Contato, fevereiro 2023: Smörgåsbord

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NOSSO MUNDO

Chamado para cuidar e preservar

Presente da Becky O lado positivo

A comunhão dos pedestres

Encontrando o que temos em comum

Acho que entendi Um segredo de comunicação

MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

Contato pessoal

Por que não?

Um velho amigo compartilhou comigo sua experiência de vida no que diz respeito à resposta à orações.

“Quando eu tinha seis anos, no dia de Ano Novo, meu desejo foi me mudar para as montanhas. Na época de Natal, visitei com minha família parentes que moravam em uma área montanhosa, quando pude vivenciar pela primeira vez a mágica da neve abundante.

Entre o Natal e meados de janeiro, orei muito para que nossa família se mudasse para aquele lugar encantado. No início, estava confiante que aquilo aconteceria em breve, mas não foi bem assim. Com o tempo, percebi que não estávamos na iminência de nenhuma mudança e, mesmo depois de superar aquela fixação infantil, fiquei com a pergunta: ‘Por que Deus não havia atendido à minha oração?’”

“Hoje entendo que Ele sempre atende às nossas orações, mas nem sempre imediatamente ou da maneira que queremos ou esperamos que o faça. Às vezes, nos diz ‘sim’; em outras, diz ‘não’ ou ‘espere’.”

É comum as crianças desejarem algo que veem nas lojas ou que os colegas de escola têm e se convencem que se obtiverem aquele desejo, serão felizes e, por isso pedem a Deus o que querem. Há adultos que pensam assim e veem Deus como o Papai Noel que atende a todos os pedidos.

Deus não atende a algumas orações como queremos e gostaríamos porque sabe que o que estamos pedindo não seria bom para nós ou para os outros. Outras vezes, Deus concede nossos pedidos, mas de um jeito que não gostamos.

Quando já decidimos o que queremos, apresentamos nosso pedido a Deus, mas nosso desejo não coincide com o que Ele sabe ser o melhor, então, movido por amor e em Sua sabedoria, Ele escolhe não atender ao nosso pedido.

No caso do meu amigo, ao longo dos anos que sucederam àquela oração de criança, que não se materializou, desfrutou de muitos invernos com neve em vários lugares. Para ele, a resposta de Deus foi “Sim, no Meu tempo”.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos.

Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/pt

revistacontato.mail@gmail.com

Editor executivo: Ronan Keane

Editor: Mário Sant'Ana

Design: Gentian Suçi

© 2023 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Hebe Rondon.

A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada”–Tradução de João Ferreira de Almeida–Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Volume 24,
Número 2
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NOSSO MUNDO

A Bíblia nos diz que, ao terminar de criar os Céus e a Terra, “viu Deus tudo o que tinha feito, e que era muito bom.”1 Então, incumbiu à humanidade o cuidado pela Sua criação e pela gestão dos seus recursos, não como proprietários, mas como administradores. “O Senhor Deus tomou o homem, e o pôs no Jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”2

Tenho certeza de que, ao olhar para Sua criação hoje, Deus sinta muito menos prazer do que sentia lá no início. Boa parte do mundo ainda é bela e funciona como Ele tencionou, mas há lugares muito deteriorados. As forças naturais têm sido rigorosas, mas nós, humanos, temos uma parcela da culpa. Muitos ecossistemas apresentam desgastes, espécies animais e vegetais correm risco de extinção e os recursos estão se esgotando. Em grande medida, isso se deve a como temos cuidado mal do planeta que nos foi confiado.

Somos corresponsáveis pelos danos e colhemos as consequências. A poluição do ar e da água reduziu a

O cuidado do ambiente é um princípio bíblico e incumbência dada por Deus. Toda a criação de Deus é importante para Ele, mesmo que um passarinho e uma flor silvestre. Erramos quando entendemos que a criação existe para nosso consumo. Precisamos nos aproximar do coração de Deus. É a responsabilidade de todo verdadeiro cristão a prática da boa utilização dos recursos, inclusive os ambientais. Precisamos abraçar a causa de “cuidar do jardim”.3 —Tri Robinson, pastor da Igreja Vineyard Christian Fellowship em Boise

