Jornal Unesp - Número 348 - outubro 2018

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Richard Brooks, 4 um especialista que promove empreendedorismo entre cientistas

Programa Física Primeira edição 16 ao Entardecer 11 do Prêmio Unesp divulga conteúdos de Teses anuncia os trabalhos vencedores

científicos para a população

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIV • NÚMERO 348 • OUTUBRO 2018

OLHAR O FUTURO,

VALORIZAR O CONHECIMENTO Cerca de mil participantes, vindos de 17 Estados brasileiros, marcaram presença no 4.º Congresso Nacional de Formação de Professores e no 24.º Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores, organizados simultaneamente pela Unesp na cidade de Águas de Lindóia (SP), que tiveram como objetivo principal garantir que o futuro profissional da área esteja bem sintonizado com as transformações geradas pela dinâmica tecnológica, ao mesmo tempo que adquira um sólido conhecimento, com visão crítica e humanista, essencial na preparação de seus alunos para os novos tempos. páginas 8 a 10.

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Ao celebrar 30 anos, Constituição deve consolidar ganhos e superar crises

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Cinco trabalhos da Unesp se destacam no Prêmio Capes de Tese 2018

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Cursos de graduação da Unesp com melhores conceitos no Enade crescem 77%

Vacinação em queda Caderno debate fenômeno da diminuição da cobertura de imunizações em todo país <http://www.unesp.br/jornal>.


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Artigo

A Constituição em seu labirinto A

niversaria a Constituição Federal promulgada em 1988. A comunidade jurídica brasileira celebra. De um lado, palestras, eventos, simpósios e publicações cantam a superação de um regime autocrático, a sucessão periódica de eleições livres, a consagração de liberdades, a emancipação de marginalizados, excluídos e minorias e a consolidação do Estado democrático de direito. De outro, um texto normativo desfigurado, um sistema de governo disfuncional, uma ordem econômica incapaz de efetivamente solucionar as desigualdades sociais e regionais e uma sociedade desvinculada de suas instituições e clivada ideologicamente. As homenagens não têm o poder de esconder o semblante envelhecido e tanatoide da homenageada. Promulgada há trinta anos, seu advento coincidiu com a sétima onda mundial de constitucionalização, aquela que democratizou as ditaduras latino-americanas. O ímpeto constitucional aspirava novidade e grandiloquência. Em um cenário em que o passado não era capaz de oferecer um modelo ideológico de paradigma, sua apreensão veio da Constituição Portuguesa, uma Constituição dita dirigente, e que, ao menos em sua origem, propunha o estabelecimento de uma ordem constitucional socialista pela vinculação normativa do legislador e pela restrição à sua discricionariedade política. O modelo foi definitivamente superado pelo ruir dos muros e a categoria jurídica teórica que o justificava foi negada pelo seu criador enquanto sistema fechado de normas funcional e efetivo para a emancipação econômica e social. Promulgou-se um texto densamente analítico, prenhe de normas concretas, sem grandeza para a hierarquia constitucional e que, decorridos seus trinta anos, está totalmente desfigurado. A concorrência de um modelo ambicioso de transformação, vinculativo do legislador, sem espaço para uma costura de governabilidade, exigiu que esta fosse feita por emendas à Constituição. Daí que, atualmente, o seu texto foi 107 vezes formalmente modificado. São 99 Emendas Constitucionais (rito do art. 60, § 4º), seis Emendas de Revisão (art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) e dois

Decretos-Legislativos (186/2008 e 261/2015) que aditaram o texto com novas disposições normativas (nos termos do seu art. 5º, § 3º). A cada três dias, um projeto de emenda à Constituição (PEC) é apresentado, 1.189 PECs aguardam conhecimento na Câmara dos Deputados e 2.220 já foram arquivadas. Algumas emendas abrandaram o rigor constitucional, outras alteraram as opções do constituinte, terceiras tomaram sentidos diferentes ao debatido na Assembleia de 1987-1988. Há as iniciadas e não concluídas e as por fazer; e 80,5% das feitas foram sobre políticas públicas concretas. Se, durantes suas duas primeiras décadas, a Constituição mantinha uma identidade, torna-se difícil encontrá-la decorridas três. A utópica pretensão dirigente de submeter totalmente o fato normativo e os agentes do poder justificou a emergência e a insurgência do fato e o perecimento da norma enquanto ente sem efetividade. O projeto normativo não se cumpre, não se realiza e já é substituído por outro. A bricolagem compromete o sentimento constitucional de respeito às instituições positivadas. A crise não acomete somente sua força normativa, mas opera em conjunto com uma crise em relação à organização política, ao regime constitucional de competências e ao exercício dos poderes da República (Constituição material). O sistema de governo presidencialista, após trinta anos, não logrou lançar raízes institucionais seguras que possibilitem dizer que as crises políticas serão resolvidas pelo governo ou que o governo goza de efetividade para implantar uma agenda política transformadora. Se a opção pelo sistema de governo, pelo sistema eleitoral e pelo sistema partidário era a obtenção da estabilidade política e da governabilidade (efetividade da agenda de política governamental), nenhuma delas se faz presente. Ao final do período, a crise que engolfa a República não é mais crise política, mas crise constitucional, com agenda de governo paralisada. Primeiro, a reunião de um sistema eleitoral proporcional de lista aberta faz que a representação seja distorcida. O sistema é incapaz de transmitir a opção do eleitor, quer seja carismática, territorial, identitária,

Coverault

José Duarte Neto

Carta Magna precisa consolidar ganhos e enfrentar crise normativa, axiológica e institucional clientelística ou ideológica. Segundo, os partidos políticos não assomam como unidade fundamental de representação política ou com um perfil ideológico claro, além de ser reinante a fragmentação partidária. Terceiro, com partidos frágeis, exige-se uma coalizão grande, de coesão duvidosa e de fidelidade custosa para a governabilidade. Neste quadrante das relações Executivo-Legislativo, a ingovernabilidade é persistente, pois a obtenção de adesão parlamentar é de custos político, social e econômico altíssimos e as crises constitucionais são frequentes (refletindo nos dois impeachments presidenciais em trinta anos). Quarto, o problema não se finda nas relações Executivo-Legislativo. A anomia faz o Judiciário se lançar sobre as competências dos demais, possibilitado por sua independência hipertrofiada (garantida pelas competências e instrumentos processuais concedidos pela Constituição Federal), pela omissão dos demais poderes na proteção de suas competências e pela perda da capacidade de reflexão sobre os limites de seu exercício (self-restraint). Aquele que era antes só guardião dos

outros poderes, persiste neste cargo, mas também formula e executa parcela das competências constitucionais que não são suas, o que o alheia de qualquer tipo de controle. O Judiciário ativista se desprega do Estado de direito e se transforma em um poder incontrolado. Quinto, neste terreno persistente de instabilidades, o sentimento constitucional de pertencimento e respeito da estrutura constitucional resta comprometido. Há um estranhamento do titular da soberania e do povo em relação aos mecanismos de governabilidade. É crise que se instala a partir das jornadas de junho de 2013 e engrossa a partir das eleições de 2014 e do posterior impeachment da presidente da República. Sexto e, por último, provocada pelas crises políticas intestinas, além de por uma tendência mundial, a divisão social se faz não só pelo deslocamento dos órgãos de representação, mas por uma clivagem ideológica que impossibilita um consenso na solução dos problemas constitucionais. O que se passa traz à lembrança o romance sobre os últimos dias de Simón Bolívar escrito por Gabriel García Márquez, chamado O general em seu

labirinto. A obra retrata a derrocada, as contradições, a busca pelo autoexílio, os sofrimentos e a morte do personagem. Transcorre na encruzilhada entre a reminiscência de um passado heroico, o abandono de seu povo e a decrepitude de uma velhice precoce. Com a aproximação da morte, percebendo o fim da corrida louca entre os seus ideais e a sua pequenez humana, Bolívar se pergunta: “Como vou sair deste labirinto?”. Uns deploram no texto a autópsia das fraquezas de um mito, outros vislumbram a atualidade dos desafios latino-americanos não solucionados. Como o general, em sua hora de crise mais profunda, coincidente com seu aniversário, nossa Constituição enfrenta o desafio de consolidar seus ganhos e atravessar o labirinto de sua crise normativa, axiológica e institucional. O novelo de Ariadne resta conosco, o povo soberano.

José Duarte Neto é professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS), câmpus da Unesp de Franca.


Entrevista

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Atenção à saúde mental

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Pesquisadora do Câmpus de Bauru analisa problema na comunidade universitária e destaca papel do professor e da instituição para se enfrentar esse desafio

Jornal Unesp: Nos últimos anos tem-se dado especial atenção à saúde mental no ambiente universitário. Qual o motivo dessa preocupação? Sandra Leal Calais: Acredito que o motivo de se dar mais atenção para o tema nos últimos anos é porque estão acontecendo muitos casos na Universidade em relação aos alunos. Temos percebido que grande parte deles está em uma condição de vulnerabilidade na questão da saúde mental. Em sala de aula, nós vemos que os alunos estão diferentes da forma que eles se apresentavam antes. A questão aí não é a Universidade, mas o fato de o aluno já vir com uma série de dificuldades: a entrada no mundo adulto implica uma série de responsabilidades que nem sempre eles têm recursos para lidar, como ter aprendido a se tornar mais independentes. Então eles vêm para a universidade tendo que assumir responsabilidades financeiras, resolver questões

de moradia e estabelecer novos relacionamentos sem ter a proximidade e o amparo da família. JU: Você apontou diferenças entre o aluno de ontem e de hoje. Pode mencionar algumas dessas diferenças? Sandra: Nós estávamos em um país diferente, com menos diferenças de classes, com famílias mais estruturadas, com uma economia mais estável, com menos desemprego, com menos drogas. Assim, esses alunos vinham de uma condição de suporte familiar maior. Além do mais, os alunos não usavam celular para tudo, como é hoje. Não usavam as mídias sociais o tempo todo. Estavam mais atentos ao aqui, ao agora, ao seu entorno. Veja, não estou fazendo uma apologia a um mundo sem tecnologia, pois isso não mais será possível reverter, mas é o mau uso da tecnologia ­– as pessoas se isolam com seus celulares e se alimentam de informações produzidas pelo outro que jamais retratarão de verdade a realidade. Há também a questão do uso de quaisquer tipos de drogas, de que eles fazem alto consumo hoje em dia. JU: Quais os tipos de transtornos que acometem a comunidade universitária? Sandra: São os mesmos transtornos que acometem a comunidade em geral. Nós temos muitos quadros de depressão, quadros graves de ansiedade e ansiedade generalizada, transtornos alimentares, transtornos obsessivo-compulsivos. Não existe um transtorno específico que acomete a comunidade universitária. JU: Existe(m) algum(ns) sinal(is) que possa(m) indicar que o indivíduo esteja passando por um problema desse tipo? Sandra: Geralmente, dá para se perceber, porque o indivíduo fica muito isolado e não conversa com os colegas. No entanto, alguns alunos que não deram qualquer tipo de sinal também podem apresentar algumas dificuldades, inclusive tendo surtos.

