Revista 21 - Edição 15 - Set/Out 14

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O OLHAR DE JOAQUIM Ex-presidente do STF abre em SC ciclo de palestras sobre o poder e a ética

REVISTA DA ACIJ

Economia l Negócios l Tendências Joinville, setembro / outubro 2014 No15 l R$ 10


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Visão Acij

Educação X produtividade

NESTA EDIÇÃO

Evair Oenning, vice-presidente da Acij

4 Abre aspas

Há um movimento consistente por parte da indústria de Santa Catarina em favor da educação e da qualificação profissional. O que se vê é a conscientização do empresariado, em larga escala, no sentido de que investir em formação eleva a produtividade. Trabalhadores mais qualificados resultam em indústria mais produtiva: quem alcança cinco anos de escolaridade, por exemplo, apresenta produtividade 54% superior àqueles com apenas dois anos. Porém, 47% dos trabalhadores em atividades industriais no Estado não têm escolaridade básica completa. São quase 400 mil pessoas nessa condição. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) atesta que 74% das empresas veem a escassez de profissionais qualificados como ameaça ao crescimento e 65% afirmam enfrentar dificuldades devido à falta de profissionais qualificados. No Brasil, o desafio se concentra nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Garantir uma educação básica de qualidade é vital para que o jovem acesse o ensino técnico e a graduação com conhecimentos adequados. Para contribuir com a melhoria desses indicadores, a Fiesc lançou, em 2012, o movimento “A indústria pela educação”. A iniciativa já conta com a adesão de mais de 1,8 mil empresas e traçou uma meta ousada: todos os trabalhadores da indústria de Santa Catarina deverão ter escolaridade básica completa e contar com educação tecnológica e profissional compatível com sua formação. Agora, queremos estimular a participação dos pais na vida escolar dos filhos. Estudantes que recebem apoio e atenção dos pais nas atividades escolares estão, em média, quatro meses à frente no aprendizado. Isso é o que mostra estudo realizado pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Filhos de pais que acompanham a vida escolar geralmente se alfabetizam com mais facilidade, obtêm melhores notas, permanecem por mais tempo na escola e alcançam renda superior na idade adulta.

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Filósofo reflete sobre as chaves da confiança

14 Objetos de desejo

Teclado retrô para tablet e outras novidades vintage

18 Briefing

Entrevista exclusiva com presidente do Sebrae

26 Em números

Um raio-x da violência em Joinville

28 Especial

Como foi a palestra de Joaquim Barbosa

40 Inovação

“Jogos sérios” auxiliam educação e treinamentos

44 Case

A trajetória de sucesso da Casa Sofia no varejo

48 Espaço Acij

Núcleo de Mulheres completa 19 anos

56 Ponto e contraponto A ampliação do Simples e a desejada reforma tributária

Publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij)

Conselho editorial: Ana Carolina Bruske, Carolina Winter, Débora Palermo Melo, Diogo Haron, Simone Gehrke. Jornalista responsável: Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS). Produção: Mercado de Comunicação. Editor: Guilherme Diefenthaeler (reg. prof. 6207/RS). Reportagem: Letícia Caroline, Ana Ribas Diefenthaeler, Marcela Güther, Karoline Lopes, Mayara Pabst. Diagramação, ilustrações e infográficos: Fábio Abreu. Capa desta edição: Fábio Abreu, sobre foto da Agência Brasil. Fotografia: Peninha Machado, assessorias de imprensa. Impressão: Impressora Mayer. Tiragem: 3,5 mil exemplares. Contato: revista21@ mercadodecomunicacao.com.br. Publicidade: César Bueno, (47) 9967-2587 e 3801-4897. Correspondência: Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550 - Joinville/SC. Site: www.acij.com.br. Twitter: twitter.com/acij. Facebook: www.facebook.com/acijjoinville

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Abre aspas

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As chaves da confiança e da ética na empresa Karoline Lopes Confiança é atributo elementar para a vida corporativa. Nenhuma empresa vai adiante se não houver confiança entre as pessoas – de colega para colega, de chefe para subordinado e vice-versa, da parte dos clientes, dos parceiros etc. Mas, diferente da honestidade, por exemplo, não se trata de virtude moral ou de um valor em si. “Confiança você não escolhe. Ou confia ou não. É um processo, um tipo de relacionamento que tem como condição a fidelidade”, ensina o professor Clóvis de Barros Filho, nesta entrevista exclusiva à Revista 21. Ele esteve em Joinville, a convite da Acij, para falar sobre o tema na palestra intitulada “Confiar para liderar novos desafios”. Doutor pela Universidade de Paris e pela Escola de Comunicações e Artes da USP, Clóvis atua no mundo corporativo desde 2005, por meio de seu escritório, o Espaço Ética, e tem como clientes algumas das maiores empresas do Brasil. Suas palestras tratam de temas contemporâneos que reforçam a compreensão do que ocorre na vida profissional e pessoal. As abordagens prezam pelo didatismo e pelo aprendizado das questões humanas. O diferencial é a ausência de aparatos tecnológicos, temperado pelo poder de sua retórica, que utiliza exemplos do cotidiano para transmitir conteúdos filosóficos de maneira leve. Ele também se aventura na escrita. É coautor de “A Vida que Vale a Pena ser Vivida”, “O Habitus na Comunicação”, “Comunicação do Eu: Ética e Solidão”, organizador de “Ética e Comunicação Organizacional”, “Comunicação na Pólis”, e autor de “Ética na Comunicação” e de “A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade”. Antes do evento em Joinville, Clóvis conversou com a Revista 21 sobre como aplicar os conceitos de ética e confiança no dia a dia das empresas.

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Público lotou o salão de eventos do Hotel Bourbon na palestra que tratou de confiança e liderança O título de sua palestra remete a duas questões fundamentais na vida profissional e para as empresas: confiar e liderar desafios. Como o sr. define confiança? A definição de confiança foi proposta inicialmente no século 13. Depois, não mudou. Foi proposta por um fulano chamado Tomás. E, como ele era da cidade de Aquino, ficou conhecido como Tomás de Aquino. Assim como eu sou “Clóvis de Ribeirão Preto”... Confiança é uma certeza do espírito – quando digo “do espírito”, quero dizer do intelecto, da mente. Assim como você tem certeza de que o sol vai se pôr, por exemplo. Só que essa é uma certeza que tem por objeto uma coisa que você não pode verificar. Então, por exemplo, tenho cer6

teza de que você está aqui, mas isso não é confiança, pois eu estou vendo. Confiança é quando você não pode verificar nem demonstrar. Isso é confiança: certeza sem verificação. No mundo da igreja, esse termo é chamado de fé. Quando é na existência de Deus, é fé. Quando não é na existência de Deus, é confiança. Ora, quando é que a confiança nos interessa? Quando ela tem um objeto específico que é o comportamento do homem. Por exemplo, ao meio-dia, posso dizer: “Tenho certeza de que o sol vai se pôr”, mas você não tem como verificar porque é meio-dia ainda. Ainda assim, você tem certeza. Isso é confiança no pôr do sol, mas essa confiança não nos diz respeito. A confiança que nos diz respeito é sobre o comportamento do outro.

Ter certeza a respeito de como o outro vai agir sem poder verificar. Alguém sempre pode dizer que prefere verificar. Esse é um tolo porque quase nunca se pode verificar. São várias as situa­ções pelas quais isso é impossível. A primeira delas é que a confiança quase sempre diz respeito ao comportamento futuro. Por exemplo, eu contrato você hoje e você vai começar a trabalhar amanhã. Como posso verificar o que você vai fazer amanhã? Daí que eu a contrato na confiança porque não tenho como verificar. Agora, a confiança pode ter por objeto um comportamento que seja contemporâneo a ela. Você não pode verificar porque simplesmente está em outro lugar. Aí não é um problema de tempo, mas de espaço. O espaço e o tempo são as chaves da confian-


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uma pessoa confiável? Eu confio em todos aqueles cuja prática está alinhada ao seu discurso. O que não é fácil de encontrar porque muitas vezes nós temos um discurso que tem a ver com o que a gente acha que a gente é, com o que a gente gostaria que fosse. Na hora de agir, somos movidos por afetos e circunstâncias que acabam nos obrigando a desmentir aquilo que falamos a nosso respeito. Dessas pessoas, eu desconfio.

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ça. E o líder não pode estar ao lado de todo mundo o tempo inteiro. Ele tem que confiar. Quanto mais alto for o líder, mais improvável é a verificação, portanto, mais necessária é a confiança. No mundo empresarial, que é tremendamente competitivo, como confiar nas pessoas? Isso eu não sei. A confiança não é uma virtude moral. Alguns colocam a confiança como valor, o que é uma estupidez. A virtude moral é uma coisa que você pode escolher; por exemplo, a honestidade, você pode escolher ser desonesto. Confiança você não escolhe. Ou você confia ou não confia. Não tem como eu, desconfiando de você, decidir confiar. Portanto, confiança é um processo, um tipo de relacionamento entre duas ou mais pessoas que tem como condição a fidelidade. Aí sim, a fidelidade é uma virtude moral. Você é fiel e eu confio. A confiança é uma consequência mecânica da fidelidade. Se eu sou casado com você e surpreendo você na nossa cama com três indivíduos, 8

“Confiança não é uma virtude moral, isso seria estupidez. Confiança você não escolhe: ou confia ou não confia”

três vezes por semana... Para confiar, não é fácil. Como faço para que um líder confie em mim? Curiosamente, o problema não é dele, é do resto. Vou dar um exemplo: bastaria que um dia o sol não se pusesse, daí você começaria a desconfiar do pôr do sol. Assim é a confiança em relação às pessoas. Ela depende de uma fidelidade a valores por parte do confiado, aquele que será digno da confiança. A moral é ser digno de confiança. Quais são as características de

Falando sobre liderança, em sua opinião, quais as principais características de um líder e os principais desafios que eles enfrentam? Há um erro em acreditar que a liderança é um conjunto de atributos objetivos de uma pessoa. Porque não existe liderança sem o resto. No final das contas, o líder resulta de certo reconhecimento por parte daqueles que legitimam sua posição. Dependendo do universo em que você estiver, as características do líder serão umas ou outras. Já houve um tempo em que nós votamos no presidente da República porque ele andava de jet ski. E com entusiasmo. Hoje em dia, acho que não faríamos mais isso. Sinal de que o liderado mudou e as características do líder têm que mudar também. Se você tiver um coletivo de facínoras, qual é a característica que o líder precisa desenvolver? Ele tem que ser um exímio facínora, cruel, malvado. Mas, se você tem um coletivo de pessoas do bem, normalmente o líder dessas pessoas tem que ser alguém como Cristo, Maomé, Buda, etc. Dentro de uma empresa, um espaço de concentração de dinheiro e busca de lucro, naturalmente um líder tem que ter atributos que consigam aumentar o lucro e que não permita que os funcionários percebam isso de forma muito explícita.


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O sr. é professor há mais de 25 anos. É mais fácil ou mais difícil ensinar os jovens de hoje? Mais difícil do que já foi. Primeiro porque o sistema educacional piora ano a ano. O que ensinava há 10 anos, não consigo ensinar mais, tanto do público quanto do privado. Não é que as pessoas geneticamente estejam emburrecendo, talvez isso venha a acontecer numa evolução da espécie daqui a milênios, por enquanto é só porque a escola é ruim. É pior também porque tempos atrás havia preocupações que hoje não existem, ou são mais raras. Fazer uma sociedade melhor, politizar-se, exercer cidadania, participar. O aluno chegava à escola com uma preocupação política que hoje não tem. Hoje, ele quer fazer estágio e garantir o seu. Se o resto vai bem ou mal, não é problema dele. Sobretudo os da elite, que é com quem eu costumo lidar. O jovem está adestrado para conseguir certos resultados que são de proveito próprio. Se você perguntar para ele o que é melhor para a humanidade, ele vai rir. Isso não faz parte do repertório dele. Não vai dizer sim ou não, pois é uma pergunta totalmente estranha. Ele não sabe do que você está falando.

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O sr. também é o idealizador do Espaço Ética. Um dos serviços prestados é relativo à ética nas empresas. Como é trabalhada essa questão no mundo corporativo? Tudo depende do que o cliente precisa. Assinamos na semana passada um contrato com um grande banco onde tudo que se relaciona à ética passará a ser feito por nós. É um pacote completo. Mas o que nós fazemos fundamentalmente é semear uma discussão sobre o certo e o errado dentro da empresa. Isso a gente faz através de grupos de discussão, palestras e workshops. Depois, a gente oferece um consultório ético onde cada funcionário, anonimamente ou não, pode perguntar o que acha certo ou errado e receber uma resposta de alguém que não é seu chefe ou superior hierárquico. Ou seja, há uma série de ferramentas cujo objetivo é fazer da ética algo mais vivo dentro da empresa. Em seu site, o sr. também disponibiliza aulas em vídeo, artigos e textos comentados, tudo de forma muito didática. Vê a internet como aliada

no desenvolvimento do conhecimento? Como toda ferramenta, pode ser usada para o bem ou para o mal. No meu caso, hoje as minhas aulas são assistidas por uma média de 60 mil pessoas, com picos de 150 mil. São dois estádios do Maracanã assistindo à aula de filosofia ao mesmo tempo. Isso dispensa comentários, é uma maravilha. A internet permite acumular as aulas e dá acesso rápido. O sujeito tem o curso inteiro ali, pode ter educação à distância, fazer tudo pela internet, inclusive a prova. No quesito educacional, é um espetáculo. Agora, claro, se cai nas mãos de alguém mal intencionado, pode produzir um estrago espetacular. Tudo depende do uso que se faz. É mais fácil trabalhar com os alunos ou com os empresários? Com os alunos, porque o espaço da empresa vai idiotizando pouco a pouco. O aluno ainda é flexível, arejado e ainda tem brilho nos olhos. O indivíduo entra na empresa e só quer aumentar seu nível e se torna uma verdadeira máquina. O aluno ainda é gente de vez em quando.


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Recentemente, o sr. lançou um livro em parceria com Mário Sergio Cortella. Qual o tema abordado na obra? O livro se chama “Ética e Vergonha na Cara”. Cuida justamente da idade de ter vergonha na cara. A

certeza de que seria muito bom se as pessoas se sentissem mal quando fazem alguma coisa indigna e agressiva à comunidade. O que a gente discute é que se perdeu a vergonha na cara. O sujeito age mal e não se sente mal. A vergonha é isso,

é você ficar triste com você mesmo. O sujeito é canalha e está tudo certo, não tem problema. Ele criou uma espécie de anticorpo contra a vergonha. Essa é a ideia central do livro. Recomendo a leitura. Fácil de ler, agradável e barato.

com um local de relacionamento e trabalho em conjunto. Um dos objetivos do projeto é a disseminação da pesquisa científica. Especializada na produção em ciências humanas, a instituição mantém um site que aposta na educação à distância como forma de relacionamento entre pesquisadores,

empresas, instituições de ensino, alunos e curiosos. Para os internautas, são oferecidas 89 aulas em vídeo, 10 aulas em áudio, 16 textos comentados, 16 artigos e uma publicação própria, a Revista Espaço Ética. Já as empresas interessadas têm acesso a 19 palestras, 14 cursos e um programa de consultoria.