qualidade de vida de milhões de pessoas e o aquecimento global impõe uma séria ameaça às populações que vivem no litoral e nas áreas de baixa altitude. Além disso, o desmatamento produz desertos e o uso incorreto da terra e dos recursos hídricos tem provocado, em algumas regiões, grave escassez de alimentos. Consequentemente, milhões de pessoas se veem forçadas a se deslocarem e isso, por sua vez, produz conflitos armados. Ao mesmo tempo, oceanos, lagos e rios estão se tornando zonas mortas, ou seja, incapazes de abrigar vida. São problemas sérios que tendem a se agravar com o crescimento populacional. Sem dúvida, nem toda ação do homem prejudica o ambiente. Os especialistas divergem quanto à extensão dos problemas ambientais e a melhor maneira de resolvê-los. Todavia, permanece o fato de que nosso lar coletivo está ameaçado e dividimos a responsabilidade pela sua salvação. Com a ajuda de Deus, se trabalharmos juntos, podemos e devemos melhorar em muitas coisas. Melhorar muito mesmo.

Keith Phillips foi editor-chefe da Contato por 14 anos, de 1999 a 2013. Ele e sua esposa Caryn agora trabalham com moradores de rua nos EUA. ■

Por Keith Phillips
1. Gênesis 1:31 2. Gênesis 2:15 NTLH 3. Gênesis 2:15 3

PRIORIDADES NO CASAMENTO

Li recentemente um artigo sobre o famoso escritor, conselheiro e pastor, Tim Keller, que, em maio de 2020, fora diagnosticado com câncer de pâncreas em estágio quatro. Adorei sua atitude quando ficou sabendo que sua vida estava para terminar e o que entendeu serem suas prioridades para o tempo que lhe restava neste mundo.

Perguntaram-lhe: “O que o senhor vai priorizar, levando em conta que lhe resta pouco tempo de vida? Qual será sua maior prioridade?”. Ele respondeu:

“Como é de conhecimento comum, minha esposa, Kathy, e eu somos uma equipe, praticamente a corda e a caçamba.

“Logo após o diagnóstico de câncer, vimos que não seria bom chegar ao fim de nossas vidas sem melhorar

1. Tish Harrison Warren, “How a Cancer Diagnosis Makes Jesus’ Death and Resurrection Mean More,” New York Times, 10 de abril, 2022.

certos aspectos da nossa união. Ela tinha desistido de abordar certos assuntos comigo por causa da minha reação. Mas agora estamos conseguindo conversar sobre essas coisas e lidar com elas de uma maneira que nunca tinha sido possível.1

Fiquei muito impressionada. Se Tim Keller, vivendo sob a nuvem do câncer, pôde priorizar a melhoria do seu casamento, quanto mais nós deveríamos fazer isso em nossos relacionamentos.

Outra história que me marcou muito também foi a de um casal que estava prestes a se divorciar depois de tentarem de tudo e nada funcionar.

Entretanto, o marido, que amava sua esposa e queria continuar com ela, teve a ideia de lhe perguntar diariamente o que poderia fazer por ela e tentar ao máximo atender aos seus pedidos.

Nas três primeiras vezes que a mulher ouviu: “Querida, o que posso fazer por você hoje?”, achou que ele estava brincando. Então para testá-lo passou a lhe dar tarefas

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Por Maria Fontaine

grandes ou difíceis, como limpar a garagem ou dar uma geral no jardim. Pegou pesado com o marido, convencida de que a boa-vontade e a solicitude não resistiriam à pressão.

Contudo, como ele continuou a se oferecer e se esforçar para atender aos pedidos da sua amada, ela começou a acreditar na sua determinação de convencê-la do seu amor. A determinação do homem em expressar seu amor de formas tangíveis salvou o casamento.

Quando tornamos Deus central no nosso casamento e em outras relações, Seu amor nos une. Quando somos motivados pelo Seu amor, sabemos que estamos agradando a Deus, ainda que a reação da outra pessoa nem sempre seja a esperada.

Compartilhar amor não é um contrato que firmamos para conseguir o que queremos da outra pessoa. É uma dádiva, é algo gratuito, sem a expectativa de reciprocidade. Às vezes, fazemos coisas pela outra pessoa, contando com algo em troca. Fazemos uma gentileza e esperamos ser correspondidos e, muitas vezes, acontece, porque amor gera amor. Entretanto, nem sempre a contrapartida será na forma imaginada ou no tempo esperado.

