Contato Abril 2021: Agora e para sempre

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MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

A CRUZ

Conhecendo meu melhor amigo

A escola dominical da Natalie

Um sonho adiado

A noite em que ele riu A paz dos pais


Volume 23, Número 4

Contato pessoal De tempestades e esperança Muitos pensam equivocadamente que o Cabo da Boa Esperança fica no extremo sul do continente africano. Na verdade, o ponto de encontro dos oceanos Atlântico e Índico fica cerca de 150 km a sudeste, mas o fato de essa confusão perdurar por tanto tempo e ainda ser bastante comum ilustra como essa área foi inacessível e aterrorizante durante séculos. Embora as tentativas de contornar a África remontem ao período pré-cristão, a primeira travessia com êxito documentada foi realizada pelo navegador português Bartolomeu Dias, em 1488. (Descobriu-se que o segredo era navegar em mar aberto, em vez de costear o continente.) A tradição diz que Dias chamara a região de Cabo das Tormentas, mas que o rei de Portugal preferiu o nome pelo qual conhecemos hoje o acidente geográfico, pois entendeu que representava a esperança de uma nova rota para o leste. A morte, que, como o “Cabo das Tormentas” ceifava vidas e destruía esperanças, foi conquistada quando Jesus ressuscitou dos mortos na manhã de Páscoa. Quando Maria Madalena e duas outras mulheres foram ao túmulo onde Jesus havia sido sepultado, ainda estava escuro. Não tinham ideia de como moveriam a pedra que selava a tumba e se perguntavam como concluiriam o embalsamamento do Seu corpo. Para surpresa delas, contudo, quando chegaram ao local onde ficava o túmulo, viram que a pedra fora removida e que o corpo sumira. Então, um estranho que estava por ali, com quem Maria começara uma conversa, diz algo que transformou em luz a escuridão daquela mulher: “Maria”. Tudo aquilo parecia confuso, surpreendente, inacreditável, mas ali estava Jesus. Vivo! Como os navegadores que sucederam Bartolomeu Dias, podemos ir além do nosso “Cabo das Tormentas”, graças à ressurreição de Jesus, pois temos a esperança do céu e a vida eterna com Deus. O Jesus vivo ainda está conosco e nos promete: “Porque Eu vivo, vós também vivereis.”1 Essa é a essência da nossa fé e a razão pela qual celebramos a Páscoa neste mês.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/pt revistacontato.mail@gmail.com Editor executivo: Ronan Keane Editor: Mário Sant'Ana Design: Gentian Suçi © 2022 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Hebe Rondon. A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada”– Tradução de João Ferreira de Almeida– Edição Contemporânea, Copyright © 1990,

Mário Sant’Ana Editor

por Editora Vida. 1. João 14:19

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RÉPLICA DA RESSUREIÇÃO

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá” — Jesus, João 11:25

Por Ruth Davidson

A natureza muitas vezes nos fala da criação de Deus em símbolos alegóricos,

como o evento mais milagroso da história–a ressurreição de Jesus Cristo. A planta-da-ressurreição, também conhecida como rosade-jericó ou planta-dinossauro, é uma pequena erva que se enrola em uma bola compacta na estiagem. Entretanto, basta submergi-la na água para o “fóssil vivo” se transformar dramaticamente de uma massa enrugada em um musgo resplandecente que se espalha em poucas horas. Sua folhagem semelhante a uma samambaia é um dos fenômenos mais intrigantes do planeta. A planta pode ficar dormente por até 50 anos sem água nem luz e, repentinamente, libertar suas folhas verdes rendadas quando exposta novamente à umidade. Aparentemente, consegue voltar à vida repetidas vezes, mesmo depois de secar completamente. Quando vi pela primeira vez essa maravilha magicamente se abrir, entendi o motivo de ser chamada “planta-daressurreição”. Meus pensamentos foram imediatamente direcionados a Jesus. Nem a morte nem o túmulo poderia controlá-lO e Ele Se levantou triunfante para nos salvar dos nossos pecados.