O espaço da ética Há dez anos, Clóvis de Barros Filho decidiu que precisava de um espaço comercial para desenvolver seu trabalho e de pessoas que faziam parte da sua trajetória. Nasceu assim o Espaço Ética. Amigos, parceiros de pesquisa, alunos, ex-alunos e outros interessados de diversos ramos do saber passaram a contar

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Objetos do desejo

HORA DE DATILOGRAFAR

Criado pela empresa americana Qwerky Toys, o Qwerkwriter é um acessório USB no qual o usuário conecta seu tablet para digitar. O acessório ainda tem conexão bluetooth e pode ser conectado ao PC. Disponível para venda a partir de agosto de 2015. www.qwerkywriter.com Preço estimado: US$ 22

As 84 TECLAS ARREDONDADAS são inspiradas nas máquinas de escrever do começo do século 20

O iPhone Gramofone tem a base feita de nogueira maciça e o MEGAFONE É DE AÇO E LATÃO

RETRÔ NA FOTO

As câmeras da marca Polaroid, que fizeram sucesso nos anos 70 e 80, voltaram à moda. A PIC 300 é um dos modelos comercializados no site do Walmart. Com design ergonômico, o aparelho, além de imprimir fotos instantaneamente em tamanho de cartão de visitas (2,1 x 3,4 polegadas), vem com quatro modos de cena e flash automático (com quatro opções de configuração). A câmera tem duas opções de recarga: bateria recarregável de íon-lítio ou por meio de quatro pilhas AA. www.walmart.com.br R$ 299 Câmera está disponível em preto, VERMELHO, roxo e azul

IPHONE NO LUGAR DO VINIL

E se você pudesse ouvir todas as músicas do seu iPhone ou iPad em um gramofone? O designer americano Matt Richmond decidiu aliar os dois modos de escuta em um só produto: o iPhone Gramofone. O gadget funciona sozinho, por meio da acústica: não é preciso bateria ou eletricidade, basta conectar o dispositivo móvel no aparelho. Disponível para todas as versões de iPhone e do iPad, com exceção do iPad Mini. www.restorationhardware.com iPhone: US$ 249 iPad: US$ 299

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FOTOS DIVULGAÇÃO

SUPER 8 EM VERSÃO DIGITAL

A empresa dinamarquesa Logmar lança, no final do ano, uma Super 8 em versão digital, que promete agradar cinéfilos e cineastas. A principal diferença da Logmar S-8 é que ela captura o som digital em tempo real. Grava filmes em formato Super 8 mm, tem display de LCD giratório acoplado na lateral, opções de disparo avançadas, entre outras funções. A câmera apresenta conectividades NFC e Wi-Fi e é compatível com os sistemas Android, iOS e Windows Phone. Também possui o processador ARM Cortex M3 e o motor Maxon D.C., aprovado pela Nasa e presente no Mars Rover, veículo motorizado para se locomover em Marte. www.logmar.dk US$ 3.500

PUXADORES em liga de alumínio cromado

ALINHAMENTO vintage e linhas mais curvas

LOGO utilizado pela Brastemp nos anos 50

COZINHA VINTAGE

A Brastemp tem uma linha retrô feita especialmente para o público que gosta de resgatar o visual das cozinhas antigas, criando um ambiente nostálgico e moderno. O charmoso Fogão Brastemp Retrô traz elementos que remetem à década de 50, como o blacksplash (complemento decorativo do fogão), grafismos e abas laterais. Entre as facilidades, a mega-chama (potência de 3,4 kw) e a função grill (potência 1.600 w). Já o timer digital avisa quando o tempo de preparo chegou ao fim e as trempes de ferro fundido, esmaltadas e individuais, facilitam a limpeza do aparelho. Para combinar, a marca também oferece o refrigerador Brastemp Retrô, que resgata verdadeiros ícones da história da marca, como o simpático esquimó da Brastemp no grafismo do painel. Por dentro, o produto traz compartimento extrafrio para conservação de alimentos, espaço para congelamento rápido, fruteira com design diferenciado e porta-latas. Os dois produtos estão disponíveis nas cores vermelha, amarela e preta. www.brastemp.com.br Fogão: R$ 3.999 Refrigerador: R$ 8.401

DICAS PARA ESTA SEÇÃO, ESCREVA PARA REVISTA21@MERCADODECOMUNICACAO.COM.BR

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Painel

ACIJ NA MÍDIA

Estar entre os melhores com tão pouco tempo de existência do projeto é sinal de que o caminho vem sendo bem trilhado. Parabéns a toda a equipe, e especialmente à Acij, por valorizar a comunicação como meio de fortalecimento do associativismo e do empreendedorismo com responsabilidade social. Ronaldo Corrêa, jornalista, parabenizando a Revista 21 pela classificação no Prêmio Sebrae de Jornalismo A matéria “Criatividade pode ser protagonista nos negócios” ficou excelente. Bem construída, bem exemplificada e valorizando a eco­ nomia criativa. Com certeza, a publicação vai trazer reflexão e alavancar o assunto na região. Helga Tytlik, fundadora da Tucunaré Desenvolvimento Cultural Agradecemos o espaço ao Convention Bureau na Revista 21. A matéria ficou muito interessante. Giorgio Augusto Souza, gestor do Joinville Convention Bureau Apanhei a Revista 21 por curiosidade, para ver como ficou a resenha que escrevi. Fiquei muito impressionado com a beleza gráfica e pelo conteúdo primoroso. Na entrevista, João Carlos Brega, José Varela e Rodrigo Kede dão uma lição de modernidade que todo empresário e candidato a deveria ler a absorver, e a revista inteira respira essa modernidade de pensamento. Donald Malschitzky, escritor Agradecemos o envio da Revista 21, com informações valiosas e necessárias para o conhecimento de todos. Sandra Mara Wagnitz, assessora parlamentar do deputado Volnei Morastoni

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Portal da Propaganda, 04/09 “Com o objetivo de reconhecer, valorizar e aprimorar a qualidade dos veículos e fornecedores que agem com responsabilidade e dentro das normas éticas do mercado da comunicação, o Núcleo de Agências de Propaganda e Marketing da Acij realiza o 5º Prêmio Melhores Fornecedores & Veículos.” Blog da Facisc, 03/09 “O café de novos associados acontece a cada dois meses para que as novas empresas do quadro de associados da Acij possam conhecer a entidade e saber mais sobre o associativismo e a representatividade. Setenta empresas de diversas áreas, como indústria, eventos, escolas de inglês, cartórios, agências digitais, construtoras, lojas, serviços de TI e consultoria, estiveram presentes.” A Notícia, 01/08 “‘Voluntários sim, militares não’. Foi esse o coro entoado por membros das entidades representativas Acij, Ajorpeme, CDL e Acomac numa manifestação contra as

vistorias e cobranças de taxas por parte dos bombeiros militares. As entidades defendem que o serviço é realizado de maneira bem-sucedida pelo Corpo de Bombeiros Voluntários e não é cobrado. ” Noticenter, 20/08 “A comemoração dos 19 anos do Núcleo das Mulheres Empresárias trouxe 70 participantes para o Salão Tigre no Café, com a palestra de Regina Zimmermann, diretora de operações da Termotécnica. Regina citou no evento os desafios da sua trajetória profissional e as empresas por onde passou, como Petrobras, Basf, Akros/Amanco e atualmente a Termotécnica. ” Notícias do Dia, 01/08 “Para fortalecer e ampliar a representatividade política local na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, a Acij pretende estimular os eleitores a votarem em candidatos com projetos voltados para a cidade. A ação dá prosseguimento à campanha Vote Certo, Vote em Joinville – que entra em sua terceira etapa.”

TENHO DITO

“Os problemas do Brasil são muitos, mas são pequenos e solúveis. Não temos desemprego e não temos vulnerabilidade externa. A economia dependerá das ações do próximo governo” Mario Bernardini

, DIRETOR DE COMPETITIVIDADE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, EM PALESTRA NA ACIJ


CURSOS & EVENTOS

14 a 17 de outubro

9° Reunião da SAB Sul (Soc. de Arqueologia Brasileira) Univille, Joinville

28 a 30 de outubro

3º Encontro Regional de Vendas Mitra Diocesana, Joinville www.encontroregionalde vendas.com.br, (47) 3461-2500

5 a 7 de novembro

10o Congresso Nacional Rede Feminina de Combate ao Câncer Expoville, Joinville www.redefemininanacio nal.org.br

7 e 8 de novembro

PORTFÓLIO

O artista convidado para esta edição é Humberto Soares. Narrador de histórias, artista plástico, escritor e quadrinista, Humberto dirige o grupo Pequeninus Produções Artísticas, que une contação de histórias, oficinas e artes plásticas. A imagem escolhida por ele integra o livro “Cidade da Chuva”, contemplado pelo Mecenato 2014 do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), da Fundação Cultural de Joinville. Todas as ilustrações são feitas com aquarela, tinta nanquim, lápis de cor e tinta acrílica sobre papel canson. Para saber mais sobre o trabalho do artista, acesse www.pequeninus.com.

13o Congresso Brasileiro de Direito Penal e Psicologia Criminal Hotel Bourbon, Joinville www.universoforense direito.com.br

18 de novembro

Simpósio de Mobilidade Sociesc, Joinville eventos@vdibrasil.com.br

27 a 30 de novembro “Lá pelo ano 330 a.C., Sócrates já criticava o pouco envolvimento da população no processo político, dizendo que ‘o preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior’. Irrepreensível, e que sirva de lição a todos nós neste período eleitoral” João Martinelli, PRESIDENTE DA ACIJ “Contamos histórias o tempo todo, todo o tempo. Esse talvez seja um dos grandes sentidos da vida dos homens. Quanto mais contamos, mais vivemos” Fábio Henrique Nunes Medeiros, CURADOR E INTEGRANTE DA ORGANIZAÇÃO GERAL DA 20

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EDIÇÃO DO PROLER (PROGRAMA NACIONAL DE INCENTIVO À LEITURA) EM JOINVILLE

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Construfair Expoville, Joinville www.construfairsc. com.br, (48) 3240-1658 ou comercial@acfeiras.com.br

28 a 30 de novembro Esportes Expo Show Expocentro Edmundo Doubrawa, Joinville www.esportesexposhow. com.br FONTE: JOINVILLE E REGIÃO CONVENTION & VISITORS BUREAU

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Briefing

LUIZ BARRETTO, PRESIDENTE DO SEBRAE

“Estamos no caminho certo”

RODRIGO DE OLIVEIRA

Burocracia desmedida, tributos pesados e crédito inacessível costumam ser apontados pelos pequenos empreendedores como os maiores entraves para continuar de portas abertas e crescer. Na visão do presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barreto, o “grande desafio” está mesmo na capacitação e qualificação. Em entrevista exclusiva à Revista 21, Barreto reconhece que há muito por fazer para turbinar a competitividade e a produtividade das empresas brasileiras, mas defende que “o ambiente de negócios tem melhorado”, com novidades como a ampliação do Supersimples, que entra em vigor no próximo ano. Dados do Sebrae indicam que os pequenos negócios respondem por um quarto do PIB nacional – mais exatamente, 27%. Em valores absolutos, segundo o órgão, a produção gerada em negócios de pequeno porte quadruplicou em uma década, avançando de R$ 144 bilhões em 2001 para R$ 599 bilhões em 2011, em valores da época. A seguir, os principais trechos da entrevista de Barreto.

Ampliação do Simples

A partir de janeiro do próximo ano, 140 atividades do setor de serviços poderão aderir ao Supersimples, regime tributário específico para micro e pequenas empresas. São advogados, corretores, consultores, arquitetos, engenheiros, jornalistas, publicitários, fisioterapeutas e outras atividades da área de saúde que antes eram impedidas de ingressar no Supersimples. Cerca de 450 mil micro e pequenas empresas dessas áreas serão beneficiadas. A primeira vantagem é a redução da burocracia: os impostos federais, estaduais e municipais são pagos em um único boleto. Todas as atividades de comércio, indústria e a maior parte das atividades de serviços pagam menos tributos no Supersimples.

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Atividades promissoras

Nossas pesquisas mostram que a indústria tem os mais altos índices de sobrevivência entre os pequenos negócios, mas isso se explica porque normalmente a barreira de entrada é maior: uma indústria exige conhecimento específico sobre um produto, enquanto comércio e serviços são áreas de maior facilidade no acesso ao mercado. Como aposta de crescimento, acredito que a área de serviços, que já está em ascensão, ainda tem grande potencial. Na Região Sul, por exemplo, o número de micro e pequenas empresas avançou em todos os setores da economia, mas destaco atividades da construção civil (instalação e manutenção de sistemas de centrais de ar condicionado,


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de ventilação e refrigeração; instalação e manutenção de elevadores, escadas e esteiras rolantes; obras de acabamento em gesso e montagem de andaimes e estruturas temporárias), da indústria (beneficiamento de minério, metais preciosos e gesso, fabricação de alimentos prontos e a área de vestuário) e os setores de serviços e comércio (transporte de passageiros e cargas, locação de automóveis e lojas de conveniência e de recarga de cartuchos de impressoras). O que é fundamental, isso em qualquer área de atua­ ção, é buscar conhecimento e não confiar somente na intuição. E também não dá para desistir, porque sempre haverá obstáculos. Empreender é como andar de bicicleta: os tombos são inevitáveis, mas é preciso lidar com eles e seguir em frente. É como a ciência: o conhecimento é cumulativo.

No Sul

A participação da Região Sul no conjunto das atividades oferecidas pelo Sebrae vem crescendo de acordo com a média nacional. Os instrumentos mais utilizados pelos potenciais empresários dessa região são as orientações presenciais e à distância, as consultorias, palestras, oficinas, encontros e seminários presenciais.

Pedras no caminho

Toda vez em que se fala das micro e pequenas empresas, os empreendedores apontam como maiores dificuldades a burocracia, a elevada carga tributária e a dificuldade de acesso ao crédito. Nesse contexto, é claro que precisamos de um ambiente de negócios favorável. Mas costumo dizer que o grande desafio para os empreendimentos de micro e pequeno porte no Brasil é da porta para dentro da empresa. E isso significa mais capacitação e qualificação. Mesmo assim, o ambiente de negócios tem melhorado muito no Brasil para as micro e pequenas empresas. O Supersimples tem sido fundamental para o desenvolvimento dos pequenos negócios. Hoje, já são 9 milhões de micro e pequenas empresas cadastradas no regime e esse número deve crescer em, pelo menos, outro meio milhão de empresas.

Importância social

As micro e pequenas empresas empregam 52% das vagas com carteira assinada e são responsáveis por 40% da massa salarial. Esse segmento tem crescido regularmente a taxas superiores ao PIB. Claro que ainda temos um desafio de melhorar a competitividade e a produtividade das empresas brasileiras, mas acredito que estamos no caminho certo.

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Jornalistas de todo o país entraram na disputa PRÊMIO SEBRAE

Reconhecimento nacional para a 21 A Revista 21 alcançou projeção nacional, como a indicada por Santa Catarina para o 6º Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria impressa. Em agosto, o editor Guilherme Diefenthaeler esteve em Brasília, acompanhando a solenidade de entrega da premiação. A publicação da Acij foi classificada pela reportagem “Segredos da escalada”, que saiu na edição número 10, de novembro/dezembro do ano passado. O tema foi o aumento da longevidade das pequenas e médias empresas da Região Norte do Estado, resultante da diminuição de obstáculos como a tributação, a burocracia e a baixa qualificação dos gestores. O evento de premiação lotou o auditório do Sebrae Nacional, com representantes dos veículos concorrentes. Luiz Barretto, presidente do órgão, comemorou o interesse da mídia brasileira em focar a realidade da pequena empresa: “Esse tema já faz parte do cotidiano da imprensa”. Os grandes vencedores, selecionados entre quase 1.400 trabalhos inscritos, foram a Rádio Bandeirantes AM, de Porto Alegre, o jornal Correio Braziliense, a TV Globo, o portal G1, a TV Amazonas, o jornal Amazonas em Tempo.

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Evento na Univille debateu a importância do conceito, que já é praticado por empresas catarinenses ERGODESIGN

Criação de produtos e serviços deve partir da “usabilidade” No dicionário, a palavra usabilidade é definida como a facilidade com que um equipamento ou programa pode ser usado. No campo do design, mais do que ajudar o usuário, o termo tem sido empregado para caracterizar produtos que trazem bem-estar e aspectos positivos ao trabalho. Não é de hoje que o design se preocupa com quem vai usar suas criações, mas a junção de seus conhecimentos com a ergonomia promoveu a convergência dos conceitos, dando origem a um novo termo: ergodesign. Difundido internacionalmente, o conceito – utilizado pela primeira vez na Suíça – foi ganhando força. Neste ano, Joinville sediou dois eventos do gênero: o Congresso Internacional de Ergonomia de Interfaces Humano – Tecnologia: Produtos,

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Programas, Informações, Ambiente Construído (ERGOdesign) e o Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade, Design de Interfaces e Interação Humano-Computador (USIH). O encontro ocorreu na Univille, coordenado pelas professoras Marli Everling e Anna Cavalcanti. “O ergodesign é a abordagem utilizada para orientar o processo de desenvolvimento, prototipação e avaliação do objeto/sistema/serviço proposto a partir da experiência do usuário, das relações estabelecidas por ele e de sua participação”, teoriza a professora Anna Cavalcanti. De acordo com ela, as empresas nem sempre consideram essa e outras abordagens similares, mas o ergodesing amplia a possibilidade de gerar segurança, conforto e usabilidade, incluindo uma quantidade maior

de utilizadores, aumentando a satisfação no relacionamento de uso e trazendo, consequentemente, uma experiência positiva. Em Joinville, além de alguns escritórios de design, já preparados para conduzir processos desse tipo, Marli Everling cita as empresas Whirlpool, Docol e Víqua como exemplos que levam em conta o usuário nas suas criações. “Hoje, com a competitividade do mercado, considerar as relações de uso com o produto ou serviço não é apenas um diferencial, é fundamental”, avisa. Em âmbito nacional, segundo a professora, é preciso avançar na questão de investimentos, incentivo do setor, valorização e inovação. “Além do setor industrial, essa abordagem tem condições de contribuir com a qualificação de produtos, sistemas e serviços projetados para o setor público e o cenário urbano”, afirma. Nesse sentido, a população passa a ser vista – mais do que como consumidora – como usuária, cidadã e protagonista.


