Contato, maio 2023: Fazer o bem

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11 MANEIRAS DE DIZER “EU TE AMO”

Como fazer quem você ama se sentir especial

Anjos de Vanessa

O cristianismo na sua melhor versão

Biodegradável ou upgrade quântico?

A morte vai ser o seu fim?

MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

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Contato pessoal

Bondade sem limites

Nos últimos anos, não faltaram crises globais. As notícias sobre doenças, conflitos e sofrimentos que vemos no noticiário podem provocar medo e criar uma visão negativa do mundo, mas também despertar muita generosidade e empatia. Deus nos criou para, entre outras coisas, refletir uns para os outros o Seu amor e desvelo, atributos que tendem a ganhar realce nos períodos de crise e tristeza.

No início da pandemia de Covid-19, quando o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido pediu voluntários para ajudar nas tarefas diárias, como entregar remédios ou mantimentos aos vizinhos, a resposta foi impressionante. Em quatro dias, quase 750.000 pessoas se prontificaram, resultando na maior mobilização de voluntários desde a Segunda Guerra Mundial.1

Embora a pandemia possa ter feito com que grande parte do mundo parecesse desmoronar, muita gente trabalhou com atos de bondade na reconstrução. O Relatório Mundial de Felicidade de 2022 mostrou um aumento no voluntariado, nas doações para caridade e na ajuda a estranhos em 2021.2

A Bíblia nos diz que a bondade é um dos atributos de Deus — “Da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia.”3 As Escrituras também listam a bondade entre os frutos do Espírito que os cristãos devem se esforçar para cultivar em suas vidas.4

Ajudar os outros é bom para nossa saúde mental e bem-estar. Faz com que nos sintamos parte de uma comunidade mais ampla e conectados aos que estão à nossa volta. Além disso, bondade gera bondade. Quando de alguma forma nos inteiramos de atos de generosidade e caridade, sentimos a inspiração para também sermos generosos e caridosos. Acredito que todos concordamos que a bondade nunca foi tão necessária quanto o é hoje.

Mário Sant’Ana

Editor

1. “Acts of kindness did not decline during the pandemic. In fact, they have risen.” Lara Aknin, Toronto Star

2. https://worldhappiness.report

3. Tito 3:4–5

4. Veja Gálatas 5:22–23.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos.

Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/pt

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Editor executivo: Ronan Keane

Editor: Mário Sant'Ana

Design: Gentian Suçi

© 2023 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Hebe Rondon.

A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada”–Tradução de João Ferreira de Almeida–Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Volume 24,
Número
2

Fazendo

o que posso

Ao final de cada mês tento refletir sobre o que realizei em meu trabalho missionário e na minha vida pessoal. Este mês passei por momentos difíceis e algumas decepções quando não alcancei certos objetivos, mas Deus me animou com alguns dos seguintes pensamentos.

A famosa citação de John F. Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer por seu país”, poderia ser parafraseada para os cristãos: “Não pergunte o que Deus pode fazer por você, mas sim o que Deus pode fazer com você”. Desde criança, sempre quis realizar grandes feitos para Deus e ser usado de alguma maneira extraordinária, mas com o tempo vi que as obras da maioria dos que amam a Deus não serão grandiosas nem vistosas, mas as pequenas, às vezes aparentemente insignificantes, são as que ajudam a mostrar com mais clareza o Seu amor aos outros.

Quando uma mulher entrou em uma casa e derramou óleo caro sobre os pés de Jesus pouco antes de Sua crucificação, alguns de Seus próprios discípulos a criticaram, mas Jesus a defendeu: “ Ela fez o que

pôde”. E acrescentou: “Eu lhes asseguro que onde quer que o Evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória.”1

Oro para que eu continue a fazer o que puder, mesmo que pareça pequeno, não seja percebido, ou até insignificante. Há muitos exemplos na Bíblia de como as pequenas ações podem ensinar grandes lições, como quando Jesus “viu os ricos lançarem as suas ofertas no gazofilácio. Viu também uma viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas, e disse: ‘Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu todo o sustento que tinha.’” 2

Aprendi com essa história que, além de não entender nosso relacionamento com Deus em termos do que Ele pode fazer por nós, também não devo me preocupar com não estar fazendo o suficiente por Ele. Posso apenas me concentrar em fazer o que estiver ao meu alcance e permitir que minha fé cresça caso Ele tenha mais reservado para eu fazer no futuro.