Ruth Davidson foi missionária no Oriente Médio, Índia e América do Sul por 25 anos. Ela agora é escritora e colaboradora do site www.thebibleforyou.com. ■

Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também cremos que aos que dormem em Jesus, Deus os tornará a trazer com Ele. — 1 Tessalonicenses 4:14 Se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição. — Romanos 6:5 Nosso Senhor escreveu a promessa da ressurreição, não apenas em livros, mas em cada folha na primavera. — Martinho Lutero (1483–1546) Existem muitos caminhos para uma vida equilibrada. Para o cristão, o primeiro passo é examinar seu relacionamento com Deus. Quão perto você está dEle? Você busca Sua sabedoria com frequência ou está tentando se virar por conta própria? Muitas vezes, podemos nos sentir sozinhos quando a vida se torna difícil. Quem se relaciona com Deus nunca está só.1 Quanto mais íntimo for seu relacionamento com Ele, mais fé você terá de que Ele o ajudará até mesmo nos momentos mais difíceis. — Susan J. Knowles 1. Veja Romanos 8:35; Salmo 91: 10-11. 3


COMO E O CEU Por Maria Fontaine

Já se perguntou o que lhe acontecerá depois da morte? O que o espera

1. Ver 1 João 4:8; João 4:24. 2. Ver Apocalipse 21: 4 3. Ver 1 Coríntios 15: 50–53 4. Ver Apocalipse 20: 1-4 5. Ver Apocalipse 21:16 6. Ver Apocalipse 21: 3. 7. Ver Apocalipse 21 4

encontrar do “outro lado”? Se é que existe um outro lado. Se existe um Paraíso, como é? Você será feliz lá? Encontrará seus entes queridos nesse lugar? Quão diferente será a vida lá da que tem hoje, na Terra? A Bíblia nos fala muito sobre o que podemos esperar encontrar no Céu–como será, como seremos e o que faremos lá. Há também


numerosos relatos de pessoas que tiveram vislumbres do Céu em situações em que quase morreram, foram levadas ao Céu e voltaram para relatar sua experiência. Segundo a Bíblia, uma das principais diferenças entre a vida no Céu e a que temos aqui é que o Céu é um ambiente perfeito, preenchido com a presença de Deus, onde podemos desfrutar toda as belezas e maravilhas que temos na Terra, mas sem o sofrimento, o vazio, a solidão, o medo que tantas vezes nos controla, livres do egoísmo, da ganância, do ódio e da destruição que vemos no mundo à nossa volta. O reino de Deus será repleto com amor, beleza, paz, conforto, compreensão, alegria, compaixão e, acima de tudo, do amor dAquele que nos ama mais do que qualquer um: Deus. A Bíblia nos diz que Deus é amor. É o Espírito do Amor.1 Portanto, o reino dos céus é um lar de amor, onde não haverá mais dor, tristeza, rejeição, tristeza ou solidão.2

Lemos na Bíblia que na vida após a morte não seremos espíritos sem rosto e sem corpo, flutuando sem forma alguma. Teremos um corpo, muito parecido com o que temos agora, mas sem as doenças, os desconfortos, o envelhecimento ou a dor que sentimos em nosso corpo terreno.3 Seremos capazes de desfrutar a companhia uns dos outros e viveremos felizes para sempre na presença dAquele que nos criou e tanto nos ama. Muitos têm a impressão equivocada de que o céu é um lugar enfadonho, onde os cristãos ficam sentados em nuvens, tocam harpa e cantam louvores a Deus. Tenho certeza de que, quem quiser, poderá tocar harpa e certamente vamos louvar a Deus, mas o céu será muito melhor que isso! Na verdade, acredito que a vida será muito mais plena do que temos aqui, sem o estresse, as preocupações, as doenças e as lutas pela sobrevivência que atualmente enfrentamos. Estaremos totalmente envolvidos no que realmente importa e que faz a diferença na vida de outras pessoas. Investiremos nosso tempo em coisas que nos dão alegria e nos inspiram, em vez de consumi-lo com trabalho enfadonho, com a rotina monótona e em atividades sem sentido, como fazem muitos neste mundo. A Bíblia nos diz que o próprio Jesus Cristo retornará para reinar sobre a Terra, junto conosco, Seus filhos, por um período de mil anos