Para especialista, docentes precisam estar atentos ao comportamento dos estudantes JU: O que deve ser feito caso um professor identifique esse perfil entre seus alunos? Sandra: Primeiro, a gente deve conversar com os pares, com a chefia e com a coordenação do departamento. Pedir ajuda aos colegas para que todos que estejam com esse aluno em sala de aula prestem atenção. Em seguida, encaminhar para a nossa clínica-escola ou para outros serviços de saúde mental que a cidade ofereça. Também é importante fazer contato com os colegas que moram com esse aluno ou que tenham mais afinidade com ele, para que também possam nos ajudar. E solicitar que a coordenação do curso entre contato com a família para que ela seja informada e também possa tomar providências. JU: O que se pode fazer para evitar a ocorrência de transtornos, tanto no âmbito pessoal quanto da instituição? Sandra: Todos os transtornos são multideterminados. Existe uma família por trás, uma condição pessoal de vulnerabilidade, de dificuldade, de falta de recursos pessoais. Se nós estivéssemos em um país em que as coisas fossem mais fáceis para todos, se nós não estivéssemos submetidos a tantas pressões, tantas desigualdades, se não tivéssemos famílias tão

desestruturadas, com certeza isso evitaria uma grande parte dos transtornos. A instituição não tem a capacidade de mudar o que o aluno vive lá fora. Mas ela pode fazer a parte dela para ajudar, ou seja, os professores devem estar mais disponíveis e mais atentos ao comportamento dos alunos. Eles podem, por exemplo, indicar serviços de atenção ou de apoio psicológico para que os alunos que estejam passando por esta situação sejam atendidos de maneira correta. Nós, professores, temos nos reunido e discutido muito esse papel. A instituição também pode colaborar com espaços de convivência em que os alunos possam voltar a conversar uns com os outros, chamando a atenção para que o aluno não fique tão envolvido nas mídias eletrônicas e olhe para a pessoa que está ao lado dele. Essas são todas iniciativas que nós podemos tomar para tentar evitar ocorrências, mas não há uma garantia de efetividade. Nós, como Universidade, contudo, podemos diminuir as ocorrências ou ser mais ágeis no socorro. JU: Algum outro ponto que seja importante a se ressaltar sobre este tema? Sandra: Nós estamos em um momento muito difícil no país e isso colabora para a desestruturação. Mesmo na universidade, nós também

estamos enfrentando problemas e dificuldades com falta de recursos, de bolsas e professores sobrecarregados. Todos esses elementos são uma somatória de situações e possibilidades que interferem no estado emocional do indivíduo. A solução não é tão simples. Um espaço de convivência é uma iniciativa muito boa, mas se ninguém frequentar esse espaço não vai adiantar nada. O que nós professores podemos fazer é não pressionar tanto com a questão do estudo. Por outro lado, o aluno está aqui para aprender. A gente não pode assumir sempre uma postura materna em relação ao aluno e só ficar acolhendo. Nós temos que ser educadores e conseguir encontrar um balanço entre o lado particular e pessoal, mas também o lado da ciência e do conhecimento. Divulgação

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andra Leal Calais é psicóloga especializada em psicologia clínica, com ênfase em tratamento e prevenção psicológica, atuando principalmente nos seguintes temas: stress, stress pós-traumático, burnout, qualidade de vida, depressão, habilidades sociais, estratégias de enfrentamento, relaxamento e treinamento assertivo. É também docente na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem na Unesp de Bauru. Entre 2013 e 2017, chefiou o Centro de Psicologia Aplicada (CPA), unidade auxiliar da Faculdade de Ciências que, entre outras atividades, realiza atendimentos em saúde mental, em resposta às demandas da comunidade interna e externa. No mês passado, realizou palestras sobre os temas nos quais é especialista em Marília e em Rio Claro, como parte das atividades do setembro amarelo. Nesta entrevista, a docente chama a atenção para a saúde mental dos estudantes universitários, orienta sobre cuidados a serem tomados e analisa o papel do professor.

Depositphotos

Marcos Jorge

Sandra: alunos mais vulneráveis


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Ciências exatas

GridUnesp em alta

Estrutura de computação em rede recebeu 90% de notas 9 ou 10 em pesquisa com usuários Ricardo Aguiar – Núcleo de Computação Científica (NCC) (Reprodução)

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áreas do conhecimento da Universidade realizem simulações e trabalhos computacionais que exigem grande capacidade de processamento e armazenamento de dados. Atualmente, ele possui mais de 3.100 núcleos de processamento, que fornecem 288 terabytes de armazenamento e 77 teraflops de poder de processamento para cerca de 470 usuários e mais

de oitenta diferentes projetos de pesquisa. Os resultados da pesquisa podem ser encontrados em maior detalhe no site do Grid Unesp: https://ncc.unesp.br/ gridunesp/docs/satisfacao.html. Para saber mais sobre o Grid ou cadastrar um novo usuário ou projeto, acesse a página https://ncc.unesp.br/gridunesp/ docs/introducao.html

Levantamento constatou alta porcentagem de satisfação nota abaixo de 6) do número de “promotores” (usuários que responderam com nota 9 ou 10). O NPS do GridUnesp foi superior ao de grandes empresas internacionais, como Apple (72), Netflix (68), Amazon (62) e Google (50). A pesquisa também verificou a satisfação dos usuários em relação à documentação de apoio no uso do cluster, procedimento de submissão de jobs, fila de espera e serviço de atendimento e suporte ao usuário.

O GRIDUNESP Inaugurado em 2009, o GridUnesp foi a primeira estrutura de computação universitária a utilizar a arquitetura de grid na América Latina. Ele é composto por oito centros de computação que interligam diversos câmpus da Unesp. O cluster principal de computadores está localizado na capital paulista, no Câmpus da Barra Funda. O GridUnesp permite que pesquisadores de todas as

Divulgação

GridUnesp, abrigado no Núcleo de Computação Científica (NCC) da Unesp, realizou uma pesquisa de satisfação com seus usuários no primeiro semestre de 2018. Um formulário foi enviado a todos os pesquisadores, estudantes e colaboradores que utilizam a infraestrutura, visando melhorar os serviços prestados à comunidade científica. Os resultados, divulgados em setembro, mostraram que quase 90% dos usuários responderam com nota 9 ou 10 quando questionados se recomendariam o serviço para outros pesquisadores. A alta porcentagem de satisfação conferiu ao GridUnesp um índice NPS (Net Promoter Score) de 87. O NPS é utilizado por empresas para mensurar se seus produtos ou serviços estão sendo bem aceitos pelos clientes. Ele é calculado subtraindo o número de “detratores” (usuários que responderam à pergunta de recomendação com

Sistema foi pioneiro em arquitetura grid na América Latina

Ciência como negócio Richard Brooks explica por que promove workshops de empreendedorismo para pesquisadores Malena Stariolo Daquela época para cá, foram organizados mais de sessenta workshops em mais de 13 países. A última edição foi realizada entre os dias 15 e 19 de outubro no International Centre for Theoretical Physics – ­ South American Institute for Fundamental Research (ICTP-SAIFR), centro de pesquisa associado ao Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp. Essa é a segunda vez que o ICTP-SAIFR organiza a escola em parceria com Brooks e o Institute of Physics (IOP) Physics Society, entidade baseada em Londres e voltada para a promoção da educação, pesquisa e aplicação do conhecimento da área. Confira a entrevista com Brooks: Jornal Unesp: Como teve início a ideia dos workshops e escolas sobre empreendedorismo para cientistas? Richard Brooks: A ideia original veio de um encontro nacional da IOP Physics Society em 2006. Naquele momento, a

sociedade de física reconheceu que seria uma boa iniciativa oferecer para físicos do mundo inteiro ajuda sobre como comercializar tecnologias que eles estivessem desenvolvendo. Depois do primeiro workshop, os participantes comentaram que gostariam do envolvimento de alguém de negócios na organização. Por conta disso fui convidado para participar em 2008. Eu não sou um acadêmico, eu sou uma pessoa de negócios que trabalha com cientistas para desenvolver seus empreendimentos.

diria é que a contabilidade é a principal responsável. O empreendimento falha quando os empreendedores ficam sem dinheiro. O que eu quero que os jovens empreendedores entendam é que você deve planejar o quanto de dinheiro você precisa para elevar seu negócio para o próximo estágio. Você precisa saber quando seu dinheiro irá acabar, quanto dinheiro você está gastando, quando você precisa acumular uma nova quantia e em que posição a empresa estará quando você fizer esse acúmulo.

JU: O que te motiva a organizar essas escolas? Brooks: Eu não gosto de ver as pessoas cometendo os mesmos erros que outras já fizeram no passado. Segundo estatísticas do Reino Unido, a maioria das startups, principalmente as de tecnologia, falha nos primeiros três anos. Por que a taxa de fracasso é tão alta? O que eu

JU: Como os workshops funcionam? Brooks: Nós incentivamos os participantes a trazer ideias e formar grupos entre si para desenvolver essas ideias e produzir um pitch ao longo da semana. O que fazemos é permitir que os grupos se formem espontaneamente, porque é assim que funciona na vida real,

você precisa de uma equipe para desenvolver um negócio. Esse não é um workshop onde você vem para ficar sentado, assistindo palestras, o foco é apresentar o conteúdo para o participante e então, ele conseguir colocar aquilo em prática. Nosso papel é apenas de catalisadores desse processo. Nem todos vão sair do workshop empreendedores, mas eu acredito que o importante é que os participantes saiam dessa semana com uma nova perspectiva das possibilidades do que eles podem fazer. Divulgação

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ichard Brooks não é físico, mas sim uma “pessoa de finanças”, como gosta de deixar claro. Apesar disso, não permitiu que o mundo da economia fosse o único a fazer parte dos seus dias, ampliando sua curiosidade para as mais diversas áreas, o que resultou em sua proximidade com as áreas de STEM, ou seja, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Em 1991, ele e um colega fundaram uma empresa, chamada FD Solutions, que oferece financiamento para iniciativas empreendedoras. Esse passo estreitou ainda mais a relação com as áreas de STEM, uma vez que grande parte das empresas que eles apoiam faz parte desse núcleo. Assim, teve início um novo interesse: auxiliar jovens cientistas a tirar as ideias do papel e colocá-las no mercado. Esse desejo se materializou em 2008, quando Brooks começou a envolver-se com workshops de empreendedorismo em institutos de física.

Brooks: atenção à contabilidade


Ciências Agrárias

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Sombra ajuda fertilidade Pesquisa constata que conforto térmico promove maior produção de embriões entre vacas A CI Unesp com Ana Maio – Embrapa Pecuária Sudeste

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acas que vivem em áreas sombreadas em sistemas integrados de produção (com lavoura, pecuária e floresta) têm apresentado resultados satisfatórios também quando o assunto é eficiência reprodutiva. Um estudo realizado pela doutoranda Amanda Prudêncio Lemes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) do câmpus Jaboticabal da Unesp, comparou a fertilidade das vacas a pleno sol com a das que têm acesso à sombra. O trabalho integra um projeto que avaliou o conforto térmico e a eficiência reprodutiva desses animais, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O experimento foi desenvolvido no sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) na Fazenda Canchim, em São Carlos, São Paulo, onde funciona a Embrapa Pecuária Sudeste. O resultado da pesquisa foi premiado na 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira

Divulgação

Experimento analisou desempenho reprodutivo de 18 animais de Tecnologia de Embriões, considerada o maior congresso de reprodução animal do país. A competição para estudantes nas categorias “área aplicada” e “área básica” aconteceu de 16 a 18 de agosto em Florianópolis, Santa Catarina. Amanda foi orientada pela professora Lindsay Gimenes, da Unesp, e coorientada pelo pesquisador Alexandre Rossetto, da Embrapa. De acordo com

Rossetto, o estudo indica que as vacas que vivem em pleno sol apresentaram taxa de produção de embriões de 36%. Já as que vivem em área sombreada tiveram um incremento nessa taxa, que chegou a 43%. Esse aumento de 7 pontos percentuais (equivalentes a quase 20%) representa um impacto significativo, segundo o professor, especialmente porque o experimento foi realizado em um sistema já ajustado e que

apresenta boas taxas de produção de embriões. A PESQUISA O experimento foi feito com 18 vacas com bezerros ao pé, mantidas no sistema ILPF da Embrapa durante o verão e o outono. Essas vacas pariram no sistema e, uma vez por mês, eram levadas ao curral para aspiração de

folículos ovarianos, onde ficam os gametas. Esses gametas foram entregues a um laboratório particular em Cravinhos, São Paulo, que produziu os embriões. “A produção de embriões foi usada como medida da eficiência reprodutiva”, explicou Rossetto. São parceiros do projeto a Embrapa Pecuária Sudeste, a FCAV-Unesp, a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Oregon State University (EUA), o Laboratório Vitrogen (Cravinhos) e a GS Reprodução Animal. Em outro estudo recente, a Embrapa Pecuária Sudeste já havia constatado que a criação de animais em sistemas integrados indicou que matrizes de corte que permanecem em área sombreada procuram menos os bebedouros. A frequência da busca de água chega a cair 19% em sistemas com árvores.