Simon Bishop se dedica em tempo integral a obras missionárias e humanitárias nas Filipinas. ■ 1. Marcos 14:8–9 NVI
3
2. Lucas 21:1–4

O BOM SAMARITANO

A Parábola do Bom Samaritano em Lucas 10:25–37 é muito conhecida. Entretanto, por vivermos em culturas muito diferentes da que prevalecia na Palestina do primeiro século, há aspectos da história com os quais talvez não nos identifiquemos. Apesar de, nos dias de hoje, a parábola não necessariamente chocar nem desafiar o status quo, surpreendeu seus primeiros ouvintes, pois contrariou suas expectativas e desafiou os limites culturais.

Vamos primeiro analisar as personagens na ordem em que são introduzidas na narrativa.

A parábola nos fala muito pouco sobre a primeira personagem, o homem que foi assaltado, mas dá informações cruciais ao entendimento da história: a vítima fora deixada à morte, deitada no chão sem roupas, seriamente ferida e inconsciente.1

São detalhes mais importantes do que muitos percebem à primeira leitura, porque, à época dos acontecimentos narrados, era fácil identificar as pessoas pelas suas vestimentas, idioma ou sotaque. Como o infeliz ficara sem roupas, era impossível identificar sua nacionalidade. Pelo fato de o homem estar inconsciente e, portanto, incapaz de se comunicar, não havia como saber a sua origem.

A segunda personagem a ser citada na história é o sacerdote. Os clérigos judeus se alternavam os trabalhos no templo em Jerusalém, aos quais dedicavam uma a cada 24 semanas. A história não dá detalhes sobre o sacerdote em questão, mas quem ouviu Jesus contar a parábola provavelmente imaginou que o religioso voltava para Jericó depois de cumprir seus sete dias de serviços no templo.

A terceira personagem é o levita. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. Os que não se dedicavam ao sacerdócio eram considerados o baixo clero e, de forma similar aos sacerdotes, cumpriam duas semanas por ano de serviços ao templo.

Samaria é uma região montanhosa em Israel entre a Galileia, no Norte, e a Judeia, no Sul. Na época, os samaritanos acreditavam nos primeiros cinco livros de Moisés, mas entendiam que Deus designara o Monte Gerizim como o lugar de adoração, não Jerusalém.

Por Peter Amsterdam 1. Veja Lucas 10:30.
4

Em 128 a.C., o templo construído sobre aquele monte foi destruído pelo exército judeu. No ano 6 ou 7 d.C., alguns samaritanos profanaram o templo dos judeus em Jerusalém ao espalharem nele ossos humanos. Esses dois eventos são importantes fatores para entender a profunda animosidade que existia entre os dois povos.

A última personagem é o “doutor da lei”. Apesar de não fazer parte da narrativa propriamente dita, foram suas perguntas que provocaram Jesus a contar a história. Nos tempos no Novo Testamento, esses especialistas em leis religiosas interpretavam e ensinavam as leis mosaicas, examinavam suas questões mais difíceis e sutis e emitiam opiniões. Ao questionar Jesus, é possível que o homem buscasse iniciar um debate sobre o entendimento das Escrituras ou que estivesse genuinamente em uma busca espiritual.

A parábola

Conforme o capítulo 10 do Livro de Lucas, no versículo 25, “Levantou-se certo doutor da lei e, querendo pôr Jesus em provas, perguntou-lhe: ‘Mestre, que farei para herdar a vida eterna?’” Como alcançar a vida eterna era questão muito debatida pelos estudiosos judeus do primeiro século e a obediência à Lei era tida como fator determinante.

“Jesus lhe respondeu: ‘O que está escrito na lei? Como lês?’ Respondeu-lhe o homem: ‘Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo’.”2

Como os Evangelhos deixam bem claro, era exatamente o que Jesus costumava pregar e é possível que o jurista tivesse ouvido Jesus defender esse padrão. Mas então indaga: “E quem é o meu próximo?”3

Legalista, o interlocutor de Jesus quer saber exatamente quem precisa amar. Compreende que seu próximo inclui os outros judeus, mas os gentios não eram vistos como “próximos”, a despeito de Levítico 19:34 ensinar: “Como o natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco. Amá-lo-eis como a vós mesmos”. Isso era o bastante para aquele estudioso entender que seus “próximos” eram os judeus de uma maneira geral e qualquer estrangeiro que vivesse na mesma cidade que ele — com o que supunha que Jesus concordasse.