conhecido como Milênio.4 Então, uma das tarefas daqueles que amam a Deus será ajudar a reconstruir, reorganizar e reeducar as pessoas que permanecerem na terra. Traremos o Seu reino para a Terra, tornando-a um lugar onde o amor, a verdade e a justiça predominam; onde todos têm o suficiente, mas ninguém tem demais. Os dois últimos capítulos do Livro de Apocalipse descrevem o Céu como uma gigantesca cidade dourada,5 que desce do céu, após o Milênio, para a Terra, que terá sido restaurada, onde Deus habitará com os homens.6 Aqueles que amam a Deus e receberam Jesus como seu Salvador, viverão com Ele em Sua maravilhosa cidade dourada! A Bíblia descreve suas ruas como sendo feitas de ouro e nos diz que a cidade é cercada por um muro feito de doze tipos de pedras preciosas.7 A boa notícia é que, qualquer pessoa que acredite e receba Jesus pode entrar no reino dos céus e vivenciar a alegria, a realização e o amor eterno que Deus deseja dar a cada um de nós na próxima vida. Até lá, podemos ter aqui e agora um pouco dessa vida celestial em nossos corações. Isso não é determinado por quem você é, por onde andou, o que fez, se é bom ou se é mau. Deus promete perdão. Ninguém é bom o bastante para ser digno do céu e conquistar seu lugar lá por méritos. É por isso que 5


RENASCIDO Para nascer de novo e ser parte no maravilhoso reino de Deus, receba Jesus como seu Salvador, pedindo a Ele para entrar em seu coração: Querido Jesus, acredito que Você é o Filho de Deus e que morreu por mim. Preciso do Seu amor para me limpar dos meus erros e transgressões. Abro a porta do meu coração e peço-Lhe que, por favor, entre em minha vida, encha-me com Seu Espírito Santo e me dê Seu presente de vida eterna. Amém.

Deus enviou Seu Filho, Jesus, há mais de 2.000 anos. Jesus pagou pela nossa salvação ao morrer pelos pecados da humanidade. Por isso, ao crer nEle como Salvador, podemos receber a dádiva da vida eterna. Isso nos alivia do fardo de tentarmos ser bons o suficiente para ir para o céu — pois seria um esforço vão, uma vez que todos os seres humanos são imperfeitos. Jesus abriu a porta para a vida eterna em Seu reino para cada um de nós por meio de Sua morte na cruz. Não é algo que você possa fazer por merecer nem há pecados maiores que o perdão de Deus. A salvação é um presente de Deus. Jesus nos ama como somos. Ele nos conhece. Conhece nossos pensamentos, tudo fazemos e até nossos segredos mais 6

profundos. Sabe de tudo e, mesmo assim, nos ama, porque Seu amor é infinito. Seu amor está muito além de qualquer coisa que possamos entender. É capaz de preencher qualquer vazio e curar qualquer dor ou ferida. Seu amor pode trazer alegria para substituir a tristeza, riso no lugar do sofrimento e propósito para a vida sem sentido. Sempre que precisar, invoque Jesus. Seu amor estará com você e Ele o ajudará. Você pode receber Seu amor e ter certeza de seu destino eterno com Ele no céu, simplesmente orando e pedindo a Jesus por Seu presente de salvação. Se abrir o coração para Jesus e O convidar para sua vida, Ele estará com você para sempre. Você nunca pode perdê-lO! Receber Jesus é ter

no Céu uma reserva permanente que nunca pode ser cancelada e quando sua vida na terra terminar, viverá em Sua presença para sempre! Embora a salvação seja uma dádiva, Jesus quer que os que O recebem façam tudo que puderem para amar os outros e lhes falar sobre o reino celestial de Deus. Compartilhe com as outras pessoas a verdade sobre Jesus e Seu amor, para que elas também possam ter alegria nesta vida e na próxima! Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Adaptado do artigo original. ■


A CRU

Z

Na época do Natal do ano passado, uma judia amiga minha

compartilhou uma foto de Israel, onde três símbolos foram erguidos em uma exibição ao ar livre, para representar as três principais religiões monoteístas. Havia uma menorá, a estrela e o crescente islâmicos e uma árvore de Natal. Expliquei a ela que a árvore de Natal não é, na verdade, um símbolo do cristianismo. Para os crentes, o símbolo do Natal é o menino Jesus na manjedoura, mas o cristianismo é representado pela cruz. Em muitas partes do mundo, as cruzes são proibidas em locais públicos e, em alguns países, os cristãos não podem usar uma cruz como símbolo de sua fé. A cruz é tão poderosa que os poderes das trevas devem eliminá-la? Por centenas de anos, os coptas tatuaram a cruz em seus pulsos como um testemunho indelével de sua fé, mesmo em face de perseguições brutais.1 Aceitei Cristo como meu Salvador em 1971 aos 17 anos, quando estudava na Universidade do Texas. Eu realmente não entendia o conceito de pecado nem compreendia como alguém poderia ter morrido por mim 2.000 anos antes de eu nascer. Tudo que eu sabia 1. Veja https://sttekla.org/2019/09/themeaning-of-our-coptic-cross-tattoo/.