Cafeína protege abelhas

Consumido pelos insetos, produto reduz efeitos de agrotóxicos em seu sistema nervoso Marcos Jorge superfamília Apoidea, da qual a abelha faz parte. As abelhas podem ser prejudicadas quando entram em contato com agrotóxicos no campo, com destaque especial para a classe dos neonicotinóides, da qual o inseticida imidacloprido faz parte. Em março deste ano, a Comissão Europeia decidiu banir o uso desse inseticida em campos abertos da União Europeia, com base nos resultados de mais de 1.500 artigos científicos sobre os efeitos dos inseticidas neonicotinóides sobre as populações de abelhas. “Sabe-se que o inseticida ocasiona um colapso do sistema nervoso dos insetos, inclusive das abelhas. Utilizado para controlar pragas da lavoura, ele muitas vezes atinge as abelhas com dose subletal, ou seja, que não necessariamente mata, mas pode causar

outros danos ao inseto”, aponta o professor Daniel Nicodemo, um dos orientadores do trabalho, responsável pelo Núcleo de Operações Sustentáveis da Unesp de Dracena. A pesquisa foi baseada na avaliação das ações do imidacloprido sobre o sistema antioxidante das abelhas, responsável pelo combate aos radicais livres – compostos químicos que atacam moléculas importantes do organismo do inseto e que, se não combatidos, podem levar a uma condição conhecida como estresse oxidativo. O professor Fábio Mingatto, responsável pelo Laboratório de Bioquímica Metabólica e Toxicológica, explica que, em doses subletais, o imidacloprido mostrou ser um agente tóxico para as abelhas, uma vez que afetou o sistema antioxidante e induziu

a oxidação de proteínas e lipídios de membrana dos insetos. “Esse efeito é prejudicial para as abelhas, pois leva à perda de funções importantes desempenhadas por essas biomoléculas”, explica. Entre as funções dessas biomoléculas está, por exemplo, o forrageamento, que é a busca e a exploração de alimentos por esses insetos.

Porém, quando a cafeína foi adicionada à dieta, os efeitos oxidativos provocados pelo imidacloprido diminuíram, indicando que ela pode ser usada como uma alternativa interessante na prevenção da toxicidade provocada pelo inseticida nas abelhas, protegendo-as de condições que possam levar à diminuição do forrageamento. Pixabay

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ma dissertação de mestrado, apresentada pela aluna Kamila Vilas Boas Balieira na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Unesp, câmpus de Dracena, apontou que o uso de cafeína como suplemento alimentar na dieta de abelhas pode diminuir alguns efeitos subletais ocasionados pelo inseticida imidacloprido sobre estes insetos. O inseticida é amplamente usado no combate a pragas em lavouras do país e do mundo. O estudo foi apresentado no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal sob orientação dos professores Fábio Erminio Mingatto e Daniel Nicodemo. A pesquisa foi publicada no periódico Apidologie, da editora Springer, especializado na biologia dos insetos pertencentes à

Substância neutraliza consequências do inseticida nas abelhas


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Graduação

Renovando as Engenharias A

convite da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Unesp, o presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge) e professor titular convidado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Minas Gerais, Vanderli Fava de Oliveira, apresentou a proposta das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o ensino da engenharia no país. “A Prograd foi procurada por alguns docentes preocupados com o fato de alguns cursos de Engenharia da Unesp terem grades curriculares muito travadas, muitas disciplinas obrigatórias e disciplinas práticas desvinculadas das teóricas. Diante dessas inquietações, criamos um grupo de trabalho informal das Engenharias para discutir ações que possam adequar os cursos às demandas do mundo atual”, declarou a Pró-reitora de Graduação, professora Gladis Massini-Cagliari. Segundo Gladis, outro fator considerado foi a iminência da divulgação de novas diretrizes curriculares para os cursos de engenharia pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). “Dentro desse contexto, o grupo de trabalho sugeriu que o professor Vanderli fizesse a apresentação da proposta das novas diretrizes para o ensino das engenharias”, esclareceu. A proposição que está em discussão no CNE foi elaborada pela Comissão Nacional para Elaboração de Proposta de Diretrizes Inovadoras para a Engenharia, composta por membros da Secretaria da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Abenge e da própria CNE. Por meio da Câmara de Educação Superior (CES), já foi realizado, no início de outubro, o primeiro debate, em sessão fechada. A primeira discussão pública deverá ocorrer entre os dias 5 e 8 de novembro. As diretrizes atuais estão em vigor desde 11 de março de 2002. Para o presidente da Abenge, elas não atendem mais às necessidades da formação de um engenheiro, porque os cursos trabalham com conteúdos fragmentados e isolados. “É como se o aluno se formasse e tivesse que montar um quebra-cabeça. Ele vai descobrir que

Jorge Marinho

Encontro debate proposta das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos da área faltam muitas peças e muitas não se encaixam”, comentou. Para o especialista, o modelo de formação por competências está suplantando aquele em vigor, em função das necessidades atuais. “O aluno tem que mostrar o que sabe fazer com o que aprendeu: trabalhar com pessoas em sistemas que o possibilitem desenvolver efetivamente a atividade da engenharia”, explicou Oliveira. O professor mostrou, ao longo da palestra, a proposta encaminhada para análise do CNE, que destaca oito competências gerais que devem ser esperadas de um egresso de um curso de engenharia. Segundo o documento, os engenheiros precisam: 1. saber analisar e compreender os usuários das soluções tecnológicas de engenharia e seu contexto, formulando as questões da área de forma que as soluções concebidas sejam desejáveis; 2. analisar e compreender os fenômenos físicos e químicos por meio de modelos matemáticos, computacionais ou físicos, validados por experimentação; 3. conceber, projetar e analisar sistemas, produtos (bens e serviços), componentes ou processos; 4. implantar as soluções de engenharia considerando os aspectos técnicos, sociais, legais, econômicos e ambientais; 5. comunicar-se efetivamente; 6. trabalhar e liderar equipes multidisciplinares; 7. interpretar e aplicar com ética a legislação e os atos normativos no âmbito do exercício da profissão; e 8. ser capaz de aprender de forma autônoma para lidar com situações e contextos desconhecidos, atualizando-se em relação aos avanços da ciência e da tecnologia. Além dessas características, o professor Oliveira ressaltou que cada curso precisa agregar as competências específicas de acordo com a modalidade e a ênfase escolhidas. “O perfil esperado do egresso do curso de engenharia será de um engenheiro humanista, crítico, reflexivo, criativo, cooperativo, ético, apto a pesquisar, desenvolver, adaptar e utilizar novas

O professor Oliveira (com laptop) e a professora Gladis (dir.) durante a videoconferência tecnologias e com atuação inovadora e empreendedora. Será capaz de reconhecer as necessidades dos usuários, analisar e formular questões a partir delas; e oportunidades de melhorias para projetar soluções criativas de engenharia, com a perspectiva multidisciplinar e transdisciplinar em sua prática, considerando os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais. Será capaz de atuar com atitude isenta de qualquer tipo de discriminação e comprometido com a responsabilidade social e o desenvolvimento”, expressou o presidente da Abenge. Oliveira lembrou ainda a necessidade de realizar ações de acolhimento aos estudantes quando ingressam na universidade. “Parece incrível, mas o aluno sai de casa e vai morar sozinho. Ele está acostumado com tudo dado na mão e vai ter que se virar, saber administrar a sua liberdade. Lá no Ensino Médio, como diminuiu muito a parte de conteúdo, o aluno não estuda muita coisa e tira notas boas. Chegando na universidade, além de ele estudar muito, ele vai tirar notas baixas. Então, ele vai deixando. Ele não faz o estudo diário das disciplinas, por exemplo. Por isso, ter sistemas de orientação, de acolhimento, de orientação psicopedagógica e de orientação social diminui a evasão, como nos comprovou o caso da Universidade do Rosário, na Argentina”, esclareceu.

Todos os coordenadores e conselheiros dos 34 cursos de Engenharia da Unesp foram convidados a participar da videoconferência, visando discutir a proposta de novas diretrizes curriculares para os cursos. “Eu acredito que essa discussão foi um passo positivo para repensar os nossos cursos. Do ponto de vista do grupo de trabalho, o importante agora é trabalhar com alguns cursos, com algumas áreas específicas para que possamos, através da experimentação, chegar a uma proposta para ser encaminhada à discussão geral e, assim, realizarmos a reestruturação de todas as engenharias da Unesp. Eu entendo que as possíveis novas diretrizes não flexibilizarão o conteúdo e a formação sólida dos nossos alunos, mas vamos trabalhar para que as atividades práticas possam ser mais integradas em nossos currículos e mais relacionadas com as disciplinas de conteúdo”, comentou a professora Gladis. Para o assessor do Gabinete do Reitor da Unesp, professor da Faculdade de Engenharia, Câmpus de Bauru, Edson Capello, é fundamental que exista essa discussão com os cursos de Engenharia da Universidade porque, embora a formação técnica seja imprescindível, o engenheiro do futuro precisa ter outras habilidades. Aponta, entre elas, ser mais inovador, mais empreendedor, saber trabalhar em equipe, ser mais

flexível, pensar nos projetos de forma integrada à necessidade do usuário e ser ético. “São competências que podem ser incorporadas à formação dos engenheiros, pois não tem a necessidade de grandes alterações nos currículos, tendo em vista que muitas dessas formas de aprendizagem, além de novos ambientes para tal e o método de aprendizado por projeto já serem aplicados em alguns cursos. Obviamente, isso vai demandar empenho dos docentes para que incorporem essas iniciativas nas disciplinas. Estas ações provocarão importantes ganhos de qualidade nos cursos de engenharia da Unesp”, analisou Capello. Com a possibilidade de as novas diretrizes serem definidas na reunião do CNE/CES de novembro, o presidente da Abenge acredita que precisarão, também, ser criados incentivos institucionais aos professores pelas agências científicas de fomento, para que as mudanças na graduação de engenharia ocorram de fato. “O professor tem que ter incentivo para trabalhar isso. Porque hoje a Universidade está toda voltada para que o professor trabalhe na pós-graduação e na pesquisa. Eu não tenho dúvida: o principal agente de mudança é o professor, que tem que ser valorizado. Inclusive, com bolsas tais quais as que recebem hoje os professores que trabalham na pesquisa e na pós-graduação”, concluiu Oliveira.


Graduação

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Avanço no Enade

Número de cursos de graduação da Unesp com conceitos 5 e 4 subiu 77% entre 2014 e 2017 Fabio Mazzitelli Reprodução

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aumento do diálogo e de estratégias voltadas a um maior engajamento de professores e alunos de cursos de graduação no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) contribuiu para a conscientização da comunidade acadêmica a respeito do exame e, por consequência, para o avanço dos resultados da Unesp. É esse o entendimento da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Universidade, cujo número de cursos com conceitos 5 e 4 no Enade de 2017 subiu cerca de 77%. Dos 112 cursos da Unesp avaliados, 20 (ou 17,9%) deles obtiveram conceito 5 e outros 49 (43,8%) ficaram com conceito 4, os maiores na escala do exame. No ano passado, a Prograd passou a fazer a divulgação da importância da participação no Enade, em reuniões com coordenadores dos cursos avaliados e representantes dos

Engajamento de docentes de alunos contribuiu para resultado alunos, dialogando com centros e diretórios acadêmicos. Além disso, integrou o trabalho do pesquisador institucional ao dia a dia da pró-reitoria, o que trouxe ganhos no preenchimento dos dados avaliados no exame. Esse trabalho passou a ser feito em conjunto com auxiliares institucionais e em colaboração com diretores e supervisores técnicos de apoio acadêmico e seções técnicas

de graduação, além da Câmara Central de Graduação (CCG) e sua comissão assessora responsável pelo Enade. “Um ponto muito discutido nas reuniões com os docentes coordenadores de curso e com os estudantes foi a importância de uma boa participação e de bons resultados no Enade para uma maior independência didático-pedagógica de nossos cursos”, afirma a pró-reitora

de graduação Gladis Massini-Cagliari. “Um fator importante também foi mostrar e discutir com os alunos que o resultado do Enade pode interferir na empregabilidade, em algumas carreiras específicas.” Dos cursos da Unesp avaliados no Enade de 2017, 27 obtiveram reconhecimento automático por terem aumentado os seus conceitos. Ou seja, deixaram a faixa delimitada pelos conceitos 1 a 3 e passaram à faixa superior, de conceitos 4 e 5. Além disso, seis cursos aumentaram os seus conceitos e se mantiveram na faixa superior (4-5), também obtendo o direito ao reconhecimento automático. “A melhora dos resultados no Enade mostra a realidade da Unesp. O nível de qualidade dos nossos cursos, comparativamente com outros cursos oferecidos no Brasil, é muito bom”, afirma Gladis Massini-Cagliari.