E foi em resposta a essa pergunta —“Quem é meu próximo?”—, que Jesus contou a parábola.

“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos assaltantes, os quais o despojaram e,

2. Lucas 10:26–27 3. Lucas 10:29
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espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.”4 Apesar de não ser possível identificar a nacionalidade do homem, pelo contexto e resultado da história, os que a ouviram em primeira mão muito provavelmente supuseram que o moribundo fosse judeu.

“Casualmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote que, vendo-o, passou de largo.”5 É provável que o sacerdote estivesse retornando de uma de suas semanas de serviço no templo, como explicado anteriormente. Por causa do seu status, pode-se supor que montasse um burro, no qual poderia ter transportado o ferido até Jericó.

O problema era que não havia como determinar quem era a vítima nem sua nacionalidade, já que estava inconsciente e sem roupas. O sacerdote estava sob o dever estipulado pela lei mosaica de ajudar outro judeu, mas não um estrangeiro. Além disso, não sabia se aquele homem estava ou não morto e, segundo a lei mosaica, tornava-se impuro do ponto de vista cerimonial quem tocasse ou se aproximasse de um cadáver. Por fim, o religioso decidiu não socorrer a vítima, passando pelo outro lado da estrada, para garantir uma distância adequada do desconhecido.

A parábola continua: “De igual modo também um levita chegou àquele lugar e, vendo-o, passou

de largo.”6 O levita, faz o mesmo que fizera o sacerdote: decide não ajudar.

A terceira personagem da trama era um desprezado samaritano, um inimigo. E a questão só piora quando Jesus relata as coisas que o estrangeiro fez pelo homem assaltado, as quais o sacerdote e o levita, que serviam no templo, deveriam ter feito. “Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho. Então pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.”7

O samaritano se compadece do homem à beira do caminho, enfaixa suas feridas e sobre as ataduras improvisadas derrama vinho e óleo para limpar os ferimentos. O benfeitor também ergue o ferido, coloca-o sobre seu próprio animal e o leva para uma hospedaria que, presumese, ficava em Jericó.

E não parou aí. “Partindo no outro dia, tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: ‘Cuida dele, e tudo o que de mais gastares com ele eu te pagarei quando voltar’.”8

4. Lucas 10:30 5. Lucas 10:31 6. Lucas 10:32 7. Lucas 10:33–34 8. Lucas 10:35
6

Dois denários equivaliam ao pagamento por dois dias de trabalho. A promessa do samaritano de voltar e pagar quaisquer despesas adicionais garantiu a segurança do assaltado e que continuaria recebendo cuidados durante esse período.

Ao terminar a história, Jesus perguntou ao especialista em leis: “Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele disse: “O que usou de misericórdia para com ele.” Disse Jesus: “Vai, e faze da mesma maneira.” 9

Ao perguntar “Quem é meu próximo?”, o jurista queria uma resposta categórica, preto no branco. Mas Jesus não lhe ofereceu uma listinha de quem o estudioso teria a responsabilidade de amar ou considerar “próximos”, mas ensinou que “próximo” é todo aquele que Deus coloca no seu caminho que tenha alguma necessidade.

Com essa parábola, Jesus deixou claro que o nosso próximo é quem precise de nós, independentemente de sua raça, religião ou posição na comunidade. A mensagem de Jesus tornou evidente não haver limites quando se

9. Lucas 10:36–37

trata por quem deveríamos ter amor e compaixão. A compaixão vai além das exigências da lei. Devemos inclusive amar nossos inimigos.

Muito provavelmente, os próximos que cruzarem seu caminho não estejam fisicamente à morte nem jogados à beira da estrada. Muitos precisam sentir amor, compaixão, encontrar uma mão amiga, alguém disposto a escutar suas mágoas, que os faça sentir que, sim, são importantes, que se alguém importa com eles. E se Deus colocou você no caminho de alguém em necessidade, deve o estar chamando para ser o próximo dessa pessoa.