era que precisava de ajuda. Uma amiga cristã respondeu algumas das minhas perguntas com passagens da Bíblia e então me perguntou: “Se você realmente quer saber se Jesus é quem Ele disse ser, por que você simplesmente não pergunta a Ele? Se Ele não responder, não perdeu nada. Se Ele responder, você O conhecerá por si mesmo.” Ela então me entregou uma oração escrita e disse que fizéssemos juntas. A oração era um pedido de perdão pelos meus pecados e agradecia a Jesus por ter morrido na cruz por mim. Não entendi as palavras e disse a ela que apenas oraria silenciosamente com minhas próprias palavras. Ela deve ter duvidado de que eu realmente o faria, mas fechei os olhos e – apesar de me manter em silêncio — dentro

P or S a

l ly G a

rc í a

de mim gritei com toda a minha alma: Jesus, se Você é Quem diz que é, por favor, ajude-me! E foi o que Ele fez! Em uma semana, eu não apenas tinha certeza de que Jesus era o Filho de Deus, mas que habitava em mim e estava transformando minha vida. Jesus rapidamente Se tornou meu melhor amigo e, por décadas, viajamos o mundo juntos. Amo Seus ensinamentos nos Evangelhos e no conhecimento de Seu amor incondicional encontro paz e segurança. Nesta Páscoa, em todos os países e sob todas as circunstâncias e condições, haverá crentes contemplando a cruz. Que privilégio podermos nos juntar a eles. Sally García é educadora, missionária e membro da Família Internacional no Chile. ■ 7


Por Ruth Davidson

MEU ENCONTRO COM A MORTE Para muitos, a morte é um

1. Gênesis 3:19 2. 2 Timóteo 4:7 3. Filipenses 1:21 4. Filipenses 1:23 5. Lamentações 3:22–23 6. Salmo 89:1 7. Salmo 146:2 8

assunto sobre o qual não queremos sequer pensar, muito menos falar. No entanto, todos devemos passar por seu portal, mais cedo ou mais tarde, “pois és pó, e ao pó tornarás.”1 Na véspera de Natal de 2013, nossos familiares e amigos estavam reunidos para aproveitar a noite festiva. Enquanto subia as escadas, perdi a consciência e caí dois ou três degraus. Rapidamente, meu marido, Richard, e meu neto, Michael, carregaram-me para a cama. O estranho na mudança abrupta que ocorreu a partir daquele momento é que eu estava ativa, enérgica, cheia de vigor e vitalidade, até mesmo participando de exercícios regulares de ioga, quando minha vida inesperadamente entrou em parafuso. Um exame de sangue acusou que eu tinha hepatite C. O médico explicou que esse vírus pode permanecer latente no corpo por até 30 anos. Estávamos servindo como missionários nos últimos 40 anos,


e a possibilidade de infecção mais notável de que podíamos lembrar foi uma operação que fiz no pé, com complicações, fazia uns 30 anos, que exigiu uma transfusão de sangue. Durante os meses seguintes, fui levada às pressas três vezes para a unidade de terapia intensiva. Os médicos me submeteram a todos os exames imagináveis, tentando salvar minha vida, mas a situação parecia muito sombria. Quando toda esperança parecia ter desaparecido, os médicos finalmente aconselharam meu marido a me levar para casa para que eu pudesse morrer em paz, cercada pelos meus amados. Ele me levou para casa, mas não estava disposto a me deixar ir. Ele, minha família e amigos de todo o mundo oraram fervorosamente dia e noite pela minha cura. Tenho certeza de que seu amor, preocupação e orações foram os ingredientes-chave em minha recuperação. Deus ainda está no trono e a oração muda as coisas. Não foi a primeira vez em que me encontrei no limiar do além. Já havia estado nessa dimensão um tanto surreal duas vezes antes, percebendo o som de longe, quase como um eco distante–a primeira em uma experiência de quase afogamento quando eu tinha 13 anos e a segunda quando fiquei em coma por quatro dias. Senti que estava escorregando ou sendo arrastada, como se um