TENDÊNCIA

Sustentabilidade chega ao marketing esportivo Cada vez mais, as pessoas estão consumindo marcas que têm relações estreitas com as causas socioambientais – e isso se aplica de forma direta ao marketing esportivo. “A prioridade para o esporte é a de criar melhores sinergias entre seus valores, que já são carreados de mensagens positivas e combinam muito bem com os anseios e teorias relacionadas a ações sociais e ambientais, em conjunto com seus projetos e as plataformas de comunicação e posicionamento das empresas.” Geraldo Campestrini, consultor de Business Intelligence e Novos Negócios da Brunoro Sport Business,

uma das maiores agências de mar­ keting esportivo do país, autor das aspas acima, não tem dúvidas de que esse é um importante veio do tipo de negócio a que se dedica. A tendência, forte no mundo todo, mobiliza e promove ideias e atitudes relacionadas à responsabilidade social e ambiental, utilizando-se da força do esporte. Nada mais natural. Afinal, uma das primeiras associações que se faz do conceito de esporte é com saúde e qualidade de vida. Mas, para Geraldo, há um longo caminho a percorrer. “O setor está amadurecendo e ainda não compreen­deu todo seu potencial.” DIVULGAÇÃO

Mineirão, em Belo Horizonte, foi reconhecido como obra sustentável

Estádios gerando a própria energia No foco de luzes e câmeras em função dos dois megaeventos a que o Brasil se habilitou – a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 –, o mar­keting esportivo quer mais. “Há um enorme potencial de crescimento no Brasil”, acredita Geraldo Campestrini. Fechar os elos desse circuito, diz o consultor, passa necessariamente por um investimento mais sólido por parte das empresas que, segundo ele, ainda

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precisam compreender melhor os ciclos de desenvolvimento dos projetos, peculiaridades e valores inerentes ao esporte. “Não podemos ignorar todo o contexto cultural construído por um segmento que já soma mais de 100 anos, considerando o sistema esportivo institucionalizado e presente de forma marcante na vida do homem.” Apesar de classificar como excelente o saldo deixado pela Copa

Para o consultor, esse foi um dos pontos altos da Copa do Mundo, ao aproximar ainda mais esporte e sustentabilidade, a começar pela infraestrutura do megaevento. “O estádio Mineirão, por exemplo, foi o primeiro do mundo a receber o nível máximo da Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), conquistando o selo platinum do U.S. Building Council, certificação a que está se habilitando o estádio de Brasília. Aliás, essa pode se tornar a arena com maior pontuação para a certificação no mundo. Além de ser autossustentável, será capaz de gerar energia para regiões vizinhas.” do Mundo, considerando, principalmente, o cenário negativo pintado nos meses que antecederam o evento, Campestrini destaca que algumas marcas confiaram demais na vitória brasileira. “É temeroso investir em esportes e apostar na vitória do patrocinado – que, no mais das vezes, é incerta. As marcas mais maduras jamais apostam em campanhas focadas exclusivamente na vitória. Ao contrário, contribuem para a construção das vitórias de forma consistente, em projetos de longa duração.” Graduado em ciência do esporte pela Universidade Estadual de Londrina, especialista em gestão e marketing no esporte pelo Instituto Catarinense de Pós-Graduação e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade Técnica de Lisboa, Campestrini foi um dos destaques do 1º Catarinense de Marketing Esportivo, realizado no final de agosto pela Univille, em parceria com a Agôn Assessoria Esportiva.

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Lei que prevê normas para o zoneamento está no Conselho da Cidade LEGISLAÇÃO

Rumo à consolidação da LOT Ainda vai demorar alguns meses para que os retalhos e emendas que compõem o zoneamento de Joinville se constituam em uma lei consolidada, que contemple as necessidades e determinações para o desenvolvimento urbano sustentável. Desde outubro do ano passado, a minuta da Lei de Ordenamento Territorial (LOT) segue em debate no Conselho da Cidade. A nova previsão é que ainda neste ano o projeto de lei chegue à Câmara de Vereadores. Na análise feita pelo Conselho da Cidade, aspectos da lei foram esmiuçados em quatro câmaras setoriais, repartidos em macrotemas: divisão territorial, parcelamento, uso e ocupação do solo. As determinações gerais, relacionadas a cada tema, já passaram pela avaliação dos integrantes do conselho, que direcionam agora sua atenção para os pontos mais controversos, como as mudan-

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ças relacionadas às Áreas Rurais de Transição (ARTs) e alterações na faixa viária da cidade. “Começamos a discutir temas polêmicos, contudo não chegamos a abordar todos os pontos. Não houve consenso sobre determinados itens e, por isso, foram criados grupos de trabalho para ampliar a discussão”, relata o conselheiro Fabrício Pereira. O trabalho deve se estender até o final de outubro. Daí, começam as audiências públicas. Segundo o presidente do Conselho da Cidade, Vladimir Constante, a comunidade terá acesso ao material já avaliado nesse âmbito inicial. “O papel das audiências é dar espaço ao debate, como forma de validação e contribuição ao conteúdo. As audiências serão realizadas nas oito regiões administrativas do município, onde serão explicados os aspectos gerais da lei, com foco nas questões locais.”

Impacto nas comunidades Os moradores da Estrada da Ilha representam uma parcela da população que está ansiosa para o início das audiências públicas, já que pontos polêmicos da lei impactarão diretamente na comunidade. A Associação de Moradores da Estrada da Ilha (Amei) acompanha o andamento das decisões, com participação no Conselho da Cidade. Segundo o presidente da entidade, Ivandir Hardt, as audiências servirão para que sejam ouvidos mais de perto os anseios dos principais afetados pelas mudanças propostas. A Lei de Ordenamento Territorial definirá e detalhará as diretrizes para a construção de qualquer tipo de empreendimento em Joinville. A partir de sua consolidação, o Plano Diretor poderá ser aplicado com mais eficiên­cia na busca do desenvolvimento sustentável. As principais normas de ordenamento territorial estabelecidas deverão promover, entre outros aspectos, o adensamento urbano em determinadas áreas do município, o controle da expansão urbana horizontal e a adequação da ocupação urbana à expectativa de crescimento populacional. O presidente do Conselho da Cidade, Vladimir Constante, entende que a aprovação da lei terá impacto significativo na atração de investimentos. “Temos acompanhado uma série de empreendimentos que procuram Joinville como primeira opção, mas, por encontrarem uma legislação não atualizada, com incertezas sobre o futuro, acabam se instalando em cidades vizinhas. A Lei de Uso e Ocupação do Solo em vigor não permite uma série de atividades importantes. Esse cenário precisa ser modificado”, defende.


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Visita ao Bolshoi e reunião do conselho; acima, o presidente da Santur CAMINHO DOS PRÍNCIPES

Região tem potencial turístico Polo econômico expressivo, Join­ ville é o destino indutor do chamado “Caminho dos Príncipes”, uma das dez regiões turísticas catarinenses, segundo a geografia proposta pelo governo do Estado. Isso quer dizer que as pessoas que vêm para cá, por exemplo, em função de uma feira na Expoville, acabam circulando por todo um eixo de municípios vizinhos – de Jaraguá do Sul a Papanduva, em um raio de cem quilômetros

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– e, por tabela, dinamizam a economia regional. Entre os 13 segmentos turísticos presentes nesse circuito, sobressaem-se o turismo de negócios e eventos, o turismo industrial e o técnico-científico. “A região apresenta vários potenciais. Mas o forte é a área de eventos. A maioria, do setor privado”, aponta Valdir Walendowsky, presidente da Santur. “Santa Catarina não concorre só com o Brasil, mas com o turismo

internacional. Então, precisamos ter cada vez mais equipamentos turísticos à altura dos grandes centros mundiais”, sublinha, ressaltando a importância de o governo investir em infraestrutura. É na contrapartida que as empresas se sentem seguras em rea­ lizar eventos. O segmento responde por um quarto dos investimentos programados para o terceiro trimestre de 2014, de acordo com dados do Ministério do Turismo e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A pesquisa anual da Conjuntura Econômica do Turismo de 2014, assinada pelas mesmas instituições, aponta que, de 2012 para 2013, houve aumento de 9,6% no faturamento nesse campo. O cenário está sendo analisado pelo Conselho Estadual de Turismo (CET). Em agosto, representantes do CET passaram um final de semana no Caminho dos Príncipes, em visita técnica que percorreu a região. Prefeitos e secretários de turismo de 16 cidades expuseram suas demandas e projetos. O Manifesto do Turismo 2015-2018, divulgado na ocasião, elenca prioridades para o setor turístico catarinense. “Temos o poder de sugerir, aconselhar o Estado a tomar atitudes que desenvolvam o turismo. Esse documento é fundamental para que os governantes tenham um ‘norte’”, explica Ivan Cascaes, presidente do CET. A ideia é que haja investimentos não só na área corporativa, que costuma puxar outros segmentos turísticos, mas em eventos como o Carnaval 2015 e a tradicional Festa das Flores. “Nossa expectativa é de que os conselheiros tenham saído daqui cientes de que Joinville se esforça para ter o turismo de entretenimento, não só o corporativo. E que venham mais recursos a partir dessa sensibilização”, disse, na ocasião, o conselheiro Geraldo Linzmeyer, do setor de hotéis.

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PRODUÇÃO RURAL

Cultura do aipim ganha força em Joinville Aipim, candinga, macamba, macaxeira, mandioca, maniva, uaipi. Dependendo da região, a planta da família das euforbiáceas que tem a casca marrom, f1ibrosa com a polpa branca e dura pode receber diversos nomes. No Norte de Santa Catarina, o plantio do aipim está em expansão: a produção aumenta 10% ao ano. Em Joinville, já é uma das principais fontes de renda de 350 agricultores que produzem 6.500 toneladas da raiz em 360 hectares plantados. Entre os fatores que contribuem para esse crescimento, destacam-se

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o baixo custo de produção, a predominância de solos adequados para o cultivo e a possibilidade de armazenamento por um longo período. Segundo Iria Vicznevski, da Fundação Municipal de Desenvolvimento Rural 25 de Julho, existem várias formas de comercializar o aipim. “Pode ser vendido in natura, diretamente para o consumidor, ou com valor agregado. Para isso, desenvolvemos o Programa da Agroindústria Artesanal Rural de Alimentos, por meio do qual o produtor abre uma agroindústria e processa o que foi

colhido, ou seja, lava, descasca e embala”, aponta. Em Joinville, 13 unidades já fazem esse processo. Os interessados em aderir ao programa são cadastrados na fundação e recebem orientações. Eles são acompanhados desde a construção até a vistoria da vigilância sanitária. Há 20 anos, Carlos Piske, proprietário da Aipim Ronco D’água, investe na produção e comercialização do tubérculo. No ano passado, engajou-se no programa. “Foi uma exigência do mercado. Aipim com casca ninguém mais compra, hoje todo mundo quer ganhar tempo. Estamos vendendo muito mais agora”, revela. Ele é responsável pela colheita e limpeza do aipim junto com sua esposa: “Produzimos duas toneladas de aipim limpo e descascado por mês”.


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Nizan (na foto, com o publicitário Paulo Centeno) visitou Joinville BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

“Modelo de eficiência comprovada”, diz Nizan Guanaes Em viagem de negócios a Santa Catarina, um dos mais premiados publicitários do país, Nizan Guanaes, encontrou “uma pérola”: o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ). A metáfora foi escolhida por Nizan para relatar, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, sua

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visita à corporação, que percebeu como “um dos maiores orgulhos” da cidade. No artigo, salientou que o modelo da operação voluntária tem custos muito inferiores aos da estrutura de gestão estatal-militar, com “eficiência comprovada e bons serviços, apesar do lobby contrário”.

Dezenas de cidades já se inspiraram no modelo do CBVJ, de acordo com o texto do publicitário, “especialmente nos Estados Unidos e em países da Europa”. Por tudo isso, o autor manifestou estranheza ante as iniciativas públicas contra os bombeiros voluntários. A diretoria da Acij enviou mensagem de agradecimento a Nizan pelo artigo. O publicitário ministrou palestra em Joinville e participou do lançamento da MUSICA Comunicação e Marketing, nova denominação da agência de publicidade TudoMorya SC. “A mudança do nome e da marca traz personalidade à agência”, afirma Paulo Centeno, no comando da operação, que atua em três frentes: publicidade, marketing e inovação e negócios.

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Em números

O CRESCIMENTO QUE MAIS PREOCUPA

INSEGURANÇA EM JOINVILLE

De volta a 2011, e pior

Os números de roubos e furtos registrados pela Polícia Civil em Joinville no primeiro semestre de 2014, divulgados pela Secretaria de Segurança Pública em setembro, mostram que a cidade retornou à insegurança do começo da década. No primeiro semestre de 2011, foram 5.155 furtos e roubos computados na cidade, contra 5.218 no mesmo período de 2014. O crescimento vem desde o primeiro semestre do ano passado, como ilustra o gráfico abaixo, que abrange as ocorrências semestrais de furtos e roubos em Joinville. Embora os números de roubo sejam bem menores, são estes que pressionam a alta. SOMA DE FURTOS E ROUBOS

FURTOS

ROUBOS

5.218

5.155

O roubo – crime mais agressivo que o furto por envolver ameaça à vítima – aumentou a sua participação na soma das ocorrências de furto e roubo na cidade no primeiro semestre de 2014, em comparação com o mesmo período de 2011. Apenas Itajaí e São José têm alta superior. Participação percentual do roubo na soma das ocorrências de furto e roubo, em Joinville e cidades selecionadas, nos primeiros semestres de 2011 e 2014 32,7

5.000

4.200

4.479

24,4 Itajaí: 20,6

19,5

1.018 1.000

676 S. José: 15,6

0 2011

1o semestre

2o sem.

2012

1o sem.

2o sem.

2013

1o sem.

2o sem.

2014

1o sem.

Joinville 13,1

Blumenau Fpólis Criciúma

A DIFERENÇA ESTÁ NA AMEAÇA À VIDA FURTO É uma figura de crime prevista no artigo 155 do Código Penal Brasileiro, que consiste “na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com fim de assenhoramento definitivo”. No furto, não há violência ou grave ameaça. ROUBO Previsto no artigo 157 do Código Penal, é o ato de subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outro, mediante grave ameaça ou violência a pessoa (ou não), ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

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2011

2014


CUIDADO NAS RUAS

As duas modalidades de roubo que mais cresceram no período foram a traseuntes e de veículos. Mas, enquanto os roubos aos pedestres apresentaram queda até o segundo semestre de 2012, e só a partir daí começaram a subir, os roubos de veículos vêm avançando quase que constantemente. Roubo a traseunte 300

Roubo de veículo

365

Roubo ao comércio

Roubo a caixa de banco

282

254

206

200 100

Roubo a residência

180

152

125

38 0

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AUMENTAM OS FURTOS A RESIDÊNCIAS

Enquanto as seis cidades selecionadas (os traços pretos no gráfico, em sequência: Florianópolis, no topo do ranking, São José, Criciúma, Blumenau, Chapecó e Itajaí) apresentaram queda ou crescimento moderado no número de furtos a residências, o item foi o que mais avançou em Joinville (o traço colorido).

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QUASE 30 OCORRÊNCIAS POR DIA, EM MÉDIA

28,95

é a média/dia de ocorrências, entre furtos e roubos, registradas pela Polícia Civil no primeiro semestre de 2014. No primeiro semestre de 2011, a média era de 28,55 Média 10 semestre 2014 Média 10 semestre 2011 Média entre 2011 e 2014 1.170

28,95 28,55 26,32

23,20

furtos foram registrados pela Polícia Civil no primeiro semestre de 2014 por dia, em média. No primeiro semestre de 2011, essa média era de 24,74

Número de furtos a residências, em Joinville e cidades selecionadas, nos primeiros semestres de 2011 e 2014

Média 10 semestre 2014 Média 10 semestre 2011 Média entre 2011 e 2014

23,20 24,74 21,73

5,62

Joinville 494

roubos foram registrados pela Polícia Civil no primeiro semestre de 2014 por dia, em média. No primeiro semestre de 2011, essa média era de 3,73

2011

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2014

Média 10 semestre 2014 Média 10 semestre 2011 Média entre 2011 e 2014

5,62 3,73 4,36

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Especial

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JOAQUIM BARBOSA

“A confusão entre o privado e o público está incrustada no psíquico do brasileiro” Guilherme Diefenthaeler Sete semanas depois de deixar, oficialmente, o comando do Supremo Tribunal Federal (STF) e, ao mesmo tempo, anunciar sua aposentadoria precoce do cargo de ministro, Joaquim Barbosa retomou a exposição pública, em meados de setembro, com uma série de palestras sobre temas como ética e estabilidade institucional. A convite da Acij, em um auditório lotado, o jurista mineiro pregou para mais de 500 pessoas que a democracia brasileira funciona bem, ainda que o país tenha que “se livrar” de práticas arraigadas, como a cultura do privilégio e do “jeitinho”. Defendeu a adoção de um “capitalismo social verdadeiro”, que estimule a competição e o empreendedorismo, e, didático, buscou referências históricas para explicar a “apatia do cidadão” frente a abusos cometidos por quem está no poder. Também recorreu a Maquiavel para discorrer sobre o confronto apontado entre a ética política e a “ética particular cotidiana” – facetas que, segundo ele, tenderiam a se aproximar com a evolução da democracia. Nesse raciocínio, foi enfático ao argumentar que a ética dos agentes públicos não pode se descolar daquela que há no plano do cidadão: “O voto do eleitor não significa uma carta branca para que o governante faça o que lhe vier à mente”. Em uma das passagens mais veementes de sua fala, denunciou uma “flagrante violação de direitos” por parte do Estado contra os prisioneiros que ocupam as cadeias do país – “piores do que masmorras”.

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Depois da palestra de uma hora, respondeu a uma série de perguntas formuladas pela plateia e intermediadas pelo presidente da Acij, João Martinelli. Logo no primeiro questionamento, reconheceu ter sido sondado por diversos partidos políticos para disputar as eleições deste ano, em posições como candidato a presidente, a vice e a senador. Declinou em todas. “A verdade pura e simples é uma só: jamais cogitei essa possibilidade. Mas também não a descartei para um futuro mais adiante”, revelou Barbosa, que se tornou célebre por ter sido o primeiro ministro negro do STF e, recentemente, como relator do processo conhecido como mensalão. “Não sou homem de improvisação. E, para uma pessoa que jamais teve qualquer militância política e sempre trabalhou em domínios técnicos,

como eu, essa ideia de me candidatar era uma improvisação”, fechou questão. Ainda nas indagações do público, o ex-presidente do STF externou – segundo ele, pela primeira vez – seu ponto de vista sobre o mecanismo atual de indicação dos ministros da Corte, hoje sob a responsabilidade do presidente da República, propondo estudos para a formação de uma comissão de alto nível que fizesse indicações de nomes, e manifestou opinião favorável ao programa Bolsa Família. “Seria leviano se dissesse as coisas que digo em público sobre a necessidade de combater essas desigualdades e fosse contrário à concessão de uma miséria como é o Bolsa Família”, frisou. Acompanhe a seguir os pontos principais da palestra de Joaquim Barbosa.