Se nossa motivação for a expectativa de retorno, não estamos totalmente motivados pelo amor. Devemos nos espelhar no amor de Jesus, que deu tudo por nós, sabendo que nunca poderíamos Lhe retribuir.

Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã de fé. Adaptado do artigo original. ■

VERSÍCULOS BÍBLICOS SOBRE RELACIONAMENTOS

Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Tiago 1:19

A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.—Provérbios 15:1

Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia sejam tiradas de entre vós.— Efésios 4:31

Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas, e melhor é o paciente do que o orgulhoso. Não te apresses no teu espírito a irar-te, pois a ira abriga-se no seio dos tolos. —Eclesiastes 7:8–9

Tende, antes de tudo, ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.

1 Pedro 4:8

Se eu tivesse o dom de profecias, se entendesse todos os mistérios de Deus e tivesse todo o conhecimento, e se tivesse uma fé que me permitisse mover montanhas, mas não tivesse amor, eu nada seria. Se desse tudo que tenho aos pobres e até entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me adiantaria. O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. Não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade. O amor nunca desiste, nunca perde a fé, sempre tem esperança e sempre se mantém firme. Um dia, profecia, línguas e conhecimento desaparecerão e cessarão, mas o amor durará para sempre. 1 Coríntios 13:2–8 NTLH

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SOB A CRUZ

Há alguns anos, tive uma experiência assustadora. Eu estava exausta, depois de uma semana muito ocupada, quando minha filha ligou do Chile explicando como ela e sua família sobreviveram a um terremoto se abrigando sob o portal de entrada de sua casa. Então soube que um dos meus netos estava com dores no peito por causa da artrite reumatoide e que os médicos temiam por sua vida. Naquele sábado, com tudo isso na cabeça, deitei-me para descansar, mas quando acordei, perdera a memória!

Felizmente, meus três filhos estavam me visitando e cuidaram de mim. Como eu estava consciente e coerente, o médico sugeriu esperar um dia para ver como reagiria. Temia não recuperar a memória, mas lembrei de orar e orei muitas vezes por cura. Depois do jantar, minha filha sugeriu que eu descansasse e ouvisse meus áudios de inspiração cristã.

Em um deles, “O Cristo Imutável”, Virginia Brandt Berg fala de uma cruz, construída no século XVI em Macau pelo navegador português Vasco da Gama. Era muito grande e ficava em uma das paredes de uma catedral de pedra. O templo foi destruído pela ação do tempo e pelos tufões, mas o muro com a grande cruz

ainda estava de pé em 1825, quando o governador inglês de Hong Kong, Sir John Bowing, esteve no local. A visão da majestosa cruz que resistiu por séculos o inspirou a escrever um poema chamado “In the Cross of Christ I Glory” (A Cruz), mais tarde transformado em um hino. O áudio terminou com outro hino chamado “Abide with Me” (Comunhão Celeste) (1847).1

Eu podia imaginar aquela grande cruz brilhando na praia. Aquela história e os hinos restauraram a serenidade que eu precisava. Senti paz, alegria e logo adormeci. Quando acordei na manhã seguinte, minha memória voltara ao normal!

As outras situações com as quais eu estava me preocupando também foram resolvidas. A família da minha filha e meu neto estão bem. Aprendi a não me sobrecarregar fisicamente nem permitir que a preocupação me domine. Acima de tudo, aprendi a me apegar à Cruz que brilha com paz e alegria em todos os momentos, especialmente nos difíceis!

Por Rosane Pereira Rosane Pereira é professora de inglês e escritora no Rio de Janeiro, Brasil, e membro da Família Internacional. ■
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1. Ed: Para ouvir o áudio, visite: http://virginiabrandtberg.org/meditation-moments/mm114_the-unchanging-christ.html.

COMUNHÃO DOS PEDESTRES A

Eu estava arrecadando fundos para caridade em um semáforo e notei algo interessante. Outras pessoas que também buscavam a ajuda dos motoristas, sorriam para mim e eu retribuía. Era como se compartilhássemos de algum vínculo ou senso de camaradagem. Parecia uma fraternidade momentânea entre as pessoas que circulavam entre os veículos enquanto o semáforo estava vermelho.

Isso me fez pensar sobre o corpo de Cristo e nossas interações uns com os outros. Efésios 2:19 diz: “Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus”. Essa camaradagem e os laços que nos unem devem ser visíveis. Devemos nos conectar e nos identificar com nossos irmãos cristãos direta e profundamente. Anime-se quando vir outro cristão buscando seguir pelo caminho de Cristo.