Jesus definiu o padrão de amor e compaixão nesta parábola e concluiu dizendo para mim e para você —os ouvintes de hoje: “Vai, e faze da mesma maneira”.

Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Adaptado do artigo original. ■

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ANJOS DE VANESSA

O Sol se escondia no horizonte quando peguei a estreita estrada na região central do México, a caminho de Dallas. Amber, minha esposa, dormia ao meu lado. Pelo retrovisor vi, sentadas no banco de trás, minhas três filhas: Tory, minha menina prodígio de quatro anos; Shelly, que acabara de fazer dois; e Vanessa, a bebê. Todas dormiam profundamente. Pensei em parar para tomar café, mas preferi seguir em frente. Se eu parasse, acordariam. Além disso, corríamos contra o tempo. Eu não me importava em dirigir à noite, com as crianças dormindo e a temperatura amena. Era uma oportunidade para pensar e eu precisava disso. O ano não tinha sido nada fácil.

Lembrei de quando esperávamos a chegada de nossa caçula. Havíamos ido para a Costa Oeste dos EUA para passar uns dias com os parentes de minha esposa e depois para a Leste, para visitar os meus. Na sequência, apenas três

semanas antes do dia previsto para o nascimento de Vanessa, fomos de mudança para um centro missionário no Sul do México. Minha esposa tivera pressentimentos de que algo não estava bem com a bebê. Disse-lhe que ela se preocupava demais, mas, no final, ela tinha razão. Vanessa tinha poucos dias de vida quando descobrimos ela que tinha um problema cardíaco e que deveria ser operada.

Não entendíamos exatamente o que era, mas os médicos nos alertaram para voltarmos para os EUA para tratá-la. Uns amigos em Dallas concordaram em nos receber por um mês e era para lá que estávamos indo. * * *

Chegamos à casa dos nossos amigos cedinho na manhã e nos instalamos em um quarto preparado com muito carinho para nós. As meninas ficaram muito felizes ao

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O QUE CONTA MAIS?

Não devemos nos limitar a dar dinheiro. Dinheiro não basta. Dinheiro se consegue. O que as pessoas precisam é que o seu coração as ame. Por isso, espalhe amor onde quer que for. — Madre Teresa (1910–1997)

Uma boa ação nunca se perde; quem semeia cortesia colhe amizade e quem planta gentileza colhe amor.

— São Basílio (330–379)

encontrar duas caminhas do tamanho ideal para elas. “Mamãe, quanto tempo podemos ficar neste hotel?”— Tory perguntou maravilhada.

Nossa primeira visita ao cardiologista terminou com uma viagem de ambulância para unidade de cuidado intensivo do hospital infantil, onde Vanessa passou mais de dois meses. Seu corpinho lutava para sobreviver à operação cirúrgica, à fraqueza de seus pulmões, às intubações e às infecções. Amber e eu nos alternávamos como acompanhantes da nossa filha no hospital, 24 horas por dia. Todo esse tempo, esses amigos maravilhosos cuidaram de nossas meninas, cozinharam para nós, lavaram nossa roupa, emprestaram-nos um carro quando o nosso quebrou e até pagaram o pedágio da estrada para que fizéssemos viagens mais curtas entre a casa e o hospital.

Quando por fim pudemos levar a pequena Vanessa para terminar sua recuperação em casa, esse casal cedeu seu próprio quarto, para que tivéssemos mais espaço para todo o equipamento médico necessário ao cuidado de Vanessa. Em nenhum momento disseram uma única palavra sobre quanto tudo lhes estava custando.

Seis semanas depois, Vanessa entrou em coma e foi levada às pressas para o hospital. Durante os três meses que se seguiram, uma equipe médica trabalhou para tentar diagnosticar o problema. Cada resultado dos exames era um golpe. Seu cérebro estava lesionado, ela estava surda, cega e a condição do seu coração exigia que se fizessem várias operações. Seu estado foi considerado terminal. Os médicos previam que ela viveria mais um ano — talvez dois — e a deixaram sob nossos cuidados.

Por quatro meses nossos amigos dividiram tudo que tinham sem nada pedir em troca. Entendendo que não tinham condições de manter aquilo, encontramos um pequeno apartamento perto do hospital e nos preparamos para mudar para lá, mas o inesperado aconteceu: nossos amigos nos pediram para ficar.