A ÉTICA DO CIDADÃO

dão comum, ele sofre restrições em suas escolhas, estabelecidas para evitar a prática de fenômenos deletérios que ainda são comuns nas sociedades em via de consolidação democrática, como nepotismo, “toma-lá-dá-cá”, as diversas formas de violação do princípio da igualdade que o Estado é obrigado a respeitar no tratamento que dá à coletividade. Também nesse campo, devemos nos acautelar contra a captura das instituições por situações de clientelismo, patrimonialismo, caudilhismo. A escolha dos dirigentes pelo voto e a exigência de concurso público para ingresso no serviço estatal existem para mitigar essas tentações.

Ética é a orientação racional da conduta humana, e tanto se aplica à esfera pública quanto à privada. Uma de suas vertentes, a ética política, versa sobre o julgamento dos padrões de conduta dos agentes públicos. Desde Maquiavel, algumas pessoas sugerem uma disparidade entre ética política e ética cotidiana. Ocorre que Maquiavel só pensava em métodos para a perpetuação dos ocupantes do poder. Na sua época, não existia o conceito de representação, hoje tão difundido nas grandes democracias. Os agentes políticos agem com consentimento, ainda que tácito, para que governem supostamente em nome daqueles que os elegem. A democracia aproxima a ética própria da política da ética do cidadão, de modo a submeter os governantes a algum tipo de escrutínio público. E essa aproximação traz desdobramentos importantes. Dada a representatividade do mandato político, não é incomum que a ação do governante entre em choque com a ética particular do cidadão, e aí ele poderá deixar para trás aquele representante e escolher outro. A confiança depositada pelo cidadão nos agentes públicos impõe um padrão ético elevado. O agente público tem uma expectativa modesta com relação à sua vida privada, em função dessa necessidade de controle do público sobre seus atos e condutas. Diferentemente de um cida-

“A ética na política não pode se descolar completamente da ética do cidadão, pois o voto não significa uma franquia, uma carta branca, para que o governante faça o que lhe vier à mente”

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LEI X PRÁTICA

A confusão entre o público e o privado é um desvio típico da nossa institucionalidade. A ética na política não pode se descolar completamente da ética do cidadão, pois o voto não significa uma franquia, uma carta branca, para que o governante faça o que lhe vier à mente. O governante é necessariamente controlado pela cidadania e por instituições concebidas para contê-lo, como Judiciário e Ministério Público. No nosso país, há um fenômeno curioso que é o contraste visível entre o que consta na Constituição, no papel, e a prática efetiva das instituições nos três níveis de governo. Vamos refletir sobre a questão da probidade na esfera pública. A Constituição é rigorosa em um dispositivo que permite a destituição do presidente da República por desvio, ou quando este estimula a improbidade na administração. Já tivemos um caso desta natureza há 22 anos. O agente público flagrado em improbidade pode sofrer sérias punições. Temos


assistido a casos, sobretudo na esfera municipal, em que agentes públicos são condenados por improbidade e têm os seus direitos políticos suspensos. Eles podem ser condenados a pagar multas pesadíssimas e ser destituídos dos seus cargos. Mais recentemente, foi promulgada a chamada Lei da Ficha Limpa, que é salutar e levantou debates aguerridos no STF quando promulgada. O agente público condenado em segunda instância pode ser impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo por força dessa lei. Contudo, eu me pergunto se o simples fato de existirem normas tão minuciosas não seria indicativo de

“O governante é necessariamente controlado pela cidadania e por instituições como Judiciário e Ministério Público. No entanto, há um fenômeno curioso que é o contraste visível entre o que consta na Constituição e a prática efetiva das instituições” um problema. Porque parece tão simples: não seria suficiente que todos os que têm intenção de ingressar na vida pública o fizessem sem segundas intenções, sem qualquer veleidade de enriquecerem indevidamente, de facilitar o enriquecimento de terceiros, sem a intenção de beneficiar grupos a que pertençam? Que as pessoas, em princípio, simplesmente fossem honestas?

BRASILEIRO AGUENTA ABUSOS

O brasileiro tem a sensação de que a corrupção é uma prática disseminada, mas tem dificuldade de identificar as causas. Uma delas está no modo como a sociedade brasileira se desenvolveu. Desde a colonização, aqui sempre se praticaram, à larga, condutas contra as quais hoje nos indignamos, como a confusão entre o interesse público e o privado, a apropriação da coisa pública para fins privados. O mandonismo e a hierarquização social decorrente. O caciquismo político. A ausência de controles efetivos da sociedade sobre os atos e gastos dos governantes. E, por fim, a desigualdade gritante na fruição de direitos, inclusive políticos, por parte da maioria da população. Alguns dados do século 19, no momento em que o sentimento regional se fortaleceu no Brasil: se, em 1872, em torno de 13% da população participativa do processo político, em 1886 esse percentual cai para 0,8%. Instaurada a República, nada muda. Desde a República até a Revolução de 30, os presidentes eram escolhidos por uma minoria ínfima da população – 300 ou 400 mil votos em um país que já tinha 15 ou 16 milhões de habi-

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tantes. O efeito desse processo de exclusão é a apatia, a resiliência do brasileiro, que aguenta os abusos dos dirigentes sem maiores insurgências. No Brasil, não se veem fenômenos com os “cacerolaços” típicos da Argentina. É um quadro histórico de persistente exclusão de direitos políticos. Daí a desenvoltura com que certos políticos agem com a coisa pública, com a certeza de que nada lhes acontecerá. Em países de passado oligárquico como o Brasil, nos quais direitos elementares como a educação sempre foram negados às grandes massas, é comum esse conformismo, essa resignação. Decorre da própria inconsciência sobre direitos básicos que a falta de educação formal provoca. SISTEMA PRISIONAL VIOLA DIREITOS

O Brasil é um país extremamente violento. Punir os criminosos é a mais elementar das missões do Estado. Mas o Estado também tem o dever de tratar de forma humana as pessoas que envia para as prisões. Isso, no Brasil, não é respeitado, pelo menos para os extratos sociais mais baixos. Uma violação frontal ao que diz a Constituição Brasileira, que impõe tratamento humano às pes­ soas encarceradas. Perdoem-me a ironia, a amargura, mas vejo aí uma espécie de pacto não escrito entre autoridades e setores privilegiados da sociedade: eu fecho os olhos para o que vocês, autoridades, vão fazer com os despossuídos, com as minorias, nada direi sobre as masmorras e até concordarei com a existência delas, mas em troca quero que eu e meus semelhantes jamais sejamos colocados ali, pouco importa os crimes que tenhamos cometido. Com certeza, é fruto de leis deliberadamente desenhadas com os chamados “furos”, feitas exatamente para que não funcionem. Como presidente do Conselho Nacional de Justiça, tive ocasião de visitar algumas

“Em países de passado oligárquico, como o Brasil, nos quais direitos elementares como a educação sempre foram negados às grandes massas, é comum esse conformismo, essa resignação. Decorre da inconsciência sobre direitos básicos” das piores prisões do país. O mínimo que posso dizer é que elas não são apenas masmorras – muitos animais se sentiriam ofendidos se fossem colocados nelas. Uma coisa que me chocou, nessas visitas, foi a sensação de que as autoridades locais pareciam não ter nada a ver com aquilo, a indiferença. Elas só estavam ali porque eram obrigadas, mas parecia que não tinham a menor consciência

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NA ACIJ

Palestra de Joaquim Barbosa versou sobre ética, poder e estabilidade institucional; ao final, respondeu perguntas do público, com a intermediação do presidente da Acij (no alto), posou para fotografias (como na imagem ao lado) e conversou com empresários e autoridades (acima, com Moacir e Silvia Thomazi, e abaixo, com Clayton Salfer, vice-presidente da associação)

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FOTOS: MAX SCHWOELK E DIVULGAÇÃO

NO PODER

Barbosa presidiu o STF por quase dois anos; deixou o cargo em julho, sucedido por Ricardo Lewandowski (no alto); à frente do cargo, foi o relator do polêmico julgamento do “mensalão”, acompanhado diariamente pela imprensa; na foto de baixo, é recebido pelo papa

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daquele problema. Seres humanos são colocados aos milhares nas prisões e são absolutamente abandonados. Muitos permanecem ali por anos, de forma ilegal. Às vezes porque são presos que não foram ainda julgados, outros já cumpriram a sua pena, mas ninguém se preocupou com eles. Não têm advogado, a Defensoria Pública não dá conta dos seus casos e eles vão ficando. Essa flagrante violação de direitos pela qual o Estado brasileiro já foi condenado em instâncias internacionais... O que eu ouvi, nos anos em que passei na presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sempre foi aquela embromação típica da política: há não sei quantos bilhões para cuidar dessa questão, mas, de fato, nunca se mobilizou um centavo para esse objetivo. Não pensem que seriam gastos extraordinários. Esse problema pode ser resolvido com pouco dinheiro.

“O mínimo que posso dizer sobre as prisões brasileiras é que não são apenas masmorras; muitos animais se sentiriam ofendidos se fossem colocados nelas. (E tudo isso ocorre ante a) indiferença das autoridades locais”

nenhuma tentativa séria de mudar o curso. Ainda que algumas reformas sejam necessárias, não se vê ninguém com seriedade falar de uma nova Constituição, que não precisamos. As regras do Estado de Direito, bem ou mal, funcionam aqui. Temos eleições que se realizam nos prazos constitucionais devidos, temos certa alternância de poder, especialmente nas esferas municipal e estadual. CAPITALISMO SOCIAL DE VERDADE

O Brasil precisa se livrar de certos resquícios, a cultura do privilégio, o “jeitinho”, a improvisação em todas as esferas, nepotismo, vícios cartorários absurdos que ainda existem. Precisa de regras aplicáveis de forma igualitária a todos. Sou favorável à implantação de um capitalismo social verdadeiro, ou seja: competição, competição, competição. Fui indagado quanto ao que faria se tivesse responsabilidade política no nosso país. A primeira medida seria reunir um grupo de especialistas para me aconselhar na tomada da decisão que me parece mais necessária à vida brasileira, que é eliminar as armadilhas que impedem que tenhamos um capitalismo verdadeiro, e não esse capitalismo de compadrio, o Estado como capitão da maioria dos grandes projetos, que beneficia certos setores e esquece outros. O Estado tem que retirar as amarras para que as pessoas que querem empreender possam trazer o seu talento e fazer a sociedade evoluir.

ESTABILIDADE INSTITUCIONAL

Instituições políticas bem desenhadas, eficazes, pouco suscetíveis a conchavos e manipulações eleitoreiras e infensas à instabilidade que muitas vezes vem do próprio aparato judicial, são uma condição para o desenvolvimento de qualquer país. Nenhum sistema econômico prospera de maneira consistente sem um sólido conjunto de instituições políticas e de outra natureza que assegurem certa perenidade, estabilidade, a sensação de que não haverá, em médio prazo, alterações bruscas de curso. Os empreendedores da área econômica gostam, e isso é salutar, de ter um horizonte largo, essa sensação de confiança e estabilidade. Há muitos países hoje desenvolvidos e que tatearam longo tempo à procura de instituições adequadas ao seu caso. Um exemplo é a França, onde nem tudo foram flores em matéria de instituições políticas. O país protagonizou uma sangrenta revolução em 1789. Esse país que hoje é a quarta economia do mundo só veio encontrar suas instituições políticas, as que lhe deram estabilidade e fizeram que recuperasse boa parte do seu status como potência média, em 1958. Estamos vivendo o momento de maior estabilidade política do nosso país. A Constituição completa 26 anos. Não há

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O PAPEL DO STF E A NOMEAÇÃO DE MINISTROS

O STF não é apenas um tribunal. É um elemento de estabilização do sistema político. O Supremo não pode ter cotas de Judiciário, Ministério Público etc. Não pode ter nomeações corporativas. É um dos três poderes. Qual a alternativa para uma nomeação tão complexa? Entregar ao Congresso? Não. Permitir a cooptação pelo próprio Supremo? Não. Concurso público seria impensável. Não sobra alternativa se não o presidente da República. Mas essa opção vem demonstrando fragilidades. Nos últimos anos, comecei a admitir a possibilidade de retirar um pouco da discricionariedade do presidente na escolha do nome. Criar uma comissão de altíssimo nível, estável, só para esta escolha, ou para a escolha dos membros de tribunais superiores, que seja representativa. A comissão poderia ser composta por nomes nacionais, empresários, juristas, pessoas acima de qualquer suspeita, para um mandato longo, sete anos, por exemplo, com a única missão de escolher uma lista da qual o presidente vai pinçar o nome para indicar ao Congresso Nacional. Nenhum dos membros dessa comissão, durante os cinco anos seguintes, poderia ser candidato.


NOTA 5,4 O “Rule of Law Index 2014”, organizado pelo The World Justice Project, mede a qualidade do Estado de Direito de 99 países. Para elaborar o índice, mil pessoas de cada país, das mais diferentes classes sociais, deram notas de 0 a 1 para cada item do gráfico abaixo – itens que vão de “Liberdade de religião”, uma das melhores notas do Brasil, até “Aplicação eficiente da Justiça Civil”, nossa nota pior. Desses registros, foi criado um ranking (na lista ao lado). O Brasil ocupa a 42a posição, com nota 0,54. Em primeiro lugar, Dinamarca e Noruega, com 0,88. O último colocado é a Venezuela, nota 0,31. O estudo completo pode ser encontrado em worldjusticeproject.org. O conjunto de dados, com tabelas, mapas e gráficos comparativos, em data.worldjusticeproject.org/#/index. Abaixo, as notas do Brasil. 0

Direitos fundamentais A liberdade de religião Liberdade de associação Liberdade de expressão Igualdade de tratamento/não-discriminação Direito à privacidade Direitos trabalhistas Direito à vida e à segurança O devido processo legal

0,66 0,81 0,76 0,74 0,66 0,66 0,65 0,61 0,37

Ordem e segurança Ausência de conflito civil Ausência de crime Ausência de reparação violenta

0,66 1,00 0,58 0,41

Restrições aos poderes públicos Transição legal de poder Controles não-governamentais Limites da legislatura Limites da magistratura Auditoria independente Sanções por improbidade

0,63 0,83 0,74 0,72 0,62 0,49 0,40

Justiça civil Ausência de discriminação Ausência de corrupção Ausência de influência imprópria do governo Acessibilidade Resolução alternativa de litígios imparcial e efetiva Ausência de demora injustificada Aplicação efetiva

0,55 0,69 0,67 0,60 0,53 0,52 0,30 0,25

Cumprimento da regulamentação Ausência de influência indevida Aplicação efetiva Governo não expropria sem processo legal e compensação Respeito ao processo devido Ausência de demora injustificada

0,53 0,70 0,59 0,57 0,53 0,29

Ausência de corrupção No Poder Judiciário Na Polícia Militar No Poder Executivo No Poder Legislativo

0,50 0,64 0,64 0,49 0,22

Governo aberto 0,50 Direito à informação 0,59 Leis estáveis ​​0,48 Leis acessíveis 0,46 Direito de petição e participação 0,45 Justiça criminal Ausência de influência imprópria do governo Ausência de corrupção O devido processo legal Julgamento oportuno e eficaz Ausência de discriminação Investigações eficazes Sistema correcional efetivo

revista

0,37 0,67 0,57 0,37 0,32 0,28 0,22 0,15

0.25

0.50

0.75

1.00

1 Dinamarca 0,88 2 Noruega 0,88 3 Suécia 0,85 4 Finlândia 0,84 5 Holanda 0,83 6 Nova Zelândia 0,83 7 Áustria 0,82 8 Austrália 0,80 9 Alemanha 0,80 10 Singapura 0,79 11 Canadá 0,78 12 Japão 0,78 13 Reino Unido 0,78 14 Rep. da Coreia 0,77 15 Estônia 0,76 16 Hong-Kong 0,76 17 Bélgica 0,76 18 França 0,74 19 EUA 0,71 20 Uruguai 0,69 21 Chile 0,68 22 Polônia 0,67 23 Rep. Tcheca 0,67 24 Espanha 0,67 25 Botswana 0,67 26 Portugal 0,66 27 Em. Árabes 0,65 28 Eslovênia 0,65 29 Itália 0,63 30 Hungria 0,61 31 Georgia 0,60 32 Grécia 0,59 33 Romênia 0,59 34 Macedônia 0,58 35 Malásia 0,58 36 Croácia 0,57 37 Gana 0,57 38 Jordânia 0,57 39 Bósnia 0,55 40 África do Sul 0,55 41 Tunísia 0,55 42 Brasil 0,54 43 Senegal 0,54 44 Bulgária 0,53 45 Jamaica 0,53 46 Indonésia 0,52 47 Tailândia 0,52 48 Sri Lanka 0,52 49 Líbano 0,51 50 Belarus 0,51 51 Mongólia 0,51 52 Marrocos 0,51 53 Burkina Faso 0,51 54 Sérvia 0,51 55 Malawi 0,51 56 Panamá 0,50 57 Nepal 0,50 58 Argentina 0,50 59 Turquia 0,50 60 Filipinas 0,50 61 Colômbia 0,49 62 Peru 0,49 63 Albânia 0,49 64 El Salvador 0,48 65 Vietnã 0,48 66 Índia 0,48 67 República 0,47 68 Ucrânia 0,47 69 Tanzânia 0,47 70 Zambia 0,47 71 Cazaquistão 0,47 72 Costa do Marfim 0,46 73 Usbequistão 0,45 74 Egito 0,45 75 Moldova 0,45 76 China 0,45 77 Equador 0,45 78 Quirguistão 0,45 79 México 0,45 80 Rússia 0,45 81 Madagascar 0,45 82 Irã 0,44 83 Guatemala 0,44 84 Serra Leoa 0,44 85 Nicarágua 0,43 86 Kenia 0,43 87 Libéria 0,42 88 Etiópia 0,42 89 Mianmar 0,41 90 Uganda 0,41 91 Camboja 0,40 92 Bangladesh 0,39 93 Nigéria 0,39 94 Bolívia 0,39 95 Camarões 0,39 96 Paquistão 0,36 97 Zimbábue 0,34 98 Afeganistão 0,34 99 Venezuela 0,31