É muito importante estarmos unidos em Cristo. Por sermos humanos, buscamos nossos semelhantes, aqueles com os quais nos identificamos e com os quais compartilhamos algum interesse. Isso pode fazer com que cristãos se distraiam e se embaracem em denominações, diferenças doutrinárias, culturais e valores familiares.

PorAmyJoyMizrany

Quando isso acontece, o espírito da convivência boa e agradável do qual a Bíblia nos fala é prejudicado.1

Quando estava na terra, Jesus orou pela união entre aqueles que creem: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti. Que eles também sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”2. Isso não significa que nunca devemos discordar ou ter opiniões diferentes, mas que somos uma equipe, uma família e com a mesma incumbência: compartilhar as Boas Novas de Jesus Cristo com tantos quanto possível.

O mundo não é nosso lar, mas temos uma família de milhões de irmãos e irmãs que passam por provações, problemas e lutas, assim como nós. Se é possível as pessoas criarem uma conexão através de algo tão simples como passar a pé por uma rua movimentada, independentemente do que estejam fazendo ou aonde estejam indo, e entenderem que estão todas passando por experiências semelhantes, deveríamos nos sentir conectados a outros crentes que têm fé e objetivos em comum.

Amy Joy Mizrany nasceu e vive na África do Sul, onde é missionária de tempo integral da Helping Hand e membro da Família Internacional. Nas horas vagas, ela toca violino. ■

1. Ver Salmo 133:1. 2. João 17:21
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ACHO QUE ENTENDI

Eu estava a bordo do avião que me levaria para casa, depois de uma visita a Toronto, no Canadá. Um cavalheiro se sentou ao meu lado, enquanto falava ao seu iPhone. Pelo sotaque, concluí que era da África do Sul, onde eu estivera no ano anterior, por motivo de uma conferência.

Não demorou, Andrew Harrison e eu começamos uma conversa que durou até o fim do voo. Ele contou muitas histórias e eu, na maior parte do tempo, escutei.

Relatou experiências em aventuras ao ar livre para a formação de equipe. Por vários anos, levou grupos de profissionais, muitas vezes executivos, para aventuras na selva sul-africana. Eram experiências que literalmente

levava os envolvidos ao limite do estresse.

Andrew sorria ao contar os detalhes dos vários dilemas, dificuldades e desafios que criava para os habitantes do mundo dos escritórios vivenciarem ao ar livre. Às vezes, eram situações que os desafiava fisicamente e testava emocionalmente. Definitivamente com medo, começavam a se tornar pessoas diferentes e mudavam suas perspectivas. Passavam a entender coisas sobre si mesmos e seus colegas de trabalho que jamais haviam percebido. De volta à casa, a maioria deles retornava ao trabalho com importantes questões pessoais resolvidas.

Pareceu-me fascinante: aprender coisas sobre mim e meus companheiros de trabalho testando meus limites.

Por Jessie Richards
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Imaginei como seria interessante a posição dele —não apenas pela aventura em si e por estar em lugares emocionantes, mas pela oportunidade de ver outras pessoas vivenciarem epifanias e transformações.

Não é todo dia que converso com alguém como Andrew. Pensei que poderia pegar umas dicas com ele sobre como trabalhar com os outros, por conta de seus anos de experiências trabalhando com pessoas por esse ângulo.

— Em todos os seus anos trabalhando com formação de equipes, qual a principal dificuldade ou problema que precisa ser resolvido entre os integrantes desses grupos? —perguntei.

— Comunicação. A dificuldade quase sempre é de comunicação.

— Como assim? As pessoas que trabalham juntas não se falam o bastante?

— Falam e muito! Mas quase ninguém escuta o bastante. Pronto! Era o que eu precisava ouvir. Pude me identificar com aquele problema. Não era uma boa ouvinte e sabia disso. Parei para escutar o Andrew por puro interesse em suas histórias, mas não é assim que normalmente me comporto.

Andrew explicou que a comunicação só existe se as pessoas se entenderem. Na maioria das vezes, falam ou escrevem o que pensam que devem e acham que estão se comunicando, quando, na realidade, não fazem ideia se a outra pessoa compreendeu. Com frequência, a mensagem captada é bem diferente da que o comunicador queria transmitir.