vácuo me puxasse. Sentindo-me impotente e incapaz de lutar, estava perdendo as forças e tinha certeza de que minha vida terrena estava terminando. Essa terceira experiência começou abruptamente, mas avançou muito mais lentamente. Na verdade, pensei que daquela não escaparia e que a vida tinha acabado para mim. Sentia-me tão fraca e perplexa que comecei a duvidar se valeria resistir tanto contra a morte. Pensei nas palavras do apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”2 Eu tinha perdido toda a esperança de recuperação e sentia que mesmo se tivesse mais tempo, estaria condenada a meramente “existir”, presa na casca de um corpo, completamente indefesa e dependente de outros para tudo, limitada a uma cadeira de rodas para o resto da minha vida. Sem medo de morrer, e com plena certeza de que iria para o céu, senti-me pronta para aceitar minha passagem para a outra vida. Mais uma vez, as palavras de Paulo vieram até mim: “Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.”3 Embora não estivesse encarcerada como ele, era prisioneira da minha própria carne, presa em um corpo quase indefeso, completamente dependente dos cuidados dos outros. No íntimo eu me dividia, sentia-me “pressionada

dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor.”4 Bem quando eu estava prestes a me render ao convite da morte, Richard se inclinou e sussurrou ternamente em meu ouvido: “Querida, eu te amo.” Embora eu tivesse ouvido essas palavras incontáveis vezes ao longo dos anos, aquela vez foi como se um relâmpago cegante perfurasse toda a escuridão, um farol luminoso brilhante de esperança e amor. Aquelas palavras cativantes me catapultaram de volta à vida! Naquele momento, fui revigorada com nova força e coragem para superar e derrotar o aguilhão da morte. Cada manhã que vejo o sol nascente, tenho de me beliscar para reconhecer o fato de que escapei da sepultura. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, pois as suas misericórdias não têm fim. Novas são a cada manhã; grande é a tua fidelidade.”5 Lembro-me constantemente de que cada dia é uma dádiva e nada deve ser considerado garantido. Estou tão grata que meu encontro com a morte foi adiado. “O grande amor do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.”6 “Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto viver.”7 ■ 9


Respostas às suas perguntas

A B A L A DO P E L A S M U DA NÇA S DA V I DA P:

Prefiro estabilidade e rotina às grandes mudanças dramáticas. Entretanto, ultimamente, elas têm sido inevitáveis. Isso é inquietante. Como posso aprender a lidar com circunstâncias dinâmicas sem ficar tão abalado?

R:

Você tem razão: mudanças são inevitáveis. Na verdade, a vida é uma sequência interminável de curvas e voltas. Tornar-se um adulto demora cerca de 20 anos. Para chegar a ser a pessoa que Deus deseja é preciso a vida inteira. Ajudar nossos filhos a lidar com as dores de crescimento causa em nós mudanças tão significativas quanto as que eles vivenciam. Quando as pessoas que nos são mais próximas passam por mudanças muito profundas, também somos afetados. Transformações macro como as que ocorrem na economia, na política ou no ambiente também têm seu impacto em nós. Não podemos fugir das mudanças, mas podemos nos beneficiar ao máximo delas. Veja como:

1. Mateus 19:26 2. Filipenses 1:6 10

Identifique as condições. Separe os aspectos sobre os quais você exerce algum controle dos demais e entregue todos a Deus que, em última análise, controla todas as coisas. Entenda as condições. Faça a diferença entre os aspectos práticos e os emocionais, e lide com cada um em seus respectivos méritos. Juntos, podem ser difíceis de enfrentar, mas, quando abordados individualmente, tornam-se, em geral, administráveis. Mantenha a mente aberta. O que você tem feito ou como tem agido pode ter produzido bons resultados até agora, mas pode haver alternativas melhores. Invoque a ajuda de Deus. As circunstâncias podem ser demais para você, mas não para Ele. “Para os homens isto é impossível, mas para Deus tudo é possível.”1 Permaneça positivo. Concentrese nas oportunidades, não nos obstáculos. Dê e receba apoio. É muito possível que você não seja a única pessoa envolvida na questão. Comunique-se com os demais e

encontre formas que criem benefícios que possam ser compartilhados por todos. Tenha paciência. O progresso é, muitas vezes, um processo de três passos: um passo para trás e dois para frente. Pense no longo prazo. “Aquele [Deus] que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus.”2 ■

UMA ORAÇÃO PA R A O S T E M P O S DE MUDANÇA Pai celeste, Sua criação está em constante transformação, estações e ciclos em perpétuo movimento. Ajude-me a fluir assim, sem medo de renunciar meus hábitos e rotinas para fazer descobertas. Em vez de me esconder na segurança do que me é familiar, ajude-me a me aventurar em territórios desconhecidos, a não estagnar, mas progredir e continuar a crescer. Acima de tudo, ajude-me a mudar nas maneiras que Você quer que eu mude, para me tornar tudo que Você sabe que posso ser.