RESULTADOS Somando-se os percentuais dos cursos com conceitos 4 e 5, cerca de 62% dos cursos de graduação da Unesp avaliados no Enade de 2017 receberam as notas mais altas do exame, deixando a Universidade com desempenho superior às médias verificadas nos conjuntos de instituições de ensino superior federais e privadas. A avaliação de 2017 também evidenciou melhora significativa da Unesp em comparação com o exame de 2014, o último que avaliara o mesmo grupo de cursos de graduação. O número de cursos da Universidade com conceitos 5 e 4 subiu 76,9%, enquanto foi reduzida em 23,2% a quantidade de cursos com conceitos 3, 2 e 1. Nessa última faixa, posicionaram-se 43 cursos, sendo que quase a totalidade com o conceito intermediário 3 – dos 112 cursos avaliados, apenas cinco (4,5%) receberam os conceitos mais baixos.

Um debate sobre graduações na área da saúde Fórum discutiu questões como valorizar docência e profissional da rede serviços e integrar ensino, serviço, gestão e comunidade Assessoria de Comunicação e Imprensa da Faculdade de Medicina de Botucatu

n.º 569/2017 do CNS (Conselho Nacional de Saúde). Nos dois dias de atividades foram abordados temas como a contextualização do ensino de graduação da área da saúde na Unesp; o fortalecimento da extensão universitária na graduação da saúde; as políticas indutoras da integração ensino/ serviço/comunidade: mundo do trabalho como escola; e a valorização da docência e do profissional da rede de serviços na graduação. DISCURSOS DE ABERTURA A organizadora do Fórum, professora Jacqueline S. C. Caramori, fez um agradecimento aos envolvidos na elaboração das atividades. “Além deste evento, queremos valorizar todas as iniciativas que surgirem daqui”, ressaltou. “Esperamos que esse debate não seja dissociado da formulação de

políticas, que respeite a lógica da realidade dos serviços.” O diretor da FMB, professor Pasqual Barretti, agradeceu aos organizadores da iniciativa por todo envolvimento e esforço. “Nós acreditamos no Brasil, acreditamos na Unesp, acreditamos no SUS e certamente daqui a um ano estaremos juntos avaliando, espero que de modo bastante positivo, este evento”, complementou. Para a pró-reitora de extensão universitária da Unesp, professora Cleopatra da Silva Planeta, a integração é fundamental para que seja observada a complexidade dos problemas de saúde. “Se nós queremos que as equipes interprofissionais e multiprofissionais sejam efetivas, o diálogo deve começar na formação, na graduação”, afirmou. A pró-reitora de graduação da Unesp, professora Gladis Massini-Cagliari, relatou que recebeu

com alegria e entusiasmo a ideia de realizar o Fórum. “Para nós, é de extrema importância que a formação do nosso estudante já possa se dar antevendo sua atuação profissional e já preparando-o para isso”, pontuou. Também participaram da abertura das atividades, no dia 22, o diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), professor Celso Antônio Rodrigues; o superintendente do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), professor André L. Balbi; o superintendente administrativo da Famesp, professor Sidnei Lastória; a professora do Instituto de Biociências, Luiza Cristina Godim Domingues Dias; o secretário de saúde de Botucatu, André G. Spadaro; o representante da comunidade botucatuense, José Roberto Rubio Mira; e o representante discente da FMB, Edgleison Rodrigues de Oliveira Lopes. ACI/FMB

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Faculdade de Medicina (FMB), do câmpus da Unesp de Botucatu, por meio dos Conselhos de Curso de Graduação em Enfermagem e Medicina, com apoio da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Universidade, realizou, nos dias 22 e 23 de outubro, o Fórum de Integração das Graduações nas Profissões da Saúde. A iniciativa buscou promover a valorização da docência e do profissional da rede de serviços na graduação, a integração ensino/serviço/gestão/comunidade, o trabalho interprofissional e o protagonismo estudantil. O evento também permitiu a integração entre os cursos de graduação das áreas da saúde da Unesp, para que sejam traçadas estratégias e ações que possibilitem a incorporação das diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação da saúde, conforme Resolução

Encontro também abordou temas como fortalecimento da extensão


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Reportagem de capa

Formação docente entre a inovação e a tradição

Congresso reúne mais de mil participantes em Águas de Lindoia para discutir os caminhos na preparação do professor

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m 1990, a Unesp organizou seu primeiro encontro de formação de professores, cujo título foi “Rumo ao século XXI”. Passados 28 anos da sua primeira edição, o encontro continua olhando para o futuro e, já em pleno século XXI, procura formas de incorporar as mudanças dos novos tempos com a valorização da tradicional carreira de professor. Com o tema “Inovação e tradição: preservar e criar na formação docente”, o 4º Congresso Nacional de Formação de Professores foi realizado concomitantemente ao 24º Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores e reuniu cerca de mil participantes na cidade de Águas de Lindóia entre os dias 24 e 26 de setembro. A maioria desses participantes era estudantes de pós-graduação (300), professores da educação básica (260) e professores universitários (312). [ver box 1] A realização do Congresso não consumiu recursos do orçamento da Universidade e foi viabilizada graças à captação de recursos junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além de receber apoio da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp) e da Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp).

INOVAÇÃO E TRADIÇÃO O tema que norteou as discussões do encontro esteve expresso na fala de abertura da pró-reitora de Graduação da Unesp, professora Gladis Massini-Cagliari, que chamou a atenção para o papel do professor em um contexto no qual os alunos estão expostos a um volume imenso de informações e já não encontram mais na escola sua única fonte de conhecimento. Para a gestora, contudo, o professor ainda detém uma série de responsabilidades essenciais na formação do aluno, como fomentar a criatividade, estimular a cooperação e despertar o pensamento crítico. “Essas não são informações que estão disponíveis no Google”, aponta. “Tais responsabilidades mostram que o professor ainda não é uma peça substituível por algum mecanismo tecnológico. Temos toda a informação do mundo disponível na palma da mão, mas precisamos cada vez mais saber olhar para ela de forma crítica”, afirmou a pró-reitora, reiterando que o propósito não é negar os recursos tecnológicos, mas incorporá-los ao processo didático. “Precisamos preparar o aluno para a fluência desse mundo apoiado pelas metodologias digitais sem perder o horizonte de uma formação humanística, cidadã e voltada para a diversidade.”

Fotos Marcos Jorge

Marcos Jorge

Encontro teve representantes de 17 Estados e conferencistas da Argentina, Chile e Portugal

Evento enfatizou papel da formação humanista, para compensar avanço da tecnologia digital

NÚMEROS EXPRESSIVOS Depositphotos

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Unesp é referência nacional na área de formação de professores e alguns números sustentam essa afirmação. No próximo vestibular, a Universidade irá oferecer 32 opções de entrada em cursos de licenciatura e outras 37 opções em cursos que oferecem formação tanto em licenciatura quanto em bacharelado, totalizando 69 possibilidades de entrada, em

48 cursos. Para se ter uma ideia da força da Unesp nessa área, entre as públicas paulistas, a Unicamp oferece 21 opções de entrada e a USP, 26. Entre as universidades brasileiras que se dedicam à formação de professores, as opções de entrada em licenciaturas em relação aos demais cursos é, em média, de apenas 25%. A Unesp registra 37% de suas entradas do vestibular

para esse fim (69 opções de 183 disponíveis). Nesse sentido, a Universidade conta ainda com praticamente um terço de seus docentes envolvidos em atividades de formação de professores (1.014 dos 3.169 professores registrados em 2017). Recentemente, a Universidade teve uma conquista importante para o trabalho que realiza na formação de professores.

Duas modalidades de bolsa da Capes que contemplam a experiência inicial na docência (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e Programa de Residência Pedagógica), que estavam ameaçadas de extinção no início do ano, foram mantidas. Além disso, a Universidade teve um aumento de 50% no número de alunos contemplados nos programas, somando 1.200 bolsas.

Unesp é referência na área


Para o vice-reitor da Unesp, professor Sergio Nobre, trabalhar a formação do professor diante da quantidade e, principalmente, rapidez das inovações tecnológicas é um grande desafio. Segundo ele, precisamos nos questionar constantemente se estamos formando professores para o futuro e tentar adiantar o ensinamento em pelo menos dez a 15 anos. “Eu trabalho com história da matemática e, na história, aprendemos a verificar onde nós erramos para não errar novamente. Analisar o que deu certo e reforçá-lo. É isso que temos que olhar nesse tema”, destacou. A programação de três dias contemplou minicursos, conferências com pesquisadores internacionais, mesas-redondas e sessões de apresentação oral que totalizaram mais de seiscentos trabalhos. O alcance nacional do congresso se evidencia nas diferentes origens do público que participou e apresentou trabalhos no evento. Dos 26 estados brasileiros, apenas nove não tiveram representantes entre os participantes. Rita Floramar Fernandes dos Santos, por exemplo, veio do Amazonas apresentar o trabalho “Formação e interculturalidade: os indígenas estão no ensino superior. E agora?”, em que discute a formação docente a partir da tradição e da cultura dos povos indígenas, considerando sua inclusão no ensino superior. [Ver box 2.] “Eu trouxe as experiências enquanto formadoras de uma licenciatura intercultural, específica para a formação de professores indígenas. Acredito que a discussão é relevante na medida em que a reflexão sobre o fazer pedagógico colabora para o amadurecimento das ações pedagógicas”, destaca. PRESENÇA INTERNACIONAL Conferencistas da Argentina, Chile e Portugal integraram a programação do evento. Inês Aguerrondo, docente da Escuela de Educación da Universidad de San Andrés, da Argentina, foi responsável pela conferência de abertura do Congresso. Em sua fala, a professora pautou-se pela temática do encontro, argumentando que a discussão sobre as mudanças na atividade docente acompanha a categoria desde meados do século passado. “A particularidade desse momento em que vivemos é a velocidade dessa mudança”, aponta a especialista, que também levantou a questão da globalização: “apesar de ser um fenômeno global, [ela] cria efeitos que são locais, com os quais não estamos acostumados”.