Para descobrir se você se comunicou de forma eficaz ou entendeu o que outra pessoa estava comunicando, faça perguntas e – você adivinhou – escute!

Não faz muito tempo, ouvi uma palestra de Peter Kreeft, “Só uma coisa é necessária”,1 que contribuiu para a lição que eu estava aprendendo sobre escutar. Ele sabiamente afirmou: “Poucas pessoas podem ser grandes oradores, mas todos podemos ser grandes ouvintes”. Acho que, às vezes, esforço-me demais para ser uma boa oradora e esqueço que, na maioria das vezes, não é o que as pessoas querem ou precisam.

Kreeft também disse: “Saber ouvir uns aos outros é algo raro e especial. Algo sempre acontece quando ouvimos”. Tenho algumas lembranças de momentos em que descobri algo incrível simplesmente porque me calei e ouvi. Infelizmente, essas ocasiões são poucas. Eu poderia ter tido muitas mais.

Não sei se é realista decidir que me tornarei uma boa ouvinte para o resto da vida, mas agora tento encontrar pessoas às quais escutar. Por que me limitar ao que está em minha própria mente quando posso obter insights de muitas pessoas – incluindo e principalmente de Deus?

Também me ocorreu como é lindo saber ouvir. Há momentos em nossas vidas – e estou passando por um desses – em que não sentimos que temos muito a contribuir. Passamos por provações e talvez até nos sintamos um pouco perdidos. Queremos ajudar os outros, mas não sabemos o que dizer. Bem, talvez haja situações em que não há nada que possamos falar que ajude. Mas como todos querem ser ouvidos e compreendidos, posso lhes dar atenção. É bem provável que isso tenha mais valor do que qualquer coisa que eu possa dizer.

Jessie Richards participou da produção do Contato de 2001 a 2012, e escreveu vários artigos como redatora da Contato. Ela também escreveu e editou material para outras publicações e sites cristãos. ■

Ver http://www.peterkreeft.com/audio/25_ one-thing-needed.htm 9
1.

SEREPTA

— Você tem algo para eu comer, algo para eu beber? —perguntou com modéstia o estranho. Estou fraco, com fome e cansado da viagem. Por favor, imploro.

Senti pena dele. Eu também sentia as dores da fome. Serepta, onde eu vivia, estava na mesma situação do lugar do qual aquele forasteiro viera: nas garras da estiagem. Eu própria estava fraca, cansada e precisava que alguém me resgatasse da morte.

Eu não tinha quase nada e era dessa miséria que o viajante me pedia que lhe desse. Se fosse só por mim, não hesitaria em lhe dar meu último bocado. Admito que Deus tinha razões de sobra para me abandonar. Eu não merecia viver. Mas e meu filhinho, a luz da minha vida, por quem tinha verdadeira adoração?

— Venha. ... Claro. Pode entrar —respondi insegura. — O problema é que não tenho nada para lhe dar. O que me resta é um pouco de farinha e óleo para preparar a última refeição que eu e meu filho comeremos antes de morrer. Estava juntando uns gravetos para o fogo quando você apareceu.

Era uma criança bonita, mas estava esquelética depois de várias semanas com muito pouco para comer. Mas não perdia o sorriso. — Mamãe, também encontrei uns gravetos. O vento os derrubou durante a noite. Vão dar um fogo bom.

O homem fitou a criança nos olhos e disse:

“Certamente, o Senhor me trouxe aqui”.

Olhei para meu filho. O vento lhe despenteava o cabelo castanho encaracolado. Olhava-me atentamente, como as crianças olham para suas mães, com expectativa e confiança.

— Não tenha medo — instruiu-me o homem. Faça um pequeno bolo para mim antes e depois faça outro para você e seu filho. Pois, assim diz o Senhor Deus: “A vasilha de farinha não acabará nem a jarra de óleo secará, até o dia em que o Senhor enviar chuva à terra”.

Peguei a jarra de óleo da prateleira. Estava leve, quase vazia. Por que eu estava fazendo aquilo por um estranho? Não fazia nenhum sentido.

— Acenda o fogo, filho, enquanto preparo a massa.

Peguei a vasilha com farinha. Também estava quase sem nada. Enquanto eu sovava o pão, o inesperado aconteceu. Senti minhas mãos novamente com energia e uma certa leveza nos pés quando levei a massa ao forno. Aquele não era um pão comum.