S O T N E MOM OS ETERN

Por Rosa ne Pereir a

Certa vez estava viajando em uma van lotada, com

minha filha mais velha, seu marido e minha neta de dois anos, Sharon. Quando minha neta ficou enjoada, sentei-me ao lado dela e disse: “Vamos cantar!” Ela então se acalmou e começamos a cantar sua música favorita “Quá Quá”. “De novo, vovó!” Uma, duas, vinte vezes, até que todos os passageiros imploraram para que mudássemos a música, mas Sharon insistia: “De novo, vovó!” Na parada seguinte sua mãe comprou alguns lanches para distraí-la e, para o alívio de todos, não cantamos mais a tal canção. Quatorze anos depois, ainda me lembro do tempo maravilhoso que passamos, enquanto ela se encantava com a música e eu com a alegria dela. No mês passado, minha neta mais nova, Diana, veio passar uma tarde comigo. Ela tem três anos e é tão brilhante e cheia de energia quanto

Sharon era na sua idade. Convidei-a para me acompanhar ao mercado, ao que ela respondeu: “Só se a tartaruga for também!” Essa tartaruga é um enorme brinquedo de pelúcia que sua mãe deixou na minha casa, pois ela mora em um apartamento pequeno demais para a numerosa comunidade de brinquedos das crianças da família. Quando chegamos ao mercado, tentei colocá-la em um carrinho com a tartaruga, mas ela insistiu em colocar a tartaruga em um pequeno carrinho e empurrar sozinha. Posicionou o brinquedo de frente para ela, para que pudesse ver seu rosto o tempo todo. Assim que chegamos em casa, ela me pediu giz de cera, papel e começou a desenhar uma reprodução surpreendentemente fiel de sua tartaruga. Traçou a cabeça triangular, fez a pele rosada, a boca roxa, os dois olhos com círculos externos e internos, como os originais, e depois

o cabelo. Eu nunca tinha notado que a tartaruga era rosa e, menos ainda, que tinha cabelo, embora ocupasse meu sofá havia meses. Era uma obra de arte para uma criança de três anos, a qual exibi com orgulho para toda a família e pendurei na porta do meu guarda-roupa. No livro Aproximando-se de Deus, Max Lucado descreve muito bem momentos assim: “São instantes eternos, que nos lembram dos tesouros que nos rodeiam. Repreendem-nos por perdermos tempo com preocupações temporais, como dinheiro, bens materiais ou pontualidade. Isso pode fazer marejar os olhos daqueles de corações mais duros e dar uma nova perspectiva à vida mais sombria.” Rosane Pereira é professora de inglês e escritora. Mora no Rio de Janeiro e é membro da Família Internacional. ■ 11


ESCOLA DOMINICAL DA NATALIE Por Li Lian

Conheci Natalie anos atrás, em uma grande construtora onde ela era contadora. Conheceu a revista Contato por

intermédio de uma colega e disse que gostaria de se tornar assinante. Explicou que dirigia uma escola dominical e contou como tudo havia começado. Fazia alguns anos, ficara muito perplexa com seu relacionamento com Deus. Sabia que Ele a havia abençoado de muitas maneiras, tais como um marido atencioso, um bom emprego, uma bela casa e muitos amigos. Por outro lado, parecia que por mais que orasse, não realizava seu maior desejo: ser mãe. Por mais de sete anos, desde que se casara, ela e o marido queriam ter filhos, mas os vários tratamentos e intervenções médicas que tentaram falharam. O mais intrigante era o fato de que, segundo os médicos, não havia um motivo pelo qual o casal não tinha filhos. Voltar para uma casa silenciosa todos os dias fazia Natalie sentir que faltava algo. Além de pedir a intercessão de todos os grupos de oração que conhecia, ela e o marido decidiram que deveriam adotar uma criança, faltando