Será que entendiam no que estavam se metendo? Percebiam que Amber e eu precisaríamos nos alternar para atender à bebê 24 horas por dia, sete dias por semana? Percebiam que Vanessa precisava de atenção médica constante e frequentes visitas de enfermeiras? Isso mudaria tudo na vida deles. Além disso, não sabíamos com quanto poderíamos contribuir financeiramente e de outras formas. Será que não entendiam que essa condição poderia se arrastar por anos?

Entretanto, perfeitamente cientes de tudo isso, disseram com ternura: “Estamos aqui para ajudar com o que vocês precisarem por tanto tempo quanto vocês precisarem”.

Poucos meses depois, enquanto descansava, Vanessa passou dos braços de sua mãe para os de Jesus. Ainda hoje, as ações dos nossos amigos permanecem em nós como o mais vívido exemplo de abnegação, amor incondicional e bondade que já testemunhamos. Foi a manifestação de um amor que se faz presente e tangível quando não é fácil e não será retribuído pelos beneficiários. Nossos amigos não apenas disseram que queriam seguir o exemplo de Cristo, mas o fizeram! ■

* * *
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GENTILEZA GERA GENTILEZA

Consideração e cortesia nunca saem de moda. Não podemos subestimar o poder por trás de um simples ato de consideração.

Outro dia, minha esposa e eu saímos para almoçar com um jovem que estava visitando o Chile. Ao nos sentarmos à mesa, pudemos sentir as “vibrações” desconfortáveis de nosso garçom —frio, mal-humorado e bastante breve em suas palavras. Talvez desconfiasse que seríamos o tipo de cliente que transforma o trabalho de garçom em dor de cabeça.

Decidi tentar uma tática que raramente falha: tratá-lo com respeito, demonstrar apreço por ele, fazer algumas piadas bem-humoradas, comentários positivos, sorrir e demonstrar gratidão sincera pelo seu serviço. A mudança foi

Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.

Filipenses 4:5

Com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor.

Efésios 4:2

imediata. Seu semblante se iluminou e ele atendeu nossa mesa com cortesia e profissionalismo pelo resto da refeição. Outro dia, eu estava no banheiro de um shopping. Desde o início da pandemia de Covid-19, sempre carrego comigo álcool para higienizar as mãos. Como o reservatório de sabonete do banheiro estava vazio, pegava meu frasco quando notei um adolescente visivelmente desapontado tentando tirar a última gota de sabonete do reservatório. Quando lhe ofereci um pouco do meu álcool, o jovem se mostrou surpreso e agradecido. Não sei o que estava acontecendo em sua vida ou dia, mas, aparentemente, senti que aquele pequeno ato de consideração de alguma forma lhe dera uma centelha de esperança.

Eu também tenho me beneficiado dos atos de gentileza das outras pessoas.

À tarde, costumo ir ao parque para pedalar e usar os aparelhos de exercício ao ar livre. Um deles serve para fortalecer o abdômen sem colocar pressão nas costas. Eu já o usava há algum tempo, mas não fazia ideia de que não estava me posicionando corretamente. Um estranho amigável passou e parou um tempinho para me mostrar como usar o aparelho para obter o melhor proveito do exercício sem me machucar. Ofereci meus sinceros agradecimentos, pois ele foi a primeira pessoa a apontar meu erro.

Não é difícil espalhar um pouco de atenção e consideração ao longo do dia. Geralmente é apenas uma questão de ver uma necessidade e reagir a ela. Podemos começar cumprimentando aqueles por quem passamos, em vez e sermos indiferentes. Um sorriso e algumas palavras amigáveis dão a certeza de que a vida é boa. Vamos tentar sair um pouco da rotina para sermos gentis e tornar nossa parte do mundo um pouco mais brilhante.

Gabriel García Valdivieso é o editor da edição em espanhol da Contato e membro da Família Internacional no Chile. ■
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maneiras de dizer

Se estiver buscando formas para seus amados se sentirem especiais e valorizados, aqui vão algumas ideias para você começar.

1. Comunique em palavras. “Eu te amo.” Essas três palavrinhas ainda são a melhor forma de garantir que as pessoas que você ama sabem disso. Repita a frase com frequência.

2. Diga-lhes por quê. O que faz uma pessoa especial para você? Comunique isso para ela e de forma específica. Sempre que vir nela algo que você admira ou valoriza, diga-lhe o que é.