Lutei para ignorar as dores da fome quando a casa começou a ser tomada pelo cheiro de pão assando e evitei o olhar atento de meu filho.

O homem tomou o pão que lhe ofereci, levantou-o em direção ao céu e disse: “Senhor, abençoa esta comida que Você supriu e as mãos que a prepararam”.

Por Joyce Suttin
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A PASSAGEM EM 1 REIS 17:8–16 RECONTADA

Voltando-se para mim, disse com um sorriso: — Agora prepare um pão para você e seu filho.

— Mas acabei de usar a última gota... Seu olhar me dizia para obedecer.

— Filho, passe-me a farinha e o óleo.

Os olhos do garoto estavam maravilhados ao me entregar o pote. Havia muitos dias que aquela vasilha não ficava pesada assim. Então, enquanto me trazia a jarra, o óleo derramou nas nossas mãos. E como aquela jarra, nossos corações também transbordaram.

Deus honrou Sua promessa. O punhado de farinha e as poucas gotas de óleo se multiplicaram e garantiram a sobrevivência de nós três por quase três anos, até terminar a estiagem.

Joyce Suttin é professora aposentada e escritora. Vive em San Antonio, EUA. Confira seu blog em https://joy4dailydevotionals. blogspot.com/ . ■

RETORNO

Quanto mais você dá, mais volta para você, porque Deus é o maior doador do universo, e Ele não vai deixar você dar mais do que Ele. Vá em frente e tente. Veja o que acontece. — Randy Alcorn (n. 1954)

Em todos os meus anos de serviço ao meu Senhor, descobri uma verdade que nunca falhou. Essa verdade é que está além do reino das possibilidades que alguém tem a capacidade de dar mais do que Deus. Mesmo que eu dê tudo o que possuo a Ele, Ele encontrará uma maneira de me devolver muito mais do que eu dei. — Charles Spurgeon (1834–1892)

Havia um homem que chamavam de louco; Quanto mais ele dava, mais ele tinha. — John Bunyan (1628–1688)

Deus quer suprir todas as suas necessidades, físicas e espirituais, por meio de Seu Filho, Jesus. 1 Você pode convidá-lO a entrar em sua vida como seu Salvador pessoal fazendo a seguinte oração: Jesus, eu creio que Você é o Filho de Deus e que morreu por mim. Por favor, perdoe-me por todos os meus pecados. Abro agora a porta do meu coração e peço que entre e me dê a Sua dádiva da vida eterna. Amém.

1. Ver Filipenses 4:19.
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OFIEL

Um dos meus versículos favoritos está no capítulo situado mais ou menos no meio da Bíblia: “É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem.”1 Todo o salmo é uma expressão de gratidão, admiração, alegria e louvor a Deus, e o ponto principal que aparece neste versículo é a fidelidade de Deus.

Quando não podemos contar com os outros — nem mesmo familiares ou nossos melhores amigos — sabemos que sempre podemos depender de Deus. Ele é infinito, onipresente, onipotente, onisciente e a essência do amor. Nós, por outro lado, somos limitados, aprendendo à medida que avançamos–geralmente por meio de nossos erros. Mesmo nossas melhores intenções muitas vezes dão errado porque não sabemos como realizar o que nos

1. Salmo118:8

2. Ver Gênesis 3:8–10.

3. Ver Gênesis 18.

4. Ver Êxodo 13:21.

5. Ver Êxodo 33:11.

propomos a fazer. E, sinceramente, nossos motivos são muitas vezes maculados por nossos desejos pessoais. Desde as primeiras histórias da Bíblia, lemos sobre um Deus presente, um participante ativo na narrativa humana. Imagine caminhar com Ele pelo Jardim do Éden,2 ou encontrar-se com Ele durante o almoço para discutir assuntos de família, como Abraão fez!3 Ele também liderou os hebreus na travessia do deserto,4 falou com Moisés face a face5 e acordou o menino Samuel durante a noite para lhe dar uma mensagem profética.6 Há muitas histórias assim no Antigo Testamento.