A palestra foi transmitida ao vivo pela TV Unesp e está disponível no link: https://video. unesp.br/formacaodeprofessores. Com mais de trinta anos de experiência em planejamento educacional no Ministério da Educação da Argentina, Inês entende que o enfrentamento dessas mudanças passa necessariamente pela formação do que o pesquisador da Universidade de Toronto Andy Hargreaves chama de “docente profissional”. Esse sujeito é um indivíduo comprometido, bem preparado, em contínua formação e que trabalha em grupo para maximizar seu próprio progresso, além de conectar seu trabalho com sua maneira de ser. Em contraponto a esse tipo de docente, explica Inês, existe o docente pré-profissional, que executa a atividade aprendida de forma artesanal ou expressamente como desenhada por outros, que lhe fornecem o conjunto de ferramentas necessárias ao trabalho, como a lousa e o giz. Na avaliação da professora, a formação do docente profissional lhe dá maior autonomia e capacidade de tomada de decisões, podendo priorizar conteúdos curriculares específicos, levantar debates mais aprofundados e atender às expectativas que os alunos de hoje esperam do professor. Ainda sobre a formação docente, a pesquisadora citou um livro publicado pela Unesco em 2006, chamado Modelos innovadores en la formación inicial docente: una apuesta por el cambio. Nele estão expressas práticas pedagógicas inovadoras realizadas na América do Sul e na Europa. Baseada no livro, Inês levantou alguns pontos que marcam a possibilidade de inovação na formação docente. Entre esses pontos estão a cultura inovadora na instituição, a contextualização da proposta inovadora de acordo com a história e a tradição da instituição e a íntima relação entre os aportes pedagógicos e organizativos. “O pedagógico sem o organizativo é inviável. Mas o organizativo sem o pedagógico é ineficaz”, afirma a docente. “Nunca é a totalidade da universidade que realiza as experiências e promove as mudanças. É uma parte dela. E é assim que se começa. Essas iniciativas servem para mostrar que existem pessoas preocupadas, como nós, no ‘como modificar’ a formação docente.”

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9 Fotos Marcos Jorge

Reportagem de capa

Escola deve se questionar sobre formação docente, alerta Nobre

Inês ressalta elo entre ensino e organização institucional

Para Gladis, apesar de mudanças, figura do professor é essencial

“Os indígenas estão no Ensino Superior. E agora?”

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ventos de alcance nacional, especialmente no âmbito da educação, são uma oportunidade para conhecer de forma mais profunda os diferentes desafios colocados para essa área em um país com o tamanho e a diversidade do Brasil. O 4º Congresso Nacional de Formação de Professores recebeu cerca de mil participantes de 15 estados distintos. Rita Floramar Fernandes dos Santos é docente do Curso de Formação de Professores Indígenas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), criado em 2008 a partir da demanda apresentada pelo povo Mura. Atualmente, o curso tem 374 estudantes, divididos em sete turmas, duas delas com alunos de apenas uma etnia – Sateré-Mawé e Munduruku – e outras cinco turmas com alunos de várias etnias, nos territórios etnoeducacionais do Médio Solimões, Alto Solimões, Alto Rio Negro, Madeira-Manicoré e Purus-Lábrea. “Os dois desafios principais, no meu ponto de vista, são o trabalho interdisciplinar e a interculturalidade, que, embora seja tão comentada e defendida na formação do nosso educador, é difícil de aplicar nesse contexto”, explica Rita. “Nós temos em nosso curso aproximadamente vinte etnias e 14 línguas diferentes.”

O curso está sob responsabilidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC), e foi criado no âmbito do Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind) para estimular a formação superior de professores que atuam em escolas de educação básica indígenas. Além disso, argumenta a professora, o curso envolvendo os indígenas padece de invisibilidade na comunidade universitária local. Rita toma como exemplo um teste que aplica anualmente entre os alunos da universidade, perguntando quantas etnias indígenas existem no Amazonas e quantas delas eles conseguem nomear.

“A imensa maioria dos estudantes não consegue nomear quase nenhuma etnia. E isso não é um teste aplicado no Sul ou Sudeste do Brasil. É um teste entre alunos que estudam em Manaus”, comenta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de trezentas etnias indígenas no país. “Acreditamos que nossas reflexões podem colaborar para o amadurecimento das ações pedagógicas que favoreçam o acesso dos povos indígenas ao ensino superior e ao conhecimento científico, além de discutir as práticas pedagógicas já consagradas e tentar inovar nas práticas interculturais”, argumenta.

Rita discute a formação docente a partir da cultura indígena


10 “A universidade precisa sair da concha” Outubro 2018

Reportagem de capa

Professora Bernardete Gatti analisa o estado da pesquisa em formação de professores e a importância de a universidade dar projeção para essa produção

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tual presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Bernardete Angelina Gatti ministrou um dos seis minicursos do primeiro dia de atividades do IV Congresso Nacional de Formação de Professores e XIV Congresso Estadual Paulista Sobre Formação de Educadores, tradicional evento organizado anualmente pela Unesp. Desde a década de 1960, o tema da formação docente é o principal objeto de pesquisa de Bernardete, que, aos 75 anos de idade, terá um livro analisando a aplicação das políticas educacionais da última década publicado em 2019. Nesta entrevista, a professora comenta a necessidade de a Universidade dar projeção às pesquisas que são produzidas na área e aponta para a necessidade de conjugar a formação adequada de professores com a valorização da carreira. Jornal Unesp: A senhora organizou uma das seis oficinas que abriram as atividades dos Congressos. Sobre o que foi a oficina? Bernardete Angelina Gatti: Eu falei sobre pesquisa em educação e, particularmente, sobre pesquisa em formação de professores. Além disso, fiz uma apresentação sucinta de algumas modalidades de pesquisa, os métodos quantitativos, suas demandas e seus limites. Finalizei falando sobre alguns problemas na formação do professor. JU: A senhora poderia apontar alguns desses problemas? Bernardete: Acredito que nós não cuidamos bem dessa formação. Ela não se faz apenas pelos manuais, embora os muitos deles, com seus métodos consolidados, sejam importantes. Mas, além disso, o pesquisador precisa ser uma pessoa culta, leitora, que tenha um repertório de cultura geral e especializada nas áreas que tangenciam essa formação. Formar um pesquisador não é simples. Há uma estimativa que você leva 15 anos para que isso ocorra de fato. Fora dos manuais, você se forma pesquisador também trabalhando em

Marcos Jorge

Marcos Jorge grupos de pesquisa. Nós dizemos que temos um grupo de pesquisa, mas ele não funciona coletivamente como um grupo. Não há uma questão macro, um projeto guardachuva do qual você extrai problemáticas específicas que são estudadas por todos os integrantes. Claro que existem grupos assim, mas não tantos quantos seria necessário. JU: E a aplicação dessas pesquisas na escola ou em uma política pública, isso tem sido feito? Bernardete: É feito quando alguém da universidade ocupa um cargo em uma rede de ensino e experimenta novos projetos. Não há um grupo de pesquisa que se debruce sobre, por exemplo, o que foi produzido sobre trabalho docente em sala de aula e use isso para fazer informes para jornais, revistas ou secretarias de educação. A universidade precisa sair da concha. Ela fica esperando que as pessoas venham buscar a informação dentro dela. Publicações que abordam o “estado da arte” nos permitem um olhar mais amplo e sinalizam conhecimentos confiáveis que a gente criou sobre determinada questão. Nos anos 1990, a professora Magda Soares fez uma publicação sobre o estado da arte da alfabetização. Nós publicamos um estado da arte sobre a formação do professor, que gerou dois volumes publicados pela Unesco, em 2011, e agora estamos lançando mais um. JU: Eu fiquei com uma impressão pessimista sobre a sua visão da área, mas ao mesmo tempo estamos falando de algo muito recente… Bernardete: É uma visão pessimista, pois temos a oportunidade de expor certos problemas que poderiam ser solucionados, mas você não percebe a comunidade acadêmica querendo solucioná-los. Ninguém quer mudar muito a estrutura das licenciaturas, por exemplo. Essa estrutura foi montada nos anos 1930 e até hoje é mais ou menos a mesma: oferece-se o conteúdo e

Bernardete: falta de pesquisas sobre financiamento da educação afeta formação docente coloca-se uma tintura de educação. As pessoas que chegaram na escola mudaram, a nossa história caminhou, sociologicamente, a nossa sociedade sofreu transformações enormes, assim como as formas que a gente tem que chegar na escola. A gente sente que nem sempre existe a disposição em discutir abertamente o que está sendo feito, mas estamos chegando lá. O debate acadêmico sobre o currículo de professores, de fato, começou em 2010. Essa produção forte ainda é muito recente e, em meio a muitas coisas, com problemas, encontramos contribuições sérias e consistentes. JU: A senhora comentou que existe uma falta de pesquisas na área de financiamento da educação. De que forma isso afeta a área? Bernardete: Existe uma falta de produção na área de financiamento da educação, e esse tema está diretamente ligado à profissionalização docente. Qual o destino do dinheiro da educação, que no Estado de São Paulo representa 30% do orçamento e no Brasil 7,1% do PIB? Para onde vai esse dinheiro, já que o professor ganha tão mal?

Como municípios e estados poderiam ser ajudados de forma a remunerar melhor o professor? Esse nosso estudo que vai ser publicado em fevereiro aponta essas distorções do emprego do dinheiro da educação e chama a atenção para pensar em mudar a carreira do professor, oferecendo um salário inicial maior e fazendo uma progressão mais lenta. A ideia é que esse salário estimularia as pessoas a seguirem na carreira. Por que não separar o salário de professor dos salários de supervisores e de diretores? Por que um supervisor precisa ganhar mais que um professor? Nós estamos em um sistema hierárquico e não conseguimos tirar isso da cabeça das pessoas. JU: O que é esse estudo exatamente? Bernardete: É um livro que escrevi com as professoras Elba Barreto e Patrícia Albieri, da Fundação Carlos Chagas, e Marli André, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). A gente procurou estudar o que aconteceu de fato e não de discurso nas políticas educacionais de 2010 para cá e as novas propostas que

surgiram em 2015, que estão com dificuldade de encontrar eco nas faculdades. Abordamos as distorções de financiamento, questionamos quem está formando esses professores. Uma das conclusões do trabalho é que a maioria desses professores não tem a formação necessária. Ela precisaria ser mais específica, mas, desde o concurso, seleciona-se o profissional só pela produção em pesquisa, sem discutir a experiência de ensino. JU: Recentemente, foi publicada uma pesquisa em que apontou o aumento do desinteresse pela carreira de magistério. Como a senhora vê essa constatação? Bernardete: Há dois motivos para isso: primeiro o professor demora para chegar em um salário digno. E, segundo, nós falamos muito mal da carreira. Quando a gente entrevista os professores, eles reconhecem o sacrifício, mas se sentem felizes. Acredito que o Ministério da Educação, alinhado com estados e municípios, precisa criar políticas integradas de formação e carreira que contem com a adesão das universidades, fato que atualmente está difícil de acontecer.


Pós-graduação

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Vencedores do 1º Prêmio Unesp de Teses Das 65 inscritas, 11 teses obtêm maiores pontuações e prêmios patrocinados pelo Santander Jorge Marinho

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s melhores trabalhos de doutorado do 1º Prêmio Unesp de Teses lidaram com os temas: contribuições das ciências básicas/ teóricas na fronteira do conhecimento; educação de qualidade e inclusiva; energia limpa, eficiente e sustentável; linguagens, cultura e comunicações; saúde, bem-estar e vida saudável; segurança alimentar, nutrição e agricultura sustentável; e uso sustentável dos ecossistemas e proteção da biodiversidade. Todos temas relacionados aos objetivos do desenvolvimento sustentável – agenda 2030 da ONU. Os autores e orientadores das teses em destaque receberão prêmios que variam de R$ 3 mil a R$ 6 mil, patrocínio concedido pelo Banco Santander, por meio do Convênio Unesp/Santander Universidades. Das 65 teses inscritas, onze obtiveram as maiores pontuações depois de passar pela avaliação de dois docentes. Foram convidados sessenta especialistas para realizar a tarefa, vindos da PUC, UCS, UEL, UEM, UEPG, UERJ, UFABC, UFF, UFLA, UFMG, UFPel, UFPR, UFRJ, UFRPe, UFSC, UFSCar, Unesp, Unicamp e USP. Já outras nove teses foram laureadas com menção honrosa. “A Pró-Reitoria de Pós-Graduação congratula-se efusivamente com todos os autores e orientadores pela excelência das teses, que certamente contribuem para a melhoria da qualidade da pós-graduação da nossa Universidade”, afirmou o pró-reitor de pós-graduação, João Lima Sant’Anna Neto. Os participantes também enviaram vídeos com até cinco minutos para divulgar as teses para um público não acadêmico. Os três melhores foram escolhidos pelos alunos do ensino médio da Escola Estadual Caetano de Campos, em São Paulo (SP). A entrega das láureas será realizada em 13 de dezembro, na Reitoria, São Paulo, durante o Conselho Universitário. VENCEDORES Contribuições das Ciências Básicas/Teóricas na Fronteira do Conhecimento • Efeitos da ingestão da polpa de açaí liofilizada (Euterpe oleracea Mart.) no processo de carcinogênese de cólon associada à colite em ratos Wistar