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PONTO DE VISTA

“Joaquim Barbosa se tornou uma figura importante e exemplar. Representou muito bem o Judiciário, principalmente pelo julgamento do mensalão. Todo o Brasil reconhece isso. E a questão da ética é fundamental. Às vezes parece algo distante, mas a ética está presente no nosso dia a dia” João Martinelli, PRESIDENTE DA ACIJ

Sócio do Martinelli Advocacia Empresarial , responsável pela área de contencioso tributário

Costuma-se ouvir por aí que “só ganha na Justiça quem tem dinheiro”, ou “coice de mula, cabeça de juiz e barriga de mulher, nunca se sabe no que vai dar” (essa última indefinição, a medicina já se ocupou de afastar). O fato é que, quanto à Justiça, e aqui leia-se Poder Judiciário, o senso comum é de descrédito e insegurança. Passamos anos com ações na Justiça para perceber, muitas vezes, que “é melhor um mau acordo do que a incerteza de uma boa demanda”, fortalecendo a noção de descrédito e insegurança e nos fazendo refletir sobre a atualidade desse dito popular, já que há um número cada vez maior de processos que se avolumam nos fóruns de todo o país. Afinal, para quem o Poder Judiciário funciona? Estabelece o artigo 2º da nossa Carta Magna: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Daí confirma-se que dentre os princípios fundamentais da República

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Marcelo Hack,

BUSINESS PARK

O “novo” Poder Judiciário e o legado de Joaquim Barbosa Carlos Eduardo Domingues Amorim

“Fiquei muito impressionado com a serenidade e a clareza do ex-ministro Joaquim Barbosa ao diagnosticar os problemas do Brasil e do nosso Judiciário. Barbosa demonstrou, também, uma postura extremamente ética em relação à sua passagem pela presidência do Supremo Tribunal Federal, mantendo isenção nas declarações feitas em Joinville, apesar de ter estado à frente do mensalão, o mais delicado processo da história do STF” PRESIDENTE DO PERINI

Federativa do Brasil estão a independência e a harmonia do Poder Judiciário”. Nas últimas estatísticas do Conselho Nacional de Justiça, temos como o autor do maior número de processos junto ao Poder Judiciário o Governo Federal (englobando o INSS e a União Federal). Portanto, para alguma coisa a (in)fluidez e a (in)segurança com a justiça servem. E não a menos distante nos remete a certeza da importância do (des)aparelhamento do Poder Judiciário. Sim, pois quanto menos juízes e menos aparelhado estiver o Poder Judiciário para receber a avalanche de recursos do Governo Federal, maior é a certeza da demora na prestação eficaz (se é que existe alguma eficácia com tanta demora). Bem assim, nem se queira aqui dizer da inversão de valores que alguns representantes da administração pública, no uso dos princípios da legitimidade e legalidade, escudam suas atitudes mais mesquinhas, privilegiando vontades e entendimentos pessoais em detrimento de uma ordem jurídica, como se ela não existisse. Sem dúvida, eles também esperam e trabalham para um Judiciário desaparelhado e ineficaz. Diante da clara certeza de que um princípio fundamental nos está sendo violado, mediante o reflexo


“Ele demonstrou que a ética neste país ainda é possível. Você vê a força que ele tem. Mostrou que ainda há possibilidade de mudar. Isso nos motiva” Adiel Leal, GERENTE COMERCIAL DA VERSÁTIL ANDAIMES

“Vim aqui prestigiar o Joaquim Barbosa por sua história e para ouvir o que ele tem a dizer sobre o nosso momento político. Acho interessante a Acij trazer nomes como o dele para Joinville” Ruan Testoni da Silva, CORRETOR DA IMOBILIÁRIA SACADA

“No momento que vivemos, a figura dele representa um farol de conduta, postura e linha de atuação política e judicial. É uma referência de homem público, de atuação destacada no episódio do mensalão. Fiquei muito satisfeito em ouvi-lo” Olavo Guimarães,

COORDENADOR DA ÁREA DE FUSÕES E AQUISIÇÕES DO MARTINELLI ADVOCACIA EMPRESARIAL

evidente de um poder serviçal, questionamos: o que podemos fazer? Não há alternativa senão a necessária reafirmação do Poder Judiciário por sua independência, sendo ele um poder da República. É preciso fortalecê-lo com mais juízes, maior estrutura de funcionários e um mecanismo inteligente para recursos. É verdade que, nos últimos tempos, alguns mecanismos para torná-lo mais ágil estão sendo adotados, como o sistema da repercussão geral no Supremo Tribunal Federal (STF) e o sistema dos recursos repetitivos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas isso não pode ser tudo. É preciso atitude. Em meados de 2003, tomava posse no STF o mineiro Joaquim Benedito Barbosa Gomes. Assumiu o cargo como o “primeiro negro” a tomar posse na Suprema Corte do país. Sua imagem fortaleceu a crença de que a igualdade resultou vitoriosa. Após alguns anos na Suprema Corte, assumiu sua presidência, fato inédito no país. Em seu discurso de posse como presidente do STF, sustentou: “O juiz deve ter presente o caráter necessariamente laico de sua missão constitucional e velar para que suas convicções e crenças mais íntimas não contaminem sua atividade, das mais relevantes para o convício social e fator importante para funcionamento de uma economia moderna, uma sociedade dinâmica, inclusiva e aberta para qualquer mudança que traga melhorias para a vida das pessoas”. Observa-se, na força das palavras utilizadas, a preocupação com a mudança de parâmetros e a exigên-

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“Joaquim Barbosa foi uma pessoa que marcou o Brasil no caso do mensalão e provou que existe justiça no país. Trouxe meus principais gerentes para assisti-lo, pois vamos levar muita coisa dita aqui para aplicar na empresa” Marcos Vogelsanger, PROPRIETÁRIO DA BRITAGEM VOGELSANGER

cia de maior atitude. Porém, a lembrança da passagem do ministro Joaquim Barbosa pela Suprema Corte contrastou com o que se esperava de um “jeito mineiro”. Com efeito, não pelas acaloradas discussões nas sessões do plenário do STF com os seus pares ou com alguns advogados que por ali exerciam sua função essencial à justiça, mas pela vocação de que algo novo precisava ser pensado. Talvez a trajetória de vida ou a exceção de sua origem tenham dele exigido uma altivez barganhada aos cotovelos com o esperado de um “escolhido” pelo partido governante para julgar alguns dos seus membros. Com certeza, o “mensalão do PT” foi seu maior teste ou trunfo para aqueles que anteviam nele uma “atitude esperada”. Joaquim Barbosa demonstrou “a atitude”, trouxe aos milhares de brasileiros algo que imaginávamos não ter: justiça! A notoriedade de sua imagem o transformou em um “pop star”, fato que não lhe parecia distante, tanto assim que a sua imagem o transformou na máscara de Carnaval mais vendida no Brasil em 2013. Mesmo que ainda lhe sobrasse tempo para permanecer na investidura de ministro do STF, optou pela renúncia antes de completar 70 anos. Contudo, a investidura do ministro nos traz a reflexão do seu maior legado, a necessidade de um Poder Judiciário independente, ativo e altivo, direcionado ao compromisso com a verdade, confirmando talvez o dito popular que mais lhe abençoa: a justiça tarda, mas não falha!

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revista

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nonononon Inovação

Laboratório da Udesc foi pioneiro na matéria e, hoje, desenvolve jogos em diversas áreas

Jogos para levar a sério

Games podem auxiliar nas áreas de educação, saúde e treinamentos Letícia Caroline Quando se fala em videogame, a maioria das pessoas pensa na cena clássica: crianças sentadas na sala, em frente à TV, vidradas na ação que precisam executar. Muita gente não sabe, mas os games extrapolaram o universo infantil, chegando à área corporativa. Por meio de uma nova modalidade, intitulada jogos sérios, experiên­cias com educação, saúde e treinamentos têm atingido resultados expressivos. Em Joinville, a área vem sendo bem desenvolvida pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Em 2002, quando o termo jogos sérios incorporou a dimensão digital, com iniciativas em andamento nos Estados Unidos, por aqui,

pesquisadores estruturavam o Laboratory for Research on Visual Applications (Larva). O primeiro projeto foi o “Sherlock Dengue”, game utilizado na educação das crianças da rede municipal para conscientizar sobre os cuidados e prevenção da doença. “Sem saber, estávamos acompanhando de perto o que ocorria fora do país. Com a criação do mestrado em computação aplicada e o fortalecimento de iniciativas do Larva, no sentido de criar jogos com impacto social, foi quase natural que a disciplina de jogos sérios viesse a aparecer”, explica Marcelo Hounsell, um dos professores do Larva. Vários jogos estão em fase de criação na universidade, para diversas áreas e públicos. Entre eles, ensino contra a dengue (crianças do 5º ao 7º ano); ensino de história, com foco na Revolta de Canudos (8º ano); ensino de geografia, baseado nos pontos cardinais (5º ano); aptidão física; equilíbrio estático para atuação com idosos frágeis; artrite reumatoide voltado para idosos e pacientes de AVC; reinserção social de dependentes químicos; prevenção do uso de drogas (5º e 6º anos); gerador de RPG digital (ensino técnico e superior); alfabetização e raciocínio lógico para pessoas com síndrome de Down e adolescentes; desenvolvimento motor para utilização com pacientes de AVC, Alzheimer e Síndrome de Down.

RECONHECIMENTO

O Larva foi o grande vencedor do 1º Prêmio Inovação de Joinville, no ano passado. Os projetos do laboratório foram reconhecidos no primeiro, segundo e terceiro lugares. Ao todo, a equipe já contabiliza 21 prêmios. “É um grande reconhecimento e incentivo para continuarmos nessa linha de pesquisa e desenvolvimento”, reforça o professor.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Divertindo, jogo ensina a combater a dengue

Aplicação até para a fisioterapia

Ao perceber que algumas áreas têm dificuldades em criar experiências envolventes, a equipe da Fisiogames, de Florianópolis, resolveu se aventurar, criando uma plataforma para fisioterapia. “Os profissionais precisam se reinventar sempre para evitar a evasão, já que os tratamentos podem durar semanas e até anos. Nessas situa­ ções, os jogos funcionam como fator de motivação”, afirma Daniel San, sócio da empresa. Com vários exercícios, a plataforma permite que os profissionais de saúde montem um treino personalizado para o paciente ou aluno. Em seguida, basta acessar o sistema, com login e senha, para ser guiado por um avatar na correta execução das atividades. “Nossa ideia é aplicar o entretenimento digital e as mídias interativas ao bem-estar humano, combinando educação e saúde. O foco inicial foi oferecer um produto de qualidade e de baixo custo ao mercado de reabilitação virtual, carente de soluções nacionais”, explica Daniel. A atuação da Fisiogames se iniciou em 2009, quando venceram o programa Sinapse de Inovação. Assim, receberam recursos para desenvolver o “Funphysio”, jogo para fisioterapia. Logo depois, a empresa lançou o “Challengeboard”, game para iPad, no estilo dos jogos antigos de tabuleiro, que foi vendido em mais de 36 países. Em 2010, foram incubados no Midi Tecnológico, mantido pelo Sebrae e gerenciado pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). A gradua­ção veio no início deste ano. Para Daniel, a incu-

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SHERLOCK DENGUE EM NOVA VERSÃO

O “Sherlock Dengue” ganhou sua oitava ver­ são. Modernizado, o game pode ser jogado pela internet, mas mantém o conteúdo cons­ truído com a Secretaria de Saúde de Join­ ville. Para testar o jogo, estudantes foram até a Udesc. Batizado de “Sherlock Dengue 8.0: The Neighborhood – A Vizinhança”, o game tem como objetivo envolver os vizinhos no combate à doença. No fim de setembro, um mutirão envolveu os estudantes da Udesc na conscientização do combate à dengue. Eles foram convidados para uma competição em que conheceram o “Sherlock Dengue”. bação é uma etapa importante para uma empresa de tecnologia, pois é possível melhorar o plano de negócio com auxílio de consultores especializados. “Outra vantagem é o contato com empreendedores. Muitas das soluções para problemas enfrentados pela equipe são encontradas durante conversas com outros que já passaram por algo parecido”, ressalta. A empresa conta com sete funcionários, que trabalham na melhoria da plataforma Fisiogames, além de desenvolver uma solução para tornar os treinamentos corporativos mais envolventes por meio de jogos sérios. EVOLUÇÃO DA FISIOGAMES

2010

l Selecionada pelo programa Face to Face Brasil, da British Airways e da Revista Exame PME. Foi uma das seis empresas brasileiras a participar de uma rodada de negócios em Londres. l Escolhida pelo programa Startup Saúde Brasil para receber diversos coachings, com objetivo de aprimorar o modelo de negócio e o produto.

2013

l Selecionada pelo programa StartupSC para treinamentos e consultorias, além de ganhar subsídio em uma missão empresarial ao Vale do Silício, no Estados Unidos. l Parcerias formalizadas com a UFSC e a Udesc para desenvolver pesquisas com seus produtos. l Fisiogames treina mais de 60 profissionais de fisioterapia da saúde pública de Minas Gerais, para utilizar jogos durante as sessões.

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Para Marcelo, mais comunicação e incentivo devem estimular o crescimento do setor

Mercado promissor Na visão do professor Marcelo Hounsell, da Udesc, a indústria dos games pode ser uma oportunidade ímpar para Joinville, pois exis-

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tem instituições de ensino que se completam nas capacidades para se produzir jogos. “Além disso, é uma indústria limpa, não gera resíduos poluentes diariamente, e é altamente inclusiva, pois precisa de profissionais de inúmeras áreas”, afirma. Para ele, só é preciso mais comunicação entre as partes e incentivos mais diretos, como concursos, visitas e palestras. Daniel San, da Fisiogames, também avalia que o mercado esteja crescendo de forma tímida pela falta de apoio governamental e de investidores, mas aposta que, em longo prazo, tende a se consolidar. “O mercado de educação à distância, treinamento com simuladores e a área da saúde são as mais promissoras”, analisa. Mundialmente, os jogos di-

gitais são vistos como um grande nicho. Dados do setor apontam que, em 2011, os games movimentaram US$ 74 bilhões, com previsão de ultrapassar os US$ 82 bilhões em 2015. No Brasil, a evolução ainda é lenta, mas estimativas indicam um mercado na casa de US$ 3 bilhões. Em agosto deste ano, o Ministério das Comunicações lançou edital para um concurso de aplicativos e games sérios. No INOVApps, serão premiados 25 projetos originais em cada categoria, com R$ 80 mil e R$ 100 mil de prêmios. “Os jogos têm o poder de cativar, motivar e envolver as pessoas, independente da área. A vantagem do grau de aprendizado maior vem do fato de o jogo ter sido criado pensando especificamente sobre isso”, justifica o professor Marcelo.