E então vemos Jesus nos Evangelhos. Ele vive entre Seus discípulos, vai com eles ao mercado, está na sua companhia à beira-mar, ensina com autoridade7 e amor.8 Mesmo na cruz, demonstra Sua divindade e nossa insuficiência.9

Quando Lhe perguntam: “Quem pode ser salvo?” Jesus responde: “Para os homens isto é impossível, mas para Deus tudo é possível.”10

Claramente, mesmo em nossos melhores e mais brilhantes momentos, ainda é melhor confiar em Deus do que confiar no homem.

E Deus sabia disso desde o início! A boa notícia é que Ele ainda anda conosco hoje. Na verdade, quer viver com você! Jesus disse: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, e viremos para ele e nele faremos morada.”11

Confie nEle acima de todas as suas outras opções e entenderá o significado da verdade expressa no Salmo 118:8.

6. Ver 1 Samuel 3. 7. Ver Mateus 7:29. 8. Ver João 13:1. 9. Ver Mateus 27:46–54. 10. Mateus 19:26 11. João 14:23
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Sally García é educadora, missionária e membro da Família Internacional no Chile. ■

PRESENTE DA BECKY

Becky era uma colega com quem cursei o quinto ano há cerca de 50 anos. Algo me lembrou dela esta manhã e, como uma coisa puxa outra, uma série de memórias vieram à tona. Lembro-me vividamente de seu sorriso e comportamento agradável, apesar do fato de que ela provavelmente sofria muita dor física e psicológica. Afinal, sabia que sua vida nunca seria como a dos colegas, por causa da paralisia infantil que lhe acometera.

Lembro de ela se levantar com dificuldade usando aquele aparelho de metal nas pernas e se locomovendo com grande dificuldade. Já naquela época eu ficava impressionado com a maneira como ela lidava com suas provações.

Lá estava eu, com todos os meus membros intactos e de boa saúde com toda a minha vida pela frente, com o amparo de uma família de classe média bem estruturada. Não me faltava nenhuma necessidade. No entanto, às vezes eu era não era muito grato. Pensando bem, eu era bem mimado.

Apesar das dificuldades de Becky, ela se mantinha positiva e cheia de fé em Cristo. Seu espírito alegre foi uma dádiva para mim, com a qual muito aprendi.

Na primeira metade do século XX, a poliomielite ainda era um problema muito real e podia atingir qualquer um. O presidente americano Franklin Delano Roosevelt ficou paralisado da cintura para baixo por causa doença. No seu pico nas décadas de 1940 e 1950, a enfermidade paralisou ou matou mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo todos os anos. Nas últimas décadas, a doença foi quase erradicada, mas, infelizmente, novos focos foram detectados em alguns lugares.

Embora ainda precisemos combater esse mal horrível, anima ver como avançamos. Alimenta a fé de que podemos superar as dificuldades mais atuais, como a pandemia de Covid-19, as mudanças climáticas, a escassez de energia e outros desafios. Mesmo que tenhamos que suportar a tragédia, podemos lembrar e nos inspirar nas almas corajosas que, como Becky, tanto suportaram e permaneceram firmes na fé.

Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico. Dedicou 47 anos realizando atividades missionárias em 10 países diferentes. Ele e sua esposa Pauline atualmente vivem na Alemanha. ■

Mas ele me disse: A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.—2 Coríntios 12:9

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EMPATIA E COMPAIXÃO

Recentemente, li um post com uma perspectiva interessante sobre os pedidos de permanência em casa ou lockdowns ao redor do mundo, durante a crise da pandemia de Covid-19. O autor disse que, embora “estivéssemos todos passando pela mesma tempestade, não estávamos todos no mesmo barco”.

Para uns, ficar em casa foi uma oportunidade para tirar uma folga, explorar horários de trabalho alternativos, ou passar tempo com a família. Para outros, o resultado foi perda de renda, conviver com muita gente em espaços restritos, (ou, inversamente, solidão intensa). Muitos viram-se mais expostos a riscos físicos ou mentais.

Esse entendimento mais amplo me acompanhou na leitura de outros textos, mais incisivos, que abordavam o comportamento dos que desrespeitaram as normas da quarentena, ou as ações do governo para as impor. Alguns autores partem da premissa de que todos compartilham do mesmo ponto de vista e as exceções se devem à ignorância, por estarem mal informados ou pior.

Parte dessa problemática é abordada na Bíblia. A natureza humana sempre foi egocêntrica, pelo que Jesus constantemente lembrava Seus discípulos e outros que O ouviam da importância da empatia, da compaixão e que devemos tentar ver as coisas da perspectiva dos outros.