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apenas decidir como fariam isso. Certa manhã, diante da cômoda, enquanto se preparava para o trabalho, começou a orar pelo dia. O estresse com alguns desafios no trabalho rapidamente se transformaram em preocupações com a vida e com o futuro. Sentimentos de ansiedade a inundaram, enquanto se perguntava se ela e o marido estavam escolhendo o caminho certo e como suas decisões os afetariam no futuro. Em meio a essa turbulência, ouviu Deus lhe falar baixinho ao coração. Perguntou se estava disposta a deixar de lado os problemas que enfrentava e voltar sua atenção para ajudar os outros. Refletindo sobre isso, abriu a cortina da janela do segundo andar e olhou para fora. Não muito longe dali, viu fileiras desorganizadas de abrigos improvisados feitos de lata e papelão. Um grupo de cerca de uma dúzia de crianças vestidas com roupas esfarrapadas brincavam ao ar livre. Algumas jogavam com uma bola de futebol improvisada; outras, sentadas no chão, conversavam; enquanto outras ainda brincavam na terra com garrafas de


Existem algumas pessoas que vivem em um mundo de sonhos; outras enfrentam a realidade; e há aquelas que transformam um no outro. — Douglas H. Everett (1916–2002)

plástico vazias. Todas estavam descalças e, provavelmente, poucas tiveram a oportunidade de frequentar a escola tanto quanto deveriam, o que significava que a maioria delas seria semianalfabeta ou nem isso. Natalie teve uma ideia e, naquele mesmo dia, após voltar do trabalho, trocou de roupa e foi até onde vira as crianças, chamou-as e as convidou para jogarem juntas. No domingo seguinte, voltou ao mesmo lugar e contou ao grupo uma história da Bíblia, a qual ilustrou no quadro-negro que levara com ela. Depois disso, todos os domingos à tarde, ela lhes apresentava novos jogos, atividades e histórias. Ela lhes ensinou a ler e a cantar, explicou os princípios básicos de higiene e, ocasionalmente, dava-lhes comida, roupas ou outras coisas de que precisavam. Depois de alguns meses dando essas aulas simples de escola dominical, começou a se sentir muito mal e com náuseas. Estava grávida! Os enjoos diminuíram e ela continuou com as aulas bíblicas para as crianças durante a gravidez. Quando o menino nasceu, ela e o marido ficaram radiantes!

Agora, o garoto tem idade suficiente para ajudá-la a administrar a escola dominical. Ele prepara todo o material que ela vai usar para ensinar, ajuda-a a organizar as coisas e participa das brincadeiras. Em uma reunião anual, ela subiu ao palco e compartilhou sua história com o público, incentivando as mães a se envolverem ativamente com as crianças em suas comunidades. Às vezes, parece que temos de esperar muito tempo para ver os desejos do nosso coração satisfeitos. Deus, às vezes, permite a demora para nos aproximarmos dEle. Mas quando colocamos a Ele e a Seu serviço em primeiro lugar, podemos confiar que Ele operará Seus bons propósitos em nossa vida no tempo e da maneira que Ele sabe ser a melhor. Li Lian é um profissional certificado e trabalha como administrador de escritório e sistemas para uma organização humanitária na África. ■

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Por Koos Stenger

A NOITE EM QUE ELE RIU

Fui acordado no meio da noite por um som desconhecido. Vi que minha

esposa dormia e sua respiração estável me assegurava que tudo estava bem. Mas, quando voltava a dormir, ouvi novamente o som. “Bwahaha… Haha.” Com cuidado para não incomodar minha esposa, saí da cama e olhei para o bebê Martin em seu berço. Ele estava dormindo, mas sorrindo. “Bwahaha.” Outra manifestação de alegria veio de seus lábios minúsculos e, desta vez, também acordou minha esposa. “O que está acontecendo?” perguntou enquanto esfregava os olhos. “Não sei, mas Martin parece estar se divertindo.” O menino quase nunca se divertia! Desde que nasceu, sua vida foi de sofrimento. Ele e seu irmão gêmeo nasceram prematuramente, aos sete meses. Seu irmão era saudável, mas Martin tinha um problema cardíaco. Com apenas seis semanas de idade, foi submetido a uma operação 14

cirúrgica. No fim da intervenção, o médico sorriu e fez um sinal de positivo com o polegar. “Tudo correu bem. Seu garotinho é um lutador.” Mas nem tudo correu bem. Enquanto seu irmão crescia e se tornava um bebê saudável e alegre, Martin foi ficando cada vez mais debilitado, até ficar tão fraco que mesmo a menor corrente de ar se transformava em resfriado. Inevitavelmente, o resfriado se transformaria em pneumonia e estaríamos de volta ao mundo dos tubos, dos médicos e do estresse. Martin olhava para mim com olhos grandes, sérios e uma serenidade singular. Mas será que era feliz? Não. Feliz não era a palavra certa para descrevê-lo. Raramente sorria e não era para menos. Como você consola um bebê que não entende por que está sofrendo, ou mesmo que sua vida poderia ser diferente? Orávamos fervorosamente por ele todos os dias. Querido Deus, por favor, cure-o. Por favor, ajude-o a melhorar. Uma noite, uma semana antes de seu primeiro aniversário, minha esposa fez uma oração diferente. As