3. Dedique tempo para amar. Passar tempo com alguém comunica: “Você é mais importante para mim do que qualquer coisa que eu poderia estar fazendo neste momento.”

4. Não espere por ocasiões especiais. Pequenas lembranças e presentinhos inesperados podem, às vezes, ser demonstrações de amor mais eficazes que os grandes presentes dados nos aniversários ou em outras datas especiais.

5. Seja constante. Quando tudo estiver indo bem, uma expressão de amor pode fazer com que as coisas se tornem ainda melhores. E quando alguém estiver tendo um dia ruim, o amor pode mudar a situação para melhor.

6. Seja afetuoso. Abrace. Toque. A ciência provou que há benefícios físicos e mentais no toque humano.

7. Seja prestativo. Sair da sua rotina para ser prestativo ou ir além do dever demonstra interesse pelos outros comunica: “Sua felicidade é importante para mim. Quero tornar o seu dia melhor”.

8. Escute o seu coração. Procure verdadeiramente conhecer e entender as outras pessoas, em vez de partir do princípio que já sabe tudo sobre elas.

9. Demonstre respeito. Relacionamentos saudáveis se constroem sobre o respeito que as pessoas demonstram umas pelas outras pelas qualidades de cada uma. Busque oportunidades para demonstrar que você acredita nos demais.

10. Seja altruísta. Dar preferência às necessidades e desejos daqueles que você ama demonstra que a felicidade e bem-estar deles são mais importantes para você do que a sua própria.

11. Seja franco. É muitas vezes humilhante se abrir e deixar que os outros vejam o “verdadeiro você”, mas é um elemento necessário à união de corações e mentes. ■

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eu te amo“

É possível evitar a futilidade e a incerteza. Jesus pode lhe dar um novo significado e propósito, começando quando você O convida para entrar em sua vida: Querido Jesus, por favor, perdoe-me por todos os meus pecados. Creio que Você morreu por mim. Abro a porta do meu coração e O convido a entrar na minha vida. Por favor, encha-me com Seu amor e Espírito Santo, ajude-me a conhecê-lO e guie-me no caminho da verdade. Amém.

O BOM LUGAR

No Ensino Médio, na aula de Literatura, estudei a peça de Jean Paul Sartre “Entre Quatro Paredes”, na qual os ocupantes do inferno permaneciam confinados a um quarto sem nada a fazer além de participar em discussões improdutivas e sem propósito.

Outro artigo que li descrevia o inferno como uma construção polida semelhante a um hospital, com quartos cheios de pessoas envolvidas em atividades muito similares às que faziam na Terra, mas sem nenhuma esperança de realizar coisa alguma proveitosa. Eram cientistas dedicados a experiências sem fim nem resultados, soldados engajados em combates perpétuos, trens que jamais chegavam aos seus destinos e foguetes que nunca decolavam. Nada se concluía.

Na primeira parte do seu poema épico A Divina Comédia, intitulada Inferno, Dante descreve uma cordilheira interminável cujas montanhas precisavam ser escaladas, uma após outra.

O céu, por outro lado, é exatamente o oposto. De acordo com a Bíblia, será um lugar de paz eterna, beleza, trabalho frutífero e realização. Teremos alegria completa

ao vivermos na presença de Deus e em comunhão uns com os outros.1 Isso contrasta fortemente com a concepção errônea de que os abençoados passam a eternidade flutuando nas nuvens e preguiçosamente dedilhando harpas.

E a alegria que esperamos ter no céu pode começar agora mesmo. No Pai Nosso, Jesus ora a Deus Pai: “Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu.”2 E, quando perguntado quando viria o reino de Deus, Ele disse: “O reino de Deus não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! porque o reino de Deus está dentro de vós.”3 Em outras palavras, já está aqui em nossos corações – ou pode estar.

A edição de 1828 do Dicionário Webster definiu “vida” como: “Os prazeres ou bênçãos da vida presente; felicidade suprema; felicidade eterna no céu”. Em outras palavras, é tanto “aqui e agora” quanto “lá e então”.

O apóstolo João torna isso mais pessoal, dizendo: “Ora, a vida eterna é esta: que conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”4

Conhecer Jesus pessoalmente é ter um gostinho do céu.

Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico. Dedicou-se por 47 anos a obras missionárias em dez países. Atualmente, ele e sua esposa, Pauline, vivem na Alemanha. ■

1. Veja Apocalipse 21:4–7. 2. Mateus 6:10 3. Lucas 17:20–21
12
4. João 17:3

BIODEGRADÁVEL OU UPGRADE QUÂNTICO?

A morte é parte do ciclo na vida, não o seu fim. Isso é evidente em toda a natureza, mas, talvez, nada o torna mais claro que o exemplo que Jesus deu aos Seus discípulos ao prepará-los para Sua morte: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só. Mas se morrer, produz muito fruto.”1

Paulo, o Apóstolo, explorou mais essa analogia quando explicou que nosso “fim”, na verdade, é o nosso início. “Quando você semeia uma semente na terra, ela só brota se morrer. E o que foi semeado é apenas uma semente, talvez um grão de trigo ou outra semente qualquer e não o corpo já formado da planta que vai crescer.

Deus dá a essa semente o corpo que ele quer [...] Pois será assim quando os mortos ressuscitarem. Quando o corpo é sepultado, é um corpo mortal; mas, quando for ressuscitado, será imortal. Quando ele é sepultado, é feio

1. João 12:24

2. 1 Coríntios 15:36–37,42–44 NTLH

3. Filipenses 3:21

4. Marcos 16:12; Lucas 24:13–16,36; João 20:14

5. Mateus 28:9; Lucas 24:38–43; João 20:16–17,27; Atos 1:3

6. Lucas 24:15–17; João 20:16–17; Atos 1:3

7. Marcos 16:19; Lucas 24:31,36,50; João 20:19,26; Atos 1:9

8. 1 Coríntios 15:52,54 NTLH

e fraco; mas, quando for ressuscitado, será bonito e forte. Quando é sepultado, é um corpo material; mas, quando for ressuscitado, será um corpo espiritual.”2

É difícil imaginar como serão esses corpos espirituais, mas podemos encontrar algumas pistas nos textos bíblicos sobre a ressurreição de Jesus e na seguinte afirmativa de Paulo: “Ele transformará o nosso corpo fraco e mortal e fará com que fique igual ao Seu próprio corpo glorioso.”3

Depois de morrer, Jesus reapareceu como homem, mas mesmo Seus amigos mais próximos não O reconheceram imediatamente.4 Ele tinha matéria —era de “carne e osso”5 —podia andar, conversar e comer,6 mas também era capaz Se materializar e desaparecer sempre que quisesse.7

Jesus ainda tinha uma aparência similar à de antes de ser crucificado, mas Seu corpo havia passado por um upgrade quântico. O mesmo acontecerá conosco. “Num instante, num abrir e fechar de olhos […] seremos transformados. Então, acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: ‘A morte está destruída! A vitória é completa!’”8

Keith Phillips foi editor-chefe da Contato por 14 anos, de 1999 a 2013. Atualmente, ele e sua esposa, Caryn, trabalham com os sem-teto nos EUA. ■

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“TUDO PARA COM TODOS”

Lemos na Bíblia: “Não se amoldem ao padrão deste mundo.”1 As Escrituras também falam da habilidade de tornar-se tudo para com todos.2 À primeira vista, essas instruções parecem contraditórias, mas, na verdade, se complementam. Deus não quer que nos moldemos às atitudes erradas, por mais prevalentes que sejam, mas que nos relacionemos com a sociedade para melhor mostrarmos Seu amor aos outros, para que se aproximem dEle. O apóstolo Paulo foi um bom exemplo desse tipo de flexibilidade e alcançou uma grande diversidade de pessoas. Ao se dirigir a uma audiência predominantemente judaica em Antioquia, por exemplo, lembrou os ouvintes da história de Israel dos tempos de Moisés à época de Davi, mostrando-lhes como Jesus havia cumprido as profecias do Antigo Testamento sobre o Messias.3 Entretanto, diante do Conselho do Areópago, formado pela elite ateniense sem nenhum interesse na história do povo judeu, começou seu discurso fazendo menção de um altar que vira na cidade, onde havia a inscrição: “A um Deus Desconhecido”. Em seguida,

citou os poetas gregos para defender que as capacidades atribuídas a essa divindade — criação, providência e julgamento — estavam presentes em Jesus.4

Francisco Xavier (1506–1552) foi outro que viveu pelo mesmo princípio. Para se relacionar com o povo indiano, que considerava a humildade uma virtude, passou a vestir-se em farrapos e viajava a pé. Durante uma visita ao Japão, entretanto, onde a humildade não era tida como uma virtude e a pobreza era desprezada, vestiu-se com trajes finos, trouxe presentes caros ao imperador e viajou com um séquito impressionante. Fazia o que era preciso para apresentar Jesus da melhor maneira possível, a partir da percepção das pessoas que queria alcançar.