Autora: Mriana Franco Fragoso. Orientador: Luis Fernando Barbisan. Programa de Pós-Graduação (PPG) em Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu. • Utilização de novos agentes ligantes obtidos a partir de biomassas para determinação de íons metálicos por meio da técnica de difusão em filmes finos por gradiente de concentração Autora: Lauren Nozomi Marques Yabuki. Orientador: Amauri Antonio Menegario. PPG Geociências e Meio Ambiente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro. Educação de Qualidade e Inclusiva • A organização das escolas secundárias em Moçambique no período multipartidário 19942015: Desafios e perspectivas para o desenvolvimento da gestão escolar Autor: Alberto Bive Domingos. Orien,tadora: Rosa Fatima de Souza Chaloba. PPG Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília. Energia Limpa, Eficiente e Sustentável • Reconfiguração de sistemas de distribuição de energia elétrica considerando demandas variáveis utilizando algoritmos imunológicos artificiais Autora: Simone Silva Frutuoso de Souza. Orientador: Ruben Augusto Romero Lazaro. Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Linguagens, Cultura e Comunicações • Tudo junto e misturado, rolês e fluxos dos jovens das periferias: capital espacial construído por redes juvenis no campo da diversão e geometrias de poder na cidade Autor: Élvis Christian Madureira Ramos. Orientador: Necio Turra Neto. PPG Geografia de Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente • O sublime de Lyotard e a música de Morton Feldman Autor: João Paulo Costa do Nascimento. Orientadora: Lia Vera Tomas. Unidade: PPG Música do Instituto de Artes de São Paulo. • Sistemas de recomendação para bibliotecas universitárias: um aporte teórico da Arquitetura da Informação

Autor: Edgar Bisset Alvarez. Orientadora: Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti. PPG Ciência da Informação da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília. Saúde, Bem-estar e Vida Saudável • Sistemas precursores de cristais líquidos mucoadesivos para administração bucal de peptídeo antigelatinolítivo associados à terapia fotodinamica no tratamento do câncer bucal Autora: Giovana Maria Fioramonti Calixto. Orientador: Marlus Chorilli. PPG Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara. • Estudos in vitro e in vivo de compostos furoxânicos, benzofuroxânicos e quinoxalinas com potencial aplicação para o tratamento da tuberculose Autora: Paula Carolina de Souza. Orientador: Fernando Rogério Pavan. PPG Biociências e Biotecnologia Aplicadas à Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara. Segurança Alimentar, Nutrição e Agricultura Sustentável • Efeito de dose subletal de fipronil e piraclostrobina, isoladas ou associação, na morfologia de glândulas e proteoma da cabeça de abelhas Apis mellifera L Autor: Rodrigo Zaluski. Orientador: Ricardo de Oliveira Orsi. PPG Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu. Uso Sustentável dos Ecossistemas e Prot0eção da Biodiversidade • Generation of hyperspectral Digital Surface Model for forest areas with hyperspectral 2D frame camera on-board RPAS Autora: Raquel Alves de Oliveira. Orientador: Antonio Maria Garcia Tommaselli. PPG Ciências Cartográficas da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente MENÇÕES HONROSAS Educação de Qualidade e Inclusiva • Direito à educação nos países membros do Mercosul: um estudo comparado Autora: Kellcia Rezende Souza. Orientadora: Maria Teresa Miceli Kerbauy. PPG Educação

Escolar da Faculdade de Ciências e Letras de Araraqura Energia Limpa, Eficiente e Sustentável • Einstein-Maxwell-dilaton theory: black holes, wormholes, and applications to AdS/CMT Autor: Prieslei Estefânio Dominik Goulart Santos. Orientador: Horatiu Stefan Nastase. PPG Física do Instituto de Física Teórica de São Paulo. Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos e Oceânicos • Ângulo foliar e lâmina de irrigação afetam a qualidade das mudas florestais Autor: Richardson Barbosa Gomes da Silva. Orientadora: Magali Ribeiro da Silva. PPG Ciência Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu. Infraestruturas Resilientes, Industrialização Sustentável e Inovação • Study on sugar cane straw ash (SCSA) in alkali-activated binders Autor: João Claudio Bassan de Moraes. Orientador: Jorge Luis Akasaki. PPG Ciência dos Materiais da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Saúde, Bem-estar e Vida Saudável • Influência local e sistêmica da suplementação alimentar com os ácidos graxos ômega-3 em ratos com infecção endodôntica Autora: Mariane Maffei Azuma. Orientador: Luciano Tavares Angelo Cintra. PPG Ciência Odontológica da Faculdade de Odontologia de Araçatuba. • A contracepção hormonal durante o acompanhamento da gravidez molar influencia o risco e a agressividade clínica da neoplasia trofoblástica gestacional controlando os fatores de risco? Autora: Patrícia Rangel Sobral Dantas. Orientadora: Izildinha Maesta. Unidade: PPG Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu. Segurança Alimentar, Nutrição e Agricultura Sustentável • Identificação de SNPs em sítios CpG localizados em regiões genômicas relacionadas à produção em bovinos Autora: Mariângela Bueno Cordeiro Maldonado. Orientadora:

Flávia Lombardi Lopes. PPG Ciência Animal da Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba. Sociedades Saudáveis, Inclusivas e Instituições Eficazes • As vestes do corpo e melancolia na poesia de autoria feminina – Gabirela Mistral, Cecília Meireles e Henriqueta Lisboa Autora: Adrienne Katia Savazoni Morelato. Orientadora: Guacira Marcondes Machado. Leite. PPG Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. • Histórias de vida de alunos com deficiência visual e de suas mães: um estudo em Educação Matemática inclusiva Autora: Fernanda Malinosky Coelho da Rosa. Orientadora: Ivete Maria Baraldi. PPG Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro. MELHORES VÍDEOS Saúde, Bem-estar e Vida Saudável • Desenvolvimento de biossensor impedimétrico/capacitivo para detecção de biomarcadores de importância clínica Autor: Adriano dos Santos Paulo – 1º lugar. Orientador: Roberto Bueno. PPG Química do Instituto de Química de Araraquara. Contribuições das Ciências Básicas/Teóricas na Fronteira do Conhecimento • Efeitos da ingestão da polpa de açaí liofilizada (Euterpe oleracea Mart.) no processo de carcinogênese de cólon associada à colite em ratos Wistar Autora: Mariana Franco Fragoso – 2.º lugar. Orientador: Luis Fernando Barbisan. PPG Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu. Saúde, Bem Estar e Vida Saudável • Efeitos do treinamento funcional na cognição e capacidade funcional de idosos com doença de Alzheimer Autora: Renata Valle Pedroso – 3º lugar. Orientadora: Ruth Ferreira Santos-Galduroz. PPG Ciências da Motricidade do Instituto de Biociências de Rio Claro.


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Geral

Prêmio Capes destaca trabalhos da Unesp

Em 2018 foram laureadas pesquisas de Araraquara, Rio Claro, Presidente Prudente e Assis

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inco teses de doutorado da Unesp se destacaram no Prêmio Capes de Tese 2018, referente a trabalhos acadêmicos defendidos no ano passado. O resultado foi divulgado no dia 1º de outubro pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação que atua na expansão e consolidação da pós-graduação no país. A tese de Adriano dos Santos, defendida no Instituto de Química (IQ) do câmpus Araraquara, foi a vencedora na área de Química. A Capes concedeu 49 prêmios principais, cada um deles para uma área do conhecimento, além de 81 menções honrosas. Intitulada

“Desenvolvimento de biossensor impedimétrico/capacitivo para detecção de biomarcadores de importância clínica”, o trabalho de Adriano foi orientado pelo professor Paulo Roberto Bueno e pela docente Maria Del Pilar Taboada Sotomayor, ambos do IQ. Outras quatro teses de doutorado da Unesp foram agraciadas com menções honrosas: o trabalho na área de Biotecnologia de Angela Maria Arenas Velásquez, orientado pela professora Márcia Graminha, também do câmpus Araraquara; a pesquisa na área de Educação Física de Renata Valle Pedroso, sob orientação de Ruth Ferreira Santos Galduróz, do câmpus Rio Claro; o trabalho na área de Geociências de Thanan Walesza Pequeno Rodrigues,

orientado pelo professor Nilton Nobuhiro Imai, do câmpus Presidente Prudente; e a tese em Linguística e Literatura de Camila Soares Lopez, sob orientação de Álvaro Santos Simões Junior, do câmpus Assis. Criada em 2005, a premiação é concedida anualmente às melhores teses de doutorado em 49 áreas do conhecimento. Em cada uma dessas áreas, podem ser destacados outros dois trabalhos com menção honrosa. Ainda são concedidos prêmios especiais para áreas pré-determinadas, em parceria com a Fundação Carlos Chagas e a Comissão Fulbright. Segundo a Capes, os critérios de escolha dos melhores trabalhos levam em consideração a originalidade da tese e a

Reprodução

Fabio Mazzitelli

Láurea é concedida a trabalhos de 49 áreas do conhecimento relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e inovativo, além da valorização dada pelo candidato ao sistema educacional. Na cerimônia de entrega dos prêmios, programada para 13 de dezembro, em Brasília, serão conhecidos também os vencedores do Grande Prêmio Capes de Tese 2018, premiação em parceria com a Fundação Conrado Wessel, concedida àquela considerada, no conjunto dos trabalhos vencedores, a tese de maior destaque em

três grandes áreas: científica, saúde e humanas. Pró-reitor de Pós-Graduação, o professor João Lima Sant’Anna Neto afirmou que a Unesp está satisfeita com o resultado e o contínuo reconhecimento do trabalho acadêmico desenvolvido dentro da Universidade. No total, entre mais de cem instituições de ensino superior que participaram da premiação da Capes, a Unesp foi uma das 23 que tiveram ao menos um vencedor nas 49 áreas do prêmio.

No ar, o “Unesp em Ação”

Programa exibe projetos e ações institucionais desenvolvidos pela Universidade Fabio Mazzitelli TV Unesp

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TV Unesp veiculou, no dia 4 de outubro, a primeira edição do “Unesp em Ação”, o mais novo programa de sua grade, voltado a exibir os projetos e as ações institucionais desenvolvidos pela Universidade. Em tom de documentário, a primeira temporada do “Unesp em Ação” será focada nas linhas de atuação do convênio Unesp/ Santander, firmado em agosto de 2017 com base em cinco eixos norteadores: promoção da cultura do empreendedorismo e da inovação; valorização da educação para a diversidade; promoção do bem-estar e da qualidade de vida; incentivo à aprendizagem da língua inglesa; e estímulo a uma gestão energética sustentável. Nesta temporada, serão seis programas apresentando e esmiuçando essa parceria. O convênio prevê o investimento de R$ 11 milhões, ao longo de quatro anos. A primeira edição reúne entrevistas com Afrânio Pereira, superintendente do Santander, e o chefe de Gabinete da Reitoria da

Pereira (dir.) e Vergani durante programa: diálogos sobre parceria entre Unesp e Santander Unesp, professor Carlos Eduardo Vergani, além de reportagens que apresentam gestores, docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos que participam dos programas do convênio Unesp/Santander. “É um convênio que, por suas linhas de atuação, promove a cultura da paz na diversidade e oferece oportunidades

para melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento das pessoas. É fundamental que a nossa comunidade tenha conhecimento do andamento desta parceria em suas várias dimensões e veja como essas ações estão sendo construídas para melhorar a realidade da Unesp”, afirma o professor Carlos Vergani.