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Case

Sinônimo de varejo

Conheça a história da Casa Sofia, que criou um estilo de negócio e virou tradição em Joinville Mayara Pabst Emaranhada no desenvolvimento da cidade, tecida sob os traços da cultura germânica e impregnada nas vertentes que unem tradição e inovação. A história da Casa Sofia em Joinville se funde à memória dos mi-

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lhares de clientes que já passaram pela loja. Desde a época em que os frequentadores eram conservadoras senhoras e homens de negócio da década de 60, a extensa variedade de itens comercializados estabelece tendências e espelha um estilo de vida. A fidelidade da clientela, con-

quistada de geração em geração, leva a loja a emplacar o nome de referência na casa de muitos joinvilenses. Daí ser curioso registrar que um dos mais tradicionais estabelecimentos do município não nasceu aqui. Ela, a Sofia, é natural de Corupá. Acostumada com o estilo de vida colonial, característico da época, Sofia nunca imaginou seu nome como sinônimo do comércio, até conhecer Hermer Günther. Nascido na Alemanha, Hermer veio para São Paulo em 1935. Morou na capital paulista por aproximadamente três anos. Como não falava português, o idioma era


PENINHA MACHADO

um obstáculo. Resolveu então, tentar a sorte em Corupá, cidade de raiz germânica. Ao desembarcar, logo percebeu um nicho promissor e começou a mascatear produtos de São Paulo para vender às famílias corupaenses. Na época, o comércio não exigia grandes investimentos e a carência da região impulsionava a demanda por mercadorias de outros municípios. Quando conheceu Sofia Günther, Hermer começou a fincar pé na cidade, consolidou seu negócio e, em 1942, fundou a Casa Sofia. A família Günther se constituiu por ali e o casal criou os três filhos em meio à cultura interiorana. A nova geração buscava oportunidades mais abrangentes e era comum os jovens se mudarem para Joinville. Foi esse o destino de Simão Renato Günther. Aos 18 anos, Simão já pensava em novas fronteiras e em crescer profissionalmente. Trabalhou em bancos, nos Correios e, em 1968, abriu a sede da Casa Sofia em Joinville, na Rua do Príncipe. Hermer Günther, responsável pelo negócio em Corupá, entendia das demandas de compra e venda – e as necessidades nos municípios da região eram basicamente as mesmas. O comerciante foi passando os ensinamentos para o filho mais velho e para o mais novo, Romeu Günther, que acabou assumindo a

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Revitalizado na década de 1990, prédio de uma das unidades da Casa Sofia foi a sede do Clube Joinville; acima, área de vendas da loja, um dos mais tradicionais pontos de comércio da cidade

dianteira da loja em Corupá. Para facilitar o comércio, Simão Günther e o pai colocavam produtos no carro e vendiam de porta em porta em Joinville, São Bento do Sul e região. Eram, principalmente, tecidos, pedras de isqueiros, vestidos de noiva, ternos e calçados. Simão ainda morava com a família no piso superior da loja, mas, com a expansão do empreendimento, em 1984, a família se mudou para ampliar a área. Desde então, os negócios não pararam de crescer. E não demorou para se lançarem em um projeto ousado que daria lugar à primeira filial da Casa Sofia em Joinville. O edifício que abrigou o antigo Clube Joinville foi comprado nos anos 90 e ficou por algum tempo alugado. Nesse período, parte do prédio já havia sido descaracterizada da obra original. Em 1995, foi decidido que seria reformado. Segundo Nathan Günther, filho de Simão e um dos atuais sócios da empresa,

na época teria sido mais fácil erguer uma nova edificação. No entanto, os gestores fizerma questão de conservar o patrimônio de Joinville. “Foi uma sensibilidade muito grande das pessoas para preservar a fachada e fazer lá dentro um espaço moderno e economicamente viável”, sublinha Nathan. A nova Casa Sofia abriu as portas em 1999. Com 4 mil metros quadrados, a loja ampliou o estoque e a variedade de itens disponíveis. Vestidos de noiva, ternos, calçados e outros itens haviam saído de linha, substituídos por tapetes, cortinas, artigos de decoração, cama, mesa e banho, tecidos, vestuário e produtos sazonais, como roupas de festas juninas e material escolar. O caminho para uma nova expansão seria fora do Centro. E a escolha foi o bairro América. Inaugurada em 2012, na esquina da rua Blumenau com a João Pessoa, a segunda filial da Casa Sofia tem 6.500 metros quadrados e foi projetada mirando no futuro de Joinville. A loja tem estacionamento próprio, necessidade que não pôde ser suprida nos estabelecimentos do Centro de Joinville. “O movimento da filial é bom, mas prevemos para os próximos anos um aumento considerável da demanda, devido ao crescimento da região”, relata Nathan.

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Filial da Rua Blumenau, aberta em 2012, mira no crescimento da região

Experiência para lidar com momentos de turbulência Atendimento personalizado e preço justo são fatores mencionados por Nathan Günther como as principais razões para a Casa Sofia ter se tornado referência em Joinville. A experiência de décadas no comércio estimula a confiança dos consumidores e a fórmula para fortalecer o negócio é baseada em uma palavra: trabalho. “Atribuo o reconhecimento da Casa Sofia ao trabalho de todos os colaboradores. O setor exige comprometimento e é preciso se dedicar muito, sempre, para chegar onde quer. Se existe um segredo, é este”, sustenta o empresário. A Casa Sofia tem 120 funcionários e trabalha com uma média de mil fornecedores. Dos produtos vendidos, cerca de 80% são importados. As perspectivas financeira e comercial do estabelecimento

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dependem de fatores macroeconômicos, como o preço do dólar e a burocratização das importações. Para Nathan Günther, o cenário atual não é favorável. “Projetamos um período de turbulência, que pode ser sentido em todo o país, mas é nessas horas que surgem novas ideias, novas formas de solucionar problemas e se reinventar. Não é a questão do tamanho, mas de como se adaptar às exigências do mercado e do próprio Estado”, relata o empresário. Nathan Günther se formou em economia em 2005 e completou o mestrado em 2007. Desde sempre, vem se preparando para comandar os negócios da família. Ele e os dois irmãos, Dayan e Débora Günther, foram criados mantendo fortes ligações com o trabalho da Casa Sofia. Quando estavam em período de

férias escolares, por exemplo, ajudavam os pais nas tarefas da loja e, acumulando experiências ano a ano, acabaram passando por todos os setores do estabelecimento, desde o processo de conferência e carregamento de mercadorias até o cargo que ocupam atualmente. Simão Günther e cada um dos filhos são responsáveis por uma atividade determinada na administração do empreendimento. Nathan responde pela área de compras e relata que a experiência de ter passado por todos os cargos da empresa auxilia no momento em que surgem as adversidades. “Como tivemos a possibilidade de conhecer e entender o sistema, quando deparamos com um problema, podemos gerenciar a situa­ção estudando a melhor alternativa, tanto na teoria, quanto na prática”, relata. Para os próximos anos, a expectativa da consolidação da filial na Região Norte de Joinville e a ampliação do alcance das vendas online estão no alvo da empresa. A Casa Sofia oferece aproximadamente 5 mil produtos, divididos entre inúmeros segmentos, e a intenção é continuar atendendo a demanda da clientela nessas á­reas específicas. A expansão física do empreendimento é outra possibilidade, para os próximos dez anos, com a perspectiva de uma terceira filial. “O crescimento está sempre nos nossos planos e, como Joinville se encontra em pleno desenvolvimento, precisamos acompanhar o ritmo da cidade. Tudo começa lentamente, com a procura por um terreno, o fechamento do negócio. Ainda não estamos pensando nisso. Mas, com certeza, vamos nos expandir, quem sabe até com lojas em outros municípios”, revela Nathan Günther, pensando longe.


Entrada no comércio eletrônico Em 2013, uma nova vertente passou a fazer parte da rotina da Casa Sofia: vendas pela internet. Com o objetivo de explorar o nicho de mercado online, o site casasofia.com.br foi lançado, mas ainda caminha devagar. A base da loja virtual funciona na filial da Rua Blumenau e vem sendo aprimorada para oportunizar uma experiência de compra eficiente e satisfatória. “Para entrar no mercado virtual, é necessário experiência. Por isso, queremos aprender exatamente como tudo funciona. Saber quais são os produtos que a pessoa não precisa tocar, sentir o cheiro, para comprar. Tudo, desde a fundação da empresa, sempre foi feito com os pés no chão, bem devagar, aprendendo

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e trabalhando cada dia um pouquinho mais”, relata Nathan Günther. Para os gestores, o investimento na plataforma online depende do crescimento de vendas da loja física. E, para avaliar seu potencial, é necessário prestar atenção no mercado. Segundo Nathan Günther, o investimento no varejo virtual é uma proposta de aprimoramento e preparação para um prazo de cinco ou até dez anos, quando ele imagina que o comércio estará ainda mais presente no universo online. Além da vantagem de atender clientes de fora de Joinville, outra inovação da plataforma na internet é ampliar a cartela de serviços, investindo em listas para casamentos,

chás de bebês e outros eventos. Os convidados poderão comprar via internet, com facilidade e comodidade. A Casa Sofia também está no Facebook e a interação na rede social aproxima a solicitação e resposta entre a empresa e os clientes. Segundo Nathan, muitas sugestões chegam a partir de comentários online, inclusive questionamentos de procedimentos internos no atendimento aos clientes. “Procuramos atender a demanda nas redes sociais e avaliar a opinião dos clientes. Mas nem sempre as sugestões dão certo. Alguns aspectos da recepção do cliente na loja dão resultado positivo e permanecem inalterados há anos”, explica Nathan.

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Espaço Acij

NÚCLEO DE AGÊNCIAS

Prêmio reconhece os melhores fornecedores e veículos de comunicação Destacar as empresas que atuam com ética e excelência na área de comunicação e reconhecer a qualidade dos produtos oferecidos. Esses são os objetivos centrais do Prêmio Melhores Fornecedores e Veículos, criado em 2009 pelo Núcleo de Agências de Propaganda e Mar­ keting da Acij. A quinta edição do evento foi realizada no dia 10 de setembro, na Expoville, e contou com a presença de mais de 200 pessoas. Os premiados foram apontados a partir de uma pesquisa elaborada em parceria com a Univille e orga-

nizada pelo professor Silvio Simon, coordenador do curso de publicidade e propaganda da universidade. A apuração levou em conta vários critérios: atendimento comercial, qualidade dos produtos e serviços entregues, elaboração de propostas e negociações iguais para agências e clientes, prazos de pagamento de comissões às agências, entre outros. Segundo Gabriel Krieger, presidente do núcleo, esses quesitos fazem com que um concorrente se distinga do outro. “O detalhe realmente faz a diferença”, ressal-

ta. Krieger diz que o prêmio é uma oportunidade de aproximação: “Os fornecedores e veículos estão muito presentes no nosso dia a dia. Nossa parceria deve ser excelente, pois trabalhamos em conjunto”. Ele avalia a edição deste ano como a melhor de todas já realizadas, principalmente pela pluralidade de empresas do mesmo segmento reunidas. “Na categoria TV aberta e local, tínhamos representantes da RBS, RIC e SBT, concorrentes diretas. Outro exemplo é o jornal A Notícia, que no dia seguinte divulgou o resultado. Na categoria em que o AN estava concorrendo, o Notícias do Dia foi premiado, e nem por isso eles omitiram a informação”, revela. Para o próximo ano, a expectativa é de que os indicados mudem: “Isso mostra que eles também estão buscando a qualidade e excelência”.

Evento de premiação foi realizado na Expoville: aplauso à excelência dos parceiros

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Integrantes do Núcleo de Agências, que recebeu certificado como o destaque do ano, na posse da Acij VENCEDORES DO 5ª PRÊMIO MELHORES FORNECEDORES E VEÍCULOS l GRÁFICAS

Volpato

l COMUNICAÇÃO VISUAL

Formas Comunicação Visual l PRODUTORAS DE ÁUDIOS

Xuxu Áudio

l PRODUTORAS DE VÍDEOS

Mostarda Filmes

l OUTDOOR – VEICULAÇÃO

Eldorado Painéis

l OUTDOOR – PRODUÇÃO

Lasa Publicidade ao Ar Livre l FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA

Ion Photo Design l EMPRESA DE BRINDES

Terra Brindes l RÁDIOS

Cultura AM l JORNAIS

Notícias do Dia l REVISTAS

Revistas Editora Abril l TV ABERTA E LOCAL

RBS TV

l VEÍCULOS ONLINE

G1.com

revista

Caminho para se tornar referência Além de premiar e reconhecer seus parceiros, o Núcleo de Agências de Propaganda e Marketing recebeu o Prêmio de Núcleo de Referência, entregue durante a cerimônia de posse da nova diretoria da Acij, em julho. Segundo Darthanhan de Oliveira, diretor da agência Tellus e presidente na gestão de 2012 a 2014, a homenagem foi reflexo da maturidade do grupo. “Em nenhum momento, apontamos o prêmio como meta em nosso planejamento. O grande objetivo sempre foi, e continua sendo, tornar o mercado publicitário local cada vez mais forte, constituindo-se em referência no Estado”, diz. Dentre as ações que culminaram na premiação, Darthanhan destaca a realização da 4ª edição do Prêmio Melhores Fornecedores e Veículos, a 2ª Edição do Prêmio

Manchester Catarinense de Propaganda e a elaboração do 1º Guia de Agências de Propaganda e Mar­ keting de Joinville. Além disso, foram promovidos workshops com envolvimento direto de estudantes e intensificou-se a aproximação com entidades do meio, como o Sinapro/SC e Grupo de Mídia de SC. Para o atual presidente, Gabriel Krieger, apesar da conquista, o grupo ainda tem grandes desafios pela frente: “Vamos investir na capacitação dos gestores e colaboradores das empresas. Buscaremos caminhos para reduzir, como já praticado em outros mercados, a carga tributária paga pelas empresas de comunicação, destacar a relevância econômica dos integrantes do núcleo para a região e identificar novas ações que contribuam para a melhoria do mercado de comunicação”.

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Instituto oferece cursos nas áreas de saúde e estética FEITO EM JOINVILLE

Referência em educação profissionalizante Desde 1996, o Instituto IREI oferece cursos profissionalizantes voltados para as áreas da saúde e estética. Nos 18 anos de atuação, mais de dois mil alunos já frequentaram

a escola. Hoje, são 100. O instituto conta com corpo docente qualificado, formado por professores mestres e especialistas. Outro diferencial são as parcerias com as maiores empresas de cosméticos do Brasil, que dão suporte aos alunos nas aulas práticas. Para Lisiane Kasten, diretora comercial, trabalhar com educação é um desafio constante. “Vivemos um tempo marcado por mudanças e transformações decorrentes, sobreFOTOS DIVULGAÇÃO

Paradizzo tem foco em hospedagem mensal, com flats e coberturas

Diferencial em hotelaria Em 2008, a Enmar Engenharia e Empreendimentos, especializada em obras portuárias e marítimas, resolveu investir no setor de hotelaria de Joinville. Assim surgiu o Paradizzo Apart Hotel. Desde a sua inauguração, o empreendimento

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busca um serviço diferenciado, de bom gosto, qualidade e segurança, com foco na hospedagem mensal residencial, com a locação de flats e coberturas. Segundo Arquimedes Grubba, sócio-proprietário e gerente geral, o

tudo, do avanço tecnológico que exige um redirecionamento de todas as práticas pedagógicas”, afirma. Ela entende que, para educar, não basta colher e analisar dados: “É necessária uma abordagem sistêmica, holística e filosófica para ter uma radiografia que possibilite os avanços necessários”. Associada à Acij desde 2004, a diretora ressalta, entre os pontos positivos da parceria, a interação e oportunidade em capacitações empresariais, palestras e encontros, consultorias, participação em feiras, visitas técnicas e capacitações. www.institutoirei.com.br Rua Araranguá, 242 América – Joinville (47) 3422-8906 contato@irei.com.br objetivo do Paradizzo é aperfeiçoar e manter o alto nível do atendimento. “Para isso, além de procurar conhecimento em viagens internacionais e com a participação em simpósios e congressos, nos associamos à Acij, que tem oferecido cursos de capacitação aos nossos funcionários”, diz. O hotel tem 18 apartamentos equipados com utensílios e cozinha funcional, além de quatro coberturas com banheiras de hidromassagem em terraços decorados com paisagismo. Seus hóspedes, diariamente, são brindados com um café da manhã de primeira linha, que leva a assinatura do chef Klaus Prins, e têm à disposição wi-Fi gratuito, TV a cabo, cofres individuais e amplo estacionamento monitorado por câmeras de segurança. www.paradizzohotel.com.br Rua Dona Francisca, 3383 Saguaçu – Joinville (47) 3804 4000 reservas@paradizzohotel.com.br


SERVIÇOS

Ferramenta para mediar conflitos Imagine solucionar os problemas da sua empresa pela via da negociação, conciliação, mediação ou arbitragem, com um procedimento mais rápido e um custo-benefício que reduz ou evita prejuízos. Esse é o papel da Câmara de Mediação e Arbitragem, que oferece serviços extrajudiciais, evitando o desgaste em fóruns e tribunais. Em 2004, foi implantada nas associações comerciais e industriais do país a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE), para disseminar esses métodos. Como Joinville já mantinha uma câmara (CMAJ) associada à Acij, esta passou a integrar a rede.

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A advogada Giordani Flenik explica que pessoas físicas e jurídicas podem recorrer aos serviços, realizados de duas maneiras. A primeira é por meio de um processo autocompositivo, no qual as partes envolvidas, com a ajuda de uma terceira pessoa neutra e imparcial, buscam a solução. Já na arbitragem, é contratado um árbitro que, após ouvir todos os lados e analisar as provas, chega a uma sentença, com o mesmo valor e eficácia de uma sentença judicial. “A grande diferença desses procedimentos é o tempo expressivamente menor que dura a demanda. E muitas vezes se evita o desgaste

emocional”, aponta. A CMAJ tem atuação relevante em causas empresariais e imobiliá­ rias. Os associados que quiserem mais informações podem entrar em contato pelo telefone (47) 3025-4646 ou pelo site www.cmaj.org.br. “É importante que os empresários conheçam esse serviço e saibam que tem mais de uma opção para resolver seus conflitos, não se limitando apenas à esfera judicial. Com a participação indispensável dos advogados, as questões podem ser resolvidas de forma mais simples e rápida”, ressalta Giordani.