O próprio Jesus se tornou “todas as coisas para todos os homens” quando deixou os grandes salões do céu e a convivência íntima que tinha com Seu Pai celeste para vir para a Terra na forma humana.5 Isso Ele fez para que pudesse se identificar melhor conosco, entender mais profundamente nossos problemas, fraquezas e melhor interceder por nós diante do trono de Deus.6 Jesus quer que sigamos Seu exemplo.7 Deseja que manifestemos nosso amor aos outros, alcançando as pessoas nas condições em que se encontram.

Uday Kumar é membro da Família Internacional na Índia. ■ 1. Romanos 12:2–NVI 2. Veja 1 Coríntios 9:22 3. Veja Atos 13:14–49. 4. Veja Atos 17:22–31. 5. Veja Filipenses 2:5–7. 6. Veja Hebreus 2:17.
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7. Veja 1 João 2:6.

RECOMPENSAS MOTIVADORAS

“Temos que pagar a merenda escolar este ano”, minha filha me informou após o primeiro dia de aula. Eu já sabia disso. Durante o ano letivo anterior, o distrito escolar subsidiou a merenda escolar para todas as crianças, como parte do auxílio estadual em resposta à Covid, mas o sistema escolar não foi capaz de manter o benefício por mais um ano. Isso levou nossa família a discutir como até mesmo as coisas que parecem gratuitas para nós, na verdade, sempre têm um custo que precisa ser pago de alguma forma.

Foi como entrar na toca do coelho. Pus-me a pensar nas coisas que fazemos pelos outros, como quando doamos nosso tempo, dinheiro e recursos. É grátis para quem recebe, mas tem um custo para o doador. Quem paga? Isso me fez pensar em recompensas no céu e se devemos ou não ser motivados por essas recompensas. Posso pensar que não vou ser “pago” por isso aqui na terra, mas no céu, sim?

Jesus falou muito sobre recompensas no céu. Por exemplo: “Pois o Filho do homem virá na glória de seu

Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras.”1 “Em verdade vos digo que aquele que vos der a beber um copo d’água em Meu nome, por serdes discípulos de Cristo, de modo algum perderá o seu galardão.”2

Os Evangelhos fazem mais de 40 referências a recompensas, tesouros no céu, coroas da vida, vida eterna e o que você recebe por obediência, compaixão e sofrimento por amor de Cristo. O restante da Bíblia também tem muito a dizer sobre o assunto.

A questão é que as recompensas no céu devem ser motivadoras. A ideia de “ganhar muito” no céu deve ser uma fonte de força e determinação para as coisas que nos custam nesta vida. Isso não significa que não devemos ser motivados a amar como Deus nos amou, “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”3

Mas quando isso for difícil, quando custar caro, lembre-se: “Eis que cedo venho! A minha recompensa está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.”4

Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive uma vida feliz e produtiva com o marido e os filhos no Texas. ■

1. Mateus 16: 27 2. Marcos 9:41 3. Romanos 5:8
15
4. Apocalipse 22:12

Com amor, Jesus

MAIS ABENÇOADO

Sei que você nem sempre sente o Meu amor. Você gostaria que fosse tangível e às vezes parecesse mais real. Quer sentir a Minha presença quando precisa de consolo e, literalmente, ouvir Minha voz quando falo ao seu coração. Mas acredite que estou com você, recompensarei sua fé e o abençoarei com manifestações do Meu amor e cuidado.

Uma maneira de sentir mais o Meu amor é demonstrando-o aos outros. Ao fazer isso, você pode sentir o Meu amor sendo canalizado através de você. Portanto, quando se sentir vazio e não amado, ame e o Meu amor se derramará em sua vida.

Seu mundo ficará cheio de beleza quando você derramar Meu amor pelos outros!

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