O diretor da TV Unesp, professor Francisco Machado Filho, acredita que o “Unesp em Ação” cumprirá o papel de destacar ações estratégicas que nem sempre chegam rapidamente ao conhecimento da comunidade unespiana. “Como TV universitária, mostramos como a Universidade impacta a sociedade”, diz

Machado. “O convênio atua em áreas estratégicas para a Universidade e, por isso, resolvemos começar essa nova fase do ‘Unesp em Ação’ com foco nele – para difundir essas ações para o público interno”. O programa tem meia hora de duração e as edições inéditas serão veiculadas semanalmente, às quintas-feiras, às 12:00. As reapresentações serão aos domingos, às 16:00, e às terças-feiras, às 16:15. O “Unesp em Ação” também pode ser visto na internet, no site da TV Unesp (www.tv.unesp.br) e pelo aplicativo Unesp TV. A produção e apresentação do “Unesp em Ação” será da jornalista Mayra Ferreira. “É um desafio relatar os resultados das atividades que a Universidade desenvolve e traduzir para a comunidade interna e externa a importância desses trabalhos institucionais, muitos deles pioneiros”, afirma Mayra. “A gente acredita no potencial dessas ações para valorizar a expertise da Unesp”.


Gente

Docente é condecorada em cerimônia em Brasília

FUTURO DO BRASIL Para o presidente da República Michel Temer, estimular o campo da ciência é importante para o desenvolvimento do país. “Ciência é atividade que exige talento, e não só talento, mas estudo e perseverança”, disse ele, durante a cerimônia. TRAJETÓRIA Vanderlan Bolzani desenvolve pesquisa em química de produtos naturais com ênfase para a busca de substâncias bioativas, metabólitos secundários e peptídeos,

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Docente é escolhida para comitê do CNPq professora Tania Regina de Luca, do Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus Assis, foi escolhida por pesquisadores de todo o país para ocupar uma vaga no Comitê de Assessoramento da área de História do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A função do comitê é colaborar com a Coordenação do Programa de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais (COCHS) no julgamento de propostas de apoio à pesquisa e de formação de recursos humanos. “A presença de pesquisadores da Unesp em Comitês do CNPq mostra que a Universidade tem quadros qualificados, confiáveis e reconhecidos em todo país. No entanto, mais do que uma honraria, é trabalho, pois se trata de julgar todos os pedidos da área que são submetidos ao órgão federal”, afirmou a professora, que é pesquisadora Nível 1A em História do CNPq. A escolha foi realizada após consulta por meio eletrônico entre pesquisadores,

Vanderlan (esq.) com Temer metabolômica e química medicinal de produtos naturais. Atualmente, é membro do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para o mandato 2018-2022 e membro da coordenação do programa Biota-Fapesp. É integrante do Núcleo de Bioensaio, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais do IQ (NuBBE) e pesquisadora 1A do CNPq. Em 2017, foi agraciada com a Medalha Otto Gottlieb pelas suas contribuições na área de produtos naturais e exerce a vice-presidência da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp para o mandato 2017-2021.

Divulgação

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m cerimônia realizada no dia 17 de outubro, no Palácio do Planalto, em Brasília, a professora Vanderlan Bolzani, do Instituto de Química (IQ) da Unesp de Araraquara, foi agraciada com a Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico. Além dela, mais de oitenta personalidades foram condecoradas por seu destaque no cumprimento de suas atribuições, entre elas o engenheiro químico Pedro Wongtschowski, o cineasta João Moreira Salles e o biomédico José Nelson Onuchic.

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Tania avaliará apoio à pesquisa realizada em agosto. O mandato será de três anos. A professora é especialista em história do Brasil Republicano, desde 2009, pela Unesp. No momento, desenvolve pesquisa sobre a imprensa entre o final do século XIX e início do século XX, além de ser a principal pesquisadora no projeto temático “A circulação transatlântica dos impressos. A globalização da cultura no século XIX”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Junto ao CNPq, é responsável pelo projeto “Estudos de jornais em língua estrangeira” (Transfopress Brasil).

A primeira bibliotecária transexual do país Ana Carolina Moraes – Portal Alumni

PAIXÃO “Sou uma verdadeira apaixonada pela Unesp”, declarou Alexia durante a entrevista.

O primeiro contato com a possibilidade de estudar na Unesp veio de um amigo, estudante do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, de São José do Rio Preto. “[Ele] começou a me falar sobre a Unesp e que seria muito bom pra minha vida como um todo ter uma formação universitária”, relembra Alexia. Ainda no mesmo ano, ela prestou o vestibular para o curso de Rádio e TV, na Unesp de Bauru. Não conseguiu passar. “No ano seguinte, resolvi me preparar para valer e, às vésperas da inscrição, resolvi que não queria mais a área de comunicação. Foi quando biblioteconomia me chamou a atenção e Marília não ficava muito longe da casa de meus pais. Prestei o vestibular, passei e resolvi encarar essa nova etapa da vida". “É por causa dela [da Unesp] que tenho minha

formação e atuação profissional… O que me marca muito são os amigos que trago até hoje e que não são poucos, os eventos esportivos – especialmente Jogos Interunesp – e, claro, as festas, que foram muito importantes para poder descarregar o estresse dos estudos e fortalecer os laços sociais”, declara. O último contato da Alexia com a Unesp foi para garantir mais uma vitória: em março de 2018 ela solicitou a retificação do diploma, depois ter o registro civil também retificado, via ação judicial. QUEBRA DE PARADIGMAS Desde que se formou, Alexia Vitória tem atuado na área de formação. O primeiro emprego foi em março de 2006. Depois disso, trabalhou na iniciativa privada até agosto de 2008, quando saiu a aprovação no primeiro curso público, para trabalhar no Centro de

Educacional Unificado Caminho do Mar, da Prefeitura de São Paulo. Em 2012, Alexia tomou posse no Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, onde ficou até dezembro de 2014. Logo em seguida, foi empossada como bibliotecária no Cefet/RJ. TRANSIÇÃO “Aqui no Cefet Angra, dei início à minha transição física de gênero e conto com acompanhamento psicológico e endocrinológico”, destaca. Há três anos, ela começou a terapia hormonal, já passou por procedimentos cirúrgicos e em junho deste ano, fez a readequação sexual. PIONEIRISMO A Unesp foi a primeira entre as universidades públicas do Estado de São Paulo a reconhecer o nome social para transgêneros. A norma foi aprovada em junho de 2017.

A Universidade também conta com Educando para a Diversidade, projeto que reúne uma série de ações para promover o debate sobre inclusão e diversidade no meio universitário, integrando atividades com a comunidade externa, como o programa homônimo produzido e divulgado pela TV Unesp. Divulgação

“O

mais importante, pra mim, nisso tudo é poder mostrar para a sociedade que nós, transexuais, somos pessoas como qualquer outra e que merecemos respeito, dignidade e direitos”, nos confessou Alexia Vitória de Oliveira, bibliotecária no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – Cefet/RJ, câmpus Angra dos Reis. Formada em 2006 no curso de Biblioteconomia da Unesp de Marília, ela nos contou sobre sua trajetória na Universidade. Foi mudando de ares, de estados e de hábitos que ela se transformou em quem é hoje: a primeira bibliotecária transexual do Brasil a ser reconhecida por um Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB).

É preciso respeito, diz Alexia


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Alunos

Estudo é destaque em evento de materiais

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aluna de doutorado Samarah Vargas Harb recebeu o prêmio 2018 American Chemical Society Publications: Best Oral Presentation Award (melhor apresentação oral), no XVII Brazilian Materials Research Society (B-MRS) Meeting, conferência internacional sediada em Natal, de 16 a 20 de setembro, que discutiu os recentes avanços e perspectivas em ciência de materiais e tecnologia. Samarah Harb é aluna do Programa de Pós-Graduação em Química, orientada pelo professor Peter Hammer, do Grupo de Físico-Química dos Materiais (GFQM) do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química do câmpus da Unesp de Araraquara.

O trabalho, intitulado “Self-healing PMMA-CeO 2 coatings for anticorrosive protection of carbon steel”, tem como co-autores Andressa Trentin, Thiago A. C. de Souza, Sandra H. Pulcinelli, Celso V. Santilli e Peter Hammer. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e relata a preparação e caracterização de revestimentos híbridos orgânico-inorgânicos depositados sobre liga de aço carbono. Segundo a doutoranda, o aço carbono é uma liga metálica vastamente utilizada em setores como construção civil, indústria automobilística e peças de máquinas em geral. “Contudo, sua susceptibilidade à corrosão gera custos

extremamente elevados e leva à contaminação, poluição, acidentes e falta de segurança de equipamentos”, aponta. O revestimento PMMA-CeO 2 desenvolvido pelo grupo neste trabalho age na proteção dessa liga metálica contra corrosão através da formação de uma barreira ativa, que, quando danificada, pode se autorregenerar e, assim, prolongar a vida útil do aço carbono. “Essa eficiente proteção contra a corrosão, fornecida pelo revestimento, pode diminuir os custos e a geração de lixo relacionados à substituição do metal corroído. E, principalmente, aumentar a segurança de equipamentos e transportes”, destaca.

Divulgação

Pós-graduanda é laureada em encontro internacional por pesquisa sobre revestimento de aço carbono

Samarah, com o orientador Hammer: solução pode diminuir custos

Aluna recebe Prêmio Grupo vence concurso de Jovem Neurocientista metrologia óptica em 3D ACI-IB Unesp Botucatu (via 4toques comunicação) que a hiperglicemia moderada, associada a uma nutrição inadequada, levou a uma diminuição da ansiedade quando comparada com a de animais do grupo controle, mas sem alterações na atividade geral”, explica. “Como tivemos efeitos comportamentais em ansiedade, sugere-se que talvez tenha alguma alteração no sistema límbico” – responsável pelas emoções e comportamentos sociais –, “já que esse tipo de comida age no nosso sistema de recompensa, nos dando uma sensação de bem-estar. Mas extrapolar apenas com os dados que obtivemos é equivocado. Precisamos de mais estudos”, complementa a aluna. Tal estudo faz parte de um projeto maior do IB, cujo objetivo é avaliar o impacto da hiperglicemia e da nutrição inadequada durante a prenhez e lactação no comportamento e metabolismo de ratas e seus descendentes. Divulgação

Alessandra estuda ansiedade

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o dia 26 de setembro, o grupo de três alunas de Odontologia do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da Unesp de São José dos Campos, sagrou-se campeão do GOM Educational Award Vtech Brasil 2018, versão brasileira do evento que ocorreu na Alemanha no ano passado e que convida seus participantes a criar aplicações com metrologia óptica em 3D. O grupo de São José dos Campos é formado pelas alunas de graduação Camila Martins Bonjorni e Juliana Amalfi e pela aluna de pós-graduação Pollyanna Nogueira Ferreira da Silva. O evento fez parte da programação do User Meeting Vtech 2018, evento realizado no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Paulo. As alunas concorreram com o estudo “Escaneamento 3D como ferramenta para padronização da avaliação de alunos de Odontologia”, sob orientação dos professores Rubens Nisie Tango, do ICT de São José dos Campos, e Grace Mendonça de Souza, da Universidade de Toronto, no Canadá. O estudo, voltado ao processo de ensino-aprendizagem

utilizando uma ferramenta digital, é fruto de parceria iniciada com a visita do professor Rubens Tango à Universidade de Toronto, viabilizada por meio de uma bolsa de estágio no exterior dentro do Programa de Apoio para a Realização de Estágio no Exterior (PAREex), em 2016. O concurso atraiu mais de 85 participantes, divididos em quase quarenta grupos de diferentes escolas do país. Desse total, foram selecionados dez trabalhos, que foram submetidos a um júri

composto por profissionais da indústria e de universidades. O júri indicou três finalistas: Senai Jorge Mahfuz (em Pirituba, São Paulo), ICT-Unesp São José dos Campos e Senai Suíço-Brasileiro Paulo Ernesto Tolli. Os finalistas apresentaram seus experimentos para a plateia do User Meeting Vtech 2018, momento em que foram anunciados os ganhadores. Cada aluna recebeu um tablet como premiação e um troféu das mãos do gerente comercial da GOM para as Américas, Stefan Hoheisel. Divulgação