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CASE

EVENTO

Granaço destaca Joinville recebe especialistas importância em recursos humanos do Utiplan para Exemplos da utilização das redes Realizado na UniSociesc, o enconsociais para maior envolvimento tro contou com as palestras “ITAIentre a empresa e o colaborador, PU Binacional – RH estratégico e contratos de iniciativas envolvendo a sustenta- gestão de pessoas por competênbilidade e otimização de processos cias”, de Ariel da Silveira, superinbenefícios Fundada em 1993, a Granaço é uma das empresas de referência na fundição e usinagem de aço. Instalada en um parque industrial de 20 mil metros quadrados², tem capacidade de 450 toneladas por mês para produção de ligas de aço carbono, aço ligado, aço manganês, ferro branco alto-cromo e aço refratário. Dentre os segmentos em que atua, destacam-se automotivo, de cimento, ferroviário, mineração, corretivos de solo, siderurgia e de máquinas e equipamentos. A empresa é associada à Acij há mais de 10 anos. Entre os benefícios oferecidos pela associação, Denisio Heringer, supervisor administrativo, destaca a Utiplan, que presta consultoria para a gestão de contratos de planos de saúde, odontológicos e farmacêuticos. “Já começamos a ver os resultados. Nas negociações com as operadoras, reduzimos nossos custos”, revela. Marlete Amorim, consultora da Utiplan, explica que todos os associados podem aderir ao serviço: “Para as empresas que já têm plano de saúde, fazemos uma busca no mercado e encontramos novas opções. Também acompanhamos a saúde financeira do contrato, evitamos reajustes muito altos, entre outras vantagens”, anuncia. Mais informações: (47) 3017-1700/9114-5602 marlete@utiplan.com.br

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seletivos. Esses foram alguns dos temas abordados em mais uma edição do Encontro Catarinense de Recursos Humanos, que reuniu público de quase 250 pessoas, entre diretores, gerentes de RH, executivos e outros profissionais atuantes nessa área. Segundo Hialony Rodrigues, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (IBTD), o evento teve como objetivo apresentar políticas inovadoras e pioneiras. “Foram apresentados cases que, a partir da cultura organizacional implementada pela organização, alcançaram resultados expressivos”, conta.

tendente de Recursos Humanos da Itaipu Binacional; “A formação de coaching para o gestor de RH”, de Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching e colunista do jornal O Globo; “Indicadores de gestão de pessoas: a oportunidade para gerar competitividade”, de Ulrico Barini, diretor de pessoas e organizações na Odebrecht Óleo e Gás; “A busca de talentos e especialistas em ambiente de alta competitividade”, de Wellington Silverio, vice-presidente de Recursos Humanos da Tupy; e “O papel do RH no desenvolvimento de líderes”, de Renata Grunthal, consultora em treinamento e desenvolvimento.

CERTIFICADO DIGITAL

Identidade no meio eletrônico Desde 1o de setembro, a Acij disponibiliza para os associados o certificado digital, que funciona como uma identidade no meio eletrônico, permitindo realizar diversos serviços neste ambiente com validade jurídica, agilidade, facilidade de acesso e substancial redução de custos. Com a certificação digital, evita-se a interceptação ou adulteração das comunicações realizadas via internet. Também é possível saber, com assertividade, quem foi o autor de uma transação ou de uma men-

sagem, ou, ainda, manter dados confidenciais protegidos contra a leitura por pessoas não autorizadas. Sem isso, não é possível emitir nota fiscal eletrônica e manter a rotina de folha de pagamento dos funcionários. A certificação é utilizada também para fins de consulta e transmissão de informações para a Receita Federal, INSS e Caixa Econômica Federal. Mais informações: (47) 3461-3354/certifica dodigital@acij.com.br.


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POR QUE ACIJ

Bem perto dos 2 mil associados A Acij é uma das entidades empresariais de maior representação e força em Santa Catarina. Neste ano, quase 500 novas empresas se vincularam à associação. O desejo da casa é atingir 2 mil associados até dezembro. Novos associados

De janeiro a setembro de 2014 81 64

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28 17 JAN

“Estamos aqui para trocar ideias e experiências e debater aspectos do setor empresarial em Joinville. O objetivo é o amadurecimento da nossa empresa, por meio de um espaço para discussão de diversos temas de interesse, que proporcione aos jovens empresários formação política, filosófica, econômica, gerencial e ética. A criação de grupos para discutir o que é o exercício de uma liderança é sempre muito importante. Estar entre nossos amigos e empresários é uma honra. Essa troca de experiências no dia a dia valida nossa trajetória” Andrea Carlotto Schiessl, sócia-proprietária da Sobmedida Arquitetura e Marcenaria

FEV MAR ABR MAI JUN

Novos associados

JUL AGO SET

ADITY CONSULTORIA ANA MARIA HABITZREITER FARMÁCIA MERCÚRIO - MASTERFARMA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING AUTO POSTO WALVILLE FARMÁCIA A POPULAR - MASTER FARMA SUPERMERCADO KUNZ - MTZ SUPERMERCADO KUNZ - FILIAL GLAMOUR COSMÉTICOS CONSTRUTORA FABRE COOPERTUPY DELARI IMÓVEIS DIGITAL BUSINESS PLACE DROGARIA CORADELLI 24 HORAS DROGARIA POPULAR DROGARIA BOM JESUS - MASTERFARMA DROGARIA PREÇO POPULAR FARMÁCIA VIAPIANA - MASTER FARMA DA MORGUE MODA FEMININA EMPREITEIRA BINO FABI FLORICULTURA FARMÁCIA E DROGARIA JK - MASTER FARMA FARMÁCIA ESTRELA GLOBAL CIENTÍFICA HAVERROTH CONTABILIDADE FARMÁCIA PHARMAVILLE - MASTERFARMA KOCK REPRESENTAÇÕES

revista

47 84480022 47 34344597 47 34371548 47 32270944 47 34630274 47 30282525 47 30432165 47 34250970 47 32277026 47 30265588 47 34322511 47 30288204 47 30282728 47 34660305 47 34344507 47 34670249 47 34228154 47 34324162 47 34258181 47 34361728 47 34272486 47 34483368 47 34240074 47 34333770 47 30255666 47 34660606 47 38044137

KTEC PLÁSTICOS C2XD - CONSULTORIA EM LOGÍSTICA VALORI COMUNICAÇÃO MERCADO ZAGO CIA DA DIVISORIA DDA ESTRUTURAS METÁLICAS KURSANCEW ADVOGADOS ASSOCIADOS MR SOLUÇÕES AMBIENTAIS MS ODONTOLOGIA E PRÓTESE NAIMA AGOSTINI MARZAGÃO I LOVE CASE - ACESSÓRIOS PARA CELULARES WF CELULARES E ACESSÓRIOS NUTTY BAVARIAN POOL ASSESSORIA EMPRESARIAL FARMACERTA - MASTERFARMA REALIZA TURISMO E EVENTOS M DE MARIA COZINHA CRIATIVA JR SERVIÇOS EDUCACIONAIS 4 PATAS ESTÉTICA ANIMAL SCURRA TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA SWEET HOME COMÉRCIO FARMÁCIA N. SRA DE FATIMA - MASTERFARMA QUIMINORTE MMTTAOH UNI DUNI TE CRAFTS ÓTICA KV PELÍCULAS SAN ROCCO FINA GASTRONOMIA

47 34522063 47 30280015 47 96322850 47 30252143 47 34358260 47 32071682 47 34324508 47 30239042 47 34350923 47 30286362 47 38042164 47 99268408 48 32246286 47 34296512 47 34252868 47 30286636 47 32072118 47 30295991 47 30255455 47 34721995 47 34180002 47 34351444 47 34272097 47 30255678 47 30255477 47 34739175 47 38049288

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Em 1995, um grupo de mulheres percebeu a necessidade de uma melhor representação feminina no alto escalão de grandes empresas e na gestão de seus próprios negócios. Assim nasceu o Núcleo de Mulheres Empresárias da Acij, que tem como objetivo o desenvolvimento profissio­ nal e pessoal das participantes. Segundo a presidente Sônia

Cunha, quando o núcleo foi criado, eram muitas as barreiras: “Existiam, e ainda existem, preconceitos sociais e culturais sedimentados na sociedade quanto ao papel da mulher”. Quase duas décadas depois, as mulheres têm atuação consolidada no mundo dos negócios, modificando hábitos e costumes. “Elas também legitimaram sua presença,

investindo na própria formação, e estão muito bem preparadas para atuar nas mais diversas áreas. Têm mais anos de estudos que seus colegas homens e já se destacam em áreas antes vistas como eminentemente masculinas”, aponta Sônia. Sobre a representação feminina, a empresária Marcia Alves de Oliveira ratifica a fala da presidente: “Estamos conquistando espaço por meio da capacitação, mas ainda enfrentamos o desafio de conciliar os dilemas da vida profissional com a pessoal”. Márcia trabalhou por grande parte da carreira na Wetzel. Em 2013, fundou a própria empresa, que presta serviços de governança corporativa, reestruturação e planejamento financeiro. Segundo ela, a maior cidade catarinense ainda é conservadora para o ingresso das mulheres na arena corporativa. Os 19 anos do Núcleo de Mulheres foram marcados por um evento na Acij, com confraternização e palestra da diretora de operações da Termotécnica, Regina Zimmermann. O grupo lançou a campanha dos 20 anos, em 2015. Na programação, destaque para a realização do 4º Painel Cases de Sucesso de Mulheres Empresárias.

UTILCARD

plantamos em 2014 o programa de assiduidade e pontualidade como ferramenta de motivação e para redução do absenteísmo. A premia­ ção seria realizada no cartão alimentação. Consideramos o UtilCard a melhor opção”, diz ela. Dentre as vantagens para os usuários e conveniados, destacamse a facilidade, segurança e mais opções de compra, integração com a folha de pagamento para os débitos, quitação de todos os gastos com um único boleto, acompanhado de extrato das movimentações, facilidade na expansão do número

de convê­ nios existentes entre o empregador e o comércio. O cartão também atraiu a Gi­dion, que aderiu ao benefício para facilitar a compra em farmácias. Cerca de 1.300 colabo­ radores utilizam o cartão. Angela Todt, coordenadora co­ mer­cial, ressalta que a entidade trabalha diretamente em favor de seus associados, buscando contribuir para que ganhem força e competitividade. “Uma forma de atin­gir esse objetivo é por meio de um amplo leque de serviços e soluções específicas para os associados dos mais diferentes setores”, aponta.

Aniversário do núcleo foi marcado por confraternização e palestra NÚCLEO DE MULHERES

19 anos de representação

Um cartão de vantagens Em 2010, a Acij passou a oferecer o UtilCard aos associados. O cartão de gestão de benefícios facilita a vida do funcionário na hora das compras. Recentemente, a Lepper aderiu ao benefício. Segundo Dilmar Schmoeller, responsável pelo setor de gestão de pessoas, o interesse surgiu após uma apresentação das facilidades da rede credenciada ao serviço. “Im-

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Ponto e contraponto

Ampliação do Supersimples: vem aí a reforma tributária?

Atenção para a dívida pública André Schneider Economista, sócio da Legado Soluções Financeiras

Muito falamos sobre a alta carga tributaria do Brasil e a necessidade urgente de uma reforma tributária que traga benefícios à economia e à população. Recentemente, a presidente Dilma Rousseff fez uma alteração no Supersimples, afirmando que estava por dar um passo importante rumo à reforma tributária do país, destacando a inclusão de novas empresas e, consequentemente, o aumento da arrecadação. O caso é que essa alteração no Supersimples da Dilma não é uma reforma tributária. É apenas um pequeno passo que visa aumentar a arrecadação utilizando conceitos da “Curva de Laffer” – a diminuição dos impostos traria redução do preço e aumento do consumo, o que acaba por desestimular a sonegação fiscal, aumentando a arrecadação. Neste caso, não há redução de impostos, trata-se de uma alteração nas características de empresas que podem se incorporar ao Supersimples. Apesar de tardia, foi uma excelente ação do governo. Agora vamos à questão: como fazer uma reforma

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tributária que seja justa e traga benefícios socioeconômicos ao Brasil? Se o governo aumentar os impostos sobre fortunas ou sobre as grandes receitas, a tendência seria uma saída de capital do país, redução nos investimentos, desestimulando a economia. Isso impactaria na geração de empregos, renda e consumo das classes mais baixas. Se o governo reduzir os impostos da baixa renda, teria uma expressiva redução em sua arrecadação, pois hoje quem tem renda de até três salários mínimos representa 79,02% do total da população, que paga 53,79% no total de impostos arrecadados, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Em contrapartida, voltando a “Curva de Laffer”, qualquer redução dos impostos aumentaria o poder de compra da população e poderia ampliar a arrecadação, tornando-se uma alternativa que deve ser estudada. Iniciativas como essa mudança no Supersimples proporcionam ao governo condições de melhorar investimentos em infraestrutura e baixar os impostos. O grande risco de uma redução na arrecadação fiscal é que o governo não consiga manter suas contas e tenda a majorar ainda mais sua dívida pública, já próxima de R$ 4 trilhões. Somente os juros e amortização da dívida pública representaram, no ano passado, 48,96% do total do Orçamento Geral da União, conforme dados da Controladoria Geral da União.


ILUSTRAÇÃO: FÁBIO ABREU

Cautela antes de optar pelo novo regime Douglas Steffen Sócio-proprietário da Steffen Organização Contábil e presidente do Núcleo de Empresas Contábeis da Acij

Uma das maiores causas de preocupação do empresariado brasileiro diz respeito à carga tributária. Isso não é novidade para ninguém, haja vista a complexidade da legislação hoje em vigor, amarrada a infindáveis obrigações acessórias e às alíquotas, muitas vezes fora da realidade financeira da maior parcela de empresas ativas no país. Com transpiração e dedicação das entidades civis organizadas, em conjunto com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), foi aprovada no Congresso a alteração da Lei do Simples Nacional (Lei Complementar no 123/06), universalizando as atividades lá elencadas, possibilitando às empresas de menor porte que ingressem em um regime tributário mais benéfico. Porém, deve-se ter muita cautela com tal “benefício” estendido. Em alguns casos, a tributação sobre o faturamento fica notadamente mais elevada quando comparada ao regime do lucro presumido. E atenção:

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uma vez que a empresa opte pelo regime do Simples Nacional, não poderá regressar ao antigo regime durante o exercício. Atividades como advocacia, publicidade, representação comercial, transporte rodoviário de passageiros intermunicipais e interestaduais adentraram ao novo regime, porém, apenas os advogados e os empresários do transporte rodoviário tiveram considerável redução em suas alíquotas sobre o faturamento. Os demais devem fazer uma rigorosa análise para não ser surpreendidos, em curto prazo, com um custo maior em sua carga tributária. A vantagem imediata do novo regime é a redução dos encargos sociais, já que o INSS patronal, cuja alíquota é 20%, deixa de existir, ou seja, quem tem uma folha de pagamento alta pode ser beneficiado diretamente com a opção pelo Simples Nacional. Entendo que o planejamento tributário é a saída encontrada para ajudar os empresários a tomar essa difícil decisão. Somente com a ajuda de um profissional contábil qualificado obterão êxito na escolha do regime tributário adequado para a empresa. O Brasil clama por uma reforma tributária urgente. Não um remendo. Não uma pequena ação isolada. Mas sim algo concreto, sólido, que elevará o mercado empresarial do Brasil para um novo patamar de crescimento e desenvolvimento pleno.

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Nem sabemos para que uma reforma tributária Giovana Kindlein Jornalista e editora do Portal Economia SC

Cai-nos como uma luva o pensamento do filósofo francês do século 17 François Fénelon, que diz: “Aquele que pensa que sabe muito, não sabe de nada, e sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta”. Ouvimos muitas vezes que o Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo e a segunda mais alta da América Latina, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, a receita tributária total em 2012 representou 36,3% do PIB. Só perdemos para a Argentina, onde essa proporção foi de 37,3%. O brasileiro sabe que paga impostos, mas não sabe quanto isso afeta a sua vida ou se lhe causa privações, e por isso não cobra, não exige com insistência que mudanças ocorram. Provavelmente, uma das razões para a reforma tributária estar sendo adiada há mais de uma década. Anacrônico e obsoleto, o atual sistema penaliza empresas, assalariados e pobres. Tudo junto e misturado. Enquadrada pela norte-americana Fundação Heritage na 32ª posição em um ranking com 178 países, clas-

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sificados de acordo com a porcentagem do PIB, a carga tributária brasileira é conhecidamente elevada. O paradoxo reside na megacomplexa regressividade da tributação, que onera mais os assalariados e pobres do que os ricos, através dos tributos que incidem sobre o consumo. Recente e incrível estudo do pesquisador Evilasio Salvador, da UnB, aponta essas implicações. Por exemplo, a alíquota do ICMS é a mesma para um milionário, um representante da classe C ou um morador de periferia. Todos têm que pagar o mesmo por 1 quilo de feijão. E nós, da classe média assalariada, gastamos consumindo quase tudo o que ganhamos, ou seja, acabamos pagando impostos sobre toda a nossa renda. A proporção torna-se desigual. Calcula-se que 10% das famílias mais pobres do Brasil destinam 32% da sua renda disponível para o pagamento de tributos, enquanto 10% das famílias mais ricas gastam apenas 21% da renda em tributos. Tributação excessiva, burocracia e a complexa estrutura dos impostos dificultam a competitividade da iniciativa privada. Sem contar o gasto exagerado dos serviços públicos que integram o cerne do problema. Portanto, se não remarmos juntos na mesma corrente, pessoas físicas e pessoas jurídicas, não alcançaremos a concretização da tão sonhada reforma tributária. É preciso diminuir nossas diferenças, transformar o sonho em realidade e simplificar. Simples assim.