Reuni alguns versículos sobre esse tópico, que me ajudam a lembrar de ser empático e compassivo com aqueles com quem tenho contato, mesmo que suas crenças sejam diferentes das minhas.

Simon Bishop se dedica a trabalhos missionários e humanitários nas Filipinas. ■

Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados. Não condeneis, e não sereis condenados. Perdoai, e perdoarvos-ão.—Lucas 6:36–37

Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!—Mateus 5:46–47 NVI

Completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.— Filipenses 2:2–4NVI

Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos.—Romanos 12:15–16 NVI

Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.— Colossenses 3:12

Portanto, animem e edifiquem uns aos outros.—1 Tessalonicenses 5:11 NVI

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ESSE GRANDE AMOR

“Tende, antes de tudo, ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.”1

Sempre tive consciência de que o amor ignora erros, inadequações, peculiaridades e características desagradáveis dos outros. Esse versículo, contudo, vai além ao dizer que o amor “cobre” o pecado. Não está se referindo a falhas aleatórias como quando alguém não agenda um compromisso ou faz muito barulho para mastigar. Mas o pecado – coisas que nos machucam, que nos separam de Deus, que tornam difícil amar ou perdoar os outros, que sabemos que poderíamos fazer melhor, mas não estamos realmente tentando.

Deixe-me contar o que isso me ensinou, com respeito à minha relação com meu marido, meus filhos e outras pessoas que quero bem. Vejo em cada uma dessas pessoas maravilhosas limitações, falhas e, sim, pecados. Tenho certeza de que veem o mesmo em mim! Às vezes, contudo, tenho dificuldade para lidar com essas imperfeições e pode ser até que sinta que minha posição se justifica. Não quero fazer concessões, permitir que o mal entre em nossas vidas – mas, falando sério, quem segue um padrão assim?

É difícil explicar e é fácil pender para um dos extremos. A tolerância pode às vezes flertar com a transigência e a aceitação do pecado. Entretanto, a pessoa que quiser “ser leal à verdade” corre o risco de ficar dura e crítica. Nem uma coisa, nem outra reflete Jesus. A realidade é que esses dois extremos afetam nossa utilidade para Deus e nosso relacionamento com os outros.

O equilíbrio é onde a verdade é devidamente exaltada como deveria ser e a graça corretamente concedida. Além de ter um poder transformador, a Palavra de Deus serve de guia para a vida, mas eu não tenho a capacidade nem me cabe tornar justo quem quer que seja. Devo apenas ter e dar o amor que cobre uma infinidade de pecados, como a Bíblia ensina.

Vou pensar nisso da próxima vez em que meu filho adolescente for petulante, ou meu marido não reagir ao meu lembrete amigável da maneira que eu esperava, ou quando minha amiga ficar brava com outro motorista enquanto fala comigo ao telefone. Vou tentar cobrir tudo isso com aquele amor grandioso, abnegado e incrível que fez Cristo morrer por nós, mesmo ainda sendo pecadores.2

Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e os filhos no Estado do Texas, EUA. ■

1. 1 Pedro 4:8 2. Veja Romanos 5:8
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COMECE DE NOVO, COMECE HOJE

Muito da vida depende das pequenas decisões do dia a dia. As decisões que tomamos no passado tiveram seu efeito, mas cada dia pode marcar um recomeço. Independentemente do que tenha acontecido, você tem a chance de tomar as decisões certas hoje.

Não perca tempo remoendo dores e erros do passado. Isso só reduz seu poder de fazer o que você pode fazer hoje. Não pode mudar o passado, mas deve tomar decisões que construirão um bom futuro, então, aproveite ao máximo o presente.

Aprenda com os erros de ontem e abandone-os hoje. Perdoe aqueles que o prejudicaram e peça perdão a quem você prejudicou. Isso provavelmente não será fácil, mas não adie; faça já. Busque em Mim e na Minha Palavra coragem e esperança renovadas, hoje. Tenha novos sonhos hoje. Estabeleça novas metas hoje. Gaste hoje o tempo com as coisas que de fato contam. Ame sua família hoje. Seja um amigo hoje. Faça as coisas melhor, começando hoje.

Com minha ajuda, seu futuro pode ser de novidade de vida e uma caminhada mais próxima Comigo. – E tudo começa hoje.

Com amor, Jesus
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