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lessandra Gonçalves da Cruz, aluna do quarto ano do curso de Ciências Biomédicas do Instituto de Biociências (IB) da Unesp Botucatu, foi uma das ganhadoras do Prêmio Jovem Neurocientista 2018. A láurea foi concedida pela Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) em sua 41ª reunião anual, realizada na cidade de Santos, São Paulo, de 22 a 25 de agosto. Ela é aluna de iniciação científica do Departamento de Fisiologia do IB, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e apresentou o projeto “Impacto da hiperglicemia e nutrição inadequada na atividade geral e ansiedade de ratas Wistar durante a lactação”, orientado pela professora Ana Carolina Inhasz Kiss. O experimento utilizou cinquenta animais divididos em quatro subgrupos. O grupo “controle” e o grupo das “hiperglicêmicas” alimentaram-se apenas da dieta padrão (ração), enquanto o grupo “controle + dieta” e o grupo das “hiperglicêmicas + dietas” recebiam a ração padrão acompanhada de uma dieta à base de batata e groselha. “Avaliamos a atividade geral e a ansiedade durante o período de lactação. O resultado obtido foi

As três alunas com prêmios: análise de ensino-aprendizagem


Geral

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AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO

Auin organiza curso de redação de patentes

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houve a apresentação dos conceitos fundamentais na área de propriedade industrial como, por exemplo, o que é patente e o que é ou não patenteável. Em seguida, foram discutidos os custos de patenteamento e como a agência de inovação atua nesse processo. A área que envolve leis, resoluções e diretrizes também foi uma das frentes de debate. Outro momento importante focalizou os erros mais comuns na hora de fazer a redação da patente. O debate incluiu uma lista de estratégias de redação, de descrições de invenções, reivindicações e relatórios descritivos das patentes, além da importância do sigilo durante o processo. Participaram alunos e docentes da Unesp, além de membros de outras universidades e instituições de

pesquisa, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia e o Instituto de Aeronáutica e Espaço da Universidade Federal de São Paulo. Também marcaram presença empresas do setor privado, como a Clarke Modet, a Proaxia Desenvolvimento de Produtos e a Minoica, entre outras. Renan Padron, gerente de propriedade intelectual da Auin, assinala que frequentemente os pesquisadores têm a noção de que o resultado de seu trabalho pode ser protegido por patente e explorado comercialmente. “Mas muitos deles, hoje em dia, por falta de informação ou de treinamento, não sabem identificar quando uma oportunidade dessas aparece”, comenta. A Auin pretende oferecer o mesmo curso em 2019 em outras unidades da Unesp, além de outros parques tecnológicos.

REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo

Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Fabio Mazzitelli de Almeida ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :

Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :

Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:

José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:

José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:

Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:

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os dias 9 de 10 de outubro, a Agência Unesp de Inovação (Auin), em parceria com a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG), o Instituto de Ciência e Tecnologia da Unesp de São José dos Campos e a Axonal Consultoria Tecnológica promoveram o curso gratuito “Redação de Patentes, Além dos Guias”, associado a oficinas práticas, com objetivo de aprofundar o conhecimento dos participantes nos temas de propriedade intelectual e patentes. O curso foi realizado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, e o palestrante foi Henry Suzuki, agente da Propriedade Industrial habilitado perante o Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e sócio-diretor da Axonal. O curso foi dividido em blocos. Em um primeiro momento

GOVERNADOR: Márcio França SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Jânio Francisco Benith

Suzuki durante o curso, que deverá ser ministrado em outras unidades da Unesp em 2019

Evento lança o Botucatu Biotech Cluster

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Parque Tecnológico Botucatu, o Instituto de Biotecnologia (Ibtec) da Unesp e a empresa Verum Ingredients promoveram no dia 17 de outubro o lançamento oficial do Botucatu Biotech Cluster. O encontro reuniu mais de 90 pessoas ligadas às áreas de biotecnologia, da iniciativa privada e do poder público. Com a criação desse cluster, o Parque Tecnológico Botucatu dá um importante passo para o fortalecimento de sua principal vocação: o de biotecnologia e bioprocessos. “Temos várias empresas e universidades, entre elas a Unesp, que geram uma quantidade enorme de conhecimento, gente superespecializada”, avalia o diretor científico do Parque e vice-coordenador do Ibtec, professor Paulo Ribolla. “A ideia nossa agora é contribuir para que essas pessoas possam abrir seus próprios negócios,

colaborar com outras pessoas e crescer na área de biotecnologia”, complementa. Como primeiro apoio ao lançamento do Botucatu Biotech Cluster, foi assinado um acordo de cooperação entre a Associação Parque Tecnológico Botucatu e a Fipase (Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde), entidade gestora do Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto. Além do setor de biotecnologia, o Parque Tecnológico já possui outros dois clusters. Um no segmento aeronáutico, em parceria com o Parque Tecnológico de São José dos Campos, com a implantação de um escritório regional do Brazilian Aerospace Cluster em Botucatu. E outro na área de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), por meio da organização de uma diretoria regional da Asserti (Associação de Empresas de Serviços de Tecnologia

da Informação de Marília), em Botucatu. Um dos grandes apoiadores desse cluster é a Biominas Brasil, instituição privada, sediada em Minas Gerais, que busca criar negócios de grande impacto em Ciências da Vida e Biotecnologia. “Vimos Botucatu como uma oportunidade e estamos muito satisfeitos de estar participando do lançamento deste cluster”, enfatiza Eduardo Emrich Soares, presidente e CEO da Biominas Brasil. Outro grande parceiro do Botucatu Biotech Cluster é a Biorigin, uma unidade de negócios do grupo sucroenergético Zilor. “A gente acredita que a aproximação das empresas com as fontes do conhecimento [das instituições de ensino e pesquisa], vai diminuir o tempo de colocar uma inovação no mercado”, Mário Steinmetz, diretor da Biorigin.

Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Iveraldo dos Santos Dutra (FMV-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FOAraraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Murilo Gaspardo (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).

EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Fabio Mazzitelli, Marcos Jorge e Jorge Marinho REVISÃO: André Dallacorte e Gilvandro M. Monteiro | Tikinet

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: : 4 Toques Comunicação, Amanda Rodrigues, Ana Carolina Moraes, Ana Maio, Malene Stariolo, Ricardo Aguiar (texto); Roberto Rodrigues (foto) DIAGRAMAÇÃO: Natalia Bae e Maurício Marcelo | Tikinet APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro,

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Outubro 2018

Ciências Exatas

O universo ao alcance das mãos

Programa Física ao Entardecer da Unesp divulga conteúdos científicos para população

N

o dia 20 de setembro foi realizada mais uma palestra do projeto Física ao Entardecer do Instituto de Física Teórica (IFT), do câmpus São Paulo da Unesp. A edição tinha como temática “Planetas em torno de outras estrelas” e foi ministrada pela professora em Astronomia da Universidade Mackenzie, Adriana Valio. Com uma linguagem simples e de fácil entendimento, Valio discorreu sobre a formação, composição, pesquisas e avanços no estudo dos chamados exoplanetas, aqueles que se encontram fora do Sistema Solar. Segundo a astrônoma, até o momento, cientistas de todo o mundo já conseguiram registrar a existência de mais de 3.800 desses corpos celestes em nossa galáxia, com as mais variadas composições: gigantes gasosos, superterras, planetas em zonas habitáveis, entre outras. No entanto, também já passaram pelo projeto temas mais complexos estudados pela comunidade científica, como matéria escura, buraco negro, vida no universo, mecânica quântica e ondas gravitacionais. TRAJETÓRIA Criado em 1999, sob coordenação do professor Vicente Pleitez, o Física ao Entardecer tem como objetivo promover o conhecimento científico e aproximar a Universidade da população. É constituído por uma série de oito palestras anuais com temáticas variadas, relacionadas ao universo da física e da química, proferidas por professores de renome das áreas. Atualmente, o comando do projeto conta é encargo dos professores do IFT Alexandre Reily Rocha e Marcelo Takeshi Yamashita, diretor da unidade. “Assumir a coordenação de um projeto tão importante e que completará 20 anos de existência em 2019 foi uma grande honra e responsabilidade. Sou muito grato à confiança que o Professor Vicente Pleitez depositou em mim”, afirma o diretor. “Como temos cientistas na vanguarda do conhecimento no Brasil – e particularmente no estado de São Paulo –, sempre nos preocupamos em trazer os melhores para interagir com o público. Podemos citar como exemplo o caso das ondas gravitacionais

que deram o prêmio Nobel do ano passado. Um dos cientistas envolvidos no projeto de detecção estava no IFT e nós organizamos um Física ao Entardecer especial logo depois do anúncio da descoberta”, acrescenta Rocha. As palestras são gratuitas e acontecem sempre nas últimas quintas-feiras de cada mês, às 19 horas, no auditório do Instituto de Física Teórica, localizado na Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, próximo à estação Barra Funda do metrô, em São Paulo. O IFT, com apoio da Assessoria de Imprensa da Unesp, também disponibiliza transmissão simultânea das palestras em sua página do Facebook e, posteriormente, no canal do programa no Youtube. Os internautas podem interagir com os especialistas, mandando perguntas que serão respondidas ao vivo durante cada encontro. Em quase vinte anos de história, o projeto já ultrapassa 150 palestras e possui em seu histórico participações de destaque como o pesquisador Almir Caldeira, criador do modelo de Caldeira-Leggett, um dos primeiros e mais importantes estudos de decoerência em sistemas quânticos. Também participaram Douglas Galante, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e cientista-chefe da missão Garatéa-L, que pretende enviar um satélite de pequenas proporções à órbita lunar em 2020, e muitos outros. “Na época em que estamos, com a disseminação de diversas pseudociências, o aprendizado do método científico dá à população um poder de distinguir entre aquilo que é sério e aquilo que é besteira. Ao apresentar pesquisas de vanguarda, feitas por cientistas do nosso país, o Física ao Entardecer também mostra a importância da ciência brasileira para a população e o porquê é importante lutar pelo apoio às nossas universidades públicas”, ressalta Marcelo. “É importante aproximar o público leigo da ciência. Realmente, conforme avançamos o conhecimento, as ferramentas ficam mais complexas e refinadas, mas é importante mostrar às pessoas que a ciência é, em última instância, uma busca por uma descrição da natureza em que vivemos. Ela não é simples, mas é muito bonita”, finaliza o professor Alexandre.

Fotos Roberto Rodrigues

Amanda Fernandes

Proposta envolve oito palestras anuais, voltadas para temas de física e química

Professora da Universidade Mackenzie, Adriana falou sobre planetas em torno de outras estrelas PÚBLICO Aberto ao público em geral, o evento atrai alunos do ensino médio, professores, graduandos, pesquisadores e curiosos sobre a área. Entre eles, o informático e professor aposentado do ensino médio Luiz Crepaldi Filho. Participante assíduo dos encontros do Física ao Entardecer, Crepaldi conta que conheceu o projeto a partir de um de seus alunos e passou a acompanhar a proposta desde então. “Para quem gosta de física e quer se

manter atualizado, o projeto é uma iniciativa excelente”, comenta. O aposentado também ressaltou o papel das transmissões e da disponibilidade dos conteúdos online. “Eu acompanho e revejo várias palestras pela internet, que é um recurso muito bacana.” Na palestra seguinte, no dia 25 de outubro, o professor Ricardo Matheus, do IFT, falou sobre a partícula elementar. No dia 29 de novembro, o coordenador dos Planetários de São

Paulo, Carlos Orsi, encerrará o ciclo de 2018 com a temática “Mentindo com verdades: o mau uso da ciência no jornalismo”. Para participar, basta comparecer ao auditório do IFT ou acessar a página do Facebook para assistir à transmissão ao vivo (facebook.com/ift.unesp/) às 19 h nas datas mencionadas. Outros conteúdos e palestras anteriores podem ser vistos no canal “Unesp – Física ao Entardecer”, do Youtube.


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