteiro de rosas com um passe de mágica. Em contrapartida, o autor defende que recorrendo ao que estudiosos e pesquisadores apresentam, os educadores podem facilitar seu trabalho e o dia a dia de seus alunos. O livro traz propostas e roteiros de ação que ajudarão o professor na administração da sala de aula.

Este livro contribui, pela via da educação, com a compreensão e a prevenção da violência escolar. Condensa atividades de pesquisa e estudo, assim como a experiência de atuação da autora no projeto “Pela Vida, Não à Violência”. A obra apresenta diferentes teorias da violência, ao lado de variadas aplicações educativas e preventivas, com exemplos tirados da experiência. Também descreve os diversos blocos de ações que devem ser levados em conta para elaborar um projeto educativo e preventivo. A ideia é oferecer possibilidades, tanto para uma ação planejada e articulada como para atuações concretas diante de situações do dia a dia. A bibliografia e os filmes comentados ajudam a aprofundar diferentes questões.

INDISCIPLINA E DISCIPLINA ESCOLAR: FUNDAMENTOS PARA O TRABALHO DOCENTE Autor: Celso dos Santos Vasconcellos Editora: Cortez Nº de páginas: 304 Preço: R$ 35,00 O livro traz interconexões com um amplo leque de temas, tais como: o sentido da atividade docente e discente, limites e possibilidades educativas, comportamento humano, convivência escolar, construção da autonomia, autoridade pedagógica, contato didático, ética, entre outros.

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opinião

Eliane Garcia Melgaço

A educação que queremos para o Brasil

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Eliane Garcia Melgaço é vice-presidente de Marketing e Sustentabilidade do Grupo Algar

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os últimos anos, o Brasil assumiu posição relevante no mercado global e já provou sua capacidade de competir com importantes players. A economia vai bem, a inflação está controlada, o agronegócio surpreende, a classe C aumentou sua capacidade de compra e, nos esportes, o País destaca-se por ter conquistado o direito de sediar os dois principais eventos mundiais: Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. É motivo de orgulho fazer parte de uma nação que cresceu e conquistou tanto nos últimos anos. Mas, como executiva de um grande grupo brasileiro, sei bem que o sucesso não se mantém sem que haja o esforço contínuo em melhorar. O pai do mar­keting, Philip Kotler, diz que “qualquer empresa ou país podem passar por problemas, mas temos de ter inteligência competitiva identificando os sinais de alerta e as oportunidades”. Hoje, vislumbramos um futuro de oportunidades que só iremos concretizar à medida que identificarmos os sinais de alerta. Um deles – talvez o principal – seja a educação. O Brasil que queremos para nossos filhos e netos precisa ser melhor do que o

Brasil que temos hoje, e a chave para impulsionar e sustentar o crescimento do País nos próximos anos é o fortalecimento do sistema educacional. Segundo o resultado de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o índice de analfabetismo ainda é de 9,7% da população com mais de 15 anos e o governo brasileiro tem uma meta estabelecida pelo Unicef de reduzir o analfabetismo da população a 6,7% até 2015. O MEC (Ministério da Educação) está atento a esta rea­ lidade e já estabeleceu algumas prioridades para os próximos anos, entre as quais: ampliação do ensino fundamental, redução da distorção entre idade e série nos anos finais do ensino fundamental – a taxa atual é de 59,2% – e implementação da obrigatoriedade da escola dos 4 aos 17 anos até 2016. Neste último item, o caminho já está sendo trilhado por meio do programa Todos pela Educação. Em 2009, 91,9% dos brasileiros entre 4 e 17 anos estavam na escola e a meta é chegar a 98% em 2022. Para sustentar as metas do MEC, o investimento público em educação básica também

tem aumentado gradativamente. Em 2009, representou 4,3% do PIB. De 2010 até 2022, a meta do MEC é destinar 5% ou mais do PIB. A boa notícia é que, à medida que aumenta o percentual do PIB destinado à educação – e este mesmo PIB cresce acompanhando os resultados econômicos –, não é só o percentual que aumenta, mas também cresce o volume de recursos. O esforço do MEC tem recebido apoio da classe empresarial. Segundo estudo realizado pelo Ipea em 2004, 600 mil empresas aplicaram juntas 4,7 bilhões de reais em ações sociais (25% desse valor foram para a educação). Em 2000, eram 462 mil empresas investindo no terceiro setor, mas apenas 19% dos projetos tinham foco na educação. Atualmente, há mais de 19 mil instituições, entre ONGs e fundações privadas, atuando pela melhoria da qualidade da educação no País. O investimento em educação não dá resultados no curto prazo, mas temos convicção de que, em alguns anos, vamos começar a colher os frutos deste investimento público e privado e o Brasil continuará seguindo a rota de desenvolvimento que todos queremos.


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