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Cabeceira

Gente Deonísio da Silva

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Sem papas na língua

Filólogo catarinense não vê problemas em aperfeiçoar a ortografia, mas pede equilíbrio Nascido em Siderópolis, no Sul de Santa Catarina, e um dos mais consagrados escritores brasileiros, Deonísio da Silva – que, com o jornalista Ricardo Boechat, apresenta um programa na BandNews do Rio de Janeiro chamado assim mesmo, “Sem Papas na Língua”, entre várias outras incursões na mídia – é também o dono do cobiçado Prêmio Internacional Casa das Américas , em 1992, com o livro “Avante, Soldados: Para Trás”, em júri que tinha a presidência de ninguém menos que o Nobel de Literatura José Saramago. Radicado há muitos anos no Rio de Janeiro, Deonísio, que é um dos mais respeitados filólogos e linguistas do Brasil, voltou às raízes sulistas ao assumir, em 2013, a diretoria adjunta da Editora da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), dedicando-se com afinco ao projeto de redimensionamento daquela área. Presença marcante em praticamente todos os importantes eventos envolvendo embates sobre a língua pátria esteve recentemente palestrando no Simpósio Internacional Linguístico-ortográfico da Língua Portuguesa, realizado em Brasília e com a participação de especialistas de oito nações lusófonas – além de Brasil e Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e

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Escritor apresenta programa de rádio na Band Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. A Deonísio, coube a conferência “A extinção do hífen”. Ele faz questão de lembrar que o português é a quinta língua mais falada no planeta – e envolve 260 milhões de pessoas. Mas é escrita, em caso único no mundo, de duas formas diferentes. E, embora o último Acordo Ortográfico tenha sido assinado em 1990, alguns desses países ainda não o implantaram. E olha que o idioma já estava em uso há quase meio milênio quando um jurista e gramático português chamado Duarte Nunes de Leão fez a primeira tentativa de


conciliar a etimologia e a fonética, no que chamou de Orthographia da Lingoa Portugueza. A questão, hoje, mais do que expressar gramaticalmente o que e como se fala – o que, segundo muitos especialistas, ainda permanece um grande desafio, considerando as tantas cores e sons expressos sob os numerosos sotaques do velho e bravo português –, é estabelecer parâmetros linguísticos que permitam que povos de diferentes culturas possam ter, de fato, em comum, o seu idioma oficial. O que vem sendo tentado desde o início do século passado se formalizou em 1990, quando foi assinado o mais recente Acordo Ortográfico, que passou a vigorar somente em 2009. “Ora, o Acordo Ortográfico já tem 24 anos e ainda nem foi implementado em todas essas nações. No Brasil, este novo modo de escrever está sendo aplicado desde 2009, mas com autorização para conviver com a antiga forma até 2016, a pedido de Portugal”, pondera o professor. Para Deonísio, que é vice-presidente da Academia Brasileira de Filologia, o grande problema foi que o acordo ouviu poucos especialistas. “Nenhum dos 40 integrantes da academia foi procurado – e muitos teriam boa contribuição a dar, esclarecedoras sugestões a fazer”, garante. O escritor não vê problema algum e assegura que há muitos modos de aperfeiçoar a ortografia – que tem pelo menos oito séculos de existência. Mas defende o equilíbrio. “Depois que deixou o berço, que foi o latim vulgar e não o clássico, várias têm sido as tentativas de simplificação. Só que não podemos exagerar. Você se torna autônomo de seus pais, mas não pode anular suas marcas e influências. A herança genética, os usos e costumes integram sua personalidade”, observa, ao considerar, por

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exemplo, um avanço do idioma o que aconteceu com a palavra “pharmacia”, substituída pela moderna farmácia. “Mas alguns étimos não podem ser mutilados, sob pena de confundirmos o significado.” “Copo é copo e leite é leite, mas copo-de-leite não é copo, nem leite, é uma planta ornamental, a açucena. Acho que tirar o hífen de pé de moleque foi um erro, pois o doce deveria manter o hífen, afinal não é um pé de moleque nem de ninguém, é uma coisa de comer, e não somos antropófagos”, raciocina o filólogo, discorrendo sobre o tema que lhe coube no Simpósio Linguístico-Ortográfico e que ainda suscita muita discussão. No entanto, ainda que não transija em sua defesa do hífen, Deonísio da Silva se mostra bastante favorável às transformações que possam aproximar um pouco mais a escrita da oralidade. “Os sinais ‘s’ (sozinho), ‘ss’ (assassino), ‘x’ (extra), ‘z’ (feliz), ‘ç’ (caçarola) e ‘sc’ (nascer) designam o som de ‘s’. Por que tantos sinais para um som? Seria bom reexaminar questões como estas.”

NA CABECEIRA

Três romances e três ensaios do escritor sideropolitano Avante Soldados: Para Trás.Editora Siciliano/1992 Teresa D´Ávila. Editora Siciliano/1997 Lotte & Zweig. Editora Leya/2012 Nos Bastidores da Censura. Editora Amarylis/2010 A vida Íntima das Frases. Editora Novo Século/2012 De onde Vêm as Palavras: Frases e curiosidades da Língua Portuguesa. Editora Lexikon/2014, 17ª edição

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EDUARDO HOFFMAN

A jornalista, com os ilustradores Denny Fischer (esq.) e Fabio Ori (dir.): HQ com raíz autobiográfica

Gente Vanessa Bencz

Desenhos e criatividade para enfrentar o bullying É possível transformar um trauma de infância em uma criação artística que ajude os outros a enfrentar as mesmas situações? A jornalista Vanessa Bencz, de Joinville, provou que não só é possível, mas que temas polêmicos como o bullying precisam ser suscitados para provocar mudanças na sociedade. Foi assim que surgiram as personagens Leila e Mulher Raio, que dão vida à história em quadrinhos “A Menina Distraída”. Prevista para ser lançada em 20 de outubro, a publicação mostrará a vida da garota de 14 anos, portadora de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que trava uma luta constante contra a hu-

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milhação de colegas e professores. A história remete às situações vividas por Vanessa durante o período colegial. Antes de ser diagnosticada com TDAH, passou por diversos profissionais, tirou notas baixas e sofreu com o bullying praticado pelos outros. Com a ideia em mente e a necessidade de ajudar, a jornalista criou a publicação e inscreveu no Catarse, plataforma de financiamento coletivo. A meta de arrecadação era de R$ 16 mil, mas “A Menina Distraída” angariou R$ 21 mil. “Infelizmente, cerca de 80% dos estudantes brasileiros já foram vítimas de bullying. A violência ocorre em todos os colégios e muita gente

leva cicatrizes psicológicas para o resto da vida”, afirma a jornalista. Para o projeto, Vanessa conta com a ajuda dos ilustradores Fabio Ori e Denny Fischer. Unida pelo mesmo objetivo, a equipe acredita que iniciativas culturais atuam profundamente no processo educativo, contribuindo para difundir ideias de paz e tolerância, bem como respeito ao outro e à vida. Marque na agenda o dia 20 de outubro, em que também se comemora o dia mundial de combate ao bullying. A revista em quadrinhos estará disponível em versão digital no site www.ameninadistraida. com.br.


A Esfera Pública Jürgen Habermas Editora Tempo Brasileiro, 2003 Em janeiro deste ano, empreendi uma proposta que me havia feito há algum tempo: reler algumas obras clássicas, nas mais diversas áreas do conhecimento. O segundo livro desta seara foi “Mudança Estrutural da Esfera Pública”, escrito em 1984. Vital para administradores públicos, em qualquer escalão, a obra põe sua ênfase sobre o que se entende por “público”. Para o autor, o grande problema da má destinação das verbas, da gerência dos bens e do cuidado com aquilo que é público decorre justamente do equívoco semântico na aplicação do termo: o que deveria ser cuidado e administrado de forma pública, isto é, pelo povo, transformou-se em sinônimo de estatal, de responsabilidade do Estado. Ao entendemos que um banco público é apenas uma instituição

Até o Fim Anna Quindlen Editora Record Fazendo muito sucesso no meio editorial – merecedor, inclusive, de rasgados elogios dos críticos mais exigentes do New York Times e do Washington Post –, o novo livro da jornalista Anna Quindlen chega ao Brasil. A autora, que recebeu o prêmio máximo do jornalismo norte-americano, o Pulitzer, por sua coluna “Public and Private”, publicada no New York Times, cria um retrato emocionante de uma família, a partir da jornada de uma mãe, desafiada a trilhar caminhos que ela jamais imaginaria.

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financeira administrada pelo Estado, colocamos de lado o direito de exigir investimento em moradias e programas sociais a partir dos lucros obtidos todos os anos. Assim também acontece com a escola, com a saúde e com as estradas. Quando começarmos a compreender que os bens públicos são bens do povo, e não do Estado, passamos nos interessar pelo destino dos recursos, por quem os administra e como a coisa pública vem sendo tratada. Habermas dá uma verdadeira lição de como a sociedade, pelos mais diversos meios, pode acompanhar de perto o patrimônio que era para ser de todos, mas é administrado por partidos e ideologias que se alternam no poder. Sua proposta é justamente esta: a mudança estrutural do que entendemos hoje como a esfera pública como alternativa de crescimento, desenvolvimento e democracia. Sandro Galarça, jornalista e professor universitário Casada com um oftalmologista, a personagem-chave, Mary Beth tem uma família perfeita, formada também pelos três maravilhosos filhos, a primogênita Ruby, de 17 anos, e os gêmeos Max e Alex – bastante diferentes entre si. São personagens que convivem em incontestável harmonia, ambiente construído sob inspiração e patrocínio de Mary Beth. Até que começam a aparecer as devastadoras consequências de ações aparentemente banais e que revelam indícios de uma grande tragédia. “Até o Fim” conta essa trajetória da mãe obrigada a seguir por caminhos absolutamente distantes de seus valores e referências, uma mulher que levou adiante uma vida com a qual jamais sonhou – mas teve coragem suficiente para enfrentá-la.

DNA Empresarial: Identidade Corporativa Como Referência Estratégica Lígia Fascini Integrare Editora, 2010 O livro aborda a importância de uma organização se conhecer para que possa estabelecer uma comunicação institucional coerente com seus colaboradores, parceiros estratégicos, clientes e fornecedores. Ao consolidar de forma efetiva e estruturada sua competitividade e seu posicionamento no mercado, acaba agregando mais valor de marca. Conectando sua cultura e sua estrutura organizacional com a imagem prospectada a diferentes públicos de interesse, uma instituição amplia as oportunidades de ter seu valor percebido. Esse valor é conferido pelo mercado e, se não for reconhecida a identidade da organização em sua comunicação, a proposta de negociação (valoração da marca) poderá ser frustrada. Uma organização precisa desenvolver um padrão de comportamento coerente na interface teórico-prática, pois criar valor percebido vendendo aquilo que não se tem, ou oferecendo aquilo que não se é, traz vantagens fugazes. Entender esse fundamento é base para um desenvolvimento sustentável. “DNA Empresarial” apresenta ainda uma metodologia com ferramentas dinâmicas para auxiliar na identificação dos reais atributos de uma organização, ajudando-a a direcionar as forças de sua identidade para a construção e a conquista de novas oportunidades de mercado. Vanessa Eid da Silva Cardoso, diretora de inovação da EPOS Consultoria Empresarial

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Atendimento ao Cliente Victor Aguiar Editora Nova Letra Toda organização tem dois tipos de clientes: o externo e o interno. Os externos são os que realizam negócios ou transações com nossos empreendimentos. Os internos são as pessoas que fazem parte de uma mesma empresa. Pensando nessa relação, o professor Victor Aguiar, que atua na Univille, lançou o livro “Atendimento ao Cliente: Novos Cenários, Velhos Desafios”, que apresenta dicas e informações para todo profissional que tenha o interesse de melhor lidar com os outros e, dessa forma, progredir pessoal e

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profissionalmente. Apesar de o tema ser antigo, Aguiar traz novos pontos de vista para pensar o atendimento ao cliente. Gostar de trabalhar com pessoas e saber atuar em equipe não são mais fatores suficientes. O que conta agora é identificar-se com a área, gostar muito do que faz e ter conhecimento técnico. O conteúdo abordado está distribuído em 10 capítulos. Nos primeiros, após uma contextualização, o autor mostra a importância do gerenciamento de equipes. Depois, a abordagem que utiliza é mais técnica, pois trata do atendimento pessoal, telefônico e virtual, além de explorar o tema “atendimento a públicos diferenciados e suas especificidades” (deficientes

físicos e idosos) e “como lidar com reclamações”. Na sequência, o foco é no treinamento e capacitação de equipes e na elaboração de pesquisas de satisfação. Antes das considerações finais, é apresentado um interessante capítulo sobre design de serviços no atendimento ao cliente. E, como na era do marketing de relacionamento saber lidar com o cliente é fundamental, Victor apresenta todo o conteúdo de maneira prática e didática. Outro diferencial é a interação com o leitor, que pode acessar o site www.ograndevendedor.com e fazer o download dos slides de cada capítulo e, dessa forma, treinar sua própria equipe. A obra está à venda exclusivamente na internet.


Top 5 Filmes de crianças para adultos Mary e Max – Uma Amizade Diferente ANIMAÇÃO/DRAMA, 2009,

DIRIGIDO POR ADAM ELLIOT

Mary (Toni Collette) é uma menina solitária de 8 anos que vive em Melbourne, na Austrália. Max (Philip Seymour Hoffman) tem 44 anos e vive em Nova York. Também solitário, ele tem Síndrome de Asperger. Mesmo com tamanha distância e a diferença de idade, Mary e Max desenvolvem uma forte amizade, que transcorre de acordo com os altos e baixos da vida. Onde Vivem os Monstros

FANTASIA/DRAMA, 2010, DIRIGIDO POR SPIKE JONZE

Baseado no livro de Maurice Sendak, conta a história de Max (Max Records), um garoto que, após fazer malcriações com sua mãe, é mandado para o quarto sem jantar, resolve fugir de casa e usa a imaginação para criar uma misteriosa ilha. Lá, encontra vários monstros. Max afirma ter po-

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deres e acaba nomea­do rei do grupo. Responsável por evitar que a tristeza tome conta do lugar, ele passa a criar uma série de jogos para mantê-los em constante diversão. Toy Story 3

ANIMAÇÃO, 2010, DIRIGIDO POR LEE UNKRICH

O terceiro filme da série mostra que Andy já tem 17 anos e está prestes a ir para a faculdade. Dessa forma, precisa arrumar o quarto e definir o que vai para o lixo e o que será guardado no sótão. Seus antigos brinquedos, entre eles Buzz Lightyear, Jessie e o sr. Cabeça de Batata, são separados para ser guardados no sótão. Uma confusão faz com que a mãe de Andy os coloque no lixo. Woody, que será levado por Andy para a faculdade, decide salvá-los. O grupo escapa, mas acaba no carro da mãe de Andy. Ela os leva para uma creche onde “moram” diversos brinquedos, entre eles, a Barbie. Ao chegarem, encontram um universo até então inimaginável.

Quero ser Grande

COMÉDIA, 1988, DIRIGIDO POR PENNY MARSHALL

Em um parque de diversões, Josh (David Moscow) acaba barrado na montanha-russa. Revoltado, pede à máquina dos desejos para “ser grande”. No dia seguinte, o pedido se realiza e a mãe o expulsa de casa, pois não conhece aquele estranho de 30 anos (Tom Hanks). Josh, porém, continua sendo apenas uma criança que precisa aprender a se relacionar no mundo dos adultos. Moonrise Kingdom COMÉDIA, 2012, DIRIGIDO POR WES ANDERSON

Nos anos 60, em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward) sentem-se deslocados em meio às pessoas com que convivem. Após se conhecerem em uma peça teatral na qual Suzy atuava, eles passam a trocar cartas. Um dia, resolvem deixar tudo para trás e fugir juntos.

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Anderson França

CEO na agência de comunicação e criatividade Dharma ACC e fundador da Universidade da Correria, iniciativa que leva capacitação e assessoria em empreendedorismo para moradores de comunidades cariocas, Anderson França relata que os olhos do mundo estão cada vez mais voltados para a inovação. Como forma de explorar esse conceito, ele potencializa suas ações para criatividade em meio à pobreza. Conhecido como Dinho, o empreendedor social, que esteve em Joinville para um debate promovido pela Omunga, já trabalhou em diferentes iniciativas voltadas à comunidade. Há dois anos, culminou seu aprendizado com a criação da Universidade da Correria. A instituição é caracterizada como um conjunto de módulos de aprendizado com foco em modelagem, prototipagem e implementação de negócios, voltados para moradores de territórios populares.

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MARCELO CAETANO/DIVULGAÇÃO

3 perguntas

O que o motivou a criar a Universidade da Correria? A ideia surgiu depois de dois anos de trabalho no Rio de Janeiro, empreendendo nas favelas. Nesse período, conseguimos acumular experiên­cias e uma quantidade significativa de informações, desenvolvemos uma linguagem mais popular, usando a linguagem da favela, e construí­mos o projeto para levar esse conhecimento aos moradores da região. Queríamos ajudar os empreendedores que não tinham dinheiro ou instrução suficiente para tirar seu negócio do papel. Algumas dessas pessoas já contavam com ajuda do Sebrae, mas às vezes o conteúdo não era absorvido pelos moradores. A Universidade da Correria sintetiza tudo o que a gente aprendeu na vida, empreendendo, errando, acertando e descobrindo o melhor caminho. Como funciona a dinâmica da instituição? Tentamos alcançar os grupos que não são atendidos pelo Sebrae. Existem diferentes módulos de ensino, desde as oficinas com oito horas de duração ao curso de três meses. Entre os assuntos abordados, exploramos técnicas de marketing, gestão financeira, formalização do negócio e administração de gastos e lucros. Orientamos os moradores a aproveitar de maneira inteligente e ao máximo os poucos recursos que possuem. Quando me questionam sobre como é possível empreender na favela, em meio a tanta pobreza, falo que quando todos os lugares estiverem ocupados, é preciso inventar seu lugar. Essa é a nossa proposta. Como o empreendedor pode transformar obstáculos em soluções? Acho que a principal orientação é manter a articulação em rede. E essa é uma demanda que a Universidade da Correria consegue suprir. Por causa da falta de crédito, burocracia e outros problemas, o empreendedor sozinho acaba desistindo no segundo ou terceiro ano. Então a gente tenta criar esta rede de contatos, para diminuir a evasão de negócios. Um pode trocar ideias com o outro sobre suas dificuldades, alternativas de crédito, crescimento e novidades no mercado. A gente precisa criar rede para essa galera, porque eles empreendem de uma forma diferente e se ficarem sozinhos acabam desistindo. A principal orientação nesse cenário é a integração.


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