constantes idas ao hospital, a dor permanentemente gravada no rosto de Martin e o medo implacável estavam começando a ser demais. “Querido Deus”, orou enquanto nos ajoelhamos ao lado de seu berço, “coloquei Martin em Suas mãos. Se você quiser levá-lo, aceitarei. Aconteça o que acontecer, não o deixe sofrer mais.” Foi naquela noite que Martin riu. A certa altura, caiu na gargalhada, agitando as mãos no ar de empolgação. Por quase uma hora, riu e gargalhou. Nós assistíamos à cena, com lágrimas nos olhos. No dia seguinte, enquanto mamava, empalideceu. “Algo está errado!” disse minha esposa chorando. Corri bem a tempo de testemunhar os últimos momentos de Martin neste mundo. Embora sentíssemos uma tristeza profunda, uma bela paz também nos envolveu. Sabíamos que Martin tinha ido para casa. Koos Stenger é um escritor freelance na Holanda. ■


Por Marie Alvero

PERDÃO EM PRIMEIRO LUGAR “Disse-vos estas coisas para que em Mim tenhais paz. No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo.” —Jesus, João 16:33

O Evangelho segundo Marcos nos fala sobre a cura de um paralítico. O

lugar em que Jesus ensinava estava tão cheio que os amigos do homem tiveram que fazer um buraco no telhado e por ele baixar o paralítico amarrado em sua cama. As primeiras palavras de Jesus para o que buscava cura foram: “Seus pecados estão perdoados.” Percebendo que alguns ficaram surpresos que Ele Se visse na autoridade para perdoar pecados Jesus disse: “Para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico: “Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa”. Foi precisamente o que o homem fez. Você alguma vez se perguntou por que a primeira coisa que Jesus

ofereceu foi o perdão? A necessidade por cura não era mais óbvia? Talvez para nós, por darmos tanta importância a esta vida. Imagino que para o paralítico também. Mas Cristo, que vê a eternidade, sabia que o perdão era ainda mais importante. Li essa história novamente alguns dias depois de receber a notícia da morte de alguém. Outra família se tornou órfã. É muita dor. Em meu coração, perguntei: Jesus, por que você não nos cura agora? Por que permite tanto sofrimento? Penso que me sinto assim cada vez que recebo notícias tristes. É natural. Mas dessa vez me ocorreu que não seja a abordagem certa. Quero muito ficar bem e desejo o mesmo para todos. Quero cura, provisão, paz, segurança, alegria e todas as coisas que tornam a vida boa. Mas Jesus já garantiu que tudo ficaria bem quando ofereceu perdão

pelos pecados, da mesma forma que ofereceu ao coxo a saúde para seu espírito antes mesmo de curar seu corpo. Este ano, houve tantas perdas em meu pequeno mundo que me vi forçada a pensar mais nesse sentido. Minha esperança está realmente no céu ou dou maior prioridade a esta vida? Jesus avisou que até mesmo Seus seguidores continuariam a ter problemas neste mundo e que sofreremos perdas, morte e sofrimento, mas também prometeu que, assim como vencera o mundo, nos ajudaria a fazer o mesmo. É assim que podemos ter bom ânimo. Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e os filhos no Texas. ■ 15


Com amor, Jesus

SEMPRE E ETERNAMENTE Derramo o Meu amor constantemente, em um fluxo sempre rico, livre e abundante. Entretanto, a manifestação desse amor na sua vida se conforma à sua fé. Depende de quanto o procura e reconhece as inúmeras formas por meio das quais o manifesto todos os dias. Quer você o reconheça, quer não, a verdade é que o Meu amor permanece constante, abundante e incondicional. Você não pode merecê-lo nem o conquistar pelos seus próprios méritos. É uma dádiva. Eu simplesmente o amo — só isso! Eu o amo, nunca deixarei de amá-lo e este amor nunca diminuirá. Sempre o amarei com um amor perfeito, interminável e abundante. Quero que participe de toda a riqueza, beleza, poder e glória desse amor. O Meu amor por você é eterno.


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